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1 CRISTIANISMO 2 Bruno Glaab Introdução No presente estudo vamos acompanhar a os fundamentos do Cristianismo, desde sua fundação, através da história até os tempos atuais, bem como suas diversas ramifi- cações através da história, até hoje. Doutrina Central Basicamente o cristianismo se caracteriza por encontrar na pessoa de Jesus Cris- to o caminho para Deus, sendo Ele o único mediador entre os humanos e Deus. Melhor ainda, crê que Jesus é Deus feito humano. O cristianismo se fundamenta na fé de que na vida e morte do homem Jesus o próprio Deus se manifesta. Os escritos do Novo testamento relatam que Jesus morreu na cruz, e que na força de Deus ele superou a morte por sua ressurreição, a fim de trazer para os homens salvação, reconci- liação e vida eterna. Ao homem que se afasta do amor e da justiça, Deus vem ao encontro por seu amor, que manifestou-se na vida do homem Jesus (SCHERER, 2005, p.39). Por isto, o cristianismo espera, em Cristo, superar todos os problemas da vida, pois a fé cristã é vivida aqui na terra e se faz real em meio às circunstâncias da história, mas culmina na eternidade. Não se foge desta vida, pois ela é a antessala da eternidade. O cristianismo é escatológico, isto é, espera a vida eterna que deverá se manifes- tar (1Jo 3,2). Mas o Reino de Deus já está entre nós, ainda que não ostensivamente. A morte e ressurreição de Jesus são a certeza da ressurreição de todas as pessoas (1Cor 15,1ss), portanto, a morte é apenas uma passagem que, necessariamente marca a vida de cada ser humano. Como Jesus não terminou na morte, também as pessoas não irão ter- minar no aniquilamento dos corpos. A compreensão de Deus, no cristianismo se baseia na compreensão judaica do Antigo Testamento. Porém, Jesus, que se move culturalmente dentro do judaísmo, reve- lou algo novo: a Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo. O Pai é o criador de todas as coi- sas. Ele se relaciona com os humanos através de seu Filho Jesus, pelo poder do Espírito Santo. A Trindade não era conhecida pelo Antigo Testamento. Inicialmente os judeus acusavam os cristãos de serem politeístas, mas nos concílios dos primeiros séculos, o cristianismo definiu sua doutrina, postulando que existe um só Deus, porém, em três pessoas. Com o conceito de Trindade foi preciso apelar para o mistério. Ninguém pode entender. Melhor dizendo, não cabe dentro de uma inteligência humana. O principal objetivo do cristianismo é viver o amor a Deus e ao próximo, na fé em Jesus Cristo (Mc 12,28-31). Vivendo o amor a Deus e ao próximo na fé em Jesus, o ser humano realiza a sua missão aqui na terra. Porém, o ser humano, pelas suas próprias forças não pode viver esta realidade, pois o ser humano está marcado pelo pecado. Só

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CRISTIANISMO 2

Bruno Glaab

Introdução

No presente estudo vamos acompanhar a os fundamentos do Cristianismo, desde

sua fundação, através da história até os tempos atuais, bem como suas diversas ramifi-

cações através da história, até hoje.

Doutrina Central

Basicamente o cristianismo se caracteriza por encontrar na pessoa de Jesus Cris-

to o caminho para Deus, sendo Ele o único mediador entre os humanos e Deus. Melhor

ainda, crê que Jesus é Deus feito humano.

O cristianismo se fundamenta na fé de que na vida e morte do homem Jesus o próprio Deus se

manifesta. Os escritos do Novo testamento relatam que Jesus morreu na cruz, e que na força de

Deus ele superou a morte por sua ressurreição, a fim de trazer para os homens salvação, reconci-

liação e vida eterna. Ao homem que se afasta do amor e da justiça, Deus vem ao encontro por

seu amor, que manifestou-se na vida do homem Jesus (SCHERER, 2005, p.39).

Por isto, o cristianismo espera, em Cristo, superar todos os problemas da vida,

pois a fé cristã é vivida aqui na terra e se faz real em meio às circunstâncias da história,

mas culmina na eternidade. Não se foge desta vida, pois ela é a antessala da eternidade.

O cristianismo é escatológico, isto é, espera a vida eterna que deverá se manifes-

tar (1Jo 3,2). Mas o Reino de Deus já está entre nós, ainda que não ostensivamente. A

morte e ressurreição de Jesus são a certeza da ressurreição de todas as pessoas (1Cor

15,1ss), portanto, a morte é apenas uma passagem que, necessariamente marca a vida de

cada ser humano. Como Jesus não terminou na morte, também as pessoas não irão ter-

minar no aniquilamento dos corpos.

A compreensão de Deus, no cristianismo se baseia na compreensão judaica do

Antigo Testamento. Porém, Jesus, que se move culturalmente dentro do judaísmo, reve-

lou algo novo: a Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo. O Pai é o criador de todas as coi-

sas. Ele se relaciona com os humanos através de seu Filho Jesus, pelo poder do Espírito

Santo. A Trindade não era conhecida pelo Antigo Testamento. Inicialmente os judeus

acusavam os cristãos de serem politeístas, mas nos concílios dos primeiros séculos, o

cristianismo definiu sua doutrina, postulando que existe um só Deus, porém, em três

pessoas. Com o conceito de Trindade foi preciso apelar para o mistério. Ninguém pode

entender. Melhor dizendo, não cabe dentro de uma inteligência humana.

O principal objetivo do cristianismo é viver o amor a Deus e ao próximo, na fé

em Jesus Cristo (Mc 12,28-31). Vivendo o amor a Deus e ao próximo na fé em Jesus, o

ser humano realiza a sua missão aqui na terra. Porém, o ser humano, pelas suas próprias

forças não pode viver esta realidade, pois o ser humano está marcado pelo pecado. Só

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em Jesus, ou na graça que se obtém pela fé, o ser humano pode realizar este amor a

Deus e ao próximo. Sem a graça, o ser humano não atinge o seu objetivo.

