Cristologia

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SETAD - SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS, SÃO PAULO - SP

CURSO MODULAR DE BACHAREL EM TEOLOGIA, NÚCLEO DE MARINGÁ - PR 

MONOGRAFIA DE CRISTOLOGIA

PROFESSOR: Expedito Nogueira Marinho, Pr.

ALUNO: Robson José Brito, Ev.

SUMÁRIO

I. O JESUS HISTÓRICO

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1. CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO” 3

2. A OBJEÇÃO DA IGREJA CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO” 3

3. A PESQUISA EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO E O FRACASSO DELA 5

3.1 A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.

5

3.2 O fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa. 6

3.3 O Cristianismo se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus.

8

3.4 Os ensinos e as mensagens de Jesus Cristo. 9

3.5 A confusão semântica em torno da expressão “Jesus Histórico”.

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II. A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS 10

1. CONCEITO DE CRISTIFICAÇÃO. 10

2. SER FILHO DO HOMEM: REQUISITO PARA SER CRISTIFICADO. 11

3. JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM É O FILHO DE DEUS. 11

III. O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS CRISTO 12

1. GERAÇÃO NATURAL - HUMANA, A NOSSA 12

2. GERAÇÃO SOBRENATURAL - DIVINA, A DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

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B I B L I O G R A F I A 16

C R I S T O L O G I A

I. O JESUS HISTÓRICO

1. CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO”

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  No período compreendido entre 1774 a 1778, foi iniciada a procura do Jesus Histórico. Lessing

  publicou pós morte as anotações de Hermann Samuel Reimarus. Esse estudioso questionava a tradicional

forma de apresentar Jesus na Igreja e no Novo Testamento. Para ele Jesus nunca fizera uma reivindicação

messiânica, nunca institui qualquer sacramento, nunca predisse a sua morte e nem ressuscitou dentre os

mortos. Dizia que Jesus era um engodo. Essa atitude instigou a busca do Jesus “verdadeiro”. A metodologia

racionalista foi a predominante como método de pesquisa dessa busca, peculiar a primeira parte do século

XIX. A polêmica desses estudos foi um terreno fértil para nascerem obras pró e contra Jesus.

O interregno entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial foi a ocasião em que a busca do

Jesus histórico foi abandonada, em função da falta de interesse pela procura e pelas dúvidas quanto a sua

 possibilidade. Entretanto, três fatores foram fundamentais para essa desistência: primeiro - a obra de Albert

Schweitzer que revelou a idéia de que o Jesus liberal nunca existiu, pois ele foi criado e baseado nos desejos

de liberais, não em fatos verídicos; segundo - a partir da obra de William Wrede e dos críticos da forma, houve

o reconhecimento de que os evangelhos não eram meramente biografias objetivas que facilmente poderiam

ser pesquisadas à procura de informações historicistas; por fim - Martin Kähler influenciou os estudiosos a

reconhecerem que o objeto da fé da igreja no decurso de todos os séculos nunca tinha sido o Jesus histórico do

liberalismo teológico, mas o cristo da fé, ou seja, o Cristo sobrenatural proclamado nas Sagradas Letras.

Ernst käsemann, em 1953, reacendeu as chamas da busca do Jesus da história, propalando seu receio de

que a lacuna entre o Jesus da história e o Cristo da fé era muito semelhante à heresia docética, que negava a

humanidade do Filho de Deus. Como era de se esperar Käsemann decepcionou-se em seus intentos.

O avanço da ciência histórica não tem modificado a opinião universal a cerca do Senhor Jesus. Prova

disso é que, desde o mundo antigo à contemporaneidade, encontramos mesmo que em forma diversificada a

historicidade da pessoa bendita de Jesus de Nazaré.

2. A OBJEÇÃO DA IGREJA CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO”

A igreja cristã ri do fascínio dos liberais pela busca do que eles chamam de “Jesus Histórico”. Isso se

 justifica pelo fato de que o Cristianismo é o que é, através da afirmação de que o homem Jesus de Nazaré, que

foi chamado “o Cristo”, é de fato o Cristo, a saber, o Messias, o Ungido. Toda vez que é sustentada a asserção

de que Jesus é o Cristo, ali existe a mensagem cristã; onde quer que essa asserção seja negada, é negadaigualmente a mensagem cristã.

A religião cristã nasceu não quando nasceu o homem chamado “Jesus”, mas sim, no momento que um

de seus seguidores foi levado a dizer-lhe: “Tu é o Cristo”. E o Cristianismo ficará vivo enquanto existirem

 pessoas que repitam essa afirmação. Isso porque o evento sobre o qual o Cristianismo se baseia apresenta dois

lados: o fato que é chamado “Jesus de Nazaré” e a recepção deste fato por aqueles que O receberam como o

Cristo. Interessante que no momento que os discípulos O aceitam como o Cristo é também o momento que Ele

é rejeitado pelos poderes da história. Então, Aquele que é o Cristo deve morrer por haver aceito o título de

“Cristo.

