Cristiano Martins Rotinas produtivas em canais dedicados ao telejornalismo - versão revisada

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO CRISTIANO FARIAS MARTINS ROTINAS PRODUTIVAS EM CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO SÃO LEOPOLDO 2010

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo, pelo Curso de Comunicação Social da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

CRISTIANO FARIAS MARTINS

ROTINAS PRODUTIVAS EM CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO

SÃO LEOPOLDO

2010

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Cristiano Farias Martins

ROTINAS PRODUTIVAS EM CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado como requisito

parcial para a obtenção do título de

Bacharel em Comunicação Social,

Habilitação em Jornalismo, pelo Curso

de Comunicação Social da

Universidade do Vale do Rio dos

Sinos – UNISINOS

Orientador: Prof.ª Dra. Luiza

Maria Cezar Carravetta

São Leopoldo

2010

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À Luiza Carravetta, eterna mestra e orientadora, pelos conselhos, pela sabedoria e pela paciência;

À Greice, companheira e assistente até o último parágrafo,

pelo carinho, incentivo e dedicação nos momentos decisivos.

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AGRADECIMENTOS

A orientadora deste Trabalho de Conclusão de Curso, Professora Luiza Maria

Cezar Carravetta, por todo o aprendizado destes cinco anos de UNISINOS, em uma

convivência onde sempre se fizeram presentes a tranquilidade e a paz de espírito.

A Greice Nichele, esposa e companheira, pela paciência, carinho e apoio,

cruciais para que este Trabalho fosse produzido e concluído a tempo de ser

entregue.

A todos os colegas de curso, representados aqui por Alessandra Riete, Rafael

“Palmares” Martins e Pedro Bicca, pela parceria, força e dedicação com que

trabalharam nos projetos de telejornalismo, produzidos em equipe, e também a

Schanna Rodrigues, Tárlis Schneider e Tatiane Marques de Lima, pela amizade

cultivada nestes cinco anos.

A meus pais, Marcos Rogério Martins e Cristina Farias Martins, irmão, avós,

bisavó, entre outros, assim como os pais e familiares de minha esposa, pelo apoio,

carinho e força empenhados para que este Trabalho se concretizasse.

A Humberto Candil, diretor responsável do canal de notícias Band News TV,

por ter respondido aos questionamentos e auxiliado no esclarecimento de dúvidas

sobre a rotina produtiva daquele canal.

A Cláudio Lessa, ex-apresentador do canal CBS Telenotícias Brasil, por ter

disponibilizado ao público os vídeos que permitiram analisar aquele canal dez anos

após sua extinção.

A Ticiana Giehl, amizade que teve papel importante para que os rumos a

serem seguidos fossem outros, resultando neste momento.

Aos colegas de trabalho, coordenadores de operações, jornalistas, e a todos

os profissionais da RBSTV e TVCOM Porto Alegre, que contribuíram para meu

aprendizado profissional nestes quatro anos de convívio.

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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como principal objetivo apresentar ao

leitor as características de três canais dedicados ao telejornalismo, sendo um extinto

– CBS Telenotícias Brasil – e dois em operação – Band News e Record News.

As características e momentos históricos do telejornalismo e da televisão por

assinatura – onde os canais 24 horas de notícia têm espaço privilegiado – são

apresentados, assim como os meandros da produção de um telejornal tradicional,

inserido na programação de emissoras tradicionais de televisão. A rotina dos

profissionais de telejornalismo é apresentada em detalhes, assim como os prazos

que precisam ser vencidos, e as formas de apresentação da notícia empregadas nos

telejornais. Um resgate da trajetória dos três canais é traçado, e sete edições de

telejornais são analisadas e descritas com o objetivo de esmiuçar ao máximo a

rotina produtiva de um canal dedicado à transmissão de informações, sinalizar as

características que compartilham e diferenciam estes telejornais, assim como as

inovações que podem ocorrer em um período de uma semana, em dois dos três

canais analisados. A inovação estética, em detrimento da inovação no formato e no

conteúdo é o resultado deste estudo, que revela a preocupação em superar

inovações impostas pelos vanguardistas, desdenhando a elaboração de novos

formatos apresentáveis ao telespectador. O objetivo principal deste Trabalho é levar

ao leitor um perfil atualizado destes veículos de comunicação, pouco estudados no

meio acadêmico, de modo a apresentar sua história, suas características e

inovações no decorrer dos últimos dez anos.

Palavras-chave: Televisão. Telejornalismo. Notícia. Formato. Rotina

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 15

2.1 Definição de Telejornalismo ............................................................................... 15

2.2 Características do Telejornalismo ...................................................................... 16

2.3 Resgate Histórico no Brasil ................................................................................ 17

2.4 Histórico da Televisão por Assinatura ................................................................ 35

2.5 Histórico do Telejornalismo Dedicado ................................................................ 38

3 ROTINAS PRODUTIVAS NO TELEJORNALISMO ............................................... 41

3.1 Rotinas Produtivas em Canais Dedicados ao Telejornalismo ............................. 52

4 CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO .................................................... 58

4.1 CBS Telenotícias Brasil ...................................................................................... 58

4.2 Band News ......................................................................................................... 61

4.3 Record News ..................................................................................................... 64

5 ANÁLISE ............................................................................................................... 67

5.1 Formas de Apresentação da Notícia .................................................................. 69

5.2 Informações Recorrentes ................................................................................... 71

5.3 Origem das Informações .................................................................................... 73

5.4 Tempo Total x Tempo de Produção ................................................................... 76

5.5 Hoje x Dez anos atrás ........................................................................................ 76

5.6 Inovações de uma semana para a outra ............................................................ 78

6 CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS .................................................................... 83

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 86

ANEXO – ENTREVISTA À HUMBERTO CANDIL .................................................... 90

QUADRO I – ESPELHO DO TELEJORNAL CBS .................................................... 91

QUADRO II – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 1 .............................................. 93

QUADRO III – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 2 ............................................. 95

QUADRO IV – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 3 ............................................ 97

QUADRO V – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 1 ................................................ 99

QUADRO VI – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 2 ............................................. 101

QUADRO VII – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 3 ............................................ 103

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1 INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão, involuntariamente, tem início quando este autor

ainda era estudante do ensino médio e residia no interior de Viamão, região

metropolitana de Porto Alegre. Todos os dias, para chegar à escola – distante quase

20 quilômetros da minha residência – era preciso pegar o ônibus pelas 6h30min da

manhã. Acordava todos os dias pelas 5h45min, sozinho, e, enquanto preparava o

café, assistia televisão.

Grande parte dos programas que eram transmitidos naquele horário, ou eram

educativos – caso do Telecurso – ou eram vinculados a alguma igreja, quando não

se tratavam de reprises de filmes e séries antigos. Mas um dia uma exceção à regra

me chamou a atenção: eram boletins noticiosos, transmitidos a cada trinta minutos,

chamados de CBS Telenotícias, que eram exibidos pelo SBT. A qualidade técnica, a

trilha sonora, a postura dos apresentadores, e o fato de ser um telejornal em um

horário nada convencional conquistaram um telespectador.

Por diversas manhãs, durante o café, se tornara uma obrigação minha sair de

casa informado, após assistir ao último telejornal da madrugada, transmitido pelo

SBT, já que a partir das seis da manhã iniciava-se a programação de desenhos. A

rotina se seguiu até que, em um dia qualquer, o telejornal não fora apresentado. E

no dia seguinte, e no outro, também não fora ao ar.

Concluí o ensino médio no final de 2000. O canal CBS Telenotícias Brasil

encerrara suas atividades no meio deste ano, por dificuldades financeiras. Mas não

se encerrara o meu interesse pela informação. Precocemente, passei a ouvir

emissoras de rádio informativas, como a Bandeirantes e a Gaúcha. As informações

do trânsito, as notícias divulgadas instantaneamente, ao vivo, com a dinâmica

imposta pelo rádio me cativavam.

Em um outro dia qualquer, resolvi conhecer como funcionava uma emissora

de rádio. O programa escolhido, já extinto, era o Estúdio Band, apresentado por

Daniela Sallet e Renato Martins na Rádio Bandeirantes, das duas às quatro da

tarde. A forma descontraída de informar o ouvinte durante duas horas eram minha

distração enquanto trabalhava em um escritório contábil de uma amiga. Perguntei se

podia assistir ao programa ao vivo, e me foi aberta uma exceção, pois não era uma

prática do programa e da emissora permitir a visita de ouvintes.

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Durante o programa, assisti atentamente a comunicação e a sincronia entre o

apresentador Renato Martins e o operador de áudio Luciano Vargas. O apresentador

levantava a placa com a trilha que desejava, e lá vinha a trilha em um clique de

mouse do operador de áudio, que tinha em suas mãos um computador e uma mesa

de som parecida com um fogareiro de seis bocas, mas sem os queimadores. Ao

lado do operador, a produção freneticamente fechava ligações com os repórteres,

que entravam ao vivo por telefone com as últimas notícias. Mesmo em meio a toda

aquela tensão, aquele estresse, o operador parecia tranquilo, dava risadas e

esbanjava sorrisos na sua atividade, sempre atento ao que estava no ar.

Foi naquele dia que veio a decisão de querer trabalhar em rádio. Sabia que o

salário não era dos melhores, mas sempre preferi me satisfazer em algo que valesse

a pena. Isso era em meados de 2001. Com a rescisão de um emprego, em 2002

paguei a vista o curso técnico profissionalizante de Radialista – Operador de Áudio,

na Fundação Padre Landell de Moura, a FEPLAM. Em quatro meses, o registro

profissional estava pronto – MTb 9404 – mas faltava-me a experiência, que veio na

própria FEPLAM, por duas oportunidades, auxiliando o professor Augusto Silveira

nos finais de semana, nas aulas que os alunos de locução precisavam cumprir para

finalizar o curso.

E foi convivendo com os alunos que me bateu o interesse em fazer também o

curso de locução. Não me via como locutor, apesar do tom de voz formal. Mas com

o incentivo de um ou outro colega, lá fui eu para a sala de aula novamente. Por

trabalhar na FEPLAM, ganhei de presente o curso, ministrado pelo professor Sérgio

Reis, um dos pioneiros da televisão no estado. Formado locutor, saí da FEPLAM por

questões pessoais, e fui trabalhar em um cemitério, como porteiro.

O diretor do cemitério era o Pastor Adilson Stephani, da Igreja Evangélica

Luterana, e todas as semanas gravava comigo seu programa de rádio, que ía ao ar

em emissoras do interior do Rio Grande do Sul. Certo dia, Pastor Adílson, com seu

jeito tranquilo de falar, me perguntou se eu não conhecia ninguém que queria

trabalhar como porteiro do cemitério. Com curiosidade, perguntei o que precisava. O

primeiro requisito era não ter medo de cemitério, o que não era meu caso. E depois,

ter paciência para trabalhar aos finais de semana e feriados, algo que todo radialista

ou jornalista deve se acostumar.

E lá fui eu, por quatro meses, trabalhar como porteiro no Cemitério Evangélico

de Porto Alegre, acompanhando velórios, fazendo rondas noturnas, com chuva ou

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com lua cheia. Mas me dei por conta de que aquela não era uma vida a ser seguida,

que não levava a um futuro, ou seja, a lugar algum. Era preciso dar um passo a

frente. Com o apoio fundamental de Ticiana Giehl, na época estagiária da Rádio

Gaúcha, aluna da FEPLAM na época em que trabalhei lá, e que se tornou uma

grande amiga desde então, eu fui alimentando a ideia de prestar vestibular, algo que

não me passava pela cabeça desde que havia terminado o ensino médio.

Enferrujado, distante dos cadernos, aos poucos fui me preparando para

encarar as provas que seriam no final do ano de 2005. Por não ter condições

financeiras para pagar um curso pré-vestibular, a preparação foi com livros

comprados em sebos, especialmente naquelas matérias em que a dificuldade era

maior – matemática, física e química. Mas por que raios um futuro jornalista precisa

saber de matemática para passar no vestibular? Pois precisa não só para o

vestibular, mas para a vida toda... Ticiana também me emprestou anotações, feitas

por ela de algumas matérias, e um livro de literatura brasileira.

O primeiro teste foi o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Era a

segunda vez que o Exame poderia ser utilizado para a concessão de bolsas

integrais em universidades particulares, por meio do Programa Universidade para

Todos – ProUni. Muitos não acreditavam nesta oportunidade, mas eu preferi colocar

as fichas e ver no que dava.

Nem eu, muito menos meus pais – um policial militar a caminho da

aposentadoria, e uma dona de casa – ou meu irmão, que estava no ensino médio,

tínhamos condições de pagar faculdade particular. E como estudei a vida toda em

escolas públicas, enxergava no ProUni uma oportunidade de ingressar no ensino

superior sem prejudicar o orçamento da família, e sem levar em consideração

questões político-partidárias que se revelam nestas ocasiões.

Fiz as provas do ENEM, mas o resultado seria divulgado somente no final do

ano. Pela estimativa que fiz, foram 42 acertos em 63 questões, dois terços exatos da

prova. Nada mal para quem ficara cinco anos longe dos cadernos... Pois o tempo

passava e era preciso ingressar na universidade, a decisão já estava tomada.

O primeiro vestibular foi o da Feevale, onde passei e cheguei a me matricular em

três disciplinas. Um segundo vestibular, desta vez no IPA, onde também fui

aprovado.

No IPA, eu poderia, por ser filho de policial militar, conseguir uma bolsa

integral, mediante o cumprimento de atividades voluntárias. Disto eu entendia bem:

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durante quatro meses, enquanto trabalhei no cemitério, participei de uma rádio

comunitária, localizada em Viamão. A Aracoupama FM tinha como diretor Roberto

Gross, que foi candidato a senador nas últimas eleições. Um cara sério, que fazia de

tudo para que a rádio fosse cem por centro dentro da lei – transmissores,

programação, apoios culturais...

Eu, locutor e operador de áudio caçando experiência, procurei a rádio, e me

ofereci para trabalhar como locutor, redator, operador de áudio, criador de vinhetas,

e o que fosse preciso... exceto vender, pois eu sempre pensei que essa atividade

não compete ao radialista. Roberto aceitou e eu trabalhei durante quatro meses na

rádio, melhorando a plástica da emissora, desenvolvendo vinhetas, programas, e

informatizando a rádio, que até então era posta no ar por cinco rádios portáteis com

CD, sem remuneração fixa – o pagamento, na maioria, era em erva-mate,

permutada por espaço publicitário de um anunciante da rádio. Era o combustível

para começar bem todas as manhãs. De vez em quando aparecia um ou outro

dinheiro, mas era muito pouco.

Pedi desligamento da rádio por não conseguir compatibilizar os horários com

o emprego no cemitério – caminhar quatro quilômetros até o estúdio da rádio todas

as manhãs passou a se tornar uma atividade cansativa. Outro motivo que me levou

a sair da rádio foi a intenção do diretor da emissora em querer concorrer com

emissoras de rádio comerciais, fazendo a programação musical semelhante a estas,

por mais que eu insistisse que o diferencial da rádio comunitária deveria ser o

contrário, de explorar todos os espaços que as rádios comerciais faziam questão de

não atingir.

Consegui a tal bolsa integral do IPA, e cancelei a matrícula na Feevale. Tudo

acertado para começar o semestre em março, até que chega o resultado do ENEM:

nota 95 na redação, e 42 acertos, média de 79,23 e o oitavo lugar para jornalismo no

estado. Estava dentro, e pela nota, podia me dar ao luxo de escolher onde estudar.

A UNISINOS foi a escolha natural, pelo ambiente acolhedor, pela vasta área

verde e espaço de sobra, por dispor dos melhores laboratórios para a prática das

atividades, pelo nível de excelência e de respeito reconhecido por todos que ali

passaram, incluindo meu avô, que se formou em Direito... e também por ter o menor

gasto de passagens de Viamão até lá – afinal de contas eu estava desempregado, e

acredite, era mais caro ir a Porto Alegre em 30 minutos do que ir a São Leopoldo em

quase duas horas..

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Eu havia feito a inscrição no vestibular da UFRGS, mas sabia que não estava

preparado para passar naquele tão concorrido vestibular. E realmente não passei,

mas fiz a prova para não desperdiçar os 100 reais que saíram da rescisão do

contrato com o cemitério.

Assim que iniciei as aulas na UNISINOS, fui convidado por um amigo para

auxiliar o cunhado deste no supermercado da família, em Ipanema, zona sul de

Porto Alegre. Pensei se tratar de um bico de informática, daqueles que rendem um

dinheiro fácil em uma tarde, Mas não, o dono do mercado precisava de alguém de

confiança para administrar o sistema de gerenciamento do mercado. Estava

empregado, mas tinha o desafio de todo santo dia sair de Viamão para São

Leopoldo, de lá para Ipanema, e de Ipanema para Viamão. De segunda a sábado.

Foi assim durante oito meses – cinco disciplinas, um curso de extensão por

semestre, e virei cliente assíduo do Trensurb e das empresas de ônibus. Até que

nos classificados de empregos, abre uma vaga para operador de áudio em televisão.

E justamente no Grupo RBS, que dificilmente abria este tipo de vaga – normalmente

as contratações eram por indicação. De escondido do patrão, participei das

primeiras duas entrevistas. Quando tive a convicção de que seria contratado, avisei

ao Claudio, dono do mercado, para que procurasse um substituto – não queria

deixa-lo na mão, e eu saía para trabalhar na área para a qual havia estudado. Ele

compreendeu, e em um mês eu saí do supermercado e passei para a mesa de som

da TVCOM, canal 36 de Porto Alegre.

Mas não sem antes ficar com a dúvida: escolho a estabilidade de um

emprego com carteira assinada, abrindo mão do estágio? Ou coloco em primeiro

plano a possível futura carreira e vou em busca de um estágio? Primeira opção.

20 de novembro de 2006. Até então, eu conhecia a operação de uma

emissora de rádio, nunca havia entrado em uma emissora de televisão, muito menos

num switcher. Nem as instalações da TV Unisinos eu conhecia ainda. Mas fomos lá,

algumas semanas de treinamento na prática e já era quase um veterano em operar

áudio na televisão.

A convivência com os jornalistas que pôem no ar os telejornais da emissora

me fizeram trocar em parte o fascínio do meio rádio pelo meio televisão. O jogo de

câmeras, o trabalho em equipe, a expressão oral e facial, a coordenação das

transmissões, e a participação direta no sucesso do produto que ia ao ar me levaram

para o caminho do aperfeiçoamento em televisão.

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Por ter o domínio técnico, as disciplinas de telejornalismo passaram a ser as

atividades onde considerava obrigatório desempenhar o melhor e o máximo

possível. Com o grupo de colegas que se consolidou nas turmas iniciais da

professora Luiza Carravetta, esse aprendizado foi levado adiante. Nunca me vi em

frente às câmeras, sempre me senti mais a vontade nos bastidores, na construção e

na idealização dos trabalhos. E assim foi com todos os trabalhos produzidos nas

disciplinas de telejornalismo – sempre trabalhando nos bastidores para o êxito dos

trabalhos, e por consequência, dos colegas. Em um ou outro trabalho apareci em

frente às câmeras – ou como repórter piadista, ou como apresentador formal de

bancada. Não me convenci em nenhuma das duas funções...

A prática das externas, as gravações em estúdio, as edições das reportagens,

sempre eram feitas aplicando aquilo que estava na minha rotina de trabalho, no meu

ganha-pão. E ao mesmo tempo, transmitindo parte do meu conhecimento para

aqueles que estavam comigo – não era nem nunca foi querer se vangloriar do

emprego que conquistei, mas sim repassar aquele conhecimento que adquiri na

prática, na rotina, no cotidiano.

São quase quatro anos trabalhando em televisão. Todos os dias, uma rotina

diferente, às vezes monótona, às vezes excitante – mesmo em situações de tragédia

como a da queda do voo JJ3054 no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Eu

estava no ar, operando a mesa de som no momento da queda, e participei da

transmissão da cobertura do acidente desde os primeiros momentos – a jornada

naquela noite se estendeu até às três da manhã, e recomeçou no dia seguinte, das

quatro da tarde até a meia-noite. Com pesar, mas eletrificado por fazer parte de uma

cobertura jornalística intensa, permanente.

Veio o final do curso, e com ele a necessidade de se desenvolver o temido e

preocupante Trabalho de Conclusão de Curso. A opção pela televisão como tema

era quase que uma regra, mas não tinha o interesse de fazer sobre o meu cotidiano,

a emissora em que trabalhava. Seria muito prático. Por que não voltar às origens,

aos dias que amanheciam em Águas Claras, acompanhando o telejornal que me

permitia sair de casa bem informado, e que deu início a essa história toda?

Esta foi a escolha – abordar, de alguma forma, o canal CBS Telenotícias

Brasil. Mas era preciso enquadrar, arredondar e polir o tema em um padrão

acadêmico e científico, que a ocasião exige. Sempre me chamaram a atenção os

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canais de notícia 24 horas, e não era diferente com os canais Band News e Record

News, mais recentes, e antes ainda com o Globo News, pioneiro no Brasil.

Ajustando os detalhes com a sempre professora e, agora, orientadora e

incansável Luiza Carravetta, comprei, com certa relutância inicial, a ideia de

desenvolver meu Trabalho de Conclusão de Curso sobre Rotinas Produtivas nos

Canais Dedicados ao Telejornalismo. De certo modo, domino bem os conceitos de

rotina produtiva, pois ao trabalhar em uma emissora de televisão, se torna

constante, permanente, automática a rotina de produção, entranhando-se na rotina

pessoal de quem nela trabalha. A leitura técnica de um telejornal, o conhecimento do

espelho e da exibição do telejornal no ar, se caracteriza em uma bagagem e tanto.

O desejo inicial de abordar o caso CBS Telenotícias Brasil deu espaço à

problematização: relacionar o produto de dez anos atrás com os produtos televisivos

dos dias atuais, especialmente os canais Band News e Record News.

Não era nem nunca foi intenção abordar o canal pioneiro Globo News, mas

sim os projetos que iam de encontro a ele – iniciativas inovadoras, que procuravam

se diferenciar daquele que fora o primeiro, e que era o único no ar há quinze anos.

Inicialmente, definimos, conceituamos e apresentamos o telejornalismo, assim

como retratamos suas ações pioneiras no Brasil. Também apresentamos a televisão

por assinatura, suas iniciativas pioneiras, e a ocupação de um espaço privilegiado

aos canais dedicados ao telejornalismo.

Para que se possa entender como um canal de notícias funciona, é

necessário conhecer as características do telejornalismo tradicional, suas formas de

apresentação e peculiaridades em relação aos outros meios de comunicação.

Também se faz necessário o conhecimento do histórico dos canais que serão

estudados neste Trabalho: quais são, quem os criou, com que intenções eles

surgiram. Especial atenção dedico ao canal CBS Telenotícias Brasil, pouco

conhecido do público geral, que teve curta duração, mas que tem uma história que

não foi levada ao conhecimento da maioria – cabe-nos contá-la.

Com base em sete telejornais selecionados criteriosamente, buscamos

analisar de modo qualitativo o conteúdo apresentado nos três canais aqui

estudados. Com exceção do exibido pelo canal CBS Telenotícias Brasil, que foi

obtido na internet, graças a iniciativa de um ex-apresentador do canal, Cláudio

Lessa, que disponibilizou os vídeos para livre acesso no YouTube e autorizou a

análise destes – foram gravados na noite do dia 3, e na manhã e tarde do dia 4 de

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novembro de 2010 as quatro primeiras edições analisadas, sendo duas do canal

Band News e outras duas do canal Record News.

Em 8 de novembro, ambos os canais optam por promover modificações em

suas grades de programação – o Record News opta por divulgar tais mudanças de

modo ostensivo, inclusive dentro dos telejornais, com as mesmas características de

uma notícia, enquanto que o Band News o faz de modo quase despercebido.

Mais duas edições são analisadas, na manhã do dia 10 de novembro, no caso

do Band News, e na noite do dia 12 de novembro, no caso do Record News, com o

intuito.de avaliar quais as modificações que foram efetuadas nos dois canais,

tomando como base as formas de apresentação da notícia.

Tomou-se o cuidado de obter as edições dos telejornais o mais próximo de

uma rotina normal possível, sem fatos que pudessem contaminar a linha editorial ou

alterar o cotidiano das redações, como o segundo turno das eleições presidenciais,

que teve seu desfecho nas urnas em 31 de outubro, e que ocupou espaço amplo

nos telejornais por pelo menos mais três dias.

Por algumas ocasiões, as análises tiveram de ser adiadas, ou por eventos

extraordinários que substituíram os telejornais, ou por horários da programação fora

da normalidade. Tais precauções foram adotadas visando uma análise descritiva fiel

ao que ocorre nas rotinas dos canais dedicados ao telejornalismo.

O objetivo deste trabalho é apresentar um perfil deste tipo de canal de

televisão que é pouco explorado e assistido por acadêmicos, que habitualmente

buscam os telejornais tradicionais, inseridos em grades de programação das

emissoras de televisão aberta.

Pessoal e profissionalmente, este trabalho tem a ambição de ser o registro do

aprendizado acadêmico, científico e técnico adquirido ao largo de uma caminhada

de cinco anos, iniciada de forma ingênua dez anos atrás, que não se dará por

encerrada neste trabalho e que, a exemplo de outras ocasiões relatadas nesta

introdução, se inicia em um amanhecer, com o chimarrão e a esposa como

companheiros.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Definição de Telejornalismo

Souza (2004), em estudo sobre os gêneros e formatos da televisão brasileira,

define que o telejornalismo pode ser considerado um gênero inserido na categoria

informativo, a partir da observação de algumas redes de televisão comerciais.

Porém, o gênero passa a ser visto como formato em televisões educativas ou com

objetivos publicitários.

Por este motivo, Souza (2004, p.149) classifica o telejornal “como um

programa que apresenta características próprias e evidentes, com apresentador em

estúdio chamando matérias e reportagens sobre os fatos mais recentes”. Ainda de

acordo com Souza (2004, p.149), “as emissoras classificam de telejornalismo os

noticiários, informativos segmentados ou não, em diversos formatos”.

Souza (2004) diz que o conceito de rede de televisão, independente de outros

gêneros televisivos que sejam apresentados, sempre terão presentes espaço e

visibilidade para o telejornalismo, tanto que o investimento no gênero telejornalismo

é sempre superior aos de outros gêneros nas redes de televisão.

