CRIAÇÃO DE ABELHAS - Agrocursos · Essa grande variedade de clima e vegetação acabou originando...

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CRIAÇÃO DE ABELHAS. Apresentação A apicultura é uma das atividades capazes de causar impactos positivos, tanto sociais quanto econômicos, além de contribuir para a manutenção e preservação dos ecossistemas existentes. A cadeia produtiva da apicultura propicia a geração de inúmeros postos de trabalho, empregos e fluxo de renda, principalmente no ambiente da agricultura familiar, sendo, dessa forma, determinante na melhoria da qualidade de vida e fixação do homem no meio rural. O Brasil apresenta características especiais de flora e clima que, aliado à presença da abelha africanizada, lhe conferem um potencial fabuloso para a atividade apícola, ainda pouco explorado. Introdução e Histórico O mel, que é usado como alimento pelo homem desde a pré-história, por vários séculos foi retirado dos enxames de forma extrativista e predatória, muitas vezes causando danos ao meio ambiente, matando as abelhas. Entretanto, com o tempo, o homem foi aprendendo a proteger seus enxames, instalá-los em colméias racionais e manejá-los de forma que houvesse maior produção de mel sem causar prejuízo para as abelhas. Nascia, assim, a apicultura. Essa atividade atravessou o tempo, ganhou o mundo e se tornou uma importante fonte de renda para várias famílias. Hoje, além do mel, é possível explorar, com a criação racional das abelhas, produtos como: pólen apícola, geléia real, rainhas, polinização, apitoxina e cera. Existem casos de produtores que comercializam enxames e crias. O Brasil é, atualmente, o 6° maior produtor de mel (ficando atrás somente da China, Estados Unidos, Argentina, México e Canadá), entretanto, ainda existe um grande potencial apícola (flora e clima) não explorado e grande possibilidade de se maximizar a produção, incrementando o agronegócios apícola. Para tanto, é necessário que o produtor possua conhecimentos sobre biologia das abelhas, técnicas de manejo e colheita do mel, pragas e doenças dos enxames, importância econômica, mercado e comercialização.

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CRIACcedilAtildeO DE ABELHAS

Apresentaccedilatildeo

A apicultura eacute uma das atividades capazes de causar impactos positivos tanto sociais quanto econocircmicos aleacutem de contribuir para a manutenccedilatildeo

e preservaccedilatildeo dos ecossistemas existentes A cadeia produtiva da apicultura propicia a geraccedilatildeo de inuacutemeros postos de trabalho empregos

e fluxo de renda principalmente no ambiente da agricultura familiar sendo dessa forma determinante na melhoria da qualidade de vida e

fixaccedilatildeo do homem no meio rural

O Brasil apresenta caracteriacutesticas especiais de flora e clima que aliado agrave

presenccedila da abelha africanizada lhe conferem um potencial fabuloso para a atividade apiacutecola ainda pouco explorado

Introduccedilatildeo e Histoacuterico

O mel que eacute usado como alimento pelo homem desde a preacute-histoacuteria por vaacuterios seacuteculos foi retirado dos enxames de forma extrativista e

predatoacuteria muitas vezes causando danos ao meio ambiente matando as abelhas Entretanto com o tempo o homem foi aprendendo a

proteger seus enxames instalaacute-los em colmeacuteias racionais e manejaacute-los de forma que houvesse maior produccedilatildeo de mel sem causar prejuiacutezo

para as abelhas Nascia assim a apicultura

Essa atividade atravessou o tempo ganhou o mundo e se tornou uma importante fonte de renda para vaacuterias famiacutelias Hoje aleacutem do mel eacute

possiacutevel explorar com a criaccedilatildeo racional das abelhas produtos como

poacutelen apiacutecola geleacuteia real rainhas polinizaccedilatildeo apitoxina e cera Existem casos de produtores que comercializam enxames e crias

O Brasil eacute atualmente o 6deg maior produtor de mel (ficando atraacutes

somente da China Estados Unidos Argentina Meacutexico e Canadaacute) entretanto ainda existe um grande potencial apiacutecola (flora e clima) natildeo

explorado e grande possibilidade de se maximizar a produccedilatildeo incrementando o agronegoacutecios apiacutecola Para tanto eacute necessaacuterio que o

produtor possua conhecimentos sobre biologia das abelhas teacutecnicas de manejo e colheita do mel pragas e doenccedilas dos enxames importacircncia

econocircmica mercado e comercializaccedilatildeo

Histoacuterico da Apicultura

Pesquisas arqueoloacutegicas mostram que as abelhas sociais jaacute produziam e estocavam mel haacute 20 milhotildees de anos antes mesmo do surgimento do

homem na Terra que soacute ocorreu poucos milhotildees de anos atraacutes

No iniacutecio o homem promovia uma verdadeira caccedilada ao mel tendo que procurar e localizar os enxames que muitas vezes nidificavam em

locais de difiacutecil acesso e de grande risco para os coletores Naquela eacutepoca o alimento ingerido era uma mistura de mel poacutelen cria e cera

pois o homem ainda natildeo sabia como separar os produtos do favo Os

enxames muitas vezes morriam ou fugiam obrigando o homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para

consumo

Haacute aproximadamente 2400 anos aC os egiacutepcios comeccedilaram a colocar as abelhas em potes de barro A retirada do mel ainda era muito

similar agrave caccedilada primitiva entretanto os enxames podiam ser transportados e colocados proacuteximo agrave residecircncia do produtor

Apesar de os egiacutepcios serem considerados os pioneiros na criaccedilatildeo de abelhas a palavra colmeacuteia vem do grego pois os gregos colocavam

seus enxames em recipientes com forma de sino feitos de palha tranccedilados chamada de colmo

Raccedilas de Abelhas Apis Mellifera

O habitat das abelhas Apis mellifera eacute bastante diversificado e inclui

savana florestas tropicais deserto regiotildees litoracircneas e montanhosas

Essa grande variedade de clima e vegetaccedilatildeo acabou originando diversas subespeacutecies ou raccedilas de abelhas com diferentes caracteriacutesticas e

adaptadas agraves diversas condiccedilotildees ambientais

A diferenciaccedilatildeo dessas raccedilas natildeo eacute um processo faacutecil sendo realizado somente por pessoas especializadas que podem usar medidas

morfoloacutegicas ou anaacutelise de DNA

A seguir apresentam-se algumas caracteriacutesticas das raccedilas de abelhas introduzidas no Brasil

Apis mellifera melifera (abelha real alematilde comum ou negra)

Originaacuterias do Norte da Europa e Centro-oeste da Ruacutessia provavelmente estendendo-se ateacute a Peniacutensula Ibeacuterica

Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas Possuem liacutengua curta (57 a 64 mm) o que dificulta o trabalho

em flores profundas Nervosas e irritadas tornam-se agressivas com facilidade caso o

manejo seja inadequado Produtivas e proliacuteferas adapta-se com facilidade a diferentes

ambientes Propolisam com abundacircncia principalmente em regiotildees uacutemidas

Apis mellifera ligustica (abelha italiana)

Originaacuterias da Itaacutelia

Essas abelhas tecircm coloraccedilatildeo amarela intensa produtivas e muito mansas satildeo as abelhas mais populares entre apicultores de todo

o mundo Apesar de serem menores que as Am mellifera tecircm a liacutengua

mais comprida (63 a 66 mm)

Possuem sentidos de orientaccedilatildeo fracos por isso entram nas colmeacuteias erradas frequumlentemente

Constroem favos rapidamente e satildeo mais propensas ao saque do que abelhas de outras raccedilas europeacuteias

Apis mellifera caucasica

Originaacuterias do Vale do Caacuteucaso na Ruacutessia Possuem coloraccedilatildeo cinza-escura com um aspecto azulado pecirclos

curtos e liacutengua comprida (pode chegar a 7 mm) Considerada a raccedila mais mansa e bastante produtiva

Enxameiam com facilidade e usam muita proacutepolis Sensiacuteveis a Nosema apis

Apis mellifera carnica (abelha carnica)

Originaacuterias do Sudeste dos Alpes da Aacuteustria Nordeste da Iugoslaacutevia e Vale do Danuacutebio

Assemelham-se muito com a abelha negra tendo o abdome cinza ou marrom

Pouco propolisadoras mansas tolerantes a doenccedilas e bastante produtivas

Coletam honeydew em abundacircncia

Satildeo facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendecircncia maior a enxamearem

Apis mellifera scutellata (abelha africana)

Originaacuterias do Leste da Aacutefrica satildeo mais produtivas e muito mais agressivas

Satildeo menores e constroem alveacuteolos de operaacuterias menores que as abelhas europeacuteias Sendo assim suas operaacuterias possuem um ciclo

de desenvolvimento precoce (185 a 19 dias) em relaccedilatildeo agraves

europeacuteias (21 dias) o que lhe confere vantagem na produccedilatildeo e na toleracircncia ao aacutecaro do gecircnero Varroa

Possui visatildeo mais aguccedilada resposta mais raacutepida e eficaz ao feromocircnio de alarme Os ataques satildeo geralmente em massa

persistentes e sucessivos podendo estimular a agressividade de operaacuterias de colmeacuteias vizinhas

Ao contraacuterio das europeacuteias que armazenam muito alimento elas convertem o alimento rapidamente em cria aumentando a

populaccedilatildeo e liberando vaacuterios enxames reprodutivos Migram facilmente se a competiccedilatildeo for alta ou se as condiccedilotildees

ambientais natildeo forem favoraacuteveis Essas caracteriacutesticas tecircm uma variabilidade geneacutetica muito grande

e satildeo influenciadas por fatores ambientais internos e externos

Abelha africanizada

A abelha no Brasil eacute um hiacutebrido das abelhas europeacuteias (Apis mellifera

mellifera Apis mellifera ligustica Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata

A variabilidade geneacutetica dessas abelhas eacute muito grande havendo uma predominacircncia das caracteriacutesticas das abelhas europeacuteias no Sul do Paiacutes

enquanto ao Norte predominam as caracteriacutesticas das abelhas africanas

A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata em razatildeo da maior adaptabilidade dessa

raccedila agraves condiccedilotildees climaacuteticas do Paiacutes Muito agressivas poreacutem menos que as africanas a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear

alta produtividade toleracircncia a doenccedilas e adapta-se a climas mais frios

continuando o trabalho em temperaturas baixas enquanto as europeacuteias se recolhem nessas eacutepocas

Importacircncia Econocircmica

Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados

contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e

produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem

entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)

Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa

difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de

aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel

nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos

Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de

21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900

Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante

o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)

Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas

ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001

Aacutesia 401 435 457 465

China 211 236 252 256

Ameacuterica do Norte e

Central

218 201 208 205

Canadaacute 46 37 31 32

Estados Unidos 100 94 100 100

Meacutexico 55 55 59 56

Ameacuterica do Sul 109 133 141 131

Argentina 75 93 98 90

Brasil 18 19 22 20

Europa 291 293 286 288

Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111

Oceania 31 29 29 29

Austraacutelia 22 19 19 19

Total 1188 1232 1265 1263

Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)

Paiacutes 1998 1999 2000

Mel US$ Mel US$ Mel US$

China 79 87 87 79 103 87

Argentina 68 89 93 96 88 87

Meacutexico 32 42 22 25 31 35

Estados Unidos 5 9 5 9 5 8

Canadaacute 11 20 15 21 15 21

Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48

Fonte Braunstein 2002

Outros produtos importantes da atividade

Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o

produtor poderaacute obter renda de outros produtos como

CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina

Cera

Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)

situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera

possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o

tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas

As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais

consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de

alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais

exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia

Proacutepolis

Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a

partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais

A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das

suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho

que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da

espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos

Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador

Poacutelen apiacutecola

Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo

de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em

proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas

Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo

alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

mundial desse produto

Polinizaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para

o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos

Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda

de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir

de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da

maioria das espeacutecies vegetais cultivadas

Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente

dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos

apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para

serviccedilos de polinizaccedilatildeo

Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo

somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um

incremento na renda do produtor

Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e

500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um

benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)

Geleacuteia real

A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade

Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha

Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e

sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in

natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de

diversos produtos

A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano

para Japatildeo Estados Unidos e Europa

Apitoxina

A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas

polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e

armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente

soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e

enzimas

Mel

Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo

Egito Greacutecia e Roma

A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas

principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e

inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu

consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4

apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS

A UI - 5000

B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2

RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17

NIACINA mg 011 - 036 20

B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO

PANTOTENICO

mg 002 - 011 10

AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04

B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60

D UI - 400 E UI - 30

BIOTINA mg - 0330

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Histoacuterico da Apicultura

Pesquisas arqueoloacutegicas mostram que as abelhas sociais jaacute produziam e estocavam mel haacute 20 milhotildees de anos antes mesmo do surgimento do

homem na Terra que soacute ocorreu poucos milhotildees de anos atraacutes

No iniacutecio o homem promovia uma verdadeira caccedilada ao mel tendo que procurar e localizar os enxames que muitas vezes nidificavam em

locais de difiacutecil acesso e de grande risco para os coletores Naquela eacutepoca o alimento ingerido era uma mistura de mel poacutelen cria e cera

pois o homem ainda natildeo sabia como separar os produtos do favo Os

enxames muitas vezes morriam ou fugiam obrigando o homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para

consumo

Haacute aproximadamente 2400 anos aC os egiacutepcios comeccedilaram a colocar as abelhas em potes de barro A retirada do mel ainda era muito

similar agrave caccedilada primitiva entretanto os enxames podiam ser transportados e colocados proacuteximo agrave residecircncia do produtor