Em Jesus, segundo o cristianismo, Deus fez Nova e Eterna Aliança com todos os

batizados. Na Antiga Aliança (Deus com o povo de Israel) algo ficou incompleto, pois

os povos não podiam participar dela, apenas o povo de Israel. Jesus, que era membro da

Antiga Aliança, pela circuncisão, iniciou uma Nova Aliança. Esta já não exclui mais

ninguém. Todas as pessoas que se dispõem a seguir Jesus, através do batismo, entram

nesta nova Aliança. Logo, para os cristãos, a Velha Aliança (Antigo Testamento) são

apenas degraus para se chegar à Nova Aliança. Mas a antiga aliança está abolida (Ef

2,15). É por isto que se diz: pregar o evangelho a todas as pessoas (Mt 28,16-20).

Conhecemos a Deus pela Revelação Bíblica. Ele começou a se revelar aos hu-

manos ainda nos tempos de Abraão, de Moisés e dos profetas, mas estas etapas são pre-

cárias, ou seja, a plenitude da Revelação se dá na pessoa de Jesus (Gl 4,1ss e Hb 1,1ss).

Segundo o cristianismo, tudo o que o SH precisa saber sobre Deus, se encontra na pes-

soa de Jesus. Ninguém vai ao Pai, senão por Jesus (Jo 14,6).

Isto, no entanto, não quer dizer que Deus parou de falar aos humanos depois que

se fechou o último livro do Novo Testamento. Segundo o cristianismo, Deus fala ainda

hoje, mas o Novo Testamento, com seus documentos, são o critério de reconhecimento

da Revelação de Deus. O cristão ainda hoje deve discernir a Revelação de Deus na his-

tória. Para discernir a Revelação hoje, servem os Escritos do Novo Testamento, princi-

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palmente os evangelhos. Deus se revela em Jesus, logo, nos evangelhos o cristão perce-

be como Deus fala hoje para a humanidade.

A salvação definitiva do Ser Humano se dá através da morte física. Comumente

se diz que o SH tem corpo e alma, mas esta definição é mais grega do que bíblica. No

sentido bíblico, o SH é mais do que a vida física que se acaba com a morte. O SH so-

brevive à própria morte e depois vem o julgamento (Hb 9,27). Então, segundo o julga-

mento de Cristo, o SH vai para a vida eterna (céu), ou para a condenação eterna (infer-

no). Assim como Jesus ressuscitou1 todas as pessoas irão ressuscitar. Começará, então,

uma nova realidade. Quando seria esta ressurreição da carne? Para muitos segmentos do

cristianismo a ressurreição se dará no último dia da história, ou seja, no fim do mundo.

Os teólogos mais modernos já não comungam desta maneira de entender a ressurreição.

Como a ressurreição foge da história, ou melhor, a transcende, não teria muito sentido

falar que a ressurreição só aconteceria no fim da história, mas antes, que, quem morre,

transcende a história e neste sentido o falecido já está fora da história. Estaria, então, na

realidade da ressurreição. Mas isto não precisa preocupar nenhum cristão, uma vez que

a nossa fé não se preocupa com questões desta natureza. A fé em Cristo nos garante a

vida Eterna. Como? Isto a Revelação Bíblica não diz. Até porque, seria impossível, aos

seres humanos entende-lo.

História

Aqui veremos as principais etapas do cristianismo, desde suas origens, até os

tempos atuais. Veremos, também, as diversas formas de cristianismo, desde os grandes

cismas até o surgimento das denominações modernas de ramos religiosos que têm suas

bases em Jesus Cristo.

Fundação e Primórdios

Tudo iniciou em Nazaré da Galileia com o filho do carpinteiro e de Maria. Ele

era judeu e, portanto, participante da Velha Aliança. Como, no entanto, ele não se sub-

meteu aos ditames religiosos de então e iniciou uma prática religiosa adversa, caiu em

desgraça com as autoridades religiosas que o entregaram às autoridades romanas, levan-

do-o à morte de cruz. Depois de morto e sepultado, seus discípulos fazem a experiência

do Cristo Vivo (1Cor 15,1ss) e saem a anunciar isto aos povos. Tem, assim, início o

cristianismo (KONINGS, 1997, p.284).

No momento em que os discípulos creem na ressurreição de Jesus, começa a

verdadeira fé cristã. Esta fé impulsiona os discípulos (apóstolos) a anunciar Jesus e fun-

dar comunidades, onde as pessoas aderem e vivenciam a sua fé. Estas comunidades re-

cebem o nome de Igreja (assembleia). Elas começam a se expandir pela Ásia, Europa e

adjacências. Um dos primeiros centros a receber os cristãos foi a cidade de Roma (At

2,10), onde o cristianismo fincou raízes.

1 Para a ressurreição de Jesus nunca haverá provas científicas, pois a ressurreição foge do campo empí-

rico ou palpável. As ciências não podem abarcar o transcendente. A ressurreição já não está mais no campo do perceptível. Logo, quem está na campo do físico, não pode perceber a ressurreição.

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A partir do segundo Século

A igreja encontrou sérias objeções dentro do Império Romano. Este via o cristi-

anismo como força desagregadora da ideologia estatal (KONINGS, 1997, p.285). Por

três séculos o cristianismo esteve na clandestinidade, enfrentando toda espécie de perse-

guições. Só no século IV o cristianismo foi tirado da clandestinidade e se tornou religião

oficial do Império, pelo imperador Constantino2, em 313 d.C. pelo edito de Milão. A

partir de então o cristianismo se acomoda às estruturas políticas, sociais e culturais, tor-

nando-se, em grande parte, cristianismo de conveniência. O estado começou a tirar pro-

veito da Igreja, inclusive querendo intervir em questões teológicas.

