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Terra Viva Publicação de Informação Ambiental Boletim Informativo N° 1, Junho 2015 CTV apoia legalização de Terras para Mulheres Rurais em Manica Documentário “Quitupo Hoyé” entre os melhores dos Países de Língua Oficial Portuguesa Governo adia consultas públicas sobre reassentamento em Palma CTV felicita Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural Portucel busca sinergias para um bom relacionamento com as comunidades locais Sociedade Civil defende gestão e administração de terras mais aperfeiçoada CTV termina mandato como instituição hospedeira do Secretariado da Plataforma da Sociedade Civil Sobre Recursos Naturais e Indústria Extractiva Ministro da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural visita escritório do CTV em Maputo Com o apoio de:

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Terra Viva Publicação de Informação Ambiental Boletim Informativo N° 1, Junho 2015

CTV apoia legalização de Terras para Mulheres Rurais em Manica

Documentário “Quitupo Hoyé” entre os melhores dos Países

de Língua Oficial Portuguesa

Governo adia consultas públicas sobre reassentamento em

Palma

CTV felicita Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento

Rural

Portucel busca sinergias para um bom relacionamento com as

comunidades locais

Sociedade Civil defende gestão e administração de terras

mais aperfeiçoada

CTV termina mandato como instituição hospedeira do

Secretariado da Plataforma da Sociedade Civil Sobre

Recursos Naturais e Indústria Extractiva

Ministro da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural visita

escritório do CTV em Maputo

Sociedade Civil repudia assassinato do Professor Cistac e

exige celeridade no esclarecimento do crime

Com o apoio de:

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Boletim Informativo – Terra Viva

Terra Viva – Boletim Informativo

DISP.REG/GABINFO - DEC

Ficha técnica

Propriedade e Edição: Centro Terra Viva – Estudos e

Advocacia Ambiental

Editor: Lino Manuel

Redacção: Lino Manuel, Julieta Matavele, Raquel

Fernandes e Manuela Wing

Revisão: Fernando Songane

Fotos: Lino Manuel e Raquel Fernandes

Concepção original: Belmiro Come e Pedro Louro

Arranjos Gráficos e impressão: CTV

Tiragem: 300 Exemplares

Periodicidade: Trimestral

Distribuição: Gratuita

Centro Terra Viva – Estudos e Advocacia

Ambiental

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Boletim Informativo – Terra Viva

Índice

CTV felicita Ministro Da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural .............................................................................. 4

CTV apoia legalização de terras para mulheres rurais em Manica ................................................................................... 6

Governo adia consultas públicas sobre reassentamento em Palma .................................................................................. 8

Documentário “Quitupo Hoyé” entre os melhores dos Países de Língua Oficial Portuguesa ......................................... 10

Sociedade Civil defende Gestão e Administração de Terras mais aperfeiçoada ............................................................. 12

Ministro da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural visita escritório do CTV em Maputo ....................................... 14

Portucel busca sinergias para um bom relacionamento com as comunidades locais...................................................... 15

CTV termina mandato como instituição hospedeira do Secretariado da Plataforma da Sociedade Civil sobre Recursos

Naturais e Indústria Extractiva ...................................................................................................................................... 17

Sociedade Civil repudia assassinato Do Professor Cistac e exige celeridade no esclarecimento do crime ..................... 18

Carapaças de Tartarugas Marinhas comercializadas ilegalmente na feira de artesanato em Maputo ........................... 19

Consciencialização ambiental antecede início da campanha de Pesca de Camarão no banco de Sofala ........................ 20

Care Dinamarca envia Embaixadores de Boa Vontade à Moçambique .......................................................................... 22

SEKELEKANI cria Agência de notícias para disseminar informação sobre o trabalho das ONG’s ................................ 23

Citadinos de Maputo recolhem cacos de vidro na Praia da Costa do sol ....................................................................... 24

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Boletim Informativo – Terra Viva

CTV felicita Ministro Da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

Excelência,

O Centro Terra Viva-Estudos e

Advocacia Ambiental (CTV)

gostaria de congratular Vossa

Excelência pela sua nomeação para

o cargo de Ministro da Terra,

Ambiente e Desenvolvimento

Rural, Sector que, na nossa

opinião, constitui um dos

principais pilares institucionais do

desenvolvimento

harmonioso, sustentável e estável

do nosso país.