Apesar de os egiacutepcios serem considerados os pioneiros na criaccedilatildeo de abelhas a palavra colmeacuteia vem do grego pois os gregos colocavam

seus enxames em recipientes com forma de sino feitos de palha tranccedilados chamada de colmo

Raccedilas de Abelhas Apis Mellifera

O habitat das abelhas Apis mellifera eacute bastante diversificado e inclui

savana florestas tropicais deserto regiotildees litoracircneas e montanhosas

Essa grande variedade de clima e vegetaccedilatildeo acabou originando diversas subespeacutecies ou raccedilas de abelhas com diferentes caracteriacutesticas e

adaptadas agraves diversas condiccedilotildees ambientais

A diferenciaccedilatildeo dessas raccedilas natildeo eacute um processo faacutecil sendo realizado somente por pessoas especializadas que podem usar medidas

morfoloacutegicas ou anaacutelise de DNA

A seguir apresentam-se algumas caracteriacutesticas das raccedilas de abelhas introduzidas no Brasil

Apis mellifera melifera (abelha real alematilde comum ou negra)

Originaacuterias do Norte da Europa e Centro-oeste da Ruacutessia provavelmente estendendo-se ateacute a Peniacutensula Ibeacuterica

Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas Possuem liacutengua curta (57 a 64 mm) o que dificulta o trabalho

em flores profundas Nervosas e irritadas tornam-se agressivas com facilidade caso o

manejo seja inadequado Produtivas e proliacuteferas adapta-se com facilidade a diferentes

ambientes Propolisam com abundacircncia principalmente em regiotildees uacutemidas

Apis mellifera ligustica (abelha italiana)

Originaacuterias da Itaacutelia

Essas abelhas tecircm coloraccedilatildeo amarela intensa produtivas e muito mansas satildeo as abelhas mais populares entre apicultores de todo

o mundo Apesar de serem menores que as Am mellifera tecircm a liacutengua

mais comprida (63 a 66 mm)

Possuem sentidos de orientaccedilatildeo fracos por isso entram nas colmeacuteias erradas frequumlentemente

Constroem favos rapidamente e satildeo mais propensas ao saque do que abelhas de outras raccedilas europeacuteias

Apis mellifera caucasica

Originaacuterias do Vale do Caacuteucaso na Ruacutessia Possuem coloraccedilatildeo cinza-escura com um aspecto azulado pecirclos

curtos e liacutengua comprida (pode chegar a 7 mm) Considerada a raccedila mais mansa e bastante produtiva

Enxameiam com facilidade e usam muita proacutepolis Sensiacuteveis a Nosema apis

Apis mellifera carnica (abelha carnica)

Originaacuterias do Sudeste dos Alpes da Aacuteustria Nordeste da Iugoslaacutevia e Vale do Danuacutebio

Assemelham-se muito com a abelha negra tendo o abdome cinza ou marrom

Pouco propolisadoras mansas tolerantes a doenccedilas e bastante produtivas

Coletam honeydew em abundacircncia

Satildeo facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendecircncia maior a enxamearem

Apis mellifera scutellata (abelha africana)

Originaacuterias do Leste da Aacutefrica satildeo mais produtivas e muito mais agressivas

Satildeo menores e constroem alveacuteolos de operaacuterias menores que as abelhas europeacuteias Sendo assim suas operaacuterias possuem um ciclo

de desenvolvimento precoce (185 a 19 dias) em relaccedilatildeo agraves

europeacuteias (21 dias) o que lhe confere vantagem na produccedilatildeo e na toleracircncia ao aacutecaro do gecircnero Varroa

Possui visatildeo mais aguccedilada resposta mais raacutepida e eficaz ao feromocircnio de alarme Os ataques satildeo geralmente em massa

persistentes e sucessivos podendo estimular a agressividade de operaacuterias de colmeacuteias vizinhas

Ao contraacuterio das europeacuteias que armazenam muito alimento elas convertem o alimento rapidamente em cria aumentando a

populaccedilatildeo e liberando vaacuterios enxames reprodutivos Migram facilmente se a competiccedilatildeo for alta ou se as condiccedilotildees

ambientais natildeo forem favoraacuteveis Essas caracteriacutesticas tecircm uma variabilidade geneacutetica muito grande

e satildeo influenciadas por fatores ambientais internos e externos

Abelha africanizada

A abelha no Brasil eacute um hiacutebrido das abelhas europeacuteias (Apis mellifera

mellifera Apis mellifera ligustica Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata

A variabilidade geneacutetica dessas abelhas eacute muito grande havendo uma predominacircncia das caracteriacutesticas das abelhas europeacuteias no Sul do Paiacutes

enquanto ao Norte predominam as caracteriacutesticas das abelhas africanas

A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata em razatildeo da maior adaptabilidade dessa

raccedila agraves condiccedilotildees climaacuteticas do Paiacutes Muito agressivas poreacutem menos que as africanas a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear

alta produtividade toleracircncia a doenccedilas e adapta-se a climas mais frios

continuando o trabalho em temperaturas baixas enquanto as europeacuteias se recolhem nessas eacutepocas

Importacircncia Econocircmica

Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados

contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e

produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem

entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)

Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa

difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de

aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel

nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos

Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de

21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900

Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante

o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)

Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas

ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001

Aacutesia 401 435 457 465

China 211 236 252 256

Ameacuterica do Norte e

Central

218 201 208 205

Canadaacute 46 37 31 32

Estados Unidos 100 94 100 100

Meacutexico 55 55 59 56

Ameacuterica do Sul 109 133 141 131

Argentina 75 93 98 90

Brasil 18 19 22 20

Europa 291 293 286 288

Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111

Oceania 31 29 29 29

Austraacutelia 22 19 19 19

Total 1188 1232 1265 1263

Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)

Paiacutes 1998 1999 2000

Mel US$ Mel US$ Mel US$

China 79 87 87 79 103 87

Argentina 68 89 93 96 88 87

Meacutexico 32 42 22 25 31 35

Estados Unidos 5 9 5 9 5 8

Canadaacute 11 20 15 21 15 21

Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48

Fonte Braunstein 2002

Outros produtos importantes da atividade

Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o

produtor poderaacute obter renda de outros produtos como

CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina

Cera

Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)

situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera

possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o

tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas

As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais

consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de

alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais

exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia

Proacutepolis

Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a

partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais

A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das

suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho

que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da

espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos

Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador

Poacutelen apiacutecola

Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo

de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em

proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas

Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo

alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

mundial desse produto

Polinizaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para

o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos

Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda

de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir

de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da

maioria das espeacutecies vegetais cultivadas

Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente

dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos

apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para

serviccedilos de polinizaccedilatildeo

Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo

somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um

incremento na renda do produtor

Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e

500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um

benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)