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Jesus como o Cristo é tanto um fato histórico quanto um objeto de recepção pela fé. Não se pode

afirmar a verdade sobre o evento no qual se baseia o Cristianismo sem afirmar ambos esses lados. Se Jesus não

tivesse impactado os seus discípulos com o fato de ser o Cristo, e eles tivessem crido, bem como através deles

a todas as gerações posteriores, o homem que é chamado Jesus de Nazaré talvez fosse recordado apenas como

uma pessoa histórica e religiosamente importante. Mas se ele foi crido e provou de fato ser o Cristo.

 Nesse sentido, quem é o “Jesus Histórico”? Russel Norman Champlin responde tal questionamento em

sua obra  Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Para ele o Jesus histórico é igualmente o Jesus a quem

adoramos e servimos. É o Jesus teológico naturalmente, podemos ter algumas noções falsas a cerca d’Ele, mas

há tal identificação de pessoa. Jesus é uma figura cósmica, dotada de importância universal. Não foi

meramente um homem bom, um excelente mestre. Ele é também o Senhor da Glória, no sentido mais literal

 possível.

James Moffatt, em sua obra Jesus Christ The Same assevera:

“Nada é mais provável do que aquele que viveu à face da Terra, por 

alguns poucos anos, seja o mesmo Cristo, a quem seus seguidores

adoram como Senhor; nenhum novo Jesus foi criado por algum

movimento sincretista do primeiro século cristão. Há certa unidade

no ministério insolúvel de sua pessoa, que é, não apenas real, mas

também é, a causa real que subjaz às diversas interpretações de sua

vida e de sua obra, e as experiências posteriores Igreja

  subentendem, repetida e continuadamente, que deve haver 

comunhão com ele, como algo mais profundo que qualquer 

modificação interna ou externa da fé”.

3. A PESQUISA EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO E O FRACASSO DE TAL INVESTIGAÇÃO

Paul Tilllych, em sua obra Teologia Sistemática expõe o insucesso da capturação do chamado “Jesus

Histórico”. Pude dividir a opinião de Tillych em cinco pontos, a saber: foi falsa a idéia de a crítica histórica ter 

destruído a própria fé; esse fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa; o Cristianismo se

alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus e não em uma novela histórica; os ensinos e

as mensagens de Jesus não têm relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas. Vejamos esses

cinco aspectos do pensamento Tillychano.

3.1 A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.

Desde o momento em que foi aplicado o método científico de pesquisa histórica à literatura bíblica,

 problemas teológicos que nunca estiveram completamente ausentes ficaram de tal forma aumentados, como

nunca o estiveram em períodos anteriores da história da igreja. O método histórico une elementos analítico-

críticos e construtivo-conjeturais . Para a consciência cristã normal, moldada pela doutrina ortodoxa da

inspiração verbal, o primeiro elemento impressionou muito mais do que o segundo. Só foi sentido o elemento

negativo no termo “crítica”, e esse empreendimento todo foi chamado de “crítica histórica” ou “alta crítica”`

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ou, com referência a um método recente, “critica da forma”. Em si mesmo, o termo “crítica histórica”

significa nada mais do que pesquisa histórica. Toda pesquisa histórica crítica suas fontes, separando aquilo que

apresenta mais probabilidade daquilo que apresenta menos ou é totalmente improvável. Ninguém duvida da

validez desse método, já que ele é confirmado continuamente por seu sucesso; e ninguém protesta com

seriedade se ele destrói belas lendas e preconceitos profundamente enraizados. Mas a pesquisa bíblica se

tornou suspeita desde seu próprio começo. Ela parecia criticar não só as fontes históricas, mas também a

revelação contida nessas fontes. Pesquisa histórica e rejeição da autoridade bíblica foram consideradas

idênticas. Revelação, supunha-se, abarcava não só o conteúdo revelatório, mas também a forma histórica na

qual apareceu. Isso parecia ser verdade especialmente com relação aos fatos referentes ao “Jesus histórico”. Já

que a revelação bíblica é essencialmente histórica, parecia impossível separar o conteúdo revelatório dos

relatos históricos tais quais apresentados nos registros bíblicos. A crítica histórica parecia haver destruído a

 própria fé.

