Cronologia da Carta de Pero Vaz de Caminha para Portugal

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Cena 1: portugueses e indígenas se encontram pela primeira vez, no litor Cena 2: depois de momentos de hesitação, os dois grupos trocam objetos, tornaria uma das mais emblemticas ao longo da colonização portuguesa. " são narrados por $ero %az de Caminha &1'()*1())+, escrivão da es!uadra d lvares Cabral &1'- /-0*1(2)+ no primeiro registro escrito do país. le detalhes da chegada dos portugueses ao Brasil e revela epis#dios do coti personagens !ue icaram para a 3ist#ria, como Cabral e o pr#prio autor d pessoas comuns * tripulantes dos barcos, por e4emplo * 5 6poca do descob 7 carta, hoje guardada no 7r!uivo 8acional da 9orre do 9ombo, em isboa trabalhada em classe desde os anos iniciais do nsino ;undamental. <8ess escolaridade, o mais indicado 6 apresentar trechos selecionados previame com os objetivos do pro essor, e propor uma discussão<, e4plica a histor Barca, docente da >niversidade do ?inho, em $ortugal, e autora de livros orientaç@es curriculares !ue prop@em a leitura e a anlise da carta. " documento permite um primeiro contato das crianças com a ormação do B Contribui, ainda, para iniciar um processo de aprendizagem com base em i sobre documentos e outras ontes. 7!ui, vale um esclarecimento: todo ves 6 uma onte hist#rica em potencial. $or6m s# ontes de valor legal e/ou ser consideradas verdadeiros documentos hist#ricos. ssa proposta de tra apro4ima os alunos dos procedimentos de trabalho de um historiador, 6 a no ensino da disciplina desde os anos iniciais. 7 abordagem cultural deve nortear o estudo da carta. egundo ;rancisco uimarães, pro essor de 3ist#ria da >niversidade stadual da Bahia &>neb entender as di erenças entre índios e portugueses na!uele período, a tur considerar !ue os primeiros desenvolveram sua cultura por meio de um pro adaptação 5s lorestas tropicais, aprendendo a ler os c#digos de interaç animais, !ue constituem o seu patrimDnio. 7l6m disso, praticavam a agric subsistAncia sem ins comerciais. E na uropa, o objetivo era estabelecer relaç@es de com6rcio visando o e4ploração de comunidades !ue viviam em outros continentes, sem preocupa meio ambiente. sse dado ajuda a entender o embate cultural !ue se segui encontro do homem branco e do índio. <F possível estudar a carta en ocan momento e depois e4pandir a anlise, discutindo os impactos e as mudança organizaç@es sociais j e4istentes, tanto a indígena !uanto a portuguesa historiador Euliano Cust#dio obrinho, selecionador do $rAmio %ictor Civ 8ota 1). ?ediar a leitura, lançando perguntas 5 turma, estimula a discussão. Gues gerais, do tipo <Guem escreveu a cartaH<, <$or !uAH<, <$ara !uem vocAs a

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Cena 1: portugueses e indgenas se encontram pela primeira vez, no litoral sul da Bahia. Cena 2: depois de momentos de hesitao, os dois grupos trocam objetos, prtica que se tornaria uma das mais emblemticas ao longo da colonizao portuguesa. Os episdios so narrados por Pero Vaz de Caminha (1450-1500), escrivo da esquadra de Pedro lvares Cabral (1467/68-1520) no primeiro registro escrito do pas. Ele inclui muitos outros detalhes da chegada dos portugueses ao Brasil e revela episdios do cotidiano de personagens que ficaram para a Histria, como Cabral e o prprio autor da carta, e de pessoas comuns - tripulantes dos barcos, por exemplo - poca do descobrimento.

A carta, hoje guardada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, pode ser trabalhada em classe desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. "Nessa etapa da escolaridade, o mais indicado apresentar trechos selecionados previamente, de acordo com os objetivos do professor, e propor uma discusso", explica a historiadora Isabel Barca, docente da Universidade do Minho, em Portugal, e autora de livros didticos e orientaes curriculares que propem a leitura e a anlise da carta.