Pereira Júnior (2000, p.6) considera que “para a maioria das pessoas, os

telejornais são a primeira informação que elas recebem do mundo que as cerca”,

tendo espaço significativo na vida das pessoas. Conforme Pereira Júnior (2000), os

noticiários televisivos têm papel relevante na imagem que as pessoas idealizam da

realidade.

Carravetta (2009, p.20) afirma que “no telejornalismo basicamente temos

pessoas passando informações a outras pessoas”. Estão envolvidos neste processo

“quatro ou cinco sujeitos falantes: os apresentadores, os repórteres, os entrevistados

e as testemunhas do fato”.

De acordo com Carravetta (2009, p.19), “a televisão é o veículo que mais

dramatiza a realidade e a torna real em função da imagem”. Deste modo,

o telejornal exerce o efeito de mediação entre os apresentadores e o telespectador. Os fatos acontecem, os eventos surgem mediados pela equipe de jornalismo, que é testemunha ocular para construir as versões dos acontecimentos.

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Squirra (2002, p.1-2) define o telejornalismo do seguinte modo:

um gênero jornalístico que representa uma prática de difusão de informações [...] sabe-se que o telejornalismo é veiculado no suporte midiático televisão. Esta mídia tem como atributos centrais a imagem cinética e o áudio, que trazem formas complementares de expressão com o uso de elementos intencionalmente facilitadores, tais como gráficos, animações e a edição.

Ainda de acordo com Squirra (2002, p.1-2),

a TV usa cenários, vestimentas, efeitos luminosos e visuais, movimentos de câmera, além da atuação dos atores em cena. Por seu lado, a edição “recorta” os eventos originais, dando nova ordem e intensidade e, portanto, nova significação aos segmentos captados, numa alteração intencional do real que se poderia considerar originalmente como “puro”, apresentando à audiência o real “elaborado” pelas estruturas de comunicação.

Squirra (2002, p.1-2) conclui que

a televisão é entendida como um “veículo de difusão aberta”, quer dizer, chega indistintamente à casa de todas as pessoas, bastando ter a posse de um aparelho. É necessário pontuar que o programa televisivo pode ser transmitido em sistema “fechado”, como é o caso da TV por cabos.

2.2 Características do Telejornalismo

Souza (2004) conta que o formato pioneiro do telejornal é o noticiário. Como

características primárias, o apresentador do noticiário lê textos para a câmera, sem

outras imagens nem ilustrações. Este formato foi aperfeiçoado com o passar dos

tempos, mas sem perder os traços primários. Souza (2004, p.175) caracteriza o

formato telejornal: “um apresentador chama reportagens ao vivo ou pré-gravadas e

editadas e até faz entrevistas em estúdio. Pode ter um ou dois apresentadores e

contar com comentaristas”.

A transmissão dos telejornais é feita ao vivo, de forma a demonstrar

atualidade ao telespectador, e também a permitir a participação de entrevistados nos

mais diversos pontos do Brasil e do mundo. Com raras exceções, os telejornais são

gravados para exibição posterior.

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17

Tourinho (2009) diz que o gênero telejornalismo tem como característica a

frequência de mudanças e atualizações no formato telejornal. A linguagem, os

recursos tecnológicos e outras configurações estéticas e de conteúdo estão entre

estas mudanças. De acordo com Tourinho (2009, p.21), no telejornalismo “recorre-

se a outros gêneros da própria televisão para absorver formas de surpreender e

„segurar‟ o telespectador”.

Segundo Souza (2004), a reportagem é um formato utilizado no gênero

telejornalismo, geralmente de curta duração, e que tem como principal função

colocar o repórter em evidência, narrando um assunto e conduzindo entrevistas.

Carravetta (2009, p.19) diz que “a construção da notícia é feita desde a seleção de

pauta, da captação de imagem, passando pela criação do texto e pelo processo de

edição”.

Barbeiro e Lima (2002, p.16) dizem que “o telejornal é composto de uma

mistura de fontes de imagens, sons, gravações, filmes, fotos, arquivos, gráficos,

mapas, textos, ruídos, músicas, locuções, etc.” Barbeiro e Lima (2002, p.16)

consideram que o telejornal “se estrutura de forma semelhante em todos os lugares

do mundo enfocando tomadas em primeiro plano de pessoas que falam diretamente

para a câmera, sejam repórteres ou entrevistados”.

Carravetta (2009, p.19) também ressalta que

no telejornalismo, usam-se os planos mais fechados com o objetivo de proporcionar uma distância íntima entre o repórter e o telespectador. O close mostra uma distância interpessoal, o plano americano uma distância pessoal e o plano médio a distância pública.

Uma das características do telejornalismo apresentadas por Carravetta (2009)

é o uso do primeiro plano, de modo a enfocar aqueles que falam para o público,

sejam eles jornalistas ou protagonistas. Aos personagens somam-se imagens, sons,

ilustrações animadas ou não, locuções, música, ruídos e silêncio, formando o

conjunto de informações apresentadas em uma notícia.

2.3 Resgate Histórico no Brasil

O ponto de partida do telejornalismo no mundo, de acordo com Squirra (1990)

e com Tourinho (2009), seria a coroação do Rei Jorge VI, da Grã-Bretanha,

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18

transmitida pela British Broadcasting Corporation (BBC) por meio de três câmeras

eletrônicas para poucos receptores instalados em Londres. Seria a primeira

transmissão de um evento ao vivo com fins informativos – até então, as experiências

que haviam sido feitas diziam respeito à transmissão de peças teatrais, ou

simplesmente demonstrações públicas do funcionamento da televisão. Squirra

(1990) diz que a coroação ocorre em 1936, enquanto que Tourinho (2009) diz que a

coroação teria ocorrido em 1938. Mas o pioneirismo da BBC já havia ocorrido, pois,

segundo Squirra (1990), o primeiro programa de televisão foi transmitido também

por ela em 31 de março de 1930.

Grande parte daqueles que abordam a história da televisão no Brasil conclui

que o início do telejornalismo brasileiro se dá em conjunto com o início das

transmissões no país – o sétimo no mundo a colocar em funcionamento uma

emissora de televisão. De acordo com Rezende (2000), o primeiro telejornal

brasileiro, Imagens do Dia, tem início em 20 de setembro de 1950, dois dias após a

primeira emissora de televisão brasileira ter sido inaugurada, a TV Tupi de São

Paulo, em 18 de setembro. Já Klöckner (2008) relata que Imagens do Dia teria ido

ao ar um dia após a inauguração da TV Tupi, em 19 de setembro.

Este telejornal, de acordo com Rezende (2000), tinha em sua equipe um

redator-apresentador, e três cinegrafistas. A primeira reportagem filmada e exibida

neste telejornal foi o desfile cívico-militar de São Paulo. Tourinho (2009) relata que o

telejornal Imagens do Dia não dispunha de um horário fixo. O telejornal podia entrar

no ar às nove e meia da noite, como também meia hora depois – a instabilidade da

programação e as dificuldades operacionais impediam a pontualidade.

Tourinho (2009), assim como Rezende (2000), relatam que, em janeiro de

1952, Imagens do Dia foi substituído por outro telejornal, o Telenotícias Panair,

produzido para ser transmitido diariamente às 21 horas. Tourinho (2009) diz que, ao

contrário do seu antecessor, o Telenotícias Panair tinha como características melhor

estrutura de equipe e horário fixo. Mas não houve êxito, e o telejornal permaneceu

no ar por menos de um ano.

A característica predominante dos telejornais da década de 1950 era a

migração do formato radiofônico para a televisão, incluídos os profissionais, o estilo

de locução e a dependência dos patrocinadores e agências de publicidade. E foi

justamente esta fórmula que deu origem ao primeiro telejornal de repercussão no

país.

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Não há uma concordância no que diz respeito ao início das transmissões do

Repórter Esso na televisão. Rezende (2000) diz que a TV Tupi do Rio de Janeiro,

em 1952, foi a primeira a transmitir O seu Repórter Esso para a televisão, com a

apresentação de Gontijo Teodoro, e que, no ano seguinte, o mesmo programa

estrearia na TV Tupi de São Paulo.

Tourinho (2009), por sua vez, diz que O Repórter Esso chegou à televisão

primeiramente por São Paulo, através da TV Tupi, em 17 de junho de 1953, com

apresentação de Kalil Filho, em substituição ao Telenotícias Panair, e que viria a

estrear após no Rio de Janeiro.

Para corroborar Rezende, Klöckner (2008) diz que O seu Repórter Esso foi ao

ar pela primeira vez na televisão em 4 de maio de 1952, pela TV Tupi do Rio de

Janeiro, permanecendo no ar até 31 de dezembro de 1970. Rezende (2000) afirma

que, por dezoito anos, Gontijo Teodoro foi o único apresentador do Repórter Esso

no Rio de Janeiro.

Fora a questão de pioneirismo, o formato do Repórter Esso era totalmente

herdado do rádio, transmitido naquele meio desde 28 de agosto de 1941. Mas o

formato do programa não era uma exclusividade dos brasileiros, pois, de acordo

com Klöckner (2008), O Repórter Esso era transmitido desde 1935 nos Estados

Unidos, nos mesmos moldes.

Tourinho (2009) constata que o formato dos programas de televisão era muito

similar aos feitos no rádio, devido ao fato de que grande parte dos técnicos,

locutores e artistas são oriundos daquele meio. O sucesso do Repórter Esso, em

parte, se deve a este fator.

Em 27 de setembro de 1953, às oito da noite, entrava no ar pela primeira vez

a TV Record de São Paulo, de propriedade de Paulo Machado de Carvalho. De

acordo com a emissora (HISTÓRIA Rede Record. Disponível em:

<http://rederecord.r7.com/historia.html>. Acesso em: 14 out. 2010.), inicialmente as

produções musicais eram o carro-chefe do canal, mas o pioneirismo se deu nas

transmissões esportivas – a Record foi a primeira a transmitir, ao vivo, o Grande

Prêmio de Turfe do Rio de Janeiro, em 1956, além de cobrir os mais diversos

esportes, como o pugilismo.

Tourinho (2009, p.59) diz que “para muitos, a história da TV brasileira pode

ser dividida em duas fases: antes e depois do videoteipe. [...] Durante os anos 1950,

a televisão brasileira era quase toda produzida ao vivo, mas não por opção.” O

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videotape viria a ser criado em 1956, nos Estados Unidos e, no Brasil, somente seria

empregado nas emissoras de televisão em 1960. A primeira experiência de adoção

do videotape na televisão brasileira se deu em 21 de abril de 1960. De acordo com

Tourinho (2009), foi por encomenda da TV Tupi de São Paulo para a gravação da

festa de inauguração de Brasília.

Rezende (2000) relata a defasagem nas informações transmitidas pelas

emissoras de televisão da década de 1950. Os poucos telejornais que existiam

penavam com o demorado processo de revelação e montagem dos filmes, o que

provocava atrasos de até doze horas entre o acontecimento e a sua divulgação.

Essa situação somente se modificou, de acordo com Rezende (2000, p.107), com o

início do Repórter Esso,

em que o apoio de um anunciante de grande porte e o acordo com a agência de notícias norte-americana United Press International (UPI) proporcionou a libertação da narração exclusivamente oral e o uso mais frequente de matérias ilustradas.

Rezende (2000) considera que o primeiro telejornal a inovar na concepção e

na forma de apresentação é o Jornal de Vanguarda, dirigido por Fernando Barbosa

Lima na TV Excelsior do Rio de Janeiro, a partir de 1962. Contando com a

experiência de profissionais vindos do meio impresso, seus diferenciais são a

participação de jornalistas na produção e a presença de cronistas especializados

para comentar as notícias, transformando o telejornal em referência de qualidade

visual, de estrutura e de originalidade na forma de apresentação. Mas o sucesso

deste formato inovador duraria não mais que dois anos – o início do período de

exceção no governo brasileiro acabou com qualquer tentativa de inovação que o

telejornalismo esboçasse.

A inovação tecnológica da televisão era constante, como relata Rezende

(2000). A chegada do videotape, ou a substituição da torre de lentes pela lente

zoom, não foram suficientes para promover significativas mudanças no formato dos

telejornais. O Jornal de Vanguarda, pioneiro até então, teve seu fim decretado a

partir da edição do Ato Institucional n° 5 por parte do governo militar – a opção pelo

fim do telejornal era da própria equipe, que, conforme dito por Barbosa Lima (1985,

apud REZENDE, 2000, p.107), evitaria que ele “morresse pouco a pouco, a cada

dia, numa torturante agonia”.

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A partir da década de 1960, a implantação da rede de micro-ondas por parte

da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel) dá início a uma nova era do

telejornalismo brasileiro, mesmo sob a mordaça do regime militar. De acordo com

Tourinho (2009, p.61)

entre 1967 e 1969 a Embratel começou a instalar o seu primeiro sistema, com a inauguração do tronco sul, interligando as cidades de Curitiba e Porto Alegre. Em 1972, o projeto foi concluído, o que permitiu a transmissão de imagens em rede para todo o Brasil.

Este sistema de transmissão seria fundamental para o sucesso do telejornal

de maior prestígio da televisão brasileira até os dias atuais: o Jornal Nacional. A TV

Globo Rio de Janeiro, canal 4, é inaugurada em 26 de abril de 1965. De acordo com

Tourinho (2009), Hilton Gomes apresentou o primeiro telejornal da emissora, o Tele

Globo, que foi ao ar no dia de inauguração da emissora.

Desde janeiro de 1969, segundo Rezende (2000), estavam estruturadas as

transmissões via satélite e via micro-ondas no Brasil, o que viabilizava a formação

de redes de televisões. Até então, cada emissora transmitia sua programação de

forma isolada, e no máximo, os programas de entretenimento, como novelas e

shows produzidos pelas emissoras de Rio de Janeiro e São Paulo eram gravados e

enviados para cidades como Porto Alegre, sendo reproduzidos até mesmo uma

semana depois.

Tourinho (2009) diz que a decisão das Organizações Globo de implantar uma

rede de televisões, com uma programação unificada e voltada a todo o mercado, se

dá a partir das inovações tecnológicas surgidas – redes de micro-ondas e videotape

– e da inauguração de outras emissoras próprias – São Paulo, em 1966; Belo

Horizonte, em 1968; Brasília, em 1971, e; Recife, em 1972 – somadas às emissoras

afiliadas pelo país, como a TV Gaúcha, em Porto Alegre.

Com isso, de acordo com Rezende (2000), em 1° de setembro de 1969, a TV

Globo do Rio de Janeiro, transmitindo simultaneamente ao vivo para São Paulo,

Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Brasília, põe no ar a primeira edição do

Jornal Nacional. Além da vanguarda tecnológica que o JN carregava consigo, o ideal

da TV Globo era fazer frente à TV Tupi e ao Repórter Esso, respectivamente

emissora e telejornal que dominavam a audiência da época.

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Não foi muito difícil para a TV Globo alcançar este objetivo. A crise dos

Diários Associados, empresa proprietária da TV Tupi, acrescida da forte investida

dos censores nas redações das rádios e televisões foram definitivas para que a

multinacional do petróleo Esso retirasse inicialmente o patrocínio do programa de

rádio, e posteriormente do telejornal. Segundo Klöckner (2008), o programa

radiofônico Repórter Esso foi ao ar pela última vez em 31 de dezembro de 1968,

apresentado por Roberto Figueiredo na Rádio Globo do Rio de Janeiro.

Hetmanek dos Santos (1994 apud KLÖCKNER, 2008, p. 55), diz que chegou

a ser discutida a viabilidade do Repórter Esso ser transmitido em rede nacional de

televisão para dez capitais, o que era de interesse dos Diários Associados para fazer

frente ao Jornal Nacional da TV Globo. Porém, o custo de se patrocinar

integralmente um telejornal em rede nacional era muito elevado e, de acordo com

dirigentes da multinacional, não colocaria o nome da Esso tão em evidência como se

desejava. O comitê executivo da Esso, em 2 de outubro de 1970, decide pela

extinção do Repórter Esso na televisão. Coube à Gontijo Teodoro, em 31 de

dezembro de 1970, na TV Tupi do Rio de Janeiro, se despedir de seus

telespectadores.

Klöckner (2008) entrevistou Fabbio Perez, locutor do radiofônico Repórter

Esso em São Paulo. Perez (2006 apud KLÖCKNER, 2008, p. 80-81) diz que o

noticiário do programa radiofônico, a exemplo do televisivo, era produzido pela

agência de notícias UPI, e que sofria a interferência direta dos censores do regime

militar, que atuavam previamente, comunicando os redatores do que não deveria ser

noticiado, como também se fazendo presente com oficiais no momento da

apresentação dos noticiários.

Pois foi esta também a principal barreira que o Jornal Nacional enfrentou

desde a sua criação – a intervenção exercida pelo regime militar na linha editorial.

Rezende (2000) relata que, justo no dia em que o Jornal Nacional vai ao ar pela

primeira vez, o comando do país era passado para os três ministros militares, em

decorrência da doença do presidente da República, general Costa e Silva. Nas

palavras de Rezende (2000, p.110)

o acaso evidenciava o que para muitos significava mais do que uma simples coincidência. A integração nacional pela notícia, via Jornal Nacional, e o endurecimento da ação do governo militar começavam no mesmo dia.

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Rezende (2000) diz que a principal característica da televisão dos anos 1970

é o desenvolvimento técnico, e a Rede Globo foi a principal emissora a se aproveitar

disso. Vem desta época o Padrão Globo de Qualidade, série de normas e preceitos

que são seguidos até hoje por todos os colaboradores, com o objetivo de uniformizar

e concentrar a audiência na programação da emissora.

A contratação criteriosa de locutores, a interação destes com o cenário dos

telejornais e a qualificação da edição das imagens que iam ao ar tornaram o

telejornalismo da Rede Globo um referencial técnico e de conteúdo a ser superado –

ou imitado – por outras emissoras. Porém, o conteúdo do telejornal era limitado

pelas amarras da censura.

Em 1973, a Rede Globo inova mais uma vez no formato de apresentação da

notícia, em especial nas noites de domingo, espaço pouco explorado das

programações à época vigentes. Rezende (2000) relata a criação do Fantástico,

fruto da criatividade de José Bonifácio de Oliveira, o Boni, e de Mauro Borja Lopes, o

Borjalo, apresentando notícias do domingo mescladas com entretenimento, mantém-

se a mesma temática do programa em vigor até os dias atuais.

Uma das tentativas de se buscar o diferencial no telejornalismo da época

partiu da TV Tupi, ainda sentindo os efeitos da extinção do Repórter Esso. Em 1970,

vai ao ar o telejornal Rede Tupi de Notícias. Segundo Rezende (2000, p.112),

“transmitido ao vivo para várias capitais do país, o telejornal procurava, a partir do

cenário, revelar sua identidade: os locutores apareciam em primeiro plano e uma

sala de redação compunha o ambiente de fundo”.

A Rede Bandeirantes, inaugurada em 13 de maio de 1967, em São Paulo por

João Saad, também foi em busca de alternativas, e no meio da década de 1970, em

projeto dirigido por Gabriel Romeiro, renovou seu primeiro telejornal Os Titulares da

Notícia, no ar desde a inauguração da TV Bandeirantes, em 1967. De acordo com

Rezende (2000), Os Titulares da Notícia passava a dar valor tanto ao depoimento

popular como ao trabalho do repórter, deixando a cargo deste o papel de apresentar

os acontecimentos – o objetivo era mostrar ao telespectador que o repórter estava

presente ao acontecimento, e desse modo, dar maior credibilidade ao noticiário.

A TV Cultura de São Paulo, uma emissora pública, também tinha em seu

quadro, profissionais com pensamentos diferenciados para os padrões vigentes em

1970. Rezende (2000) conta que o telejornal A Hora da Notícia tinha como

prioridade o depoimento popular e os problemas que atingiam a comunidade,

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fórmula que deu retorno em forma de audiência e repercussão. Porém, a abertura de

espaço para os anseios da população entrava em conflito com os interesses do

governo em vigor – tanto que as chefias de jornalismo foram substituídas, e o ápice

da intolerância se deu com a morte do jornalista Wladimir Herzog, diretor de

jornalismo da TV Cultura, por torturadores do regime militar.

Tanto Tourinho (2009) como Rezende (2000) consideram que uma alternativa

encontrada pela Rede Globo para minimizar os efeitos da censura militar no

noticiário nacional, pelo início da década de 1970, era o investimento no noticiário

internacional. Se as notícias que se passavam no Brasil não podiam ser divulgadas,

abria-se espaço para os acontecimentos que vinham do exterior. Conforme Tourinho

(2009), a partir de 1973 a Rede Globo passou a fazer uso de correspondentes

internacionais.

Hélio Costa, repórter e correspondente internacional da Rede Globo, em

declaração a Mello e Souza (1984, apud TOURINHO, 2009, p. 63), reforça esta

ideia: Era fundamental que as informações fossem repassadas por jornalistas

brasileiros, e não mais por estrangeiros, que levavam consigo pontos de vista que

interessavam a seus países, independente da qualidade do profissional. As

condições tecnológicas favoreciam este tipo de iniciativa, em decorrência do

barateamento das transmissões via satélite, e despertavam no telespectador a

sensação de grandeza, pois profissionais brasileiros se faziam presentes nas mais

diversas localidades do mundo. Rezende (2000, p.116) enfatiza que o recurso da

ampliação do noticiário internacional nos telejornais tinha a intenção sutil de “alertar

a consciência do público para assuntos polêmicos”.

A primeira reportagem internacional via satélite transmitida para o Brasil, de

acordo com Tourinho (2009), se deu em 28 de fevereiro de 1969 – Hilton Gomes

ancorou da capital italiana uma transmissão em cadeia para todas as emissoras

brasileiras, supervisionada pela Embratel. Ao longo da década de 1970, além de

utilizar a rede da Embratel, a Rede Globo também desenvolveu redes próprias de

micro-ondas, interligando suas emissoras localizadas nos grandes centros com

retransmissoras espalhadas pelo interior.

De acordo com Squirra (1990), até o início dos anos 1970, a imagem

transmitida pelas emissoras de televisão brasileiras era em preto e branco, baseado

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no sistema norte-americano NTSC1. Estudos do regime militar da época definiram

pela adoção do sistema PAL2, desenvolvido pela empresa alemã Telefunken, por ter

maior qualidade em relação ao sistema de cores norte-americano. Porém, o sistema

alemão não era compatível com o sistema preto e branco em vigor.

Mello e Souza (1984, p.122) registra:

para que fosse estabelecida a necessária compatibilização, seria preciso adaptá-lo à realidade brasileira. A adaptação foi feita, e em função dela, à sigla PAL foi acrescentada uma outra letra maiúscula, o M, que indicava ser o sistema brasileiro igual ao alemão somente em termos de cor; em preto e branco ele continuava a obedecer ao padrão americano.

De acordo com o Grupo Bandeirantes de Comunicação (HISTÓRIA Grupo

Bandeirantes de Comunicação. Disponível em: <http://www.band.com.br/grupo/

historia.asp>. Acesso em: 14 out. 2010.), a primeira transmissão em cores regular da

televisão brasileira se deu em 19 de fevereiro de 1972, com a cobertura da 12ª Festa

da Uva de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e com a exibição do filme O

Cardeal, de Otto Preminger. De acordo com Tourinho (2009), a transmissão do

evento foi gerada pela TV Difusora de Porto Alegre para um pool de emissoras de

todo o país através das redes de micro-ondas da Embratel.

Antes desta transmissão, segundo o Grupo Bandeirantes (Ibid), pelo menos

dois anos de preparativos antecederam o acontecimento. Tourinho (2009) relata que

outras transmissões experimentais em cores já haviam ocorrido, como a transmissão

de boletins diários da Copa do Mundo de 1970, no México. A TV Bandeirantes, de

acordo com seu histórico, (Ibid) foi a primeira emissora a produzir e transmitir sua

programação integralmente em cores, a partir de 1972, com a compra de

equipamentos Bosch oriundos da Alemanha.

Em dezembro de 1975, a TV Bandeirantes de São Paulo passa a inaugurar

emissoras em outras localidades brasileiras – inicialmente em Belo Horizonte, com a

aquisição da TV Vila Rica. Após, às 7 horas da noite de 7 de julho de 1977, o

primeiro sinal de teste da TV Bandeirantes Rio de Janeiro vai ao ar pelo canal 7. Em

setembro do mesmo ano é a vez da TV Guanabara, com alcance para a Baixada

Fluminense. Em 1980, já eram 24 emissoras integrando a Rede Bandeirantes.

1 Abreviatura de National Television System Committe, em inglês.

2 Abreviatura de Phase Alternating Line, em inglês.

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Porém, um entrave tecnológico impedia uma expansão maior. Tupi e Globo

ocupavam os dois canais disponibilizados pela Embratel, para transmitir a

programação para os estados com menor densidade populacional. A TV Record,

segundo seu histórico (HISTÓRIA Rede Record. Disponível em: <http://rederecord.

r7.com/historia.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) somente deu início ao processo de

expansão da programação para o interior de São Paulo no começo da década de

1980.

A solução encontrada pela Bandeirantes foi buscar suporte tecnológico com a

Intelsat para que transmitisse nas 24 horas do dia via satélite. Em 1982, a Rede

Bandeirantes foi a pioneira nas Américas a transmitir integralmente sua

programação via satélite. Segundo Tourinho (2009), o uso do satélite pelas

emissoras de televisão do Brasil se popularizou a partir de 1985, quando o satélite

BrasilSat – o primeiro doméstico brasileiro – passou a operar.

Uma das principais inovações a partir da utilização do satélite pelas

emissoras de televisão estava no formato e na linguagem das informações da

meteorologia, que passaram a contar com as imagens fornecidas pelo satélite. De

acordo com o projeto Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível

em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-239077,00.

html>. Acesso em: 14 out. 2010.), Sandra Annenberg, em 1991, passou a apresentar

o até então inédito quadro da previsão do tempo no Jornal Nacional.

Tourinho (2009) considera que, após a implementação no Brasil da TV em

cores, a última inovação tecnológica somente aportou no país 35 anos depois. A TV

de alta definição, ou TV digital – HDTV3, foi inaugurada oficialmente em 2 de

dezembro de 2007, após quase dez anos de estudos e testes sobre o modelo a ser

implementado.

O Brasil, a exemplo do que ocorreu na adoção do padrão de cores, e com

base em negociações governamentais, comerciais e tecnológicas, optou por um

sistema híbrido, o SBTVD4, baseado no sistema japonês ISDB-T5. De acordo com

Tourinho (2009, p.68), o SBTVD proporciona, sem qualquer tarifação, inovações

como “alta definição, portabilidade e mobilidade”. A transmissão da TV digital é feita

3 Sigla em inglês de High Definition TV.

4 Abreviatura do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, SBTVD, tecnicamente chamado de ISDB-TB

(Tourinho, 2009, p.68). 5 Abreviatura de Integrated Service Digital Broadcasting, em inglês. (Tourinho, 2009, p.68).