No séc. V o Império Romano do Ocidente ruiu, permanecendo ainda o Império

Romano do Oriente, com sede em Constantinopla. A partir de então a estrutura da Igre-

já, muitas vezes serviu também para questões políticas. Com a ruina do Império Roma-

no do Ocidente, a igreja sediada no oriente (Constantinopla) quer a mesma primazia que

a de Roma.

Com a oficialização da Igreja aconteceu um relaxamento religioso, pois, como se

afirmou acima, muitos se tornavam cristãos, por conveniência. Mas sempre houve cris-

tãos autênticos que levavam o evangelho como norma de vida. Assim, a partir do século

IV o cristianismo tem grande expansão por toda a Europa. Assim, já nos séculos VII e

VIII quase toda a Europa é cristã. Também, a partir da oficialização do cristianismo

(313 d.C.) inicia-se uma nova vocação na igreja: a Vida Religiosa, como reação ao la-

xismo decorrente da oficialização do cristianismo.

O Cristianismo no mundo Medieval

Para situar, ou definir a Idade Média, recorremos ao Wikipédia:

O período da Idade Média foi tradicionalmente delimitado com ênfase em eventos políticos.

Nesses termos, ter-se-ia iniciado com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no sécu-

lo V (em 476 d. C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de

Constantinopla, no século XV (em 1453 d.C.) ou com a descoberta da América (em 1492)[1].

Com a crise entre o mundo ocidental e oriental, também a igreja foi sofrendo as

consequências. Cada vez mais acontece a separação entre Roma e Constantinopla, entre

o bispo de Roma e o patriarca de Constantinopla, culminando na mútua excomunhão

entre o Papa e o Patriarca Miguel Cerulário de Constantinopla, no ano de 1054, forman-

do a Igreja Ortodoxa. “O Grande Cisma do Oriente3, também chamado de Cisma Oci-

dente-Oriente, foi o cisma que separou definitivamente a Igreja Católica Romana e a I-

2 Este gesto de Constantino parecia um grande favor para o cristianismo, mas pelo contrário, acabou

com o espírito de heroísmo dos cristãos. Antes, durante a clandestinidade, só se tornava cristão quem estivesse disposto a derramar seu sangue por Cristo. Agora, sendo o cristianismo religião oficial, as pes-soas se tornavam cristãs por conveniência. 3 Cisma quer dizer: divisão, separação.

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greja Católica Ortodoxa. O cisma ocorreu no século XI, mais especificamente no ano de

1054[1][2]

, na cidade de Constantinopla” (Wikipedia).

Assim, o cristianismo segue agora duas vertentes: no ocidente, com sede em

Roma, a Igreja Católica Apostólica Romana; No oriente, com sede em Constantinopla, a

Igreja Ortodoxa. As duas igrejas têm conceitos teológicos muito próximos. Uma, po-

rém, não aceita o primado do Papa, e a outra não aceita o primado do Patriarca.

Desta forma, a Igreja Ortodoxa evangeliza no oriente e na Rússia, enquanto a i-

greja Católica evangeliza a Europa. Ambas as igrejas se veem envolvidas com os impe-

radores e reis. Muitos monarcas são ungidos por bispos e pelo papa, ou pelo patriarca.

Isto teve seu preço, pois assim, Igreja e Estado estavam entrelaçadas. As igrejas contro-

lavam os estados e os estados controlavam as igrejas.

A igreja, sob o Papa Inocêncio II (1198-1216) quis estabelecer uma total inde-

pendência da Igreja do poder civil, mas queria que a igreja tivesse influência sobre os

governos monárquicos. Isto nunca funcionou.

Neste período a Igreja foi o baluarte da educação do povo. Ela criou as escolas e

as universidades (KONINGS, 1997, p.289). Nos mosteiros se reproduziam cópias das

grandes obras da antiguidade. Em seu meio surgiram grandes intelectuais, como S. To-

más de Aquino, S. Boaventura, Dun Scott e outros.

Este período entra em crise a partir de 1300. Toda a Europa começa a se dividir

em países independentes. Com isto a influência da igreja foi sempre mais minguando.

Apenas, através do poder cultural ela não conseguiu mais exercer seu domínio. Neste

período também se começa a produzir cultura fora da Igreja. Isto, aos poucos, foi secu-

larizando o pensamento intelectual. Além destes fatores externos, surge nesta época o

Sisma do Ocidente (período de dois Papas).

Grande Cisma do Ocidente, Cisma Papal ou simplesmente Grande Cisma foi uma crise religiosa

que ocorreu na Igreja Católica de 1378 a 1417. Entre 1309 e 1377, a residência do papado foi al-

terada de Roma para Avinhão, na França, pois o Papa Clemente V, foi levado (sem possibilidade

de debate) pelo rei francês para residir em Avinhão. Em 1378, o Papa Gregório XI voltaria para

Roma, onde faleceria. A população italiana desejava que o papado fosse restabelecido em Roma.

Foi então eleito o Papa Urbano VI, de origem italiana. No entanto, ele demonstrou ser um papa

muito autoritário, de modo que uma quantidade considerável do Colégio dos Cardeais, anularia a

sua votação e foi realizado um novo conclave, sendo eleito Clemente VII, que passou a residir

em Avinhão. Iniciara-se assim o Cisma, em que o Papa residia em Roma e o Antipapa residia em

Avinhão, reclamando ambos para si o poder sobre a Igreja Católica. Posteriormente, surgiria ou-

tro Antipapa em Pisa. O cisma terminou no Concílio de Constança em 1417, quando o papado

foi estabelecido definitivamente em Roma (Wikipedia).