Estamos particularmente

agradados pelo facto de,

finalmente, termos um sector que

incorpora componentes

fundamentais e interligadas que,

até aqui, estavam dissociadas. Ao

longo dos últimos 10 anos, tivemos

a oportunidade de referir que o

desenvolvimento rural, meio onde

se encontra a maioria da

população nacional, requeria uma

gestão e administração de terras

correcta, eficiente e participativa,

onde os princípios e instrumentos

de gestão ambiental fossem

rigorosamente acautelados e

usados para assegurar (a) a

protecção de direitos legítimos dos

cidadãos, (b) a preservação de

recursos naturais para o equilíbrio

ecológico e satisfação das

necessidades da presente e futuras

gerações, e (c) assegurar o uso e

exploração correctos desses

recursos para a produção de

riqueza e promoção do progresso

socioecónomico do país.

Os grandes investimentos públicos

e privados, direccionados para o

meio rural para a exploração dos

nossos recursos naturais, só se

transformarão em riqueza e

progresso efectivos para o país,

se os processos da sua

planificação, licenciamento e

implementação tiverem os direitos

e interesses legítimos do Estado e

dos cidadãos nacionais no centro

das suas atenções.

Excelência,

Permita-nos referir que, dentre os

sectores que a nossa experiência

de trabalho permitiu

identificar como prioritários, e que

se enquadram cabalmente no

Ministério que Vossa Excelência

passa a dirigir, destacam-se os

seguintes:

1. O Planeamento e Ordenamento

Territorial, com prioridade

dedicada ao

Zoneamento Ecológico, à

delimitação de terras comunitárias

e ao planeamento distrital do uso

da terra;

2. O Licenciamento e Fiscalização

Ambiental, com prioridade

dirigida à criação de

capacidade institucional para o

cumprimento rigoroso dos

procedimentos do licenciamento

de investimentos públicos e

privados, com vista à salvaguarda

dos interesses do Estado,

dos direitos das populações

afectadas e da qualidade e

equilíbrio ambiental na zona

de implantação;

3. A Preservação da

Biodiversidade, através do reforço

e consolidação do quadro

estrutural e funcional das áreas de

conservação (parques nacionais,

reservas e coutadas), e

com prioridade voltada para a

fiscalização, para a investigação e

monitoria e para o seu

uso estratégico e racional para a

geração sustentável de

rendimentos para o país;

4. A Planificação Local do

Desenvolvimento Rural, com a

prioridade dirigida à actualização

e/ou aprovação dos Planos

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Boletim Informativo – Terra Viva

Estratégicos de Desenvolvimento

Distrital, acompanhados, necessa

riamente, da respectiva avaliação

ambiental estratégica, e da

disponibilização de recursos

humanos qualificados, e recursos

materiais e financeiros adequados

à sua correcta implementação. O

investimento no capital humano

que intervém no meio rural e o

reforço da sua qualidade técnica,

tanto no sector público como no

sector privado, é

condição indispensável para o

sucesso da missão do Ministério.

5. O Diálogo e Participação

Multissectorial, consubstanciado

na criação do Fórum de

Consultas sobre a Terra, foi sem

dúvida um dos maiores ganhos do

período de governação ora

findo. Pensamos que os próximos

tempos requerem a consolidação

desta plataforma, especialmente

para assegurar a necessária

representatividade sectorial, a

inclusão de actores de todos os

quadrantes geográficos do país e a

produção de resultados e

impactos concretos.

Estamos convictos de que estas

componentes constituem a

espinha dorsal do Ministério e

que, no nosso modesto entender,

permitirão sistematizar as suas

grandes prioridades para os

próximos tempos e estruturá-lo

em conformidade.

De facto, organizar a ocupação de

terras, direccionando cada

interesse social e económico para

os locais mais apropriados do

ponto de vista social, ecológico e

económico, respeitando também

a interligação entre o meio rural e

o urbano, é uma condição para os

equilíbrios que precisam de

ser estabelecidos entre estas duas

realidades. Respeitar e proteger

direitos adquiridos de

todos cidadãos, incluindo os do

meio rural, convertendo-os de

agentes passivos e subjugados a

actores activos do

desenvolvimento nacional, é uma

obrigação legal e um dever moral.

Assegurar, através de processos

adequados e mecanismos eficazes,

a participação e contribuição de

todos os cidadãos nos debates

sobre o desenvolvimento do país,

com o devido respeito à

pluralidade de opiniões

e maximizando as oportunidades

de parcerias, é um ditame

constitucional incontornável, um

sinal de compromisso com a boa

governação e um reflexo de

maturidade democrática.