O documento permite um primeiro contato das crianas com a formao do Brasil. Contribui, ainda, para iniciar um processo de aprendizagem com base em inferncias sobre documentos e outras fontes. Aqui, vale um esclarecimento: todo vestgio do passado uma fonte histrica em potencial. Porm s fontes de valor legal e/ou institucional podem ser consideradas verdadeiros documentos histricos. Essa proposta de trabalho, que aproxima os alunos dos procedimentos de trabalho de um historiador, a perspectiva atual no ensino da disciplina desde os anos iniciais.

A abordagem cultural deve nortear o estudo da carta. Segundo Francisco Alfredo Morais Guimares, professor de Histria da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), para entender as diferenas entre ndios e portugueses naquele perodo, a turma deve considerar que os primeiros desenvolveram sua cultura por meio de um processo de adaptao s florestas tropicais, aprendendo a ler os cdigos de interao entre plantas e animais, que constituem o seu patrimnio. Alm disso, praticavam a agricultura de subsistncia sem fins comerciais.

J na Europa, o objetivo era estabelecer relaes de comrcio visando o lucro e a explorao de comunidades que viviam em outros continentes, sem preocupao com o meio ambiente. Esse dado ajuda a entender o embate cultural que se seguiu ao primeiro encontro do homem branco e do ndio. " possvel estudar a carta enfocando esse momento e depois expandir a anlise, discutindo os impactos e as mudanas nas organizaes sociais j existentes, tanto a indgena quanto a portuguesa", recomenda o historiador Juliano Custdio Sobrinho, selecionador do Prmio Victor Civita - Educador Nota 10.Mediar a leitura, lanando perguntas turma, estimula a discusso. Questionamentos gerais, do tipo "Quem escreveu a carta?", "Por qu?", "Para quem vocs acham que ela foi destinada?" e "O que ela significou para as pessoas daquele tempo?", podem iniciar o debate.

A conversa pode ser aprofundada com indagaes especficas sobre alguns trechos(leia os excertos comentados na ltima pgina). So exemplos de questes: "O que os portugueses encontraram por aqui?", "Ser que a paisagem mudou muito desde 1500?", "Os ndios usavam moedas de troca?", "Tinham religio?", "No que eles acreditavam?". "Assim, os alunos podem debater causas e efeitos de mudanas ao longo do tempo e construir e comparar interpretaes sobre o passado", diz a britnica Hilary Cooper, da St Martins College, que pesquisa o processo de formao do pensamento histrico em crianas a partir dos 3 anos e acaba de lanar no Brasil o livroEnsino de Histria na Educao Infantil e Anos Iniciais - Um Guia para Professores(261 pgs., Ed. Base, tel. 41/3264-4114, 40 reais). Depois da problematizao da carta, vale sistematizar as informaes encontradas e fazer uma lista das dvidas.

Por relatar o primeiro contato entre o europeu e o indgena por meio da tica do colonizador, o documento no pode ser a nica fonte apresentada turma. Ele o primeiro de uma srie de recursos, que inclui textos informativos, extrados de enciclopdias, e imagens, como a pintura a leoPrimeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles (1832-1903), realizada posteriormente. Materiais que trazem informaes sob a perspectiva indgena no podem ficar de fora, como a canoPindoramae sua letra, do grupo Palavra Cantada.

Nesse ponto, possvel introduzir uma discusso j clssica na historiografia nacional: o Brasil foi descoberto ou conquistado? Desse modo, a garotada compara diferentes verses do mesmo fato e aprende que a Histria feita de mltiplas perspectivas. "Fontes foram criadas com propsitos diferentes e, portanto, possuem nveis de validade distintos. Frequentemente, so incompletas", explica Hilary. A sada estimular a discusso e a formulao de hipteses. "Por mais que paream improvveis, as inferncias dos pequenos mostram que eles esto aprendendo sobre o processo de investigao histrica."