Mas a parte crítica da pesquisa histórica na literatura bíblica é a parte menos importante. Mais

importante é a parte construtivo-conjetural, que foi a força motora em todo esse empreendimento. Os fatos que

estão por três dos registros, foram buscados; especialmente se buscaram os fatos sobre Jesus. Havia um desejo

urgente de descobrir a realidade desse homem, Jesus de Nazaré, por trás das tradições coloridas e ao mesmo

tempo, camufladoras dessa realidade, que são tão antigas quanto ela própria. Desse modo, a pesquisa pelo

assim chamado “Jesus histórico” teve início. Seus motivos eram ao mesmo tempo religiosos e científicos. Essa

tentativa era corajosa, nobre e extremamente significativa em muitos aspectos. Suas conseqüências teológicas

são inúmeras e bastante importantes. Mas, vista à luz de sua intenção básica, a tentativa da crítica histórica de

encontrar a verdade empírica sobre Jesus de Nazaré foi um fracasso. O Jesus histórico, a saber, o Jesus que

está por trás dos símbolos de sua recepção como o Cristo, não só não apareceram, quanto se distanciavam cada

vez mais g medida que se dava um novo passo. A história das tentativas de se escrever uma “vida de Jesus”,

elaborada por Albert Schweitzer em sua primeira obra, “A busca do Jesus Histórico” ainda é válida. Sua

 própria tentativa construtiva foi corrigida. Eruditos, tanto conservadores quanto radicais, se tornaram mais

cautelosos, mas a situação metodológica não mudou. Isso se tornou manifesto quando o programa ousado de

“desmitologização do Novo Testamento”, feito por Bultmann, levantou uma tempestade em todos os campos

teológicos, e a lentidão com que a escola de Barth considerava o problema histórico foi seguida por um

impressionante despertamento. Mas o resultado do questionamento novo (e muito antigo) não é uma imagem

do assim chamado Jesus histórico, mas o “insight” de que não existe uma imagem por trás da imagem bíblica

que pudesse se tornar cientificamente provável.

3.2 O fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa

A situação exposta acima não é questão de um defeito passageiro da pesquisa histórica que um dia

seja superado. Ela é causada pela própria natureza das fontes. Os registros sobre Jesus de Nazaré são os de

Jesus como o Cristo, dados por pessoas que o receberam como o Cristo. Portanto, se tentamos encontrar o

Jesus real que está por trás da imagem de Jesus como o Cristo, é necessário separar criticamente os elementos

que pertencem ao lado factual do evento, daqueles elementos que pertencem ao lado receptivo. Ao fazer isso,

esboça-se uma “Vida de Jesus”; muitos desses esboços foram elaborados. Em muitos deles atuaram juntos:

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honestidade científica, devoção amorosa e interesse teológico. Em outros são visíveis o distanciamento crítico

e até mesmo a rejeição malévola. Mas nenhum pode reivindicar ser uma imagem provável, que seja o

resultado de um labor científico tremendo dedicado à essa tarefa durante duzentos anos. No máximo, eles são

resultados mais ou menos prováveis, incapazes seja de fornecer uma base para a aceitação da fé cristã, seja

 para rejeitá-la.

Tendo em vista essa situação, houve tentativas de reduzir a imagem do Jesus histórico aos seus

traços “essenciais”; a elaborar uma Gestalt, ao mesmo tempo em que deixando abertos g dúvida seus traços

 particulares. Mas esse não é o processo correto. A pesquisa histórica não pode pintar uma imagem essencial

depois de eliminar todos os traços particulares porque eles são questionáveis. Ela permanece dependente dos

traços particulares.

Conseqüentemente, as imagens do Jesus histórico nas quais é amplamente evitada uma “Vida de

Jesus” diferem tanto umas das outras, quanto aquelas nas quais não é aplicada tal auto-restrição.

A dependência da Gestalt na valoração dos traços particulares é evidente num exemplo tomado do

complexo daquilo que Jesus ensinou sobre si mesmo. Para elaborar esse ponto, deve-se saber, além de muitas

outras coisas, se ele aplicou o título “Filho do Homem” a si mesmo, e caso sim, em que sentido. Toda resposta

dada a essa questão é uma hipótese mais ou menos provável, mas o caráter do quadro “essencial” do Jesus

histórico depende decisivamente dessa hipótese. Esse exemplo mostra claramente a impossibilidade de

substituir a tentativa de esboçar uma “Vida de Jesus” tentando pintar a “Gestalt de Jesus”

Esse exemplo mostra ao mesmo tempo outro ponto importante. Pessoas que não estão familiarizadas

com o aspecto metodológico da pesquisa histórica temem suas conseqüências para a doutrina cristã e por isso

gostam de atacar a pesquisa histórica em geral e a pesquisa na literatura bíblica em especial, acusando-as de

  preconceitos teológicos. Se elas forem consistentes, negarão que sua própria interpretação também é

 preconcebida ou, como elas diriam, dependente da verdade de sua fé. Mas elas negam que o método histórico

tenha critérios científicos objetivos. Contudo, essa afirmação não pode ser sustentada em vista do imenso

material histórico que foi descoberto e freqüentemente verificado de forma empírica por um método de

  pesquisa usado universalmente. E característico desse método que ele tenta manter uma auto-crítica

 permanente para libertar-se de preconceitos conscientes ou inconscientes. Isso nunca é plenamente bem

sucedido, mas é uma arma poderosa e necessária para se obter conhecimento histórico.