Tudo isto deixou a igreja enfraquecida e sem moral para enfrentar as novas rea-

lidades que estavam surgindo no cenário europeu e mundial. Tudo isto clamava por re-

formas em todos os setores.

O Cristianismo no Mundo Moderno e as Igrejas Históricas

A Idade Moderna é um período específico da História do Ocidente. Destaca-se das demais por

ter sido um período de transição por excelência. Tradicionalmente aceita-se o início estabelecido

pelos historiadores franceses, em 29 de maio de 1453 quando ocorreu a tomada de Constantino-

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pla pelos turcos otomanos, e o término com a Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789 (Wi-

kipedia).

Entre os séculos XVI e XVIII, um volume extraordinário de transformações estabeleceu uma

nova percepção de mundo, que ainda pulsa em nossos tempos. Encurtar distâncias, desvendar a

natureza, lançar em mares nunca antes navegados foram apenas uma das poucas realizações que

definem esse período histórico. De fato, as percepções do tempo e do espaço, antes tão extensas

e progressivas, ganharam uma sensação mais intensa e volátil (www.historiadomundo.com.br).

Neste período a igreja está em grandes conflitos. O mundo imaginário que ela

dominara, está desmoronando. Novos critérios surgem para todos os campos da vida

humana, também para o campo religioso.

Martinho Lutero (1483 -1546)

Martinho Lutero (em alemão: Martin Luther; Eisleben, 10 de novembro de 1483 — Eisleben,

18 de fevereiro de 1546) foi um sacerdote agostiniano e professor de teologia alemão precursor

da Reforma Protestante.[1]

Veementemente contestando a alegação de que a liberdade da puni-

ção de Deus sobre o pecado poderia ser comprada, confrontou o vendedor de indulgências Jo-

hann Tetzel com suas 95 Teses em 1517. Sua recusa em retirar seus escritos a pedido do Papa

Leão X em 1520 e do Imperador Carlos V na Dieta de Worms em 1521 resultou em sua exco-

munhão pelo papa e a condenação como um fora-da-lei pelo imperador.

Formou a Igreja Evangélica Luterana. Esta igreja tem uma estrutura completa-

mente diferente da católica: Não tem bispos, nem sacerdócio hierárquico. Existe, ape-

nas um sacerdócio comum de todos os fiéis (KONINHS, 1997, p.291). A única autori-

dade em sua igreja é Deus que se manifesta através da Bíblia. Portanto, não existe hie-

rarquia, nos moldes católicos. Esta ausência de hierarquia resultou no fracionamento

em diversos grupos, dos quais, os mais conhecidos, são: Luteranismo, Calvinismo e

Anglicanismo.

Calvinismo

Calvino exerceu uma influência internacional no desenvolvimento da doutrina da Reforma Pro-

testante, à qual se dedicou com a idade de 30 anos, quando começou a escrever a "Instituição da

religião Cristã" em 1534 (publicado em 1536). Esta obra, que foi revista várias vezes ao longo

da sua vida, em conjunto com a sua obra pastoral e uma coleção maciça de comentários sobre a

Bíblia, são a fonte da influência permanente da vida de João Calvino no protestantismo.

Calvino apoiou-se na frase de Paulo: "pela fé sereis salvos", esta frase de epístola de Paulo aos

Romanos foi interpretada por Martinho Lutero ou simplesmente Lutero como pela fé sereis sal-

vos. As duas frases, possuem a mesma coisa, ou seja, não muda o sentido.

Para Bernardye Cotitretw, biógrafo de Calvino, "o calvinismo é o legado de Calvino e torna-se

uma forma de disciplina, de ascese, que raramente é levada ao extremo da teimosia". O Calvinis-

ta é pois no extremo um profundo conhecedor da Bíblia, que pondera todas as suas ações pela

sua relação individual com a moral cristã. O Calvinismo é também o resultado de uma evolução

independente das idéias protestantes no espaço europeu de língua francesa, surgindo sob a in-

fluência do exemplo que na Alemanha a figura de Martinho Lutero tinha exercido. A expressão

"Calvinismo" foi aparentemente usada pela primeira vez em 1552, numa carta do pastor luterano

Joachim Westphal, de Hamburgo.

O Calvinismo marca a segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas protestantes co-

meçaram a se formar, na seqüência da excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica roma-

na. Neste sentido, o Calvinismo foi originalmente um movimento luterano. O próprio Calvino

assinou a confissão luterana de Augsburg de 1540. Por outro lado, a influência de Calvino come-

çou a fazer sentir-se na reforma Suíça, que não foi Luterana, tendo seguido a orientação conferi-

da por Ulrico Zuínglio. Tornou-se evidente que a doutrina das igrejas reformadas tomava uma

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direcção independente da de Lutero, graças à influência de numerosos escritores e reformadores,

entre os quais João Calvino era o mais eminente, tendo por isso esta doutrina tomado o nome de

Calvinismo.

Anglicanismo

A Igreja da Inglaterra (em inglês: Church of England), também denominada Igreja Anglicana, é

a Igreja cristã estabelecida oficialmente na Inglaterra e é a matriz principal da atual Comunhão

Anglicana ligada à Sé de Canterbury, Inglaterra, bem como é membro-fundador da Comunhão

de Porvoo. Fora da Inglaterra, a Igreja Anglicana é geralmente denominada de Igreja Episcopal,

principalmente nos Estados Unidos da América e países da América Latina.

A Igreja da Inglaterra compreende-se como católica e reformada:

Católica, na medida em que se define como uma parte da Igreja Católica[1]

de Jesus

Cristo, em perfeita e válida continuidade com a Igreja apostólica.

