CRIAÇÃO DE ABELHAS - Agrocursos · Essa grande variedade de clima e vegetação acabou originando...
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CRIACcedilAtildeO DE ABELHAS
Apresentaccedilatildeo
A apicultura eacute uma das atividades capazes de causar impactos positivos tanto sociais quanto econocircmicos aleacutem de contribuir para a manutenccedilatildeo
e preservaccedilatildeo dos ecossistemas existentes A cadeia produtiva da apicultura propicia a geraccedilatildeo de inuacutemeros postos de trabalho empregos
e fluxo de renda principalmente no ambiente da agricultura familiar sendo dessa forma determinante na melhoria da qualidade de vida e
fixaccedilatildeo do homem no meio rural
O Brasil apresenta caracteriacutesticas especiais de flora e clima que aliado agrave
presenccedila da abelha africanizada lhe conferem um potencial fabuloso para a atividade apiacutecola ainda pouco explorado
Introduccedilatildeo e Histoacuterico
O mel que eacute usado como alimento pelo homem desde a preacute-histoacuteria por vaacuterios seacuteculos foi retirado dos enxames de forma extrativista e
predatoacuteria muitas vezes causando danos ao meio ambiente matando as abelhas Entretanto com o tempo o homem foi aprendendo a
proteger seus enxames instalaacute-los em colmeacuteias racionais e manejaacute-los de forma que houvesse maior produccedilatildeo de mel sem causar prejuiacutezo
para as abelhas Nascia assim a apicultura
Essa atividade atravessou o tempo ganhou o mundo e se tornou uma importante fonte de renda para vaacuterias famiacutelias Hoje aleacutem do mel eacute
possiacutevel explorar com a criaccedilatildeo racional das abelhas produtos como
poacutelen apiacutecola geleacuteia real rainhas polinizaccedilatildeo apitoxina e cera Existem casos de produtores que comercializam enxames e crias
O Brasil eacute atualmente o 6deg maior produtor de mel (ficando atraacutes
somente da China Estados Unidos Argentina Meacutexico e Canadaacute) entretanto ainda existe um grande potencial apiacutecola (flora e clima) natildeo
explorado e grande possibilidade de se maximizar a produccedilatildeo incrementando o agronegoacutecios apiacutecola Para tanto eacute necessaacuterio que o
produtor possua conhecimentos sobre biologia das abelhas teacutecnicas de manejo e colheita do mel pragas e doenccedilas dos enxames importacircncia
econocircmica mercado e comercializaccedilatildeo
Histoacuterico da Apicultura
Pesquisas arqueoloacutegicas mostram que as abelhas sociais jaacute produziam e estocavam mel haacute 20 milhotildees de anos antes mesmo do surgimento do
homem na Terra que soacute ocorreu poucos milhotildees de anos atraacutes
No iniacutecio o homem promovia uma verdadeira caccedilada ao mel tendo que procurar e localizar os enxames que muitas vezes nidificavam em
locais de difiacutecil acesso e de grande risco para os coletores Naquela eacutepoca o alimento ingerido era uma mistura de mel poacutelen cria e cera
pois o homem ainda natildeo sabia como separar os produtos do favo Os
enxames muitas vezes morriam ou fugiam obrigando o homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para
consumo
Haacute aproximadamente 2400 anos aC os egiacutepcios comeccedilaram a colocar as abelhas em potes de barro A retirada do mel ainda era muito
similar agrave caccedilada primitiva entretanto os enxames podiam ser transportados e colocados proacuteximo agrave residecircncia do produtor
Apesar de os egiacutepcios serem considerados os pioneiros na criaccedilatildeo de abelhas a palavra colmeacuteia vem do grego pois os gregos colocavam
seus enxames em recipientes com forma de sino feitos de palha tranccedilados chamada de colmo
Raccedilas de Abelhas Apis Mellifera
O habitat das abelhas Apis mellifera eacute bastante diversificado e inclui
savana florestas tropicais deserto regiotildees litoracircneas e montanhosas
Essa grande variedade de clima e vegetaccedilatildeo acabou originando diversas subespeacutecies ou raccedilas de abelhas com diferentes caracteriacutesticas e
adaptadas agraves diversas condiccedilotildees ambientais
A diferenciaccedilatildeo dessas raccedilas natildeo eacute um processo faacutecil sendo realizado somente por pessoas especializadas que podem usar medidas
morfoloacutegicas ou anaacutelise de DNA
A seguir apresentam-se algumas caracteriacutesticas das raccedilas de abelhas introduzidas no Brasil
Apis mellifera melifera (abelha real alematilde comum ou negra)
Originaacuterias do Norte da Europa e Centro-oeste da Ruacutessia provavelmente estendendo-se ateacute a Peniacutensula Ibeacuterica
Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas Possuem liacutengua curta (57 a 64 mm) o que dificulta o trabalho
em flores profundas Nervosas e irritadas tornam-se agressivas com facilidade caso o
manejo seja inadequado Produtivas e proliacuteferas adapta-se com facilidade a diferentes
ambientes Propolisam com abundacircncia principalmente em regiotildees uacutemidas
Apis mellifera ligustica (abelha italiana)
Originaacuterias da Itaacutelia
Essas abelhas tecircm coloraccedilatildeo amarela intensa produtivas e muito mansas satildeo as abelhas mais populares entre apicultores de todo
o mundo Apesar de serem menores que as Am mellifera tecircm a liacutengua
mais comprida (63 a 66 mm)
Possuem sentidos de orientaccedilatildeo fracos por isso entram nas colmeacuteias erradas frequumlentemente
Constroem favos rapidamente e satildeo mais propensas ao saque do que abelhas de outras raccedilas europeacuteias
Apis mellifera caucasica
Originaacuterias do Vale do Caacuteucaso na Ruacutessia Possuem coloraccedilatildeo cinza-escura com um aspecto azulado pecirclos
curtos e liacutengua comprida (pode chegar a 7 mm) Considerada a raccedila mais mansa e bastante produtiva
Enxameiam com facilidade e usam muita proacutepolis Sensiacuteveis a Nosema apis
Apis mellifera carnica (abelha carnica)
Originaacuterias do Sudeste dos Alpes da Aacuteustria Nordeste da Iugoslaacutevia e Vale do Danuacutebio
Assemelham-se muito com a abelha negra tendo o abdome cinza ou marrom
Pouco propolisadoras mansas tolerantes a doenccedilas e bastante produtivas
Coletam honeydew em abundacircncia
Satildeo facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendecircncia maior a enxamearem
Apis mellifera scutellata (abelha africana)
Originaacuterias do Leste da Aacutefrica satildeo mais produtivas e muito mais agressivas
Satildeo menores e constroem alveacuteolos de operaacuterias menores que as abelhas europeacuteias Sendo assim suas operaacuterias possuem um ciclo
de desenvolvimento precoce (185 a 19 dias) em relaccedilatildeo agraves
europeacuteias (21 dias) o que lhe confere vantagem na produccedilatildeo e na toleracircncia ao aacutecaro do gecircnero Varroa
Possui visatildeo mais aguccedilada resposta mais raacutepida e eficaz ao feromocircnio de alarme Os ataques satildeo geralmente em massa
persistentes e sucessivos podendo estimular a agressividade de operaacuterias de colmeacuteias vizinhas
Ao contraacuterio das europeacuteias que armazenam muito alimento elas convertem o alimento rapidamente em cria aumentando a
populaccedilatildeo e liberando vaacuterios enxames reprodutivos Migram facilmente se a competiccedilatildeo for alta ou se as condiccedilotildees
ambientais natildeo forem favoraacuteveis Essas caracteriacutesticas tecircm uma variabilidade geneacutetica muito grande
e satildeo influenciadas por fatores ambientais internos e externos
Abelha africanizada
A abelha no Brasil eacute um hiacutebrido das abelhas europeacuteias (Apis mellifera
mellifera Apis mellifera ligustica Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata
A variabilidade geneacutetica dessas abelhas eacute muito grande havendo uma predominacircncia das caracteriacutesticas das abelhas europeacuteias no Sul do Paiacutes
enquanto ao Norte predominam as caracteriacutesticas das abelhas africanas
A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata em razatildeo da maior adaptabilidade dessa
raccedila agraves condiccedilotildees climaacuteticas do Paiacutes Muito agressivas poreacutem menos que as africanas a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear
alta produtividade toleracircncia a doenccedilas e adapta-se a climas mais frios
continuando o trabalho em temperaturas baixas enquanto as europeacuteias se recolhem nessas eacutepocas
Importacircncia Econocircmica
Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados
contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e
produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem
entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)
Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa
difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de
aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel
nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos
Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de
21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900
Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante
o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)
Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas
ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001
Aacutesia 401 435 457 465
China 211 236 252 256
Ameacuterica do Norte e
Central
218 201 208 205
Canadaacute 46 37 31 32
Estados Unidos 100 94 100 100
Meacutexico 55 55 59 56
Ameacuterica do Sul 109 133 141 131
Argentina 75 93 98 90
Brasil 18 19 22 20
Europa 291 293 286 288
Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111
Oceania 31 29 29 29
Austraacutelia 22 19 19 19
Total 1188 1232 1265 1263
Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)
Paiacutes 1998 1999 2000
Mel US$ Mel US$ Mel US$
China 79 87 87 79 103 87
Argentina 68 89 93 96 88 87
Meacutexico 32 42 22 25 31 35
Estados Unidos 5 9 5 9 5 8
Canadaacute 11 20 15 21 15 21
Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48
Fonte Braunstein 2002
Outros produtos importantes da atividade
Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o
produtor poderaacute obter renda de outros produtos como
CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina
Cera
Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)
situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera
possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o
tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas
As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais
consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de
alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais
exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia
Proacutepolis
Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a
partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais
A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das
suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho
que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da
espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos
Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador
Poacutelen apiacutecola
Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo
de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em
proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas
Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo
alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
mundial desse produto
Polinizaccedilatildeo
A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para
o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos
Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda
de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir
de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da
maioria das espeacutecies vegetais cultivadas
Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente
dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos
apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para
serviccedilos de polinizaccedilatildeo
Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo
somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um
incremento na renda do produtor
Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e
500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um
benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)
Geleacuteia real
A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade
Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha
Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e
sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in
natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de
diversos produtos
A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano
para Japatildeo Estados Unidos e Europa
Apitoxina
A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas
polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e
armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente
soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e
enzimas
Mel
Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu
uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito Greacutecia e Roma
A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas
principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e
inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu
consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4
apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS
A UI - 5000
B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2
RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17
NIACINA mg 011 - 036 20
B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO
PANTOTENICO
mg 002 - 011 10
AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04
B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60
D UI - 400 E UI - 30
BIOTINA mg - 0330
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Histoacuterico da Apicultura
Pesquisas arqueoloacutegicas mostram que as abelhas sociais jaacute produziam e estocavam mel haacute 20 milhotildees de anos antes mesmo do surgimento do
homem na Terra que soacute ocorreu poucos milhotildees de anos atraacutes
No iniacutecio o homem promovia uma verdadeira caccedilada ao mel tendo que procurar e localizar os enxames que muitas vezes nidificavam em
locais de difiacutecil acesso e de grande risco para os coletores Naquela eacutepoca o alimento ingerido era uma mistura de mel poacutelen cria e cera
pois o homem ainda natildeo sabia como separar os produtos do favo Os
enxames muitas vezes morriam ou fugiam obrigando o homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para
consumo
Haacute aproximadamente 2400 anos aC os egiacutepcios comeccedilaram a colocar as abelhas em potes de barro A retirada do mel ainda era muito
similar agrave caccedilada primitiva entretanto os enxames podiam ser transportados e colocados proacuteximo agrave residecircncia do produtor
Apesar de os egiacutepcios serem considerados os pioneiros na criaccedilatildeo de abelhas a palavra colmeacuteia vem do grego pois os gregos colocavam
seus enxames em recipientes com forma de sino feitos de palha tranccedilados chamada de colmo
Raccedilas de Abelhas Apis Mellifera
O habitat das abelhas Apis mellifera eacute bastante diversificado e inclui
savana florestas tropicais deserto regiotildees litoracircneas e montanhosas
Essa grande variedade de clima e vegetaccedilatildeo acabou originando diversas subespeacutecies ou raccedilas de abelhas com diferentes caracteriacutesticas e
adaptadas agraves diversas condiccedilotildees ambientais
A diferenciaccedilatildeo dessas raccedilas natildeo eacute um processo faacutecil sendo realizado somente por pessoas especializadas que podem usar medidas
morfoloacutegicas ou anaacutelise de DNA
A seguir apresentam-se algumas caracteriacutesticas das raccedilas de abelhas introduzidas no Brasil
Apis mellifera melifera (abelha real alematilde comum ou negra)
Originaacuterias do Norte da Europa e Centro-oeste da Ruacutessia provavelmente estendendo-se ateacute a Peniacutensula Ibeacuterica
Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas Possuem liacutengua curta (57 a 64 mm) o que dificulta o trabalho
em flores profundas Nervosas e irritadas tornam-se agressivas com facilidade caso o
manejo seja inadequado Produtivas e proliacuteferas adapta-se com facilidade a diferentes
ambientes Propolisam com abundacircncia principalmente em regiotildees uacutemidas
Apis mellifera ligustica (abelha italiana)
Originaacuterias da Itaacutelia
Essas abelhas tecircm coloraccedilatildeo amarela intensa produtivas e muito mansas satildeo as abelhas mais populares entre apicultores de todo
o mundo Apesar de serem menores que as Am mellifera tecircm a liacutengua
mais comprida (63 a 66 mm)
Possuem sentidos de orientaccedilatildeo fracos por isso entram nas colmeacuteias erradas frequumlentemente
Constroem favos rapidamente e satildeo mais propensas ao saque do que abelhas de outras raccedilas europeacuteias
Apis mellifera caucasica
Originaacuterias do Vale do Caacuteucaso na Ruacutessia Possuem coloraccedilatildeo cinza-escura com um aspecto azulado pecirclos
curtos e liacutengua comprida (pode chegar a 7 mm) Considerada a raccedila mais mansa e bastante produtiva
Enxameiam com facilidade e usam muita proacutepolis Sensiacuteveis a Nosema apis
Apis mellifera carnica (abelha carnica)
Originaacuterias do Sudeste dos Alpes da Aacuteustria Nordeste da Iugoslaacutevia e Vale do Danuacutebio
Assemelham-se muito com a abelha negra tendo o abdome cinza ou marrom
Pouco propolisadoras mansas tolerantes a doenccedilas e bastante produtivas
Coletam honeydew em abundacircncia
Satildeo facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendecircncia maior a enxamearem
Apis mellifera scutellata (abelha africana)
Originaacuterias do Leste da Aacutefrica satildeo mais produtivas e muito mais agressivas
Satildeo menores e constroem alveacuteolos de operaacuterias menores que as abelhas europeacuteias Sendo assim suas operaacuterias possuem um ciclo
de desenvolvimento precoce (185 a 19 dias) em relaccedilatildeo agraves
europeacuteias (21 dias) o que lhe confere vantagem na produccedilatildeo e na toleracircncia ao aacutecaro do gecircnero Varroa
Possui visatildeo mais aguccedilada resposta mais raacutepida e eficaz ao feromocircnio de alarme Os ataques satildeo geralmente em massa
persistentes e sucessivos podendo estimular a agressividade de operaacuterias de colmeacuteias vizinhas
Ao contraacuterio das europeacuteias que armazenam muito alimento elas convertem o alimento rapidamente em cria aumentando a
populaccedilatildeo e liberando vaacuterios enxames reprodutivos Migram facilmente se a competiccedilatildeo for alta ou se as condiccedilotildees
ambientais natildeo forem favoraacuteveis Essas caracteriacutesticas tecircm uma variabilidade geneacutetica muito grande
e satildeo influenciadas por fatores ambientais internos e externos
Abelha africanizada
A abelha no Brasil eacute um hiacutebrido das abelhas europeacuteias (Apis mellifera
mellifera Apis mellifera ligustica Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata
A variabilidade geneacutetica dessas abelhas eacute muito grande havendo uma predominacircncia das caracteriacutesticas das abelhas europeacuteias no Sul do Paiacutes
enquanto ao Norte predominam as caracteriacutesticas das abelhas africanas
A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata em razatildeo da maior adaptabilidade dessa
raccedila agraves condiccedilotildees climaacuteticas do Paiacutes Muito agressivas poreacutem menos que as africanas a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear
alta produtividade toleracircncia a doenccedilas e adapta-se a climas mais frios
continuando o trabalho em temperaturas baixas enquanto as europeacuteias se recolhem nessas eacutepocas
Importacircncia Econocircmica
Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados
contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e
produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem
entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)
Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa
difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de
aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel
nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos
Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de