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por meio dos canais UHF6, diferentemente da televisão analógica convencional,

transmitida em VHF7.

A primeira transmissão em HDTV no Brasil se deu nos dias 6 e 7 de junho de

1998, com a TV Record gerando sinal totalmente digital de uma festa no Memorial

da América Latina, sinal este recebido pelos presentes no evento em circuito

fechado. No dia seguinte, a Rede Globo fez a primeira transmissão intercontinental

ao vivo e em circuito aberto do sinal em HDTV, a partir da França, com a

apresentação do programa Fantástico, exibindo preparativos para a Copa do Mundo

de 1998, realizada naquele país.

A TV digital está sendo implantada gradualmente em todo o país, e uma

estimativa do governo federal prevê que até 2013 todas as emissoras de televisão

tenham migrado para o sistema digital.

A inovação tecnológica mais recente da televisão no mundo é a captação e

reprodução do sinal em três dimensões, conhecida com TV3D. O Brasil, por

iniciativa da emissora RedeTV!, tornou-se pioneiro na transmissão de um programa

de televisão aberta em três dimensões, ao vivo, em 23 de maio de 2010. O sinal foi

disponibilizado em circuito fechado para convidados, e podia ser recebido por quem

dispunha do equipamento e sintonizava a emissora em São Paulo. Porém, a TV3D

trata-se de uma tecnologia incipiente, não difundida em grande escala.

Até aqui, deu-se destaque à linha temporal das inovações tecnológicas da

televisão, com o objetivo de reforçar depoimento de Ramón Salaverría, professor e

diretor do Laboratório de Comunicação Multimídia, vinculado à Faculdade de

Comunicação da Universidade de Navarro, na Espanha. Perguntado “por que se

deve inovar?”, o professor Ramón responde a Tourinho (2009, p.286):

La respuesta me parece obvia: porque si no innova, el medio queda anciado en el pasado. Y sólo sobreviven los médios que saben atender las demandas de la sociedad de su tiempo.

Regressando à década de 1970, e consciente dos avanços tecnológicos que

se sucedem, percebe-se que a pioneira TV Tupi não resistiria ao sucesso do Padrão

Globo de Qualidade, seguidor dos avanços tecnológicos constantes, e ao processo

6 Sigla em inglês de Ultra High Frequency, Frequência Ultra Alta, comum para propagações de sinais

de televisão nos canais 14 a 83. 7 Sigla em inglês de Very High Frequency, Frequência Muito Alta, comum para propagações de sinais

de televisão nos canais 2 a 13.

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de abertura política pela qual o Brasil ingressara do final dos anos 1970 para o início

dos anos 1980. Conforme Rezende (2000), a crise de seus proprietários, os Diários

Associados, e a minguada audiência – o Jornal Nacional, em 1979, tinha audiência

de 79,9% no país (ÁVILA, 1982 apud REZENDE, 2000, p.117) – fizeram com que a

Tupi encerrasse suas atividades decretando falência em agosto de 1980.

Outra dificuldade atinge as emissoras de televisão na década de 1970, dessa

vez naquelas que se afiliaram às redes nacionais. Por questões de mercado e

financeiras, de acordo com Rezende (2000), muitas delas abriram mão das

programações locais, passando a retransmitir quase que na íntegra as

programações das cabeças de rede, no máximo se limitando a cumprir o mínimo

exigido de programação regional através dos noticiários. Desta forma, o anseio do

regime militar, da burguesia e de investidores estrangeiros, de uniformizar a cultura

nacional, acabava se concretizando, de modo a sufocar manifestações regionais.

Rezende (2000) constata que a Rede Globo não possuía à época,

preocupação alguma em fazer um jornalismo crítico, denso, de opinião. O conteúdo

jornalístico apresentado nos telejornais da Rede Globo, em especial no Jornal

Nacional, é extremamente superficial, pois se baseia na apresentação das notícias

em forma de manchetes, inseridas em um espaço de tempo curto, algo que até hoje

se mantém.

Como em toda regra há exceções, a Rede Globo, ainda na década de 1970,

cria pelo menos três programas jornalísticos diferenciados do formato tradicional de

noticiário. Dois deles permanecem no ar até os dias atuais – Globo Repórter, que,

de acordo com Rezende (2000), faz uso da linguagem de documentário para tratar

de temas com maior profundidade, e; Globo Rural, especializado em informar

agricultores e pecuaristas. O programa, durante um longo tempo, foi exibido

somente aos domingos e, recentemente passou a ser exibido também nos dias de

semana, sempre pela manhã. O terceiro é TV Mulher, já extinto, mas cujo formato

até hoje é explorado pelas emissoras de televisão, onde sexualidade, direitos e

saúde da mulher, assim como a repercussão das telenovelas, sempre fazem parte

da pauta.

Com o abrandamento do regime militar, as emissoras passaram a ampliar o

espaço em suas programações para o telejornalismo. A Rede Globo, de acordo com

Secchin (2007), abre três novas opções de noticiários em sua programação, com o

objetivo de fortalecer os departamentos de jornalismo e comercial, a saber: Jornal

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Hoje, no início da tarde; Bom Dia São Paulo, no início da manhã, servindo de

embrião para o Bom Dia Brasil, e; Jornal da Globo, no final da noite. Os programas

de entrevista também surgem por essa época, caso do Canal Livre, da TV

Bandeirantes, e do Vox Populi, na TV Cultura.

Este período também serviu para que os jornalistas voltassem a aparecer

como personagens de destaque nos noticiários, papel que até então era dos

locutores, leitores de notícias que, conforme declaração de Boni a Mello e Souza

(1984 apud REZENDE, 2000, p. 114), deveriam possuir “boa aparência, voz firme e

timbre bonito”, características que serviam como elo para prender o público feminino

entre uma novela e outra.

Os anos 1980 começam com a concorrência pública dos canais de televisão

que restaram da falência da TV Tupi. Conforme Rezende (2000), deste processo

duas novas cadeias de televisão se formaram: a primeira é a TV Studios do Rio de

Janeiro (TVS), do empresário Sílvio Santos – que até então apresentava seu

programa na TV Record, emissora da qual era proprietário de cinquenta por cento. A

inauguração da TVS ocorreu em 19 de agosto de 1981, e deu origem mais tarde ao

Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), sediada em São Paulo.

De acordo com o discurso de inauguração da TVS São Paulo (SANTOS,

Sílvio. Sílvio Santos na Concessão do SBT 1981. 2008. 1 post (8min. 16s.).

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=IpvpX0nnqkc>. Acesso em: 14

out. 2010.), junto com a TV Studios, sucessora da TV Tupi, passaram a integrar o

Grupo Silvio Santos e distribuir o sinal da TVS as emissoras TV Marajoara, de Belém

do Pará; TV Piratini, de Porto Alegre, e; TV Continental, do Rio de Janeiro. De

acordo com o site Última Hora, (UHTV. História da TV Sistema Brasileiro de

Televisão – 1º Parte [post]. 3 jul. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.

com/2009/07/historia-da-tv-sistema-brasileiro-de.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) a

TV Studios do Rio de Janeiro passou a retransmitir a programação da TV Record no

Rio de Janeiro.

A segunda é a TV Manchete, do grupo Bloch, com sede no Rio de Janeiro,

inaugurada em 5 de junho de 1983, e que deu origem à rede de mesmo nome.

Segundo o site Última Hora, (UHTV. História da TV Rede TV [post]. 25 jun. 2009.

Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/historia-da-tv-redetv.html>.

Acesso em: 14 out. 2010.) as concessões da TV Manchete eram herdadas da TV

Tupi, no caso de Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, e da TV

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Excelsior de São Paulo. Além disso, também de acordo com o site Última Hora

(UHTV. História da TV Rede Manvhete (sic) 1º Parte [post]. 12 jun. 2009. Disponível

em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/historia-da-tv-rede-manvhete-1-parte.

html>. Acesso em: 14 out. 2010.), a primeira afiliada da Rede Manchete era a TV

Pampa de Porto Alegre e suas emissoras pelo interior do estado.

Adolpho Bloch, no discurso de inauguração (BLOCH, Adolpho. O Discurso

de Adolpho Bloch na Inauguração da Rede Manchete (05-06-1983). 2009. 1 post

(4min. 02s.). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=BuwMEpM9Fwc&

feature=related>. Acesso em: 14 out. 2010.), reforça que o ideal da Rede Manchete

é o de proporcionar uma programação de primeira linha, moderna para os padrões

da época. E é justamente a Rede Manchete quem procura inovar no telejornalismo

praticado até então.

Enquanto a emissora de Sílvio Santos opta pelos programas de

entretenimento, a emissora de Adolpho Bloch, com base em experiências oriundas

de países europeus e dos Estados Unidos, investe em um jornalismo no qual o

comentário e o noticiário político são valorizados, assim como o maior espaço para a

apresentação das reportagens – o Jornal da Manchete, em seus primeiros anos,

tinha duração de duas horas.

Até 1988, o padrão de apresentação dos jornais permanecia exatamente o

mesmo – o locutor apresentando as notícias, e a participação dos comentaristas

especializados. A partir deste ano, e de onde menos se fazia ideia, ganha destaque

o papel do âncora no telejornalismo brasileiro. Boris Casoy, entrevistado por

Rezende (2000), diz que, em 1984, a Bandeirantes era quem havia feito as primeiras

experiências no formato de apresentação das notícias com o âncora, espécie de

apresentador e comentarista, na pessoa de Joelmir Beting, no Jornal da

Bandeirantes.

Bonner (2009) tem o mesmo pensamento de Casoy, porém, ressalta que

Beting não foi considerado um âncora inovador por não ser editor-chefe do Jornal da

Bandeirantes à época, por não ser o único apresentador do telejornal – Beting era

acompanhado na bancada por Ferreira Martins, locutor de notícias – e pelo fato de

seus comentários, na maior parte das vezes divertidos e bem escritos, estarem

concentrados na economia, levando em consideração a crise econômica e a inflação

alta.

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Boris Casoy é quem recebe o reconhecimento de ser o primeiro âncora

inovador do telejornalismo brasileiro, à frente do Telejornal Brasil no SBT, a partir de

28 de setembro de 1988. O SBT sempre foi conhecido por relegar o telejornalismo a

um segundo plano, com noticiários primitivos, sem qualidade, beirando, como diz

Squirra (1993 apud REZENDE, 2000, p. 127) a “pieguice”. De acordo com Rezende

(2000, p.126),

para uma emissora cujo dono gostava de aclamar os governantes de plantão com suas companheiras de trabalho (as espectadoras do programa de auditório), além de manter um quadro com o resumo da semana do presidente, era previsível o fracasso no telejornalismo.

Com a contratação dos jornalistas Marcos Wilson, Luiz Fernando Emediato e

Boris Casoy, Sílvio Santos contrariou todos os pensamentos que pairavam sobre

sua emissora, e colocou o telejornalismo do SBT – e do país – em vanguarda.

Casoy, que alcançara o posto máximo de editor-chefe do jornal Folha de S. Paulo,

tinha a missão de ancorar o TJ Brasil, semelhante aos seus pares norte-americanos.

Mas Casoy aplicou com sucesso uma fórmula singular, em que, além de ser editor-

chefe e apresentador do telejornal, conduzia entrevistas e opinava nas reportagens

que iam ao ar. Bonner (2009) enfatiza a forma com que Casoy emitia suas opiniões,

de forma curta, simples, mas direta, fazendo uso de bordões que condenavam ou

clamavam por renovação.

Rezende (2000) diz que críticos e outros profissionais consideravam o

trabalho de Boris uma deturpação da função do âncora. A resposta de Boris a Vieira

(1991 apud REZENDE, 2000, p. 127) foi sucinta: “a audiência brasileira de televisão

é muito mais carente desse tipo de informação, da entrevista e do comentário, do

que a opinião pública norte-americana”. Mas a melhor resposta veio em forma de

audiência e de suporte publicitário, colocando o TJ Brasil na segunda posição em

número de anúncios do SBT, perdendo apenas para o Programa Sílvio Santos.

Outra iniciativa jornalística diferenciada estrearia no SBT em 20 de maio de

1991 – o jornalismo popular, através do programa Aqui Agora que, segundo

Rezende (2000), era uma versão do programa argentino Nuevediario, em que o

jornalismo de rádio voltado para as classes populares ganhava espaço na televisão.

Com o uso frequente do plano-sequência para o relato das histórias, o Aqui Agora

colocava na televisão experientes repórteres de rádio, como Gil Gomes, Celso

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Russomano e Jacinto Figueira Júnior, o lendário Homem do Sapato Branco. O

retorno de audiência foi instantâneo, mas restrito somente ao público de São Paulo.

Rezende (2000) revela que, pouco depois da experiência do SBT, e com a

transferência de Joelmir Beting para a Globo, a Bandeirantes colocara Marília

Gabriela, apresentadora do programa de entrevistas Cara a Cara na função de

âncora do Jornal da Bandeirantes, também com a companhia de Ferreira Martins na

bancada. Sem ter a verve opinativa que Boris Casoy manifestava no TJ Brasil,

Marília se destacou na função pelo desempenho das mais diversas funções, como

repórter, apresentadora, editora e entrevistadora.

Porém, o Jornal Nacional era ainda o líder de audiência dos telejornais, e

mantinha quase a mesma postura inflexível, herdada dos anos de regime militar. A

mudança mais significativa que o JN tivera nos anos 1980 era a introdução de

comentaristas, como Joelmir Beting e Paulo Francis. A apresentação permanecia

sendo feita por dois locutores – Cid Moreira e Sérgio Chapelin, com exceções dos

finais de semana, onde jornalistas como Eliakim Araújo e Fernando Vanucci, entre

outros, apresentavam o JN. Somente na metade dos anos 1990 é que o Jornal

Nacional passaria por transformações que modificariam sua linguagem, mas não

sua liderança.

A entrada da década de 1990 é determinante para os rumos de duas redes de

televisão, a Rede Record e a Rede Manchete. A TV Record, de acordo com o site

Última Hora, (UHTV. História da TV Rede Record Parte 1 [post]. 31 jul. 2009.

Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/07/historia-da-tv-rede-record-

parte-1.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) era relegada ao posto de retransmissora

de parte da programação da TVS, enfrentava as mais diversas adversidades

financeiras e, em estado quase falimentar, é adquirida do Grupo Sílvio Santos pelo

bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus. A partir da compra, a

Rede Record passa por um processo de expansão de sua estrutura, principalmente

a partir dos anos 2000, com a meta de se tornar a líder em audiência no Brasil.

Já a TV Manchete passara por duas grandes crises financeiras – segundo o

site Última Hora (UHTV. História da TV Rede Manvhete (sic) 1º Parte [post]. 12 jun.

2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/historia-da-tv-rede-

manvhete-1-parte.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) a primeira, em 1992, foi em

decorrência do fracasso de audiência da novela Amazônia. O Grupo IBF, empresa

do ramo de bilhetes de loteria, inicia as tratativas com Adolpho Bloch para assumir o

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33

controle da Rede Manchete. O negócio chega a se concretizar, porém, Bloch retoma

na justiça o controle da TV Manchete sob a alegação de que o Grupo IBF não havia

honrado todos os compromissos financeiros.

A segunda crise data de 1998, e foi decisiva para o fim da TV Manchete.

Conforme o site Última Hora (UHTV. História da TV Rede Manvhete (sic) 2º Parte

[post]. 13 jun. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/

historia-da-tv-rede-manvhete-2-parte.html>. Acesso em: 14 out. 2010.), os juros

cada vez maiores da dívida da Manchete superavam o valor do patrimônio,

ocasionando os primeiros atrasos dos pagamentos dos funcionários. A emissora,

segundo a legislação, deveria encerrar as atividades, mas pelas boas relações que o

fundador Adolpho Bloch criou com o governo federal, a emissora seguiu operando.

Bloch faleceu em 19 de novembro de 1995, e os negócios foram herdados por Pedro

Jack Kapeller. Aos poucos, dificuldades como atrasos de salários, pedidos de

demissão em massa, emissoras afiliadas migrando para outras redes e falta de

pagamento de taxas aos órgãos de telecomunicações impediram que a

programação da Rede Manchete permanecesse no ar. O capítulo final se deu com o

repasse das concessões a Amilcare Dallevo, que arrendava espaços aos domingos

na programação da TV Manchete.

Em uma manobra política – já que a TV Manchete estava impedida de ser

negociada desde a crise de 1993, e várias ações trabalhistas estavam em vigor,

impedindo qualquer venda de patrimônio – o Ministério das Comunicações repassou

a Dallevo, mediante o pagamento das renovações vencidas há quase dez anos, as

concessões que a Rede Manchete tinha em seu poder. Dallevo, em sociedade com

Marcelo de Carvalho, em 9 de maio de 1999, através da empresa TV Ômega, dá

início a uma corrida de três meses para colocar no ar a TV!, inicialmente sediada em

Barueri.

Em 10 de março de 1999, a programação entra no ar em caráter provisório,

com grande parte da grade de programação arrendada e somente um telejornal, o

Primeira Edição, que herdava as características do Jornal da Manchete. Em 15 de

novembro de 1999, vai ao ar definitivamente a RedeTV!, a mais nova rede de

emissoras de televisão do Brasil, que tem como característica principal as inovações

tecnológicas, como apresentado anteriormente neste capítulo.

No que diz respeito ao telejornalismo da RedeTV!, o principal telejornal da

emissora, o RedeTV! News, tem como destaque a bancada giratória instalada dentro

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da redação, inaugurada em 13 de novembro de 1999. Conforme o artigo de Silvia

Corrêa, publicado no jornal Folha de S. Paulo, edição de 8 de novembro de 2009

(CORRÊA, Silvia. Telejornal Giratório. Folha de São Paulo, São Paulo, domingo, 8

nov. 2009. Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?

cod=563ASP002>. Acesso em: 14 out. 2010.), dois estúdios onde ocorrem

gravações, além da redação, formam o cenário do telejornal, instalado no Centro de

Transmissão Digital (CTD), inaugurado durante as comemorações dos dez anos da

emissora.

Ao iniciar o telejornal, a bancada é elevada em torno de um metro, e passa a

girar, sendo que a cada dez minutos se completam os 360 graus do giro. Outra

curiosidade do telejornal ancorado por Augusto Xavier e Rita Lisauskas é o fato de

não possuir operadores de câmeras no estúdio – três câmeras estão afixadas à

bancada, enquanto uma quarta está posicionada no alto do estúdio.

Conforme Rezende (2000), a partir de 1° de abril de 1996, o Jornal Nacional

passa a ser apresentado por jornalistas – inicialmente, William Bonner e Lilian Witte

Fibe, depois Fátima Bernardes, a partir de fevereiro de 1998. A saída de Lilian se dá

por discordâncias da linha editorial que o JN possuía à época, mais amena, e

também pela falta de empatia dela com o público – tanto que o casal de

apresentadores William e Fátima foi escolhido a partir do resultado de pesquisas de

audiência do Instituto Brasileiro de Opinião Pesquisa e Estatística (IBOPE).

Rezende (2000) destaca que, a partir desta época, o Jornal Nacional passou

a abordar de modo mais abrangente assuntos do cotidiano de celebridades, dando

menor espaço a notícias internacionais que, em outros tempos, teriam maior

repercussão. Outras inovações no formato de apresentação das notícias também

passaram a fazer parte da rotina do Jornal Nacional, de acordo com o site Memória

Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível em: <http://memoriaglobo.

globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-239077,00.html>. Acesso em: 14 out.

2010.): a reconstituição de fatos e o uso de vídeocharges8, desenhadas por Chico

Caruso.

8 De acordo com o site Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível em:

<http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-239077,00.html>. Acesso em 14 out. 2010.), as vídeocharges eram as tradicionais charges de jornal transportadas para o vídeo. “Com 30 segundos de duração, em média, as charges satirizavam os fatos políticos de maior relevância do noticiário. O desenho, também publicado no jornal O Globo, era levado à TV Globo no Jardim Botânico pelo próprio Caruso, que gravava a voz nos estúdios da emissora. A equipe do departamento de arte ficava, então, responsável por decompor o desenho e produzir a sequência que

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Ainda conforme o Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo.

Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-

239077,00.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) a partir de setembro de 1999, William

Bonner passa a acumular as funções de apresentador e editor-chefe, funções que

ele já acumulara anteriormente no Jornal Hoje, e de modo semelhante ao que

ocorreu com Boris Casoy.

Porém, Bonner (2009) faz questão de diferenciar sua atividade da de Casoy –

enquanto no TJ Brasil, Casoy, como âncora, emitia opiniões abertamente, no Jornal

Nacional adotou-se o modo americano de ancoragem, onde o objetivo é informar o

telespectador, para que ele formule sua opinião e, caso haja a necessidade de a

emissora se posicionar, a opinião deve ser expressa e identificada em editorial.

Em 26 de abril de 2000, ocorre a mudança de cenário do Jornal Nacional,

deixando de lado a bancada com fundo infinito e passando a utilizar como pano de

fundo a redação do Departamento de Jornalismo da Rede Globo. Segundo Bonner

(2009), o mezanino onde foi instalado o cenário do Jornal Nacional está instalado,

assim como toda a redação de Jornalismo da Globo Rio, em um estúdio de

gravações de novelas, desativado com a inauguração da Central Globo de

Produções, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro (ProJac).

No novo cenário, o único no mundo nestes padrões, de acordo com o site

Memória Globo (Ibid), é possível a sobreposição de ilustrações gráficas obtidas por

meio do chromakey9, cobrindo o ambiente da redação e posicionando selos de

identificação de temas atrás dos apresentadores.

2.4 Histórico da Televisão por Assinatura

A TV por assinatura constituiu-se, inicialmente, numa alternativa para que

pequenas comunidades tivessem acesso às programações da televisão aberta com

qualidade de sinal, nos Estados Unidos da década de 1940. As pessoas

associavam-se e adquiriam uma antena coletiva de alta sensibilidade, para que

pudessem receber os sinais. Posteriormente, utilizando cabos, o sinal era distribuído

ia ao ar. No dia seguinte, os desenhos eram colocados no computador e a sequência ia para a mesa da animação. Finalmente, o material era editado e sonorizado”. 9 De acordo com Carravetta (2010, p.100), o chromakey “é conhecido como sobreposição por

separação de cores, constituindo-se num tipo de tesoura eletrônica que recorta as partes desejadas de uma imagem selecionada, colocada num fundo azul, sobrepondo-a num cenário, oriundo de uma outra imagem”.

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para as residências. O sistema ficou conhecido como CATV10, e até hoje é sinônimo

de TV a cabo. O sistema evoluiu, a partir do momento em que nesta rede de cabos

programações diferenciadas passaram a ser oferecidas aos assinantes, resultando

naquilo que se conhece por TV por assinatura nos dias atuais.

“Fazer com que o sinal das emissoras de televisão, localizadas na cidade do

Rio de Janeiro, chegasse às cidades de Petrópolis, Teresópolis, Friburgo, entre

outras, situadas na Serra do Mar, com boa qualidade de som e de imagem” (ABTA

Associação Brasileira de Televisão por Assinatura. Disponível em:

<http://tvporassinatura.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17&It

emid=34>. Acesso em: 14 out. 2010.) era o desafio inicial da televisão por assinatura

em terras brasileiras.

No país, as primeiras iniciativas de se oferecer a TV por assinatura ocorreram

há pelo menos quarenta anos, e também foram no intuito da superação de

dificuldades técnicas. Uma rede de cabos coaxiais transportavam os sinais até as

residências, depois de recebidos por antenas instaladas no alto da serra. Aqueles

que desejassem o serviço pagavam uma taxa mensal, de modo muito semelhante

aos moldes da televisão por assinatura dos dias atuais.

Com base em informações da Associação Brasileira de Televisão por

Assinatura (ABTA), e das programadoras de televisão por assinatura Globosat e

TVA, constata-se que o início da televisão por assinatura no Brasil foi muito precário,

vindo a evoluir consideravelmente nos anos 1990 e 2000. Nos anos 1980 iam ao ar

as primeiras transmissões efetivas de TV por assinatura, com as programações da

Cable News Network (CNN) e da Music Television (MTV) norte-americana, em

canais fechados, codificados e transmitidos em UHF.

O serviço de televisão por assinatura foi regulamentado inicialmente pelo

presidente José Sarney, em 1988, sendo que um ano depois foi regulamentada

precariamente a TV por cabo, cuja legislação definitiva viria a ser aprovada somente

em 6 de janeiro de 1995, através da Lei n° 8977, chamada de Lei do Cabo.

Em outubro de 1990, o Grupo Abril, por meio da TVA, fecha parceria com a

norte-americana Viacom, e passa a transmitir em sinal aberto UHF a programação

da primeira televisão segmentada do país, a MTV Brasil. Um ano depois, o Grupo

Abril, em parceria com a Mathias Machline, dá origem a TVA Programadora, com

10

Abreviatura de Community Antenna Television, em inglês.

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cinco canais: Showtime e ESPN International em UHF, e CNN, TNT e Superstation

em MMDS11. Em 1994, a TVA torna-se a primeira a distribuir televisão por assinatura

via satélite, por meio da TVA DigiSat, que posteriormente adota o nome da

multinacional DirecTV (TVA. Disponível em: <http://www.tva.com.br/Institucional/>.

Acesso em: 14 out. 2010.).

Em 1991, as Organizações Globo, em parceria com suas afiliadas em

televisão aberta, como a Rede Brasil Sul (RBS), criam a Globosat, operadora12 de

TV paga via satélite na Banda C, que distribuía o sinal por meio de cabos. A

Globosat também foi a primeira programadora13 de TV por assinatura no Brasil, ao

criar em 1991 os canais Telecine (filmes), Top Sport (esportes), GNT (informativo) e

Multishow (entretenimento).

Até então, as Organizações Globo, através da Globosat, produziam conteúdo

por meio das programadoras e distribuíam os canais através das operadoras de TV

a cabo. Em 1993 ocorre a cisão da Globosat em duas empresas: a Net Brasil, que

ficou incumbida das atividades de venda, distribuição e prestação de serviços de

televisão por assinatura, e a Canais Globosat, dedicada exclusivamente à produção

de conteúdo.

