Cruzeiros tentam diminuir pegada · rede de energia local. Para fazer reduzir as emissões enquanto...

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Meio: Imprensa País: Portugal Period.: Semanal Âmbito: Outros Assuntos Pág: 6 Cores: Cor Área: 17,70 x 24,23 cm² Corte: 1 de 3 ID: 83524560 17-11-2019 | Urbano . . ••••,•• "••.•••. •• .... „„ -A o AO*. Milk• effir % 'e• Cruzeiros tentam diminuir pegada ecológica nas cidades empresas a prometer neutralidade carbónica até 2030. Caso da MSC, que acaba de lançar um navio que reduz em 97% a libertação de óxido de enxofre. Ambientalistas dizem que companhias não podem estar sozinhas e insistem na legislação e ampliação de áreas de controlo de emissões Catarina Silva [email protected] em Hamburgo E uma autêntica cidade flutuan- te que corre as águas de todo o Mundo. Neste navio cruzeiro, enquanto se assistem a espetá- culos do Cirque du Soleil ou se atravessa uma avenida de 93 metros, a pompa e o glamour podem fazer passar desperce- bido mas ali quase não entram plás- ticos, contentores de separação do lixo nos quartos e toda a iluminação é LED. Mais que isso, sistemas de re- dução de emissões que o tornam no mais ambiental dos navios. As fitas de inauguração do Grandiosa cortaram-se meses depois de os ambientalistas aler- tarem que Portugal está em sexto lu- gar dos países da Europa mais expostos à poluição dos cruzeiros. Parecia, mas as companhias não estão afinal de bra- ços cruzados e quem anuncie neu- tralidade carbónica até 2030. Para quem vive do mar o caminho pa- rece ser inevitável. "Se não cuidarmos dele como empresa, também não so- brevivemos dele como negócio. E to- das as empresas marítimas mais tarde ou mais cedo vão ter que seguir este ca- minho. Não planeta B". Eduardo Ca- brita, diretor-geral da MSC Cruzeiros, falava a bordo do Grandiosa, em Ham- burgo, Alemanha, um dos três portos europeus onde o navio inovador, pre- parado com tecnologia, pode ligar-se à rede de energia local. Para fazer reduzir as emissões enquanto está atracado. Em Lisboa não o pode fazer. "A indús- tria está a reagir lentamente". Enquan- to a procura em Portugal por férias em cruzeiro continua a aumentar num ne- gócio que não se faz de reforma- dos, a MSC abre as portas deste Gran- diosa e quer ser a primeira a atingir emissões zero. Os ambientalistas não fazem ouvidos moucos e aplaudem o esforço. em 2017, Lisboa foi a cidade euro- peia que mais navios cruzeiro recebeu, 115 ao todo. O estudo da Federação Eu- ropeia dos Transportes e Ambiente pôs o mercado em alvoroço depois de reve- lar que os cruzeiros libertaram 3,5 ve- zes mais óxidos de enxofre, gás que causa problemas respiratórios e dores de cabeça, que os 375 mil carros que cir- culam diariamente na capital. Nos óxi- dos de azoto, que resultam da queima de combustíveis fósseis, os cruzeiros emitiram quase tanto quanto um quin- to dos carros na cidade. A associação ambientalista Zero diz que as emissões dos cruzeiros na costa portuguesa fo- ram quase 90 vezes superiores às de to- dos os automóveis em Portugal. Embo- ra a indústria defenda que os navios re- presentam apenas 3% da poluição no Mundo, e desses 4% dizem respeito aos cruzeiros. ASSISTENTE VIRTUAL A primeira assistente virtual a bordo de um cruzeiro ainda não é capaz de discu- tir estes números, mas a ZOE sabe di- zer, a partir dos mais de dois mil cama- rotes, que o Grandiosa é um navio avançado ambientalmente. Podemos não perceber isso ao subir as suas esca- das cobertas de milhares de cristais swarovski ou ao olhar para tetos LED com jogos de luz, mas o presidente- -executivo da MSC Cruzeiros, Pierfrancesco Vago, faz questão de o su- blinhar: "Este navio custou mil mi- lhões de euros. Para ter tecnologia de ponta e olhar o futuro. Os navios tam- bém conseguem ser sustentáveis, es- tamos a trabalhar incansavelmente". A investigação para chegar aqui come- çou dez anos. O Grandiosa ainda não é movido a GNL (Gás Natural Liquefei- to) como o navio que a MSC está a cons- truir, mas traz muita inovação e Pierfrancesco diz que tem muito me- nos impacto ambiental do que ir de fé- Curiosidades 3 navios cruzeiro é o número total aproximado a nave- gar no Mundo atualmente. Mas na próxima década deverão surgir mais de 100 novos navios. 3 MILHOES de litros de água potável produzida por dia no cruzei- ro MSC Grandiosa através de um sis- tema de filtragem num navio onde toda a água é reutilizada. 20 MIL toneladas de lixo reciclado a bordo do Grandiosa, onde todos os resíduos são separados. Tam- bém mais de 90% dos plásticos foram substituídos.