Um dos exemplos aludidos freqüentemente neste contexto é o tratamento dos milagres do Novo

Testamento. O método histórico não aborda as histórias de milagres nem com o pressuposto de que

aconteceram porque foram atribuídos aquele que é chamado o Cristo, nem com o pressuposto de que eles nãoaconteceram porque esses eventos contradiriam as leis da natureza. O método histórico pergunta, quão

fidedignos são os relatos em cada caso particular, quão dependentes são eles de fontes mais antigas, como

 poderiam ter sido influenciados pela credulidade de um período, como são bem confirmados por outras fontes

independentes, em que estilo são escritos, e para que finalmente são usados no contexto todo. Todas essas

questões podem ser respondidas de forma “objetiva” sem a interferência desnecessária de preconceitos

 positivos ou negativos. O historiador nunca pode conseguir uma certeza dessa forma, mas pode chegar a um

alto grau de probabilidade. Contudo, seria um salto a outro nível se ele transformasse a probabilidade histórica

em uma certeza histórica positiva ou negativa mediante um juízo de fé (como será mostrado mais adiante).

Essa distinção clara freqüentemente é confundida pelo fato óbvio de que a compreensão do sentido de um

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texto é parcialmente dependente das categorias de compreensão usadas no encontro com textos e registros.

Mas não é totalmente dependente delas, já que existem aspectos filológicos e outros que estão abertos à uma

abordagem objetiva. Compreensão exige participação do sujeito naquilo que compreende, e só podemos

 participar em termos daquilo que somos, incluindo nossas próprias categorias de compreensão. Mas essa

compreensão “existencial” nunca deveria perverter o juízo do historiador com respeito aos fatos e relações. A

 pessoa cuja preocupação última é o conteúdo da mensagem bíblica está na mesma posição que aquela cujo

conteúdo t indiferente, se discutem questões como as do desenvolvimento da tradição sinótica, ou os

elementos mitológicos e lendários do Novo Testamento. Ambas têm os mesmos critérios de probabilidade

histórica e devem usá-los com o mesmo rigor, embora ao fazer isso possam afetar suas próprias convicções

religiosas ou filosóficas. Nesse processo pode acontecer que preconceitos que fecham os olhos para fatos

 particulares abrem-nos para outros. Mas esse “abrir os olhos” é uma experiência pessoal que não pode ser 

convertida num princípio metodológico. Só existe um procedimento metodológico, e esse consiste em olhar o

objeto a ser investigado e não nossa maneira de olhar o objeto, já que nossa atitude se acha realmente

determinada por muitos fatores psicológicos, sociológicos e históricos. Esses aspectos devem ser 

desconsiderados intencionalmente por quem quer que aborde um fato objetivamente. Não se deve formular um

 juízo sobre a auto-consciência de Jesus a partir do fato de que se é um cristão - ou anti-cristão. O juízo deve

ser inferido de um certo grau de plausibilidade, baseado em registros e em sua provável validez histórica. Isso,

sem dúvida, pressupõe que o conteúdo da fé cristã seja dependente desse juízo.

3.3 O Cristianismo se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus

A religião cristã se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus de Nazaré e não

em uma novela histórica, eis aí o fracasso da caça pelo Jesus Histórico. A busca do Jesus histórico foi uma

tentativa de descobrir um mínimo de fatos confiáveis sobre o homem Jesus de Nazaré, para se obter um

fundamento seguro à fé cristã. Essa tentativa foi um fracasso. A pesquisa histórica forneceu probabilidades

sobre Jesus, em grau maior ou menor. A base dessas probabilidades, ela esboçou “Vidas de Jesus”. Mas essas

se pareciam mais a novelas do que a biografias; elas com certeza não poderiam fornecer uma base segura para

a fé cristã. O cristianismo não se baseia na aceitação de uma novela histórica; ele se baseia no testemunho a

respeito do caráter messiânico de Jesus por pessoas que não estavam absolutamente interessadas numa biografia do Messias.

A intuição dessa situação induziu alguns teólogos a desistirem de qualquer tentativa de construir 

uma “vida” ou uma Gestalt do Jesus histórico e restringir-se a uma interpretação das “palavras” de Jesus. A

maior parte dessas palavras (embora não todas) não se referem a ele mesmo e podem ser separadas de qualquer 

contexto biográfico. Portanto, seu sentido é independente do fato de que possam ou não ter sido ditas por ele.

 Nessa base o problema biográfico insolúvel não guarda a menor relação com a verdade das palavras correta ou

erradamente registradas como palavras de Jesus. O fato de que a maioria das palavras de Jesus tem um

 paralelo na literatura judaica contemporânea não é um argumento contra sua validez. Esse também não é um

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argumento contra sua unicidade e poder, tais como aparecem em coleções como o Sermão da Montanha, as

 parábolas e as discussões com inimigos, bem como com seus seguidores.