Com o objetivo de aumentar a quantidade de canais produzidos no Brasil,

deixando de ser dependente de conteúdos estrangeiros, a partir de 1995 a Globosat

amplia consideravelmente o número de canais produzidos. O primeiro canal de

notícias 24 horas brasileiro, o Globo News, surge neste período, assim como o

ShopTime, canal de vendas de produtos. O canal Telecine é desmembrado em

cinco canais, cada um com um gênero diferenciado de programação, e na mesma

época é criado o Canal Brasil, dedicado às produções de filmes e séries brasileiros.

O canal Top Sport é rebatizado como SporTV, passando a dedicar sua grade

de programação aos esportes coletivos (especialmente futebol) e aos esportes

radicais. Com o início das atividades em pay-per-view14, o futebol tornou-se principal

11

Da sigla em inglês, Multipoint Multichannel Distribution System. Sistema de distribuição de canais de TV por micro-ondas terrestres. Uma das formas de transmissão de TV por assinatura (ABTA, 2010). 12

Empresa que distribui sinais de televisão por assinatura, seja por cabo, MMDS ou satélite (ABTA, 2010). 13

Programadoras são empresas que fornecem conteúdo (canais) para TV paga. Podem produzir programação própria, representar canais estrangeiros no país ou comprar programas e reformatá-los em canais para o público local (ABTA, 2010). 14 Do inglês, pague para ver. Serviço de TV por assinatura em que se paga apenas o que se quer assistir (filmes, shows, cursos), quando se desejar, e dentro da oferta existente (ABTA, 2010).

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38

atração dos canais Premiere e, anos depois, seria o primeiro canal de esportes

voltado para brasileiros no exterior, o PFC. A partir de 1996, os canais Globosat

passam a ser distribuídos pela operadora de televisão via satélite SKY, ampliando

consideravelmente o alcance no território brasileiro (HISTORIA DA TV POR

ASSINATURA Canais Globosat. Disponível em: <http://canaisglobosat.globo.com/

index.php/tv_por_assinatura/historia>. Acesso em: 14 out. 2010.).

Até o início dos anos 2000, a TV por assinatura no Brasil era um benefício

restrito a poucos consumidores, devido às altas mensalidades e ao pequeno número

de cidades atendidas, o que tornava a TV por assinatura um privilégio de poucos.

Em 1994 eram em torno de 400 mil assinantes de TV paga, número que se elevou

para 3,4 milhões de assinantes no ano 2000 – um crescimento de 750% em seis

anos – e que no segundo trimestre de 2010, alcançou a marca de 8,42 milhões de

assinantes, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).

56,95%, cerca de quatro milhões e seiscentos mil assinantes, estão concentrados

nas operadoras de TV por cabo, enquanto que 39,92%, algo como três milhões e

meio de assinantes, recebem o sinal via satélite, e 3,05%, cerca de trezentos mil

assinantes, recebem o sinal por meio de micro-ondas (MMDS) (ABTA. Resultados

Setoriais TV Por Assinatura – Operadoras: 2010. São Paulo, 2010.).

2.5 Histórico do Telejornalismo Dedicado

O início do telejornalismo em canais dedicados se dá com a criação da Cable

News Network (CNN), em 1º de junho de 1980 (HISTORY.COM. Disponível em:

<www.history.com/this-day-in-history/cnn-launches>. Acesso em: 14 out. 2010.). A

história de seu fundador, Robert “Ted” Turner, tem início quando ele assume uma

empresa de anúncios para a revista Billboard, após o suicídio do pai, em 1963. Ted

expande os negócios, e sete anos depois, ele adquire uma estação de TV em

Atlanta, que reprisava filmes antigos. Em poucos anos, a emissora se transforma na

estação denominada The SuperStation, transmitida via satélite diretamente para as

casas dos assinantes. Anos depois, com os lucros de seus empreendimentos,

Turner torna-se dono das equipes de basquete e de beisebol de Atlanta e as

partidas destas equipes passam a ser transmitidas por outro canal, criado por Ted, o

TBS (Turner Broadcasting System, nome que deu origem ao grupo de empresas em

que a CNN está incluída).

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Mas a ousadia maior de Ted Turner foi a de fazer frente às três grandes redes

de televisão norte-americanas – ABC, CBS e NBC, que, à época, produziam em

média 30 minutos diários de notícias, em telejornais que íam ao ar geralmente à

noite. A CNN, com suas primeiras instalações em uma casa velha transformada em

newsroom15, repleta de antenas parabólicas no pátio, consideradas por Ted Turner

sua plantação de repolhos, surgia com o objetivo de alterar a noção de que as

notícias somente poderiam ser relatadas em horários fixos, passando a apresentá-

las durante as 24 horas do dia, a partir dos mais diversos locais do mundo, em

canais dedicados exclusivamente à informação, aproveitando-se do vasto espaço

que as operadoras de televisão por assinatura tinham a oferecer. Daí a expressão

telejornalismo dedicado.

A repercussão mundial e a consolidação do trabalho da CNN se deram com o

início da Guerra do Golfo, no Iraque, em 1991. A cobertura ao vivo do início dos

bombardeios norte-americanos à capital iraquiana, Bagdá, foram transmitidos via

satélite para todo o mundo, colocando a CNN como principal fonte de informações

internacionais por televisão.

Nos dias atuais, o Grupo de Notícias CNN alcança, através das mais diversas

plataformas, cerca de 700 milhões de pessoas. São seis redes de televisão por cabo

ou satélite: CNN – transmitida somente para o território norte-americano; CNN

International – transmitida para o mundo em quatro programações diferentes:

América Latina, Europa, Ásia e Pacífico, e Estados Unidos; CNN en Español – no ar

desde 1997, tem sua programação totalmente produzida em espanhol para os

países da América Latina; Money – antigo CNNfn, especializado em notícias do

mercado financeiro e de negócios; SI – antigo CNN/SI, é o primeiro canal resultante

da fusão dos grupos empresariais Time Warner e Turner, transmite notícias

esportivas, produzidas pela equipe da revista Sports Illustrated e pela CNN, e; HLN

– antigo CNN Headline News, canal que apresenta informações atualizadas a cada

trinta minutos, como as notícias do dia e os últimos acontecimentos, os destaques

esportivos, de negócios e espetáculos.

Além destes produtos, existem as redes de rádio – disponíveis em inglês e

em espanhol; os websites; as emissoras de televisão que são licenciadas para

15

Do inglês, redação. Um escritório em que a notícia é processada por uma agência de notícia de jornal, ou televisão, ou estação de rádio. (PRINCETON UNIVERSITY. Disponível em: <http://wordnetweb.princeton.edu/perl/webwn?s=newsroom>. Acesso em: 14 out. 2010, tradução nossa). Ambiente em que o estúdio de apresentação dos telejornais está integrado á redação.

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utilizar a marca CNN, como o canal CNN Chile, produzido inteiramente no país

latino-americano; e a CNN Airport Network – que transmite diversos programas das

seis redes CNN via satélite para os aeroportos norte-americanos.

A CNN também serve como uma agência de notícias para outras emissoras

de televisão: O CNN News Source, além do acompanhamento ao vivo de fatos

relevantes, transmite, a mais de 400 assinantes espalhados pelo mundo, doze

informações noticiosas nos dias úteis e dez em cada dia do fim de semana. Estas

sínteses contêm informações locais, nacionais, internacionais e do tempo, como

também notícias de esportes, medicina, negócios e espetáculos (CNN EM

PORTUGUÊS. Disponível em: <http://web.archive.org/web/19990218052820/

cnnemportugues.com/grupo/index.html>. Acesso em: 14 out. 2010.).

No Brasil, a primeira experiência de um canal de notícias vai ao ar em 15 de

outubro de 1996 – o Globo News, canal exclusivo de notícias das Organizações

Globo. Conforme Rezende (2000, p.137), o Globo News era uma alternativa à

limitação da grade de programação da TV Globo, e procurava satisfazer seu

telespectador “combinando agilidade com aprofundamento da informação”.

Carlos Henrique Schroder, em depoimento a Paternostro (2006, p.83), relata

que “a ideia era ter um noticiário forte na primeira meia hora e depois debates e

discussões profundas para ajudar o telespectador a entender melhor determinado

assunto e tomar posição”.

Segundo Rezende (2000), mal havia completado um mês de atividade e o

Globo News já enfrentaria grandes coberturas jornalísticas, como o acidente com o

Fokker 100 da TAM, deixando quase cem mortos em uma área residencial próxima

ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo. De acordo com Paternostro (2006), foi a

primeira vez em que a programação prevista foi deixada de lado e substituída pela

transmissão contínua das informações relacionadas ao acidente, onde prevalecem o

improviso e a narração ao vivo dos fatos que estão sendo acompanhados.

Após contextualizarmos historicamente a televisão brasileira, seja ela aberta

ou por assinatura, enfatizando o telejornalismo, e de modo a viabilizar a análise dos

telejornais, faz-se necessário o estudo das rotinas produtivas dos telejornais, o que

será abordado no próximo capítulo.

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3 ROTINAS PRODUTIVAS NO TELEJORNALISMO

Para que se possa construir um conceito de rotinas produtivas em canais

dedicados ao telejornalismo, inicialmente se faz necessária a análise de telejornais,

incorporados às grades de programação dos canais de televisão tradicionais,

existentes há mais de quarenta anos em nosso cotidiano. Para tanto, faz-se uso dos

conceitos de Sebastião Squirra, em Aprender Telejornalismo – Produção e Técnica

(1990); de Guilherme Jorge de Rezende, em Telejornalismo no Brasil – Um perfil

editorial (2000); de Alfredo Vizeu Pereira Júnior, em Decidindo o que é notícia – Os

bastidores do telejornalismo (2000); e Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo de Lima,

em Manual de Telejornalismo – Os segredos do jornalismo na TV (2002). Por existir

uma proximidade entre o telejornalismo dedicado e o radiojornalismo, no que diz

respeito aos conceitos de pauta e produção, utiliza-se, também, alguns conceitos de

Marcelo Parada, no livro Rádio: 24 horas de jornalismo (2000).

Além dos autores consagrados na conceituação de rotina produtiva em

telejornalismo, recorre-se aos livros que, julgados, sejam os mais recentes neste

quesito. Jornal Nacional – Modo de Fazer (2009), escrito pelo editor-chefe do mais

tradicional telejornal de televisão aberta do Brasil, William Bonner, apresentando os

meandros de um produto de telejornalismo com a tecnologia que não se fazia

presente 20 anos atrás. Além disso, Inovação no Telejornalismo – O que você vai

ver a seguir (2009), de Carlos Tourinho, aborda as diversas iniciativas no sentido de

buscar o diferencial através das inovações no formato telejornalismo.

Àquela época, quando da construção da obra Aprender Telejornalismo,

Squirra apresentava exemplos baseados em laudas datilografadas de telejornais,

algo que se extinguiu no mínimo dez anos atrás. Em Jornal Nacional – Modo de

Fazer, o que se acompanha é a roteirização do jornal, inserida em uma estrutura

tecnológica avançada, englobando desde a construção da pauta até a apresentação

do telejornal, seja no estúdio ou em qualquer lugar do planeta.

Ao longo do capítulo, ressaltar-se-ão as características que diferenciam as

rotinas do telejornal tradicional para os canais de telejornalismo dedicado, utilizando

para isso as constatações feitas por Humberto Candil, diretor responsável do canal

Band News, em correspondência eletrônica com o autor, assim como obtidas a partir

do livro Globo News – 10 anos, 24 horas no ar, coordenado por Vera Íris Paternostro

(2006).

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Para fins de esclarecimento, o canal de notícias Globo News promoveu

mudanças consideráveis em sua identidade gráfica e em sua grade de programação

a partir de 18 de outubro de 2010. Já os canais Band News e Record News

promoveram semelhantes modificações, ambos a partir de 8 de novembro de 2010.

Porém, toda e qualquer informação que conste deste capítulo referem-se às

programações que vigoraram até as datas citadas.

Mesmo que haja um suporte tecnológico cada vez mais aperfeiçoado em

torno da construção do telejornal, as rotinas produtivas em quase nada se

modificaram, e é o que será analisado inicialmente neste capítulo, tendo como ponto

de partida a pauta, princípio da informação jornalística.

É a partir dela que são elencados os assuntos que potencialmente venham a

ser apresentados dentro de um telejornal, especialmente quando não ocorrem

acontecimentos factuais, se fazendo necessária a ampliação do conteúdo a ser

apresentado em uma edição de determinado telejornal. O pauteiro é o responsável

por pensar e projetar algo que possa ser transformado em reportagem, seja a partir

da opinião popular, como também de discussões e ideias que possam surgir na

própria redação. É ele quem mapeia os assuntos que mereçam ser apresentados no

telejornal.

De acordo com Bonner (2009, p.69), “o jornalismo é uma atividade que se

alimenta também dela mesma”, se referindo ao trabalho do pauteiro a partir de uma

informação, publicada em jornal impresso, ou mesmo em reportagem que já fora ao

ar.

Squirra (1990, p.84) conceitua a pauta como “o levantamento diário dos

assuntos que podem ser objeto de reportagem e que, de forma previsível, vão

acontecer naquele dia”. Parada (2000) considera que a pauta deve retratar aquilo

que faz parte da chamada família brasileira, a partir da observação de suas

preocupações. Já Barbeiro e Lima (2002, p.111) ressaltam que o pauteiro, “na

imensidão dos acontecimentos na sociedade, capta o que pode ser transformado em

reportagem”. Barbeiro e Lima (2002) dizem que o pauteiro é quem indica o caminho

para que a reportagem prenda a atenção do telespectador, ao pensar o assunto a

ser abordado por inteiro.

Júlio Mosquéra (TELEJORNALISMO UNB Globo Universidade. Disponível

em: <http://globouniversidade.globo.com/GloboUniversidade/0,,AA1681471-9048-

1677537,00.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) repórter da Rede Globo, radicado em

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Brasília, em uma palestra do projeto Globo Universidade a estudantes da

Universidade de Brasília (UNB), em 2008, disse: “o pauteiro deve sempre buscar o

diferencial, o inusitado, para tornar uma notícia mais atraente”. Por último, Squirra

(1990, p.50) diz: “a pauta é variada, porém, programável”.

A partir da pauta, entra o trabalho do produtor. Este profissional, de acordo

com Bonner (2009), é aquele que recebe as mais diversas sugestões de pauta e as

filtra, direcionando-as para as editorias e profissionais competentes, ou, caso o

assunto seja de grande repercussão, encaminhando-a para todos os telejornais.

Cabe ao produtor esclarecer toda e qualquer dúvida que possa surgir, quando da

construção da reportagem, desde a grafia de um nome, um detalhe ou um dado que

precise ser confirmado.

Sílvia Faria, (TELEJORNALISMO UNB Globo Universidade. Disponível em:

<http://globouniversidade.globo.com/GloboUniversidade/0,,AA1681531-9048-16775

37,00.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) diretora de jornalismo da TV Globo Brasília,

em oficina promovida a estudantes de jornalismo da UNB em 2008, declarou que o

produtor “é indispensável para ajudar na apuração da notícia, achar um

personagem, uma fonte ou para gravar uma entrevista, preparando todo o terreno

para o repórter executar o seu trabalho”. Ainda de acordo com Faria (Ibid), “no Brasil

ou em qualquer lugar do mundo, o jornalismo não sobrevive sem ele (o produtor)”.

Feito o trabalho do produtor, a chefia de reportagem passa a ter fundamental

importância para que o trabalho do repórter se desenvolva sem maiores percalços.

De acordo com Squirra (1990, p.83), o chefe de reportagem “organiza a cobertura

diária dos assuntos pautados, orienta os jornalistas na maneira adequada de

abordar os temas, e indica qual o aspecto deles que interessa naquele momento”.

Ainda segundo Squirra (1990), é incumbência do chefe de reportagem informar ao

repórter a duração aproximada que deverá conter a reportagem, assim como se

poderão ocorrer intervenções ao vivo.

O trabalho do chefe de reportagem está em permanente sintonia com o que é

desenvolvido pelo produtor, no sentido de municiar o repórter com as informações o

mais corretas possível. Porém, este trabalho se inclina também para a edição,

conduzindo o andamento da reportagem para se adequar à linha editorial da

emissora e com os objetivos do telejornal. De acordo com Squirra (1990, p.84), cabe

ao repórter conversar “detidamente com a Chefia de Reportagem”, com o objetivo de

se informar da abordagem ideal para o momento do assunto que será tratado.

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Em estruturas de redes de emissoras, como é o caso das analisadas no

presente trabalho, ocorrem reuniões de pauta – normalmente pela manhã e pela

tarde, quando se trata de telejornais tradicionais que vão ao ar no início da noite –

entre produtores, chefias de reportagem das cabeças de rede – emissoras da Rede

Globo localizadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Recife –

e das emissoras afiliadas. O objetivo destas reuniões é verificar o andamento de

determinada pauta que ocorre fora da área de abrangência de determinada

emissora, se novos acontecimentos e repercussões merecem destaque ou

atualização, assim como se define a forma como o fato deverá ser abordado pela

equipe de reportagem, de acordo com os interesses da editoria do telejornal.

Bonner (2009) relata a ocorrência de uma reunião diária entre as emissoras

da Rede Globo, produtores de telejornalismo, esporte, departamento de arte, e do

Globo News (canal dedicado ao telejornalismo da Rede Globo), não com o objetivo

de promover a discussão de pautas – estas seriam analisadas por um produtor, ao

longo da manhã, em contato individual com as emissoras afiliadas, gerando um

relatório a ser apresentado nesta reunião – mas como uma atualização das

previsões do que está por ocorrer naquele dia, buscando maiores informações sobre

o que cada emissora teria a oferecer, e o que se faz necessário por parte do

telejornal.

Até então, as funções aqui relatadas e a sua importância são pouco

conhecidas do público geral – no máximo se sabe a função e o nome do profissional

ao constar rapidamente dos créditos ao final do telejornal, mas sem se aprofundar

muito no seu papel dentro do telejornal. Aqui se entra não só em um ponto

fundamental para a construção do telejornal, mas também para a construção de uma

ponte entre o telespectador e o telejornal: o repórter.

Bonner (2009) dá uma atenção especial aos repórteres que fazem parte da

equipe à disposição da Rede Globo e, por consequência, do Jornal Nacional.

Segundo Bonner (2009, p.46), os repórteres que passam pelo Jornal Nacional

devem ser “familiares, têm de ser conhecidos e reconhecidos pelo telespectador”,

como se fossem alguém de confiança para ser recebido em casa. Estes critérios são

levados mais a sério pelo Jornal Nacional, que busca mesclar profissionais

experientes, facilmente reconhecidos pelo grande público, com profissionais que

vêm das afiliadas e reportam em outros telejornais da Rede Globo, como também

para o canal de telejornalismo Globo News. Bonner (2009, p.46) considera que “se

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fizéssemos um jornal com pessoas desconhecidas a cada dia, seria muito mais difícil

para o público identificar-se com o Jornal Nacional”.

Voltando à função técnica do repórter dentro da rotina de um telejornal, cabe

a ele, segundo Squirra (1990), encontrar e entrevistar alguém que, de alguma forma,

testemunhe ou participe de determinada situação, devidamente orientado pela

produção ou chefia de reportagem. O repórter deverá ter discernimento aguçado

para selecionar e entrevistar personagens que relatem os fatos e acrescentem

conteúdo à reportagem – caso contrário, o conteúdo ficará seriamente prejudicado.

Para isso, o repórter deverá, antes de qualquer gravação, preparar seu

entrevistado para que este se preocupe mais com o relato dos fatos, do que com o

fato de que aparecerá em um meio de comunicação de grande alcance, o que

muitas vezes desperta a vaidade do entrevistado. Squirra (1990) diz que a

conclusão final deve ser do telespectador, devendo o repórter apresentar as

opiniões em conflito, para que este telespectador avalie tais opiniões e construa uma

posição. Também cabe ao repórter negociar com o entrevistado, para que suas

declarações fiquem próximas do que desejam a chefia de reportagem ou o próprio

repórter, sem deixar de dar ao entrevistado a chance de dizer o que deseja.

Parada (2000) diz que o repórter deve, sempre, procurar informações

adicionais, de modo a facilitar a criação do acontecimento na mente do espectador.

Outro conceito, formulado por Barbeiro e Lima (2002, p.67), é o de que o repórter

deve formular perguntas “claras, diretas, curtas e encadeadas”, sem agredir o

entrevistado, mas sendo “incisivo e firme”. Cabe ao repórter captar a notícia e,

baseado naquilo que viu e no que ouviu de seus entrevistados, contar ao espectador

da melhor forma possível os acontecimentos.

De volta à emissora – e aos bastidores da redação – o repórter entrega seu

trabalho aos cuidados de um personagem-chave para o sucesso do telejornal,

considerado por Squirra (1990, p.93) um “tipo diferente de profissional” surgido com

a evolução do jornalismo de televisão: o editor de telejornalismo.

A principal tarefa do editor é ordenar de forma lógica e fácil de serem

compreendidos pelo telespectador, os acontecimentos e declarações colhidos pelo

repórter. O editor construirá esta sequência a partir do que foi estipulado nas

reuniões entre chefias de reportagem e de telejornais. Ele será o mediador entre as

imagens, obtidas pelo cinegrafista, ou vindo de agências e outras fontes, e o texto

que contará ao telespectador o que está sendo apresentado. Isso dentro do tempo

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que foi estipulado pela direção do telejornal, definido em reuniões prévias, ou no

decorrer da análise das informações.

Mas o editor de telejornal está inserido em um contexto hierárquico mais

amplo, no qual surgem também os personagens editor-chefe, editor-executivo, e

editor-apresentador. Pereira Júnior (2000) analisou detidamente o cotidiano do

telejornal RJTV 1ª Edição (RJTV1), produto local da Rede Globo, produzido para a

Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ao acompanhar a rotina produtiva existente

neste telejornal, Pereira Júnior (2002) revela detalhadamente o cotidiano dos

editores de texto envolvidos na produção do RJTV1. Alguns destes testemunhos

servirão para revelar o quão crucial é a atividade do editor de telejornal.

Bonner (2009) também apresenta, em riqueza de detalhes, a rotina produtiva

dos editores do Jornal Nacional, especificando a função de cada um, assim como

prazos e obstáculos que devem ser vencidos para que todas as noites o Jornal

Nacional esteja nas residências de milhões de brasileiros.

Conforme Pereira Júnior (2000), tomando como exemplo a rotina do RJTV1, é

quase que automática a divisão de tarefas dentro da estrutura hierárquica do

telejornal. Cabe ao editor-chefe montar um pré-espelho16. Nesta montagem, o editor-

chefe – e seu adjunto, também chamado de editor-executivo, que pode substituí-lo

eventualmente – distribui os assuntos entre seus editores de texto. Segundo Pereira

Júnior (2000, p.106), os editores “decupam, avaliam, selecionam e editam o material

elaborado por repórteres e cinegrafistas”.

O trabalho do editor de texto é feito, na maioria das vezes, em conjunto com o

do editor de imagens, um profissional técnico que tem a agilidade e a precisão como

características, mas podendo ser feito também pelo próprio editor de texto.

Inicialmente, se analisa o material bruto, desordenado e não selecionado, extraído

do que foi captado pelo cinegrafista. Esta análise é feita pelo editor de texto, com o

objetivo de, dentro dos critérios de avaliação que se fazem necessários, transformar

cerca de dez minutos de material bruto em algo próximo de 30 segundos a dois

minutos de uma reportagem fechada.

A partir desta análise, com o apoio ou não do técnico editor de imagens,

selecionam-se as imagens que podem ser utilizadas, as falas dos personagens –

16

O pré-espelho é uma previsão daquilo que será apresentado no telejornal mais adiante. Alterado permanentemente durante o período de produção do telejornal, pode vir a ser concluído com o telejornal no ar. Quando concluído, passa a ser chamado de espelho (Rezende, 2000, p. 146).

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usa-se o termo sonora para definir as falas de qualquer pessoa em uma reportagem,

exceto o repórter – e as intervenções do repórter – que poderão ser sem que o

repórter apareça em quadro, relatando o desenrolar dos acontecimentos, como

também com a presença deste no local dos acontecimentos, encadeando uma

explicação em off com uma sonora de um entrevistado. Este encadeamento

denomina-se passagem ou boletim, e também é chamado de stand-up17 pelo fato de

o repórter aparecer em pé durante a passagem.

A atividade do editor de texto é extremamente facilitada, se as imagens

obtidas são de qualidade, prendem a atenção do telespectador facilmente. Alguns

dos critérios que devem ser levados em conta ao editar uma reportagem para um

telejornal, de acordo com Pereira Júnior (2000) são o de que haja novidade, que

esta notícia interesse ao maior número de pessoas, trate do inusitado, assim como

retrate um personagem. A observância destes critérios facilita a tarefa da equipe no

embate travado entre o relógio e os editores de texto, para que o telejornal vá ao ar

no horário previsto, e sem maiores dificuldades. Após a seleção das imagens

adequadas, da ordenação dos elementos da reportagem, o editor de texto revisará a

reportagem, e atualizará o editor-chefe do andamento de seu trabalho.

Caso ocorram mudanças de rumo durante o processo de edição – como uma

situação na qual somente imagens foram captadas, sem participação do repórter ou

sonoras de personagens – pode-se fazer uso da nota coberta, na qual o editor

redigirá um texto que servirá de apoio para as imagens de que dispõe. Esta nota

coberta será lida pelo apresentador do telejornal, seja ao vivo ou previamente

gravada, como também pelo repórter, caso este esteja à disposição para tal. Ainda

há a opção de se reunir em um único VT18 diversas notas cobertas, interligadas por

uma arte de passagem, recurso denominado lapada, normalmente utilizado para as

notícias factuais.

Mesmo se o material obtido pelo cinegrafista ou pelo repórter não for

adequado tecnicamente, ou carente de atrativos, pode-se fazer uso da nota simples,

17

“No boletim ou stand up, mostra-se o repórter, em pé (daí vem o sentido da expressão original em inglês) no local do fato, em transmissão ao vivo ou gravada, dirigindo-se à câmera para relatar um fato, concluir um raciocínio ou complementar uma informação[...]” (Rezende, 2000, p. 148). 18

VT é a abreviatura de videotape, “equipamento eletrônico que grava o sinal de áudio e vídeo gerado por uma câmera. Acoplados, um ou mais videotapes são usados para a edição de matérias nas ilhas de edição” (Barbeiro e Lima, 2002, p. 198). “VT é a sigla inglesa para fita de vídeo (videotape) [...] Em TV, [...] substituímos as fitas por discos. Mas o termo VT ainda é usado, internamente, para nos referirmos ao material jornalístico que será ilustrado por imagens e sons” (Bonner, 2009, p. 68).