Reformada, na medida em que ela foi moldada por alguns dos princípios doutrinários e

institucionais da Reforma Protestante do século XVI. O seu caráter mais Reformado en-

contra-se na expressão dos Trinta e Nove Artigos de Religião, elaborado em 1563[2]

como parte do estabelecimento da via média de religião sob a rainha Elisabeth I da In-

glaterra. Os costumes e a liturgia da Igreja da Inglaterra, expresso no Livro de Oração

Comum (em inglês, The Book of Common Prayer - BCP), são baseados em tradições da

pré-Reforma, com influência dos princípios da Reforma litúrgica e doutrinária de inspi-

ração protestante.

Porém, compreende-se também como Protestante, na medida em que não está subordi-

nada ao Vaticano nem ao papa.[3]

(Wikipedia).

Tanto o Luteranismo, o Calvinismo e o Anglicanismo geraram novas denomi-

nações religiosas, principalmente quando estas igrejas chegaram aos Estados Unidos,

que é o país mais fecundo em produção de novas igrejas. Assim:

a) Presbiterianos: Calvinistas. Não têm bispos. Saõ governados pelos anciãos

(presbíteros) = os mais velhos. Hoje estão divididos em diversas igrejas: I-

greja Presbiteriana Independente (IPI), Igreja Presbiteriana Unida (IPU), etc.

Creem na predestinação do ser humano.

No Brasil existem muitas igrejas Presbiterianas: (Wikipedia)

Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) - Sede: Rio de Janeiro/RJ

Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil (IPR) - Sede: Arapongas/PR

Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB) - Sede: São Paulo/SP

Igreja Presbiteriana Viva (IPV) - Sede: Volta Redonda/RJ

Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil (IPCB) - Sede: São Paulo/SP

Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) - Sede: Vitória/ES

Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil (IPFB) - Sede: Recife/PE

Igreja Evangélica Cristã Presbiterianal (IECP) - Sede: São Paulo/SP

Igreja Cristã Presbiteriana Pentecostal (ICPP) - Sede: Juquiá/SP

Igreja Presbiteriana Reformada do Brasil (IPRB) - Sede: Caratinga/MG

Igreja Cristã Presbiteriana (ICP) - Sede: Ponta Grossa/PR

Igreja Presbiteriana da Graça (IPG) - Sede: Mogi das Cruzes/SP

Igreja Presbiteriana Pentecostal (IPP) - Sede: Belo Horizonte/MG

Igreja Evangélica Presbiteriana de Jandira (IEPJ) - Sede: Jandira/SP

Igreja Presbiteriana Evangélica (IPE) - Sede: Belo Horizonte/MG

Igreja Presbiteriana Livre (IPL) - Sede: Colatina/ES

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Igreja Presbiteriana Rio Doce (IPRD) Sede: Olinda/PE

Igreja Presbiteriana de Manaus (IPM) Sede: Manaus/AM

b) Batistas: surgem na Inglaterra e se expandem nos EUA. Inicialmente eram

chamados de Anabatistas: batizar novamente. Batizam adultos e somente por

imersão. Reagiram contra o Darvinismo (evolução das espécies) com a dou-

trina do Criacionismo (Gn 1-3). Também eles estã divididos em diversas i-

grejas.

c) Metodistas: JohnWesley (1703-1791) era anglicano. Com uma certa estag-

nação religiosa, ele e seus companheiros começaram a se reunir metodica-

mente para reavivar a fé. Daí surgiu o nome Metodistas. Segue estrutura e-

piscopal, herdada da Igreja Anglicana, mas na doutrina tem forte influência

calvinista.

d) Episcopais: com a independência dos EUA, os anglicanos se viram isolados,

pois a igreja anglicana está subjugada ao rei/rainha da Inglaterra. Nasceu as-

sim a Igreja Episcopal que existe também aqui no Brasil, hoje chamada de

Igreja Episcopal de Comunhão Anglicana.

e) Luteranos de Missouri: é um ramo da Igreja Luterana que, nos EUA for-

mou novo Sínodo de Missóuri (1847). Aqui estão diferenciados dos Lutera-

nos, ou seja, os Luteranos Alemães aqui se chamam IECLB (Igreja Evangé-

lica de Confissão Luterana do Brasil), os luteranos de Missouri se denomi-

nam de IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil).

f) Mórmons: Igreja de Jesus Cristo dos santos dos últimos dias. John Smith

(1805-1844). Aceitam, ao lado da Bíblia, o Livro de Mórmon. Livro supos-

tamente do séc. IV que teria permanecido escondido até que em 1827 um an-

jo o teria mostrado a Smith. Creem que Deus foi o que o homem é e o ho-

mem será o que Deus é (KONINGS, 1997, p.117). Inicialmente eram polí-

gamos.

g) Adventistas: vinda de Deus para o julgamento iminente. Seu consolidador é

Guilherme Muller (1787-1749) que saiu da Igreja Batista. Guardam o sába-

do, por isto são chamados de Adventistas do Sétimo Dia, ou também Saba-

tistas.

h) Testemunhas de Jeová: fundados por Taze Russell (1852-1916), que era

presbiteriano. Previu que Cristo viria em 1914 para julgar os homens, aniqui-

lar os maus e reinar, por 1000 anos com os bons nesta terra. Creem que o

mundo está sob o domínio de satanás. Creem que só 144 mil se salvarão.

Cristianismo no Mundo Contemporâneo

A idade contemporânea é o período específico atual da história do mundo ocidental, iniciado a

partir da Revolução Francesa (1789 d.C.).O seu início foi bastante marcado pela corrente filosó-

fica iluminista, que elevava a importância da razão. Havia um sentimento de que as ciências iri-

am sempre descobrindo novas soluções para os problemas humanos e que a civilização humana

progredia a cada ano com os novos conhecimentos adquiridos. Com o evento das duas grandes

guerras mundiais o ceticismo imperou no mundo, com a percepção que nações consideradas tão

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avançadas e instruídas eram capazes de cometer atrocidades dignas de bárbaros. Decorre daí o

conceito de que a classificação de nações mais desenvolvidas e nações menos desenvolvidas tem

limitações de aplicação. Atualmente está havendo uma especulação a respeito de quando essa era

irá acabar, e, por tabela, a respeito da eficiência atual do modelo europeu da divisão histórica

(Wikipedia).