3.4 Os ensinos e as mensagens de Jesus Cristo

Uma teologia que tenta fazer das palavras de Jesus um fundamento histórico da fé cristã pode fazê-

lo de duas maneiras. Pode tratar as palavras de Jesus como “ensinos de Jesus” ou como “mensagem de Jesus”.

Como ensinos de Jesus, elas são entendidas como interpretações refinadas da lei natural ou como intuições

originais da natureza do homem. Elas não tem relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas.

Como tal, pertencem à lei, profecia ou literatura sapiencial, da mesma maneira como no Antigo Testamento.

Elas podem transcender todas essas três categorias em termos de profundidade e poder; mas não os

transcendem em termos de caráter. Contudo, restringir a investigação histórica aos “ensinos de Jesus” é reduzir 

Jesus ao nível do Antigo Testamento e implicitamente negar sua reivindicação de superar o contexto vétero-

testamentário .

A segunda forma pela qual a pesquisa histórica se restringe às palavras de Jesus C mais profunda

que a primeira. Ele nega que as palavras de Jesus sejam regras gerais de comportamento humano, que elas

sejam regras às quais a gente deva se sujeitar, ou que elas sejam universais e possam portanto ser abstraídas da

situação na qual foram ditas. Em vez disso, enfatizam a mensagem de Jesus de que o Reino de Deus está “à

mão” e que portanto aqueles que querem entrar nele devem se decidir a favor ou contra o Reino. Essas

 palavras de Jesus não são regras gerais, mas exigências concretas. Essa interpretação do Jesus histórico,

sugerida especialmente por Rudolf Bultmann, identifica o sentido de Jesus com o sentido de sua mensagem.

Ele exige uma decisão, a saber, a decisão por Deus. E essa decisão inclui a aceitação da Cruz, porque ele

mesmo aceitou a sua. Aquilo que é historicamente impossível, a saber, o esboço de uma “vida” ou uma Gestalt

de Jesus, é engenhosamente evitado usando aquilo que está imediatamente dado - a saber, sua mensagem sobre

o Reino de Deus e suas condições e apegando-se cada vez mais ao “paradoxo da Cruz de Cristo” Mas até

mesmo esse método de juízo histórico restrito não pode oferecer um fundamento à fé cristã. Ele não mostra

como pode ser cumprida a exigência de decidir-se pelo Reino de Deus. A situação de ter que se decidir 

 permanece sendo aquela sob a lei. Não transcende a situação do Antigo Testamento, a situação da busca por 

Cristo. Pode-se chamar a essa teologia de “liberalismo existencialista” em contraste com o “liberalismo

legalista” do primeiro. Mas nenhum desses métodos responde à pergunta de onde reside o poder de obedecer 

aos ensinos de Jesus ou de decidir-se pelo Reino de Deus. Isso esses métodos não podem fazer porque aresposta deve vir de uma nova realidade que, de acordo com a mensagem cristã, é o Novo Ser em Jesus como

o Cristo. A Cruz é o símbolo de um dom antes de ser o símbolo de uma exigência. Mas, se isso for aceito, é

impossível retirar-se do ser de Cristo para refugiar-se em suas palavras. A via de acesso última da pesquisa e

 busca do Jesus histórico está barrada, e manifesta o fracasso da tentativa de apresentar um fundamento à fé

cristã através da investigação histórica.

3.5 A confusão semântica em torno da expressão “Jesus Histórico”

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Esse resultado teria sido reconhecido com mais facilidade se não fosse pela confusão semântica a

respeito do sentido do termo “Jesus histórico”. Esse termo foi usado predominantemente para os resultados da

 pesquisa histórica referente ao caráter e vida da pessoa que está por trás dos registros do Evangelho. Como

todo conhecimento histórico, nosso conhecimento dessa pessoa é fragmentário e hipotético. A investigação

histórica sujeita esse conhecimento ao ceticismo metodológico e à mudança contínua que ocorre nos traços

 particulares, bem como nos essenciais. Ela tem como alvo ideal atingir um alto grau de probabilidade, mas em

muitos casos isso é impossível.

O termo “Jesus histórico” também é usado para significar o evento “Jesus como Cristo” como um

elemento factual. O termo nesse sentido levanta a questão da fé e não a questão da pesquisa histórica. Se o

elemento factual no evento cristão fosse negado, seria negado também o fundamento do cristianismo.

Ceticismo metodológico sobre o labor da pesquisa histórica não nega esse elemento. A fé não pode nem

mesmo garantir o nome “Jesus” com respeito àquele que foi o Cristo. Ela deve deixar isso às incertezas de

nosso conhecimento histórico. Mas a fé garante a transformação factual da realidade naquela vida pessoal que

o Novo Testamento expressa em sua imagem de Jesus como o Cristo. Se não se distinguirem esses dois

sentidos do termo “Jesus histórico”, não é possível haver nenhuma discussão honesta e frutífera.