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coloquialmente chamada de nota pelada, na qual o apresentador apenas narrará a

informação ou acontecimento, sem o apoio de imagens. É um recurso extremo, em

que a importância da notícia se sobreporá à deficiência técnica. Em último caso, a

notícia será retirada do telejornal, não merecendo divulgação.

A decisão de adotar a forma com que a notícia será apresentada, ou se será

retirada, é discutida entre o editor-chefe e os editores de texto ao longo do processo

de produção, levando em consideração os critérios adotados e o tempo disponível

no telejornal. Aliás, o tempo é um dos motivos que leva o editor-apresentador a não

participar diretamente da edição das reportagens do telejornal. Enquanto o editor-

chefe e o editor-executivo estão preocupados na conclusão do espelho19, a

preocupação do editor-apresentador é a de estar pronto para ir ao ar, sem

contratempos.

O editor-apresentador raras vezes editará uma matéria ocorrida pouco antes

do início do telejornal – por ter de se preparar, se maquiar, o editor-apresentador

sempre é encarregado de funções secundárias, como a edição de notas de saída

para o intervalo comercial, de abertura, de encerramento, da escalada – destaques

curtos dos assuntos que serão abordados no telejornal, apresentados normalmente

na abertura – assim como as chamadas inseridas nos intervalos comerciais dos

programas que antecedem o telejornal. Pode-se dizer que o Jornal Nacional é uma

exceção, pois seu editor-chefe é também apresentador do telejornal. A editora-

apresentadora, Fátima Bernardes exerce a função descrita anteriormente, ficando

encarregada das chamadas, da escalada e dos textos das passagens de bloco20.

Saindo do cotidiano do RJTV1, um telejornal de alcance regional, a rotina

produtiva do Jornal Nacional se diferencia pela amplitude das informações com as

quais os editores têm de lidar. De acordo com Bonner (2009, p.25), o objetivo do

Jornal Nacional é “mostrar aquilo que de mais importante aconteceu no Brasil e no

mundo naquele dia, com isenção, pluralidade, clareza e correção”. Para tanto, a

equipe do JN é dividida em editorias, como política, internacional, economia,

esporte, entre outras. Cada editor está incumbido de manter-se atualizado das

19

O espelho sintetiza a organização do telejornal em blocos, a ordem das matérias em cada bloco, bem como dos intervalos comerciais, das chamadas e do encerramento. De acordo com Rezende, o espelho “é distribuído a todos os profissionais participantes da operação do programa” (Rezende, 2000, p.146). 20

“São chamadas sob a forma de pequenas manchetes relativas às informações principais que serão veiculadas no bloco seguinte” (Rezende, 2000, p. 147-148).

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informações específicas de sua editoria, sejam as produzidas pelas equipes de

reportagem, como também vindas das agências de notícias.

Na estrutura de edição do Jornal Nacional, além dos editores, está inserido o

coordenador de rede que, de acordo com Barbeiro e Lima (2002, p.65), é o

“responsável pela organização do fluxo das matérias geradas pelas sucursais e

afiliadas”. É o coordenador de rede quem estabelece contato com as emissoras

afiliadas, informando-os da pauta prevista para o dia e recebendo sugestões de

pauta. O coordenador de rede também tem os papéis de zelar pela qualidade

técnica do material recebido das emissoras afiliadas, e de esclarecer para os

colegas das referidas emissoras o motivo pelo qual determinada reportagem

previamente programada para ir ao ar, não tenha sido utilizada no telejornal.

A rotina técnica não se diferencia em muito da relatada por Pereira Júnior

(2000) a respeito do RJTV1. O diferencial do Jornal Nacional é a complexidade de

se ordenar em um espaço de tempo de cerca de 30 minutos, o objetivo explicitado

por Bonner (2009), de mostrar o que ocorreu de mais importante ao longo do dia. A

responsabilidade dos editores torna-se muito superior no Jornal Nacional, pois se

não bastasse a atenção aos critérios de avaliação das reportagens, citados

anteriormente, há também a obrigação de se cumprir uma rígida agenda de

programação21, estabelecida pela Central Globo de Programação (CGP), que

enquadra tanto a Central Globo de Jornalismo a preencher o horário destinado ao

JN, como também as afiliadas da Rede Globo, a exemplo do RJTV1 na TV Globo

Rio, que tem o compromisso de preencherem os espaços, destinados às notícias

regionais, sem se sobrepor ao horário da programação da rede.

De acordo com Bonner (2009), há certa flexibilidade da agenda de

programação em situações extremas – como o acidente envolvendo o Airbus da

TAM, no Aeroporto de Congonhas, em 2007. Levando em consideração que o fato

ocorreu há pouco mais de uma hora do início do Jornal Nacional, além da mudança

do espelho do telejornal, previamente planejado para aquela data, houve um ajuste

da grade de programação para que o JN pudesse apresentar em cerca de uma hora

– o jornal, que, em dias normais, tem aproximadamente 30 minutos de produção –

os desdobramentos do acontecimento. Também pode ocorrer esta flexibilidade em

21

De acordo com Souza (2004, p. 54), “programação é o conjunto de programas transmitidos por uma rede de televisão”. Souza (2004, p.55) diz ainda que a programação é “estratégia utilizada para estipular um horário fixo para determinado gênero todos os dias, com o objetivo de criar no telespectador o hábito de assistir ao mesmo programa nesse horário”.

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50

situações planejadas previamente, como em coberturas especiais – exemplo é a

visita do Papa Bento XVI ao Brasil em abril de 2005, acompanhada de forma ampla

na edição do Jornal Nacional.

De volta ao ambiente da redação, e de modo semelhante ao que ocorre na

rotina do RJTV1, os editores do Jornal Nacional, constantemente, atualizam o pré-

espelho em um sistema informatizado, concentrador de todas as informações

necessárias, para que o telejornal seja construído. Neste sistema, os editores têm

acesso às pautas estabelecidas, aos meios de contato com fontes e equipes de

reportagem, assim como à atualização das últimas notícias.

Também neste sistema são inseridas as informações técnicas, como as

deixas inicial e final da reportagem, o texto que será lido pelo apresentador ao

chamar a reportagem, assim como os créditos e ilustrações que serão inseridos na

tela. A aprovação das reportagens pelo editor-chefe ou pelo editor-executivo, após

comunicação de que a matéria está liberada pelos editores, também é repassada

aos demais integrantes da equipe por meio deste sistema informatizado.

Pouco antes de o jornal entrar no ar, e acompanhado dos superiores,

responsáveis pelo departamento de telejornalismo, os editores do telejornal revisam

todas as matérias que irão ao ar. Caso haja alguma pendência a se resolver antes

do jornal ir ao ar, ela receberá uma solução por ordem do editor-chefe. Feito isto, o

editor-chefe, no caso do Jornal Nacional, assume a função de apresentador,

devendo preocupar-se com a maquiagem, a postura frente às câmeras, a

concentração no texto a ser lido.

Com estas preocupações a todo instante, o editor-executivo, no switcher22,

tem o controle do tempo transcorrido e, caso haja a sobra ou a falta de tempo, seja

por iniciativa própria, ou a partir de orientação do editor-chefe, comunicará o

coordenador do telejornal que irá repaginar o espelho. O editor-executivo poderá

programar para ir ao ar uma reportagem que estava em espera – stand by, a partir

do termo em inglês – assim como retirar uma matéria do espelho – ato chamado

22

“A sala de controle onde um programa de TV é „cortado‟ chama-se switcher. Em tradução literal do inglês, significa „comutador‟. (Bonner, 2009, p. 136). “É o lugar onde está o controle de uma unidade de produção, normalmente composta por um estúdio, câmeras, telecine, vídeos, geradores de caracteres, monitores de TV e sonoplastia. No switcher trabalha o Diretor de TV, que é quem comanda a mesa de cortes e o andamento, no caso do telejornal, de acordo com o script.” (Pereira Júnior, 2000, p. 115).

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51

informalmente de derrubar uma matéria – ou ainda encurtar o texto de uma

cabeça23.

O coordenador comunicará estas mudanças para a equipe operacional, que

informará se as alterações podem ser promovidas, sempre mantendo comunicação

com o editor-chefe/apresentador, em ocasiões como durante a exibição de uma

reportagem ou de um intervalo comercial.

Bonner (2009), com o apoio de computadores com acesso à internet e ao

sistema informatizado na bancada, pode estabelecer comunicação permanente com

o editor-executivo no switcher, assim como com os editores de texto que estão na

redação, de forma a sugerir mudanças durante a exibição do telejornal. Porém, esta

é uma função que, prioritariamente, deve ser exercida pelo editor-executivo, quando

o telejornal está no ar.

No Jornal Nacional, assim como em todos os telejornais da Rede Globo, tem-

se a presença do coordenador de telejornal, profissional que é encarregado de

passar as informações do pré-espelho para o espelho final; fazer com que o roteiro

do telejornal, impresso, chegue a todos os profissionais da equipe de operações;

operar o espelho durante sua exibição, e; de comunicar a equipe operacional de

qualquer alteração que seja feita no espelho pela equipe executiva.

Quando existem intervenções ao vivo, previstas para ocorrerem durante a

exibição do telejornal, um ou mais editores de texto se somam à equipe no switcher,

orientando as equipes de externa sobre o tempo que terão para a entrada no

telejornal, assim como informando a contagem regressiva durante a participação.

Em equipes de estrutura reduzida, o próprio editor-executivo ou outro editor

faz o papel do coordenador durante o telejornal – exemplo é o telejornal RBS

Notícias, gerado pela RBS TV Porto Alegre, afiliada da Rede Globo no Rio Grande

do Sul. O editor-chefe e apresentador, Elói Zorzetto, é assessorado durante a

exibição do telejornal pela editora-executiva Simone Donini, enquanto que um dos

editores do telejornal, aleatoriamente, é encarregado de controlar o espelho do

telejornal para a equipe operacional.

Mas a informação não tem hora para ocorrer e, dependendo da urgência do

acontecimento, a informação precisa ser repassada ao telespectador no momento

23

Cabeça é a “notícia propriamente dita, lida pelo apresentador em quadro no estúdio de televisão”. (Rezende, 2000, p. 153). “Tecnicamente, em telejornalismo chamamos de “cabeça” o texto que um apresentador lê antes que imagens e sons editados entrem no ar”. (Bonner, 2009, p. 88).

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52

em que ela ocorre, mesmo que o fechamento do telejornal esteja próximo – por

exemplo, o resgate bem-sucedido do primeiro de 33 operários soterrados em uma

mina de cobre no Chile, ou o acidente com voo JJ3054 da TAM no Aeroporto de

Congonhas, em São Paulo, que vitimou quase duas centenas de pessoas.

Bonner (2009, p.25) diz que, em casos assim, “entramos no ar com um

plantão24 – que interrompe o que quer que esteja em exibição. O caráter urgente da

notícia justifica isso plenamente.” As informações vão sendo apuradas, um quadro

mais preciso da extrema gravidade da situação é traçado, e, de acordo com Bonner

(2009, p.25), “todos os assuntos que tinham tempo garantido no JN passam a ser

reavaliados”.

Outro detalhe é o de que os plantões são gerenciados pelas equipes dos

telejornais que estão em processo de trabalho. Caso o fato ocorra próximo das onze

da noite, por exemplo, será de responsabilidade da equipe do Jornal da Globo,

localizada em São Paulo, informar o telespectador em forma de plantão – como

ocorreu no caso do início do resgate dos mineiros no Chile. Se o fato ocorre próximo

das sete da noite, a responsabilidade de noticiar passa a ser da equipe do Jornal

Nacional, sediada no Rio de Janeiro – como ocorreu no acidente do Airbus em São

Paulo.

3.1 Rotinas Produtivas em Canais Dedicados ao Telejornalismo

Até aqui, tratou-se da edição e do fechamento de um telejornal tradicional,

que está inserido dentro de uma grade de programação que não é de uma emissora

dedicada ao telejornalismo. Mas em um canal de telejornalismo 24 horas ao dia,

normalmente ofertado por operadoras de televisão por assinatura, o processo de

edição de um telejornal é constante, permanente. A cada hora, ou a cada 30

minutos, há um novo telejornal no ar, atualizando o telespectador das últimas

informações no Brasil e no Mundo. A dinâmica da redação é mais intensa e o

fechamento do telejornal não é definitivo.

Paternostro (2006, p.101) aborda o processo de desenvolvimento do que é

considerada a “espinha dorsal” da programação da emissora, o telejornal Em Cima

da Hora, cuja prioridade é “a notícia mais quente do dia”. Paternostro (2006) diz que

24

Plantão é o nome dado ao boletim extraordinário exibido em caráter de urgência na programação da Rede Globo de Televisão. (Paternostro, 2006, p.89)

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53

o Em Cima da Hora é um único telejornal, inserido na programação ao longo do dia,

com atualização constante das informações a cada edição, que vai ao ar sempre na

hora cheia.

Luiz Cláudio Latgé (ESTUDO DE CASO: JORNALISMO EM TELEVISÃO –

USP Globo Universidade. Disponível em: <http://globouniversidade.

globo.com/GloboUniversidade/0,,AA1686734-9048-1677536,00.html>. Acesso em:

14 out. 2010.), diretor do canal Globo News, em palestra a estudantes da USP em

2008, declarou que o canal de notícias deve ter por prioridade a cobertura do fato e,

posteriormente, seu aprofundamento, na medida em que os acontecimentos se

desenvolvem. A apuração dos fatos nas 24 horas do dia é uma necessidade do

canal de notícias e acaba tornando-se um diferencial em relação ao jornalismo feito

pelos canais tradicionais de televisão.

De acordo com Latgé (Ibid), o noticiário é alimentado ao vivo e cobre o que é

relevante naquele momento, mesmo as notícias não tendo sido apuradas em sua

totalidade. Visando prevenir erros, o diretor orienta que o correto é o apresentador,

ao acompanhar as imagens dos fatos ao vivo, mas sem ter condições de uma maior

apuração, somente relatar o que está assistindo.

Em um dia útil sem acontecimentos extraordinários que possam modificar a

grade de programação do canal, as edições do Em Cima da Hora vão ao ar a cada

hora, com a duração variando entre 5 minutos (edições das 00h, 01h, 02h, 03h, 04h,

05h, e 09h), 25 a 30 minutos (06h, 07h, 08h, 12h, 15h, 16h, 17h, 19h e 20h), 55

minutos (Edição das Seis, que vai ao ar às 18h) e até mesmo de 1 hora e 30

minutos (Edição das Dez, que vai ao ar às dez da manhã). Nos horários em que não

há edições do Em Cima da Hora, outros telejornais mantém a atualização das

informações.

Paternostro (2006, p.85-86) revela o método utilizado na distribuição das

notícias no telejornal Em Cima da Hora:

“[...] 25 minutos de produção sem intervalo comercial, com duas partes distintas. A abertura do jornal era o MIT (Manchetes, Indicadores e Tempo) e a sequência era o Plano Geral. Ao assistir ao MIT do Em Cima da Hora – uma escalada mais consistente do que a de outros telejornais –, o telespectador ficaria informado sobre as principais notícias do dia, além dos indicadores econômicos e da temperatura no Brasil e no mundo. Para conhecer mais detalhes dos assuntos, o telespectador seguiria assistindo ao Plano Geral, com as reportagens mais completas”.

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54

Em situações de extrema relevância, Paternostro (2006) diz que a prioridade

nestes casos é a de manter o assinante informado sobre os desdobramentos do

assunto, deixando-se de lado a programação normal e permanecendo o tempo todo

no ar, com imagens recentes, informações lidas pelos apresentadores, participação

de repórteres e comentaristas por telefone, edição e reedição de reportagens, que

são apresentadas diversas vezes. O acidente que vitimou a Princesa Diana, em

1996, foi a primeira cobertura deste gênero do Globo News, e o mesmo modelo foi

aplicado em situações como os atentados de 11 de setembro de 2001 e o acidente

com o voo JJ3054, em 2007.

De forma bem semelhante atua o telejornal Hora News, que é produzido pelo

canal de notícias 24 horas da Rede Record, o Record News. Porém, a atualização

das informações não são tão constantes como ocorre no Globo News. As edições do

Hora News podem ter a duração de 15 minutos (01h45 e 19h), 30 minutos (04h, 11h,

13h e 19h30) e 1 hora (06h e 16h30). De forma bem semelhante ao que ocorre no

Globo News, outros telejornais mantém o telespectador informado ao longo do dia, e

em casos extremos, a programação normal é interrompida, priorizando a cobertura

integral do acontecimento. Esta cobertura, no Record News, é denominada Alerta

News.

No caso do canal de televisão por assinatura Band News, a atualização de

informações é mais intensa. Candil (CANDIL, Humberto. Entrevista a Humberto

Candil [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]>. 8 set.

2010.) ressalta que a ideia inicial do Band News quando de seu surgimento era a de

ser um telejornal verdadeiramente headline news25, um jornal que não se encerra.

No Band News não é possível programar o fechamento clássico do telejornal, que é

substituída pela atualização constante do espelho com novas informações.

Paternostro (2006), referindo-se ao processo de atualização das notícias no

Em Cima da Hora, relata que uma informação importante que tenha surgido no início

da manhã vai ao ar no Em Cima da Hora pela primeira vez na edição das sete da

manhã, como uma nota simples, lida ao vivo pelos apresentadores. Na edição

seguinte, às oito da manhã, esta nota é atualizada com novas informações. Já na

edição das nove da manhã, as primeiras imagens fazem com que a informação seja

25 Da expressão em inglês, manchetes. O primeiro canal considerado de headline news foi a CNN2, inaugurada em 1982, que passou a se chamar CNN Headline News em janeiro de 1983. Seu conceito era o de informar em 30 minutos qualquer telespectador que sintonizasse o canal.

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apresentada na forma de uma nota coberta. Às dez, as imagens recebem o

acréscimo do relato do repórter em off. Na edição das onze, novas imagens e/ou

informações são acrescentadas, seguindo assim até o momento em que outras

informações se sobreponham e passem a ser noticiadas.

No caso do Band News TV, a atualização das informações ocorre a cada 30

minutos. Para que os canais dedicados ao telejornalismo mantenham a constante

atualização de informações, se faz necessária a distribuição da equipe ao longo do

dia. Candil (CANDIL, Humberto. Entrevista a Humberto Candil [mensagem

pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]>. 8 set. 2010.) diz que a

equipe do Band News TV está distribuída por turnos – madrugada, manhã, tarde e

noite. A distribuição em turnos visa à disponibilidade dos profissionais em todos os

dias da semana, exigindo assim a permanente atualização das informações,

incluídos finais de semana e feriados.

Paternostro (2006) também relata a distribuição da equipe do Em Cima da

Hora em turnos - manhã, tarde e noite. O turno da madrugada é formado por

somente três profissionais em uma jornada de sete horas, sendo um apresentador,

um editor de texto e um editor de imagens, considerando que as edições exibidas

durante a madrugada são de somente cinco minutos a cada hora, e a primeira

edição com duração de tempo maior é a que vai ao ar às seis da manhã.

A equipe da madrugada do Globo News, de acordo com Paternostro (2006),

em situações previamente determinadas, também presta informações aos

telespectadores da Rede Globo, por meio de plantão – um exemplo é a morte do

líder palestino Yasser Arafat, ocorrida na madrugada de 11 de novembro de 2004. A

apresentadora do canal, naquele momento, interrompeu brevemente a cobertura

permanente do Globo News para informar em um plantão para a Rede Globo o

falecimento de Arafat.

Em um canal de notícias operando 24 horas, todo e qualquer tipo de

informação, seja ela nacional ou internacional, terá espaço para ser transformada

em notícia. Nos primeiros horários da manhã, em decorrência do fuso horário, as

notícias internacionais, vindas dos continentes asiático, europeu e africano têm

maior espaço. O noticiário econômico também é influenciado por este quesito, visto

que grande parte das bolsas de valores está situada nestes continentes.

Candil (Ibid) diz que o acompanhamento das notícias internacionais no Band

News é feita pelos editores internacionais, com o auxílio dos correspondentes, das

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agências de notícias CNN News Source e Reuters, e de parcerias com outras

emissoras, caso da japonesa NHK, da Al Jazeera, e das integrantes da Aliança Sul-

Americana de Notícias.

Enquanto isso, as notícias que são destaque no Brasil passam a ter

acompanhamento pelos editores nacionais, no caso do Globo News, por meio da

revisão do que foi ao ar nos telejornais da noite anterior, e do que está sendo

produzido pelas emissoras afiliadas da Rede Globo. O Globo News está estruturado

em três sedes, sendo a principal delas no Rio de Janeiro, e também nas cidades de

São Paulo e Brasília.

Já a sede do Band News TV está integrada à central multimídia, situada na

sede do Grupo Bandeirantes, no bairro Morumbi, em São Paulo, onde também estão

localizadas a redação do Departamento de Jornalismo da Rede Bandeirantes, e as

emissoras de televisão por assinatura Band Sports, dedicado a transmissões de

eventos e informativos relacionados ao esporte, e Terra Viva, canal dedicado às

informações do agronegócio.

Bonner (2009), conforme relatado anteriormente, cita a presença de um

produtor do Globo News durante a reunião de produção do Jornal Nacional. O

motivo é o de que os fatos possivelmente abordados pelo JN serão apresentados e

repercutidos no Jornal das Dez, principal telejornal do Globo News, assim como nas

edições do telejornal Em Cima da Hora ao longo do dia.

O produtor do Globo News também tem nesta reunião a oportunidade de, em

contato com as emissoras afiliadas, receber outras pautas que não tenham sido

aproveitadas pelos telejornais da Rede Globo, mas que podem interessar aos

demais programas do Globo News. Acredita-se que o sistema não deva ser muito

diferenciado no Record News, em relação à Rede Record.

De acordo com Candil (CANDIL, Humberto. Entrevista a Humberto Candil

[mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]>. 8 set. 2010.),

a reunião de pauta do Band News ocorre em conjunto com o Departamento de

Jornalismo do Grupo Bandeirantes, pois todo o conteúdo jornalístico veiculado no

Band News é produzido a partir das emissoras integrantes do Grupo Bandeirantes

de Comunicação.

Pela manhã, a partir das seis horas, ocorre a transmissão simultânea no Band

News e no Terra Viva, de um telejornal com noticiário relacionado à agricultura, e

atualizado com as últimas informações do Brasil e do Mundo, em especial dos

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commodities negociados nas bolsas de valores. O canal Band Sports também se

utiliza das informações do Band News ao longo de sua programação.

Os canais dedicados ao telejornalismo contam com editores-executivos, tanto

no Band News como no Globo News, responsáveis pela exibição do telejornal no

switcher. Há a presença de editores-chefes no Globo News. São eles que decidem o

que vai ou não fazer parte do espelho do telejornal, o que será ou não notícia, e

determinam se há ou não a necessidade da interrupção da programação normal

quando de um acontecimento extraordinário. Também há a presença, no Globo

News, do coordenador de telejornal, profissional que faz a intermediação entre os

editores responsáveis e a equipe operacional, durante a exibição do telejornal.

Concluída a descrição das rotinas produtivas dos telejornais tradicionais,

assim como das peculiaridades que os canais dedicados apresentam, passamos a

apresentar os produtos que serão analisados neste Trabalho, no capítulo a seguir.

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4 CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO

4.1 CBS Telenotícias Brasil

O projeto Telenotícias tem início em 1° de dezembro de 1994, e tinha como

acionistas iniciais a agência de notícias inglesa Reuters (através de sua subsidiária

para a América Latina), o grupo de comunicação argentino Artear (proprietário do

Canal 13 de Buenos Aires), o grupo de comunicação espanhol Antena 3, e o grupo

de comunicação norte-americano Telemundo, através de sua subsidiária para

relações internacionais Telemundo International.

Desde o início de suas operações, a Telenotícias esteve sediada em Hialeah,

Flórida, Estados Unidos, e transmitiu sua programação em língua espanhola para

países da América Latina, Espanha e Estados Unidos, por meio de sistemas de

televisão por assinatura.

Posteriormente, a Telemundo adquiriu o capital dos demais acionistas, e, em

27 de junho de 1996, vendeu as ações da Telenotícias para o grupo de

comunicação norte-americano Westinghouse/CBS, dentro da política à época de

ampliar a participação do grupo nos negócios de televisão por satélite e por cabo. O

canal passa a se chamar CBS Telenotícias, mantendo as transmissões em língua

espanhola, contando com apoio técnico e estrutura física da Telemundo, e com o

know-how jornalístico da CBS News norte-americana.

Em agosto de 1996, a CBS Telenotícias passa a transmitir seu sinal pela

operadora de televisão por assinatura DirecTV para o Brasil. Já consolidada como

líder no segmento de canal de notícias em língua espanhola, o grupo

Westinghouse/CBS decide criar projeto semelhante para o Brasil.

Interessados no mercado de televisão por assinatura brasileiro, que naquele

momento possuía mais de 1,5 milhão de assinantes, e que, estimava-se, alcançaria

os 6,5 milhões de assinantes no ano 2000, a CBS Telenotícias Brasil inicia suas

operações em 12 de outubro de 1997, contando com 14 horas de programação ao

vivo em português, além de programas consagrados da CBS News norte-americana,

como o 60 Minutes.

Francisco De La Torre, presidente da CBS Telenotícias, quando do

lançamento do serviço brasileiro, disse que a

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CBS Telenotícias ofereceria ao telespectador brasileiro um 'novo olhar sobre o mundo‟ através de uma combinação sem precedentes de excepcional cobertura de notícias nacionais e internacionais pelos brasileiros, para brasileiros, bem como uma vitrine para os melhores programas da CBS News. (HIGHBEAM RESEARCH Banco de Dados. Disponível em: <http://www.highbeam.com/doc/1G1-19765061.html>. Acesso em: 02 dez. 2009, tradução nossa).

De La Torre ressaltou que a qualidade do projeto CBS Telenotícias, unido à

experiência da CBS News, criaria uma rede especializada que atrairia o interesse de

produtores e anunciantes dos países do Mercosul, e por consequência mais

telespectadores.

O primeiro editor-chefe da CBS Telenotícias Brasil foi o jornalista Marcos

Wilson, diretor-geral de jornalismo do SBT entre 1988 e 1995. A primeira equipe de

apresentadores da CBS Telenotícias Brasil contava com nomes conhecidos do

jornalismo brasileiro, como Eliakim Araújo, Leila Cordeiro, Cláudio Lessa, Paulo

Echebarria e Arnaldo Duran, entre outros.