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  • Meio: Imprensa

    País: Portugal

    Period.: Semanal

    Âmbito: Outros Assuntos

    Pág: 6

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    Área: 17,70 x 24,23 cm²

    Corte: 1 de 3ID: 83524560 17-11-2019 | Urbano. .

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    Cruzeiros tentam diminuir pegada ecológica nas cidades

    Há empresas a prometer neutralidade carbónica até 2030. Caso da MSC, que acaba de lançar um navio que reduz em 97% a libertação de óxido de enxofre. Ambientalistas dizem que companhias não podem estar sozinhas e insistem na legislação e ampliação de áreas de controlo de emissões

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    uma autêntica cidade flutuan-te que corre as águas de todo o Mundo. Neste navio cruzeiro, enquanto se assistem a espetá-culos do Cirque du Soleil ou se atravessa uma avenida de 93 metros, a pompa e o glamour podem fazer passar desperce-

    bido mas ali já quase não entram plás-ticos, há contentores de separação do lixo nos quartos e toda a iluminação é LED. Mais que isso, há sistemas de re-dução de emissões que o tornam no mais ambiental dos navios. As fitas de inauguração do Grandiosa cortaram-se meses depois de os ambientalistas aler-tarem que Portugal está em sexto lu-gar dos países da Europa mais expostos à poluição dos cruzeiros. Parecia, mas as companhias não estão afinal de bra-ços cruzados e há quem já anuncie neu-tralidade carbónica até 2030.

    Para quem vive do mar o caminho pa-rece ser inevitável. "Se não cuidarmos dele como empresa, também não so-brevivemos dele como negócio. E to-das as empresas marítimas mais tarde ou mais cedo vão ter que seguir este ca-

    minho. Não há planeta B". Eduardo Ca-brita, diretor-geral da MSC Cruzeiros, falava a bordo do Grandiosa, em Ham-burgo, Alemanha, um dos três portos europeus onde o navio inovador, pre-parado com tecnologia, pode ligar-se à rede de energia local. Para fazer reduzir as emissões enquanto está atracado. Em Lisboa não o pode fazer. "A indús-tria está a reagir lentamente". Enquan-to a procura em Portugal por férias em cruzeiro continua a aumentar num ne-gócio que já não se faz só de reforma-dos, a MSC abre as portas deste Gran-diosa e quer ser a primeira a atingir emissões zero. Os ambientalistas não fazem ouvidos moucos e aplaudem o esforço.

    Só em 2017, Lisboa foi a cidade euro-peia que mais navios cruzeiro recebeu, 115 ao todo. O estudo da Federação Eu-ropeia dos Transportes e Ambiente pôs o mercado em alvoroço depois de reve-lar que os cruzeiros libertaram 3,5 ve-zes mais óxidos de enxofre, gás que causa problemas respiratórios e dores de cabeça, que os 375 mil carros que cir-culam diariamente na capital. Nos óxi-dos de azoto, que resultam da queima de combustíveis fósseis, os cruzeiros emitiram quase tanto quanto um quin-to dos carros na cidade. A associação ambientalista Zero diz que as emissões

    dos cruzeiros na costa portuguesa fo-ram quase 90 vezes superiores às de to-dos os automóveis em Portugal. Embo-ra a indústria defenda que os navios re-presentam apenas 3% da poluição no Mundo, e desses só 4% dizem respeito aos cruzeiros.

    ASSISTENTE VIRTUAL A primeira assistente virtual a bordo de um cruzeiro ainda não é capaz de discu-tir estes números, mas a ZOE sabe di-zer, a partir dos mais de dois mil cama-rotes, que o Grandiosa é um navio avançado ambientalmente. Podemos não perceber isso ao subir as suas esca-das cobertas de milhares de cristais swarovski ou ao olhar para tetos LED com jogos de luz, mas o presidente--executivo da MSC Cruzeiros, Pierfrancesco Vago, faz questão de o su-blinhar: "Este navio custou mil mi-lhões de euros. Para ter tecnologia de ponta e olhar o futuro. Os navios tam-bém conseguem ser sustentáveis, es-tamos a trabalhar incansavelmente".

    A investigação para chegar aqui come-çou há dez anos. O Grandiosa ainda não é movido a GNL (Gás Natural Liquefei-to) como o navio que a MSC está a cons-truir, mas já traz muita inovação e Pierfrancesco diz que tem muito me-nos impacto ambiental do que ir de fé-

    Curiosidades

    3 navios cruzeiro é o número total aproximado a nave-gar no Mundo atualmente. Mas na próxima década deverão surgir mais de 100 novos navios.

    3 MILHOES de litros de água potável produzida por dia no cruzei-ro MSC Grandiosa através de um sis-tema de filtragem num navio onde toda a água é reutilizada.