II. A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS

1. CONCEITO DE CRISTIFICAÇÃO

Christos em grego é “ungido”, de epichriô, “ungir, “untar”. A ilustração utilizada pelo Educador em

Teologia Expedito Nogueira Marinho bem se adeqúa a essa etimologia: quando cai sobre uma folha de papel

uma gota de azeite, esse papel ou qualquer outra substância porosa fica ungida ou permeada pelo óleo ao

 ponto de parecer ambos a mesma coisa, porque tanto o azeite está no papel como o papel está no azeite, de

forma que ambos não podem serem vistos separadamente. 

Por “cristificação”, entende-se o ato ou efeito de o homem Jesus de Nazaré (de fato, pessoa humana)

ser permeado pelo “Cristo”. Para isso ocorrer Jesus teve que ser efetivamente homem. Entretanto, é preciso

 ponderar que apesar de Jesus ter nascido, crescido, trabalhado, sofrido como ser humano, não viveu como todoindivíduo. O nosso Senhor não era o tipo de homem como os outros homens. Essa análise deve ser feita para

não se cair nos extremismos: uns elevam Jesus, a tal ponto de perder a sua humanidade como faziam os

docéticos do passado; outros diminuem Jesus a tal ponto de confundi-lo com um mero ser humano qualquer.

2. SER FILHO DO HOMEM: REQUISITO PARA SER CRISTIFICADO

O primeiro requisito para Jesus de Nazaré ser cristificado foi o fato de ele não ser um homem do tipo

que toda a raça humana é. Ele foi o único homem 100% humano, enquanto o restante dos seres humanos são

apenas semi-humanos. Por isso mesmo, enquanto Se manifestou em carne aos homens, Ele preferia Se auto-

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entitular “O Filho do Homem”. Nosso Senhor não se denominou como filho de homem, mas sim Filho do

homem, o que significa ser ele filho de uma geração 100% hominal. Ele foi gerado de modo diferente do

restante da humanidade.

O título Filho do Homem freqüentemente é aplicado à pessoa de Cristo, lembra sua humanidade (Jo

1.14). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre somente no NT e com exclusividade, nos Evangelhos, e vinte e

duas vezes no livro do Apocalipse. Em Ezequiel (por toda a extensão do livro), a frase é empregada por Deus

91 vezes. Segundo o Dr. Allmen, em seu Vocabulário Bíblico citado por Tasker a expressão “Filho do

Homem” (Jo 3.13) havia se tornado uma figura messiânica mais corrente. Esse é o motivo porque um exame

dos textos evangélicos permitem, quase sem possibilidade de erro, preferir que ao designar-se “Filho do

homem” o Senhor Jesus escolheu esse título, evidentemente, menos comprometido pelo nacionalismo judaico

e pelas esperanças bélicas. Havia também uma esperança judaica do “Homem dos últimos tempos”, conforme

lemos em Rm 5.12-21; 1 Co 15.22, 45, 47; e 2. 5-11). R.V.G. Tasker Professor Emérito de Exegese do Novo

Testamento na Universidade de Londres em sua obra Mateus - Introdução e Comentário defende a idéia de

que Cristo apartou para si o título em foco porque o termo expressava melhor do que qualquer outro vocábulo

os dois lados da sua natureza. Por um lado, chamava a atenção para as limitações e sofrimentos a que ele

estava por necessidade sujeito durante a sua existência terrena; como homem real (sendo que o hebraico,

“filho do homem: , equivale a “homem”) esteve abaixo dos anjos, conforme Hb 2.6,7. Por outro lado. Também

sugeria a sua transcendência, que se veria em toda a sua glória quando os homens vissem o Filho do homem

vindo para juízo nas nuvens do céu e reivindicando os seus direitos de propriedade sobre todos os reinos de

acordo com o vaticínio do profeta Daniel (Dn 7.13,14).

3. JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM É O FILHO DE DEUS

Para os teólogos católicos Juan Mateos e Juan Barreto, na obra Vocabulário Teológico do Evangelho de

São João, a terminologia “Filho do homem” indica a condição humana realizada nele com excelência,

 plenitude e unicidade que o constitui em modelo de homem, o vértice da humanidade. Em outro momento da

obra, apesar de os autores recomendarem cautela ao interpretar essa expressão. Admitem que “Homem”

acompanhado do artigo definido “o” no Evangelho segundo escreveu João, ou seja, “O homem” (o Filho do

homem) aparece no texto joanino doze vezes: 1.51; 3.13,14; 6.27,53,62; 8.28; 9.35; 12.12,34; 13.31. A

  passagem mais destacável é Jo 6.27: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que

 permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu

 selo” (grifo nosso). Aqui o Filho do homem, distingui-se dos outros homens por estar marcado com o selo de

Deus. Este selo é O Espírito, que recebeu em plenitude, conforme Jo 1.32,33.