Geleacuteia real

A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade

Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha

Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e

sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in

natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de

diversos produtos

A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano

para Japatildeo Estados Unidos e Europa

Apitoxina

A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas

polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e

armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente

soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e

enzimas

Mel

Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo

Egito Greacutecia e Roma

A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas

principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e

inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu

consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4

apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS

A UI - 5000

B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2

RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17

NIACINA mg 011 - 036 20

B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO

PANTOTENICO

mg 002 - 011 10

AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04

B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60

D UI - 400 E UI - 30

BIOTINA mg - 0330

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Apis mellifera melifera (abelha real alematilde comum ou negra)

Originaacuterias do Norte da Europa e Centro-oeste da Ruacutessia provavelmente estendendo-se ateacute a Peniacutensula Ibeacuterica

Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas Possuem liacutengua curta (57 a 64 mm) o que dificulta o trabalho

em flores profundas Nervosas e irritadas tornam-se agressivas com facilidade caso o

manejo seja inadequado Produtivas e proliacuteferas adapta-se com facilidade a diferentes

ambientes Propolisam com abundacircncia principalmente em regiotildees uacutemidas

Apis mellifera ligustica (abelha italiana)

Originaacuterias da Itaacutelia

Essas abelhas tecircm coloraccedilatildeo amarela intensa produtivas e muito mansas satildeo as abelhas mais populares entre apicultores de todo

o mundo Apesar de serem menores que as Am mellifera tecircm a liacutengua

mais comprida (63 a 66 mm)

Possuem sentidos de orientaccedilatildeo fracos por isso entram nas colmeacuteias erradas frequumlentemente

Constroem favos rapidamente e satildeo mais propensas ao saque do que abelhas de outras raccedilas europeacuteias

Apis mellifera caucasica

Originaacuterias do Vale do Caacuteucaso na Ruacutessia Possuem coloraccedilatildeo cinza-escura com um aspecto azulado pecirclos

curtos e liacutengua comprida (pode chegar a 7 mm) Considerada a raccedila mais mansa e bastante produtiva

Enxameiam com facilidade e usam muita proacutepolis Sensiacuteveis a Nosema apis

Apis mellifera carnica (abelha carnica)

Originaacuterias do Sudeste dos Alpes da Aacuteustria Nordeste da Iugoslaacutevia e Vale do Danuacutebio

Assemelham-se muito com a abelha negra tendo o abdome cinza ou marrom

Pouco propolisadoras mansas tolerantes a doenccedilas e bastante produtivas

Coletam honeydew em abundacircncia

Satildeo facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendecircncia maior a enxamearem

Apis mellifera scutellata (abelha africana)

Originaacuterias do Leste da Aacutefrica satildeo mais produtivas e muito mais agressivas

Satildeo menores e constroem alveacuteolos de operaacuterias menores que as abelhas europeacuteias Sendo assim suas operaacuterias possuem um ciclo

de desenvolvimento precoce (185 a 19 dias) em relaccedilatildeo agraves

europeacuteias (21 dias) o que lhe confere vantagem na produccedilatildeo e na toleracircncia ao aacutecaro do gecircnero Varroa

Possui visatildeo mais aguccedilada resposta mais raacutepida e eficaz ao feromocircnio de alarme Os ataques satildeo geralmente em massa

persistentes e sucessivos podendo estimular a agressividade de operaacuterias de colmeacuteias vizinhas

Ao contraacuterio das europeacuteias que armazenam muito alimento elas convertem o alimento rapidamente em cria aumentando a

populaccedilatildeo e liberando vaacuterios enxames reprodutivos Migram facilmente se a competiccedilatildeo for alta ou se as condiccedilotildees

ambientais natildeo forem favoraacuteveis Essas caracteriacutesticas tecircm uma variabilidade geneacutetica muito grande

e satildeo influenciadas por fatores ambientais internos e externos

Abelha africanizada

A abelha no Brasil eacute um hiacutebrido das abelhas europeacuteias (Apis mellifera

mellifera Apis mellifera ligustica Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata

A variabilidade geneacutetica dessas abelhas eacute muito grande havendo uma predominacircncia das caracteriacutesticas das abelhas europeacuteias no Sul do Paiacutes

enquanto ao Norte predominam as caracteriacutesticas das abelhas africanas

A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata em razatildeo da maior adaptabilidade dessa

raccedila agraves condiccedilotildees climaacuteticas do Paiacutes Muito agressivas poreacutem menos que as africanas a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear

alta produtividade toleracircncia a doenccedilas e adapta-se a climas mais frios

continuando o trabalho em temperaturas baixas enquanto as europeacuteias se recolhem nessas eacutepocas

Importacircncia Econocircmica

Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados

contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e

produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem

entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)

Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa

difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de

aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel

nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos

Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de

21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900

Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante

o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)

Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas

ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001

Aacutesia 401 435 457 465

China 211 236 252 256

Ameacuterica do Norte e

Central

218 201 208 205

Canadaacute 46 37 31 32

Estados Unidos 100 94 100 100

Meacutexico 55 55 59 56

Ameacuterica do Sul 109 133 141 131

Argentina 75 93 98 90

Brasil 18 19 22 20

Europa 291 293 286 288

Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111

Oceania 31 29 29 29

Austraacutelia 22 19 19 19

Total 1188 1232 1265 1263

Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)

Paiacutes 1998 1999 2000

Mel US$ Mel US$ Mel US$

China 79 87 87 79 103 87

Argentina 68 89 93 96 88 87

Meacutexico 32 42 22 25 31 35

Estados Unidos 5 9 5 9 5 8

Canadaacute 11 20 15 21 15 21

Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48

Fonte Braunstein 2002

Outros produtos importantes da atividade

Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o

produtor poderaacute obter renda de outros produtos como

CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina

Cera

Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)

situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera

possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o

tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas

As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais

consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de

alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais

exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia

Proacutepolis

Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a

partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais

A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das

suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho

que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da

espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos

Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador

Poacutelen apiacutecola

Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo

de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em

proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas

Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo

alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

mundial desse produto

Polinizaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para

o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos

Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda

de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir

de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da

maioria das espeacutecies vegetais cultivadas

Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente

dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos

apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para

serviccedilos de polinizaccedilatildeo

Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo

somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um

incremento na renda do produtor

Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e

500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um

benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)

