Crise Valores

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OS VALORES NO MUNDO CONTEMPORÃNEO A crise de valores Segundo muitos pensadores, filósofos, sociólogos e moralistas, há actualmente uma crise de valores. Assistimos, segundo alguns, a uma decadência dos valores tradicionais. Para outros, trata-se apenas de uma transformação dos valores, a qual se deve a muitas mutações económicas e sociais exigidas pelo ritmos da vida moderna. Assistimos, assim, segundo alguns a uma crise de valores, ou seja, à «morte» de determinados valores. Mas significará isso a ausência de valores? Claro que não. A «morte» de certos valores possibilita o emergir de novos valores. A nossa época aceita e continua a ser sensível aos valores da amizade, do amor, da generosidade, da honestidade, da justiça e da liberdade. O campo da reflexão sobre os valores não só não se reduziu, como se alargou aos novos problemas colocados pelo desenvolvimento científico e tecnológico contemporâneo. A sociedade actual vive sob a influência da ciência, do racionalismo técnico e da tecnologia que permitem ao homem um domínio acentuado sobre a natureza. Porém, a técnica evolui tão rapidamente que tende não apenas para satisfazer as necessidades humanas, mas sobretudo para criar novas necessidades geradoras de uma sociedade de consumo contribuindo para o acentuar da crise de valores tradicionais. A técnica e a superindustrialização que ela possibilita contribuíram para uma alteração profunda das mentalidades e dos valores.

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OS VALORES NO MUNDO CONTEMPORÃNEO

A crise de valores

Segundo muitos pensadores, filósofos, sociólogos e moralistas, há actualmente uma

crise de valores. Assistimos, segundo alguns, a uma decadência dos valores tradicionais.

Para outros, trata-se apenas de uma transformação dos valores, a qual se deve a muitas

mutações económicas e sociais exigidas pelo ritmos da vida moderna.

Assistimos, assim, segundo alguns a uma crise de valores, ou seja, à «morte» de

determinados valores. Mas significará isso a ausência de valores? Claro que não. A «morte» de

certos valores possibilita o emergir de novos valores. A nossa época aceita e continua a ser

sensível aos valores da amizade, do amor, da generosidade, da honestidade, da justiça e da

liberdade.

O campo da reflexão sobre os valores não só não se reduziu, como se alargou aos novos

problemas colocados pelo desenvolvimento científico e tecnológico contemporâneo. A

sociedade actual vive sob a influência da ciência, do racionalismo técnico e da tecnologia

que permitem ao homem um domínio acentuado sobre a natureza. Porém, a técnica evolui

tão rapidamente que tende não apenas para satisfazer as necessidades humanas, mas sobretudo

para criar novas necessidades geradoras de uma sociedade de consumo contribuindo para o

acentuar da crise de valores tradicionais.

A técnica e a superindustrialização que ela possibilita contribuíram para uma

alteração profunda das mentalidades e dos valores.

A contestação dos valores tradicionais

A partir de meados do século XIX, os valores constantes na cultura e na civilização

ocidentais são fortemente contestados. Pensadores como Marx, Nietzsche e Freud, fazem

crítica profunda dos valores tradicionais.

Aquilo que Nietzsche se propõe realizar é uma transmutação dos valores. Este filósofo

critica os valores tradicionais, sobretudo os valores morais fundados no Cristianismo. Proclama

a «morte de Deus», o que significa a morte dos valores tradicionais e da submissão do homem a

esses valores. Por isso, «o novo homem», ultrapassado este estado de crise, é o criador de novos

valores.

Marx, criticando os valores tradicionais, realça sobretudo as diferenças sociais. E

aponta a luta de classes como forma de superar as diferenças sociais existentes na sociedade do

seu tempo.

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A crítica de Freud centra-se numa nova concepção do homem, que valoriza o

inconsciente na explicação do comportamento humano.

A psicanálise (…) surgiu em declarada oposição às doutrinas

racionalistas que julgavam poder suprir a importância e o significado do

instinto e das emoções. (A. Miotto, Psicanálise)

Para Freud, o inconsciente é a base de toda a vida psíquica e a sexualidade é o

fundamento, que em última análise, explica a quase totalidade da nossa vida individual e

colectiva.