A CBS Telenotícias Brasil, mesmo antes de iniciar as transmissões, procurava

se apresentar como um player de peso para um mercado recém-surgido. Um ano

antes, em outubro de 1996, as Organizações Globo lançam a GloboNews, primeiro

canal de telejornalismo 24 horas do Brasil, transmitido pelas operadoras NET (via

cabo) e SKY (via satélite). Com a Globosat restringindo a entrada da CBS

Telenotícias Brasil nas operadoras de TV por assinatura NET e SKY, a distribuição

não seria das melhores, com seu conteúdo sendo transmitido pelas operadoras

DirecTV (sistema de satélite em nível nacional, porém, com menor quantidade de

assinantes que a SKY) e TVA (sistema a cabo restrito a São Paulo).

Uma alternativa que surgiu foi transmitir parte da programação da CBS

Telenotícias Brasil pela rede de televisão aberta SBT (Sistema Brasileiro de

Televisão). Em 27 de setembro de 1997, pouco antes da CBS Telenotícias Brasil

iniciar suas operações, assinou-se um contrato de reciprocidade de produção de

conteúdo, permitindo que a CBS utilizasse a estrutura de telejornalismo do SBT e de

suas 88 afiliadas em seu benefício; cedência de pessoal e equipamentos para duas

sedes, em São Paulo e Brasília; e espaço na grade de programação do SBT. Em

troca, o SBT tinha à sua disposição toda a estrutura da CBS para cobertura de

transmissões internacionais, além de poder utilizar o newsroom da CBS em Miami

para geração de programas. Surgia assim o SINAL – Sistema de Notícias da

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América Latina, parceria entre CBS Telenotícias Brasil e SBT, e desde o início das

operações em português, o Jornal do SBT passou a ser apresentado ao vivo do

newsroom da CBS Telenotícias Brasil, em Miami, por Eliakim Araújo e Leila

Cordeiro, a exemplo do que já ocorria com a Telemundo, que possuía em sua grade

de programação dois telejornais produzidos pela CBS Telenotícias.

À época, o presidente da CBS Telenotícias, Francisco De La Torre, declarou:

Este é um acordo histórico, cuja intenção é criar uma aliança estratégica de longo prazo entre as duas empresas. Ao combinar a coleta de notícias e recursos de produção, desta forma, CBS Telenotícias e SBT estão prontas para se destacar em um dos mercados mais importantes da América Latina, entre os espectadores de luxo de notícias de televisão brasileira. (HIGHBEAM RESEARCH Banco de Dados. Disponível em: < http://www.highbeam.com/doc/1G1-19784664.html>. Acesso em: 02 dez. 2009, tradução nossa).

Quando se iniciaram as operações no Brasil, a CBS Telenotícias já abrangia

22 países, incluídos Estados Unidos e Canadá, atingindo 10 milhões de assinantes,

seja pelas transmissões diretas, seja pelas afiliadas Telemundo nos Estados Unidos

e Telelatino no Canadá.

Em setembro de 1998, a CBS e o grupo mexicano Medcom, experiente em

revistas semanais, formam uma joint-venture para gerenciar os canais CBS

Telenotícias, tanto em espanhol como em português. A ideia era fortalecer as

presenças tanto da CBS como da Medcom em toda a América Latina, sem abrir mão

da fórmula adotada pela CBS Telenotícias, e preparando-se para um possível

crescimento no mercado de televisão por assinatura. Com a joint-venture, o Grupo

Medcom passou a ser responsável por 70% da CBS Telenotícias, enquanto que os

norte-americanos ficaram com 30%.

Os anunciantes brasileiros faziam-se presentes na programação da CBS

Telenotícias Brasil, mas o braço espanhol da operação dava sinais de que não

resistiria muito tempo. O que parecia ser um discurso positivo, na verdade, era o

indicativo de que o negócio não vingara, e gerara prejuízo aos norte-americanos. Ao

assumir majoritariamente a CBS Telenotícias, o Grupo Medcom promoveu grandes

cortes de custos, repercutindo na qualidade do produto levado ao ar, com reprises

frequentes e pouca atualização de conteúdo – perceptíveis para quem assistia as

edições que eram transmitidas pelo SBT nas madrugadas.

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61

No início de agosto de 1999, a CBS Telenotícias declarou insolvência,

amparada no capítulo XI da lei de falências norte-americana. Antes disso, em julho

de 1999, o jornal brasileiro Gazeta Mercantil já noticiava que o braço português da

CBS Telenotícias seria vendido para a TV Tempo. E, em 12 de agosto de 1999, um

desconhecido empresário brasileiro chamado Matteo Levy adquiriu da Medcom a

operação em português da CBS Telenotícias. O canal foi extinto sem maiores

explicações, e, quando de seu encerramento, estimava-se que seus passivos

beiravam os 20 milhões de dólares, com perdas mensais estimadas de um milhão

de dólares.

4.2 Band News

A história do canal tem início quando o tradicional Grupo Bandeirantes de

Comunicação inaugura no dia 19 de março de 2001 o Band News, segundo canal

brasileiro de notícias, e o primeiro a transmiti-las 24 horas por dia. O canal foi

desenvolvido para ser uma fonte de consulta para os telespectadores que queriam

se informar sobre os fatos mais importantes do dia. O Band News nasceu apoiado

na tradição de credibilidade jornalística da Band, e recebeu investimento inicial de

US$ 6 milhões, incluindo infraestrutura - equipamentos e sistema operacional -

equipe de técnicos e jornalistas, e passou a ser distribuído pelas operadoras de

televisão por assinatura DirecTV, NEO TV – incluída na época à TVA – e por

sistemas independentes.

Já na sua estreia, o sinal foi recebido por aproximadamente um milhão de

assinantes em todo o país. Todo o material exibido no Band News era produzido

pela Central de Jornalismo do Grupo, sob o comando do jornalista Fernando Mitre,

que produzia e fornecia material jornalístico para toda a Rede Bandeirantes de

Rádio e TV. Contava ainda com material noticioso de agências internacionais e

boletins econômicos feitos em parceria com o jornal Gazeta Mercantil.

A programação do Band News é formada por módulos sequenciais de 15

minutos, que incluem notícias do dia, indicadores, serviços, além de pequenos

blocos sobre esporte, moda, cinema e meteorologia. A tela do Band News também

exibe indicadores econômicos, cotação do dólar e da Bovespa, data e hora. Um

noticiário permanente, constantemente atualizado, que possibilita ao telespectador

informar-se com rapidez, na hora em que deseja sobre os últimos e mais

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importantes acontecimentos no Brasil e no mundo.

O canal foi a primeira etapa da Central de Jornalismo, novo conceito de

produção e distribuição digital do conteúdo jornalístico que o Grupo Bandeirantes

desenvolveu e que nos dias atuais integra e automatiza o jornalismo de todos os

veículos do Grupo.

O processo de concepção do canal é totalmente digitalizado e automatizado

em todas as fases da produção. São dez terminais de edição de texto, três câmeras

digitais, um switcher de produção com gerador de efeitos especiais e dois geradores

de caracteres. Conectadas a um servidor central existem quatro estações para

controle e cadastramento do material que será armazenado, três ilhas de edição e

quatro estações de saída para a exibição das matérias durante a transmissão dos

jornais.

Um dia antes do lançamento do Band News, o Jornal do Brasil promoveu

reportagem questionando a existência de volume de notícias que sustentem 24

horas de programação, assim como a capacidade do público de absorvê-las.

Não há notícia para 24 horas de programação e, mesmo que houvesse, nem o dono do canal aguentaria assistir a tamanho volume de jornalismo. Globo News e Band News fazem sentido na medida em que disponibilizam as informações relevantes 24 horas por dia,

avaliou o coordenador do curso de jornalismo da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo (PUC-SP) e diretor do Canal Universitário de São Paulo,

Gabriel Prioli (DABREU, Patrícia. Na Rede de Notícias. Jornal do Brasil, Rio de

Janeiro, ano 110, domingo, 18 mar. 2001. Disponível em: <http://www.

observatoriodaimprensa.com.br/circo/cir210320014.htm>. Acesso em: 17 jun. 2010.)

Para o coordenador do Programa de Pós-graduação da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Eco-UFRJ), Muniz Sodré, as pessoas necessitam de uma dose pequena de notícias por dia. „Precisamos de notícias transitivas e operativas, que nos informem sobre o que estrutura a nossa vida cotidiana. Só que nós recebemos notícias inessenciais. Na verdade, a notícia 24 horas por dia significa o controle do tempo dos sujeitos através do discurso jornalístico. Essa fórmula é americana e começou a ser usada pelo Ted Turner através da CNN, que se acha o máximo‟, analisou Muniz. (DABREU, Patrícia. Na Rede de Notícias. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 110, domingo, 18 mar. 2001. Disponível

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63

em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/circo/cir210320014. htm>. Acesso em: 17 jun. 2010.).

O editor do Observatório da imprensa on line e nas TVs Educativa e Cultura, Alberto Dines, concorda com Prioli e Muniz. „Os dois estão certos. Eu preciso de um número pequeno de informações por dia e acho que o acesso a elas é importante. Mas, o conteúdo da notícia que eu preciso não é idêntico ao do Muniz. E não é porque a notícia está disponível, como diz o Prioli, que algo irrelevante se torna importante‟, opinou Dines. Em uma alusão ao teórico francês Pierre Bourdier, Dines afirmou que a qualidade da informação deve estar à frente da quantidade de notícias veiculadas. „A reiteração transforma o nada em algo importante. Não contesto o fato de haver notícia para 24 horas, mas é preciso evitar que factóides se tornem fatos. Além disso, dramatizações excessivas fazem com que o irrelevante se converta em algo essencial‟, sustenta o jornalista. (Ibid).

Aguinaldo Silva, aficionado por telejornalismo e autor da novela Porto dos

Milagres – exibida às 20h na TV Globo à época da entrevista – aponta para o drama

e a repetição em sua avaliação:

Há algum tempo, podemos perceber a tendência da mídia em dramatizar informações que não são dramáticas. Por outro lado, não acredito que exista noticiário para 24 horas de programação. O que vejo são notícias requentadas e repetidas. Às vezes, ligo a TV de manhã, e a Globo News está passando um programa que já assisti na noite anterior. (Ibid)

Para Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Band e do Band News, o ponto

alto do canal será a disponibilização da informação: “É óbvio que o público não tem

24 horas para assistir à televisão. Mas ele poderá, através do Band News, ter

acesso à notícia a qualquer hora do dia” (Ibid).

Já para o diretor de Jornalismo da Rede Record, Luiz Gonzaga Mineiro, essa

facilidade de acesso propagada pelos canais fechados não é uma vantagem

exclusiva da TV por assinatura. Mineiro diz, referindo-se ao programa feminino das

tardes da emissora à época, “Não preciso interromper a programação para noticiar,

por exemplo, que saiu o alvará de soltura do ex-senador Luiz Estevão. A Claudete

Troiano interrompe uma receita e dá essa notícia durante o Note e Anote.” (Ibid),

reforçando o conceito de que não é preciso ter um noticiário contínuo para se fazer

24 horas de jornalismo.

Isso significa que notícia dá audiência. Principalmente na TV aberta, o que

leva a uma diferenciação do horário nobre destas emissoras e dos canais fechados.

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64

Na TV aberta, o pico de audiência está na faixa entre as 20 e às 22 horas, enquanto

nos canais fechados, a concentração de assinantes é entre 21h e 23h, conforme

pesquisas. (DABREU, Patrícia. Na Rede de Notícias. Jornal do Brasil, Rio de

Janeiro, ano 110, domingo, 18 mar. 2001. Disponível em: <http://www.

observatoriodaimprensa.com.br/circo/cir210320014.htm>. Acesso em: 17 jun. 2010.).

Para Daiana Godinho, diretora de mídia da agência de publicidade DPZ (Ibid),

pode-se concluir com essas pesquisas, que o telespectador que consome notícias

confere os fatos nas emissoras abertas antes de passa aos canais pagos:

O público ainda tem o hábito de assistir ao jornal das 20h00min e à novela, antes de migrar para os canais fechados. É por isso que, diariamente, 20% desses assinantes com mais de 18 anos assiste ao Jornal das Dez da Globo News. (Ibid).

Ainda assim, Godinho diz que anunciar em canais dedicados exclusivamente

ao jornalismo é um ótimo negócio porque complementa a afirmação da marca feita

no espaço publicitário das emissoras abertas. Mesmo não havendo, à época da

entrevista, a medição dos pontos de audiência na TV fechada – o que começou a

ser feita a partir de abril de 2001, pelo IBOPE,

a TV por assinatura é programada nas estratégias de mídia para atingir melhor as faixas A e B, através da cobertura única que sua segmentação promove. Anunciar em um canal de notícias é vantajoso, não só no horário de pico, porque ele tem um público seleto todo o tempo. Aí, o que muda é apenas o valor de veiculação,

o custo-benefício é o mesmo (Ibid).

4.3 Record News

A data de estreia – 27 de setembro de 2007, às oito da noite – foi escolhida

de forma a marcar os 54 anos de fundação da Rede Record. O investimento foi de

US$ 7 milhões para equipar o canal, que tem 150 jornalistas exclusivos e 100

profissionais de outras áreas, além de uma redação de 1.000 m², dividida em um

newsroom para apresentações ao vivo, projetando como cenário um fundo com 60

posições de trabalho para os jornalistas, e mais um estúdio para a realização de

programas gravados. Toda a edição e grafismo são realizados em tempo real,

permitindo maior agilidade na difusão das notícias. (RECORD NEWS Record.

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65

Disponível em: <http://comercial.rederecord.com.br/RecordNews/tabid/104/Default.

aspx>. Acesso em: 17 jun. 2010.).

O Record News ocupou o espaço da Rede Mulher, emissora pertencente à

Rede Record, que foi extinta. Dessa forma, o Record News foi inaugurada com uma

rede de 101 emissoras abertas afiliadas, e telespectadores da Rede Mulher que

sintonizavam através de antenas parabólicas analógicas passaram a acompanhar a

programação do Record News. (COLETIVA.NET. Disponível em: <http://www.

coletiva.net/site/noticia_detalhe.php?idNoticia=21841>. Acesso em: 17 jun. 2010.).

O canal tem atualmente entre 19 e 21 horas de programação ao vivo – das

seis da manhã até a uma da manhã, eventualmente até às três da manhã – e o

restante da grade ocupado por reprises, inclusive de jornais da Rede Record.

Grande parte da programação é gerada do newsroom de São Paulo, na sede da

Rede Record. Os telejornais regionais – diferencial da Record News em relação a

suas concorrentes – são produzidos em Salvador, no Rio de Janeiro, em Porto

Alegre e em Araraquara. Programas diários são gerados a partir de Brasília e Miami,

além de um programa semanal feminino a partir de Londres. (FOLHA DE SÃO

PAULO. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1008200704.

htm&COD_PRODUTO=7>. Acesso em 17 jun. 2010.).

Segundo informação do blog do jornalista Josias de Souza, no dia 27 de

setembro de 2007 (JOSIAS DE SOUZA. Globo Começa a questionar a legalidade da

Record News. [post] 29 set. 2007. Disponível em: <http://josiasdesouza.

folha.blog.uol.com.br/arch2007-09-01_2007-09-30.html#2007_09-29_19_12_46-100

45644-0>. Acesso em: 17 jun. 2010.) o vice-presidente de relações institucionais das

Organizações Globo, Evandro Guimarães, esteve em Brasília. Ele apresentou

queixa às autoridades do governo de que, ao levar ao ar o seu canal de notícias 24

horas em rede aberta, a Record passaria a operar dois canais de televisão numa

mesma cidade, São Paulo, o que seria proibido pela legislação brasileira.

Guimarães se encontrou com o ministro das Comunicações Hélio Costa, a

quem cabe zelar pelo sistema de concessões televisivas. Informou-se ao ministro

que, além da Globo, a Band compartilhava da reclamação contra a Record. No

entanto, o próprio ministro respondeu que estaria isento desse assunto, pois não

haveria irregularidade no caso.

A imprensa tratou o caso como uma reação da Rede Globo frente ao risco de

que um canal dedicado ao telejornalismo poderia incomodar em alguns horários,

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66

provavelmente de baixa audiência. Aproveitando-se disto, a Rede Record veiculou

nos dias 1º e 2 de outubro editorial de protesto contra Globo e Band, com a Globo

sendo duramente criticada. (BOL NOTÍCIAS. Disponível em: <http://noticias.

bol.uol.com.br/entretenimento/2007/10/01/ult4738u3270.jhtm>. Acesso em 17 jun.

2010.).

De acordo com Diogo Moysés, em artigo do site Observatório do Direito à

Comunicação (OBSERVATÓRIO DO DIREITO À COMUNICAÇÃO. Disponível em:

<http://www.direitoacomunicacao.org.br/content.php?option=com_content&task=view

&id=1527>. Acesso em 14 out. 2010.), o canal

Record News ocupa em São Paulo o canal destinado à retransmissora da Rede Mulher. A geradora da emissora está situada em Araraquara, interior de São Paulo. Tal geradora – que em tese é quem produz o conteúdo veiculado nas retransmissoras – está com a outorga vencida desde agosto de 2005. Na capital paulista, a retransmissora da Rede Mulher ocupa o canal 42 UHF e, por se tratar de uma modalidade diferenciada de concessão (chamada de “autorização”) tem sua outorga atrelada à sua geradora. Ou seja, se a geradora tem sua outorga vencida, o mesmo acontece com a retransmissora.

Moysés (Ibid) complementa que

em tese, o conteúdo deveria ser produzido em Araraquara, sede da geradora, e retransmitido para a capital do estado. Com a inversão, utiliza-se uma outorga de retransmissora como geradora e, inversamente, a outorga de geradora acaba se tornando, na prática, uma mera retransmissora, já que em Araraquara será veiculado conteúdo produzido em São Paulo.

Após a apresentação dos canais estudados neste Trabalho, sua

contextualização histórica, assim como as características de cada produto, o

próximo capítulo é dedicado à descrição da metodologia e da análise dos telejornais

selecionados.

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5 ANÁLISE

Para este Trabalho de Conclusão de Curso, foram assistidas, decupadas e

analisadas sete edições de telejornais, produzidos em canais dedicados ao

telejornalismo, sendo uma exibida há dez anos pelo canal CBS Telenotícias Brasil, e

as seis restantes, exibidas nos dias atuais, pelos canais Band News e Record News.

Nesta análise, são considerados os seguintes critérios: 1) as formas de

apresentação da notícia que são empregadas nos canais dedicados ao

telejornalismo; 2) a recorrência de informações, e de que modo estas são

apresentadas, em duas edições de um mesmo telejornal, exibidas em horários

diferentes; 3) a diversidade e a predominância de origem das informações que são

apresentadas nos telejornais; 4) o tempo de produção de cada um dos telejornais

analisados, levando em consideração que todos são concebidos para ocuparem 30

minutos de uma grade de programação; 5) as diferenças entre um telejornal de um

canal de notícias, exibido dez anos atrás, para os telejornais apresentados nos dias

atuais, no que se refere às formas de apresentação da notícia, e; 6) que inovações

no formato de apresentação do telejornal podem ser destacadas em, inicialmente,

um período que antecedeu modificações na programação da emissora, e em outro

período com as inovações em vigor.

Os seguintes telejornais são objeto desta análise: edição de telejornal do

canal CBS Telenotícias Brasil, datada de 27 de janeiro de 2000, cujo horário de

exibição não pode ser identificado, obtida a partir do site YouTube, canal

claudiolessa, dividida em cinco vídeos, reordenados para esta análise, e

denominados para fins de facilitar a identificação como CBS; edição de telejornal do

canal Band News, gravada a partir da exibição ao vivo as 10 horas e 30 minutos do

dia 4 de novembro de 2010, identificada como BAND 1; edição de telejornal do canal

Band News, gravada a partir da exibição ao vivo as 14 horas do dia 4 de novembro

de 2010, identificada como BAND 2; edição de telejornal do canal Band News,

gravada a partir da exibição ao vivo as 10 horas e 30 minutos do dia 10 de

novembro de 2010, identificada como BAND 3; edição do telejornal Hora News, do

canal Record News, gravada a partir da exibição ao vivo às 07 horas e 30 minutos

do dia 4 de novembro de 2010, identificada como REC 1; edição do telejornal Hora

News, do canal Record News, gravada a partir da exibição ao vivo as 11 horas e 30

minutos do dia 4 de novembro de 2010, identificada como REC 2, e; edição do

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telejornal Hora News, do canal Record News, gravada a partir da exibição ao vivo as

19 horas do dia 12 de novembro de 2010, identificada como REC 3.

As informações, extraídas da decupagem das respectivas edições, foram

organizadas em quadros, cada um deles referente a uma edição de telejornal,

formatados de modo semelhante ao espelho – método de ordenação e

hierarquização de informações exibidas em um telejornal. Cada uma das

informações exibidas recebeu uma retranca26, que foi classificada de acordo com as

formas de apresentação da notícia, retratadas no Capítulo 3, teve a origem do

material identificado, assim como o tempo em que ficou no ar a informação.

Estipulou-se uma diferenciação das notas cobertas em duas situações:

aquelas lidas ao vivo pelo apresentador, estão identificadas nos quadros como nota

coberta off vivo, e as demais narradas por outros apresentadores do canal, ou pré-

gravadas pelo apresentador para exibição em outros horários, somente como nota

coberta. Para a diferenciação entre notas cobertas e reportagens, estipulou-se tratar

de reportagem quando dois ou mais recursos – off e/ou boletim de passagem e/ou

sonoras, com ilustração de imagens – estiverem presentes em uma mesma

informação. Se somente o recurso do off estiver empregado, considera-se nota

coberta.

Em todas as edições analisadas tomou-se o cuidado de não existirem fatos

que atraíssem maior atenção editorial, como o resultado do segundo turno das

eleições presidenciais, eventos esportivos de grande repercussão, ou ainda eventos

que modifiquem a grade de programação dos canais dedicados ao telejornalismo. A

exceção é o telejornal CBS, que foi exibido em período anterior ao estipulado para a

análise, mas que se enquadrou nos princípios estabelecidos.

Também foram tomadas as precauções no sentido de que a duração dos

telejornais analisados fosse próxima dos 30 minutos dentro da grade de

programação, para que a análise do tempo de produção em todas as edições não

seja prejudicada.

Para fins de responder ao primeiro critério, excluíram-se dos cálculos

escaladas, vinhetas, notas de abertura e de encerramento, e chamadas de intervalo,

26

Retranca é o “nome que se dá, em jornalismo, a um assunto. [...] A forma que o jornalismo encontrou de simplificar o processo foi a de nomear os assuntos. E os nomes escolhidos devem permitir a identificação imediata do tema. [...] É um termo que veio das gráficas, onde designa um determinado procedimento no processo de impressão que facilita a divisão de assuntos publicados” (Bonner, 2009, p. 66-67)

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69

que são características dos telejornais, e que não tem como objetivo levar

informação ao telespectador. O tempo das cabeças será acrescido aos da

informação apresentada, por fazer parte do conjunto da notícia. Para a análise do

terceiro critério, foram considerados parâmetros semelhantes aos definidos para o

primeiro.

Para o segundo critério, não são consideradas matérias institucionais, de

divulgação de outros telejornais ou que anunciam modificações na programação.

Além disso, foram desconsiderados os telejornais CBS, BAND 3 e REC 3, devido ao

fato de terem sido gravados em temporalidade diferente dos demais.

Para fins de responder ao quarto critério, nos telejornais BAND 3 e REC 3

também foram levantados os tempos de duração dos intervalos comerciais, de modo

que se tenha noção do tempo total de produção do telejornal, inserido no contexto

de uma grade de programação.

O último critério foi estipulado levando em consideração que duas das

emissoras analisadas neste trabalho – Band News e Record News – promoveram

modificações em suas grades de programação a partir de 8 de novembro de 2010,

próximo ao período de gravação dos telejornais para análise.

Inicialmente, estavam previstos a análise de três telejornais de cada

emissora, com exceção da CBS Telenotícias Brasil, em que somente uma edição em

condições de ser analisada pode ser obtida. A partir da mudança nas duas

emissoras, optou-se pela análise de dois telejornais exibidos antes das

modificações, e de uma terceira edição exibida com as inovações em prática.

5.1 Formas de Apresentação da Notícia

Uma característica que se faz presente nos telejornais dos canais Band News

e Record News é a permanente atualização de notícias na tela, ao mesmo tempo

em que as informações são apresentadas. As informações passam na tela em forma

de texto, sendo que a primeira linha, estática, informa o que está sendo apresentado

naquele momento, enquanto que a segunda linha, percorrendo a tela da direita para

a esquerda, informa o telespectador com outras notícias, que podem ou não ser

apresentadas durante o telejornal. No caso do canal Record News, estas notícias

são fornecidas pelo portal de notícias R7, pertencente ao mesmo grupo empresarial.

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Data e hora de Brasília atualizados, assim como a previsão do tempo das

capitais brasileiras são informados no rodapé da tela dos canais Record News e

Band News, sendo que este também apresenta informações de indicadores

econômicos em sua tela.

Outra característica, encontrada nos três canais, é a apresentação de

informações da previsão do tempo e dos indicadores econômicos nos intervalos da

programação, através de ilustrações gráficas com conteúdos fornecidos por

agências.

Na análise dos sete telejornais, o conteúdo informativo fica distribuído do

seguinte modo: No telejornal CBS, foram oito notas cobertas lidas pelo

apresentador, perfazendo um total de 9 minutos e 28 segundos. Outra nota foi lida

por outro narrador, somando 2 minutos e 20 segundos. Nesta edição, ainda

constaram duas reportagens, somando 3 minutos e 15 segundos.

No telejornal BAND 1 predominaram as notas cobertas gravadas por outros

apresentadores, em número de sete e somando 6 minutos e 6 segundos. Outras

cinco notas cobertas lidas pelo apresentador ao vivo somaram 3 minutos e 50

segundos. . As reportagens, duas, somam 3 minutos e 3 segundos. Dois audiotapes

– boletins por telefone ilustrados com arte ou imagens de arquivo – foram exibidos,

somando três minutos e um segundo. Por duas vezes utilizou-se o recurso da

exibição de gols de partidas de futebol, ocorridas na noite anterior, em que o áudio é

original da narração da partida. As duas narrações somadas resultam em 2 minutos

e 43 segundos. Notas simples foram empregadas cinco vezes, somando 2 minutos e

28 segundos.