21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900
Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante
o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)
Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas
ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001
Aacutesia 401 435 457 465
China 211 236 252 256
Ameacuterica do Norte e
Central
218 201 208 205
Canadaacute 46 37 31 32
Estados Unidos 100 94 100 100
Meacutexico 55 55 59 56
Ameacuterica do Sul 109 133 141 131
Argentina 75 93 98 90
Brasil 18 19 22 20
Europa 291 293 286 288
Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111
Oceania 31 29 29 29
Austraacutelia 22 19 19 19
Total 1188 1232 1265 1263
Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)
Paiacutes 1998 1999 2000
Mel US$ Mel US$ Mel US$
China 79 87 87 79 103 87
Argentina 68 89 93 96 88 87
Meacutexico 32 42 22 25 31 35
Estados Unidos 5 9 5 9 5 8
Canadaacute 11 20 15 21 15 21
Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48
Fonte Braunstein 2002
Outros produtos importantes da atividade
Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o
produtor poderaacute obter renda de outros produtos como
CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina
Cera
Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)
situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera
possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o
tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas
As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais
consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de
alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais
exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia
Proacutepolis
Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a
partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais
A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das
suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho
que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da
espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos
Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador
Poacutelen apiacutecola
Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo
de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em
proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas
Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo
alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
mundial desse produto
Polinizaccedilatildeo
A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para
o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos
Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda
de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir
de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da
maioria das espeacutecies vegetais cultivadas
Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente
dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos
apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para
serviccedilos de polinizaccedilatildeo
Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo
somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um
incremento na renda do produtor
Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e
500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um
benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)
Geleacuteia real
A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade
Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha
Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e
sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in
natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de
diversos produtos
A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano
para Japatildeo Estados Unidos e Europa
Apitoxina
A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas
polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e
armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente
soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e
enzimas
Mel
Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu
uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito Greacutecia e Roma
A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas
principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e
inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu
consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4
apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS
A UI - 5000
B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2
RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17
NIACINA mg 011 - 036 20
B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO
PANTOTENICO
mg 002 - 011 10
AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04
B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60
D UI - 400 E UI - 30
BIOTINA mg - 0330
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Apis mellifera melifera (abelha real alematilde comum ou negra)
Originaacuterias do Norte da Europa e Centro-oeste da Ruacutessia provavelmente estendendo-se ateacute a Peniacutensula Ibeacuterica
Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas Possuem liacutengua curta (57 a 64 mm) o que dificulta o trabalho
em flores profundas Nervosas e irritadas tornam-se agressivas com facilidade caso o
manejo seja inadequado Produtivas e proliacuteferas adapta-se com facilidade a diferentes
ambientes Propolisam com abundacircncia principalmente em regiotildees uacutemidas
Apis mellifera ligustica (abelha italiana)
Originaacuterias da Itaacutelia
Essas abelhas tecircm coloraccedilatildeo amarela intensa produtivas e muito mansas satildeo as abelhas mais populares entre apicultores de todo
o mundo Apesar de serem menores que as Am mellifera tecircm a liacutengua
mais comprida (63 a 66 mm)
Possuem sentidos de orientaccedilatildeo fracos por isso entram nas colmeacuteias erradas frequumlentemente
Constroem favos rapidamente e satildeo mais propensas ao saque do que abelhas de outras raccedilas europeacuteias
Apis mellifera caucasica
Originaacuterias do Vale do Caacuteucaso na Ruacutessia Possuem coloraccedilatildeo cinza-escura com um aspecto azulado pecirclos
curtos e liacutengua comprida (pode chegar a 7 mm) Considerada a raccedila mais mansa e bastante produtiva
Enxameiam com facilidade e usam muita proacutepolis Sensiacuteveis a Nosema apis
Apis mellifera carnica (abelha carnica)
Originaacuterias do Sudeste dos Alpes da Aacuteustria Nordeste da Iugoslaacutevia e Vale do Danuacutebio
Assemelham-se muito com a abelha negra tendo o abdome cinza ou marrom
Pouco propolisadoras mansas tolerantes a doenccedilas e bastante produtivas
Coletam honeydew em abundacircncia
Satildeo facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendecircncia maior a enxamearem
Apis mellifera scutellata (abelha africana)
Originaacuterias do Leste da Aacutefrica satildeo mais produtivas e muito mais agressivas
Satildeo menores e constroem alveacuteolos de operaacuterias menores que as abelhas europeacuteias Sendo assim suas operaacuterias possuem um ciclo
de desenvolvimento precoce (185 a 19 dias) em relaccedilatildeo agraves
europeacuteias (21 dias) o que lhe confere vantagem na produccedilatildeo e na toleracircncia ao aacutecaro do gecircnero Varroa
Possui visatildeo mais aguccedilada resposta mais raacutepida e eficaz ao feromocircnio de alarme Os ataques satildeo geralmente em massa
persistentes e sucessivos podendo estimular a agressividade de operaacuterias de colmeacuteias vizinhas
Ao contraacuterio das europeacuteias que armazenam muito alimento elas convertem o alimento rapidamente em cria aumentando a
populaccedilatildeo e liberando vaacuterios enxames reprodutivos Migram facilmente se a competiccedilatildeo for alta ou se as condiccedilotildees
ambientais natildeo forem favoraacuteveis Essas caracteriacutesticas tecircm uma variabilidade geneacutetica muito grande
e satildeo influenciadas por fatores ambientais internos e externos
Abelha africanizada
A abelha no Brasil eacute um hiacutebrido das abelhas europeacuteias (Apis mellifera
mellifera Apis mellifera ligustica Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata
A variabilidade geneacutetica dessas abelhas eacute muito grande havendo uma predominacircncia das caracteriacutesticas das abelhas europeacuteias no Sul do Paiacutes
enquanto ao Norte predominam as caracteriacutesticas das abelhas africanas
A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata em razatildeo da maior adaptabilidade dessa
raccedila agraves condiccedilotildees climaacuteticas do Paiacutes Muito agressivas poreacutem menos que as africanas a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear
alta produtividade toleracircncia a doenccedilas e adapta-se a climas mais frios
continuando o trabalho em temperaturas baixas enquanto as europeacuteias se recolhem nessas eacutepocas
Importacircncia Econocircmica
Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados
contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e
produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem
entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)
Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa
difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de
aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel
nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos
Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de
21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900
Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante
o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)
Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas
ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001
Aacutesia 401 435 457 465
China 211 236 252 256
Ameacuterica do Norte e
Central
218 201 208 205
Canadaacute 46 37 31 32
Estados Unidos 100 94 100 100
Meacutexico 55 55 59 56
Ameacuterica do Sul 109 133 141 131
Argentina 75 93 98 90
Brasil 18 19 22 20
Europa 291 293 286 288
Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111
Oceania 31 29 29 29
Austraacutelia 22 19 19 19
Total 1188 1232 1265 1263
Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)
Paiacutes 1998 1999 2000
Mel US$ Mel US$ Mel US$
China 79 87 87 79 103 87
Argentina 68 89 93 96 88 87
Meacutexico 32 42 22 25 31 35
Estados Unidos 5 9 5 9 5 8
Canadaacute 11 20 15 21 15 21
Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48
Fonte Braunstein 2002
Outros produtos importantes da atividade
Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o
produtor poderaacute obter renda de outros produtos como
CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina
Cera
Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)
situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera
possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o
tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas
As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais
consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de
alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais
exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia
Proacutepolis
Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a
partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais
A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das
suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho
que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da
espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos
Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador
Poacutelen apiacutecola
Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo
de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em
proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas
Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo
alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
mundial desse produto
Polinizaccedilatildeo
A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para
o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos
Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda
de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir
de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da
maioria das espeacutecies vegetais cultivadas
Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente
dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos
apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para
serviccedilos de polinizaccedilatildeo
Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo
somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um
incremento na renda do produtor
Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e
500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um
benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)
Geleacuteia real
A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade
Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha
Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e
sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in
natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de
diversos produtos
A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano
para Japatildeo Estados Unidos e Europa
Apitoxina
A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas
polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e
armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente
soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e
enzimas
Mel
Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu
uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito Greacutecia e Roma
A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas
principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e
inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu
consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4
apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS
A UI - 5000
B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2
RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17
NIACINA mg 011 - 036 20
B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO
PANTOTENICO
mg 002 - 011 10
AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04
B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60
D UI - 400 E UI - 30
BIOTINA mg - 0330
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Coletam honeydew em abundacircncia
Satildeo facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendecircncia maior a enxamearem
Apis mellifera scutellata (abelha africana)
Originaacuterias do Leste da Aacutefrica satildeo mais produtivas e muito mais agressivas
Satildeo menores e constroem alveacuteolos de operaacuterias menores que as abelhas europeacuteias Sendo assim suas operaacuterias possuem um ciclo
de desenvolvimento precoce (185 a 19 dias) em relaccedilatildeo agraves
europeacuteias (21 dias) o que lhe confere vantagem na produccedilatildeo e na toleracircncia ao aacutecaro do gecircnero Varroa
Possui visatildeo mais aguccedilada resposta mais raacutepida e eficaz ao feromocircnio de alarme Os ataques satildeo geralmente em massa
persistentes e sucessivos podendo estimular a agressividade de operaacuterias de colmeacuteias vizinhas
Ao contraacuterio das europeacuteias que armazenam muito alimento elas convertem o alimento rapidamente em cria aumentando a
populaccedilatildeo e liberando vaacuterios enxames reprodutivos Migram facilmente se a competiccedilatildeo for alta ou se as condiccedilotildees
ambientais natildeo forem favoraacuteveis Essas caracteriacutesticas tecircm uma variabilidade geneacutetica muito grande
e satildeo influenciadas por fatores ambientais internos e externos
Abelha africanizada
A abelha no Brasil eacute um hiacutebrido das abelhas europeacuteias (Apis mellifera
mellifera Apis mellifera ligustica Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata
A variabilidade geneacutetica dessas abelhas eacute muito grande havendo uma predominacircncia das caracteriacutesticas das abelhas europeacuteias no Sul do Paiacutes
enquanto ao Norte predominam as caracteriacutesticas das abelhas africanas
A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata em razatildeo da maior adaptabilidade dessa
raccedila agraves condiccedilotildees climaacuteticas do Paiacutes Muito agressivas poreacutem menos que as africanas a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear
alta produtividade toleracircncia a doenccedilas e adapta-se a climas mais frios
continuando o trabalho em temperaturas baixas enquanto as europeacuteias se recolhem nessas eacutepocas
Importacircncia Econocircmica
Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados
contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e
produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem
entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)
Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa
difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de
aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel
nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos
Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de
21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900
Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante
o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)
Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas
ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001
Aacutesia 401 435 457 465
China 211 236 252 256
Ameacuterica do Norte e
Central
218 201 208 205
Canadaacute 46 37 31 32
Estados Unidos 100 94 100 100
Meacutexico 55 55 59 56
Ameacuterica do Sul 109 133 141 131
Argentina 75 93 98 90
Brasil 18 19 22 20
Europa 291 293 286 288
Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111
Oceania 31 29 29 29
Austraacutelia 22 19 19 19
Total 1188 1232 1265 1263
Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)
Paiacutes 1998 1999 2000
Mel US$ Mel US$ Mel US$
China 79 87 87 79 103 87
Argentina 68 89 93 96 88 87
Meacutexico 32 42 22 25 31 35
Estados Unidos 5 9 5 9 5 8
Canadaacute 11 20 15 21 15 21
Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48
Fonte Braunstein 2002
Outros produtos importantes da atividade
Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o
produtor poderaacute obter renda de outros produtos como
CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina
Cera
Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)
situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera
possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o
tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas
As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais
consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de
alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais
exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia
Proacutepolis
Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a
partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais
A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das
suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho
que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da
espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos
Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador
Poacutelen apiacutecola
Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo
de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em
proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas
Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo
alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
mundial desse produto
Polinizaccedilatildeo
A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para
o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos
Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda
de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir
de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da
maioria das espeacutecies vegetais cultivadas
Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente
dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos
apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para
serviccedilos de polinizaccedilatildeo
Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo
somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um
incremento na renda do produtor
Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e
500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um
benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)
Geleacuteia real
A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade
Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha
Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e
sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in
natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de
diversos produtos
A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano
para Japatildeo Estados Unidos e Europa
Apitoxina
A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas
polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e
armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente
soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e
enzimas
Mel
Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu
uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito Greacutecia e Roma
A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas
principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e
inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu
consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4
apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS
A UI - 5000
B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2
RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17
NIACINA mg 011 - 036 20
B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO
PANTOTENICO
mg 002 - 011 10
AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04
B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60
D UI - 400 E UI - 30
BIOTINA mg - 0330
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Importacircncia Econocircmica
Estudos sobre a produccedilatildeo apiacutecola no Brasil mostram dados
contraditoacuterios quanto ao nuacutemero de apicultores e colmeacuteias produccedilatildeo e
produtividade Quanto aos apicultores as pesquisas apontam os extremos entre 26315 e 300000 esses produtores juntos possuem
entre 1315790 e 2500000 colmeacuteias e um faturamento anual entre R$ 8474000000 e R$ 50625000000 (Sampaio 2000 Wiese 2001)
Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado eacute uma tarefa
difiacutecil pois os poucos dados confiaacuteveis sobre o assunto satildeo conflitantes Estima-se que a produccedilatildeo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de
aproximadamente 1263000 toneladas sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas) A Tabela 1 demonstra a produccedilatildeo de mel
nos continentes e em alguns paiacuteses nos uacuteltimos anos
Segundo os dados do IBGE a produccedilatildeo de mel em 2000 no Brasil foi de
21865144 kg gerando um faturamento de R$ 8464033900
Os maiores exportadores mundiais satildeo China Argentina Meacutexico Estados Unidos e Canadaacute Juntos esses paiacuteses comercializaram durante
o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas movimentando aproximadamente US$ 238 milhotildees (Tabela 2)
Tabela 1 Produccedilatildeo Mundial de mel em mil toneladas
ContinentePaiacutes 1998 1999 2000 2001
Aacutesia 401 435 457 465
China 211 236 252 256
Ameacuterica do Norte e
Central
218 201 208 205
Canadaacute 46 37 31 32
Estados Unidos 100 94 100 100
Meacutexico 55 55 59 56
Ameacuterica do Sul 109 133 141 131
Argentina 75 93 98 90
Brasil 18 19 22 20
Europa 291 293 286 288
Uniatildeo Europeacuteia 109 117 112 111
Oceania 31 29 29 29
Austraacutelia 22 19 19 19
Total 1188 1232 1265 1263
Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)
Paiacutes 1998 1999 2000
Mel US$ Mel US$ Mel US$
China 79 87 87 79 103 87
Argentina 68 89 93 96 88 87
Meacutexico 32 42 22 25 31 35
Estados Unidos 5 9 5 9 5 8
Canadaacute 11 20 15 21 15 21
Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48
Fonte Braunstein 2002
Outros produtos importantes da atividade
Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o
produtor poderaacute obter renda de outros produtos como
CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina
Cera
Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)
situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera
possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o
tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas
As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais
consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de
alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais
exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia
Proacutepolis
Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a
partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais
A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das
suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho
que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da
espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos
Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador
Poacutelen apiacutecola
Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo
de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em
proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas
Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo
alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
mundial desse produto
Polinizaccedilatildeo
A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para
o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos
Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda
de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir
de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da
maioria das espeacutecies vegetais cultivadas
Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente
dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos
apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para
serviccedilos de polinizaccedilatildeo
Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo
somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um
incremento na renda do produtor
Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e
500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um
benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)
Geleacuteia real
A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade
Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha
Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e
sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in
natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de
diversos produtos
A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano
para Japatildeo Estados Unidos e Europa
Apitoxina
A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas
polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e
armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente
soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e
enzimas
Mel
Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu
uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito Greacutecia e Roma
A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas
principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e
inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu
consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4
apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS
A UI - 5000
B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2
RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17
NIACINA mg 011 - 036 20
B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO
PANTOTENICO
mg 002 - 011 10
AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04
B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60
D UI - 400 E UI - 30
BIOTINA mg - 0330
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Tabela 2 Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhotildees de doacutelares)
Paiacutes 1998 1999 2000
Mel US$ Mel US$ Mel US$
China 79 87 87 79 103 87
Argentina 68 89 93 96 88 87
Meacutexico 32 42 22 25 31 35
Estados Unidos 5 9 5 9 5 8
Canadaacute 11 20 15 21 15 21
Uniatildeo Europeacuteia 44 46 48
Fonte Braunstein 2002
Outros produtos importantes da atividade
Aleacutem do mel que seraacute descrito com maiores detalhes adiante o
produtor poderaacute obter renda de outros produtos como
CeraProacutepolisPoacutelenPolinizaccedilatildeoGeleacuteia realApitoxina
Cera
Utilizada pelas abelhas para construccedilatildeo dos favos e fechamento dos alveacuteolos (opeacuterculo) Produzida por glacircndulas especiais (ceriacuteferas)
situadas no abdome das abelhas operaacuterias A cera de Apis mellifera
possui 248 componentes diferentes nem todos ainda identificados Logo apoacutes sua secreccedilatildeo a cera possui uma cor clara escurecendo com o
tempo em virtude do depoacutesito de poacutelen e do desenvolvimento das larvas
As induacutestrias de cosmeacuteticos medicamentos e velas satildeo as principais
consumidoras de cera entretanto tambeacutem eacute utilizada na induacutestria tecircxtil na fabricaccedilatildeo de polidores e vernizes no processamento de
alimentos e na induacutestria tecnoloacutegica Os principais importadores satildeo Estados Unidos Alemanha Reino Unido Japatildeo e Franccedila os principais
exportadores satildeo Chile Tanzacircnia Brasil Holanda e Austraacutelia
Proacutepolis
Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a
partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais
A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das
suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho
que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da
espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos
Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador
Poacutelen apiacutecola
Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo
de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em
proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas
Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo
alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
mundial desse produto
Polinizaccedilatildeo
A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para
o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos
Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda
de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir
de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da
maioria das espeacutecies vegetais cultivadas
Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente
dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos
apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para
serviccedilos de polinizaccedilatildeo
Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo
somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um
incremento na renda do produtor
Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e
500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um
benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)
Geleacuteia real
A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade
Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha
Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e
sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in
natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de
diversos produtos
A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano
para Japatildeo Estados Unidos e Europa
Apitoxina
A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas
polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e
armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente
soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e
enzimas
Mel
Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu
uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito Greacutecia e Roma
A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas
principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e
inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu
consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4
apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS
A UI - 5000
B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2
RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17
NIACINA mg 011 - 036 20
B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO
PANTOTENICO
mg 002 - 011 10
AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04
B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60
D UI - 400 E UI - 30
BIOTINA mg - 0330
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Substacircncia resinosa adesiva e balsacircmica elaborada pelas abelhas a
partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas retirada dos bototildees florais gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais
A proacutepolis eacute usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho evitando correntes de ar frias durante o inverno Em razatildeo das
suas propriedades bactericidas e fungicidas eacute usada tambeacutem na limpeza da colocircnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho
que natildeo pode ser removido da colocircnia Sua composiccedilatildeo cor odor e propriedades medicinais dependem da
espeacutecie de planta disponiacutevel para as abelhas Atualmente a proacutepolis eacute usada principalmente pelas induacutestrias de cosmeacuteticos e farmacecircuticos
Cerca de 75 da proacutepolis produzida no Brasil eacute exportada sendo o Japatildeo o maior comprador
Poacutelen apiacutecola
Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeacuteia para ser armazenado nos alveacuteolos e passar por um processo
de fermentaccedilatildeo Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com ateacute 18 dias de idade Eacute um produto rico em
proteiacutenas lipiacutedios minerais e vitaminas
Em virtude do seu alto valor nutritivo eacute usado como suplementaccedilatildeo
alimentar comercializado misturado com o mel seco em caacutepsulas ou tabletes Natildeo existem dados sobre a produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo
mundial desse produto
Polinizaccedilatildeo
A polinizaccedilatildeo eacute a transferecircncia do poacutelen (gameta masculino da flor) para
o oacutevulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espeacutecie Soacute apoacutes essa transferecircncia eacute que ocorre a formaccedilatildeo dos frutos
Muitas vezes para que ocorra essa transferecircncia eacute necessaacuteria a ajuda
de um agente Aleacutem da aacutegua e do vento diversos animais podem servir
de agentes polinizadores como insetos paacutessaros morcegos ratos macacos entretanto as abelhas satildeo os agentes mais eficientes da
maioria das espeacutecies vegetais cultivadas
Em locais com alto iacutendice de desmatamento e devastaccedilatildeo ou com predominacircncia da monocultura os produtores ficam extremamente
dependentes das abelhas para poderem produzir Com isso muitos
apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para
serviccedilos de polinizaccedilatildeo
Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo
somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um
incremento na renda do produtor
Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e
500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um
benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)
Geleacuteia real
A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade
Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha
Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e
sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in
natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de
diversos produtos
A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano
para Japatildeo Estados Unidos e Europa
Apitoxina
A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas
polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e
armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente
soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e
enzimas
Mel
Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu
uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito Greacutecia e Roma
A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas
principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e
inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu
consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4
apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS
A UI - 5000
B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2
RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17
NIACINA mg 011 - 036 20
B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO
PANTOTENICO
mg 002 - 011 10
AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04
B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60
D UI - 400 E UI - 30
BIOTINA mg - 0330
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
apicultores alugam suas colmeacuteias durante o periacuteodo da florada para
serviccedilos de polinizaccedilatildeo
Embora esse tipo de serviccedilo natildeo seja comum no Brasil ocorrendo
somente no Sul do Paiacutes e em regiotildees isoladas do Rio Grande do Norte nos EUA metade das colmeacuteias eacute usada dessa forma gerando um
incremento na renda do produtor
Dependendo da cultura local de produccedilatildeo manejo utilizado e devastaccedilatildeo da regiatildeo a polinizaccedilatildeo pode aumentar a produccedilatildeo entre 5 e
500 Dessa forma estima-se que por ano a polinizaccedilatildeo gere um
benefiacutecio mundial acima de cem bilhotildees de doacutelares (De Jong 2000)
Geleacuteia real
A geleacuteia real eacute uma substacircncia produzida pelas glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares das operaacuterias com ateacute 14 dias de idade
Na colmeacuteia eacute usada como alimento das larvas e da rainha
Constituiacuteda basicamente de aacutegua carboidratos proteiacutenas lipiacutedios e vitaminas a geleacuteia real eacute muito viscosa possui cor branco-leitosa e
sabor aacutecido forte Embora natildeo seja estocada na colmeacuteias como o mel e o poacutelen eacute produzida por alguns apicultores para comercializaccedilatildeo in
natura misturada com mel ou mesmo liofilizada A induacutestria de cosmeacuteticos e medicamentos tambeacutem a utilizam na composiccedilatildeo de
diversos produtos
A China eacute o principal Paiacutes produtor responsaacutevel por cerca de 60 da produccedilatildeo mundial exportando aproximadamente 450 toneladasano
para Japatildeo Estados Unidos e Europa
Apitoxina
A apitoxina eacute o veneno das abelhas operaacuterias de Apis mellifera purificado O veneno eacute constituiacutedo basicamente de proteiacutenas
polipeptiacutedios e constituintes aromaacuteticos sendo produzido pelas glacircndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operaacuteria e
armazenado no saco de veneno situado na base do ferratildeo Cada operaacuteria produz 03 mg de veneno que eacute uma substacircncia transparente
soluacutevel em aacutegua e composta de proteiacutenas aminoaacutecidos lipiacutedios e
enzimas
Mel
Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu
uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito Greacutecia e Roma
A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas
principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e
inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu
consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4
apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS
A UI - 5000
B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2
RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17
NIACINA mg 011 - 036 20
B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO
PANTOTENICO
mg 002 - 011 10
AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04
B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60
D UI - 400 E UI - 30
BIOTINA mg - 0330
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Mel
Atraveacutes dos tempos o mel sempre foi considerado um produto especial utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos Evidecircncias de seu
uso pelo ser humano aparecem desde a Preacute-histoacuteria com inuacutemeras referecircncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito Greacutecia e Roma
A utilizaccedilatildeo do mel na nutriccedilatildeo humana natildeo deveria limitar-se apenas a sua caracteriacutestica adoccedilante como excelente substituto do accediluacutecar mas
principalmente por ser um alimento de alta qualidade rico em energia e
inuacutemeras outras substacircncias beneacuteficas ao equiliacutebrio dos processos bioloacutegicos de nosso corpo