    20 MIL toneladas de lixo reciclado a bordo do Grandiosa, onde todos os resíduos são separados. Tam-bém mais de 90% dos plásticos foram substituídos.

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    País: Portugal

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    Uma verdadeira cidade flutuante deixa um rasto também ecológico nas cidades por onde passa

    Protestos

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    VENEZA/ITÁLIA Veneza proibiu a entrada de cruzeiros com mais de 96 mil toneladas no Canal Giudecca. A revolta começou em junho, quando um destes navios abalroou uma pequena em-barcação.

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    SANTORINI/GRÉCIA Santorini tem imposto limi-tes aos navios de cruzeiro, de-vido à tensão que o turismo excessivo coloca nos recursos da pequena ilha grega, que chega a receber 10 mil turistas por dia.

    rias de avião. Um sistema híbrido de limpeza de gases de exaustão permite libertar menos 97% de óxido de enxo-fre, e um sistema de redução catalítica seletiva consegue reduzir 80% o óxido de nitrogénio. Curiosamente, o navio também tenta proteger os mamíferos marinhos, eliminando ruídos. Viajar no Grandiosa significa, para cada passagei-ro, uma redução de 255 kg de CO2.

    AR CONDICIONADOS INTELIGENTES Mas a empresa está a fazer mais: otimi-zar itinerários, reduzir tempo de atra-camento ou ar condicionados inteli-gentes. Na próxima década, prevê re-formular navios, incluindo os 500 de carga do grupo, e replantar florestas para compensar o seu impacto. À seme-lhança do que fez numa ilha nas Baha-mas, com reflorestação e preservação dos habitats dos corais, onde a MSC vai começar a atracar de forma exclusiva.

    Este é um primeiro sinal da indústria que Francisco Ferreira, da Zero, louva. "Era bom que todos tivessem uma fro-ta mais atualizada e a olhar para estas questões". Mas no que toca às emissões zero, avisa ser "uma alegação difícil, quase impossível". "Ser neutra em car-bono significaria ter só motores a hi-drogénio ou elétricos e com energia produzida a partir de eletricidade reno-

    vável. A indústria apregoa a neutralida-de carbónica com projetos de compen-sação, mas é uma ilusão".

    Por isso, Francisco Ferreira valoriza as alterações nos navios, já que "a planta-ção de árvores não se traduz em verda-deira compensação para o planeta". Ainda assim, alerta, a mudança não pode depender só das companhias. Au-toridades portuárias e governos não po-dem demitir-se de responsabilidades. "É preciso legislação e há necessidade de criar mais áreas de controlo de emis-sões do enxofre e do azoto". Só estão em vigor nos mares do Norte e Báltico e Canal da Mancha. A Zero pede o mes-mo na costa Atlântica e Mediterrâneo.

    Segundo o ambientalista, são preci-sos limites restritivos de emissão nas zonas costeiras e, a longo prazo, limi-tes zero nos portos nacionais. "É neces-sário investir em infraestrutura. No porto de Leixões e no porto de Lisboa tem que haver a possibilidade de carre-gamento elétrico". A verdade é que a ex-ministra do Mar, Ana Paula Vitori-e, garantiu que a comunidade inter-nacional está a introduzir medidas de certificação ambiental para os cruzei-ros e Portugal está a aumentar restri-ções à entrada de navios poluentes.•

    O IN Urbano viajou a convite da MSC Cruzeiros

    DUBROVNIK/CROÁCIA A antiga cidade murada de Dubrovnik , Património Mun-dial da UNESCO chegou a re-ceber 10 cruzeiros por dia, mas, este ano, impõs uma li-mitação de dois.

    IVIAIORCA/ESPANHA Mais de 11 mil residentes de Maiorca, Espanha, assinaram uma petição a pedir a limita-ção a um navio de cruzeiro por dia. Em 2107, a Transport and Environment nomeou Maiorca o segundo porto mais poluído da Europa, com os cruzeiros a emitirem 28 tone-ladas de óxido de enxofre.

  • Meio: Imprensa

    País: Portugal

    Period.: Semanal

    Âmbito: Outros Assuntos

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    Área: 17,70 x 18,65 cm²

    Corte: 3 de 3ID: 83524560 17-11-2019 | Urbano

    O 17 NOVEMBRO 201.9 Suplementes integrante do 'jornal de Noticiar. Nr o pode ser vendido se.prada.mente.

    Cruzeiros querem diminuir pegada

    ecológica nas cidades Já há em oresas a prometer neutralidade carbónica em 2030. Ambientalistas aplaudem mas pedem leis mais apertadas R 8-7

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    MSC Grandiosa, há dias, ao entrar no porto de Hamburgo, na Alemanha

    Mário Daniel Mágico tira o chapéu às gentes genuínas do Porto R 15

    lkk

    Castelo Branco Parques verdes "invadem" cidade R 4

    Gaia Viagem a bordo do comboio escondido na Casa da Alc.eia R 8-9

    Espanha Cidades em guerra por causa das iluminações de Natal P. 14