O telejornal BAND 2 apresentou seis reportagens, com tempo total de 9

minutos e 9 segundos. Onze notas simples foram empregadas, totalizando 4

minutos e 57 segundos. Cinco notas cobertas lidas ao vivo pelo apresentador

somaram 3 minutos e 21 segundos. Quatro notas cobertas gravadas por outros

apresentadores somaram 3 minutos e 15 segundos. Um audiotape foi exibido, com

tempo de 58 segundos.

No telejornal BAND 3, predominaram as notas cobertas lidas ao vivo pelo

apresentador – quatorze, totalizando exatos 10 minutos. Cinco notas cobertas

gravadas somaram 2 minutos e 50 segundos. Duas reportagens foram exibidas, com

tempo total de 4 minutos e 9 segundos. Notas simples foram empregadas três

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vezes, totalizando 1 minuto e 52 segundos. Um audiotape foi exibido, com duração

de 1 minuto e 3 segundos.

As reportagens predominaram no telejornal REC 1. Foram seis, somando 7

minutos e 36 segundos. Notas cobertas gravadas ocorreram em quatro

oportunidades, e somaram 3 minutos e 38 segundos. As notas cobertas lidas ao vivo

também apareceram quatro vezes, somando 1 minuto e 46 segundos. Notas simples

foram empregadas três vezes, e totalizaram 1 minuto e 4 segundos.

O telejornal REC 2 teve seis reportagens, com tempo total de 7 minutos e 55

segundos. Uma das reportagens foi exibida ao vivo em outro telejornal, e foi

reaproveitada nesta edição. Notas cobertas gravadas foram três, totalizando 3

minutos e 37 segundos. Destas, duas foram narradas pelos repórteres ao vivo em

outros telejornais, sendo reaproveitadas nesta edição como nota coberta. Quatro

notas cobertas lidas ao vivo totalizaram 2 minutos e 42 segundos. Nesta edição fez-

se uso por duas vezes da lapada, sequência de notas cobertas curtas, com locução

gravada, e entremeadas por uma vinheta curta. O tempo total das lapadas foi de 1

minuto e 49 segundos. Notas simples foram empregadas duas vezes, somando 1

minuto e 4 segundos. Uma entrada ao vivo foi realizada, com duração de 1 minuto e

18 segundos.

Já o telejornal REC 3 teve predominância das reportagens que, em número

de quatro, somaram 6 minutos e 27 segundos. Uma destas reportagens era a

reprodução editada de uma entrevista realizada em outro telejornal da emissora.

Dois boletins ao vivo foram transmitidos, sendo um por telefone e outro por sinal de

micro-ondas, ambos ilustrados com imagens. Os dois boletins somam 3 minutos e

30 segundos. Cinco notas cobertas lidas ao vivo totalizaram 2 minutos e 51

segundos. Três notas cobertas foram gravadas previamente, com tempo total de 2

minutos e 44 segundos. Somente duas notas simples foram empregadas, e

somadas, totalizam 35 segundos.

5.2 Informações Recorrentes

Entre os telejornais BAND 1 e BAND 2, ocorreram as seguintes recorrências

de informações: A informação identificada com a retranca Helicóptero SP foi

apresentada em BAND 1 na forma de nota coberta lida ao vivo, com duração de 44

segundos. No telejornal BAND 2 ela foi novamente apresentada como nota coberta

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ao vivo, mas desta vez com duração de 36 segundos. A diferença de tempo decorre

da modificação no texto da nota, atualizada com novas informações no BAND 2.

A informação retrancada como Perseguição EUA foi apresentada como nota

coberta gravada em BAND 1, com duração de 48 segundos. No BAND 2, a mesma

nota coberta gravada foi apresentada, com duração de 49 segundos – a duração de

um segundo a mais na cabeça do telejornal BAND 2 motivou a diferença de tempo.

Entre os telejornais REC 1 e REC 2, as seguintes informações apresentaram

recorrência: A informação retrancada como Bingos Fechados foi apresentada em

REC 1 como nota simples, divulgando informações preliminares ao final do

telejornal, tendo duração de 24 segundos. No dia seguinte, em REC 2, Bingos

Fechados é apresentada como uma reportagem, com depoimentos de autoridades e

a presença do repórter no local do acontecimento, com tempo de 1 minuto e 25

segundos.

A retranca Buscas Elisa MG aparece no telejornal REC 1 na forma de nota

coberta lida ao vivo pelo apresentador, com o tempo de 40 segundos. Em REC 2, a

informação é inserida na segunda lapada, uma das quatro notas cobertas gravadas

em sequência, com o tempo de 22 segundos. A primeira informação dá conta do

encerramento das buscas pelo corpo de Elisa Samudio naquela data, enquanto que

a segunda informação relata o reinício das buscas.

Foram analisadas também as recorrências entre os telejornais BAND 1 e REC

2, que foram exibidos com diferença de uma hora entre um e outro. A retranca

Helicóptero SP está presente em ambos os telejornais por se tratar de um fato – a

queda de um helicóptero em um aeroporto de São Paulo – que ocorrera no início da

manhã. Em BAND 1, a informação é apresentada como nota coberta lida ao vivo,

com duração de 43 segundos. Em REC 2, a informação também é apresentada

como nota coberta lida ao vivo, mas com duração de 1 minuto e 16 segundos.

Ambos os telejornais utilizaram, como ilustração do local do acidente, imagens

obtidas a partir de seus helicópteros utilizados como unidades móveis.

A informação retrancada como Reconstituição RJ trata de um fato ocorrido na

noite anterior, no Rio de Janeiro. O telejornal BAND 1 apresenta uma reportagem,

com duração de 1 minuto e 23 segundos, composta por uma passagem do repórter,

duas sonoras e três offs. Em REC 2, a informação também é exibida, porém, na

forma de nota coberta gravada, com duração de 30 segundos. A narração desta

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nota coberta foi feita pelo repórter, ao vivo, em outro telejornal, e reaproveitada para

esta edição.

Ainda foram analisadas as recorrências entre os telejornais REC 2 e BAND 2,

exibidos com duas horas e meia de diferença. A retranca Reunião Ministerial

aparece no telejornal REC 2 como um boletim transmitido ao vivo de Brasília,

ilustrado com imagens da reunião, e teve duração de 1 minuto e 18 segundos. Em

BAND 2, a mesma informação é noticiada, mas na forma de nota simples, com

duração de 30 segundos.

A retranca Helicóptero SP aparece em ambos os telejornais – e nos dois na

forma de nota coberta lida ao vivo. Em REC 2, com duração de 1 minuto e 16

segundos, enquanto que em BAND 2, com tempo de 36 segundos.

A retranca Bingos Fechados está presente nos dois telejornais. Em REC 2, foi

apresentada como reportagem, contendo um boletim de passagem, dois offs e uma

sonora, perfazendo um total de 1 minuto e 25 segundos. Já no telejornal BAND 2, a

mesma retranca também foi apresentada como reportagem, contendo também os

mesmos elementos: um boletim de passagem, dois offs e uma sonora. Porém, o

tempo de exibição foi de 44 segundos.

Uma explosão em uma fábrica de lubrificantes localizada em Paulínia, interior

de São Paulo, foi noticiada nos dois telejornais. No REC 2, a informação foi dada em

forma de nota simples, com duração de 33 segundos. Já no BAND 2, a informação

foi divulgada em um audiotape sem ilustração de imagens, apenas o relato da

repórter de uma rádio pertencente ao mesmo grupo empresarial do Band News. A

informação foi dada em 58 segundos.

A última recorrência nos dois telejornais trata da recaptura de um foragido na

Bahia. No telejornal REC 2, a informação foi exibida na forma de nota coberta lida ao

vivo, com o apoio de imagens de arquivo, no tempo de 28 segundos. Já o telejornal

BAND 2 exibiu a informação como nota coberta gravada por outro apresentador do

canal, mas também apoiada em imagens de arquivo, com duração de 37 segundos.

5.3 Origem das Informações

De acordo com as anotações que constam no quadro I, o telejornal CBS foi

inteiramente concebido a partir de informações oriundas de agências de notícias.

Em momento algum foi possível identificar conteúdo próprio, como imagens ou

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reportagens produzidas pela CBS Telenotícias Brasil, ou ainda pelo SBT, parceiro .

Todo o conteúdo – 9 notas cobertas e as duas reportagens com as respectivas

sonoras – foi fornecido por agências de notícias contratadas pelo canal, que, por sua

vez, os apresentou como sendo de sua autoria. Ao utilizar os serviços de uma

agência de notícias, não há a necessidade de se prestar os devidos créditos

autorais, previamente negociados no acordo entre agência e canal.

Já os telejornal de Band News e Record News, além do conteúdo das

agências – principalmente nas notícias internacionais – apresentam informações das

afiliadas das respectivas redes de televisão espalhadas pelo país, além do apoio de

seus Departamentos de Esporte.

No telejornal BAND 1, a maioria das informações e/ou imagens era

proveniente de agências – onze notícias tem origem em conteúdos de terceiros,

todas da editoria internacional. A participação das afiliadas da Rede Bandeirantes se

faz presente em quatro notícias – 2 do Rio de Janeiro, 1 do Paraná e 1 de São

Paulo. O Departamento de Esportes da Rede Bandeirantes é responsável por, pelo

menos, quatro notícias – todas relacionadas ao futebol. Nos dois audiotapes, há a

participação dos correspondentes internacionais do canal, sendo um a partir de

Israel e, o outro a partir da Argentina. Duas notícias tiveram o apoio de imagens de

arquivo – o audiotape da Argentina e a nota do show do Black Eyed Peas em São

Paulo. Por uma vez se utilizou os recursos de arte – no audiotape de Israel, que não

dispunha de imagens.

A maior diversificação das fontes de informações é uma característica do

telejornal BAND 2. As afiliadas do Grupo Bandeirantes contribuíram com pelo menos

nove notícias, distribuídas da seguinte maneira: um audiotape de repórter da Rádio

Band News FM de Campinas, 3 notícias do Distrito Federal, 3 de São Paulo, e 1 do

Rio de Janeiro. As agências de notícias são a origem de, pelo menos, quatro

notícias da editoria internacional, e outras seis de âmbito nacional – trata-se de

informações sobre os indicadores de inflação e de crescimento da economia

brasileira. Quatro notícias contaram com o apoio de imagens de arquivo, e uma, com

o apoio de ilustrações de arte, em reprodução de imagens de um site.

O telejornal BAND 3 tem predominância das informações vindas das agências

de notícias – são quatorze ao todo, incluídas duas notas simples, todas da editoria

internacional, que tem como origem as agências. A participação das afiliadas do

Grupo Bandeirantes também é maior – nove notícias tem origem nas emissoras da

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Rede Bandeirantes, sendo um audiotape de repórter da Rádio Band News FM de

Belo Horizonte, duas informações de São Paulo, duas do Rio de Janeiro, e Goiás,

Pernambuco e, Santa Catarina, com uma notícia cada. Há ainda uma notícia vinda

do nordeste, mas não é possível prever com precisão qual a afiliada que deu origem

às imagens. Uma notícia – vôlei feminino – tem origem no Departamento de Esporte

da Rede Bandeirantes. Em uma nota houve o apoio de imagens de arquivo, e em

outra – o audiotape – utilizou-se de recurso de arte, sem o apoio de imagem alguma.

A principal característica do telejornal REC 1 é a utilização de informações de

agências de notícias, que somam sete – 5 na editoria internacional e 2 nacionais.

A participação das afiliadas da Rede Record ocorre em cinco notícias, sendo duas

notícias relacionadas ao futebol, oriundas de Minas Gerais e Santa Catarina, e as

demais originadas de Minas Gerais, Paraná e São Paulo. O Departamento de

Esporte da Rede Record forneceu duas reportagens, ambas relacionadas ao futebol.

Em uma informação, fez-se uso do apoio de imagens de arquivo. Uma característica

peculiar deste telejornal constitui-se numa notícia institucional, de divulgação da

nova programação da emissora, com duração de 1 minuto e 25 segundos.

O telejornal REC 2 pode ser considerado a exceção entre os demais –

nenhuma notícia internacional foi exibida. As informações oriundas em agências de

notícias são três, todas classificadas como notas simples. Em contrapartida, as

informações originadas nas afiliadas da Rede Record compõem a maioria – são 16

participações das afiliadas, sendo cinco de São Paulo, quatro do Rio de Janeiro, três

de Minas Gerais, dois do Distrito Federal, uma do Paraná e uma do Rio Grande do

Sul. Somente uma informação teve apoio em imagens de arquivo. Nesta edição,

duas notícias institucionais foram divulgadas – uma chamada para um programa

dominical, com duração de 1 minuto e 2 segundos, e uma chamada para a nova

programação da emissora – a exemplo da edição REC 1 – com duração de 2

minutos e 8 segundos.

O último telejornal analisado, REC 3, possui as mais diversas fontes de

informação. Das afiliadas originam-se quatro notícias, sendo três de São Paulo e

uma entrada por telefone, ao vivo, de Minas Gerais. Duas das participações de São

Paulo também foram feitas ao vivo – uma com a participação do repórter, e outra

somente com imagens aéreas de São Paulo. As agências de notícias contribuíram

com seis informações, sendo duas nacionais e quatro internacionais – uma delas

contou com o apoio de ilustrações de arte, na reprodução de fotografias. O

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Departamento de Esporte da Rede Record forneceu duas informações, sendo uma

delas reportagem. Em duas ocasiões fez-se necessário o apoio de imagens de

arquivo – na entrada ao vivo do repórter de São Paulo, e na primeira informação do

telejornal, oriunda de agência de notícias. Uma reportagem tem como origem a

própria emissora – trata-se de edição de uma entrevista realizada em outro telejornal

da emissora. E por último, esta edição contou com três informações institucionais,

sendo uma chamada em nota simples para o programa esportivo da emissora, com

duração de 20 segundos; uma chamada para um programa dominical, com duração

de 1 minuto e 44 segundos, e; o anúncio, por parte do grupo proprietário do canal,

de dois prêmios de telejornalismo, em uma nota coberta gravada, no tempo de 54

segundos.

5.4 Tempo Total x Tempo de Produção

Para um período de 30 minutos a ser preenchido na grade de programação a

partir das 10 horas e 30 minutos, o telejornal BAND 3 teve tempo total de 27 minutos

e 17 segundos, não incluído o tempo de intervalo comercial apresentado após o

encerramento do segundo bloco. Seu tempo de produção foi de 22 minutos e 58

segundos, não incluído o único intervalo comercial, de 4 minutos e 9 segundos, nem

as informações exibidas antes do início do telejornal, que somaram 10 segundos.

Já o telejornal REC 3, previsto para preencher o mesmo tempo de

programação – 30 minutos – apresentou tempo total de 30 minutos e 3 segundos,

aparentemente passando três segundos do tempo previsto. Porém, se excluirmos os

três intervalos comerciais inseridos durante o telejornal – o primeiro com 4 minutos e

10 segundos; o segundo com 3 minutos e 57 segundos, e; o último com 4 minutos e

44 segundos – veremos que o tempo de produção do telejornal resulta em 17

minutos e 12 segundos. Não existiram intervalos comerciais antes ou após o

telejornal, somente no decorrer deste, o que leva a crer que o tempo médio de

produção do telejornal é próximo de 17 minutos.

5.5 Hoje x Dez anos atrás

No que diz respeito aos seis telejornais dos canais Band News e Record

News em relação ao telejornal CBS, as diferenças são facilmente identificadas.

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Ao contrário do CBS, os telejornais BAND e REC fazem uso tanto de notícias

nacionais como de internacionais, com a exceção do telejornal REC 2, que

apresentou somente notícias nacionais. O telejornal CBS, mesmo anunciando que

informaria o telespectador com notícias do Brasil e do mundo, somente apresentou

notícias internacionais na edição avaliada.

A forma de apresentação das notícias é das mais variadas nos telejornais

BAND e REC, enquanto que no CBS predominam o uso de notas cobertas lidas pelo

apresentador, a exceção de duas reportagens, também oriundas de agências. Outro

recurso diferencial dos canais da atualidade é a utilização da tela para a transmissão

de informações suplementares, diferentes das que estão sendo transmitidas no

telejornal convencional.

Tal artifício sempre foi utilizado pelo canal especializado em notícias

econômicas Bloomberg, que, de acordo com Tourinho (2009, p. 84), “coloca na tela

seis informações diferentes ao mesmo tempo”. No caso dos telejornais BAND, são

pelo menos seis as informações transmitidas: Data e hora, dois indicadores

econômicos, notícia que está sendo exibida na tela, informações mais recentes e, os

créditos do que está sendo exibido.

Nos telejornais REC o número de informações é semelhante: Data e hora,

tempo nas capitais, programa que está sendo exibido, notícia que está sendo

exibida na tela, informações no portal de notícias R7, e os créditos do que está

sendo exibido.

Porém, algumas semelhanças ficaram evidentes no que foi produzido dez

anos atrás, e no que é praticado hoje – uma característica mais simples é a

divulgação de informações como previsão do tempo e indicadores econômicos em

telas nos intervalos comerciais, isolados do conteúdo do telejornal. Tanto Band

News como Record News adotam este modo de divulgar as informações,

semelhante ao que a CBS Telenotícias Brasil fazia.

Mas a prática mais visível é a dependência quase total da editoria

internacional de ambos os canais, do conteúdo produzido pelas agências de

notícias. Uma prática que, acredita-se, tão cedo não deverá mudar, visto que não é

possível para qualquer emissora de grande porte estar presente em todos os locais

do mundo ao mesmo tempo.

Dez anos atrás o telejornal CBS já demonstrava esta dependência do

conteúdo de agências, de modo até exagerado. Os telejornais dos dias atuais, em

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seus blocos de notícias internacionais, continuam se mostrando extremamente

dependentes das informações vindas dos provedores de conteúdo internacional.

Os correspondentes especiais, a exemplo da assinatura de produtos das

agências de notícias, são alternativas de baixo custo, porém, estão situados em

pontos estratégicos dos continentes, fazem o acompanhamento do que as

imprensas locais divulgam e, nas poucas participações em que apareceram nos

telejornais BAND, foram por meio de audiotape ilustrado, ou com imagens de

arquivo, ou com arte e sem imagens de apoio, e sem terem a seu dispor um suporte

tecnológico que favoreça a apresentação das informações de modo convencional.

A Rede Record também dispõe de correspondentes espalhados pelo mundo,

porém, nas edições analisadas não houve a participação destes nos telejornais do

Record News.

Nos telejornais da CBS Telenotícias Brasil, um diferencial que não foi

explorado por nenhuma edição dos telejornais do Band News e do Record News era

a transição de uma reportagem para outra sem a passagem pelo apresentador.

Diferente das lapadas, que são adotadas para concentrar informações de curta

duração, o canal CBS Telenotícias Brasil ia de uma informação para a outra sem a

necessidade de o apresentador anunciar o assunto. É um método no mínimo

diferente de conduzir o telejornal e prender o telespectador.

5.6 Inovações de uma semana para a outra

Em meio ao período de análise previsto, o canal Record News passou a

divulgar chamadas informando o telespectador que sua programação passaria por

mudanças a partir de 8 de novembro. Tais modificações já eram previstas, levando

em consideração que seu principal concorrente, o Globo News, promovera

mudanças radicais na sua grade de programação e identidade visual em 18 de

outubro de 2010. A mudança mais significativa seria no principal telejornal do Globo

News, que desde a criação do canal se chamava Em Cima da Hora, e que passou a

ser denominado Jornal da Globo News, mas sem perder as características de

atualizar o telespectador a cada hora.

Esperava-se uma reação nos mesmos moldes, com modificações na

identidade visual e no conteúdo dos programas, algo que foi divulgado

ostensivamente nas edições dos telejornais analisados REC 1 e REC 2. Mas o que

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se viu foi a renovação das vinhetas dos telejornais, e a redistribuição de alguns

programas na grade de programação, de modo a abrigar cinco novas atrações –

entre elas, um telejornal especializado em notícias do agronegócio, o Record News

Rural, apresentado da emissora afiliada da Record News em Araraquara, interior de

São Paulo, e outro dedicado a repercutir o que foi notícia durante o dia nos portais e

sites da internet, o NBlogs.

A quantidade de telejornais Hora News foi reduzida, o tempo de produção das

edições, em média, permaneceu o mesmo, e duas edições foram extintas – a das 11

horas e 30 minutos, e a das 19 horas e 30 minutos, nos dias úteis. Outros telejornais

da emissora tiveram seus horários modificados para concorrerem com os exibidos

pelo Globo News, como o caso do telejornal Record News Brasil, que ia ao ar as

nove da noite e agora é exibido a partir das dez da noite, concorrendo com o J10 do

Globo News.

Até a tarde da segunda-feira, dia 8 de novembro, não existia a intenção de se

refazer a análise do canal Record News, pois as modificações não eram tão grandes

quanto as propagandas anunciavam. Mas o que deu origem a este último critério foi

a decisão do Grupo Bandeirantes de também modificar a programação do canal

Band News a partir do dia 8 de novembro, porém, sem nenhum alarde – os anúncios

das mudanças foram discretos, e surgiram na imprensa especializada somente no

final de semana que antecedeu as modificações.

Humberto Candil, diretor responsável do canal Band News, (PORTAL IG.

Bandnews estréia padrão visual e trilhas sonoras adaptadas ao HDTV. 5 nov. 2010.

Disponível em: <http://cidadebiz.ig.com.br/conteudo_detalhes.asp?id=53679>

Acesso em: 16 nov. 2010.), ressalta que “é a segunda alteração de vinhetas que

fazemos desde a inauguração do canal, há nove anos. O mundo mudou, a

tecnologia avançou e nós fazemos questão de estar em renovação permanente”,

Em conversa com a orientadora deste Trabalho de Conclusão de Curso,

acordou-se de que era necessária uma análise destas modificações, visto que os

dois canais analisados neste Trabalho optaram por inovar, ao invés de

permanecerem no passado. O prazo para tais levantamentos era extremamente

curto, colocando em risco inclusive a conclusão do trabalho no prazo estipulado,

mas foram realizadas as gravações de duas edições dos telejornais já com as

inovações em vigor, com o objetivo de compará-los com os padrões anteriores.

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Além das inovações nas trilhas e nas vinhetas do Band News – mais

arrojadas e atualizadas do que as utilizadas até então – a principal modificação na

tela do Band News foi à forma de apresentação das notícias – não as do telejornal,

que permaneceram exatamente como era antes das modificações, mas nas notícias

informadas em texto, no rodapé da tela.

Figura 1 – Frame do canal Band News antes das modificações

Anteriormente, eram três informações apresentadas na tela, sendo no topo,

em uma ou duas linhas, os créditos do entrevistado e de localização; na linha azul a

notícia que estava no ar em texto estático, em vermelho outra notícia em destaque,

diferente da que estava sendo exibida, também estática, e outras informações em

linha de texto passando da direita para a esquerda na linha cinza clara, sem contar

informações de data e hora próximas da logomarca do canal, e os indicadores

econômicos na linha cinza escura.

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Figura 2 – Frame do canal Band News após as modificações

A segunda linha foi suprimida, de modo que informações como data, hora e

dois indicadores econômicos tiveram seu espaço ampliado, passando a ocupar o

centro da tela, assim como a logomarca do canal. No topo fica o crédito de

entrevistados e localização. Na linha azul, a informação que está sendo exibida na

tela, e logo abaixo, da direita para a esquerda passam as notícias que são destaque

nas últimas horas, na linha branca.

Figura 3 – Frame do canal Record News antes das modificações

No caso do Record News, as mudanças mais significativas também se deram

na apresentação em texto das notícias. As linhas passaram a ocupar menor espaço

na tela, priorizando a informação que está sendo exibida.

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Figura 4 – Frame do canal Record News após as modificações

Uma organização geométrica facilita a divisão das informações gráficas. Na

linha superior, o crédito dos entrevistados e de localização. Na linha central consta o

logotipo do programa que está no ar, a informação que está sendo exibida, a data e

a hora. Na inferior, consta a atualização das noticias do portal R7, da direita para a

esquerda, e o tempo nas capitais. O logotipo do canal não sofreu alterações.

De resto, como os quadros nos mostraram, não houve mudanças

significativas nas formas de apresentação das notícias em tela, em ambos os

canais. A distribuição das notícias no espelho não se modificou de um período para

o outro, ocorrendo somente modificações estéticas.

Feita a análise, passamos ao estágio final, em que serão apresentadas

considerações conclusivas referentes aos canais dedicados ao telejornalismo e suas

rotinas produtivas, descritas neste capítulo.

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6 CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS

Neste Trabalho, inicialmente promovemos o resgate histórico da televisão

brasileira, seja a tradicional, em canais abertos, como também a distribuída por

assinatura. Procuramos realçar as inovações tecnológicas e de formato relacionadas

ao telejornalismo, ocorridas nestes sessenta anos de televisão no Brasil.

Em um segundo momento, apresentamos as rotinas produtivas do

telejornalismo tradicional, praticado pelas emissoras de televisão abertas, e

realçamos as características diferenciais do telejornalismo nas emissoras dedicadas

à notícia.

Feita a descrição das rotinas produtivas, traçamos o perfil de cada um dos

produtos analisados neste Trabalho, contextualizando-os historicamente e

apresentando seus diferenciais.

Após, procedeu-se com a análise e descrição dos espelhos dos sete

telejornais que serviram como o corpus deste trabalho, utilizando a metodologia

quantitativa, e cujos resultados foram devidamente analisados e descritos.

Neste último momento, as considerações conclusivas refletem o resultado da

análise e o confronto de ideias e conceitos que surgiram no decorrer deste Trabalho.

Carlos Henrique Schröder, perguntado por Tourinho (2009, p. 303) “o que

caracterizaria uma quebra de paradigma ou uma inovação num telejornal?”, assim

respondeu: “Infelizmente, o que temos comprovado é que você só consegue

provocar uma percepção quando há mudança visual. [...] muda-se o conteúdo, mas

é preciso modificar a forma também”.

O que se percebe facilmente é que tanto Band News como Record News

conseguiram modificar a forma de apresentação dos canais dedicados ao

telejornalismo, se comparados com o que era feito dez anos atrás no Brasil, caso do

canal CBS Telenotícias Brasil, um canal que prometia informações do Brasil e do

mundo, mas como se viu, priorizou exclusivamente as notícias internacionais.

Um parâmetro que não se modificou desde então, é o de perseguir a

concorrência, que sempre se mantém na vanguarda. Dez anos atrás as

Organizações Globo já impunham dificuldades para que a distribuição do CBS

Telenotícias Brasil, crescente em arrecadação publicitária, não prejudicasse as

operações do canal Globo News, o pioneiro no país. O quadro de sete anos após,

quando da inauguração do Record News, não se mostrou muito diferente, com

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ações por parte das Organizações Globo intentando que o canal concorrente não

iniciasse suas atividades, no que não obteve êxito.