As críticas à filosofia tradicional e aos valores tradicionais efectuadas pelos pensadores

referidos conduziram, em grande medida, à crise desses valores. A época contemporânea vive

uma das maiores crises de valores, que se estende a todos os níveis da acção humana, na ética,

na estética, na religião, na política, na ciência, etc. De facto, a ordem ética não pode ser fundada

como se fosse imune às mudanças socioculturais.

Existe uma crise dos valores tradicionais, mas em contrapartida, emergem novos

valores, a partir do desenvolvimento científico e tecnológico. A defesa do meio ambiente e a

luta pelo direito à diferença são dois exemplos de novos valores que emergem no mundo

contemporâneo.

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Ficha de trabalho – Sociedade, cultura e valores; a crise de valores

1. " Avaliar é criar. São as nossas avaliações que transformam as coisas avaliadas em

tesouros ou em jóias. Avaliar é criar valores: sem tal avaliação, a existência seria uma

noz oca."

Nietzsche

- Partindo dos seus conhecimentos sobre o papel dos valores para a acção humana,

explicite o alcance da parte sublinhada do texto.

2. " Foi o Homem que deu às coisas o seu valor, a fim de se pôr em segurança; foi ele

que lhes deu um sentido, um sentido humano. Por isso ele é chamado homem - o

mediador das coisas. Avaliar é criar - escutai, ó criadores! São as vossas avaliações que

transformam as coisas avaliadas em tesouros e jóias. Avaliar é criar valores: sem tal

avaliação, a existência seria uma noz oca."

Nietzsche, Assim falou Zaratustra.

1. Explique, partindo do argumento presente no texto, a relação que é possível

estabelecer entre facto e valor.

2. Justifique o motivo pelo qual se considera que a historicidade está relacionada com

os valores.

3. "O valor é atmosférico. O valor deve ser chamado atmosférico porque ele não se

encerra dentro de limites, ele infiltra-se, difunde-se e modifica-se."

R. Le Seme, (Adaptado)

- Tendo presente o texto, desenvolva o seguinte tema: "A crise de valores no mundo

contemporâneo."

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4. " O caminhar no sentido da planetização e globalização equivale á perda de

autonomia das culturas mais débeis e a sua submissão a quem domina a economia, a

ciência e a técnica."

Texto adaptado, de Ensaios de Filosofia para não - filósofos, Porto Editora.

1. Tendo presente a ideia central do texto, discuta os conceitos de multiculturalismo,

Etnocentrismo e de xenofobia.

5. Dê uma definição sucinta dos seguintes conceitos:

a) Socialização.

b) Valores.

c) Polaridade dos valores.

d) Relativismo axiológico.

e) Absolutismo axiológico.

f) O homem como ser projectivo.

"A posição relativista não significa, de forma alguma, que todos os sistemas de valores,

todos os conceitos de bem e de mal assentem sobre areias tão movediças que não haja

necessidade de uma moral, de formas de comportamento estabelecidas e aceites, de

códigos éticos. (…) A posição relativista dá especial ênfase à validade de muitas

formas de vida, não de uma só."

Texto Adaptado

1. Tendo presente o texto discuta as diferenças entre relativismo moral e relativismo

cultural.

7. Assinale, utilizando V ou F, as afirmações que se seguem conforme as considere

verdadeiras ou falsas.

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1. A cries de valores existe porque quer a religião quer a filosofia deixaram de ser um

ponto de referência para a moral actual.

2. Crise de valores significa ausência de valores.

3. Para Nietzsche a "morte de Deus" significa o fim da moral tradicional.

4. A moral tem como objectivo construir um conjunto de prescrições destinadas a

assegurar uma vida em comum justa e harmoniosa.

5. O comportamento moral funciona de um modo independente em relação aos

princípios, valores e normas dos grupos sociais.

6. O facto de ajudar um colega que tem dificuldades na disciplina de Filosofia, constitui

um acto moral porque está previsto na legislação e no Regulamento interno da nossa

escola.

7. O animal é o melhor exemplo de liberdade, uma vez que para ele não existem

estados, fronteiras ou determinismos de qualquer espécie.

8. O homem só pode ser considerado verdadeiramente como pessoa se for entendido

enquanto ser social, ou seja, enquanto "ser com os outros".

9. A existência de acções voluntárias impede a capacidade do Homem para transformar

o mundo.

10. A acção ética permite que o Homem, livre e responsavelmente, se realize e se

assuma como pessoa.