Nesta fase da história surgem Movimentos de Libertação. Inicialmente o cristia-

nismo é visto com desconfiança. Igualmente o cristianismo se fecha diante das novida-

des (KONINGS, 1997, p.295ss). Por um lado, surgem grandes pensadores ateus, princi-

palmente na Europa: Marx, Nietzsche, Engels, etc. Por outro lado surgem grandes exe-

getas, principalmente no mundo protestante. Mas alguns destes, como Harnack, Strauss

e Renan deram uma reviravolta na maneira de compreender Jesus, beirando assim, o re-

lativismo religioso. Até certo ponto, arrancaram Jesus do dogma, colocando-o como fi-

gura mítica (DELUMEAU, 2000, p.267s).

Com o fim da Revolução Francesa (Acontecimentos entre 5 de maio de 1789 e 9

de novembro de 1799 – Wikipedia), o cristianismo atinge novo élan missionário. Na

Europa se funda uma infinidade de congregações religiosas com o intuito de levar a

mensagem do evangelho ao mundo inteiro. O mesmo acontece no mundo protestante.

Novos movimentos missionários surgem, tanto na Europa como nos Estados Unidos.

Assim, nos EUA os batistas e os metodistas têm grande expansão.

As missões, tanto católicas, como evangélicas, foram ao mundo, principalmente

à Africa e às Américas. Tanto católicos como evangélicos conheceram grande propaga-

ção da fé. Houve, ainda, muita incompreensão entre as diversas igrejas. O espírito ecu-

mêncio ainda estava em fase embrionária, pois a maioria das igrejas viam suas rivais

como obra do demônio. Católicas satanizavam protestantes e protestantes satanizavam

católicos. Em certos momentos se chegou a agressões físicas. Mas tudo isto começa a

entrar em nova fase a partir da primeira emtade do século XX, quando, na Europa se

cria o Conselho Mundial das Igrejas4. Mais tarde, aconteceu, na Igreja Católica o Concí-

lio Vaticano II (1962-1965). Com este concílio, a Igreja se abre aos novos tempos e com

esta abertura, realçou-se, bastante, o ecumenismo.

Em nossos dias, existe um forte ecumenismos entre as igrejas históricas: Católi-

ca, Episcopal, Luterana, Metodista, algumas presbiterianas e algumas batistas. Existem

dificuldades de ecumenismo com as igrejas pentecostais e neo-pentecostais.

Pentecostais:

Enfatizam muito os louvores em línguas, os milagres de cura, etc. Professam o

batismo com água, que deve ser completado com o batismo do Espírito Santo (KO-

NINGS, 1997, p.119). O Pentecostalismo é um movimento que visa despertar o entusi-

asmo religiososs conforme a experiência de At 2,1-13 (vinda do Espírito Santo e o dom

das línguas). Trata-se de um fenômeno que vai além das denominações religiosas, pois

existe até dentro das igrejas históricas e mesmo na igreja católica (Renovação Carismá-

tica Católica). As principais igrejas deste movimento são:

a) Assembléia de Deus: são, na realidade, diversas igrejas. Foi fundada por dois jovens, Daniel Berg e Gunnar Vingren, que haviam emigrado da

Suécia para os Estados Unidos. Em Chicago, participaram de uma convenção pentecos-

4 O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é a principal organização ecumênica em nível internacional, fundada em

1948, em Amsterdam, Holanda. Com sede em Genebra, Suíça, o CMI congrega mais de 340 igrejas e denominações em sua membresia (Wikipedia).

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tal. Os dois operários suecos receberam de Deus uma chamada especial para o Brasil.

Chegaram a Belém do Pará no dia 19 de novembro de 1910. Congregaram na igreja Ba-

tista, mas suas ideias pentecostais não foram aceitas. Afastaram-se e fundaram a igreja

Assembleia de Deus, em junho de 1911. Essa denominação é hoje a maior Igreja pente-

costal do Brasil. Creem os assembleianos que o falar em línguas é o sinal do batismo

com o Espírito Santo (http://www.iprb.org.br/artigos/textos/art51_100/art80.htm). A princípio, frequentaram a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos

Estados Unidos. Eles traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com a glossolalia

— o falar em línguas espirituais (estranhas) — como a evidência inicial da manifesta-

ção para os adeptos do movimento (Wikipedia).

b) Brasil para Cristo: é uma igreja nacional, ou seja, fundada no Brasil: Iniciada por Manoel de Mello e Silva (1929-1990), um trabalhador da construção civil que

veio a São Paulo do sertão de pernambucano, converteu-se ao protestantismo na Assembleia

de Deus e algum tempo depois aderiu à Cruzada Nacional de Evangelização, hoje nomeada

Igreja do Evangelho Quadrangular. Foi ordenado ministro pela International Church of the

Foursquare Gospel, igreja estadunidense que organizou os trabalhos missionários que funda-

ram a Igreja Quadrangular no Brasil.