Voltando na história do telejornalismo no Brasil, percebe-se que o Jornal

Nacional sempre esteve na vanguarda – e quando não estava, ia à busca da

inovação, para novamente se impor. Foi assim com a substituição dos locutores

pelos jornalistas, e também com a substituição do cenário do telejornal, adotando a

redação como pano de fundo – inovações que anteriormente já teriam sido testadas

por outros telejornais, como o TJ Brasil do SBT ou o Jornal da Manchete, mas que

somente criaram repercussão quando o Jornal Nacional as adotou.

Pois a inovação que poderia ser a mais significativa para os canais Band

News e Record News, aquelas que se iniciaram em 8 de novembro, em nada

acrescentaram no formato de apresentação das notícias. Com exceção das

questões estéticas, que foram esmiuçadas no capítulo anterior, e que dão espaço

para debates como “é TV ou é jornal? É informação para ver, ouvir, ou para ler?”

(Tourinho, 2009, p. 84), as emissoras dedicadas ao telejornalismo nada de diferente

ou inovador formularam nestas modificações recentes.

Novos programas e horários diferenciados foram adotados apenas e tão

somente com o objetivo de concorrer, de angariar a audiência daquela emissora que

sempre se encontrou na vanguarda, à frente das demais.

Mas não se promoveu uma reflexão no modo de apresentação das notícias,

ou em uma participação mais ativa, próxima do telespectador destes canais. A

fórmula permanece a mesma, de se transmitir as informações do modo de fazer

telejornalismo tradicional, com o uso de notas cobertas, reportagens, e dos

audiotapes que remontam ao jornalismo de rádio, sem o apoio de imagens.

Voltando às palavras do professor Ramón Salaverría a Tourinho (2009,

p.286): “[...] si no innova, el medio queda anciado en el pasado”. Em bom português,

ou se inova, ou fica velho, perdido no passado. Os canais dedicados ao

telejornalismo não querem ficar no passado, e por isso tentaram inovar em tão curto

espaço de tempo, comparados com as inovações promovidas pelo Globo News.

Inovou-se esteticamente, mas não na forma, nem no conteúdo – basta ver a

dependência que existe dos conteúdos de agências de notícias para que o telejornal

tenha metade de seu conteúdo preenchido, principalmente se tratando de notícias

internacionais.

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Para que se atinja uma inovação no conceito do telejornalismo, especialmente

naqueles produtos que estão dedicados full-time à informação, antes de tudo, é

preciso superar a visão de que a concorrência deva ser relegada ao passado –

quem deve ser superada é a fórmula em vigor, que já passou por diversas

maquiagens e mudanças estéticas, mas se mantém intacta.

Não é intenção de este Trabalho dar por esgotado o assunto – pelo contrário,

o propósito é de servir como ponto de partida e incentivo para que outras pesquisas

e Trabalhos analisem, discutam e promovam críticas sobre o telejornalismo posto

em prática nos canais dedicados, levando em consideração não somente

modificações estéticas decorrentes do permanente progresso tecnológico, mas que

realcem experiências inovadoras no formato e no conteúdo dos noticiários.

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REFERÊNCIAS

Livros

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Artigos em Revistas

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(OBSERVATÓRIO DO DIREITO À COMUNICAÇÃO. Disponível em: <http://www.direitoacomunicacao.org.br/content.php?option=com_content&task=view&id=1527>. Acesso em 14 out. 2010.) (PRINCETON UNIVERSITY. Disponível em: <http://wordnetweb.princeton.edu/perl/webwn?s=newsroom>. Acesso em: 14 out. 2010, tradução nossa) (RECORD NEWS Record. Disponível em: <http://comercial.rederecord.com.br/RecordNews/tabid/104/Default.aspx>. Acesso em: 17 jun. 2010.) (TELEJORNALISMO UNB Globo Universidade. Disponível em: <http://globouniversidade.globo.com/GloboUniversidade/0,,AA1681471-9048-1677537,00.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) (TELEJORNALISMO UNB Globo Universidade. Disponível em: <http://globouniversidade.globo.com/GloboUniversidade/0,,AA1681531-9048-1677537,00.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) (TVA. Disponível em: <http://www.tva.com.br/Institucional/>. Acesso em: 14 out. 2010.) Trabalhos de Conclusão de Curso

SECCHIN, Vitor Nascimento. Analisando os quatro principais telejornais da Rede Globo, à luz da análise de discurso crítica. 2007. 147 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Jornalismo). Curso de Comunicação Social / Jornalismo Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2007. Disponível em: <www.com.ufv.br/pdfs/tccs/2007/2007_vitorsecchin_analisejornaisdaglobo.pdf> Vídeos no YouTube

(BLOCH, Adolpho. O Discurso de Adolpho Bloch na Inauguração da Rede Manchete (05-06-1983). 2009. 1 post (4min. 02s.). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=BuwMEpM9Fwc&feature=related>. Acesso em: 14 out. 2010.) (SANTOS, Sílvio. Sílvio Santos na Concessão do SBT 1981. 2008. 1 post (8min. 16s.). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=IpvpX0nnqkc>. Acesso em: 14 out. 2010.)

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ANEXO – ENTREVISTA À HUMBERTO CANDIL

Humberto Candil Jornalista, Diretor Responsável do canal Band News TV Entrevista concedida por e-mail para o autor <[email protected]> em 8 set. 2010. Por ser um "telejornal 24 horas no ar", com edições atualizadas constantemente, e com a redação integrada à apresentação dos telejornais, como se desenvolve a pauta destas edições, assim como reuniões, acompanhamento dos acontecimentos em nível nacional e internacional, e o fechamento das edições? A pauta, assim como a chefia de reportagem e as reuniões diárias de espelho são feitas juntamente com o Grupo Bandeirantes./ O Bandnews TV é o canal de notícias do grupo e se utiliza de todo o conteúdo produzido por ele./ As notícias internacionais são acompanhadas pelo editores de Inter./ Contamos com correspondentes internacionais, agências de notícias (Reuters e CNN News Source e parcerias internacionais como NHK (Japão) Aljazeera (Catar e EUA) e Aliança Sul-Americana de Notícias (canais de notícias da América Latina). O fechamento dos telejornais difere de um fechamento clássico, pois o Bandnews está sendo fechado a todo o instante./ É um espelho único que sofre alterações intensamente./ De que forma a equipe de produção está distribuída ao longo do dia, para que haja uma cobertura permanente dos fatos no canal? Por turnos./ Manhã, tarde, noite e madrugada, de forma a contemplar o canal com profissionais durante 24 horas/7 dias por semana.// E por último, quando da concepção do Band News TV, em que formato de programação o canal foi inspirado - se em um padrão norte-americano, se europeu, ou se foi uma iniciativa lançada pelo Grupo Bandeirantes? Quando fizemos o Bandnews TV, em março de 2001, o veículo que mais se assemelhava a ele era a CNN./ O formato foi concebido por nós com o objetivo de propiciar ao público brasileiro um verdeiro headline news ou all news, como queiram.//

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QUADRO I – ESPELHO DO TELEJORNAL CBS

Exibido em 27 de janeiro de 2000

“Retranca” Tipo Origem Tempo

1° BLOCO 3’42”

Escalada Chechênia Internet Sucatão

Nota Coberta c/ Arte Redação Imagens Agência

0‟30”

Abertura Nota Simples Redação 0‟08”

Vinheta Abertura - - 0‟05”

Chechênia Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟15” 0‟48”

Internet China Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟15” 0‟40”

Sucatão Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟06” 0‟44”

A Seguir Nota Simples Redação 0‟11” INTERVALO

Indicadores Arte Conteúdo de Agência 0‟15”

Previsão do Tempo Vinheta Arte

- Conteúdo de Agência

0‟06” 0‟46”

2° BLOCO 5‟39”

Abertura Esporte Nota Simples Vinheta Passagem

Redação -

0‟05” 0‟07”

Windsurf Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟16” 2‟04”

Lapada Vinheta - 0‟01”

Badminton Nota Coberta Off Vivo Imagens Agência 1‟40”

Salto Esqui Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟08” 1‟14”

A Seguir Nota Simples Redação 0‟04” INTERVALO

3º BLOCO 2’58”

Vinheta NBA Vinheta Passagem - 0‟10”

Utah x Vancouver Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟14” 0‟41”

Seattle x NJ Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟19” 1‟28”

A Seguir Nota Simples Redação 0‟06” INTERVALO

4º BLOCO 4’36”

Vinheta Variedades Vinheta Passagem - 0‟06”

Toy Story Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Sonora, Off)

Redação Imagens Agência

0‟22” 1‟12”

Sundance Cabeça Reportagem*

Redação Imagens Agência

0‟11” 1‟30”

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92

(Off, Sonora, Off)

Lapada Vinheta - 0‟01”

Livro do Ano Nota Coberta Off Vivo Imagens Agência 0‟58”

Encerramento Nota Simples Redação 0‟16”

TOTAL 18’02”

* Neste caso, a notícia foi narrada por outros apresentadores do canal, ou foi

pré-gravada pelo apresentador do horário, o que leva a crer que já tenha sido

exibida em edições anteriores, ou será reutilizada em outra edição.

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QUADRO II – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 1

Exibido em 04 de novembro de 2010, às 10h30min

“Retranca” Tipo Origem Tempo

1° BLOCO 10’44”

Vinheta - - 0‟12”

Escalada Inflação Vulcão Indonésia Túnel México Dilma Forbes

Nota Simples Redação 0‟38”

Helicóptero SP Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Band SP

0‟06” 0‟37”

Reconstituição RJ Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Passagem)

Redação Band RJ

0‟12” 1‟11”

Poder do Vice Nota Simples Redação 0‟50”

Desaparecido RJ Cabeça Ilustrada Reportagem (Off, Passagem, Off, Sonora, Off)

Redação Band RJ

0‟13” 1‟27”

Incêndio Shopping Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Band PR

0‟06” 0‟24”

Flu x Inter Nota Simples Redação 0‟15”

Cruzeiro x São Paulo Cabeça Narração

Redação Imagens Esporte Band

0‟08” 0‟46”

Gols da Rodada Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Esporte Band

0‟21” 1‟07”

Flamengo x Ceará Cabeça Narração Pé

Redação Imagens Esporte Band Redação

0‟07” 1‟35” 0‟07”

A Seguir Nota Simples Redação 0‟10”

Vinheta - - 0‟12” INTERVALO

2° BLOCO 12’07”

Vinheta - - 0‟12”

Vulcão Indonésia Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟11” 0‟41”

Terremoto Tonga Nota Simples Redação 0‟28”

Tempestade Haiti Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟16” 0‟38”

Incêndio EUA Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟08” 0‟24”

Naufrágio China Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟06” 0‟21”

Pouso Forçado Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟10” 1‟12”

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94

Bomba Grécia Nota Simples Redação 0‟30”

Perseguição EUA Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟08” 0‟40”

Obama Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟13” 0‟38”

Israel Cabeça Audiotape com Arte

Redação Correspondente

0‟18” 0‟42”

Hillary Clinton Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟11” 0‟38”

Ataque das FARC Nota Simples Redação 0‟25”

Argentina Cabeça Audiotape Ilustrado

Redação Correspondente Imagens de Arquivo

0‟21” 1‟40”

Black Eyed Peas Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens de Arquivo

0‟08” 0‟32”

A Seguir Nota Simples Redação 0‟04”

Vinheta - - 0‟12”

TOTAL 22’51”

* Neste caso, a nota foi narrada por outros apresentadores do canal, ou foi

pré-gravada pelo apresentador do horário, o que leva a crer que já tenha sido

exibida em edições anteriores, ou será reutilizada em outra edição.

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QUADRO III – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 2

Exibido em 04 de novembro de 2010, às 14h

“Retranca” Tipo Origem Tempo

Previsão do Tempo Tela Conteúdo de Agência 1‟00”

1° BLOCO 11’54”

Vinheta - - 0‟12”

Escalada Divulgado IDH Mantega PIB CNI Faturamento Helicóptero SP Pouso Forçado Vulcão Indonésia Bomba Grécia Dilma Forbes

Nota Simples Redação 1‟06”

Reunião Ministerial Nota Simples Redação 0‟18”

Mantega PIB Nota Simples Redação 0‟15”

Dilma Forbes Cabeça Nota Coberta c/ Arte*

Redação Reprodução Website

0‟06” 0‟34”

Helicóptero SP Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Band SP

0‟10” 0‟26”

Recapturado Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens de Arquivo

0‟07” 0‟30”

Beco do Crack Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Passagem, Sonora, Off, Sonora)

Redação Band DF

0‟13” 2‟20”

Prisões SP Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off, Sonora)

Redação Band SP

0‟09” 1‟02”

Explosão Fábrica Cabeça Audiotape c/ Arte

Redação Band NewsFM Campinas

0‟10” 0‟48”

Apreensão Relógios Nota Simples Redação 0‟16”

Plantação Maconha Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off, Passagem, Off)

Redação Band SP

0‟09” 0‟50”

Mega Sena Cabeça Reportagem (Off, Fala Povo, Off, Sonora, Off, Sonora)

Redação Band DF

0‟11” 1‟46”

A Seguir Nota Simples Redação 0‟04”

Vinheta - - 0‟12” INTERVALO

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2° BLOCO 11’48”

Vinheta - - 0‟12”

Inflação FIPE Nota Simples Redação 0‟45”

Recuo do IPC-S Nota Simples Redação 0‟36”

CNI Faturamento Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens de Arquivo

0‟10” 0‟29”

Cresce Emprego Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens de Arquivo

0‟08” 0‟36”

IBGE Produção Nota Simples Redação 0‟33”

Cesta Básica Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens de Arquivo

0‟12” 0‟33”

Negócio Fácil Nota Simples Redação 0‟32”

Desenvolvimento Nota Simples Redação 0‟20”

FMI Nota Simples Redação 0‟28”

Protestos França Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟08” 0‟29”

Perdas França Nota Simples Redação 0‟28”

Perseguição EUA Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟09” 0‟40”

Assaltos SP Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Band SP

0‟11” 0‟58”

Bingos Fechados Cabeça Reportagem (Off, Passagem, Off, Sonora)

Redação Band RJ

0‟11” 0‟33”

Incineração Drogas Nota Simples Redação 0‟26”

ENEM Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Passagem, Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Off)

Redação Band DF

0‟10” 1‟35”

A Seguir Nota Simples Redação 0‟04”

Vinheta - - 0‟12”

TOTAL 24’42”

* Neste caso, a nota foi narrada por outros apresentadores do canal, ou foi

pré-gravada pelo apresentador do horário, o que leva a crer que já tenha sido

exibida em edições anteriores, ou será reutilizada em outra edição.

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QUADRO IV – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 3

Exibido em 10 de novembro de 2010, às 10h30min

“Retranca” Tipo Origem Tempo

Bolsas Asiáticas Tela Conteúdo de Agência 0‟10”

1° BLOCO 11’04”

Vinheta - - 0‟06”

Escalada Audiência Elisa Panamericano Reforma França Cristãos Iraque Multa Cartel Troca Airbus Vôlei Feminino

Nota Simples Redação 1‟08”

Audiência Elisa Cabeça Audiotape com Arte

Redação Repórter BandNews FM

0‟18” 0‟45”

Tragédia Crianças Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Band PE

0‟08” 0‟20”

Queda Ultraleve SC Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Band SC

0‟09” 0‟18”

Dona de Creche GO Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Band GO

0‟07” 0‟18”

PMs Turistas RJ Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off)

Redação Band RJ

0‟09” 0‟53”

Roubo Caminhão SP Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Band SP

0‟10” 0‟48”

Exercício Militar Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Rede Band

0‟06” 0‟26”

Resultados Série B Nota Simples Redação 0‟30”

Brasileirão Série A Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Passagem, Sonora, Sonora, Sonora)

Redação Band SP

0‟15” 1‟26”

Escolas Samba RJ Cabeça Reportagem (Off, Passagem, Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora)

Redação Band RJ

0‟10” 2‟18”

A Seguir Nota Simples Redação 0‟10”

Vinheta - - 0‟06”

INTERVALO 4’09”

2° BLOCO 11’44”

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Vinheta - - 0‟06”

Cristãos Iraque Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟10” 0‟38”

Obama Indonésia Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟09” 0‟58”

Encontro G20 Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0„06” 0‟38”

Reunião APEC Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟07” 0‟38”

Ahmadinejad Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟06” 0‟40”

Míssil EUA Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟10” 0‟20”

Troca Airbus Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟09” 0‟29”

Novo Boeing Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟08” 0‟54”

Multa Cartel Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imgs Arquivo/Agência

0‟07” 0‟42”

Reforma França Nota Simples Redação 0‟48”

Cólera Haiti Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟12” 0‟53”

Cruzeiro à deriva Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟05” 0‟25”

China Nobel Nota Simples Redação 0‟34”

Vôlei Feminino Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Esporte Band

0‟09” 0”35”

Andy Warhol Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟09” 0‟23”

A Seguir Nota Simples Redação 0‟10”

Vinheta - - 0‟06”

TOTAL Sem Intervalos 22’58”

* Neste caso, a nota foi narrada por outros apresentadores do canal, ou foi

pré-gravada pelo apresentador do horário, o que leva a crer que já tenha sido

exibida em edições anteriores, ou será reutilizada em outra edição.

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QUADRO V – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 1

Exibido em 03 de novembro de 2010, às 19h30min

“Retranca” Tipo Origem Tempo

1° BLOCO 5’56”

Abertura Nota Simples Redação 0‟04”

Vinheta - - 0‟06”

Buscas Elisa MG Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Record MG

0‟07” 0‟33”

Queda Passarela SP Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Passagem, Off, Sonora, Off, Sonora)

Redação Record SP

0‟08” 1‟50”

Cai Desmatamento Nota Simples Redação 0‟25”

Nova Ponte Foz Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off, Passagem, Off)

Redação Record PR

0‟13” 0‟49”

Suplente Assume Nota Simples Redação 0‟15”

Nova Programação Cabeça Nota Coberta*

Redação Institucional

0‟10” 1‟05”

A Seguir Nota Coberta Imagens Agência 0‟08”

Vinheta - - 0‟03”

INTERVALO

2° BLOCO 3’41”

Vinheta - - 0‟03”

Resgate Marinheiros Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟07” 0‟21”

Mãe aos 10 anos Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟07” 0‟15”

Morte Surfista Cabeça Nota Coberta* Pé

Redação Imagens Agência Redação

0‟10” 0‟24” 0‟21”

Sucessor Polvo Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟10” 0‟26”

Filhote Elefante Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟05” 0‟11”

Cirque Du Soleil Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens de Arquivo

0‟08” 0‟44”

A Seguir Nota Coberta Imagens Record SP 0‟06”

Vinheta - - 0‟03” INTERVALO

3° BLOCO 5’09”

Vinheta - - 0‟03”

Corinthians Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Passagem,

Redação Esporte Record SP

0‟10” 1‟23”

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100

Sonora, Off)

Avaí Cabeça Reportagem (Off, Passagem, Off, Sonora, Off, Sonora)

Redação Record SC

0‟08” 1‟00”

São Paulo Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Off, Sonora, Sonora, Off, Sonora)

Redação Esporte Record SP

0‟10” 1‟08”

Cruzeiro Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off, Sonora)

Redação Record MG

0‟05” 0‟32”

Bingos Fechados Nota Simples Redação 0‟24”

Encerramento Nota Simples Redação 0‟06”

TOTAL 14’46”

* Neste caso, a nota foi narrada por outros apresentadores do canal, ou foi

pré-gravada pelo apresentador do horário, o que leva a crer que já tenha sido

exibida em edições anteriores, ou será reutilizada em outra edição.

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QUADRO VI – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 2

Exibido em 04 de novembro de 2010, às 11h30min

“Retranca” Tipo Origem Tempo

Previsão do Tempo Arte Conteúdo de Agência 0‟15”

1° BLOCO 9’24”

Abertura Nota Simples Redação 0‟05”

Vinheta - - 0‟06”

Helicóptero SP Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Record SP

0‟11” 1‟05”

Bingos Fechados Cabeça Reportagem (Off, Passagem, Off, Sonora)

Redação Record RJ

0‟11” 1‟14”

Reintegração MG Cabeça Nota Coberta**

Redação Imagens Record MG

0‟12” 0‟32”

Explosão Fábrica Nota Simples Redação 0‟33”

Morte em Quartel Cabeça Reportagem (Off, Passagem, Off, Sonora, Off, Sonora) Pé

Redação Record DF Redação

0‟11” 1‟20” 0‟07”

Reunião Ministerial Cabeça Boletim AO VIVO Imagens Ilustrando

Redação Record DF

0‟18” 1‟00”

Nova Programação Cabeça Nota Coberta* Pé

Redação Institucional Redação

0‟06” 1‟54” 0‟08”

A Seguir Nota Coberta Imagens Record MG 0‟08”

Vinheta - - 0‟03”

INTERVALO

2° BLOCO 6’27”

Vinheta - - 0‟03”

Lapada Buscas Pescador Filas Escolas Buscas Elisa MG

Cabeça Nota Coberta* Vinheta Nota Coberta* Vinheta Nota Coberta*

Redação Imagens Record RJ - Imagens Record SP - Imagens Record MG

0‟07” 0‟11” 0‟01” 0‟11” 0‟01” 0‟22”

Reconstituição RJ Cabeça Nota Coberta**

Redação Imagens Record RJ

0‟15” 0‟30”

Estuprador Preso Cabeça Reportagem (Off, Passagem, Off, Sonora)

Redação Record RJ

0‟08” 1‟21”

Recapturado Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens de Arquivo

0‟06” 0‟22”

Bêbado Contra-mão Cabeça Reportagem (Off,

Redação Record PR

0‟10” 1‟18”

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Sonora, Off, Sonora, Off)

Chamada Domingo Cabeça Reportagem (Passagem em estúdio, Off, Passagem em estúdio, Off, Passagem em estúdio) Pé

Redação Institucional Redação

0‟12” 0„50” 0‟06”

A Seguir Nota Coberta Imagens Record SP 0‟10”

Vinheta - - 0‟03”

INTERVALO

3° BLOCO 3’21”

Vinheta - - 0‟03”

Operação Pirataria Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Record SP

0‟08” 0‟22”

Resultados Censo Nota Simples Redação 0‟31”

Mutirão Sarampo Cabeça Reportagem (Passagem coberta com imagens)

Redação Record SP

0‟15” 0‟32”

Lapada Acidente Policiais Preso por Engano Estudante Incêndio Procurados RJ

Cabeça Nota Coberta* Vinheta Nota Coberta* Vinheta Nota Coberta* Vinheta Nota Coberta*

Redação Imagens Record RS - Imagens Record SP - Imagens Record MG - Imagens Record RJ

0‟06” 0‟13” 0‟01” 0‟10” 0‟01” 0‟10” 0‟01” 0‟14”

Resultados Loterias Nota Coberta c/ Arte Off Vivo

Redação 0‟28”

Encerramento Nota Simples Redação 0‟06” TOTAL 19’27”

* Neste caso, a nota foi narrada por outros apresentadores do canal, ou foi

pré-gravada pelo apresentador do horário, o que leva a crer que já tenha sido

exibida em edições anteriores, ou será reutilizada em outra edição.

**Neste caso, a narração é do repórter, porém, não se trata de reportagem,

pois ocorre somente o relato dos fatos em off

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QUADRO VII – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 3

Exibido em 12 de novembro de 2010, às 19h

“Retranca” Tipo Origem Tempo

1° BLOCO 5’28”

Abertura Nota Simples Redação 0‟05”

Vinheta - - 0‟06”

Novo ENEM Cabeça Nota Coberta Off Vivo Pé

Redação Imagens de Arquivo Redação

0‟08” 0‟35” 0‟11”

Caso Bruno Cabeça Audiotape AO VIVO Imagens Ilustrando

Redação Imagens Record MG

0‟20” 1‟55”

Mercado Financeiro Cabeça Boletim AO VIVO Imagens Ilustrando

Redação Record SP Imagens de Arquivo

0‟11” 1‟04”

Saída Feriado Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Vivo Record SP

0‟05” 0‟35”

A Seguir Nota Coberta Imagens Record SP 0‟05”

Vinheta - - 0‟08”

INTERVALO 4’10”

2° BLOCO 6’14”

Vinheta - - 0‟03”

Traficantes Presos Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Passagem, Sonora)

Redação Record SP

0‟07” 0‟55”

Prêmios Record Cabeça Nota Coberta*

Redação Institucional

0‟08” 0‟46”

TRT Campinas Cabeça Reportagem (Reprodução de entrevista em outro telejornal)

Redação Record News

0‟16” 2‟00”

Chamada Domingo Cabeça Reportagem (Passagem em estúdio, Off, Sonora, Off, Passagem em estúdio, Off, Passagem em estúdio, Off, Sonora, Passagem em estúdio) Pé

Redação Institucional Redação

0‟09” 1‟30” 0‟05”

A Seguir Nota Coberta Imagens Agência 0‟09”

Vinheta - - 0‟06”

INTERVALO 3’57”

3° BLOCO 3’04”

Vinheta - - 0‟03”

Page 104: Cristiano Martins   Rotinas produtivas em canais dedicados ao telejornalismo - versão revisada

104

Reunião G20 Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟24” 0‟53”

Reunião APEC Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Agência

0‟10” 0‟25”

GPS Rinocerontes Cabeça Nota Coberta c/ Arte Off Vivo

Redação Reprodução de Fotos

0‟06” 0‟18”

Natal Nova Iorque Cabeça Nota Coberta*

Redação Imagens Agência

0‟06” 0‟27”

A Seguir Nota Coberta Imagens Esporte Record 0‟06”

Vinheta - - 0‟06”

INTERVALO 4‟44” 4° BLOCO 2’26”

Vinheta - - 0‟03”

Corinthians Cabeça Reportagem (Off, Sonora, Off, Passagem, Sonora, Off)

Redação Esporte Record

0‟10” 1‟15”

Goiás x Avaí Cabeça Nota Coberta Off Vivo

Redação Imagens Esporte Record

0‟07” 0‟11”

Chamada Esporte Nota Simples Redação 0‟20”

Estado de Saúde Nota Simples Redação 0‟15”

Encerramento Nota Simples Redação 0‟05”

TOTAL Sem Intervalos 17’12”

* Neste caso, a nota foi narrada por outros apresentadores do canal, ou foi

pré-gravada pelo apresentador do horário, o que leva a crer que já tenha sido

exibida em edições anteriores, ou será reutilizada em outra edição.