Excelência,

Estamos certos de que Vossa

Excelência assegurará a visão

abrangente e a abordagem

integrada e equilibrada que a

gestão da terra e do ambiente

impõem para a prossecução de um

desenvolvimento rural sustentável.

A terminar, expressamos a Vossa

Excelência o nosso maior inteiro

interesse e disponibilidade em

continuar a contribuir para o

processo de desenvolvimento

sustentável do nosso país, cujo

sucesso, sabemos, depende do

envolvimento e empenho de todos.

Em nome do Centro Terra Viva,

endereço a Vossa Excelência os

nossos melhores votos e protestos

da nossa mais elevada estima e

consideração.

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Boletim Informativo – Terra Viva

CTV apoia legalização de terras para mulheres rurais em Manica

O Centro Terra Viva (CTV)

obteve, dos Serviços Provinciais de

Geografia e Cadastro de Manica, o

primeiro Título de Uso e

Aproveitamento da Terra (DUAT)

para mulheres rurais daquela

província, no âmbito de um

projecto que implementa no

Distrito de Báruè desde 2013 e no

de Manica, a partir do ano

passado.

Nos dois distritos, a iniciativa

prevê apoiar a demarcação de um

total de oitenta e quatro (84)

parcelas pertencentes a igual

número de mulheres, sendo trinta

e nove (39) em Báruè e quarenta e

cinco (45) em Manica.

A entrega do referido DUAT,

oficializando a ocupação de uma

área de 234 hectares de terra,

pertencente à uma cidadã, em

Catandica, ocorreu na primeira

semana de Abril de 2015 e

constitui o primeiro resultado do

Projecto de Titulação de Terras

para Mulheres Rurais na Província

de Manica, após a sua extensão em

2013. Este projecto foi inicialmente

lançado pelo CTV em 2012, nas

Províncias de Gaza e Inhambane.

Os seus primeiros resultados

surgiram no ano passado, com a

entrega de catorze (14) DUAT’s à

mulheres da Comunidade de

Muhate, no distrito de Zavala, em

Inhambane. Ainda em Zavala,

estão por emitir outros quarenta e

cinco (45) títulos para o mesmo

número de mulheres das

comunidades de Mussacate,

Gondo e Macomane.

Na Província de Gaza, o projecto é

implementado na Comunidade de

Cubo, no distrito de Massingir,

onde já foram tramitados vinte e

dois (22) processos de uso e

aproveitamento da terra, a favor de

igual número de mulheres,

faltando a emissão dos respectivos

DUAT’s.

A entrega do primeiro dos oitenta

e quatro (84) DUAT’s para

mulheres rurais de Manica ocorreu

duas semanas antes das

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Boletim Informativo – Terra Viva

celebrações do Dia Internacional

da Terra, assinalado a 22 de Abril.

Por ocasião da data, o Centro

Terra Viva (CTV), exortou a todas

as forças vivas da sociedade a

reflectirem sobre os desafios que

se colocam no acesso e posse

segura da terra, principalmente

para as mulheres rurais, face à

demanda por este recurso natural

tão importante.

O apelo justifica-se pelo facto de o

país estar a registar uma crescente

procura pela terra, para grandes

investimentos nas áreas de

mineração e de produção de

hidrocarbonetos, em áreas

ocupadas pelas comunidades

rurais, ao longo de muitos anos,

onde este recurso é a principal

base de geração de renda,

sustentabilidade e estabilidade

social das famílias camponesas.

A implantação de projectos

económicos de vulto, quer de

mineração como de exploração de

hidrocarbonetos, sempre implicou

a transferência das comunidades,

das suas zonas de origem para

novos destinos e, sem salvaguardas

adequadas, tem afectado o Directo

do Uso e Aproveitamento da Terra

e de outros recursos naturais, de

milhares de cidadãos,

reassentados.

O processo de reassentamento é

apresentado como um caminho

inevitável e as comunidades pouco,

ou em nada, participam na escolha

do novo local de residência.

Este procedimento, por um lado,

viola o Direito de Uso e

Aproveitamento da Terra das

comunidades, consagrado na Lei

de Terras e os preceitos

estipulados na Lei do Ambiente

para o Licenciamento Ambiental e

por outro, tem sido a principal

razão da existência de conflitos,

como os que eclodiram em

Cateme, na Província de Tete. Os

projectos de mineração do carvão

em Tete, que obrigaram ao

reassentamento de algumas

comunidades, são apenas os

primeiros, de muitos outros que

irão ocorrer em Moçambique, com

as mesmas implicações sobre as

famílias vivendo nas zonas rurais,

ao longo das próximas décadas.