Em 1955, Manoel teria tido uma visão de Jesus Cristo, a qual ele próprio narra: "Em 1.955

tive uma visão espiritual na qual o Senhor Jesus me apareceu e me deu ordens para come-

çar, no Brasil, um movimento de reavivamento espiritual, evangelização e cura divina, e o

Senhor Jesus mesmo deu-me o nome: 'O Brasil Para Cristo'. Obedeci a ordem. Aleluia! Sem

dúvida alguma começava no Brasil o maior movimento de evangelização e reavivamento

espiritual de toda a América Latina." [1]

Deus é fiel O seu programa A Voz do Brasil Para

Cristo ficou no ar por duas décadas e ainda continua na Rádio Musical FM, 105,7 com o seu

filho Pastor Paulo Lutero de Mello. Conduziu reuniões em praças públicas e estádios de fu-

tebol. A Igreja O Brasil Para Cristo cresceu na maior parte em áreas pobres e operárias da

Zona Leste de São Paulo (Wikipedia).

c) Deus é Amor: Davi Miranda

A Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA), é uma da denominação evangélica brasileira

originária da segunda onda do Pentecostalismo. Foi fundada em 1962 pelo missionário

David Martins Miranda, com sede na cidade de São Paulo, SP - Brasil. A sua membre-

sia foi estimada em 774.830[1]

(conforme Censo 2000 feito pelo IBGE), atualmente con-

ta com mais de 17.584 igrejas espalhadas pelo Brasil e mais 136 países,[2]

sendo assim a

quinta maior igreja em número de membros do ramo pentecostal no Brasil ficando atrás

da Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil, Igreja Universal do Reino de

Deus e Igreja do Evangelho Quadrangular, ficando em nono lugar entre as igrejas Pro-

testantes Brasileiras.

d) Evangelho Quadrangular

Pentecostais enfatizam o ensino do "evangelho pleno" ou "evangelho quadrangular". O

termo "quadrangular" refere-se as quatro crenças fundamentais do pentecostalismo: Je-

sus salva, conforme João 3:16; batiza com o Espírito Santo, conforme Atos 2:4; cura o

corpo, conforme Tiago 5:15; e está vindo novamente para aqueles que foram salvos,

conforme 1 Tessalonisenses 4:16–17.[54]

Eles são evangelicais na medida em que enfa-

tizam a confiabilidade da Bíblia e a necessidade de transformação de vida do indivíduo

por meio da fé em Jesus (Wikipedia)

Aimee Semple McPherson (1890-1944), uma evangelista conhecida como "Irmã Aimee", fundou

a igreja do Evangelho Quadrangular em 1921. Los Angeles foi o centro das operações, o Ange-

lus Temple foi inaugurado em Echo Park em 1 de janeiro de 1923, assentando 5.300 pessoas.

McPherson foi uma celebridade, participando de eventos públicos, de modo que semanalmente

nos domingos parava completamente as ruas de Los Angeles, juntamente com o prefeito e estre-

las de cinema, diretamente para o Angelus Temple. Ela construiu o templo, e o L. I. F. E. Bible

College na porta ao lado, no canto noroeste das terras que possuía no centro da cidade.

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O status de celebridade de McPherson continuou até depois de sua morte, em biografias como a

de 1976 Hallmark Hall of Fame, o drama The Disappearance of Aimee e o filme independente

de 2006 Aimee Semple McPherson retratando a sua vida, particularmente seu desaparecimento

em Maio-Junho de 1926 e a controvérsia jurídica que se seguiu (Wikipedia).

e) Congregação Cristã. Foi fundada em 1910, pelo italiano Luigi Francescon, antigo membro

da Igreja Presbiteriana Italiana de Chicago, EUA, e teve grande desenvolvimento no Brasil. Esta

denominação, porém, é considerada como seita pelos evangélicos devido aos seus inúmeros des-

vios doutrinários: o uso do véu, não aceitação do ministério pastoral, pregam contra o dízimo e

afirmam que só nessa igreja é que o homem pode ser salvo. E são extremamente críticos quanto

às demais igrejas (http://www.iprb.org.br/artigos/textos/art51_100/art80.htm ).

Néopentecostais

O Neopentecostalismo é uma vertente do evangelicalismo que congrega denominações oriundas

do pentecostalismo clássico ou mesmo das igrejas cristãs tradicionais (batistas, metoditas, etc).

Surgiram sessenta anos após o movimento pentecostal do início do século XX (1906, na Rua

Azuza), ambos nos Estados Unidos da América.

Em alguns lugares são chamados de carismáticos, tendo como exceção o Brasil, onde essa no-

menclatura é reservada quase exclusivamente para um movimento dentro da Igreja Católica

chamado Renovação Carismática Católica, mas aos poucos o termo vem sendo resgatado por

pentecostais e neopentecostais no País.

No Brasil, as igrejas mais representativas dessa corrente são a Igreja Universal do Reino de

Deus, a Igreja Internacional da Graça de Deus, a Igreja Renascer em Cristo, a Igreja Mundial do

Poder de Deus a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra a Igreja Batista Nacional e o Ministé-

rio Internacional da Restauração (Wikipedia).

As igrejas neopentecostais se baseiam em uma doutrina conhecida como "confissão positiva",

também chamada Teologia da Felicidade. De acordo com o Dictionary Of Pentecostal And Cha-

rismatic Movements (Dicionário dos Movimentos Pentecostal e Carismático), "Confissão positi-

va é um título alternativo para a teologia da fórmula do Uranio,tambem conhecido como fé ou

doutrina da prosperidade promulgada por vários televangelistas contemporâneos, sob a liderança

e a inspiração de Essek William Kenyon. A expressão "confissão positiva" pode ser legitima-

mente interpretada de várias maneiras. O mais significativo de tudo é que a expressão "confissão

positiva" se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos com nossa boca, uma vez

que a fé é uma confissão (Wikipédia).

Outras religiões de fundo Cristão

Além das religiões estudadas acima, existem ainda ramos que não se enquadram

nas categorias acima estudadas. São religiões que misturam diversas fontes, ou seja, é

difícil classificá-las. Sua doutrina está um tanto diluída, ou até misturada.

a) Espiritismo Cardecista

O Espiritismo tem sua origem nos EUA com as irmãs Fox que se deparam com

fenômenos Raps (batidas na parede de um suposto antigo morador da casa assassinado).

