Criatividade
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O PAPEL DA CRIATIVIDADE NO CONTEXTO DE ENSINO DAS ÁREAS DE EXPRESSÃO
Ana Souto e Melo
1. Conceito de Criatividade (no âmbito geral)
- “é o processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução” (Ghiselin, 1952).
- “o termo pensamento criativo tem duas características fundamentais, a saber: é autónomo e é dirigido para a produção de uma nova forma” (Suchman, 1981).
- “criatividade é o processo que resulta num produto novo, que é aceite como útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no tempo” (Stein, 1974).
- “criatividade representa a emergência de algo único e original” (Anderson, 1965).
-“criatividade é o processo de tornar-se sensível a problemas, deficiências, lacunas no conhecimento, desarmonia; identificar a dificuldade, buscar soluções, formulando hipóteses a respeito das deficiências; testar e retestar estas hipóteses; e, finalmente, comunicar resultados” (Torrance, 1965).
- “um produto ou resposta serão julgados como criativos na extensão em que são novos e apropriados, úteis ou de valor para a execução de uma tarefa” (Amabile, 1983).
Ana Souto e Melo
2. Qualidades fundamentais do “ser criativo”
- Sensibilidade
- Capacidade de permanecer num estado de receptividade
- Mobilidade
- Originalidade
- Aptidão para transformar e redeterminar
- Análise
- Síntese
- Organização coerente
Ana Souto e Melo
3. Decálogo da ajuda criativa (Torrance, 1976)
1º - Proporcionar às crianças materiais que incitem a imaginação.
2º - Facilitar recursos que enriqueçam a fantasia (contos, mitos, fábulas).
3º - Dar tempo para pensar e sonhar acordado. Não “intoxicar” com ocupações formais.
4º - Animar as crianças a que expressem as suas ideias, quando têm algo a dizer.
5º - Dar aos seus escritos um suporte correcto, para que possam ser objecto de valorização e estima. O reconhecimento de um achado é um bom estímulo para continuar a pesquisar.
6º - Aceitar a tendência para adoptar uma perspectiva diferente. As analogias, que para o adulto se revestem de um ar literário, para as crianças são uma forma normal de expressar o seu pensamento.
7º - Apreciar a autêntica individualidade em lugar de sacioná-la. Ana Souto e Melo
8º - Corrigir e valorar sem criar desânimo. Dar importância ao que foi feito.
9º- Estimular as crianças para que façam jogos verbais. O jogo é o melhor ambientador para uma actividade espontânea.
10º- “Aprecia os teus alunos e faz com que eles o percebam”
Não basta uma grande dedicação, é preciso que os alunos sintam a preocupação do seu mestre.
Ana Souto e Melo
4. Actuações típicas do professor criativo em ambiente escolar (Torre, 1987)
- Promove a aprendizagem por métodos de descoberta
- Incita a uma sobreaprendizagem e à autodisciplina
- Estimula os processos intelectuais criativos
- Promove a flexibilidade intelectual
- Induz à auto-avaliação do rendimento próprio
- Ajuda o aluno a ser mais sensível
- Incita a curiosidade com perguntas divergentes
- Aproxima da realidade e do manejo das coisas
- Ajuda a superar fracassos
- Induz à percepção de estruturas totais Ana Souto e Melo
Ana Souto e Melo
5. Acções pessoais/profissionais dos professoresQue determinam ambientes bloqueadores de criatividade(Torre, 1987)
- Pressões para o conformismo
- Atitude autoritária
- Ridicularização dos intentos criativos
- Sobrevalorização de recompensas e castigos
- Excessiva exigência de objectividade
- Excessiva preocupação com êxito
- Hostilidade contra respostas e comportamentos diferentes do grupo
- Intolerância contra a atitude lúdica
6. Categorias de bloqueios da criatividadeno meio escolar
6.1 - Bloqueios perceptivos e mentais (dificultam o encontro do problema):
- Dificuldade de isolar o problema
- Limitação do problema
- Dificuldade de perceber relações remotas
- Aceitação do óbvio como o bom
- Rigidez perceptiva
6.2 – Bloqueios emocionais e psicológicos (dificultam aprendizagens significativas):
- Insegurança
- Medos do equívoco e ao ridículo
- Apego às 1ªs soluções
- Desejo de triunfar rapidamente
- Falta de impulso e de perseverança para levar um trabalho até ao fim
6.3 – Bloqueios socioculturais (causadores de estatismo):
- Sobrevalorização social da inteligência
- Sobrevalorização da competência e cooperação
- Orientação para o êxito
- Excessiva importância do papel dos sexos
- Exigência de ser prático e económico
- Impedimento da espontaneidade inquiridora
- Sobrevalorização das autoridades e das estatísticas em detrimento da inovação
Ana Souto e Melo
ACTIVIDADE (INTRODUZIR NO PORTFÓLIO):
1. Transposição do conceito de criatividade para o ensino: importância da sua abordagem aos alunos; importância do desenvolvimento do potencial criativo nos alunos; importância para a prática de ensino (reflexão crítica fundamentada).
Ana Souto e Melo
Referências Bibliográficas
Torre, S. (1996). Identificar, diseñar y evaluar la creatividad. Santiago de Compotela: Universidade de Santiago de Compostela.