Ora, a visão de João Batista que descreve a descida do Espírito Santo é a explicação em forma de

narrativa da afirmação teológica de Jo 1.14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de

verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”. A glória identifica-se com o Espírito e sua

comunicação se realiza e caracteriza o projeto de Deus feito homem (vemos que em Jo 1.1c “um” Deus era o

 projeto. O filho do Homem significa pois nos lábios de Jesus, sua própria humanidade que possui a plenitude

do espírito, o projeto divino sobre o homem realizado nele, o modelo de homem, o ‘vértice humano. É a

realidade de Jesus vista desde baixo, desde sua raiz humanam, que se ergue até à absoluta realização pela

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comunicação do Espírito. O seu correlativo é o título “o Filho de Deus”, que significa a mesma realidade vista

de cima, desde de Deus, designado o que é totalmente semelhante a ele e possui a condição divina.

 Nessa linha de análise, a expressão “o Filho de Deus” designa Jesus como o que possui a plenitude do

Espírito de Deus, denotando a relação particular e exclusiva que Jesus tem com o Pai. a expressão encontra-se

 pela primeira vez nos lábios de João Batista, expressando o efeito da descida do Espírito sobre Jesus, conforme

Jo 1.32-34. A esta consagração com o Espírito o próprio Jesus associa a sua qualidade de Filho de Deus,

consoante Jo 10.36. A condição de Filho de Deus, unidade à de Messias, constitui a profissão de fé da

comunidade cristã. Logo, Jesus de Nazaré pôde ser cristificado porque também é o Filho de Deus.

III. O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS

CRISTO

Como já discorri anteriormente Jesus de Nazaré não se auto-entitulou como filho de homem, mas sim

Filho do homem, o que denota ser ele filho de uma geração 100% hominal. Para se entender isso é preciso

distinguir a forma comum com que a espécie humana é gerada e o modo sobrenatural pelo qual “o Verbo se

fez carne”.

1. GERAÇÃO NATURAL - HUMANA, A NOSSA

Fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - a penetração de um espermatozóideem um óvulo. Nesse sentido, fecundar é comunicar a (um germe) o princípio, a causa imediata do seu

desenvolvimento; é conceber, gerar alguém. Poucas maravilhas da natureza podem ser comparadas ao mágico

instante da concepção da vida humana. O encontro entre o óvulo e o espermatozóide e marcado na Trompa de

Falópio. Lá o óvulo, em repouso, espera pacientemente a chegada de um espermatozóide para ser fecundado e

 posteriormente tornar-se um bebê.

O milagre da criação natural deve ocorrer dentro de 24 horas, caso contrário como declara a escritora

Déborah Fonseca “tudo se resumirá a um rio de sangue”, com a chegada da menstruação. De outro lado, bem

 próximo, no momento do orgasmo masculino cerca de 400 milhões de espermatozóides são liberados e partem

em ritmo alucinado para fazer cumprir sua missão de criar um novo ser humano,. Alguns podem levar horasaté percorrerem os 18 centímetros entre a vagina e as trompas. Os mais afoitos, porém, conseguem chegar em

questão de segundos. Há ainda outros, sem a mesma sorte, que acabam ficando pelo caminho presos nas

cavidades do útero. Apenas um pequeno grupo vence todos os obstáculos e chega próximo ao óvulo. Sem

hesitar um só instante, um dos espermatozóides se adianta aos outros e penetra o óvulo. Imediatamente, a

composição química do óvulo se altera e impede a passagem de outros. É o fim desta incrível jornada e o

início de uma nova vida. Glória ao Criador!

A forma pela qual a raça humana é fecundada é a hiloplasmática. O prefixo “hilo” vem do vocábulo

“hily” que significa matéria; e “plasmática” origina-se de “plasmar” que quer dizer “formar”. Essa análise

etimológica nos leva a concluir que um corpo “hilo-gerado” é um corpo gerado pela matéria. Entende-se por 

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matéria nesse contexto substância física, ou com mais aprofundamento, pelo ponto de vista filosófico da

expressão, o que dá realidade concreta a uma coisa individual, que é o objeto de intuição no espaço e dotado

de uma massa mecânica. Como vimos acima a forma com que uma pessoa é gerada é um estupendo milagre.

Mas, por mais maravilhoso ( e não deixa de ser um milagre) que seja nosso Senhor Jesus teve uma geração

muito mais maravilhosa que essa, como veremos adiante.