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade apenas o seu
consumo mesmo em grandes quantidades natildeo eacute suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais Na tabela 4
apresenta-se o nutriente do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Tabela 4 Nutrientes do mel em relaccedilatildeo aos requerimentos humanos
Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de mel
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
ENERGIA Caloria 339 2800 VITAMINAS
A UI - 5000
B1 mg 0004 - 0006 15 COMPLEXO B2
RIBOFLAVINA mg 002 - 006 17
NIACINA mg 011 - 036 20
B6 mg 0008 - 032 2 ACIDO
PANTOTENICO
mg 002 - 011 10
AacuteCIDO FOacuteLICO mg - 04
B12 mg - 6 C mg 22 - 24 60
D UI - 400 E UI - 30
BIOTINA mg - 0330
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Aleacutem de sua qualidade como alimento esse produto uacutenico eacute dotado de
inuacutemeras propriedades terapecircuticas sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaccedilotildees como fito teraacutepicos
Definiccedilatildeo e origem
O mel eacute a substacircncia viscosa aromaacutetica e accedilucarada obtida a partir do neacutectar das flores eou exsudatos sacariacutenicos que as abelhas melificas
produzem
Seu aroma paladar coloraccedilatildeo viscosidade e propriedades medicinais estatildeo diretamente relacionados com a fonte de neacutectar que o originou e
tambeacutem com a espeacutecie de abelha que o produziu
Fig 2 Potes de mel de Apis mellifera ilustrando a variedade de cores em razatildeo das diferentes fontes florais que o originaram
O neacutectar eacute transportado para a colmeacuteia onde iraacute sofrer mudanccedilas em
sua concentraccedilatildeo e composiccedilatildeo quiacutemica para entatildeo ser armazenado
nos alveacuteolos Entretanto mesmo durante o seu transporte para a colmeacuteia secreccedilotildees de vaacuterias glacircndulas principalmente das glacircndulas
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
hipofaringeanas satildeo acrescentadas introduzindo ao material original
enzimas como a invertase (a -glicosidase) diastase (a e β amilase) glicose oxidase catalase e fosfatase
Composiccedilatildeo
Apesar de o mel ser basicamente uma soluccedilatildeo saturada de accediluacutecares e aacutegua seus outros componentes aliados agraves caracteriacutesticas da fonte floral
que o originou confere-lhe um alto grau de complexidade
Tabela 5 Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Composiccedilatildeo baacutesica do mel
Componentes Meacutedia Desvio padratildeo Variaccedilatildeo Aacutegua () 172 146 134 - 229
Frutose () 3819 207 2725 - 4426 Glicose () 3128 303 2203 - 4075
Sacarose () 131 095 025 - 757
Maltose () 731 209 274 - 1598 Accediluacutecares totais
() 150 103 013 - 849
Outros () 31 197 00 - 132
pH 391 - 342 - 610 Acidez livre
(meqKg) 2203 822 675 - 4719
Lactose (meqKg) 711 352 000 - 1876
Acidez total (meqKg)
2912 1033 868 - 5949
LactoseAcidez livre
0335 0135 000 - 0950
Cinzas () 0169 015 0020 - 1028 Nitrogecircnio () 0041 0026 000 - 0133
Diastase 208 976 21 - 612
Accediluacutecares
Os principais componentes do mel satildeo os accediluacutecares sendo que os
monossacariacutedeos frutose e glicose representam 80 da quantidade total (White 1975) Jaacute os dissacariacutedeos sacarose e maltose somam 10
White amp Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel accediluacutecares incomuns como a isomaltose nigerose leucarose e turanose
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
A alta concentraccedilatildeo de diferentes tipos de accediluacutecar eacute responsaacutevel pelas
diversas propriedades fiacutesicas do mel tais como viscosidade densidade higroscopicidade capacidade de granulaccedilatildeo (cristalizaccedilatildeo) e valores
caloacutericos (Campos 1987)
Aleacutem dos accediluacutecares a aacutegua presente no mel tem papel importante na
sua qualidade e caracteriacutesticas
Tabela 6 Comparaccedilatildeo de calorias do mel com outros alimentos
Alimento Quantidade de calorias kg
ACcedilUacuteCAR DE MESA 4130 MEL DE ABELHA 3395
OVOS 1375 AVES 880
LEITE 600
Aacutegua
O conteuacutedo de aacutegua no mel eacute uma das caracteriacutesticas mais importantes influenciando diretamente na sua viscosidade peso especiacutefico
maturidade cristalizaccedilatildeo sabor conservaccedilatildeo e palatabilidade
A aacutegua presente no mel apresenta forte interaccedilatildeo com as moleacuteculas dos accediluacutecares deixando poucas moleacuteculas de aacutegua disponiacuteveis para os
microorganismos (Veriacutessimo 1987)
O conteuacutedo de aacutegua do mel pode variar de 15 a 21 sendo
normalmente encontrados niacuteveis de 17 (Mendes amp Coelho 1983) Apesar de a legislaccedilatildeo brasileira permitir um valor maacuteximo de 20
valores acima de 18 jaacute podem comprometer sua qualidade final
Em condiccedilotildees especiais de niacuteveis elevados de umidade o mel pode fermentar pela accedilatildeo de leveduras osmofiliacuteticas (tolerantes ao accediluacutecar)
presentes tambeacutem em sua composiccedilatildeo
O processo de fermentaccedilatildeo pode ocorrer mais facilmente naqueles meacuteis
chamados verdes ou seja meacuteis que satildeo colhidos de favos que natildeo tiveram seus alveacuteolos devidamente operculados pelas abelhas nessa
situaccedilatildeo o mel apresenta teor elevado de aacutegua Entretanto mesmo o
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
mel operculado pode ter niacuteveis acima de 18 de aacutegua caso o apiaacuterio
esteja localizado em regiatildeo com umidade relativa do ar superior a 60
Outros fatores associados ao processo de fermentaccedilatildeo estatildeo
relacionados com a maacute assepsia durante a extraccedilatildeo manipulaccedilatildeo envase e acondicionamento em local natildeo-apropriado (Faria 1983)
Enzimas
A enzima invertase iraacute permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo a menos que seja inativada pelo aquecimento
mesmo assim o conteuacutedo da sacarose do mel nunca chega a zero Essa inversatildeo de sacarose em glicose e frutose produz uma soluccedilatildeo mais
concentrada de accediluacutecares aumentando a resistecircncia desse material agrave deterioraccedilatildeo por fermentaccedilatildeo e promovendo assim o armazenamento de
um alimento altamente energeacutetico em um espaccedilo miacutenimo
Outras diversas enzimas como a diastase catalase alfa-glicosidase
peroxidase lipase amilase fosfatase aacutecida e inulase jaacute foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz amp Subers 1966
White amp Kushinir 1967 Huidobro et al 1995)
Proteiacutenas
Em concentraccedilotildees bem menores encontram-se as proteiacutenas ocorrendo
apenas em traccedilos A proteiacutena do mel tem duas origens vegetal e animal
Sua origem vegetal adveacutem do neacutectar e do poacutelen jaacute sua origem animal eacute
proveniente da proacutepria abelha (White et al 1978) No segundo caso
trata-se de constituintes das secreccedilotildees das glacircndulas salivares juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do neacutectar
ou da maturaccedilatildeo do mel (Campos 1987)
Aacutecidos
Os aacutecidos orgacircnicos do mel representam menos que 05 dos soacutelidos
tendo um pronunciado efeito no flavor podendo ser responsaacuteveis em parte pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos
Na literatura pelo menos 18 aacutecidos orgacircnicos do mel jaacute foram citados Sabe-se que o aacutecido glucocircnico estaacute presente em maior quantidade cuja
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
presenccedila relaciona-se com as reaccedilotildees enzimaacuteticas que ocorrem durante
o processo de amadurecimento
Minerais
Entre os elementos quiacutemicos inorgacircnicos encontrados no mel pode-se
citar caacutelcio cloro cobre ferro manganecircs magneacutesio foacutesforo boro potaacutessio siliacutecio soacutedio enxofre zinco nitrogecircnio iodo raacutedio estanho
oacutesmio alumiacutenio titacircnio e chumbo (White 1975 Pamplona 1989)
Embora em concentraccedilotildees iacutenfimas vitaminas tais como B1 B2 B3
B5 B6 B8 B9 C e D tambeacutem satildeo encontradas no mel sendo facilmente assimilaacuteveis pela associaccedilatildeo a outras substacircncias como o
hidrato de carbono sais minerais oligoelementos aacutecidos orgacircnicos e outros
Tabela 7 Conteuacutedo de minerais em meacuteis claro e escuro e os requerimentos humanos
Elementos
(macro e micro)
Cor Variacircncia
(ppm) Meacutedia (ppm)
Ingestatildeo diaacuteria recomendada
(mg)
CAacuteLCIO CLARA 23 - 68 49 800 ESCURA 5 - 266 51
FOacuteSFORO CLARA 23 - 50 35 800 ESCURA 27 - 58 47
POTAacuteSSIO CLARA 100 - 588 205 782 ESCURA 115 - 4733 1676
SOacuteDIO CLARA 6 - 35 18 460 ESCURA 9 - 400 76
MAGNEacuteSIO CLARA 11 - 56 19 350 ESCURA 7 - 126 35
CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)
ESCURA 48- 201 113 DIOacuteXIDO DE
SILIacuteCIO
CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)
como aacutec Siliacutecio ESCURA 5 - 28 14
FERRO CLARA 120 - 480 240 20 ESCURA 070 - 3350 940
MANGANEcircS CLARA 017 - 044 030 10 ESCURA 046 - 953 409
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
COBRE CLARA 014 - 070 029 2
ESCURA 035 - 104 056 ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -
ESCURA 56 - 126 100
Propriedades terapecircuticas
A utilizaccedilatildeo dos produtos das abelhas com fins terapecircuticos eacute
denominada APITERAPIA que se vem desenvolvendo consideravelmente nos uacuteltimos anos com a realizaccedilatildeo de inuacutemeros trabalhos cientiacuteficos
cujos efeitos beneacuteficos agrave sauacutede humana tecircm sido considerados por um
nuacutemero cada vez maior de profissionais da sauacutede Paiacuteses como a Alemanha jaacute a adotaram como praacutetica oficial na sua rede puacuteblica de
sauacutede
Especificamente ao mel atribuem-se vaacuterias propriedades medicinais aleacutem de sua qualidade como alimento Apesar de o homem fazer uso do
mel para fins terapecircuticos desde tempos remotos sua utilizaccedilatildeo como um alimento uacutenico de caracteriacutesticas especiais deveria ser o principal
atrativo para o seu consumo
Infelizmente a populaccedilatildeo brasileira de maneira geral natildeo o encara
dessa forma considerando-o mais como um medicamento do que como alimento passando a consumi-lo apenas nas eacutepocas mais frias do ano
quando ocorre um aumento de casos patoloacutegicos relacionados aos problemas respiratoacuterios No Brasil seu consumo como alimento ainda eacute
muito baixo (aproximadamente 300 ghabitanteano) principalmente ao se comprar com paiacuteses como os Estados Unidos e os da Comunidade
Europeacuteia e Aacutefrica que podem chegar a mais de 1kgano por habitante
Propriedades anti-seacutepticas antibacterianas tambeacutem satildeo atribuiacutedas ao
mel fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na aacuterea terapecircutica em diversos tratamentos profilaacuteticos (Stonoga amp Freitas
1991)
Popularmente ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianecircmica emoliente antiputrefante digestiva laxativa e diureacutetica
(Veriacutessimo 1987)
Atualmente alguns paiacuteses como a Franccedila e a Itaacutelia jaacute vecircm objetivando a
produccedilatildeo de mel com propostas terapecircuticas especiacuteficas como nos tratamentos de uacutelceras e problemas respiratoacuterios
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inuacutemeras propriedades
curativas sendo muitas delas jaacute comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro a sua utilizaccedilatildeo para fins terapecircuticos deve ser indicada
e acompanhada por profissionais da sauacutede natildeo cabendo qualquer
substituiccedilatildeo de medicamentos sem o devido aval meacutedico
Morfologia e Biologia das Abelhas Apis Mellifera
Aspectos morfoloacutegicos das abelhas Apis mellifera
As abelhas como os demais insetos apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto Constituiacutedo de quitina o exoesqueleto fornece
proteccedilatildeo para os oacutergatildeos internos e sustentaccedilatildeo para os muacutesculos aleacutem de proteger o inseto contra a perda de aacutegua O corpo eacute dividido em trecircs
partes cabeccedila toacuterax e abdome (Fig 3) A seguir seratildeo descrita
resumidamente cada uma dessas partes destacando-se aquelas que apresentam maior importacircncia para o desempenho das diversas
atividades das abelhas
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 3 Aspectos da morfologia externa de operaacuteria de Apis mellifera
Ilustraccedilatildeo Eduardo A Bezerra e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de Snodgrass 1956
Cabeccedila
Na cabeccedila estatildeo localizados os olhos - simples e compostos - as antenas o aparelho bucal (Fig 4) e internamente as glacircndulas
Os olhos compostos satildeo dois grandes olhos localizados na parte lateral
da cabeccedila Satildeo formados por estruturas menores denominadas
omatiacutedeos cujo nuacutemero varia de acordo com a casta sendo bem mais numerosos nos zangotildees do que em operaacuterias e rainhas (Dade 1994)
Possuem funccedilatildeo de percepccedilatildeo de luz cores e movimentos As abelhas natildeo conseguem perceber a cor vermelha mas podem perceber
ultravioleta azul-violeta azul verde amarelo e laranja (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 4 Aspectos da morfologia externa da cabeccedila de operaacuteria de Apis
mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Dade 1994
Os olhos simples ou ocelos satildeo estruturas menores em nuacutemero de trecircs
localizadas na regiatildeo frontal da cabeccedila formando um triacircngulo Natildeo formam imagens Tecircm como funccedilatildeo detectar a intensidade luminosa
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
As antenas em nuacutemero de duas satildeo localizadas na parte frontal
mediana da cabeccedila Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato tato e audiccedilatildeo O olfato eacute realizado por meio das cavidades olfativas
que existem em nuacutemero bastante superior nos zangotildees quando
comparados com as operaacuterias e rainhas Isso se deve agrave necessidade que os zangotildees tecircm de perceber o odor da rainha durante o vocirco nupcial
A presenccedila de pecirclos sensoriais na cabeccedila serve para a percepccedilatildeo das
correntes de ar e protegem contra a poeira e aacutegua
O aparelho bucal eacute composto por duas mandiacutebulas e a liacutengua ou glossa
As mandiacutebulas satildeo estruturas fortes utilizadas para cortar e manipular cera proacutepolis e poacutelen Servem tambeacutem para alimentar as larvas limpar
os favos retirar abelhas mortas do interior da colmeacuteia e na defesa A liacutengua eacute uma peccedila bastante flexiacutevel coberta de pecirclos utilizada na coleta
e transferecircncia de alimento na desidrataccedilatildeo do neacutectar e na evaporaccedilatildeo da aacutegua quando se torna necessaacuterio controlar a temperatura da colmeacuteia
No interior da cabeccedila encontra-se as glacircndulas hipofaringeanas que
tecircm por funccedilatildeo a produccedilatildeo da geleacuteia real as glacircndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glacircndulas
mandibulares que estatildeo relacionadas agrave produccedilatildeo de geleacuteia real e feromocircnio de alarme (Fig 5) (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Figura 5 Aspectos da anatomia interna de operaacuteria de Apis mellifera Ilustraccedilatildeo Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R Lopes - adaptada de
Camargo 1972
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Toacuterax
No toacuterax destacam-se os oacutergatildeos locomotores - pernas e asas (Fig 3) - e
a presenccedila de grande quantidade de pecirclos que possuem importante
funccedilatildeo na fixaccedilatildeo dos gratildeos de poacutelen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto amp Couto 2002)
As abelhas como os demais insetos apresentam trecircs pares de pernas
As pernas posteriores das operaacuterias satildeo adaptadas para o transporte de poacutelen e resinas Para isso possuem cavidades chamadas corbiacutecula nas
quais satildeo depositadas as cargas de poacutelen ou resinas para serem transportadas ateacute a colmeacuteia Aleacutem da funccedilatildeo de locomoccedilatildeo as pernas
auxiliam tambeacutem na manipulaccedilatildeo da cera e proacutepolis na limpeza das antenas das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando
formam cachos
As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que
possibilitam o vocirco a uma velocidade meacutedia de 24 kmh (Nogueira Couto amp Couto 2002)
Abdome
O abdome eacute formado por segmentos unidos por membranas bastante
flexiacuteveis que facilitam o movimento do mesmo Nesta parte do corpo encontram-se oacutergatildeos do aparelho digestivo circulatoacuterio reprodutor
excretor oacutergatildeos de defesa e glacircndulas produtoras de cera (Fig 5)
Organizaccedilatildeo Social e Desenvolvimento das Abelhas Apis Meliacutefera
Organizaccedilatildeo e estrutura da colmeacuteia
As abelhas satildeo insetos sociais vivendo em colocircnias organizadas em que os indiviacuteduos se dividem em castas possuindo funccedilotildees bem definidas
que satildeo executadas visando sempre agrave sobrevivecircncia e manutenccedilatildeo do enxame Numa colocircnia em condiccedilotildees normais existe uma rainha cerca
de 5000 a 100000 operaacuterias e de 0 a 400 zangotildees (Fig6)
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 6 Rainha operaacuterias e zangotildees adultos de uma colmeacuteia de Apis
mellifera
A rainha tem por funccedilatildeo a postura de ovos e a manutenccedilatildeo da ordem social na colmeacuteia A larva da rainha eacute criada num alveacuteolo modificado
bem maior que os das larvas de operaacuterias e zangotildees de formato ciliacutendrico denominado realeira (Fig 7) sendo alimentada pelas
operaacuterias com a geleacuteia real produto rico em proteiacutenas vitaminas e hormocircnios sexuais A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de
uma operaacuteria (Fig 6) e eacute a uacutenica fecircmea feacutertil da colmeacuteia apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido
Figura 7 Realeiras construiacutedas na extremidade do favo
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vocirco nupcial para sua fecundaccedilatildeo que ocorre aproximadamente 5 a 7 dias depois de seu
nascimento A fecundaccedilatildeo ocorre em aacutereas de congregaccedilatildeo de zangotildees onde existem de centenas a milhares de zangotildees voando agrave espera de
uma rainha conferindo assim uma grande variabilidade geneacutetica no
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
acasalamento
A rainha se dirige a essas aacutereas a cerca de 10 metros de altura
atraindo os zangotildees com a liberaccedilatildeo de substacircncias denominadas
feromocircnios Apenas os mais raacutepidos e fortes conseguem alcanccedilaacute-la e o acasalamento ou coacutepula ocorre em pleno vocirco Uma rainha pode ser
fecundada por ateacute 17 zangotildees e o secircmen eacute armazenado num reservatoacuterio especial denominado espermateca Esse estoque de secircmen
seraacute utilizado para a fecundaccedilatildeo de oacutevulos durante toda a vida da rainha pois ao retornar agrave colocircnia natildeo sairaacute mais para realizar outro vocirco
nupcial A rainha comeccedila a postura dos ovos na colocircnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento
Somente a rainha eacute capaz de produzir ovos fertilizados que datildeo origem
agraves fecircmeas (operaacuterias ou novas rainhas) aleacutem de ovos natildeo fertilizados que originam os zangotildees Em casos especiais as operaacuterias tambeacutem
podem produzir ovos embora natildeo fertilizados que daratildeo origem a zangotildees
A capacidade de postura da rainha pode ser de ateacute 2500 a 3000 ovos por dia em condiccedilotildees de abundacircncia de alimento Ela pode viver e
reproduzir-se por ateacute 3 anos ou mais Entretanto em climas tropicais sua taxa de postura diminui apoacutes o primeiro ano Por isso costuma-se
recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente
A rainha consegue manter a ordem social na colmeacuteia atraveacutes da liberaccedilatildeo de feromocircnios Essas substacircncias tecircm funccedilatildeo atrativa e
servem para informar aos membros da colmeacuteia que existe uma rainha presente e em atividade inibem a produccedilatildeo de outras rainhas a
enxameaccedilatildeo e a postura de ovos pelas operaacuterias Servem ainda para
auxiliar no reconhecimento da colmeacuteia e na orientaccedilatildeo das operaacuterias A rainha estaacute sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operaacuterias
encarregadas de alimentaacute-la e cuidar de sua limpeza As operaacuterias tambeacutem podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos
feromocircnios a outros membros da colmeacuteia
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromocircnios e de realizar posturas em virtude de sua idade avanccedilada
ou ainda quando o enxame estaacute muito populoso e falta espaccedilo na colmeacuteia as operaacuterias escolhem ovos recentemente depositados ou
larvas de ateacute 3 dias de idade que se desenvolvem em ceacutelulas especiais
- realeiras (Fig 7) - para a produccedilatildeo de novas rainhas A primeira rainha a nascer destroacutei as demais realeiras e luta com outras rainhas
que tenham nascido ao mesmo tempo ateacute que apenas uma sobreviva
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Em caso de populaccedilatildeo grande a rainha velha enxameia com
aproximadamente metade da populaccedilatildeo antes do nascimento de uma nova rainha Em alguns casos quando a rainha estaacute muito cansada ela
pode permanecer na colmeacuteia em convivecircncia com a nova rainha por
algumas semanas ateacute sua morte natural Tambeacutem pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga logo apoacutes o nascimento
As operaacuterias (Fig 6) realizam todo o trabalho para a manutenccedilatildeo da
colmeacuteia Elas executam atividades distintas de acordo com a idade desenvolvimento glandular e necessidade da colocircnia (Tabela 8)Tabela
8 Funccedilotildees executadas pelas operaacuterias de acordo com a idade
Idade Funccedilatildeo
1ordm ao 5ordm dia
Realizam a limpeza dos alveacuteolos e de abelhas receacutem-nascidas
5ordm ao 10ordm
Satildeo chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentaccedilatildeo das larvas em desenvolvimento Nesse estaacutegio elas apresentam grande desenvolvimento das
glacircndulas hipofaringeanas e mandibulares produtoras de geleacuteia real
11ordm ao 20ordm dia
Produzem cera para construccedilatildeo de favos quando haacute necessidade pois nessa idade as operaacuterias apresentam
grande desenvolvimento das glacircndulas ceriacuteferas Aleacutem disso recebem e desidratam o neacutectar trazido pelas
campeiras elaborando o mel
18ordm ao 21ordm dia
Realizam a defesa da colmeacuteia Nessa fase as operaacuterias
apresentam os oacutergatildeos de defesa bem desenvolvidos com grande acuacutemulo de veneno Podem tambeacutem
participar do controle da temperatura na colmeacuteia
22ordm dia ateacute a morte
Realizam a coleta de neacutectar poacutelen resinas e aacutegua quando satildeo denominadas campeiras
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Os zangotildees (Fig 6) satildeo os indiviacuteduos machos da colocircnia cuja uacutenica
funccedilatildeo eacute fecundar a rainha durante o vocirco nupcial As larvas de zangotildees satildeo criadas em alveacuteolos maiores que os alveacuteolos das larvas de operaacuterias
(Fig 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo
a adulto Eles satildeo maiores e mais fortes do que as operaacuterias entretanto natildeo possuem oacutergatildeos para trabalho nem ferratildeo e em determinados
periacuteodos satildeo alimentados pelas operaacuterias Em contrapartida os zangotildees apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas
com maior capacidade olfativa Aleacutem disso possuem asas maiores e musculatura de vocirco mais desenvolvida Essas caracteriacutesticas lhes
permitem maior orientaccedilatildeo percepccedilatildeo e rapidez para a localizaccedilatildeo de rainhas virgens durante o vocirco nupcial
Figura 8 Alveacuteolos de zangatildeo e de operaacuteria de Apis mellifera
Os zangotildees satildeo atraiacutedos pelos feromocircnios da rainha a distacircncias de ateacute
5 km durante o vocirco nupcial Durante o acasalamento o oacutergatildeo genital do zangatildeo (endoacutefalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe
ocasionando sua morte
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Desenvolvimento das abelhas Durante seu ciclo de vida as abelhas
passam por quatro diferentes fases ovo larva pupa e adulto (Fig9)
Figura 9 Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis
mellifera
Tabela 9 Periacuteodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis
mellifera africanizada
Periacuteodo de Desenvolvimento (dias)
Casta Ovo Larva Pupa Total
Rainha
3
5
7
15
Operaacuteria
3
5
12
20
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Zangatildeo 3 65 145 24
A longevidade dos adultos das trecircs castas tambeacutem eacute diferente a rainha pode viver ateacute 2 anos ou mais apesar de que em clima tropical sua
vida reprodutiva dura em meacutedia 1 ano as operaacuterias em condiccedilotildees normais vivem de 20 a 40 dias Os zangotildees que natildeo acasalam podem
viver ateacute 80 dias se houver alimento na colmeacuteia Durante o periacuteodo de escassez de alimento as operaacuterias costumam expulsar ou matar os
zangotildees
Estrutura e uso dos favos
O ninho das abelhas eacute constituiacutedo de favos que satildeo formados por
alveacuteolos de formato hexagonal (com seis lados) Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaccedilo Os alveacuteolos
tecircm uma inclinaccedilatildeo de 4deg a 9ordm para cima evitando que a larva e o mel
escorram e satildeo construiacutedos em dois tamanhos no maior a rainha faz postura de ovos de zangatildeo jaacute os menores podem ser usados para a
criaccedilatildeo de operaacuterias e para estocagem de alimento (Fig 8)
Diferenciaccedilatildeo das castas
Geneticamente uma rainha eacute idecircntica a uma operaacuteria Ambas se
desenvolvem a partir de ovos fertilizados Entretanto fisioloacutegica e morfologicamente essas castas satildeo diferentes em razatildeo da alimentaccedilatildeo
diferenciada que as larvas recebem
A rainha recebe durante toda sua vida um alimento denominado geleacuteia real que eacute composto das secreccedilotildees das glacircndulas mandibulares e
hipofaringeanas localizadas na cabeccedila de operaacuterias (Fig 5) com adiccedilatildeo de accediluacutecares provenientes do papo Pesquisas tecircm indicado que a geleacuteia
real oferecida agraves larvas de rainha eacute superior em quantidade e qualidade possuindo maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas mandibulares e
maior concentraccedilatildeo de accediluacutecares e outros compostos nutritivos
(Nogueira Couto amp Couto 2002)
As larvas de operaacuterias satildeo alimentadas ateacute o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geleacuteia de operaacuteria que apresenta
maior proporccedilatildeo da secreccedilatildeo das glacircndulas hipofaringeanas e menor quantidade de accediluacutecares que o da rainha Apoacutes esse periacuteodo passam a
receber uma mistura de geleacuteia de operaacuteria mel e poacutelen
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo uma larva de no
maacuteximo 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentaccedilatildeo adequada Entretanto quanto mais nova for a larva melhor
seraacute a qualidade da rainha e sua capacidade de postura
Aleacutem da alimentaccedilatildeo a estrutura onde a larva da rainha eacute criada
(realeira) tem grande influecircncia em seu desenvolvimento uma vez que eacute maior que o alveacuteolo de operaacuteria e posicionada de cabeccedila para baixo o
que deixa o abdome da pupa livre permitindo pleno desenvolvimento e formaccedilatildeo dos oacutergatildeos reprodutoresAssim para que uma larva de
operaacuteria se transforme em rainha eacute necessaacuterio aleacutem da alimentaccedilatildeo que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma
realeira no local onde se encontra a larva
Um resumo sobre a diferenciaccedilatildeo das castas em abelhas Apis mellifera
apresenta-se na Fig 10
Figura10 Esquema de diferenciaccedilatildeo das castas em Apis mellifera
Comunicaccedilatildeo
Entre as abelhas Apis mellifera a comunicaccedilatildeo pode ser feita por meio de sons substacircncias quiacutemicas tato danccedilas ou estiacutemulos
eletromagneacuteticos
Tabela 10 Alguns feromocircnios produzidos por abelhas Apis mellifera e
suas respectivas reaccedilotildees
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Feromocircnios Reaccedilatildeo desencadeada
Produzidos por operaacuterias
Feromocircnio de trilha Orienta as operaacuterias na localizaccedilatildeo do ninho e de fontes de alimento
Feromocircnio de alarme Alerta as operaacuterias para a presenccedila de
inimigo proacuteximo agrave colmeacuteia
Feromocircnio de defesa Liberado por operaacuterias durante a ferroada atrai outras operaacuterias para ferroarem o local
Feromocircnio de detenccedilatildeo Repele as operaacuterias de fontes sem
disponibilidade de alimento
Feromocircnio da glacircndula de Nasonov
Liberado na entrada da colmeacuteia durante a
enxameaccedilatildeo e em fontes de aacutegua e alimento ajuda na orientaccedilatildeo e no agrupamento das
abelhas
Produzidos por rainhas
Feromocircnio da glacircndula mandibular
Atrai zangotildees para o acasalamento manteacutem
a unidade da colmeacuteia inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias e
a produccedilatildeo de rainhas
Feromocircnio das glacircndulas epidermais
Atraccedilatildeo das operaacuterias Age em sinergia com o feromocircnio da glacircndula mandibular
Feromocircnio de trilha Ajuda a evitar a produccedilatildeo de novas rainhas
Produzidos por zangotildees
Feromocircnio da glacircndula
mandibular do zangatildeo
Atrai rainhas e outros zangotildees para a zona de
congregaccedilatildeo de zangotildees
Produzidos por crias
Feromocircnio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovaacuterios das operaacuterias
Permite que as operaacuterias reconheccedilam idade casta e estado de sanidade das crias
A danccedila eacute outro importante meio de comunicaccedilatildeo por meio dela as operaacuterias podem informar a distacircncia e a localizaccedilatildeo exata de uma fonte de alimento um novo local para instalaccedilatildeo do enxame a necessidade
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
de ajuda em sua higiene ou ainda podem impedir que a rainha destrua
novas realeiras e estimular a enxameaccedilatildeoO cientista alematildeo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicaccedilatildeo utilizado para
informar sobre a localizaccedilatildeo da fonte de alimento observando que as
abelhas costumam realizar trecircs tipos de danccedila danccedila em ciacuterculo danccedila do requebrado ou em forma de oito e danccedila da foice (Wiese 1985)
(Tabela 11)Tabela 11 Tipos de danccedila realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaccedilotildees sobre fontes de alimentos
Danccedila Funccedilatildeo
Danccedila em ciacuterculo
Informa sobre fontes de alimento que estatildeo a menos de cem metros de distacircncia da colmeacuteia
Danccedila do requebrado
Usada para fontes de alimento que estatildeo a
mais de cem metros de distacircncia Nessa danccedila a abelha descreve a direccedilatildeo e a distacircncia da
fonte
Danccedila da foice
Considerada uma danccedila de transiccedilatildeo entre a
danccedila em ciacuterculo e a do requebrado Eacute utilizada quando o alimento se encontra a ateacute cem
metros da colmeacuteia
As danccedilas podem ser executadas dentro da colmeacuteia sobre um favo ou no alvado Durante a danccedila a operaacuteria campeira indica a direccedilatildeo da fonte de alimento em relaccedilatildeo agrave posiccedilatildeo da colmeacuteia e do sol A distacircncia
da colmeacuteia ateacute a fonte de neacutectar eacute informada pelo nuacutemero de vibraccedilotildees (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a
danccedila Quanto menor a distacircncia entre a fonte e a colmeacuteia maior o nuacutemero de vibraccedilotildees
A campeira pode interromper sua danccedila a curtos intervalos e oferecer agraves operaacuterias que estatildeo observando uma gota do neacutectar que coletou
Assim ela informa o odor do neacutectar e da flor e as demais operaacuterias partem em busca desta fonte O recrutamento aumenta com a
vivacidade e a duraccedilatildeo da danccedila
Equipamentos
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
A praacutetica apiacutecola requer alguns utensiacutelios especiais tanto para o preparo
das colmeacuteias como para o manejo em si sendo de suma importacircncia o emprego correto desses itens pelo apicultor para que se possam
garantir a produccedilatildeo racional dos diversos produtos apiacutecolas e a
seguranccedila de quem estaacute manejando as colmeacuteias assim como das proacuteprias abelhas
Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenccedilatildeo das colmeacuteias
(Fig 11 A e B) e principalmente na atividade de aramar os quadros
(colocaccedilatildeo do arame nos quadros para sustentaccedilatildeo da placa de cera alveolada)
Figura 11 Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeacuteias (A) martelo de marceneiro (B) alicate (C)
arame (D) esticador de arame (E) quadro de melgueira
Arame
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Arame utilizado para formaccedilatildeo de uma base de sustentaccedilatildeo e fixaccedilatildeo da
placa de cera alveolada Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento mas que natildeo seja grosso
demais o que iria dificultar a fixaccedilatildeo da cera Normalmente se usa o
arame nordm 22 ou nordm 24 Recomenda-se a utilizaccedilatildeo do arame de accedilo inox mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de
metal (Fig 11 C)
Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal onde o quadro eacute encaixado com a
finalidade de esticar o arame Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambeacutem podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizaacute-lo
plenamente embora sem a mesma eficiecircncia e praticidade do esticador (Fig 11 D e Fig 12)
Figura 12 Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B)
Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixaccedilatildeo da cera no arame Eacute constituiacuteda de uma peccedila com empunhadura de madeira e parte de metal com uma
roda dentada na extremidade (Fig 13)
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 13 Carretilha do apicultor
Incrustador Eleacutetrico de Cera
Aparelho utilizado tambeacutem para a fixaccedilatildeo da cera no quadro por meio do leve aquecimento do arame Eacute constituiacutedo de um suporte onde eacute
fixados uma resistecircncia (chuveiro) e fios para a conduccedilatildeo da corrente eleacutetrica os quais possuem na extremidade dois terminais de fixaccedilatildeo no
arame (Fig 14)
Figura 14 Incrustador eleacutetrico de cera
Limpador de Canaleta
Utensiacutelio de metal com extremidade curvada usada para raspar a cera
velha da canaleta do quadro para incrustaccedilatildeo de nova placa de cera Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade
como facas canivetes etc que podem ser uacuteteis ao apicultor em outras
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
situaccedilotildees (corte de placa de cera de favo para captura de enxames
etc)
Fumigador
Equipamento constituiacutedo de tampa fole fornalha grelha e bico de pato
(Fig 15) Tem a funccedilatildeo de produzir fumaccedila sendo essencial para um manejo seguro O fumigador que hoje eacute utilizado pelos apicultores
brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil a partir do modelo anteriormente utilizado de dimensotildees menores apoacutes o processo de
africanizaccedilatildeo que as abelhas sofreram no Paiacutes O modelo brasileiro por
apresentar maior capacidade de armazenamento da mateacuteria-prima a ser queimada propicia a produccedilatildeo de fumaccedila por periacuteodos mais longos
sem a necessidade frequumlente de abastecimento (Fig 15 e 16) O desenvolvimento desse fumigador juntamente com outras teacutecnicas de
manejo foi fundamental para a continuidade da apicultura no Brasil pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas
Figura 15 Partes que compotildeem um fumigador (A) tampa (B) fole (C)
fornalha (D) grelha (E) bico de pato
Formatildeo de Apicultor
Utensiacutelio de metal com formato de espaacutetula (aproximadamente com
200 cm de comprimento e 30 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig 17 A) Eacute utilizado pelo apicultor para auxiliaacute-lo
na abertura da caixa (desgrudando a tampa) remoccedilatildeo dos quadros
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
limpeza da colmeacuteia raspagem da proacutepolis de peccedilas da colmeacuteia (tampa
fundo etc) remoccedilatildeo de traccedilas etc
Figura 17 Formatildeo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B)
Vassoura ou espanador apiacutecola
O espanador eacute uma pequena vassoura de matildeo utilizada para remover as
abelhas dos favos ou de outros locais sem machucaacute-las (Fig 17 B) Devem ser fabricadas de cerdas sinteacuteticas (cores claras de preferecircncia)
pois as cerdas naturais tecircm odor muito forte irritando as abelhas
Vestimentas
O uso da vestimenta apiacutecola pelo apicultor eacute condiccedilatildeo essencial para
uma praacutetica segura Composta de macacatildeo maacutescara luva e bota apresenta algumas caracteriacutesticas especiacuteficas (Fig 19)
Macacatildeo
Luva Bota
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 19 Vestimenta apiacutecola completa (A) jaleco com maacutescara e
calccedila (B) luvas (C) bota
Colmeacuteia
As colmeacuteias satildeo as peccedilas fundamentais na praacutetica de uma apicultura
racional O desenvolvimento de peccedilas moacuteveis (tampas fundos quadros etc) permitiu a exploraccedilatildeo dos produtos apiacutecolas de forma contiacutenua e
racional sem dano para as abelhas Existem vaacuterios modelos de colmeacuteias entretanto o apicultor deve padronizar seu apiaacuterio evitando a
utilizaccedilatildeo de diferentes modelos Uma colmeacuteia racional eacute subdividida
em tampa sobre caixa (melgueira ou sobreninho) ninho e fundo e os quadros (caixilhos) As manutenccedilotildees das medidas padrotildees para cada
modelam tambeacutem eacute essencial
O espaccedilo abelha eacute considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaccedilo livre que deve haver entre as
diversas partes da colmeacuteia ou seja entre as laterais e os quadros quadros e fundo quadro e tampa e entre os quadros Esse espaccedilo deve
ser de no miacutenimo 48 mm e no maacuteximo 95 mm Se menor impede o livre transito das abelhas se maior seraacute obstruiacutedo com proacutepolis ou
construccedilatildeo de favos
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Na construccedilatildeo das colmeacuteias o espaccedilo abelha deve ser rigorosamente
respeitado
Figura 20 Colmeacuteia Langstroth vista de frente
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 22 Colmeacuteia Langstroth com destaque para o alvado
Figura 23 Colmeacuteia Langstroth aberta mostrando a disposiccedilatildeo dos
quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B)
A praacutetica apiacutecola requer ainda outros utensiacutelios e assessoacuterios para as colmeacuteias usadas durante o transporte e manejo produtivo e de
entressafra
Tela Excluidora
Figura 24 Tela excluidora de
rainha com malha de metal
Figura 25 Tela excluidora de
rainha com malha de plaacutestico
Tela Excluidora de Alvado
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Tela de Transporte
Figura 26 Tela de transporte para substituiccedilatildeo da tampa
Redutor de Alvado
Alimentadores
Instalaccedilotildees
Apiaacuterio Fixo
Um apiaacuterio fixo eacute caracterizado pela permanecircncia das colmeacuteias durante
todo o ano em um local previamente escolhido onde as abelhas iratildeo explorar as fontes florais disponiacuteveis em seu raio de accedilatildeo (maacuteximo de 3
km para uma coleta produtiva)
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 27 Apiaacuterio fixo devidamente cercado (cerca ao fundo)
Apiaacuterio Migratoacuterio
Esse tipo de apiaacuterio deve atender agrave maioria das caracteriacutesticas de um apiaacuterio fixo entretanto eacute usado na praacutetica da apicultura migratoacuteria em
que as abelhas satildeo deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes Como a necessidade de deslocamento eacute frequumlente a
maioria dos apicultores prefere natildeo cercar esses apiaacuterios o que acarretaria um aumento dos custos (jaacute consideraacuteveis em uma apicultura
migratoacuteria) e de matildeo-de-obra para a instalaccedilatildeo das cercas
Figura 28 Colmeacuteias com cavaletes dobraacuteveis em apiaacuterio moacutevel
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Localizaccedilatildeo do Apiaacuterio
Dentre os vaacuterios aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiaacuterio a disponibilidade de recursos florais eacute sem
duacutevida a mais importante sendo abordada em detalhes a seguir
Flora Apiacutecola
A flora apiacutecola eacute caracterizada pelas espeacutecies vegetais que possam
fornecer neacutectar eou poacutelen produtos essenciais para a manutenccedilatildeo das colocircnias e para a produccedilatildeo de mel O conjunto dessas espeacutecies eacute
denominado pasto apiacutecola ou pastagem apiacutecola
Para que se obtenha sucesso na criaccedilatildeo de abelhas eacute fundamental uma avaliaccedilatildeo detalhada da vegetaccedilatildeo em torno do apiaacuterio levando-se em
conta natildeo apenas a identificaccedilatildeo das espeacutecies meliacuteferas mas tambeacutem a densidade populacional e os seus periacuteodos de floraccedilatildeo Essas
informaccedilotildees seratildeo fundamentais na decisatildeo do local para a instalaccedilatildeo do
apiaacuterio assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisatildeo alimentaccedilatildeo suplementar e de estiacutemulo etc) para os periacuteodos
de produccedilatildeo e para os periacuteodos de entressafra (eacutepocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais)
O tamanho de um pasto apiacutecola assim como a sua qualidade (variedade
e densidade populacional das espeacutecies tipos de produtos fornecidos neacutectar eou poacutelen e diferentes periacuteodos de floraccedilatildeo) iraacute determinar o
que tecnicamente denomina-se capacidade de suporte da aacuterea
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiecircncia
uma aacuterea de 2 a 3 Km ao redor do apiaacuterio (em torno de 700 ha de aacuterea total explorada) quanto mais proacuteximo da colmeacuteia estiver a fonte de
alimento mais raacutepido seraacute o transporte permitindo que as abelhas realizem um maior nuacutemero de viagens contribuindo para o aumento da
produccedilatildeo
Outros Fatores a Serem Considerados
Acesso
O local do apiaacuterio deve ser de faacutecil acesso dispondo de acesso a veiacuteculos o mais proacuteximo possiacutevel das colmeacuteias o que facilita
acentuadamente o manejo o transporte da produccedilatildeo e eventualmente das colmeacuteias
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Topografia
O terreno do apiaacuterio deve ser plano com frente limpa evitando-se aacutereas elevadas (topo de morros etc) em virtude da accedilatildeo negativa dos
ventos fortes Terrenos em declive dificultam o deslocamento do
apicultor pelo apiaacuterio e consequumlentemente o manejo das colmeacuteias principalmente durante a colheita do mel
Proteccedilatildeo contra os ventos
A proteccedilatildeo contra ventos fortes eacute fundamental para uma melhor produtividade do apiaacuterio pois regiotildees descampadas castigadas pela
accedilatildeo de ventos fortes dificultam o vocirco causando desgaste energeacutetico adicional para as operaacuterias
Periacutemetro de Seguranccedila O apiaacuterio deve estar localizado a uma distacircncia miacutenima de 400 metros
de currais casas escolas estradas movimentadas aviaacuterias e outros evitando-se situaccedilotildees que possam levar perigo agraves pessoas e animais
Outra questatildeo a ser considerada eacute a distacircncia miacutenima de 3 km em relaccedilatildeo a engenhos sorveterias faacutebricas de doces aterros sanitaacuterios
depoacutesitos de lixo matadouros etc para que natildeo ocorra contaminaccedilatildeo do mel por produtos indesejaacuteveis
Identificaccedilatildeo Eacute aconselhaacutevel que o apiaacuterio disponha de uma placa de identificaccedilatildeo e
aviso em relaccedilatildeo agrave presenccedila de abelhas na aacuterea Essa placa deve estar em lugar visiacutevel escrita de forma legiacutevel e de preferecircncia a uma
distacircncia segura em relaccedilatildeo as colmeacuteias Infelizmente os apicultores brasileiros preferem natildeo sinalizar seus apiaacuterios ou por desconhecimento
da importacircncia de uma sinalizaccedilatildeo de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidecircncia de roubos e saques em suas colmeacuteias
Aacutegua
A presenccedila de aacutegua eacute fundamental para a manutenccedilatildeo dos enxames
principalmente em regiotildees de clima quente uma vez que a aacutegua eacute usada para auxiliar na termorregulaccedilatildeo (em casos extremos uma
colmeacuteia pode chegar a consumir 20 litros daacutegua por semana) Deve-se fornecer para as abelhas fonte de aacutegua pura a uma distacircncia de no
miacutenimo 100 metros (para que natildeo haja contaminaccedilatildeo pelos proacuteprios dejetos das abelhas uma vez que elas soacutes os liberam fora da colmeacuteia) e
no maacuteximo de 500 metros (evitando-se gasto energeacutetico acentuado para a sua coleta) Caso o local natildeo disponha de fonte natural (rios
nascentes etc) deve-se instalar um bebedouro artificial tomando-se o cuidado de manter a aacutegua sempre limpa Para isso deve-se trocaacute-la
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
frequumlentemente e lavar o bebedouro com uma escova evitando foco de
contaminaccedilatildeo
Sombreamento
O apicultor deve procurar instalar seu apiaacuterio em aacuterea sombreada mas natildeo uacutemida em demasia de forma a evitar os efeitos nocivos das altas
temperaturas em relaccedilatildeo agrave qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias O sombreamento tambeacutem pode
contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor durante seu trabalho no apiaacuterio
Suporte das Colmeacuteias As colmeacuteias devem ser instaladas em suportes denominados cavaletes
com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo protegendo-as da umidade do terreno Esses cavaletes devem ser individuais a fim de
que durante o manejo natildeo se perturbe a colmeacuteia ao lado em virtude da caracteriacutestica mais defensiva de nossas abelhas (Fig28) Esses
suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteccedilatildeo contra formigas e cupins
Disposiccedilatildeo das Colmeacuteias
O alvado (entrada da colmeacuteia) deve estar de preferecircncia voltado para
o sol nascente estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades Entretanto essa recomendaccedilatildeo pode ser sobreposta ao
analisarem-se a direccedilatildeo do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e consequumlentemente a entrada das abelhas na colmeacuteia) e a
distribuiccedilatildeo das linhas de vocirco (deve-se evitar que a saiacuteda das abelhas de uma colmeacuteia interfira na outra) As colmeacuteias podem ser
dispostas sob vaacuterias formas (em linha reta fileiras paralelas semiciacuterculas etc) todavia em todos os casos deve-se manter uma
distacircncia miacutenima de 2 metros entre colmeacuteias evitando-se alvoroccedilo brigas saques e mortandade das abelhas por ocasiatildeo do manejo
Povoamento da Colmeacuteia
Para facilitar a aceitaccedilatildeo das abelhas agrave nova caixa eacute recomendaacutevel que o apicultor pincele em seu interior uma soluccedilatildeo de proacutepolis ou extrato
de capim-limatildeo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas deixando a madeira com um odor mais
atrativo para o enxame Para povoar o apiaacuterio o apicultor poderaacute comprar colmeacuteias povoadas dividir famiacutelias fortes ou capturar enxames
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Caixa Isca (captura passiva)
Coleta de Enxame Migratoacuterio (captura ativa)
Coleta de Enxame Fixo
Manejo Produtivo das Colmeacuteias
Apoacutes a fase de instalaccedilatildeo do apiaacuterio o apicultor deveraacute preocupar-se em
realizar o manejo eficiente de suas colmeacuteias para que consiga ter sucesso na atividade Para isso deveraacute estar sempre atento agrave situaccedilatildeo
das colmeacuteias observando a quantidade de alimento disponiacutevel a presenccedila e a qualidade da postura da rainha o desenvolvimento das
crias a ocorrecircncia de doenccedilas ou pragas etc Desse modo muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas
preventivas utilizando-se teacutecnicas de manejo adequadas
Revisatildeo das colmeacuteias
As revisotildees satildeo realizadas para avaliar as condiccedilotildees gerais das colmeacuteias
e a ocorrecircncia de anormalidades Devem ser feitas somente quando necessaacuterio e de forma a interferir o miacutenimo possiacutevel na atividade das
abelhas evitando causar desgaste ao enxame uma vez que durante as revisotildees geralmente ocorre um consumo exagerado de mel
mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia mortalidade de crias em razatildeo da exposiccedilatildeo dos quadros ao meio
ambiente e interrupccedilatildeo da postura da rainha aleacutem de interferir na comunicaccedilatildeo com a fonte de alimento
Quando e como realizar as revisotildees
De uma maneira geral recomenda-se a realizaccedilatildeo de revisotildees nas seguintes situaccedilotildees e intervalos
Para enxames receacutem-coletados recomenda-se realizar uma revisatildeo cerca de 15 dias apoacutes sua instalaccedilatildeo no apiaacuterio
verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condiccedilotildees gerais dos favos
No periacuteodo anterior agraves floradas deve ser realizados uma boa revisatildeo com o objetivo de deixar a colmeacuteia em oacutetimas condiccedilotildees
para o iniacutecio da produccedilatildeo Os aspectos a serem observado e o principal medidas adotadas seratildeo descritos a seguir
Durante as floradas deve-se realizar revisotildees nas melgueiras a cada 15 dias para verificar como estaacute a produccedilatildeo de mel a
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
quantidade de quadros completos devidamente operculados e a
necessidade de acrescentar ou natildeo mais melgueiras Nessa revisatildeo deve-se evitar o uso excessivo de fumaccedila junto as
melgueiras para que o mel natildeo a absorva
Apoacutes o periacuteodo das principais floradas deve-se realizar novamente uma revisatildeo completa no ninho verificando se existem
anormalidades com o objetivo de preparar a colmeacuteia para o periacuteodo de entressafra
Na entressafra as revisotildees devem ser menos frequumlentes geralmente mensais para evitar desgaste aos enxames que
normalmente estatildeo mais fracos As revisotildees devem ser raacutepidas observando-se principalmente se haacute necessidade de alimentar as
colmeacuteias reduzir alvado controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos
Para que as revisotildees se realizem de forma eficiente causando miacutenimos prejuiacutezos agraves colmeacuteias recomenda-se agrave adoccedilatildeo dos seguintes
procedimentos
Trabalhar preferencialmente em dias claros com clima estaacutevel O melhor horaacuterio eacute entre 8 e 11 horas e das 15 agraves 17horas e 30
minutos aproveitando que a maioria das operaacuterias estaacute no campo em atividade de coleta Nunca se deve trabalhar durante a chuva
Respeitar a capacidade defensiva das abelhas utilizando vestimenta apiacutecola adequada de cores claras em bom estado de
conservaccedilatildeo e limpeza (Fig 19) evitar cheiros fortes (suor
perfume) e barulho que possa irritar as abelhas Utilizar um bom fumigador (Fig 16) com materiais de combustatildeo
de origem vegetal tais como serragem folhas e cascas secas de modo a produzir uma fumaccedila branca fria e sem cheiro forte Natildeo
devem ser usados produtos de origem animal ou mineral Eacute aconselhaacutevel que duas pessoas realizem a revisatildeo para que uma
fique manejando o fumigador enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeacuteia Assim a revisatildeo pode ser feita de forma
raacutepida eficiente e segura Posicionar-se sempre na parte detraacutes ou nas laterais da colmeacuteia
nunca na frente evitando a linha de vocirco das abelhas (entrada e saiacuteda da colmeacuteia)
Realizar a revisatildeo com calma sem movimentos bruscos poreacutem rapidamente evitando que a colmeacuteia fique aberta por muito
tempo
Evitar a exposiccedilatildeo demorada dos favos ao sol ou ao frio
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
O uso da fumaccedila eacute essencial para o manejo das colmeacuteias Sua funccedilatildeo eacute
simular uma situaccedilatildeo de perigo (ocorrecircncia de incecircndio) fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local Para isso a maior
parte das operaacuterias passa a consumir o maacuteximo de alimento possiacutevel
armazenando-o no papo O excesso de alimento ingerido aleacutem de deixar a abelha mais pesada provoca uma distensatildeo do abdome que
dificulta os movimentos para a utilizaccedilatildeo do ferratildeo
O que observar durante as revisotildees
Depois de aberta a colmeacuteia utilizando-se o formatildeo deve-se separar os
quadros que geralmente estatildeo colados com proacutepolis e retiraacute-los um a um a partir das extremidades para observar os seguintes aspectos
Presenccedila de alimento (mel e poacutelen) e de crias (ovo larva pupa)
Presenccedila da rainha e avaliaccedilatildeo de sua postura Para verificar a presenccedila da rainha natildeo eacute necessaacuterio visualizaacute-la basta observar
a ocorrecircncia de ovos nas aacutereas de cria A verificaccedilatildeo de muitas falhas nas aacutereas de cria (Fig 30) eacute um indicativo de que a rainha
estaacute velha e consequumlentemente sua postura estaacute irregular Existecircncia de espaccedilo suficiente para o desenvolvimento da colmeacuteia
e armazenamento do alimento Quando a populaccedilatildeo estaacute elevada
e o espaccedilo restrito a colocircnia tende a dividir-se naturalmente enxameando
Presenccedila de realeiras que podem indicar ausecircncia de rainha ou que a colocircnia estaacute prestes a enxamear
Sinais de ocorrecircncia de doenccedilas pragas ou predadores Aacutereas de cria com falhas (Fig 30) tambeacutem podem indicar a ocorrecircncia de
doenccedilas Estado de conservaccedilatildeo dos quadros caixas fundos tampas e
suportes das colmeacuteias
Figura 30 Aacutereas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas
(b)
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Fortalecimento e uniatildeo das famiacutelias
Colocircnias fracas satildeo geralmente consequumlecircncia da falta de alimento disponiacutevel no campo divisatildeo natural de enxames rainhas velhas e
enxames receacutem-capturados Aleacutem de natildeo produzirem essas colocircnias satildeo alvo faacutecil de pragas e doenccedilas Para evitar esses problemas o
apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeacuteias
Fortalecendo enxames
A alimentaccedilatildeo suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a
aumentar a populaccedilatildeo acelerando o crescimento do enxame Outra forma de aumentar a populaccedilatildeo da colocircnia eacute introduzir favos com crias
fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos Esses quadros que satildeo retirados de colmeacuteias populosas natildeo satildeo rejeitados e a abelha
quando emerge eacute aceita facilmente no novo ninho
Uniatildeo de enxames
Figura 31 Esquema da uniatildeo de enxames usando o meacutetodo do jornal
Ilustraccedilatildeo Faacutebia de Mello Pereira
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Divisatildeo das famiacutelias
A situaccedilatildeo de grande volume populacional em colocircnias fortes pode ser facilmente reconhecida pela grande quantidade de abelhas fora da
colmeacuteia Quando a populaccedilatildeo do ninho aumenta muito falta espaccedilo para as abelhas na colmeacuteia a temperatura interna aumenta e o
feromocircnio da rainha comeccedila a ficar diluiacutedo na populaccedilatildeo Todos esses fatores aliados agrave grande disponibilidade de alimento no campo levam as
operaacuterias a produzirem nova rainha e o enxame a dividir-se Por ocasiatildeo
da divisatildeo cerca de metade das operaacuterias e parte dos zangotildees vai embora do ninho acompanhando a rainha velha enquanto que o
restante do enxame permanece no local esperando o nascimento da rainha nova Muitas vezes a colocircnia estaacute tatildeo forte que esse processo
pode ocorrer duas ou trecircs vezes
Para natildeo perder suas abelhas o apicultor deve manejar e dividir seu enxame aumentando a populaccedilatildeo de seu apiaacuterio Entretanto como a
colocircnia dividida reduz ou suspende temporariamente a produccedilatildeo de mel alguns produtores preferem adicionar melgueiras agraves colmeacuteias fortes ou
usar seus quadros para fortalecimento de outros enxames Seja qual for a decisatildeo tomada eacute importante que o produtor evite a perda de suas
abelhas
Para evitar que os enxames se dividam naturalmente o apicultor pode
retirar realeiras em colmeacuteias que tenham rainhas selecionar famiacutelias com menor tendecircncia a enxameaccedilatildeo reduzir o nascimento de zangatildeo
utilizando lacircminas de cera integral adicionar melgueira para dar espaccedilo agraves abelhas usar tela excluidora no alvado e dividir os enxames
Pilhagem
A pilhagem ou saque consiste no roubo de mel das colmeacuteias por
operaacuterias de colocircnias vizinhas O enxame que estaacute sendo saqueado eacute facilmente identificado pela aglomeraccedilatildeo e briga no alvado grande
quantidade de abelhas procurando entrar na colmeacuteia pela tampa ou
outras frestas e operaacuterias mortas no chatildeo
Em geral enxames fracos satildeo atacados por enxames fortes A pilhagem eacute um acontecimento indesejaacutevel porque aumenta a mortandade no
apiaacuterio podendo causar ateacute abandono dos enxames que estatildeo sendo atacados Para evitar o saque deve-se tomar os seguintes cuidados
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Evitar famiacutelias fracas no apiaacuterio e enquanto os enxames
estiverem sendo fortalecidos usar tela antipilhagem ou redutor de alvado e natildeo deixar grande quantidade de mel nas colmeacuteias
Por ocasiatildeo do manejo ou revisatildeo procurar ser raacutepido cuidadoso
e natildeo derramar mel ou alimento proacuteximo agraves colmeacuteias Alimentar as caixas somente ao entardecer dando preferecircncia a
alimentadores internos Diminuir o nuacutemero de colmeacuteias no apiaacuterio
Deixar as colmeacuteias a uma distacircncia de pelo menos 3 metros uma da outra
Identificar as colmeacuteias saqueadoras e trocar a rainha Utilizar cavaletes individuais
Alimentaccedilatildeo
Para sobreviverem as abelhas necessitam alimentar-se e atender agraves exigecircncias de seu organismo quanto agraves necessidades de
Aacutegua Carboidratos (accediluacutecares) Proteiacutenas
Vitaminas Sais minerais
Lipiacutedeos (gorduras)
Esses nutrientes satildeo retirados da aacutegua mel (neacutectar) e poacutelen das flores
mas tambeacutem podem ser encontrados em outras substacircncias usadas pelas abelhas como alimento eacute o caso do caldo da cana-de-accediluacutecar
sumo de caju xarope de accediluacutecar goma de mandioca vagem de algaroba farelo de soja entre outros
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender
a sua proacutepria alimentaccedilatildeo e das crias em desenvolvimento Em eacutepocas
de escassez de neacutectar e poacutelen eacute comum o apicultor perderem seus enxames que enfraquecidos em razatildeo da fome migram agrave procura de
condiccedilotildees melhores
Periacuteodo de Alimentaccedilatildeo
A eacutepoca correta para iniciar o fornecimento de alimento suplementar
varia de acordo com a regiatildeo Em geral nos periacuteodos secos chuvosos ou frios falta alimento no campo Por isso o apicultor deveraacute ficar
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
atento para a entrada de alimento em suas colmeacuteias e fazer seu proacuteprio
calendaacuterio alimentar Ademais deveraacute realizar revisotildees perioacutedicas em seus enxames e socorrer suas colmeacuteias com alimentaccedilatildeo complementar
quando houver menos de dois quadros de mel na colocircnia
Alimentaccedilatildeo e Produccedilatildeo de Mel
Quando as primeiras floradas aparecem no campo as operaacuterias
intensificam o trabalho de coleta de neacutectar e poacutelen No alvado da colmeacuteia eacute possiacutevel observar grande quantidade de operaacuterias entrando e
saindo da colmeacuteia trabalhando ativamente
Somente apoacutes as crias tornarem-se adultas e o nuacutemero de abelhas
aumentar nas colmeacuteias eacute que se pode verificar grande quantidade de mel estocado Alguns enxames muito fracos soacute conseguem comeccedilar a
produzir apoacutes a metade do periacuteodo de florada causando prejuiacutezo ao apicultor
Em regiotildees onde existe uma florada rica pouco antes do periacuteodo da safra como a florada do juazeiro no semi-aacuterido natildeo ocorre atraso na
produccedilatildeo Isso ocorre porque as abelhas aproveitam essa fonte de alimento para aumentar a populaccedilatildeo da colmeacuteia e dessa forma ao
iniciar o periacuteodo produtivo o enxame estaacute pronto para comeccedilar a estocar mel
Alimentaccedilatildeo Energeacutetica
Um dos alimentos energeacuteticos mais usuais eacute o xarope de aacutegua e accediluacutecar
cuja receita eacute descrita a seguir
Xarope de accediluacutecar
Ingredientes Aacutegua e accediluacutecar na mesma quantidade
Modo de fazer Colocar a aacutegua no fogo e adicionar o accediluacutecar assim que levantar fervura Mexer ateacute o accediluacutecar
se dissolver por completo desligar o fogo e deixar
esfriar misturar a soluccedilatildeo antes de colocar nas colmeacuteias Fornecer duas vezes por semana
Para evitar que se estrague o xarope deve ser fornecido no dia em que for feito e consumido pelas abelhas em 24 horas
O xarope pode ser substituiacutedo pelo xarope de accediluacutecar invertido que aleacutem de aacutegua e accediluacutecar conteacutem aacutecido tartaacuterico ou aacutecido ciacutetrico como
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
pode ser conferido a seguir Esses aacutecidos tecircm a funccedilatildeo de conservar o
alimento por mais tempo aleacutem de quebrar a sacarose em glicose e frutose agindo como a enzima invertase das abelhas
Alimentaccedilatildeo Proteacuteica
Existem vaacuterias receitas de alimentaccedilatildeo proteacuteica O apicultor poderaacute utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais
para a fabricaccedilatildeo de uma alimentaccedilatildeo adequada
Receita 1
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 2
Ingredientes 3 partes de farelo de soja 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 3
Ingredientes 7 partes de farelo de trigo 3 partes de
farelo de soja e 15 partes de mel
Modo de fazer Misturar os farelos e acrescentar o mel Deixar em repouso por uma semana em local
limpo e refrigerado Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana
Receita 4
Ingredientes 6 kg de accediluacutecar refinado 3 kg de accediluacutecar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-
accediluacutecar
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes para formar a pasta
Receita 5
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Ingredientes 2 partes de poacutelen seco moiacutedo 5 partes de accediluacutecar 10 partes de farelo de soja e 3
partes de mel
Modo de fazer Misturar bem o farelo o poacutelen e o
accediluacutecar e adicionar o mel devagar ateacute formar uma pasta mole Fornecer 200 g do alimento duas vezes
por semana
Receita 6
Ingredientes 1 parte de poacutelen seco e moiacutedo 4
partes de farelo de soja 4 partes de accediluacutecar e 2 partes de aacutegua
Modo de fazer Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a aacutegua lentamente mexendo sempre
Alimentadores
A alimentaccedilatildeo artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos Cada modelo tem uma seacuterie de vantagens e
desvantagens e cabe aos apicultores analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade
O alimentador coletivo eacute uma espeacutecie de cocho colocado em cada
apiaacuterio disponibilizando o alimento a todos os enxames de uma uacutenica vez Esse modelo necessita de pouco manejo e eacute muito praacutetico sendo
recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeacuteias Poreacutem apesar de mais praacutetico o alimentador coletivo
apresenta as seguintes desvantagens
Fornecem alimento para enxames naturais de apiaacuterios vizinhos
paacutessaros formigas pequenos mamiacuteferos etc Incentiva o saque
Pode ser uma fonte de transmissatildeo de doenccedilas Desfavorece os enxames fracos jaacute que as colocircnias fortes coletam
mais alimento do que as fracas
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeacuteia destina-se apenas para alimentos
liacutequidos Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
madeira que eacute parcialmente introduzido no alvado da colmeacuteia Praacutetico
deixa o alimento exposto externamente natildeo havendo necessidade de abrir a colmeacuteia para o abastecimento contudo pode incentivar o saque
(Fig 33)
Figura 33 Alimentador de Boardman
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa com abertura central permitindo o acesso das abelhas ao alimento
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 34 Alimentador de cobertura
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensotildees de um quadro de ninho ou melgueira eacute usado dentro da colmeacuteia em substituiccedilatildeo a um dos quadros (Fig 35)
Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento liacutequido o alimentador deve ter as laterais da superfiacutecie interior rugosas de forma
a criar uma superfiacutecie de apoio para as abelhas
Figura 35 Alimentador Doolitle
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Doenccedilas e Inimigos Naturais
Existem vaacuterios organismos que podem causar problemas para as
abelhas tanto na fase de larva quanto na fase adulta Algumas bacteacuterias fungos e viacuterus causam doenccedilas que afetam principalmente as
larvas Jaacute as abelhas adultas satildeo frequumlentemente atacadas por protozoaacuterios aacutecaros e insetos
Reconhecendo os principais sintomas de doenccedilas o apicultor poderaacute
tomar medidas imediatas como o isolamento das colmeacuteias atacadas enviar amostras a laboratoacuterios para anaacutelise e diagnoacutestico precisos
comunicar associaccedilotildees cooperativas ou outras instituiccedilotildees Assim estaraacute contribuindo para evitar a contaminaccedilatildeo de seus apiaacuterios e dos
apiaacuterios de sua regiatildeo
Doenccedilas das abelhas
Importacircncia
A ocorrecircncia de doenccedilas nas colmeacuteias pode acarretar prejuiacutezos diretos pela diminuiccedilatildeo da produtividade uma vez que o aumento da
mortalidade tanto de crias como de abelhas adultas leva a uma reduccedilatildeo da populaccedilatildeo da colmeacuteia com consequumlente reduccedilatildeo da
produccedilatildeo Em casos mais graves o apicultor poderaacute perder enxames jaacute que as abelhas africanizadas costumam abandonar as colmeacuteias quando
a populaccedilatildeo cai abaixo de 4 mil indiviacuteduos e quando haacute muita cria morta
Doenccedilas de crias
Doenccedilas em crias geralmente causam maiores prejuiacutezos do que em abelhas adultas Para que o apicultor possa reconhecer os sintomas das
doenccedilas eacute importante estar familiarizado com as caracteriacutesticas das diferentes fases do desenvolvimento das crias e com a aparecircncia de um
favo com crias saudaacuteveis
Observando a situaccedilatildeo das crias durante as revisotildees
Uma das principais observaccedilotildees a serem feitas pelo apicultor durante as
revisotildees eacute verificar como as crias estatildeo distribuiacutedas nos favos Quando se observa que as aacutereas de crias apresentam poucas falhas (Fig 36) eacute
uma indicaccedilatildeo de que a rainha estaacute com um bom padratildeo de postura e que as larvas estatildeo se desenvolvendo normalmente Por outro lado
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
quadros com aacutereas de crias falhadas indicam que algum problema pode
estar ocorrendo como por exemplo
A rainha pode estar velha e consequumlentemente sua postura estaacute
irregular Pode estar ocorrendo produccedilatildeo de zangotildees diploacuteides em razatildeo de
cruzamentos consanguumliacuteneos Nesse caso as operaacuterias costumam comer as crias ficando a aacuterea de crias falhada
Ocorrecircncia de doenccedilas Nesse caso as operaacuterias passam a retirar as crias doente o que se chama comportamento higiecircnico e a
aacuterea de crias apresenta-se com falhas
O apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como
as operculadas Deve verificar se a cor a forma e a posiccedilatildeo das crias estatildeo normais A aparecircncia dos opeacuterculos tambeacutem eacute importante pois
opeacuterculos furados eou afundados podem indicar ocorrecircncia de doenccedilas
Figura 36 Favos com crias saudaacuteveis
Identificando doenccedilas em crias
As principais doenccedilas que afetam crias de abelhas satildeo
Cria Puacutetrida Europeacuteia Cria Puacutetrida Americana
Cria Ensacada Cria Giz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Cria Puacutetrida Europeacuteia (CPE)
Agente causador bacteacuteria Melissococus pluton As larvas satildeo infectadas quando comem alimento contaminadoOcorrecircncia e danos pode ocorrer
em todo o territoacuterio nacional mas geralmente natildeo causa seacuterios prejuiacutezos
Sintomas
Favos com muitas falhas opeacuterculos perfurados (Fig 37a) A morte ocorre geralmente na fase de larva antes que os alveacuteolos
sejam operculados As larvas doentes encontram-se em posiccedilotildees anormais podendo
ficar contorcidas nas paredes dos alveacuteolos (Fig 37b) Mudanccedila de cor das larvas que passam de branco-peacuterola para
amarelo ateacute marrom (Fig 37b) Pode apresentar cheiro puacutetrido (de material em decomposiccedilatildeo) ou
natildeo Quando as larvas morrem depois da operculaccedilatildeo aparecem
opeacuterculos escurecidos afundados e perfurados
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 37 Sintomas de Cria Puacutetrida Europeacuteia aacuterea de crias com muitas
falhas (a) e mudanccedila de posiccedilatildeo e coloraccedilatildeo das larvas (b)
Controle
Remoccedilatildeo dos quadros com cria doente
Trocar rainha suscetiacutevel por outra mais tolerante Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar
colmeacuteias sadias
Cria Puacutetrida Americana (CPA)
Agente causador bacteacuteria Paenibacillus larvae As larvas satildeo
infectadas quando comem alimento contaminado
Ocorrecircncia e danos no Brasil foi recentemente detectada em
colmeacuteias no Rio Grande do Sul A contaminaccedilatildeo ocorreu porque os apicultores alimentaram as abelhas com mel e poacutelen importados
contaminados com a bacteacuteria Essa doenccedila pode provocar seacuterios prejuiacutezos pois seu controle eacute bastante difiacutecil jaacute que a bacteacuteria eacute
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
resistente a antibioacuteticos e pode permanecer no ambiente por muito
tempo Por isso natildeo se recomenda a importaccedilatildeo de produtos apiacutecolas ou rainhas de paiacuteses que apresentem niacuteveis altos de infestaccedilatildeo
Sintomas
Favos falhados (Fig 38a) com opeacuterculos perfurados (Fig 38b) escurecidos e afundados
Morte na fase de preacute-pupa ou pupa Larvas com mudanccedila de cor passando do branco para amarelo
ateacute marrom-escuro
Cheiro puacutetrido As larvas mortas apresentam consistecircncia viscosa principalmente
quando apresentam coloraccedilatildeo marrom-escura Para verificar isso deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito
rugoso no alveacuteolo esmagar a cria e puxar devagar observando-se entatildeo a formaccedilatildeo de um filamento viscoso (Fig 39a)
Quando a morte ocorre na fase de pupa observa-se geralmente a liacutengua da pupa estendida de um lado para o outro do alveacuteolo
Presenccedila de escamas (restos da cria jaacute seca e muito escura) coladas nas paredes do alveacuteolo e de difiacutecil remoccedilatildeo (Fig 39b)
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 38 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana favos falhados (a) e
opeacuterculos perfurados (b)
Figura 39 Sintomas de Cria Puacutetrida Americana consistecircncia viscosa da
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
cria - teste do palito (a) e restos de crias mortas e ressecadas colados
nas paredes do alveacuteolo (b)
Controle
Natildeo utilizar antibioacuteticos para tratamento preventivo ou curativo pois pode levar agrave resistecircncia da bacteacuteria e contaminar os produtos da
colmeacuteia aleacutem de ser um gasto adicional para o apicultor O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doenccedila
Quando o apicultor suspeitar da ocorrecircncia da CPA em seu apiaacuterio
devem tomar as seguintes medidas
Marcar as colocircnias com sintomas de CPA Realizar anotaccedilotildees sobre as colocircnias afetadas e relatar a
ocorrecircncia para sua associaccedilatildeo e autoridades competentes tais
como instituiccedilotildees de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura Confederaccedilatildeo Brasileira de Apicultura (CBA) Delegacia
Federal de Agricultura Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)
Enviar amostras dos favos com sintomas para anaacutelise em laboratoacuterios especializados no diagnoacutestico de doenccedilas de abelhas
Limpar equipamentos de manejo (luvas formatildeo fumigador etc) e natildeo utilizaacute-los nas colocircnias sadias
Apoacutes comprovaccedilatildeo da doenccedila por meio do resultado da anaacutelise laboratorial destruir as colocircnias afetadas para isso pode-se
optar pela queima da colmeacuteia completa ou se o apicultor quiser preservar as caixas deve matar as abelhas adultas e depois
queimaacute-las juntamente com os favos Para o reaproveitamento das caixas elas devem ser esterilizadas
A esterilizaccedilatildeo das caixas pode ser feita de duas maneiras
mergulhando as peccedilas em parafina a 160ordmC durante 10 minutos ou em soluccedilatildeo de hipoclorito de Soacutedio a 05 durante 20 minutos
Cria Ensacada
Agente causador Viacuterus Sac Brood Virus (SBV) No Brasil
entretanto a doenccedila tem como agente causador o poacutelen da planta
barbatimatildeo (Stryphnodendron sp) e natildeo o viacuterus Desse modo a doenccedila passou a ser chamada Cria Ensacada Brasileira
Ocorrecircncia e danos em aacutereas onde ocorre a planta barbatimatildeo A doenccedila tem ocasionado prejuiacutezos em vaacuterias regiotildees exceto nos estados
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
do Sul do Brasil Em alguns casos pode provocar 100 de mortalidade
de crias chegando a destruir uma colocircnia forte em menos de dois meses (Message 2002)
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido Coloraccedilatildeo da cria cinza marrom ou cinza-escuro (Fig 40)
Ocorre a formaccedilatildeo de liacutequido entre a epiderme da larva e da pupa
em formaccedilatildeo Quando a cria doente eacute retirada do alveacuteolo com o auxiacutelio de uma pinccedila apresenta formato de saco (Fig 40) ficando
o liacutequido acumulado na parte inferior
Figura 40 Preacute-pupas com sintomas de Cria Ensacada
Controle
Evitar a instalaccedilatildeo de apiaacuterios em locais com incidecircncia da planta
barbatimatildeo Utilizar alimentaccedilatildeo artificial das colmeacuteias na eacutepoca de floraccedilatildeo do
barbatimatildeo Alguns apicultores relatam que deixando de manejar a colmeacuteia
afetada evita-se a perda do enxame Segundo eles o manejo estimula a atividade forrageira da colocircnia o que intensifica a
coleta do poacutelen toacutexico
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Cria Giz
Agente causador fungo Ascosphaera apis
Ocorrecircncia e danos A incidecircncia dessa doenccedila no Brasil tem sido
baixa havendo relato de poucos casos nos Estados do Rio Grande do Sul Satildeo Paulo e Minas Gerais Existe a possibilidade de ser introduzida
por meio da alimentaccedilatildeo das colmeacuteias com poacutelen importado contaminado
Sintomas
Favos com falhas e opeacuterculos geralmente perfurados A morte ocorre na fase de preacute-pupa ou pupa
Natildeo apresenta cheiro puacutetrido A cria morta apresenta coloraccedilatildeo branca ou cinza-escuro e
aspecto mumificado (riacutegida e seca) (Fig 41)
Figura 41 Crias com sintomas de Cria Giz
Controle
Como medida preventiva recomenda-se natildeo utilizar poacutelen importado ou das regiotildees do Brasil onde a doenccedila foi detectada
para alimentaccedilatildeo das colmeacuteias
Doenccedilas e parasitoses de abelhas adultas
Doenccedilas em adultos satildeo mais difiacuteceis de ser diagnosticadas em campo
porque muitas vezes apresentam sintomas similares Desse modo para a confirmaccedilatildeo de doenccedilas ou endoparasitoses deve-se enviar amostras
a laboratoacuterios especializados seguindo as recomendaccedilotildees indicadas no
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
item Como enviar amostras de abelhas com sintomas de doenccedila para
anaacutelise em laboratoacuterio
O sintoma geral da ocorrecircncia de doenccedilas em abelhas adultas eacute a
presenccedila de abelhas mortas ou moribundas rastejando na frente da colmeacuteia Entretanto esses sintomas tambeacutem ocorrem quando haacute
intoxicaccedilatildeo das abelhas por inseticidas
Nosemose
Agente causador protozoaacuterio Nosema apis
Ocorrecircncia e danos No Brasil ocorreu com certa frequumlecircncia ateacute a
deacutecada de 80 e nos uacuteltimos anos natildeo tem sido detectada O protozoaacuterio afeta principalmente o ventriacuteculo (estocircmago da abelha)
causando problemas na digestatildeo dos alimentos e pode provocar disenteria A doenccedila diminui a longevidade das abelhas causando um
decreacutescimo na populaccedilatildeo e consequumlentemente na produtividade das colmeacuteias
Sintomas
Abelhas com tremores e com dificuldade de locomoccedilatildeo O intestino apresenta-se branco-leitoso rompendo-se com
facilidade Operaacuterias campeiras mortas na frente do alvado Em alguns casos
encontram-se fezes no alvado e nos favos
Acariose
Agente causador aacutecaro endoparasita Acarapis woodi
Ocorrecircncia e danos assim como a nosemose a acariose foi mais
frequumlente ateacute as deacutecadas de 70-80 natildeo sendo mais considerada problema nos apiaacuterios brasileiros O aacutecaro se aloja nas traqueacuteias
toraacutecicas perfurando-as e alimentando-se da hemolinfa (sangue das
abelhas) O ataque do aacutecaro pode diminuir a longevidade das abelhas e consequumlentemente reduzir a populaccedilatildeo da colmeacuteia provocando perdas
na produccedilatildeo
Sintomas
Abelhas rastejando na frente da colmeacuteia e no alvado com as asas
separadas impossibilitadas de voar
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Outros organismos que causam danos a crias e adultos
Aacutecaro Varroa destructor
Trata-se de um aacutecaro ectoparasito de coloraccedilatildeo marrom que infesta
tanto crias como abelhas adultas (Fig 42) Reproduzem-se nas crias geralmente em crias de zangotildees Nos adultos ficam aderidos
principalmente na regiatildeo toraacutecica proacutexima a ponto de inserccedilatildeo das asas Alimentam-se sugando a hemolinfa podendo causar reduccedilatildeo do
peso e da longevidade das abelhas e deformaccedilotildees nas asas e pernas
Esse aacutecaro detectado no Brasil desde 1978 atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o Paiacutes Felizmente tem-se mantido
em niacuteveis populacionais baixos em razatildeo da maior toleracircncia das abelhas africanizadas natildeo causando prejuiacutezos significativos agrave produccedilatildeo
Dessa forma natildeo se recomenda o uso de produtos quiacutemicos para o seu
controle As colocircnias que apresentarem infestaccedilotildees frequumlentes do aacutecaro devem ter suas rainhas substituiacutedas por outras provenientes de colocircnias
mais resistentes
Figura 42 Aacutecaro Varroa destructor Vista dorsal (a) ventral (b) fecircmea
adulta e formas imaturas em pupa de operaacuteria (c)
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Traccedilas-da-cera
Satildeo insetos da ordem Lepidoptera de duas espeacutecies Galleria mellonela
(traccedila maior) e Achroia grisella (traccedila menor) Os adultos das duas
espeacutecies depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas principalmente em colmeacuteias fracas As larvas alimentam-se da cera
construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda Os quadros ficam cobertos com grande quantidade de fios de seda e fezes (Fig 43)
Algumas vezes afetam diretamente a cria Atacam tambeacutem a cera armazenada
O controle quiacutemico natildeo eacute recomendado uma vez que os produtos
utilizados podem deixar resiacuteduos na cera os quais poderatildeo ser transferidos para o mel Desse modo recomenda-se a adoccedilatildeo de
medidas de manejo preventivas
Manter sempre colmeacuteias fortes no apiaacuterio uma vez que as fracas
satildeo mais facilmente atacadas Reduzir o alvado das colmeacuteias em eacutepocas de entressafra e de frio
Natildeo deixar colmeacuteias vazias (natildeo habitadas) nem restos de cera no apiaacuterio
Se encontrar foco de infestaccedilatildeo nas colmeacuteias matar as larvas e pupas e remover cera e proacutepolis atacadas utilizando-se o formatildeo
para evitar a disseminaccedilatildeo da traccedila no apiaacuterio Trocar periodicamente os quadros com cera velha das colmeacuteias
Armazenar favos ou lacircminas de cera em locais bem arejados com
claridade e se possiacutevel protegidos com tela evitando armazenar favos velhos que satildeo preferidos pelas traccedilas Temperaturas abaixo
de 7ordmC tambeacutem ajudam no controle Se forem observadas colocircnias que frequumlentemente apresentam
alta infestaccedilatildeo da traccedila deve-se realizar a substituiccedilatildeo de rainhas visando aumentar a resistecircncia
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 43 Danos causados pela traccedila-da-cera Galleria mellonela na
colmeacuteia (a) e no favo (b)
Formigas e cupins
As formigas podem causar grandes prejuiacutezos principalmente quando atacam colmeacuteias fracas Podem consumir o alimento (mel e poacutelen) e
crias aleacutem de causarem grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colocircnia Em ataques severos podem
provocar o abandono da colmeacuteia
Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes diminuindo sua
vida uacutetil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais (Fig 44) Como medidas preventivas ao ataque de formigas e cupins
recomenda-se
Natildeo colocar as colmeacuteias diretamente sobre o solo Destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados nas
imediaccedilotildees dos apiaacuterios
Realizar capinas frequumlentes no apiaacuterio uma vez que a existecircncia de plantas proacuteximas agraves colmeacuteias pode facilitar o acesso dos
inimigos naturais Utilizar cavaletes com protetores contra formigas
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 44 Danos causados por cupins em colmeacuteia
Substituiccedilatildeo de Rainhas
A rainha eacute a responsaacutevel pela manutenccedilatildeo populacional de uma colocircnia
que em muitos casos pode atingir ateacute 100 mil indiviacuteduos e a uniatildeo de todas as abelhas Apesar da grande quantidade de abelhas presente na
colocircnia a vida uacutetil de uma operaacuteria gira em torno de 45 dias o que leva a rainha agrave necessidade da reposiccedilatildeo constante dessa enorme massa
populacional Para isso uma rainha em condiccedilotildees reprodutivas ideais e de potencial geneacutetico elevado pode atingir a incriacutevel taxa de postura de
3000 ovosdia Entretanto apesar de a rainha poder viver ateacute 5 anos em funccedilatildeo do desgaste a que ela eacute submetida principalmente em
regiotildees de clima tropical a taxa de postura tende a decair
acentuadamente quando a rainha atinge os 2 anos de idade (apesar de viver ateacute cinco anos) mas podem tambeacutem existir casos em que mesmo
com poucos meses a rainha natildeo apresenta bom desempenho reprodutivo elevado
Em razatildeo desses fatores recomenda-se a troca ou a substituiccedilatildeo da
rainha anualmente pois sendo peccedila chave para o desenvolvimento da colocircnia e consequumlentemente para o seu potencial produtivo o
apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudaacuteveis Assim eacute interessante que o apicultor saiba os fatores que
influenciam a qualidade de uma rainha
Condiccedilotildees da colmeacuteia onde ela foi formada (populaccedilatildeo sanidade
etc) Idade e peso em que foi fecundada (recomenda-se um peso maior
ou igual a 200 mg) Quantidade de secircmen estocado em sua espermateca
Informaccedilatildeo geneacutetica da rainha e dos zangotildees que a fecundaram
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Condiccedilotildees climaacuteticas e florais da regiatildeo
Quantidade de alimento estocado na colmeacuteia Sanidade da rainha
Por ser responsaacutevel pela transmissatildeo de toda a informaccedilatildeo geneacutetica agrave famiacutelia as caracteriacutesticas dos indiviacuteduos da colmeacuteia seratildeo diretamente
dependentes da qualidade da rainha
Uma rainha para ser considerada boa deve apresentar aspectos como alta taxa de postura resistecircncia a doenccedilas baixa tendecircncia a
enxameaccedilatildeo etc Entretanto algumas caracteriacutesticas tambeacutem podem ser selecionadas conforme a preferecircncia do apicultor como por
exemplo baixa agressividade e capacidade de propolisar etc
Tendo consciecircncia da importacircncia de substituir suas rainhas
anualmente o apicultor poderaacute adquirir novas rainhas de duas formas
Comprando rainhas de criadores idocircneos (de preferecircncia de sua regiatildeo) tomando-se o cuidado para natildeo adquiri-las apenas de um
fornecedor garantindo assim uma maior variabilidade geneacutetica Criando suas proacuteprias rainhas A criaccedilatildeo de rainhas pode ser
realizada de diversas maneiras exigindo do apicultor
conhecimentos especiacuteficos para realizar com sucesso esse manejo
Cuidados na Substituiccedilatildeo
Para que o apicultor possa substituir suas rainhas com eficiecircncia
algumas etapas devem ser cumpridas
O apicultor deve ter certeza de que a nova rainha possui um bom
potencial produtivo Certificar-se se a rainha estaacute ou natildeo fecundada Caso a rainha
seja virgem eacute necessaacuterio que o apicultor se certifique da existecircncia de zangotildees para o futuro acasalamento
Verificar a existecircncia de realeiras antes da introduccedilatildeo da nova rainha Caso positivo eliminaacute-las
A introduccedilatildeo das rainhas deve ser realizada em dias claros sem chuva ou ventos fortes
Introduzir a rainha em gaiolas especiais (diferente tipo eacute
encontrado no mercado) Retirar (eliminar) a rainha velha de preferecircncia 24 horas antes da
introduccedilatildeo da nova rainha
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Uma semana apoacutes a introduccedilatildeo deveraacute fazer uma revisatildeo na
colmeacuteia a fim de verificar a aceitaccedilatildeo ou natildeo (presenccedila de realeiras eou ausecircncia de ovos) da nova rainha
Colheita
O manejo de colheita do mel deve seguir alguns procedimentos visando natildeo apenas agrave sua coleta eficiente mas principalmente agrave manutenccedilatildeo
de suas caracteriacutesticas originais e consequumlentemente agrave qualidade do produto final Eacute importante ressaltar que essa eacute a primeira fase criacutetica
para a obtenccedilatildeo da qualidade total visto que seraacute a primeira vez que o
apicultor teraacute contato direto com o mel sendo o iniacutecio de um longo processo de susceptibilidade do produto em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees de
manipulaccedilatildeo equipamentos instalaccedilotildees e condiccedilotildees ambientais ateacute que o produto chegue ao consumidor final
Vestimentas
O apicultor no manejo da colheita deve estar usando vestimentas
proacuteprias para a praacutetica apiacutecola - macacatildeo ou jaleco e calccedila em condiccedilotildees oacutetimas de higiene ou seja previamente lavados e limpos (Fig 19) O
ideal seria que o apicultor dispusesse de macacotildees apenas para a
colheita do mel e outros para as revisotildees e demais serviccedilos realizados no apiaacuterio (revisatildeo limpeza do terreno etc)
Fatores Climaacuteticos
A colheita do mel natildeo deve ser realizada em dias chuvosos ou com alta
umidade relativa do ar o que levaria a um aumento dos iacutendices de
umidade no mel O apicultor deve dar preferecircncia aos horaacuterios entre 9 e 16 horas em dias ensolarados Depois de coletadas as melgueiras natildeo
devem permanecer expostas ao sol por longos periacuteodos pois as elevadas temperaturas podem levar a um aumento do teor de
hidroximetilfurfural - HMF no mel comprometendo sua qualidade
Uso da Fumaccedila
O mel eacute um produto com caracteriacutestica aromaacutetica acentuada podendo
absorver odores com facilidade mesmo se estiver devidamente
operculado nos quadros em virtude da permeabilidade da camada de
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
cera protetora Sendo assim eacute imprescindiacutevel que o apicultor tome
alguns cuidados em relaccedilatildeo ao uso da fumaccedila para que ela natildeo deixe resiacuteduos no mel o que comprometeria sua qualidade final
Nunca utilizar no fumigador qualquer material que possa ser contaminantes ao mel (esterco de animal plaacutesticos madeiras com
resiacuteduos de tintas ou oacuteleos etc) Recomenda-se exclusivamente o uso de resiacuteduos de origem vegetal como a maravalha ou
serragem de madeira natildeo-tratada e que natildeo apresente forte odor quando queimada
Nunca direcionar diretamente para os quadros a fumaccedila do fumigador devendo-se aplicaacute-la em pequena quantidade de
forma lenta e paralelamente agrave superfiacutecie da melgueira Aplicar fumaccedila fria limpa e livre de fuligem
Aplicar uma quantidade miacutenima apenas o necessaacuterio para a
retirada dos quadros de mel
Seleccedilatildeo dos quadros
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva ou seja ao efetuar-se a abertura das melgueiras o apicultor deve inspecionar cada quadro
priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no miacutenimo
90 de seus alveacuteolos operculados (com uma fina camada protetora de cera) sendo indicativo da maturidade do mel em relaccedilatildeo ao percentual
de umidade O apicultor natildeo deve colher quadros que apresentem
Crias em qualquer fase de desenvolvimento Grande quantidade de poacutelen
Mel verde mel ainda natildeo-maduro com altos iacutendices de umidade que as abelhas ainda natildeo opercularam A quantidade
elevada de aacutegua no mel facilitaraacute a proliferaccedilatildeo de leveduras levando-o a fermentar tornando-o improacuteprio para o consumo e
impossibilitando a sua comercializaccedilatildeo
Transporte das melgueiras durante a colheita
A colheita de mel eacute uma atividade que provoca um desgaste fiacutesico
acentuado para o apicultor uma vez que o peso das melgueiras cheias de mel eacute consideraacutevel Com o intuito de minimizar esse esforccedilo e de se
evitar problemas de sauacutede futuros recomendam-se algumas praacuteticas no
momento da colheita e utilizaccedilatildeo de equipamentos de transporte das melgueiras Todos os equipamentos utilizados para a colheita do mel
devem ser destinados apenas para esse fim de forma a se evitar
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
qualquer possiacutevel contaminaccedilatildeo do produto por substacircncias presentes
nesses utensiacutelios
Cuidados com o veiacuteculo e o transporte
O veiacuteculo usado para o transporte das melgueiras ateacute a casa de mel
deve ser preparado no dia anterior passando por um processo de higienizaccedilatildeo O veiacuteculo natildeo deve ter transportado recentemente
qualquer material que possa ter deixado algum tipo de resiacuteduo (cama de frango produtos quiacutemicos agroquiacutemicos adubo esterco etc) A
superfiacutecie da aacuterea de carga do veiacuteculo deve ser revestida com material
devidamente limpo e livre de impurezas de forma a evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso (lona plaacutestica etc) de forma a
evitar o contato das melgueiras diretamente com o piso
Extraccedilatildeo e Processamento do Mel
Instalaccedilotildees
Para que se possa manipular produtos alimentiacutecios de forma higiecircnica e segura garantindo ao consumidor a qualidade do produto final eacute
indispensaacutevel que esses procedimentos sejam realizados em instalaccedilotildees
e condiccedilotildees adequadas especiacuteficas agrave classe de produtos a serem processados
No caso do mel o local destinado para a sua extraccedilatildeo eacute chama-se de
unidade de extraccedilatildeo normalmente denominada Casa do Mel Para o seu processamento o local indicado eacute o Entreposto de Mel embora essa
etapa possa ser executada tambeacutem na casa do mel caso esta apresente as condiccedilotildees e o dimensionamento recomendado
Casa do Mel
A estrutura fiacutesica da casa do mel apresenta construccedilatildeo e disposiccedilatildeo simples constando de aacuterea de recepccedilatildeo do material do campo
(melgueiras) separada da aacuterea de manipulaccedilatildeo aacuterea de processamento do mel (podendo ser subdividida conforme a etapa de processamento)
aacuterea de envase local de armazenagem do produto final e banheiro em aacuterea isolada (externa ao preacutedio)
A construccedilatildeo deve obedecer agraves normas sanitaacuterias do Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA (portaria nordm 006986)
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Caracteriacutesticas Gerais da Construccedilatildeo
Toda a edificaccedilatildeo deve apresentar alguns requisitos de construccedilatildeo que favoreccedilam a higienizaccedilatildeo do local e evitem a contaminaccedilatildeo do ambiente
por agentes externos (insetos poeira etc) ou por contaminaccedilatildeo cruzada
Equipamentos e Utensiacutelios
Para que o mel possa ser extraiacutedo dos favos sob um processo com qualidade satildeo necessaacuterios alguns equipamentos especiais Para que se
possa garantir a qualidade do produto final todos os equipamentos e utensiacutelios utilizados nas vaacuterias etapas de manipulaccedilatildeo devem ser
especiacuteficos para essa atividade natildeo cabendo qualquer forma de adaptaccedilatildeo No caso dos equipamentos e utensiacutelios que iratildeo ter contato
direto com o produto todos devem ser de accedilo inoxidaacutevel 304 especiacutefico para produtos alimentiacutecios Cada equipamento estaacute relacionado com
uma fase do processamento conforme listado abaixo
Mesa desoperculadora
Garfo desoperculador
Figura 45 Garfo desoperculador
Faca desoperculadora
Aparelho automaacutetico de desoperculaccedilatildeo
Centriacutefuga
Peneiras
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Baldes
Decantador
Homogeneizadores
Figura 46 Modelos de decantador (a e b) mesa coletora de mel e
bomba de mel (b)
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Figura 47 Equipamentos utilizados na extraccedilatildeo e processamento do
mel centriacutefuga (a) e tanque homogeneizador (b)
Higienizaccedilatildeo
Para que se possa garantir ao consumidor a qualidade do produto final
os produtos alimentiacutecios devem ser processados seguindo-se normas rigorosas de higiene tanto das instalaccedilotildees como do pessoal envolvido e
dos equipamentos utilizados Essas normas estatildeo contidas no que se denomina Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo de Alimentos ndash BPF
Limpeza
Destina-se agrave remoccedilatildeo dos resiacuteduos orgacircnicos e minerais presentes nas superfiacutecies do ambiente e equipamentos
Sanificaccedilatildeo
Tem a finalidade de remover dos equipamentos a carga microbiana reduzindo-a a niacuteveis satisfatoacuterios
Eacute importante ressaltar que para que esses procedimentos alcancem
seus objetivos plenamente eacute fundamental que a aacutegua utilizada no processo esteja dentro dos padrotildees de qualidadeApenas essa etapa
deve ser realizada imediatamente antes da utilizaccedilatildeo dos equipamentos Esse procedimento natildeo corrige eventual falho das etapas anteriores
Abaixo se relacionam alguns dos agentes sanificantes
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Agentes fiacutesicos calor e luz ultravioleta
Agentes quiacutemicos compostos clorados (hipoclorito de soacutedio e caacutelcio) e compostos iodados (soluccedilatildeo alcooacutelica a 10)
Processamento
No caso especiacutefico do mel existem outros procedimentos que devem ser seguidos de forma a manterem a qualidade e as caracteriacutesticas
intriacutensecas do produto
As melgueiras ao chegarem na casa de mel devem ser depositadas em aacuterea isolada do recinto onde ocorreraacute a extraccedilatildeo do mel e as outras
etapas do beneficiamento devem ser colocadas sobre estrados (de madeira ou material plaacutestico) devidamente limpos que impeccedilam seu
contato direto com o solo Essas melgueiras provenientes do campo natildeo
devem ter acesso agrave aacuterea de manipulaccedilatildeo assim apenas os quadros devem ser transportados para a manipulaccedilatildeo podendo-se usar outras
melgueiras ou caixas plaacutesticas devidamente limpas apenas para esse fim
Armazenamento
Cuidados especiais devem ser tomados em relaccedilatildeo ao armazenamento tanto do mel a granel (baldes plaacutesticos e tambores) como do fracionado
(embalagens para o consumo final) em relaccedilatildeo agrave higiene do ambiente e principalmente em relaccedilatildeo ao controle da temperatura Altas
temperaturas durante todo o processamento e estocagem satildeo prejudiciais agrave qualidade do produto final uma vez que o efeito nocivo
causado ao mel eacute acumulativo e irreversiacutevel Essas embalagens devem ser colocadas sobre estrados de madeira ou outro material impedindo o
contato direto com o piso e facilitando seu deslocamento no caso da utilizaccedilatildeo de empilhadeiras
Embalagem
Para o mel deve-se utilizar apenas embalagens proacuteprias para o acondicionamento de produtos alimentiacutecios e preferencialmente novos
pois natildeo se recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentiacutecios (margarina oacuteleo etc) Atualmente no mercado existem
embalagens especiacuteficas para mel com vaacuterias capacidades e formatos
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz
Em embalagens a granel (25 kg) o balde de plaacutestico tecircm relaccedilatildeo custo-
benefiacutecio superior ao da lata de metal aleacutem de proporcionar facilidade no transporte (presenccedila de alccedilas) Jaacute para capacidades superiores (300
kg) destinadas agrave exportaccedilatildeo a embalagem usada eacute o tambor de metal
(com revestimento interno de verniz especial) Quanto agraves embalagens para o varejo tanto o plaacutestico especiacutefico para alimentos (Fig48) como
os vidros satildeo recomendaacuteveis embora o vidro seja o material ideal para o acondicionamento do mel inclusive como uacutenico material aceito para a
exportaccedilatildeo (mel fracionado) e para a certificaccedilatildeo orgacircnica
Embora o vidro apresente restriccedilotildees em relaccedilatildeo ao transporte e armazenagem das embalagens (maior risco de danos por quebra) sua
constituiccedilatildeo natildeo propicia a troca gasosa com o ambiente externo (permeabilidade da parede) o que natildeo ocorre com o material plaacutestico
Outro ponto positivo do vidro estaacute relacionado com a sua capacidade de
realccedilar a cor do mel (ponto importante na atratividade do produto)
Figura 48 Variedade de embalagens de plaacutestico para mel
ldquoLEMBRE-SE QUE A ABELHA NAtildeO FAZ MAL FAZ MELrdquo
Obrigado pela atenccedilatildeo Joatildeo Luiz