Geleacuteia real

A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade

Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha

Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e

sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in

natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de

diversos produtos

A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano

para Japatildeo Estados Unidos e Europa

Apitoxina

A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas

polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e

armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente

soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e

enzimas

Mel

Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo

Egito Greacutecia e Roma

A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas

principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e

inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu

consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4

apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS

A UI - 5000

B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2

RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17

NIACINA mg 011 - 036 20

B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO

PANTOTENICO

mg 002 - 011 10

AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04

B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60

D UI - 400 E UI - 30

BIOTINA mg - 0330

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Coletam honeydew em abundacircncia

Satildeo facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendecircncia maior a enxamearem

Apis mellifera scutellata (abelha africana)

Originaacuterias do Leste da Aacutefrica satildeo mais produtivas e muito mais agressivas

Satildeo menores e constroem alveacuteolos de operaacuterias menores que as abelhas europeacuteias Sendo assim suas operaacuterias possuem um ciclo

de desenvolvimento precoce (185 a 19 dias) em relaccedilatildeo agraves

europeacuteias (21 dias) o que lhe confere vantagem na produccedilatildeo e na toleracircncia ao aacutecaro do gecircnero Varroa

Possui visatildeo mais aguccedilada resposta mais raacutepida e eficaz ao feromocircnio de alarme Os ataques satildeo geralmente em massa

persistentes e sucessivos podendo estimular a agressividade de operaacuterias de colmeacuteias vizinhas

Ao contraacuterio das europeacuteias que armazenam muito alimento elas convertem o alimento rapidamente em cria aumentando a

populaccedilatildeo e liberando vaacuterios enxames reprodutivos Migram facilmente se a competiccedilatildeo for alta ou se as condiccedilotildees

ambientais natildeo forem favoraacuteveis Essas caracteriacutesticas tecircm uma variabilidade geneacutetica muito grande

e satildeo influenciadas por fatores ambientais internos e externos

Abelha africanizada

A abelha no Brasil eacute um hiacutebrido das abelhas europeacuteias (Apis mellifera

mellifera Apis mellifera ligustica Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata

A variabilidade geneacutetica dessas abelhas eacute muito grande havendo uma predominacircncia das caracteriacutesticas das abelhas europeacuteias no Sul do Paiacutes

enquanto ao Norte predominam as caracteriacutesticas das abelhas africanas

A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata em razatildeo da maior adaptabilidade dessa

raccedila agraves condiccedilotildees climaacuteticas do Paiacutes Muito agressivas poreacutem menos que as africanas a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear

alta produtividade toleracircncia a doenccedilas e adapta-se a climas mais frios

continuando o trabalho em temperaturas baixas enquanto as europeacuteias se recolhem nessas eacutepocas

Importacircncia Econocircmica

Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados

contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e

produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem

entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)

Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa

difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de

aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel

nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos

Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de

21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900

Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante

o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)

Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas

ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001

Aacutesia 401 435 457 465

China 211 236 252 256

Ameacuterica do Norte e

Central

218 201 208 205

Canadaacute 46 37 31 32

Estados Unidos 100 94 100 100

Meacutexico 55 55 59 56

Ameacuterica do Sul 109 133 141 131

Argentina 75 93 98 90

Brasil 18 19 22 20

Europa 291 293 286 288

Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111

Oceania 31 29 29 29

Austraacutelia 22 19 19 19

Total 1188 1232 1265 1263

Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)

Paiacutes 1998 1999 2000

Mel US$ Mel US$ Mel US$

China 79 87 87 79 103 87

Argentina 68 89 93 96 88 87

Meacutexico 32 42 22 25 31 35

Estados Unidos 5 9 5 9 5 8

Canadaacute 11 20 15 21 15 21

Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48

Fonte Braunstein 2002

Outros produtos importantes da atividade

Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o

produtor poderaacute obter renda de outros produtos como

CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina

Cera

Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)

situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera

possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o

tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas

As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais

consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de

alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais

exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia

Proacutepolis

Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a

partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais

A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das

suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho

que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da

espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos

Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador

Poacutelen apiacutecola

Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo

de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em

proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas

Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo

alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

mundial desse produto

Polinizaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para

o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos

Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda

de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir

de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da

maioria das espeacutecies vegetais cultivadas

Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente

dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos

apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para

serviccedilos de polinizaccedilatildeo

Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo

somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um

incremento na renda do produtor

Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e

500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um

benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)

Geleacuteia real

A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade

Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha

Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e

sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in

natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de

diversos produtos

A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano

para Japatildeo Estados Unidos e Europa

Apitoxina

A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas

polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e

armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente

soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e

enzimas

Mel

Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo

Egito Greacutecia e Roma

A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas

principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e

inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu

consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4

apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS

A UI - 5000

B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2

RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17

NIACINA mg 011 - 036 20

B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO

PANTOTENICO

mg 002 - 011 10

AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04

B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60

D UI - 400 E UI - 30

BIOTINA mg - 0330

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Importacircncia Econocircmica

Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados

contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e

produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem

entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)

Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa

difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de

aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel

nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos

Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de

21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900

Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante

o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)

Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas

ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001

Aacutesia 401 435 457 465

China 211 236 252 256

Ameacuterica do Norte e

Central

218 201 208 205

Canadaacute 46 37 31 32

Estados Unidos 100 94 100 100

Meacutexico 55 55 59 56

Ameacuterica do Sul 109 133 141 131

Argentina 75 93 98 90

Brasil 18 19 22 20

Europa 291 293 286 288

Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111

Oceania 31 29 29 29

Austraacutelia 22 19 19 19

Total 1188 1232 1265 1263

Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)

Paiacutes 1998 1999 2000

Mel US$ Mel US$ Mel US$

China 79 87 87 79 103 87

Argentina 68 89 93 96 88 87

Meacutexico 32 42 22 25 31 35

Estados Unidos 5 9 5 9 5 8

Canadaacute 11 20 15 21 15 21

Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48

Fonte Braunstein 2002

Outros produtos importantes da atividade

Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o

produtor poderaacute obter renda de outros produtos como

CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina

Cera

Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)

situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera

possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o

tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas

As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais

consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de

alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais

exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia

Proacutepolis

Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a

partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais

A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das

suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho

que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da

espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos

Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador

Poacutelen apiacutecola

Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo

de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em

proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas

Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo

alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

mundial desse produto

Polinizaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para

o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos

Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda

de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir

de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da

maioria das espeacutecies vegetais cultivadas

Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente

dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos

apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para

serviccedilos de polinizaccedilatildeo

Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo

somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um

incremento na renda do produtor

Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e

500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um

benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)

Geleacuteia real

A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade

Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha

Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e

sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in

natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de

diversos produtos

A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano

para Japatildeo Estados Unidos e Europa

Apitoxina

A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas

polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e

armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente

soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e

enzimas

Mel

Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo

Egito Greacutecia e Roma

A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas

principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e

inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu

consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4

apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS

A UI - 5000

B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2

RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17

NIACINA mg 011 - 036 20

B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO

PANTOTENICO

mg 002 - 011 10

AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04

B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60

D UI - 400 E UI - 30

BIOTINA mg - 0330

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)