2. GERAÇÃO SOBRENATURAL - DIVINA, A DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

Se a produção de um ser humano natural já é estupenda e miraculosa, muito mais nos deixa estupefatos

a forma com que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. É o chamado milagre da regressão, que o

Apóstolo Paulo bem descreveu de um modo até poético aos crentes em Filipos, quando expôs a profunda

doutrina da necessidade de o cristão manter-se humildade em seu coração a semelhança de “Cristo Jesus, o

qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas

esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma

de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fp 2.5-8).

Como expus anteriormente a fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - no caso

natural ocorre com a penetração de um espermatozóide em um óvulo, comunicando-lhe a causa imediata do

seu desenvolvimento. Mas o nosso Senhor Jesus não foi fecundado pelo modo hiloplasmático como comentei

anteriormente. Sua geração foi bioplasmática. Analisemos a etimologia do termo “bioplasmática”. A palavra

“bios” em grego é “vida” e relembrando o sufixo “plasmática” vem de “plasmar” que quer dizer “formar”.

Significa dizer que um corpo “bioplasmático” é um corpo formado pela vida. Logo, Jesus foi gerado pela vida.

A geração bioplasmática por certo fora a maneira com qual Deus planejara a procriação da espécie

humana a partir de Adão, entretanto, tal plano foi frustrado pelo fato de o primeiro homem não ser aprovado

no teste de fidelidade aplicado pelo Senhor. O pecado interrompeu o projeto de procriação pela vida planejado

 pelo Criador. Em contra partida, Jeová pôde executar o seu plano de geração do ser através da encarnação do

Verbo divino. O Filho de Deus não foi gerado pela matéria, por isso, pôde se auto-entitular de Filho do

Homem. Jesus de Nazaré foi o maior homem que já pisou a face da Terra.

Talvez a idéia acima fique estranha ao leitor apressado da Bíblia que lendo o Santo Evangelho de JesusCristo segundo escreveu São Lucas vê a própria declaração de Jesus acerca de um profeta “... entre os nascidos

de mulher, não há maior profeta do que João Batista” (Lc 7.28). Jesus sabia que Ele próprio era o maior ser 

humano da face da terra (o único 100% homem), mas também tinha consciência que não tinha provindo a

carne de Maria e muito menos de José. Conforme vemos em Lucas 1.35: “Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti

o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será

chamado santo, Filho de Deus”. Falando de modo reverente, Gabriel diz que o Espírito Santo descerá sobre

Maria e que o poder do Altíssimo a envolvera.

Alguns exegetas esclarecem essa passagem bíblica de modo peculiar. Leon Morris ensina que esta

expressão delicada exclui idéias grosseiras de uma “união” entre o Espírito Santo com Maria. Gabriel deixa

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claro que a concepção de Maria será o resultado de uma atividade divina. Por causa disso, o filho a ser nascido

seria “santo... o Filho de Deus”. A nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém esclarece que a expressão “o poder 

do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” evoca, seja nuvem luminosa de Jeová, conforme Ex 13.22, 19.16,

24.16), seja as asas do pássaro que simbolizam o poder protetor (Sl 17.8; 57.2; 140.8) e criador (Gn 1.2) de

Deus. Merril Tenney assevera que em contraste com as lendas pagãs da antigüidade relacionadas com reputada

descendência de deuses homens, não houve nenhuma intervenção física. O Espírito Santo, por meio de uma

ato criador no corpo de Maria, providenciou os meios físicos para a encarnação. O teólogo E. F. Kevan ensina

que o Espírito Santo desceu sobre a virgem Maria em Sua capacidade como poder criativo de Deus, conforme

Gn 1.2, a encarnação foi o começo de uma nova criação. O “poder do Altíssimo” cobriu-a livre de toda a

mancha do pecado. Ainda que verdadeiramente da raça de Adão, Jesus no entanto nasceu como Cabeça, sem

 pecado, de uma nova raça. As palavras de Gabriel: “Será chamado Filho de Deus”, dão base à filiação divina

do filho de Maria quando de Sua concepção pelo Espírito divino. Isso não implica, nem tão pouco exclui a sua

 preexistência. Seu resultado é visto na consciência da paternidade de Deus que Jesus possuía desde Seus anos

 primordiais. Portanto, o homem Jesus não fora gerado pela matéria, mas sim, pela vida. Não foi contaminado

com o elemento pecaminoso que havia em Maria.

Por outro lado, os homens naturais são “gerados pela carne e pelo sangue”, por isso são mortais como

todo animal, mas, o Senhor Jesus possuía em si a imortalidade. Prova disso foi o que Ele mesmo revelou

acerca dessa verdade: “...dou a minha vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a

dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo

10.17,18). Somente tem legitimidade para falar dessa maneira quem possui em si a imortalidade. Isso

corrobora a verdade de que Jesus foi gerado de um modo 100% humano e 0% animal, em função disso, ele

intitula a si mesmo de “O filho do Homem”.

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teologico.com.br 

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