As irmãs Fox percorreram o mundo divulgando este fenômeno. Segundo elas, seria a

prova da comunicação entre vivos e mortos (KONINGS, 1997, p.111s). Mais tarde o

francês Allan Kardec, estudioso de fenômenos paranormais, estudou e condensou uma

doutrina espírita:

crê que o ser humano tem corpo, alma e perispírito (fluido universal – es-

tado intermediário entre matéria e espírito).

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Crê na reencarnação – renascer depois da morte para uma nova existên-

cia (trata-se de uma crença antiga já professada muito antes de Cristo por

religiões orientais). Cada reencarnação é um processo de crescimento,

não podendo regredir. Porém, de acordo com cada um, pode se desen-

volver mais ou menos, dependendo daí o número de reencarnações ne-

cessárias. Quando o ser humano chegou a um estado de perfeição, não

precisa mais reencarnar (espírito puro).

Nega a divindade de Jesus. Seria ele uma pessoa que já atingiu a plenitu-

de. Não precisava mais reencarnar, mas o fez para mostrar o caminho.

Não há redenção em Cristo. Cada um terá de fazer seu processo de puri-

ficação pelas reencarnações.

b) Religiões Afrobrasileiras

É difícil falar em religiões Afrobrasileiras, pois são muitas e nem sempre há

muito em comum. Aqui, como estamos tratando de Cristianismo, vamos estudar aquelas

que tem fundo cristão:

Os escravos vindos da África tinham suas religiões. Porém, aqui chegados foram

catequisados à força, mas esta catequese era superficial. Os escravos absorveram alguns

elementos do catolicismos, mas não deixaram para trás suas práticas mágicas e liturgias

próprias. Assim sendo, formou-se uma nova maneira de viver as diversas religiões afri-

canas com um colorido cristão superficial. Nasceu a grande miscigenação religiosa com

elementos africanos, indígenas, espíritas e cristãos. Desta forma, muitas religiões afro-

brasileiras têm elementos cristãos em seus cultos. Passando por casas de Umbanda se

encontra imagens de Nossa Senhora e de outros santos (KONINGS, 1997, p.109s). Os

principais grupos são: Umbanda, Macumba, Quimbanda, Batuque, Candomblé, etc.

Entre suas doutrinas encontram-se:

Reencarnação (herança do espiritismo);

Deus é Olorum ou Obatalá, mas admitem divindades inferiores: orixás

(Xangô, Yemanjá, Oxosse – muitos são confundidos com jesus, maria e

os santos católicos);

Praticam caridade fraternal;

São naturistas – envolvem com elementos da natureza.

Igreja Católica Brasileira (Icab)

Em 1945 houve uma ruptura de um bispo com o Vaticano. Trata-se de Dom Car-

los Duarte Costa que foi bispo de Botucatu desde 1924. Supostamente ele se envolveu

em abusos de administração, bem como em desvios doutrinários e políticos o que levou

o Papa Pio XI e destituir o mesmo do governo da diocese de Botucatu em 1937. Uma

vez destituído, recebeu o título de Bispo de Maura e foi residir no Rio de Janeiro. En-

volvendo-se em mais abusos, foi suspenso por Pio XII em 1945, fundando então, a Igre-

ja Católica Brasileira (ICAB) (KONINGS, 1997, p.125s).

Como o bispo de Maura foi bispo, continuou a ordenar padres e bispos à revelia.

Muitos destes ordenados não possuíam sequer a formação teológica mais rudimentar.

Esta Igreja está presente no norte-nordeste, sudeste e centroeste. No sul tem pouca pre-

sença. Sua doutrina, em quase nada difere da Igreja Católica Romana. O que a distingue

é a repulsa ao Papa e a pouca formação intelectual de seus membros. Servindo-se mui-

tas vezes para confundir os católicos, uma vez que seus ritos são semelhantes.

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A ICAB já se fracionou em algumas outras igrejas da mesma estrutura. Todas

levam o nome de Igreja Católica: Independente, Conservadora, etc.

Cristianismo, hoje

O cristianismo, hoje, se divide em três grandes ramos:

Igreja Católica Romana

Igreja Ortodoxa (diversos ramos: Grega, Russa, Oriental, etc.).

Igrejas Protestantes5, ou evangélicas:

Igrejas históricas

Igrejas modernas

Igrejas pentecostais

Igrejas Neopentecostais

A igreja Católica Romana é a maior de todas, tem atualmente mais de um bilhão

de fiéis espalhados em todo o mundo, principalmente na Europa e nas Américas;

As igrejas Ortodoxas somam algo em torno de 500 milhões de fiéis e se locali-

zam, principalmente no oriente, na Grécia e na Rússia. Sua doutrina é próxima à da

igreja católica, mas não aceitam o primado do bispo de Roma (Papa). Diversas dissi-

dências criaram novas igrejas: Igreja de Constantinopla, Igreja Grega, Igreja Russa,

Igreja Armênia, etc.

As Igrejas Protestantes somam juntas aproximadamente 500 milhões de fiéis.

Somados, católicos, ortodoxos e protestantes, o cristianismo chega a soma de dois bi-

lhões de fiéis. O mundo inteiro tem 6 bilhões. Isto significa dizer que, de cada três pes-

soas, uma é cristã.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

COOGAN, M. et al. Religiões, história e fundamentos da principais crenças religio-

sas. São Paulo: Publifolha, 2007.

DELAUME, Jean; MELCHIOR-BONNET, Sabine. De Religiões e de Homens. São

Paulo: Loyola, 2000.

KONINGS, J. et al. Religião e Cristianismo. Porto alegre: Edipuc, 1997

5 O nome Protestante parece um termo pejorativo. Origina-se de fiéis que protestaram contra a igreja

católica e seus princípios.