Paiacutes 1998 1999 2000

Mel US$ Mel US$ Mel US$

China 79 87 87 79 103 87

Argentina 68 89 93 96 88 87

Meacutexico 32 42 22 25 31 35

Estados Unidos 5 9 5 9 5 8

Canadaacute 11 20 15 21 15 21

Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48

Fonte Braunstein 2002

Outros produtos importantes da atividade

Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o

produtor poderaacute obter renda de outros produtos como

CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina

Cera

Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)

situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera

possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o

tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas

As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais

consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de

alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais

exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia

Proacutepolis

Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a

partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais

A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das

suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho

que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da

espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos

Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador

Poacutelen apiacutecola

Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo

de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em

proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas

Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo

alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

mundial desse produto

Polinizaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para

o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos

Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda

de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir

de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da

maioria das espeacutecies vegetais cultivadas

Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente

dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos

apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para

serviccedilos de polinizaccedilatildeo

Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo

somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um

incremento na renda do produtor

Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e

500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um

benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)

Geleacuteia real

A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade

Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha

Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e

sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in

natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de

diversos produtos

A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano

para Japatildeo Estados Unidos e Europa

Apitoxina

A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas

polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e

armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente

soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e

enzimas

Mel

Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo

Egito Greacutecia e Roma

A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas

principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e

inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu

consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4

apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS

A UI - 5000

B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2

RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17

NIACINA mg 011 - 036 20

B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO

PANTOTENICO

mg 002 - 011 10

AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04

B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60

D UI - 400 E UI - 30

BIOTINA mg - 0330

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a

partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais

A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das

suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho

que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da

espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos

Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador

Poacutelen apiacutecola

Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo

de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em

proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas

Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo

alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo

mundial desse produto

Polinizaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para

o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos

Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda

de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir

de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da

maioria das espeacutecies vegetais cultivadas

Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente

dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos

apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para

serviccedilos de polinizaccedilatildeo

Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo

somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um

incremento na renda do produtor

Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e

500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um

benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)

Geleacuteia real

A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade

Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha

Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e

sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in

natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de

diversos produtos

A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano

para Japatildeo Estados Unidos e Europa

Apitoxina

A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas

polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e

armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente

soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e

enzimas

Mel

Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo

Egito Greacutecia e Roma

A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas

principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e

inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu

consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4

apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS

A UI - 5000

B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2

RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17

NIACINA mg 011 - 036 20

B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO

PANTOTENICO

mg 002 - 011 10

AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04

B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60

D UI - 400 E UI - 30

BIOTINA mg - 0330

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para

serviccedilos de polinizaccedilatildeo

Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo

somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um

incremento na renda do produtor

Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e

500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um

benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)

Geleacuteia real

A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade

Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha

Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e

sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in

natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de

diversos produtos

A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano

para Japatildeo Estados Unidos e Europa

Apitoxina

A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas

polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e

armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente

soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e

enzimas

Mel

Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo

Egito Greacutecia e Roma

A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas

principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e

inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu

consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4

apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS

A UI - 5000

B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2

RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17

NIACINA mg 011 - 036 20

B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO

PANTOTENICO

mg 002 - 011 10

AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04

B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60

D UI - 400 E UI - 30

BIOTINA mg - 0330

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Mel

Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu

uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo

Egito Greacutecia e Roma

A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas

principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e

inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo

Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu

consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4

apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos

Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS

A UI - 5000

B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2

RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17

NIACINA mg 011 - 036 20

B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO

PANTOTENICO

mg 002 - 011 10

AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04

B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60

D UI - 400 E UI - 30

BIOTINA mg - 0330

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de

inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos

Definiccedilatildeo e origem

O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas

produzem

Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e

tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu

Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram

O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em

sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado

nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original

enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase

Composiccedilatildeo

Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral

que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade

Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Composiccedilatildeo baacutesica do mel

Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229

Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075

Sacarose () 131 095 025 - 757

Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais

() 150 103 013 - 849

Outros () 31 197 00 - 132

pH 391 - 342 - 610 Acidez livre

(meqKg) 2203 822 675 - 4719

Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876

Acidez total (meqKg)

2912 1033 868 - 5949

LactoseAcidez livre

0335 0135 000 - 0950

Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133

Diastase 208 976 21 - 612

Accediluacutecares

Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os

monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10

White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas

diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores

caloacutericos (Campos 1987)

Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na

sua qualidade e caracteriacutesticas

Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos

Alimento Quantidade de calorias kg

ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395

OVOS 1375 AVES 880

LEITE 600

Aacutegua

O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico

maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade

A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os

microorganismos (Veriacutessimo 1987)

O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo

normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20

valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final

Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)

presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo

O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis

chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa

situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio

esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60

Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo

relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)

Enzimas

A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento

mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais

concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de

um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo

Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase

peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966

White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)

Proteiacutenas

Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo

apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal

Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute

proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso

trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar

ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)

Aacutecidos

Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos

tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos

Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante

o processo de amadurecimento

Minerais

Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se

citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho

oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)

Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3

B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o

hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros

Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos

Elementos

(macro e micro)

Cor Variacircncia

(ppm) Meacutedia (ppm)

Ingestatildeo diaacuteria recomendada

(mg)

CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51

FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47

POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676

SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76

MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35

CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE

SILIacuteCIO

CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14

FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940

MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

COBRE CLARA 014 - 070 029 2

ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

ESCURA 56 - 126 100

Propriedades terapecircuticas

A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute

denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos

cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um

nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de

sauacutede

Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do

mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal

atrativo para o seu consumo

Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara

dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano

quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute

muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade

Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante

Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao

mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas

1991)

Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica

(Veriacutessimo 1987)

Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a

produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades

curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada

e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer

substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico

Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera

Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera

As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece

proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs

partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita

resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas

atividades das abelhas

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera

Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956

Cabeccedila

Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas

Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral

da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas

omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)

Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber

ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis

mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Dade 1994

Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs

localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal

mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas

que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando

comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial

A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das

correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua

O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa

As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar

os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta

e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia

No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que

tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas

mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de

Camargo 1972

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Toacuterax

No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e

a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante

funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)

As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas

As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas

quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas

auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando

formam cachos

As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que

possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)

Abdome

O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante

flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor

excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)

Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera

Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia

As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas

que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca

de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis

mellifera

A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado

bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas

operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de

uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido

Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo

A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu

nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de

uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

acasalamento

A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura

atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas

feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser

fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen

seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco

nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento

Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem

agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem

podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees

A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e

reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se

recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente

A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e

servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a

enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para

auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias

encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos

feromocircnios a outros membros da colmeacuteia

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada

ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou

larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais

- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas

que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com

aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela

pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por

algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento

As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da

colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela

8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade

Idade Funccedilatildeo

1ordm ao 5ordm dia

Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas

5ordm ao 10ordm

Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das

glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real

11ordm ao 20ordm dia

Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam

grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas

campeiras elaborando o mel

18ordm ao 21ordm dia

Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias

apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem

participar do controle da temperatura na colmeacuteia

22ordm dia ateacute a morte

Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica

funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias

(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo

a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados

periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas

com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes

permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial

Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera

Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute

5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe

ocasionando sua morte

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas

passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)

Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis

mellifera

Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis

mellifera africanizada

Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)

Casta Ovo Larva Pupa Total

Rainha

3

5

7

15

Operaacuteria

3

5

12

20

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Zangatildeo 3 65 145 24

A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua

vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem

viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os

zangotildees

Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por

alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos

tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel

escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a

criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)

Diferenciaccedilatildeo das castas

Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se

desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo

diferenciada que as larvas recebem

A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e

hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia

real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e

maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos

(Nogueira Couto amp Couto 2002)

As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta

maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a

receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no

maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor

seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura

Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada

(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o

que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de

operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma

realeira no local onde se encontra a larva

Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera

apresenta-se na Fig 10

Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera

Comunicaccedilatildeo

Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos

eletromagneacuteticos

Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e

suas respectivas reaccedilotildees

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada

Produzidos por operaacuterias

Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento

Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de

inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia

Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local

Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem

disponibilidade de alimento

Feromocircnio da glacircndula de Nasonov

Liberado na entrada da colmeacuteia durante a

enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das

abelhas

Produzidos por rainhas

Feromocircnio da glacircndula mandibular

Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem

a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e

a produccedilatildeo de rainhas

Feromocircnio das glacircndulas epidermais

Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular

Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas

Produzidos por zangotildees

Feromocircnio da glacircndula

mandibular do zangatildeo

Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de

congregaccedilatildeo de zangotildees

Produzidos por crias

Feromocircnio de cria

Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias

Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias

A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua

novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para

informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as

abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)

(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos

Danccedila Funccedilatildeo

Danccedila em ciacuterculo

Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia

Danccedila do requebrado

Usada para fontes de alimento que estatildeo a

mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da

fonte

Danccedila da foice

Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a

danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem

metros da colmeacuteia

As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia

da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a

danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees

A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou

Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a

vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila

Equipamentos

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo

das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam

garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a

seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas

Martelo de Marceneiro e Alicate

Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias

(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros

(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)

Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)

arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira

Arame

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da

placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso

demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o

arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de

metal (Fig 11 C)

Esticador de Arame

Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a

finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo

plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)

Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)

Carretilha de Apicultor

Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma

roda dentada na extremidade (Fig 13)

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 13 Carretilha do apicultor

Incrustador Eleacutetrico de Cera

Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute

fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no

arame (Fig 14)

Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera

Limpador de Canaleta

Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera

velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade

como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames

etc)

Fumigador

Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato

(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores

brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de

africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por

apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos

sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de

manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas

Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)

fornalha (D) grelha (E) bico de pato

Formatildeo de Apicultor

Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com

200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo

na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa

fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc

Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)

Vassoura ou espanador apiacutecola

O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as

abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)

pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas

Vestimentas

O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para

uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)

Macacatildeo

Luva Bota

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e

calccedila (B) luvas (C) bota

Colmeacuteia

As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura

racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e

racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a

utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida

em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada

modelam tambeacutem eacute essencial

O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as

diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve

ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou

construccedilatildeo de favos

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente

respeitado

Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado

Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos

quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)

A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de

entressafra

Tela Excluidora

Figura 24 Tela excluidora de

rainha com malha de metal

Figura 25 Tela excluidora de

rainha com malha de plaacutestico

Tela Excluidora de Alvado

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Tela de Transporte

Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa

Redutor de Alvado

Alimentadores

Instalaccedilotildees

Apiaacuterio Fixo

Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante

todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3

km para uma coleta produtiva)

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)

Apiaacuterio Migratoacuterio

Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em

que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a

maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura

migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas

Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio

Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem

duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir

Flora Apiacutecola

A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam

fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute

denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola

Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em

conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas

informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do

apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos

de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)

O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade

e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o

que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea

Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia

uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de

alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da

produccedilatildeo

Outros Fatores a Serem Considerados

Acesso

O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita

acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Topografia

O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos

ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do

apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel

Proteccedilatildeo contra os ventos

A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela

accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias

Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros

de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais

Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios

depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis

Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e

aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma

distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento

da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias

Aacutegua

A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames

principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma

colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no

miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e

no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios

nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de

contaminaccedilatildeo

Sombreamento

O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas

temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode

contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio

Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes

com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de

que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses

suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins

Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias

O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para

o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao

analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a

distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser

dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma

distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo

Povoamento da Colmeacuteia

Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato

de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais

atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Caixa Isca (captura passiva)

Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)

Coleta de Enxame Fixo

Manejo Produtivo das Colmeacuteias

Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em

realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo

das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das

crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas

preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas

Revisatildeo das colmeacuteias

As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias

e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das

abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel

mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio

ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento

Quando e como realizar as revisotildees

De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos

Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio

verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos

No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees

para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir

Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

quantidade de quadros completos devidamente operculados e a

necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as

melgueiras para que o mel natildeo a absorva

Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem

anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra

Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que

normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as

colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos

Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes

procedimentos

Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30

minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva

Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de

conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor

perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo

de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo

devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma

fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma

raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia

nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)

Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito

tempo

Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute

simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior

parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel

armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que

dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo

O que observar durante as revisotildees

Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os

quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos

Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)

Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar

a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha

estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia

e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada

e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando

Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear

Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de

doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e

suportes das colmeacuteias

Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas

(b)

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias

Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e

enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o

apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias

Fortalecendo enxames

A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a

aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias

fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha

quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho

Uniatildeo de enxames

Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal

Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Divisatildeo das famiacutelias

A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da

colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o

feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as

operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo

da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o

restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo

pode ocorrer duas ou trecircs vezes

Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a

colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou

usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas

abelhas

Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode

retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo

utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames

Pilhagem

A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por

operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande

quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou

outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo

Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no

apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames

estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias

Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso

e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a

alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio

Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra

Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais

Alimentaccedilatildeo

Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de

Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas

Vitaminas Sais minerais

Lipiacutedeos (gorduras)

Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores

mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar

sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros

As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender

a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas

de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de

condiccedilotildees melhores

Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo

A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar

varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio

calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar

quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia

Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel

Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias

intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e

saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente

Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas

aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a

produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor

Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na

produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao

iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel

Alimentaccedilatildeo Energeacutetica

Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar

cuja receita eacute descrita a seguir

Xarope de accediluacutecar

Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade

Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar

se dissolver por completo desligar o fogo e deixar

esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana

Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas

O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o

alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas

Alimentaccedilatildeo Proteacuteica

Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais

para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada

Receita 1

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 2

Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e

adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole

Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 3

Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de

farelo de soja e 15 partes de mel

Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local

limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana

Receita 4

Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-

accediluacutecar

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta

Receita 5

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3

partes de mel

Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o

accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes

por semana

Receita 6

Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4

partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua

Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e

adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre

Alimentadores

A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e

desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade

O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada

apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo

recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo

apresenta as seguintes desvantagens

Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos

paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque

Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam

mais alimento do que as fracas

Alimentador de Boardman

Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos

liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico

deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque

(Fig 33)

Figura 33 Alimentador de Boardman

Alimentador de Cobertura ou Bandeja

Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 34 Alimentador de cobertura

Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno

Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)

Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma

a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas

Figura 35 Alimentador Doolitle

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Doenccedilas e Inimigos Naturais

Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as

abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as

larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos

Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute

tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos

comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos

apiaacuterios de sua regiatildeo

Doenccedilas das abelhas

Importacircncia

A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da

mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da

produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando

a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta

Doenccedilas de crias

Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das

doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um

favo com crias saudaacuteveis

Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees

Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as

revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute

uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode

estar ocorrendo como por exemplo

A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute

irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de

cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada

Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a

aacuterea de crias apresenta-se com falhas

O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como

as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois

opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas

Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis

Identificando doenccedilas em crias

As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo

Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana

Cria Ensacada Cria Giz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)

Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer

em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos

Sintomas

Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos

sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo

ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para

amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou

natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem

opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas

falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)

Controle

Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente

Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar

colmeacuteias sadias

Cria Puacutetrida Americana (CPA)

Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo

infectadas quando comem alimento contaminado

Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em

colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados

contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito

tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo

Sintomas

Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados

Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo

ateacute marrom-escuro

Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente

quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito

rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)

Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo

Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e

opeacuterculos perfurados (b)

Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados

nas paredes do alveacuteolo (b)

Controle

Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da

colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila

Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio

devem tomar as seguintes medidas

Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a

ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais

como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia

Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas

Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias

Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se

optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois

queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas

A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras

mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos

Cria Ensacada

Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil

entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta

barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira

Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade

de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)

Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa

em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando

o liacutequido acumulado na parte inferior

Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada

Controle

Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta

barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do

barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia

afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a

coleta do poacutelen toacutexico

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Cria Giz

Agente causador fungo Ascosphaera apis

Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido

baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida

por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado

Sintomas

Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa

Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e

aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)

Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz

Controle

Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada

para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias

Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas

Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo

porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras

a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para

anaacutelise em laboratoacuterio

O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a

presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute

intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas

Nosemose

Agente causador protozoaacuterio Nosema apis

Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a

deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)

causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um

decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias

Sintomas

Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com

facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos

encontram-se fezes no alvado e nos favos

Acariose

Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi

Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais

frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias

toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das

abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas

na produccedilatildeo

Sintomas

Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas

separadas impossibilitadas de voar

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Outros organismos que causam danos a crias e adultos

Aacutecaro Varroa destructor

Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta

tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos

principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do

peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas

Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido

em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo

Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu

controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias

mais resistentes

Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea

adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Traccedilas-da-cera

Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela

(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas

espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera

construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)

Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada

O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos

utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de

medidas de manejo preventivas

Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas

satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio

Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio

Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo

para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias

Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com

claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo

de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam

alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na

colmeacuteia (a) e no favo (b)

Formigas e cupins

As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e

crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem

provocar o abandono da colmeacuteia

Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua

vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins

recomenda-se

Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas

imediaccedilotildees dos apiaacuterios

Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos

inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia

Substituiccedilatildeo de Rainhas

A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia

que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na

colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa

populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de

3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em

regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair

acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo

com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado

Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da

rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o

apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que

influenciam a qualidade de uma rainha

Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade

etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior

ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca

Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo

Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha

Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente

dependentes da qualidade da rainha

Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a

enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por

exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc

Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas

anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas

Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um

fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser

realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor

conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo

Cuidados na Substituiccedilatildeo

Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia

algumas etapas devem ser cumpridas

O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom

potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha

seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento

Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las

A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes

Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute

encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da

introduccedilatildeo da nova rainha

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na

colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha

Colheita

O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo

de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica

para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o

apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de

manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final

Vestimentas

O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas

proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O

ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a

colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)

Fatores Climaacuteticos

A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta

umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de

umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo

devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de

hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade

Uso da Fumaccedila

O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo

absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente

operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome

alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final

Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com

resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou

serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada

Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de

forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem

Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a

retirada dos quadros de mel

Seleccedilatildeo dos quadros

A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro

priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo

90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual

de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem

Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen

Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade

elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e

impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo

Transporte das melgueiras durante a colheita

A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico

acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se

evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no

momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel

devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes

nesses utensiacutelios

Cuidados com o veiacuteculo e o transporte

O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel

deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente

qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A

superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material

devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a

evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso

Extraccedilatildeo e Processamento do Mel

Instalaccedilotildees

Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute

indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees

e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados

No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de

unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa

etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado

Casa do Mel

A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo

(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)

aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)

A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo

Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente

por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada

Equipamentos e Utensiacutelios

Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se

possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser

especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato

direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com

uma fase do processamento conforme listado abaixo

Mesa desoperculadora

Garfo desoperculador

Figura 45 Garfo desoperculador

Faca desoperculadora

Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo

Centriacutefuga

Peneiras

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Baldes

Decantador

Homogeneizadores

Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e

bomba de mel (b)

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do

mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)

Higienizaccedilatildeo

Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final

os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e

dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF

Limpeza

Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos

Sanificaccedilatildeo

Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios

Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem

seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa

deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores

Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta

Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)

Processamento

No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas

intriacutensecas do produto

As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras

etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu

contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo

devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras

melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim

Armazenamento

Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado

(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas

temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo

causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o

contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras

Embalagem

Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos

pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem

embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz

Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300

kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal

(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como

os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a

exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica

Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua

constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico

Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de

realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)

Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel

ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo

Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz