Criacao de Patos Em Clima Tropical

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    Agrodok 33

    Criao de patos nasregies tropicais

    S.J. van der MeulenG. den Dikken

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    Fundao Agromisa, Wageningen, 2003.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida

    qualquer que seja a forma, impressa, fotogrfica ou microfilme, ou por quaisquer outrosmeios, sem autorizao prvia e escrita do editor.

    Primeira edio em portugus: 2003

    Autores: S.J. van der Meulen, G. den DikkenEditor: Rienke NieuwenhuisIllustrator: Barbera OranjeTraduo: Lli de ArajoImpresso por: STOAS Digigrafi, Wageningen, Pases Baixos

    ISBN: 90-77073-71-X

    NUGI: 835

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    Prefcio 3

    Prefcio

    Os patos so animais resistentes e que se alimentam facilmente de res-

    tos. So mais fceis e mais baratos de criar que galinhas, razo pelaqual atraente criar patos, tanto para a produo de ovos como para asua carne.

    A Agromisa e o CTA elaboraram este Agrodok a fim de apoiar as pes-soas a melhorarem os seus meios de existncia quotidiana, quer sejaatravs da gerao de rendimentos provenientes da criao em peque-na escala de patos ou atravs do melhoramento da dieta diria, atravs

    do consumo dos seus ovos e da sua carne. Esperamos que muita gentepossa beneficiar deste Agrodok.

    Estamos muito gratos ao Sr. Buisonj do Instituto Spelderholt em Be-ekbergen, Pases Baixos, pois, na sua qualidade de especialista na cri-ao de aves de capoeira e de patos, proporcinou-nos informao vali-osa e conhecimento prtico. Aprecimos muito o facto que tenha dedi-cado tempo e trabalho com vista ao melhoramento do contedo desteAgrodok.

    Rienke Nieuwenhuis, editora

    Marg Leijdens, coordenadora das publicaes Agrodok

    Wageningen, 1999

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    Criao de patos nas regies tropicais4

    ndice

    1 Introduo 6

    1.1 Dados bsicos sobre a criao de patos 61.2 Pontos a considerar 81.3 Estruturao deste livrinho 10

    2 Raas e reproduo 122.1 Raas e a escolha da raa 122.2 Reproduo 172.3 Os reprodutores 19

    2.4 Manter um bando de patos 21

    3 A incubao dos ovos e a criao dos patinhos 233.1 A incubao segundo o mtodo natural 233.2 O choco dos ovos numa incubadora 243.3 Vantagens e inconvenientes da incubao artificial dos

    ovos 263.4 Controlo dos ovos antes e durante a incubao 273.5 Seleco dos patinhos 303.6 O cuidado a ter com os patinhos 313.7 Determinao do sexo dos patinhos 33

    4 Sistemas de criao de patos 364.1 Sistemas extensivos e intensivos de criao de patos 374.2 A integrao da criao de patos com a orizicultura 404.3 A integrao da criao de patos com a piscicultura 41

    5 Habitao 475.1 Abrigo nocturno-habitao de pernoita 475.2 Compartimento separado destinado postura 485.3 O pavimento 495.4 Comedouros 505.5 Sistemas de gua potvel 52

    5.6 A importncia da gua 53

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    ndice 5

    5.7 Cuidados dirios com os patos 54

    6 Cuidados sanitrios 566.1 Cuidados sanitrios em geral 56

    6.2 Os cuidados sanitrios preventivos 566.3 Doenas 58

    7 Alimentao 647.1 Diversas maneiras de alimentar os patos segundo o

    sistema de criao 647.2 gua para beber 647.3 Quantidades de comida 65

    7.4 Nutrientes na alimentao 667.5 Composio da rao e necessidades 697.6 Intoxicao alimentar 74

    8 Produtos 768.1 Dados de produo e cuidados dirios 768.2 Cuidados com os ovos 778.3 Produo de carne 808.4 Abate dos patos 808.5 Produo de estrume 82

    9 Manter registos da explorao 849.1 Manuteno de registos 849.2 O clculo do preo de custo 859.3 Um exemplo de como calcular o preo de custo 879.4 Anlise da explorao durante vrios perodos de criao

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    Leitura recomendada 92

    Endereos teis 94

    Glossrio 95

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    1 Introduo

    Este Agrodok trata de uma srie de assuntos que surgem caso se pense

    em criar patos. O seu objectivo fornecer conselhos prticos sobre acriao de patos em pequena escala, para aqueles que trabalham compequenos produtores familiares. O quadro terico apresentado capaci-tar os leitores deste livrinho a desenvolver as prticas mais adaptadas sua situao especfica.

    1.1 Dados bsicos sobre a criao de patos

    O nmero de patos criados em todo o mundo ronda os 700 milhes,dos quais 500 milhes na sia. Apesar desta distribuio desigual noque concerne criao de patos, claro que tal tambm possvel nou-tras partes do mundo, nomeadamente em frica e na Amrica Latina.

    A criao de patos destina-se produo de ovos e carne, tanto paraauto-consumo como para venda. A penugem, as penas e a gordura dofgado para fazer pat, so outros produtos para os quais existem umagrande procura. A criao de patos muito similar das galinhas, em-

    bora tambm apresente diferenas.

    Os patos e as galinhas no so, evidentemente, as nicas aves doms-ticas que se podem criar. Tambm os perus, avestruzes e pintadas (ga-linhas do mato) so bons produtores de ovos e de carne.

    As semelhanas mais evidentes residem nos produtos pelos quais secriam estas aves. Os patos, tal como as galinhas, so bons produtoresde ovos e de carne. A multiplicao das aves jovens desenrola-se pra-ticamente da mesma maneira. Em determinados aspectos o alojamentodos patos deve responder s mesmas exigncias que o das galinhas,especialmente se apenas requerem um abrigo nocturno. Caso os patosestejam fora durante o dia, tal como as galinhas, sero capazes de pro-ver em grande parte pela sua comida.

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    Introduo 7

    No entanto, tambm se constatam diferenas caso se comparem ospatos e as galinhas. A criao de patos apresenta um certo nmero devantagens e de inconvenientes em relao criao de galinhas.

    De forma resumida, so estas as vantagens:? os patos so mais fortes que as galinhas; requerem menos cuidados

    e resistem melhor s doenas.? Os patos tm uma postura maior que as galinhas e, portanto, se o

    objectivo da sua criao a produo de carne, fornecero maispara venda. Os seus ovos tambm so maiores dos que os das gali-nhas.

    ? Se se os compara em termos da alimentao, as galinhas necessitam

    por vezes de uma rao suplementar de cereais e milho. Os patos,por sua vez, comem mais forragem verde e insectos que as galinhase tambm se alimentam de caracis (ver, tambm, a Fig. 11). Assim,encontram, eles mesmos, suplementos nutritivos. claro que tam-

    bm lhos pode fornecer mas menos necessrio que no caso das ga-linhas.

    Seguidamente apresentamos os inconvenientes:? Tanto a carne como os ovos dos patos no tm o mesmo sabor que

    os das galinhas, no sendo apreciados por toda a gente. Se houvermuita gente que no goste do seu gosto, a sua produo e a sua ven-da pode ser difcil.

    ? Para alm do gosto da carne ser diferente, o seu aspecto tambm o a carne de galinha branca enquanto a do pato vermelha e escu-ra e, para finalizar, a carne de pato tambm contm mais gorduraque a da galinha. Esta caracterstica no constitui em si , forosa-mente, uma desvantagem. Em certos lugares as pessoas apreciam,exactamente, uma carne mais gorda.

    ? Os patos so aves aquticas e tm necessidade, pelo menos algumasraas, de gua para se reproduzirem e crescerem bem. Um tanqueou um charco pode ocupar bastante espao e necessrio que te-nham uma manuteno para que permaneam limpos e higinicos.Os patos tambm se podero banhar numa bacia com gua, mas

    preciso mudar a gua regularmente. Tanto os charcos como os tan-

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    que e bacias tm que ser mantidos limpos e higinicos. As necessi-dades de gua variam segundo a raa (espcie) de pato. Os patosAlmiscarados (tambm chamados de Barbary) tm menos necessi-dade de se refrescarem e, por isso, tm uma necessidade menor de

    gua para se banharem. Os patos de Pequim provm, originriamen-te, de climas mais frios e vivem cerca da gua. Estes patos necessi-tam de gua para manterem uma boa temperatura do corpo.

    Figura 1: Patos perto de um tanque de gua (fonte: CICUTEC)

    1.2 Pontos a considerarExistem muitas maneiras de criar patos. O mtodo mais simples re-quer um capital inicial pequeno, sendo os patos criados no ptio daexplorao agrcola, solta, num sistema de produo integrado. o

    que se chama o sistema de criao livre. No outro extremo procede-se criao de patos como nica actividade da explorao agrcola, emgrande escala, com capital intensivo e que tem lugar num abrigo co-

    berto ou se encontram encerrados num recinto fechado. Entre estesdois sistemas existem muitas outras formas em que os patos so cria-dos em abrigos cobertos mas que saem para o ar livre, o que constituium sistema de semi-encerramento.

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    Estes sistemas possibilitam um maior controlo sobre a sade dos ani-mais em comparao com o sistema em que as aves so criados com-

    pletamente solta e os investimentos no so to elevados comoquando se trata de criao num sistema de encerramento. Este o tipo

    de criao cuja propagao a Agromisa advoga na medida em quepermite a criao de patos em pequena escala, mais rentvel.

    A fim de poder decidir qual a maneira em que quer criar patos, ne-cessrio que o agricultor ou o extensionista considere um certo nme-ro de aspectos:

    ? Os patos so para auto-consumo ou tambm se destinam, em parte,

    para venda?No caso de estar a pensar criar patos com o objectivo de vender osseus produtos, importante saber se existe um mercado para osovos e a carne.

    ? A criao dos patos coaduna-se com o resto das outras actividades?Tem espao para os patos?Alm de ser preciso espao para o abrigo e o abastecimento de gua

    para os patos, o seu cuidado dirio tambm ocupa tempo e pode in-terferir com as outras actividades.

    ? Aonde poder obter os patinhos para erigir o seu bando de patos?Proceder sua reproduo ou comprar os patinhos quando os ne-cessitar? Caso pretenda compr-los, conseguir assegurar-se queobter, futuramente, um fornecimento regular?Caso o comerciante ou criador no possa garantir o fornecimento de

    patinhos, dever tomar em considerao a possibilidade de os criarvoc mesmo. Ser que dispe de tempo e de pacincia para o fazer?

    ? O que dar aos patos como alimentao e aonde a poder obter? Nasua explorao agrcola dispe de comida suficiente ou ter quecomprar certos tipos de comida?Os patos podero eles prprios providenciar em grande parte a suaalimentao, mas preciso tambm dar-lhes algo suplementar. Casoos patos sejam criados solta tm mais probabilidades de sofreremde carncias de vitaminas e minerais.

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    1.3 Estruturao deste livrinhoO Captulo 2 descreve diferentes tipos de patos e as suas respectivascaractersticas que determinam os diferentes objectivos para que sousados. Quando se cria patos importante a manuteno do bando, oque pode ser feito chocando os seus ovos ou podendo-se comprar pa-tinhos, numa base regular e cri-los. O Captulo 3 trata de factores emaneiras importantes de incubao dos ovos e da criao dos peque-nos patinhos.

    O Captulo 4 descreve trs sistemas de criao de patos: solta, semi-encerrados e em recintos fechados. dado realce a dois sistemas de

    produo integrados: criao de patos em combinao com orizicultu-ra e com piscicultura. No Captulo 5 fala-se sobre o abrigo dos patos,descrevendo-se diversos tipos de abrigo, as dimenses necessrias,assim como a alimentao e recipientes para gua.

    O Captulo 6 debrua-se sobre alguns aspectos bsicos de cuidadossanitrios preventivos, em que a higiene dos abrigos e dos seus arredo-res constituem o factor mais importante. Os patos so, basicamente,

    animais bastante resistentes, mas para o caso em que sejam acometi-dos de alguma doena, descrevem-se as principais doenas. No Cap-tulo 7trata-se da alimentao. Embora os patos consigam encontrar asua prpria comida pode-se obter, muitas vezes, nveis mais altos de

    produo adicionando suplementos sua comida. Neste captulo res-saltam-se as diversas necessidades de alimentao para as patas poe-deiras e para a produo de carne.

    Na sua maioria a criao de patos destina-se produo de ovos ou decarne. O Captulo 8 fornece uma indicao dos nveis de produo quese podero alcanar. Neste captulo tambm se discute o cuidado a tercom os produtos.

    O Captulo 9 recorda o facto que se se mantiver um registo do queacontece na sua explorao fcil ter uma panormica geral e de me-lhorar a gesto da mesma.

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    evidente que cada explorao agrcola possui as suas prprias carac-tersticas, embora muitas vezes tambm existam semelhanas dentroda mesma regio. Por este motivo deve-se considerar este Agrodokcomo um manual no qual se apresentam vrias possibilidades. Cabe a

    si fazer uma deciso sobre o que possvel e desejvel de acordo coma sua situao especfica e os melhoramentos que poder fazer.

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    2 Raas e reproduo

    2.1 Raas e a escolha da raaQuando se comea com a criao de patos necessrio comprar osanimais. ento que se escolhe a raa, caso exista a possibilidade deescolher entre vrias. Contudo, na realidade nem sempre possvelescolher entre diversas raas. Em muitos locais apenas existe umaraa. claro que, eventualmente, se pode importar patos de outrasregies ou at mesmo de outros pases, o que nem sempre possvel

    para os camponeses individuais mas que permanece uma alternativa a

    considerar.Caso haja a possibilidade de escolher entre vrias raas, ento neces-srio ter em considerao quais so os seus objectivos de produo:ovos, carne ou ambos. Caso a sua finalidade de criar patos seja para a

    produo de ovos, ento necessrio se torna ter boas patas poedeiras,que normalmente so mais pequenas e menos pesadas que os animaisque apenas so criados para engorda. O que lhes falta em tamanho e

    peso compensado por serem melhores poedeiras, pondo mais ovos,de um modo geral, que as patas para engorda. As patas destinadas produo de carne, tm, de modo geral, uma maior postura e so maispesadas, no sendo to importante a quantidade de ovos que pem eso muitas vezes abatidas mesmo antes de atingirem a idade de pode-rem produzir ovos.

    Em muitos dos sistemas de produo agrcola, especialmente no que

    concerne pequena produo familiar, ambas as forma de criao depatos, quer dizer tanto para a produo de ovos como de carne, serevestem de importncia. Patas que so boas poedeiras e, simultanea-mente, podem produzir uma boa quantidade de carne, so melhores

    para esta forma de produo agrcola. Tal como mencionmos anteri-ormente, pode ser que no haja possibilidade de escolher uma raa e,nesse caso, ter simplesmente que usar a raa que mais fcil de ob-ter.

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    Raas e reproduo 13

    Contudo, em muitas regies s existir uma nica raa de patos que conveniente para criao. A vantagem de usar os patos que so pass-veis de se conseguir localmente que se podem obter caso se necessi-te de os substituir ou aumentar os nmeros da sua criao. Tambm se

    pode ter em conta a possibilidade de obter animais de outra regio ouat mesmo importar patos de um outro pas. claro que tal no pos-svel para todos os agricultores, mas poder constituir uma possibili-dade em alguns casos.

    A criao de patos mais comum na sia do que em frica ou naAmrica Latina, o que significa que nesse continente se pode obteruma maior variedade de raas. Cada raa de patos est bem adaptada

    s condies da rea donde proveniente, o que no significa, portan-to, que uma raa que boa poedeira na sia ser, automaticamente,tambm uma boa poedeira em frica. Caso na sia os patos sejamalimentados com raes que no so possveis de obter em frica, a

    produo de ovos ser menor nessa regio do globo.

    Seguidamente iremos descrever algumas raas de patos. Embora asdescries apresentadas sejam gerais, do-se a conhecer as caracters-ticas mais tpicas.

    O pato de Barbary ou AlmiscaradoEste pato provm originalmente da Amrica Central e bom para pro-duo de carne. fcil de reconhecer pelas protuberncias carnudasvermelhas em redor do bico e dos olhos. importante saber que esta raa de pato viviaoriginariamente, em cima das rvores e, que,

    portanto, pode voar. Por isso, para impedir queestes patos fujam, voando, necessrio aparar-lhes as asas.

    Um pato Almiscarado utilizado para engordapode atingir um peso de 3 a 5 quilos. Esta raano cresce muito rapidamente e o seu peso

    final depende da maneira como criado e ali-

    Figura 2: Pato al-miscarado (fonte

    desconhecida)

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    mentado. A carne de um pato almiscarado razoavelmente magra. Nasregies em que se prefere uma carne mais gorda ser, pois, melhorescolher uma outra raa. A pata comea a pr ovos quando tem maisou menos 7 meses. Existem dois perodos de postura demarcados: o

    primeiro dura 30 semanas e o segundo 22 semanas.

    O pato comum: grupo de vrias raasEste grupo engloba vrias raas que tm a sua origem na sia e foramimportadas em frica. So as seguintes as mais importantes:

    ? O pato de Ruo: uma raa poedeira razoavelmente boa. O macho cinzento claro com pescoo verde e a fmea

    castanha clara.

    ? O pato Kaki-Campbell: a sua cor beije(kaki), de onde diverge o nome. uma raa

    boa poedeira e um cruzamento entre asraas corredor indiano e o pato de Ruo.Embora originalmente se trate de um cru-zamento, actualmente reconhecida tam-

    bm como raa. A raa Kaki-Campbelladapta-se bem a um clima tropical. Sob bo-as condies esta raa poder pr mais de250 ovos por ano.

    Patos de PequimTrata-se de um pato completamente branco originrio da China. uma raa tipicamente produtora de carne, tal como o pato almiscarado,embora se desenvolva um pouco mais rapidamente que essa raa.Uma das caractersticas que indica que o pato de Pequim bom quan-to produo de carne o facto de poder atingir um peso de 3 kgscom a idade de 7-9 semanas. Os machos geralmente alcanam um pe-so mximo de 3,5-4 Kgs e as fmeas de 3-3,5 Kgs. As fmeas pemovos a partir dos 5 meses e a sua postura pode ir at 120 ovos por ano.Esta raa originria de um clima frio. A carne destes patos bastante

    Figura 3: Pato KakiCampbell (fontedesconhecida)

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    gorda, ao contrrio da dos patos almiscarados. uma raa sossegadaque prefere andar que voar.

    Cruzamentos

    Os cruzamentos de raas so efectuados nor-malmente com o objectivo de se obter umacombinao das caractersticas boas de ambasas raas. Acontece que o resultado de um cru-zamento de raas utilizado num outro cru-zamento, atingindo-se, s vezes, raas cruza-das de cada vez. Existem algumas raas-hbridas padro:

    ? Um macho de Pequim cruzado com umafmea Kaki-Campbell. Trata-se de um cru-zamento de uma espcie boa produtora decarne com uma boa produtora de ovos. Desta maneira a raa hbridaapresentar ambas as caractersticas: boa produtora tanto de carnecomo de ovos. As primeiras e segundas geraes (a que nos referi-remos como F 1 e F 2) so bastante utilizadas. As geraes posterio-res j no so to utilizadas, visto que os melhoramentos que advmde um cruzamento, neste estgio comeam a declinar.

    Figura 5: Um macho de Pequim com uma fmea Kaki-Campbell

    ? O pato muar um cruzamento entre um macho almiscarado e uma

    fmea comum. Na medida em que se trata de duas espcies muito

    Figura 4: Pato dePequim (fonte des-conhecida)

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    diferentes, o resultado, o pato muar, estril e no pe ovos fecun-dados. O pato muar uma ave de rpida engorda, sendo utilizadaespecialmente com este propsito.

    Outras raasPara alm das raas supradescritas existem muitas outras raas assimcomo cruzamentos, entre elas:

    ? O pato corredor indiano (proveniente da ndia)

    ? Nageswari (tambm da ndia)

    ? O pato chins (da Indochina)

    ? O pato de Java (da Malsia e daIndonsia)

    ? Tsaiya Castanho (Brown) (deTaiwan)

    Muitas das raas de patos soprovenientes da sia e so criadas pela sua produo de ovos. Poresta razo as aves destas raas noapresentam uma postura grande.O animal adulto pesa entre 2 e 3Kgs.

    Variedade da produoCada uma das raas apresenta as suas caractersticas prprias em ter-mos de produo de ovos, taxas de crescimento e de sobrevivncia.Sempre que possvel obter dados os mesmos devem ser utilizadoscomo linhas directrizes que ajudam na tomada de decises. Estes da-dos dependero muito das condies locais aonde os mesmos so re-colhidos. No Captulo 7 so apresentados mais pormenores no referen-

    te a dados de produo.

    Figura 6: Patos corredores in-dianos (fonte desconhecida)

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    Caso haja agricultores na sua regio (ou em outras regies com condi-es semelhantes) que j se dedicam criao de patos, vale a penavisit-los para ver como procedem criao destas aves e qual o fimque se destinam, o que lhe proporcionar uma ideia do que poder es-

    perar.

    2.2 ReproduoUma vez obtido um certo nmero de patos da raa seleccionada, ne-cessrio considerar como ir conseguir manter um determinado nme-ro de patos produtivos, ao cabo de um perodo mais longo.

    Caso a finalidade de criar patos seja puramente a venda dos ovos ecompra as crias unicamente quando delas necessita, apenas precisa defmeas.

    Caso pretenda reproduzir os seus patos, nesse caso tambm necessita-r de machos para assegurar que dispe de ovos fecundados. Se o ob-

    jectivo da criao a produo de carne dever assegurar-se que dis-pe de suficientes patas poedeiras adultas para desse modo contar comum nmero de patinhos.

    So as seguintes as vantagens de reproduzir voc mesmo os patos:

    ? No est dependente de terceiros para o fornecimento das crias.? No necessitar de dispender dinheiro na compra dos patinhos.

    As desvantagens apresentadas so as seguintes:

    ? Ter que incubar os ovos, os quais no podero ser vendidos. Terque gastar tempo e dinheiro na incubao dos ovos.

    ? O trabalho com a incubao dos ovos pode ser em vo caso os pati-nhos no nasam.

    ? Embora a finalidade seja a produo de ovos, tambm ter quemanter e alimentar machos improdutivos, com o objectivo de obter

    ovos fecundados.

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    Para os pequenos agricultores mais rentvel eles mesmos reproduzi-rem os patos, especialmente se o nmero de patinhos de que necessi-tam muito pequeno.

    Dois mtodos de reproduo:

    ? Reproduo naturalCaso mantenha os patos e as patas juntos, obtendo deste modo ovosfecundados ou patinhos, tal no constituir um problema. Caso talocorra em completa liberdade no se poder saber qual o macho quecobre quais fmeas.

    ? Reproduo controladaPode-se tambm dirigir o processo, para que dessa forma possa utili-zar os patos que possuem as melhores caractersticas. Com este mto-do os patos so criados especialmente para a produo de novas crias,e so conhecidos como reprodutores (ver seco seguinte).

    Em que medida se pode determinar qual o pato que vai acasalar-secom tal pata, depende da maneira em que so criados. Caso os mes-mos apenas sejam mantidos dentro durante a noite mas possam deam-

    bular livremente solta durante o dia procura de comida, ento tor-na-se muito difcil at mesmo saber qual a pata que se acasalou como tal pato. Caso a criao de patos se efectue deste modo no valer a

    pena tentar determinar a escolha do parceiro. A melhor coisa a fazer pr dentro do bando uns quantos patos com boas caractersticas e dei-x-los que tomem o seu prprio caminho. Este o mtodo mais sim-

    ples e mais natural de assegurar a reproduo.

    Caso disponha de mais possibilidades e tempo pode-se ento conside-rar dividir galinheiros grandes em vrios compartimentos, e desta ma-neira, pr um pato junto a um certo nmero de patas (4-8) para que se

    possam acasalar. Mas isso requer mais espao e materiais de aloja-mento.

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    2.3 Os reprodutoresComo j mencionmos os reprodutores so patos que possuem as ca-ractersticas pretendidas nos patinhos. Por exemplo, poder escolher-se cruzar um pato que cresa bem e produza uma boa quantidade decarne com uma pata que seja boa poedeira. No entanto preciso terem mente que nem sempre todas as caractersticas so transmitidas

    progenitura, mas existe a probabilidade de se obter uma boa espciecaso se utilizarem pais com boas caractersticas. Essas caractersticasque se pretende obter podem ser caractersticas de produo ou carac-tersticas fsicas.

    ?

    Caractersticas de produoA maior parte das caractersticas relacionadas com a produo soquantificveis: nmero de ovos, peso da carne, etc. Uma particulari-dade importante destas caractersticas que so influenciadas pelomeio ambiente. O criador de patos pode modific-las. Por exemplo,caso se crie patos devido produo elevada de carne, s a fornecercaso obtenha comida suficiente. No caso contrrio, o animal no atin-gir o peso que poderia ter.

    Se se pretende aumentar os nveis de produo de patos dever-se-,em primeiro lugar, olhar cuidadosamente para o abastecimento de co-mida, taxas de enfermidades e habitao. Uma vez que se tem a certe-za que se pode obter a melhor comida disponvel e que os patos sosaudveis e que esto bem alojados, nessa altura poder-se- comear acriao com um objectivo preciso.

    ? Caractersticas fsicasTratmos da seleco para caractersticas de produo. As caractersti-cas fsicas tambm podem ser importantes, por exemplo a qualidadedas patas (ps). Caso alguns patos dentro do bando tenham patas emmau estado, aconselha-se no os utilizar para efeitos reprodutivos poisestas caractersticas podem ser herdadas pela sua progenitura. As ca-ractersticas fsicas no podem ser influenciadas pela quantidade decomida ou pelo tipo de habitao. Um pato ter ou no patas torcidas

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    ou cor castanha, e portanto fcil utilizar esta caracterstica como cri-trio de seleco.

    O maneio dos patos machos e fmeas

    De modo a garantir que se possui um nmero suficiente de ovos fe-cundados, uma boa proporo de um pato para seis patas, embora sepossa ir at um pato para oito patas.Caso a relao patas patos seja menor, aumenta a possibilidade dafecundao de ovos, mas no se recomenda um nmero inferior a qua-tro patas para cada pato. Um nmero relativamente elevado de machosdentro de um bando de patos faz que todo o grupo se torne inquietomas tambm significa que se tem mais aves a alimentar e que necessi-

    tam de cuidados mas que no so produtivas, a menos que se possamvender quando abatidas.

    Tente introduzir os machos dentro do bando aproximadamente umms antes que se necessite os ovos fecundados, deste modo ter-se- agarantia que se verificaram acasalamentos suficientes para se obter afecundao dos ovos. A primeira vez que as patas acasalam pode serque no se verifique uma fecundao dos ovos.

    Pensa-se frequentemente que o acasalamento apenas se d dentro degua. Tal no estritamente necessrio mas constitui uma boa ideia

    proporcionar que as patas tenham acesso gua de um tanque oucharco, de gua limpa ou at mesmo um recipiente grande cheio degua. Patos so aves aquticas e eles podem manter-se limpos (e destemodo mais saudveis) caso disponham de gua aonde se possam ba-nhar e nadar. Tal no necessrio no caso dos patos almiscarados namedida que originariamente so aves que vivem nas rvores. precisono esquecer que a gua pode ser uma fonte de propagao de doenase de parasitas. As patas no choco que se podem manter limpas conse-guem conservar melhor o nvel correcto de humidade dos ovos.

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    Raas e reproduo 21

    2.4 Manter um bando de patosH dois mtodos para se obter e manter um bando de patos possuido-res das melhores qualidades possveis. Ambos os mtodos devero seraplicados ao mesmo tempo:

    1 Seleccionar fmeas e machos para a reproduo (ver o exposto an-teriormente)

    2 Eliminar os animais com uma sade precria ou cuja produo sejamedocre

    Os animais que primeiramente devero ser retirados do bando so

    aqueles que se encontram de tal forma doentes que no possvel, ourentvel, cur-los (para mais informao sobre cuidados de sade, vero Captulo 6).Tambm preciso eliminar as patas velhas que j tiveram vrios ciclosde pr ovos e que j no so produtivas, dando lugar s patas maisnovas.Depois de se fazer isso, a seleco seguinte ser a das patas que pos-suem caractersticas indesejveis, quer dizer, as que no produzem

    suficiente. No faa reproduo das aves utilizando patas que no soboas poedeiras ou no engordam bem pois existe a possibilidade deelas transmitirem estas caractersticas sua progenitura.A deciso ser a de se eliminar alguns animais, especialmente as patasmais velhas, o que depender, em grande medida, de quando nasceroos patinhos.

    Existem trs diferentes mtodos de se proceder a uma seleco com

    vista eliminao dos animais, os quais passaremos a descrever.

    Sistemas de seleco

    ? sistema contnuoNeste sistema acrescenta-se regularmente alguns patinhos ao bando.As aves no se encontram separadas segundo grupos de idade por-que no existem grupos de idade claramente definidos. Para alm de

    vigiar se os animais no ficam doentes, dever controlar tambm os

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    animais mais velhos dentro do bando e retir-los uma vez que setornem improdutivos.

    ? sistema de eliminao gradual criao segundo lotes distintos

    Todo o bando renovado de tempos a tempos, regularmente. Nestesistema no ter que controlar quais so os animais mais velhos poistodos tm a mesma idade. Contudo, dever verificar se existem avesdoentes e elimin-las imediatamente. Caso utilize este mtodo, terdiferentes grupos de idade em diferentes fases de produo. Destamaneira evita-se chegar a uma situao em que no haja maisquaisquer animais e, consequentemente, produo.

    ? sistema semi-contnuoEste sistema engloba os mtodos que no so nem verdadeiramentecontnuos ou de criao segundo lotes distintos. Por exemplo, po-der-se- controlar regularmente os patos que tm que ser elimina-dos, mas de algumas em algumas semanas procede-se a uma gran-de limpeza. Nessa altura controla-se todos os animais cuidadosa-mente para ver se ainda esto em boas condies.

    O nmero de patos que devero ser eliminados depende dos patinhosque se podem criar a partir de cada ciclo de postura de ovos. Tem quese ser cuidadoso para que o nmero existente no bando no diminuademasiado caso se queira manter a sua produo a um nvel constante;caso retire mais animais que o nmero que poder repor, a sua produ-o decrescer. Se quiser aumentar a sua criao de patos ter que seassegurar que poder substituir mais patos dos que poder eliminar.

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    3 A incubao dos ovos e a criaodos patinhos

    Antes de se ter ovos fecundados, preciso decidir se so as patas quecobriro os ovos ou se se utilizaro incubadoras artificiais. Caso seja a

    pata que proceda incubao dos ovos, os ninhos tero que estarprontos a tempo para dar pata a possibilidade de se instalar conforta-velmente. Ela tomar conta dos ovos e no ter que se preocupar mui-to porque a ave velar, ela mesma, para que as circunstncias (tempe-ratura e humidade ambientes) sejam as melhores.

    Caso se utilize uma incubadora artificial, dever t-la pronta a tempo elimpa para l colocar os ovos. preciso vigiar de perto a temperaturae a humidade da incubadora. claro que difcil que as condies detemperatura e de humidade da incubadora sejam as mesmas que as deum animal. Exige a utilizao de aparelhos elctricos com um nveltcnico elevado e que tm que ser utilizados com preciso. Ocorrnci-as imprevistas, tais como falhas de electricidade ou esgotamento das

    reservas de combustvel podem provocar situaes desastrosas. Poresta razo ter que se ponderar acuradamente sobre as vantagens einconvenientes do choco natural versus o artificial quais so os cus-tos envolvidos (no apenas em dinheiro mas tambm em tempo) equais os benefcios esperados.

    3.1 A incubao segundo o mtodo natural

    Este o mtodo que consiste na incubao realizada por intermdio deuma pata. A grande vantagem oferecida por este mtodo que no senecessita de prestar muita ateno aos ovos. O requisito mais impor-tante que a pata que ir incubar os ovos seja suficientemente boachocadeira, quer dizer que tenha vontade de permanecer sobre os o-vos. Reconhece-se esta caracterstica da pata no momento em que temque chocar os ovos, pelo tempo que fica em cima dos mesmos. Osovos no podem ser deixados sem ser cobertos durante muito tempo

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    pois arrefecero demasiado, e tal por em perigo o desenvolvimentodos pequenos patinhos.

    A maior parte das patas chocaro os seus prprios ovos. Mas tambm

    possvel que uma pata choque ovos que no so seus. Desta maneirauma nica pata poder incubar 12 ovos postos ao mesmo tempo. Apata almiscarada possui bons instintos maternais e, por esta razo, po-der ser usada para chocar os ovos de outras raas de patas. A pataalmiscarada tambm maior que muitas outras raas, incubando assimmais ovos de uma vez. Ter que ver quantos ovos cabero debaixo deuma pata almiscarada, mas entre 12 e 15 cabero facilmente.

    Tambm se podero utilizar galinhas para chocarem ovos de pata. Namedida em que os ovos de pata so maiores do que os das galinha,uma galinha s poder incubar, ao mximo, 8-11.

    3.2 O choco dos ovos numa incubadoraUma incubadora uma caixa que contm tabuleiros dentro dos quaisse pode pr os ovos. Uma incubadora dever ser capaz de tomar o lu-gar de uma pata, dever manter os ovos a uma temperatura constante e humidade adequada. necessrio que tenha uns furinhos pequenosde modo a permitir que circule ar dentro em quantidade suficiente,sem que se perca todo o calor interior.

    H diversos tamanhos e formas de incubadoras e possvel vocmesmo fabricar uma pequena incubadora. No Agrodok 34 Incubaonatural e incubao artificial dos ovos faz-se uma descrio elabora-da de como utilizar e fazer uma incubadora. Embora esse Agrodoktrate principalmente sobre galinhas, muito do que l est escrito tam-

    bm se aplica s patas. No texto est indicado caso as patas tenhamoutras necessidades. A Figura 7 mostra um exemplo de uma incubado-ra simples.

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    Figura 7: Uma incubadora pequena (Fonte: Agrodok 34)

    Aquecimento e temperaturaUma incubadora deve manter uma temperatura constante. A melhortemperatura para a incubao de 38 C. A fonte de calor usada naincubadora (lmpada elctrica ou a leo) deve gerar calor de uma for-

    ma uniforme. Os ovos so postos num tabuleiro ou em recipientes co-locados no centro da incubadora. Pode-se controlar a temperaturaatravs de um termmetro suspenso, perto dos ovos. A temperaturanecessria dever ser, aproximadamente, de 38 C (ver Quadro 1).

    Quadro 1: Incubao artificial de ovos de patos

    Nmero de dias de incu-bao

    Temperatura (C) Nmero de vezes por diaque necessrio virar osovos

    01-24 38 524-26 38 526-28 37,5 0

    Caso a temperatura seja mais baixa ou mais elevada o patinho no po-der desenvolver-se bem. No melhor dos casos os patinhos crescemdemasiadamente devagar mas acabaro por sair do ovo. No pior dos

    casos os patinhos morrem antes de sair do ovo.

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    HumidadeUma incubadora dever garantir uma boa humidade ambiente e uma

    boa ventilao. A humidade do ar deve ser bastante elevada, sem serexcessiva, principalmente no incio do perodo de incubao, porque

    preciso que parte da humidade no ovo evapore, para evitar que o em-brio se afogue. Caso a humidade seja demasiado baixa em estgiosulteriores pode resultar na dessecao dos ovos. As cascas dos ovosso constitudas de muitos buraquinhos, que no so visveis a olhonu, atravs dos quais os ovos regulam a necessidade de lquido quecontm. possvel controlar a humidade colocando um recipiente degua dentro da incubadora. Caso se constate, quando se vira os ovosque a evaporao da humidade demasiado lenta, preciso retirar o

    recipiente ou fazer com que haja uma maior ventilao.

    Na vspera da ecloso dos ovos, a humidade do ar tem que ser aumen-tada, borrifando os ovos para que os patinhos no saiam num ambientemuito seco. Os patinhos tambm necessitam de ar fresco, a razo pelaqual deve haver furos de ventilao na incubadora.

    Durao da incubao

    Quase todas as espcies de patos levam o mesmo perodo de tempo para incubarem os seus ovos, normalmente entre 25 e 28 dias. Namaior parte dos casos de 28 dias. Os patos almiscarados tm um pe-rodo de incubao mais longo cerca de 35 dias e os patos muares(hbridos), aproximadamente 32 dias. Caso a incubao dure mais doque 4-5 semanas provavelmente h algo que no est bem com o ovo

    ou no foi fecundado ou morreu durante a incubao.

    3.3 Vantagens e inconvenientes da incubaoartificial dos ovos

    Vantagens? Pode-se incubar uma maior quantidade de ovos ao mesmo tempo.

    mesmo possvel que a quantidade de ovos seja suficiente que permi-

    ta vender os patos de um dia.

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    Inconvenientes? necessrio proceder a investimentos a fim de se comprar uma in-

    cubadora;? necessrio dispor de tempo para controlar o processo de forma a

    garantir que a temperatura e a humidade so as adequadas e o calorrecebido normal;? Caso opte por uma fonte de calor elctrica, cortes de energia even-

    tuais podem ter consequncias dramticas;? A incubao artificial requer experincia, especialmente no incio

    em que o risco de os ovos no eclodirem ou dos patinhos morrerem muito elevado.

    ConclusoCaso no tenha tenes de incubar de uma vez mais de 100 ovos novale a pena arriscar tanto.

    Na maior parte dos casos ser melhor deixar as patas desempenharemo trabalho no qual so to boas: incubarem os seus prprios ovos etomarem conta da sua ninhada.

    3.4 Controlo dos ovos antes e durante aincubao

    preciso controlar os ovos antes mesmo de os colocar na incubadora.Os ovos partidos, deformados ou muito sujos devem ser retirados. Nose pode verificar nesta altura se os ovos se encontram ou no fecunda-dos. Tal apenas possvel quando o embrio se comea a desenvolver

    e comea a ser visvel. Sete dias aps o incio da incubao o embrioencontra-se suficientemente desenvolvido para que se possa ver.

    Pode-se verificar se o embrio no ovo est vivo segurando-o e exami-nando-o contraluz. Mas para ser possvel ver o embrio no ovo, co-loque-o num orifcio no qual o ovo se encaixa perfeitamente. Olheatravs deste orifcio e segure-o para cima em direco a uma fonte deluz forte, tal como seja o sol, uma lmpada forte ou uma vela brilhan-

    te.

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    Ou tambm poder fabricar um aparelho artesanal para examinar osovos, tal como mostrado na figura 8.

    Figura 8: Examinador dos ovos (fonte: Smith, 1992)

    Existem trs ocasies em que se deve controlar os ovos para ver se

    existem problemas:? antes da incubao,

    controle se existem ovos rachados ou deformados? depois de 5-7 dias de incubao,

    nessa altura o embrio deve ser visvel? ao cabo de 18-19 dias de incubao,

    nessa altura o ovo deve estar cheio com um embrio opaco com

    uma cor amarela uniforme

    Quando a prpria pata que incuba os seus ovos, no se dever control-losaps o 8o. dia da incubao. No se dever incomodar a pata para que estapossa, sossegadamente, chocar os seus ovos.

    Se deparar com ovos que no esto a desenvolver-se normalmente ounos quais se encontra um embrio morto, deve-se retir-los do ninhoou da incubadora. Caso um ovo tenha uma aparncia estranha, mar-

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    que-o de modo a que possa examin-lo atentamente na prxima vezque examine os ovos. A Figura 9 ilustra as fases de desenvolvimentoque devem ser visveis quando verifica os ovos.

    Figura 9: Fases de desenvolvimento de um ovo desde o incio daincubao (fonte: French, 1982)

    Lista de controlo dos cuidados a ter com os ovos emincubao? Use ovos frescos (postos h pouco). Os ovos que vo ser incubados

    devem ser provenientes dos ninhos. Proceda sua recolha uma vez

    por dia, pois as patas s pem ovos de manh. No caso de os ir bus-car, por exemplo, s 9 horas da manh vale a pena confirmar umavez mais, aproximadamente uma hora mais tarde, se a pata no ter

    posto ovos, pois algumas pem-nos mais tarde.

    ? Seleccione os melhores ovos, segundo o seu tamanho, forma e es-trutura da casca e escolha apenas ovos que estejam limpos. Os ovosque satisfazem o critrio de melhor forma e tamanho so, normal-

    mente, os que apresentam mais probabilidades de serem chocados.

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    ? Caso pretenda incubar muitos ovos simultaneamente poder reco-lh-los durante um certo perodo de tempo. Os ovos destinados incubao devero ser conservados a uma temperatura de 13-16 C,

    por um perodo mximo de 7 dias. Caso os ovos sejam armazenados

    a uma temperatura inferior a 13 C, o embrio morrer. Se os ovosforem armazenados a uma temperatura mais elevada, entre os 16 eos 38 C os patinhos comearo a desenvolver-se mas o processoser to lento que os mesmos morrero no ovo. Se os ovos foremguardados durante mais de 7 dias o nmero de patinhos que nascerdiminuir rapidamente.

    ? Limpe os ovos com um trapo seco ou raspe cuidadosamente qual-

    quer vestgio de sujidade com uma faca. No limpe os ovos comgua pois a mesma poder infiltrar-se atravs dos poros da casca doovo, o que no ser bom para o desenvolvimento do embrio. Suji-dade e doenas tambm podero penetrar, desta maneira, dentro doovo. Ovos que se encontram limpos apresentam menos probabilida-des de serem contaminados .

    ? Ponha os ovos todos ao mesmo tempo na incubadora ou debaixo dame pata.

    ? Vire os ovos todos os dias e, a partir do terceiro dia, vire-os 5 vezespor dia (ver Quadro 1). A me pata far isso ela prpria, mas na in-cubadora ter que o fazer voc mesmo. O ovo ao ser virado estimu-la o desenvolvimento do embrio.

    3.5 Seleco dos patinhosA altura da ecloso um momento importante no qual dever estar

    presente. Nesse momento poder retirar os patinhos que nascerammais tarde, pois estes, provavelmente, sero menos produtivos quandoforem adultos, na medida em que no sero to fortes como os pati-nhos que nasceram primeiro.

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    Tambm, nessa altura, se poder determinar o sexo dos animais e, as-sim, proceder separao dos machos das fmeas e, eventualmente,vend-los como patos de um dia. O mtodo para determinar o sexonesta fase descrito na Seco 3.7.

    3.6 O cuidado a ter com os patinhosOs patinhos que foram chocados de forma natural, requerem poucaateno adicional. As patas que os chocaram tomaro conta da suaninhada at que sejam suficientemente grandes para tomarem conta desi prprios.

    Os patinhos que foram chocados de forma artificial, numa incubadora,necessitam de bastante ateno suplementar no que respeita ao calor,gua e alimentao. Quando mais ou menos um tero dos ovos eclodi-rem necessrio retirar os patinhos da incubadora e coloc-los numespao fechado com uma lmpada quente. O resto dos patinhos juntar-se-lhes-o um meio dia mais tarde. Se houver ovos que nessa alturaainda no tenham eclodido, no se dever usar esses patinhos para

    produo, pois sero mais fracos que os restantes.

    O calorOs patinhos recm sados do ovo no so capazes de manter a tempe-ratura dos seus corpos, sendo necessrio, portanto, que voc os man-tenha quentes. A maneira mais fcil de o fazer mant-los fechadosnum espao, com uma lmpada pendurada por cima deles. Pode-selimitar o espao situado debaixo da lmpada (aonde est quente), for-mando um crculo com a ajuda de um material flexvel, dobrvel, demodo a que os patinhos permaneam debaixo da lmpada, como mos-tra a Figura 10.

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    Figura 10: Reaco dos patinhos fonte de calor (Barbera Oranje)

    Pode-se ver se os patinhos tm muito calor ou muito frio observando oseu comportamento. A Figura 10 indica as reaces dos patinhos emrelao lmpada. Caso se mantenham encostados uns aos outros,

    por que tm frio (fig. 10A). Para aumentar o calor, pode-se suspendera lmpada mais baixo. Caso se observe que, mesmo assim , continuama ter frio ento necessrio utilizar uma lmpada mais potente. Tam-

    bm se podem utilizar duas lmpadas em vez de uma.

    Se, pelo contrrio, a temperatura demasiado elevada, os patinhosiro instalar-se o mais possvel longe da lmpada (Figura 10B). Nestecaso preciso colocar a lmpada o mais afastado possvel e mais paracima. Se os patinhos se encontram espalhados em todo o espao a eles

    reservado (Figura 10C) porque a temperatura a apropriada.

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    No dia em que nascem, os patinhos tm uma temperatura de, aproxi-madamente, 30-32 C. Nas reas mais frias, a temperatura pode baixar1 C. por dia. Os patos de Pequim podem suportar temperaturas de 10-15 C. Os patos de Barbary, que so originrios de um clima quente,

    tm necessidade de uma temperatura superior a 20 C.

    A gua potvelA presena de gua potvel de grande importncia para os patinhos. necessrio que disponham de gua suficiente e limpa para evitar quefiquem doentes.

    preciso impedir que nadem na gua destinada a beber pois dessa

    maneira sujaro a gua e correm o risco de ficar doentes. As penas dospatos adultos esto cobertas de uma camada de gordura que lhes per-mite que fiquem molhadas. Numa situao natural de incubao asmes patas esfregaro gordura nas penas dos patinhos que elas choca-ram. Os patinhos que foram incubados artificialmente no dispemdesta camada de gordura, desde o incio. Se nadam na gua ficarointeiramente molhados e podero constipar-se e ficar doentes. Squando tm trs semanas que eles podem produzir a sua prpria gor-dura, podendo, nessa altura, banhar-se sem riscos. Pode impedir queentrem na gua do bebedouro, colocando pedras no seu interior oucobrindo a parte de cima com rede galinheira.

    A alimentaoOs patinhos recm-nascidos necessitam de uma alimentao especialque poder ser comprada ou preparada. Na Seco 7.5 dada maisinformao sobre a alimentao dos patinhos e a preparao da mes-ma.

    3.7 Determinao do sexo dos patinhos til conhecer qual o sexo dos patinhos com vista a se poder sepa-rar as fmeas dos machos, para facilitar a produo ulterior. Existe ummtodo que se pode utilizar para os patinhos recm-nascidos que til

    caso pretenda vender de imediato os machos, como patos de um dia.

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    Figura 11: A determinao do sexo dos patinhos (Fonte: B.Jackson in MacDonald, 1985)

    Mtodo de determinao do sexo dos patinhos recm-nascidosExamina-se os patinhos quando os mesmos esto secos, depois de te-rem sado do ovo. Quando se segura como est indicado na Figura11B, o pnis aparece visivelmente. mais fcil de determinar o sexocom os patos que com as galinhas e aps um pouco de prtica poder-se-o obter bons resultados.

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    Mtodo de determinao do sexo numa fase ulteriorCaso pretenda separar os patinhos at que os mesmos tenham engor-dado suficientemente para serem vendidos, poder-se- usar outros m-todos, por exemplo:

    ? Exame da cor das penasEm algumas raas as patas e os patos tm cor diferente o que facili-ta distingui-los.

    ? Som da vozExiste uma diferena audvel entre a voz dos machos e a das fme-as. possvel distingui-la a partir da idade de 4-6 semanas. A fmea

    produz um som qu, qu muito claro, enquanto que o macho emi-te um som mais baixo e mais rouco.

    ? Forma das penas do raboAs penas do rabo da maior parte dos machos adultos termina numcaracol pronunciado na extremidade, o que no acontece no casodas fmeas. Esta diferena no existe nos patos almiscarados, mas,na medida em que nesta raa os machos tm um porte muito maiordo que as fmeas, fcil de distingui-los.

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    4 Sistemas de criao de patos

    Existem muitas maneiras de criar patos. Na Seco 4.1 descrevem-se

    trs sistemas principais de criao de patos com o objectivo de daruma ideia sobre as possibilidades existentes. Na prtica os criadorespodem adaptar estes trs tipos principais s suas necessidades e situa-es especficas e aos materiais disponveis.

    A criao de patos pode-se combinar bem com outras formas de pro-duo agrcola. A Seco 4.2 trata de dois sistemas de produo inte-grada bem conhecidos: a criao de patos combinada com a cultura do

    arroz (orizicultura) e a criao de patos combinada com a piscicultura.Nestes sistemas as diferentes formas de produo complementam-seumas s outras e o agricultor obter uma maior produo e um maiorlucro:

    ? Utilizam-se desperdcios e produtos secundrios, por exemplo usa-se o estrume de pato em vez de se descur-lo: nos tanques de pisci-cultura o mesmo usado para fertilizar o tanque o que aumenta aalimentao para os peixes: nos campos orizcolas os patos alimen-tam-se de insectos nocivos e caracis, o que bom para o arroz e,simultaneamente, os patos obtm comida nutritiva.

    ? Alguns inputs so usados de forma mais eficiente, por exemplo, otanque de piscicultura utilizado tanto para os patos como para os

    peixes. Os patos crescem melhor se viverem num tanque.

    ? O agricultor dilui os riscos. Por exemplo, caso o rendimento do ar-roz seja baixo ainda resta a produo de ovos e de carne de pato.

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    4.1 Sistemas extensivos e intensivos decriao de patos

    Sistema de criao solta

    Os patos apenas so mantidos encerrados durante a noite. De dia ospatos esto solta, deambulando livremente fora, procura de comi-da. noite so encerrados e alimentados. O nico que os patos reque-rem um espao cerrado para pernoitarem e ninhos aonde possam pros ovos. Os custos de construo e de manuteno so menores quenum sistema em que se encontram (semi) encerrados, pois os patosdurante o dia esto fora. Um inconveniente que mais difcil contro-l-los quando so criados solta durante o dia. Contudo, uma vanta-gem oferecida por este sistema que os patos podem satisfazer quasetotalmente as suas necessidades de comida.

    Figura 12: Sistema de criao solta (Fonte: Meinderts, 1986)

    Sistema de semi-encerramento:Os patos so mantidos numa rea confinada constituda por uma capo-

    eira coberta e um stio onde podem deambular livremente. As vanta-

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    gens so as mesmas que num sistema vedado: os patos permanecemno mesmo local, o que significa que fcil control-los. O espao li-vre facilita o acesso gua, pois poder pr-se um tanque nesta rea.

    Figura 13: Sistema de criao em semi-encerramento

    Sistema de encerramento:Os patos so mantidos durante todo o tempo num alpendre ou capoei-ra coberto. Este sistema usado principalmente quando se procede criao intensiva, em grande escala. Possibilita controlar facilmente asaves, sendo deste modo possvel fazer-se uma seleco rpida, casonecessrio. O sistema de encerramento requer um maior investimento

    que os outros dois sistemas, pois no s necessrio construir asinstalaes mas tambm alimentar os patos durante todo o tempo.

    Num sistema de encerramento difcil de proporcionar acesso a umtanque de gua aonde os patos possam nadar. Ou os patos no poderonadar ou ento ser necessrio construir e manter um tanque. fcilde fornecer um recipiente grande de gua, para que os patos se possamlavar e banhar.

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    Figura 14: Sistema de criao em encerramento (Fonte: Mein-derts, 1986)

    Como escolher o sistema que se adapta melhor suasituao especfica?Os seus interesses e possibilidades (financeiras) determinaro qual osistema que se coaduna melhor. Recomenda-se comear com um sis-tema de semi-encerramento no qual possvel poder controlar os pa-

    tos e em que no necessrio dispender muito dinheiro logo desde oincio.

    Num sistema de criao solta, poder perder aves, principalmente seno tem experincia no ramo, enquanto que num sistema intensivo decriao de patos os riscos financeiros podem ser muito elevados.

    Uma vez que j comeou a ter experincia com o sistema de semi-

    encerramento e conhece o mercado para patos e para os seus ovos po-der decidir expandir o seu negcio. Tambm vale a pena considerarcombinar a criao de patos com outros tipos de produo que passa-mos a descrever.

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    4.2 A integrao da criao de patos com aorizicultura

    Tomemos o exemplo da sia. Nomeadamente no Sudeste asitico em

    que a orizicultura muito praticada, frequente que se combine a cri-ao de patos com a cultura do arroz. fcil manter um bando de pa-tos dentro de um arrozal. Os patos alimentam-se de caracis, insectos,larvas e ervas daninhas dentro do arrozal, ajudando desta maneira acombater pragas. No obstante aonde se pratica a orizicultura modernaesta forma de criao de patos pode trazer problemas, pois no havermuita comida para os patos onde se utilizam meios qumicos paracombater os insectos e as ervas daninhas, alm de que os insecticidas

    e os pesticidas podem envenenar as aves, por isso:

    Caso se utilize produtos qumicos (pesticidas, insecticidas) na orizicultura,no se recomenda a criao de patos dentro desses campos.

    Figura 15: A criao de patos combinada com a orizicultura (Fon-te: Meinderts, 1986)

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    4.3 A integrao da criao de patos com apiscicultura

    A criao de patos integra-se muito bem com a piscicultura, pois bene-

    ficiam do tanque: os patos criados na gua crescem mais rapidamenteque os que so criados em terra e conservam-se mais limpos e maissaudveis. Por sua vez os peixes tambm beneficiam da presena dos

    patos; o seu estrume fertiliza o tanque e provoca o aumenta da alimen-tao dos peixes (algas).

    O maneio do tanque dos peixesO maneio da qualidade da gua reveste-se de muita importncia. O

    oxignio desempenha um papel preponderante na determinao daqualidade da gua. Os peixes necessitam de oxignio. As plantas aqu-ticas (especialmente as algas) produzem oxignio com a ajuda da luzsolar. noite tambm utilizam o oxignio assim como os micro-organismos que provocam a decomposio do estrume. O estrume dos

    patos fertiliza as plantas aquticas e estimula o desenvolvimento dosmicro-organismos.

    Caso se produza estrume em demasia, as algas crescero rapidamentee a gua ficar verde escura. As algas utilizaro o oxignio durante anoite tal como os micro-organismos que decompem o estrume. Dadecorre uma falta de oxignio e os peixes morrero. Ver tambmAgrodok 21 A piscicultura dentro de um sistema de produo inte-grado para mais informao.

    Pelo que expusemos acima torna-se claro que se deve controlar de

    perto a qualidade da gua. Esta uma maneira prtica de a testar:

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    Teste da qualidade da guaUm teste simples para controlar a qualidade da gua mergulhar o brao nagua at ao cotovelo.Caso ainda consiga ver a sua mo, no h suficientes algas no tanque quenecessita de mais fertilizante. Se puder ver, mais ou menos, a metade do seu

    brao abaixo do cotovelo, quer dizer que o tanque tem algas em quantidadesuficiente e que a qualidade da gua boa.Se quase no puder ver o seu brao, quer dizer que existem demasiadas al-gas na gua, dever parar de aplicar fertilizante, ser melhor acrescentarmais gua fresca ou arejar a gua, remexendo-a.

    Os patos quando esto procura de comida, remexem o fundo do tan-que. Isto diminui a penetrao da luz solar nas partes mais profundas

    de gua o que reduz o crescimento das algas. Se se mantiverem os pa-tos s numa metade do tanque, as algas podero crescer na outra me-tade que tambm fornece alimentao para os peixes. As margens dotanque devem ser vedadas para impedir que sejam destrudas pelos

    patos.

    Habitao para os patosOs patos apenas necessitam de um abrigo para descansar (Figura 16).

    De um modo geral, ser necessria uma rea mnima de 0,5 m2 porpato.As habitaes dos patos podem ser feitas de diversas maneiras: pode-se construir uma pequena casinha que fica a flutuar na gua ouconstruir essa casinha sobre estacas na gua ou nas margens do tan-que. Um abrigo construdo sobre a gua deve ter um cho de ripas ourede por onde o estrume pode passar. (Ver, tambm, captulo 5, habita-o). O ideal se todo o estrume cair dentro da gua. Se fizer uma

    vedao das margens com arame ou com rede, e no permitindo queos patos deambulem nas margens, pode assegurar que todo o estrumefique depositado na gua e que as suas margens no ficam danificadas.

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    Figura 16: Casinha de patos sobre um viveiro de peixes (fonte:Meinderts, 1986)

    A gesto do sistemaA maior parte das espcies de peixes leva aproximadamente 6 mesesat atingirem o peso de mercado. Para se assegurar que o fornecimen-to de estrume permanece constante, melhor no criar diferentes es-

    pcies de patos conjuntamente.Quando se procede colheita do peixe, o tanque ficar vazio e no

    bom acrescentar-lhe estrume. Os patos, nesta altura, devero passarpara outro lugar. Aps um perodo de quatro ou cinco anos o tanquetem que ser limpo. Nessa altura o estrume que fica no tanque pode serretirado e utilizado para a agricultura ou aplicado no composto. Umaoutra maneira de utilizar o estrume de cultivar no tanque seco (ver

    Figura 17).

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    Figura 17: Produo agrcola num tanque de peixes (Fonte:Jinshu, 1997)

    Escolha das espcies de peixe e nmeros de peixes e depatosOs peixes que povoaro o tanque devem ter, pelo menos, 10 cm decomprimento de modo a no serem comidos pelos patos. difcil darnmeros exactos da proporo de peixes e de patos porque tais nme-ros dependem de muitos factores. Apresentaremos apenas algumaslinhas directrizes. necessrio controlar de perto o tanque no que

    concerne qualidade da gua (ver tambm o incio desta seco). Tem

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    que se experimentar e ajustar os nmeros at encontrar a combinaoque funciona bem na sua situao especfica.

    As diversas espcies de peixes que podem ser criadas conjuntamente

    com patos:

    ? CarpasExistem vrias espcies de carpas que podem ser criadas conjunta-mente com os patos. A densidade de povoamento de 45 a 60 pei-xes por 100 m2. So as seguintes as combinaes possveis de vri-as espcies de carpa, por 100 m2:

    24 carpa catla 18 catla 9 catla18 carpa rohu 18 rohu 12 rohu18 carpa mrigal 12 mrigal 9 mrigal

    12 carpa comum 12 comum9 carpa prateada9 carpa herbvora

    Quando a carpa comum criada sozinha pode-se atingir uma densi-dade de 200 peixes por 100 m2.

    ? TilpiaA densidade de povoamento das tilpias de 100 ou 200 peixes por100 m2.

    ? Peixe-gatoO peixe-gato no muito sensvel ao nvel de oxignio na gua,eles podem respirar o oxignio do ar assim como na gua. Por causadesta particularidade, a sua densidade pode ser bastante elevada eso menos sensveis quantidade de estrume. possvel atingiruma densidade de 400 peixes por 100 m2.

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    Nmero de patos por tanqueQuando se criam tilpias (200 por 100 m2) poder-se- manter um m-ximo de 35 patos por 100 m2. Em relao s carpas e peixes-gato a

    proporo de um mximo de 70-75 patos por 100 m2.

    O nmero de patos e de peixe num tanque depende de muitos e vriosfactores. Dever experimentar, observar de perto e encontrar a melhorcombinao para a sua situao. Ver tambm a seco sobre qualidadeda gua no incio deste Captulo.

    RendimentosQuando se integra a piscicultura com a criao de patos podem-se ob-ter rendimentos que vo de 30 a 55 Kg de peixe por 100 m2, por ano.

    O rendimento depender do nmero de patos por metro quadrado edas espcies de peixes a serem criadas.

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    5 Habitao

    Quando se decide criar patos ter que se pensar de como os albergar.

    Os patos necessitam, no mnimo, de um abrigo nocturno, porque pemos seus ovos durante a noite e de manhzinha (dentro de um perodode trs horas depois do nascer do sol). Ao manter os patos fechadosdurante a noite pode ter a certeza que poro os seus ovos num espaocerrado.

    No necessrio fabricar poedouros, mas caso os tiver as patas us-los-o. Uma vantagem destes poedouros que fcil de mant-los

    limpos e os ovos que l so postos ficaro mais limpos e, por isso, se-ro mais fceis de vender.

    5.1 Abrigo nocturno-habitao de pernoitaA habitao para a criao de patos num sistema de explorao de pe-quena escala no deve requerer demasiados cuidados ou manuteno.

    Neste caso ser suficiente se se previrem abrigos para a noite e o es-pao por pato no ser muito grande: um m2 suficiente para cinco ouseis patos.

    Figura 18: Abrigo nocturno podendo albergar entre 20-25 patos(Fonte: Meinderts, 1986)

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    Caso os patos tambm utilizem o abrigo durante o dia, ento necessi-taro de mais espao, digamos um m2 por cada dois patos. Pode-seutilizar diversos materiais para fazer o abrigo, bamb, madeira ou redegalinheira desde que os buracos sejam pequenos e assim os patos no

    possam passar por eles.

    O abrigo tambm deve ser bem arejado quando os patos se mantmdentro deles. importante que haja circulao do ar de modo a que os

    patos no apanhem doenas das vias respiratrias. As doenas que sodisseminadas atravs do ar podem ser evitadas caso haja uma boa ven-tilao. A circulao do ar dentro do abrigo faz baixar a temperatura eesta no deve ser inferior a 10-15 C para os patos de Pequim ou

    20 C para os patos almiscarados e outros patos originrios de climastropicais.

    5.2 Compartimento separado destinado postura

    bastante simples de prever uma rea separada destinada posturadentro do abrigo nocturno. As patas preferem pr os seus ovos numlugar escuro e protegido. Os poedouros oferecem s aves um lugar

    protegido destinado postura com a vantagem que fcil proceder sua recolha.

    As patas preferem pr os ovos ao nvel do cho; portanto quandoconstruir os poedouros, coloque-os no cho e, de preferncia, contra a

    parede traseira do abrigo. Desta maneira as patas podero, sossegada-

    mente, manter-se afastadas do resto do bando quando esto a pr osovos.

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    Ao construir o poedouro,necessitar de ter um paracada 3 a 6 patas. Um mo-delo simples consiste em

    paredes laterais de 30 x 35cm. Monte-as a uma dis-tncia de 33 cms uma daoutra e ligue-as atravs deuma tbua com um alturade 15 cm na parte de trs euma outra com uma alturade 5 cms, na parte da fren-

    te. Coloque palha dentro elimpe-os regularmente.

    5.3 O pavimentoO tipo de pavimento depende do lugar aonde se ir colocar os abrigos.Caso o mesmo seja construdo sobre a gua, o pavimento poder serconstrudo de ripas de madeira ou de bamb. No boa ideia utilizarrede galinheira ou rede de metal na medida em que os patos no sen-tem que tm muito apoio e podem aleijar as suas patas. As ripas docho devem ter 2 cm de espessura e 5 cm de largura para que sejamsuficientemente resistentes. O intervalo entre as ripas deve ser de 1cm. Estas aberturas garantiro que haja suficiente arejamento durantea noite. Uma outra vantagem que o excremento e a comida vertidacaiam directamente na gua, enquanto os ovos ficaro dentro do abri-go. Tal permite com que o abrigo se mantenha higinico e que o tan-que, sobre o qual construdo, seja fertilizado.

    Se no for possvel construir o abrigo em cima do tanque/charco, opavimento no necessitar de ter aberturas. Nesse caso ser necessriolimpar mais frequentemente toda a instalao e retirar os excrementosde modo a evitar que se disseminem doenas.

    Figura 19: Poedouro

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    muito importante que a cama dos poedouros e do cho (no caso deser fechado) se mantenha higinica. A cama impede a sujidade e ahumidade dos excrementos de formarem uma crosta fina e compactasobre o cho e facilita a limpeza dos abrigos. A cama pode ser feita de

    palha ou de palha de arroz assim como serradura mas tem que se certi-ficar que no h tinta na serradura pois tal pode envenenar os patos.Utilizar serradura no muito aconselhado num espao vedado namedida em que esta se cola no cho e muito difcil de a limpar.

    As camas devem ser substitudas frequentemente de modo a garantir ahigiene, especialmente nos poedouros. As camas que ficam hmidas e

    bolorentas, no s causam doenas nas aves, mas tambm estragam os

    ovos, que apodrecem ou no ficam fecundados. Os patos so muitosensveis humidade na cama.

    5.4 ComedourosOs patos que so criados solta ou num sistema de semi-encerramento no necessitam de muito equipamento para os comedou-ros, sendo suficiente deitar no cho a quantidade certa de comida, ca-da noitinha. Caso alimente os patos quando os mesmo se encontramnos abrigos, noite, ento ser necessrio usar recipientes para a co-mida, de modo a que permanea limpa e que os patos no a pisem. Os

    patos so animais que fazem uma grande porcaria quando comem.Caso ponha a comida em recipientes preciso que se possa limparfacilmente a rea em redor.

    Uma tigela grande com um fundo direito ou um tronco deitado, noqual foi escavado um buraco, podem perfeitamente servir como co-medouro, tal como mostrado na figura 20.

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    Figura 20: Vrios modelos de comedouros (Fonte: MAFF UK, 1980)

    Um comedouro como o que mostrado na Figura 21 tambm evitaque se derrame comida. O rebordo anti-derramamento evita que os

    patos deixem derramar uma grande quantidade de comida.

    Figura 21: Vrios modelos de comedouros (Fonte: MAFF UK,1980)

    Poder adaptar os tamanhos dos tabuleiros ao tamanho da ave. Porvezes viro tambm patos selvagens comer nos comedouros. Para evi-tar que haja um desperdcio da comida, coloque um telhado baixo so-

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    bre os tabuleiros da comida. Os patos selvagens geralmente no virocomer a debaixo.

    5.5 Sistemas de gua potvelOs patos tm necessidade de gua dia e noite. Instalando-se um tan-que, ou colocando uma tina com gua, poder-se- resolver o problemado acesso gua durante o dia. essencial que os patos tenham aces-so a gua potvel limpa. As aves jovens que no bebem gua suficien-te no se desenvolvero bem e ficaro doentes. As patas adultas queno bebem gua suficiente poro menos ovos. Caso se registe umagrande carncia de gua tal provocar rapidamente a morte dos patos

    (e patinhos).

    Tal como no caso dos comedouros, tambm suficiente encher bacias pouco fundas, que no entornaro facilmente a gua, caso os patossubam nos seus rebordos.

    Verifique uma ou duas vezes por dia se as bacias tm gua suficiente eque esta est limpa. A Figura 22 mostra tipos de recipientes de guaem que esta no fica rapidamente suja. importante que os patos no

    possam entrar nos bebedouros, pois tal provoca com que a gua sesuje rapidamente. No obstante, o recipiente que contm a gua deveter uma profundidade suficiente de modo a que permita que os patostenham a sua cabea debaixo de gua, de modo a que possam limparos olhos. Caso no o faam a sujidade fica colada em volta dos olhose, em casos extremos, tal pode at mesmo provocar cegueira. Os patostambm utilizam a gua que bebem para limpar os restos de comidaque ficam nos seus bicos.

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    Figura 22: Vrios tipos de bebedouros (Fonte: Williamson, 1978;French, 1981)

    5.6 A importncia da guaOs patos so aves aquticas e necessitam de gua para se reproduzi-rem e desenvolverem bem. Eles tm que ter acesso a gua, quer sejade um tanque, charco ou poa de gua limpa ou apenas uma tina oucelha grande com gua. Caso no seja possvel manter os patos pertode gua durante todo o dia, basta pr uma tina de gua fora de manh-

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    zinha ou noitinha para que possam manter-se limpos e, desta manei-ra, mais saudveis.

    As necessidades de gua para os patos dependem da sua raa. Os pa-

    tos de Pequim necessitam de gua para manter uma boa temperaturado seu corpo. Tal no to necessrio para os patos almiscarados namedida em que originariamente habitam nas rvores. Algumas raasde patos tambm necessitam de estar na gua para se acasalarem.

    Tenha presente que a gua pode ser um veculo de doenas e de para-sitas. Qualquer que seja o recipiente onde a gua se encontre tanque,charco, poa, tina os mesmos tm que ser mantidos limpos e higi-

    nicos.

    5.7 Cuidados dirios com os patosQuando a habitao se encontra bem equipada, quer dizer, incluindocomedouros, bebedouros e acesso a gua para banho, nessa altura po-der adquirir os patos. Nos captulos precedentes tratmos da escolhadas raas, reproduo e criao e cuidados a ter com os patinhos.Tambm falmos sobre diversos sistemas de criao e, nesta altura, jdeve ter optado pelo sistema que querer seguir.A partir deste captulo encontrar informao sobre cuidados sanitri-os, alimentao/raes e os produtos derivados. Mas, primeiramente, necessrio ocupar-se do cuidado quotidiano do bando de patos.

    A panormica de conjunto que a seguir apresentamos fornece um bre-ve resumo dos cuidados dirios com o objectivo de proporcionar umaideia do que necessrio empreender.

    Cuidados dirios com os patos

    De manh? pr os patos fora do abrigo? recolher/apanhar os ovos

    ? dar gua fresca para beber

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    ? caso no haja um charco, providencie um recipiente com gua fres-ca para o banho das aves

    ? limpar o abrigo e proceder a reparaes, caso necessrio? vender, eventualmente, os ovos

    tarde? espalhar palha ou palha de arroz nova, caso a cama se encontre h-

    mida? dar gua potvel fresca s aves? alimentar os patos? encerrar os patos para passarem a noite

    Tarefa permanente: observe os seus patos para ver como se alimentam,de modo a evitar-se outros problemas eventuais. Ver, tambm, a este

    propsito, o Captulo 7.

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    6 Cuidados sanitrios

    6.1 Cuidados sanitrios em geralOs cuidados sanitrios a serem dispensados aos patos no requeremmuito tempo. Ao contrrio do que se passa com as galinhas, os patostm menos probabilidades de ficarem doentes e so menos suscept-veis a doenas que aquelas. Para reconhecer que um pato est doente

    preciso saber qual o aspecto que o pato tem quando se encontra sau-dvel. No Quadro 2 apresentamos alguns dos sinais principais quecaracterizam as aves saudveis e as doentes.

    Quadro 2: Os principais sinais de sade e de doena de patos

    Caractersticas: Patos saudveis Patos doentes

    Condio geral primeiraimpresso

    cheio de vida aptico; excesivam/ quieto

    Peso normal muitas vezes leve

    Taxa de crescimento normal demasiadam/ lento

    Olhos vivos, brilhantes sem energia, baos

    Cloaca (rea genital/anal) grande, suave, hmida, rosa dura, seca, descoloridaPele suave, folgada enrugada, seca

    Este quadro permite conhecer a aparncia dos patos que se encontramde boa sade, o seu crescimento, o estado normal dos seus olhos, dasua cloaca e da sua pele. Um bom mtodo para testar a sua sade con-siste em observ-los, regularmente, durante um certo tempo, no sen-do necessrio agarr-los um por um para os estudar. Basta para tal ob-

    serv-los quando deambulam, durante uns 10 minutos, para ver se ospatos parecem estar bem e se esto a alimentar-se normalmente.

    6.2 Os cuidados sanitrios preventivosUma boa higiene e a vacinao dos patos constituem os dois aspectosessenciais de preveno das doenas destas aves.

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    Uma boa higieneA base de uma boa sade nos patos , sobretudo, tal como em relaos galinhas, uma boa higiene. Ao se manter o abrigo e os seus arredo-res limpos, reduzir a probabilidade da ecloso de doenas. E prticas

    correctas de higiene tambm mantm afastados os parasitas tais comoratos, moscas e pulgas.

    mais difcil controlar os patos caso estes sejam criados solta, poisno se sabe com o que entram em contacto e o que eles comem exac-tamente. Os patos tambm podem apanhar doenas pelo contacto quetm com os baldes ou caixas onde subsistem traos de doenas. Tam-

    bm importante ter em conta que uma gua potvel ou comida sujas

    podem ser transmissoras de doenas.

    Medidas principais visando uma boa higiene:

    ? Mantenha o abrigo e as reas em seu redor o mais limpos possvel.

    ? Quando remove todo o bando de aves (num sistema de criao porlotes distintos) aps um ciclo de postura ou de engorda, invistatempo na limpeza do abrigo e desinfecte-o. Remova inteiramente acama velha e utilize-a para composto. A limpeza regular da camareduz a probabilidade de doenas que podem ocorrer no abrigo econtaminar outros patos.

    ? Controle ainda mais de perto os animais que esto doentes. Se for possvel separe as aves doentes das saudveis. Isto impede que adoena se propague para os outros patos ou at mesmo para as gali-nhas.

    ? Assim que se registarem muitos casos de patos doentes ou se ossintomas de doena se agravam ou se as aves comeam a morrer,dever tomar medidas para evitar que os patos saudveis adoeam.Os patos mortos tm que ser retirados o mais rapidamente possvel,no apenas porque so um foco de infeco, mas tambm porque

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    comearo a apodrecer e atrairo moscas, que so transmissoras dedoenas.

    As vacinas

    Algumas doenas so to contagiosas, ou to frequentes, que maisvale proteger os animais vacinando-os, sobretudo se se encontra numaregio em que os patos abundam. O melhor ser pedir informaes aoveterinrio.

    6.3 DoenasApesar das medidas preventivas, pode acontecer que os animais fi-

    quem doentes. Muitas das doenas podem ser combatidas por medi-camentos receitados pelo veterinrio. Caso conhea medicamentoslocais para tratar galinhas tambm os pode experimentar nos patos.Uma medida preventiva usada habitualmente na ndia misturar alhona rao dos patos. Para tal a receita de um dente de alho por pato,diariamente. A curcuma tambm tem as mesmas propriedades. Ambosestes condimentos podem afectar o gosto da carne e dos ovos. No osutilize, por isso, em grandes quantidades.

    Em seguida descreveremos as doenas mais comuns nos patos. Pre-tendemos, com isso, fornecer uma indicao dos principais sintomas,

    para que possa perceber do que no vai bem com os seus patos. Casoos problemas de sade sejam graves ou se alguns problemas se tornema manifestar regularmente, nesse caso dever recorrer ajuda de umveterinrio.

    Botulismo

    ? SintomasCaso ocorra botulismo num bando de patos, muitos deles ficaro, ra-

    pidamente, paralisados e morrero. Na primeira fase da doena o pes-coo e as pernas paralisam rapidamente. Um sinal precoce que permi-te reconhecer a doena que o pato contaminado pendurar a sua ca-

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    bea para baixo, para o cho por que no a poder erguer. Quando aparalisia ataca todo o corpo, o animal morre passado poucas horas.

    ? Causas e tratamento

    O botulismo causado por comida que se encontra estragada. O botu-lismo causado por bactrias que se encontram nos restos de plantasputrefactas, restos de cadveres de animais e na gua estagnada.O risco de botulismo maior quando o tempo permanece quente du-rante um perodo longo na medida em que as bactrias tm mais con-dies para se reproduzirem. A melhor maneira de evitar que os patosapanhem a doena impedindo-os de entrar em contacto com cadve-res de animais em decomposio ou comida putrefacta.

    Aps ter sido diagnosticada a doena nos patos ainda possvel admi-nistrar-lhe um medicamento emtico (que provoca vmitos) e destemodo se libertem da comida estragada que estava no seu estmago.Dever ser muito cuidadoso ao fazer isto, proteja-se a si prprio usan-do luvas.

    ATENO: O botulismo tambm afecta os seres humanos e, assim, aspessoas em contacto com os patos arriscam-se a contrair a doena!

    Infelizmente os patos ficam doentes e morrem to rapidamente com obotulismo que, muitas das vezes, esta medida quando tomada j demasiado tarde.

    preciso eliminar o mais rapidamente possvel os animais mortos elimpar muito bem os abrigos. A desinfeco dos abrigos poder serfeita juntando um pouco de Dettol gua da limpeza. Tambm nessecaso tome precaues e utilize vesturio de proteco e luvas!

    Clera aviria (pasteurelose)

    ? SintomasTodos os patos, qualquer que seja a sua idade, podem contrair a clera

    aviria. Os patos contaminados comeam por se tornar apticos e com

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    falta de energia. Perdem o apetite, mas bebem mais que os animaisque se encontram em boa sade, sacodem muito a cabea e as suasfezes so lquidas e tm uma cor amarelada ou esverdeada. Os seusolhos esto hmidos e as suas narinas contm um lquido viscoso.

    ? Causas e tratamentoA clera aviria transmitida de pato para pato atravs do lquido queescorre das suas narinas e cai na comida. Os animais saudveis socontaminados quando comem. possvel vacinar cada ano os patoscontra a clera. uma maneira de prevenir a contaminao.

    Caso mesmo assim contraiam a doena poder-se- administrar medi-

    camentos para a combater. Nesse caso preciso avisar o veterinrio.Esta doena propaga-se muito rapidamente e a taxa de mortalidade elevada (5-35%). Nem sempre se conseguem obter medicamentos.

    Nesse caso necessrio tomar outras medidas. Os animais doentestm que ser abatidos e eliminados (queimando-os ou enterrando-os). preciso limpar bem os abrigos e as reas adjacentes e, eventualmen-te, desinfect-las com Dettol que se adiciona gua de limpeza. Casoo abrigo no seja bem desinfectado corre-se o risco que a doena per-manea e contamine os patos saudveis.

    Tambm se poder mitigar os sintomas da clera aviria. Na ndia utiliza-secorrentemente a receita seguinte (para 10 animais):

    ? Misture 7 a 10 dentes de alho esmagados na comida. Utilize durante 2-3vezes por dia at que a diarreia pre.

    ? Triture 10 gr de gengibre fresco e esprema o sumo. Misture-o com 250 ml

    de gua e 10 gr de acar castanho. Dar esta mistura a beber aos patos.Estas propores so suficientes para dar de beber a 10 animais.

    ? Corte 5 piri-piris vermelhos (capsicum annum) em pedacinhos pequenos emisture-os na comida.

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    Intoxicao com bagao de amendoim (cirrose do fgado/aflatoxicose/micotoxicose)

    ? Sintomas

    Os sintomas aparecem sobretudo nos patos jovens, que crescem muitolentamente e as penas no se formam bem. Tambm podem surgiredemas (inchaos causados por reteno de gua). As patas e as solasdas patas apresentam sinais de atrofia. O fgado destes patinhos torna-se gordo e duro. V-se bem esta gordura esbranquiada-amareladaquando se abre os animais mortos. Muitos patinhos morrem com estadoena, apesar dos sintomas poderem no se manifestar nos patosadultos.

    ? Causas e tratamentoEsta doena causada por aflatoxina, uma substncia venenosa que seencontra por vezes no amendoim e seus derivados (p.e. bagao deamendoim). No existem medicamentos para tratar esta doena. Anica maneira de a prevenir evitar que os patinhos comam amen-doim ou seus derivados. , pois, necessria muita precauo no casode se cultivar amendoim.

    Hepatite viral

    ? SintomasA hepatite viral uma doena que s afecta os patinhos. Trata-se deuma doena altamente contagiosa que se propaga rapidamente. Os

    patinhos infectados ficam mal muito rapidamente e morrem.

    Os patinhos com hepatite viral andam desengonadamente e o seubico e a pele das pernas torna-se azul. Poucas horas aps terem apare-cido os primeiros sintomas os patinhos caem de lado e ficam com es-

    pasmos musculares. Nas fases finais da doena as pernas ficam estica-das para trs e a cabea inclina-se para o dorso. A taxa de mortalidade

    pode atingir os 80-95%. Internamente, o fgado incha e pode-se cons-tatar uma pequena hemorragia interna. Pode acontecer que os rins

    tambm inchem.

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    A hepatite viral tambm pode ser reconhecida na morte rpida de pati-nhos com trs semanas de idade.

    ? Causas e tratamento

    A doena causada por um vrus. Uma boa higiene pode prevenir adoena mas tambm existe uma vacina como medida preventiva. Ospatinhos podem ser vacinados, assim como a me pata. As mes quereceberam a vacina transferem a sua imunidade atravs de anticorpos gema do ovo. Estes anticorpos protegem os patinhos durante trssemanas depois de terem sado do ovo. Depois que a imunidade paren-tal termina eles no so mais susceptveis a contrair a doena, na me-dida em que a mesma no afecta animais com mais de trs semanas.

    Caso pretenda vacinar as mes patas e os patinhos, contacte o seu ve-terinrio.

    Coccidiose

    ? SintomasA coccidiose uma doena desconhecida em algumas regies, en-quanto que em outras a causadora da morte de 20-70% dos patinhosde 3-7 semanas. Para alm da elevada taxa de mortalidade, os patinhosque sobrevivem tm um crescimento deficiente e como adultos tmum peso inferior ao patos que no estiveram doentes.

    Aquando do surgimento da doena no se registam praticamente sin-tomas (visveis). Eventualmente podem-se observar os seguintes si-nais: desidratao, perda de peso e dificuldade em ficarem de p. Anica maneira de se certificar da existncia da doena retalhar um

    patinho morto e examinar o seu interior. No meio do intestino h umacamada de mucosidade com pontos sanguneos. Com a ajuda de ummicroscpio possvel ver organismos em forma de banana dentro doestmago.

    ? TratamentoUma vez que os patinhos tenham sido contaminados com a doena h

    pouco que se possa fazer para os tratar e curar. Existem medicamentos

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    preventivos da coccidiose, que podem ser misturados na comida. Con-sulte o seu veterinrio a este propsito.

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    7 Alimentao

    7.1 Diversas maneiras de alimentar os patos

    segundo o sistema de criao

    Criados soltaOs patos so mais fceis de alimentar que as galinhas. Eles podemcomer erva e digerem a alimentao local mais facilmente do que asgalinhas. Gostam de comer caracis, conchas e plantas aquticas, que

    podem encontrar nos arrozais, pequenos canais e noutras fontes degua. Caso se encontrem no perodo de postura ou sejam criados pelacarne, necessitam de suplementos alimentares. Os patos que so cria-dos solta absorvem protenas suficientes quando comem erva, pe-quenos peixes, crustceos e insectos. Mas tambm tm necessidade defontes energticas. Pode-se fornecer comida rica em energia como sejao arroz, derivados da mandioca, sagu (fcula de sagueiro), batata-doce, etc. Esta comida adicional tambm pode funcionar como isca

    para pr os patos dentro, noitinha.

    Mantidos encerradosOs patos que so mantidos fechados no podem eles prprios procurara sua comida e esto dependentes da comida que se lhes d. O melhor utilizar raes especiais para estas aves. Trata-se de preparadoscompletos, no sendo necessrio que se lhes adicione nada. Caso pre-tenda alimentar os patos de maneira mais barata, poder substituir umtero da rao preparada com legumes (restos), restos de comida ca-

    seira, a parte de cima da batata-doce, plantas aquticas tal como seja okangkong (pomea aquatica) e lentilhas de gua. Tambm poder pre-parar comida para os patos, tal como se explica na Seco 7.5.

    7.2 gua para beberOs patos necessitam de gua para que os nutrientes que se encontramna comida possam ser absorvidos nos vasos sanguneos e tambm para

    poderem eliminar as substncias txicas do corpo. A gua tambm

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    Alimentao 65

    necessria para se manter uma temperatura constante do corpo, reves-tindo-se de particular importncia caso o clima seja quente. Os patosarquejam para perderem calor e manterem-se frescos, quando a tempe-ratura alta. A falta de gua pode conduzir a uma morte rpida. Exis-

    tem outros factores que igualmente exercem influncia sobre a quanti-dade de gua requerida pelos patos, como sejam o tipo de alimenta-o, a frequncia de postura e o tamanho do pato. Um pato adulto ne-cessita de, pelo menos, 2 litros de gua por dia. No Quadro 4apresentamos as necessidades em gua de patos jovens .

    7.3 Quantidades de comida

    Normalmente os patos comem a quantidade de comida de que tmnecessidade. Caso note que os seus patos esto a perder peso, porqueno comem o suficiente ou a comida no adequada ou se encontramdoentes. Caso no comam o suficiente, dever-se- aumentar-lhes arao e aumentaro de peso assim que comam mais. Caso lhes sejadada mais comida e os patos no a comam, tal significa que a qualida-de da mesma no boa. Se este for o caso poder-lhes- dar uma quan-tidade maior, uma vez que melhore a sua qualidade.Caso a comida dada muita mas sobra sempre, quer dizer que os pa-tos recebem mais comida do que necessitam. Nesse caso melhor di-minuir a quantidade, pois a comida que sobra ir apodrecer e se os

    patos comerem comida estragada podero adoecer.

    Os patos que continuam a alimentar-se mal mesmo depois de ter to-madas as medidas que lhe so sugeridas, provavelmente estaro doen-tes. No Captulo 6 forneceremos mais informaes s