Deste modo, o debate público

sobre as reais implicações dos

grandes projectos de exploração

dos recursos naturais, nas

diferentes facetas da vida das

comunidades rurais, onde estes

empreendimentos são

implantados, mostra-se urgente e

pertinente.

A reflexão sobre esta matéria deve

tomar em consideração os

problemas sociais e de outra

natureza, que até então surgiram,

originados pela exploração dos

recursos naturais, como lições

aprendidas, para acautelar

situações similares, noutras

ocasiões e fortalecer a salvaguarda

dos direitos das comunidades em

projectos futuros.

Por: Lino Manuel e Manuela

Wing

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Boletim Informativo – Terra Viva

Governo adia consultas públicas sobre reassentamento em Palma

O Ministério da Terra, Ambiente

e Desenvolvimento Rural, propôs

o adiamento da terceira ronda de

consultas públicas sobre o

processo de reassentamento,

decorrente da implantação do

Projecto da Fábrica de Gás

Natural Liquefeito, no Distrito de

Palma, em Cabo-Delgado,

apresentado pela ANADARKO

Moçambique Área 1. A

auscultação às famílias afectadas

por aquele empreendimento, bem

como às pessoas interessadas pelo

assunto, havia sida marcada para

os dias 16 a 19 de Março de 2015,

nas aldeias de Maganja, Senga,

Quitupo e na Vila sede do

Distrito de Palma.

Em comunicado distribuído em

Maputo, a 12 do mesmo mês, a

empresa revela que o adiamento

resultou da recomendação do

Ministro da Terra, Ambiente e

Desenvolvimento Rural, Celso

Correia, que entende que a acção

deve parar, de modo a alinhar o

processo de licenciamento

daquele Projecto, aos ditames da

lei.

As consultas ora adiadas, que se

seguiriam a outras duas

realizadas em 2014, deveriam

abordar matérias relativas à

indemnizações e compensações

das famílias a serem removidas de

diferentes aldeias da Península de

Afungi, para dar lugar ao

empreendimento.

Como forma de assegurar uma

participação activa e informada,

nas anunciadas audiências

públicas, por parte das famílias

afectadas pelo Projecto, o CTV,

apoiado por três paralegais do

Distrito de Palma, realizou

caravanas jurídicas nas

comunidades de Quitupo, Senga e

Patacua. A acção decorreu entre

os dias 10 a 14 de Marco de 2015 e

consistiu na divulgação da

legislação sobre terras, no que

concerne aos direitos e deveres

dos cidadãos, em relação ao uso e

aproveitamento da terra em áreas

com investimento, bem como dos

princípios e normas estabelecidas

para o cálculo das compensações

e indeminizações, à luz do

Decreto n.º 32/2012, que aprova o

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Boletim Informativo – Terra Viva

Regulamento sobre o Processo de

Reassentamento Resultante de

Actividades Económicas.

As caravanas jurídicas, junto

àquelas comunidades, serviram,

ainda, para auscultar as

inquietações das famílias

afectadas pelo Projecto da

Fábrica de Gás Natural

Liquifeito, surgidas durante o

levantamento sócio-económico

realizado pela ANADARKO,

atinente à sua transferência para

outro lugar, quer das suas

habitações, como das suas

machambas, para dar lugar à

implantação do empreendimento.

A polémica sobre o projecto da

fábrica de liquefacção do gás

natural da Bacia do Rovuma,

gravita em torno do processo de

licenciamento do uso da terra,

contestado pelas comunidades

abrangidas pelo empreendimento

e é tido como controverso e ilegal,

pelas Organizações da Sociedade

Civil, que monitoram a aprovação

do mesmo.

Em Dezembro de 2012, o Governo

atribuiu à Rovuma Basin LNG

Land, empresa pertencente à

ENH e à ANADARKO

Moçambique Área 1, Ltd, o

Direito de Uso e Aproveitamento

da Terra (DUAT), de uma área de

sete mil hectares. As populações

das comunidades abrangidas pelo

projecto dizem não terem sido

devidamente consultadas,

conforme o estabelecido na Lei de

Terras.

No ano seguinte, depois de um

levantamento da situação sócio-

jurídica na Península de Afungi,

onde se pretende erguer a fábrica

de liquefacção do gás natural,

feito pela Plataforma da

Sociedade Civil sobre Recursos

Naturais e Indústria Extractiva,

foram detectadas e denunciadas,

junto das instituições do

Governo, várias irregularidades

legais e de procedimentos,

inerentes ao processo do

licenciamento daquele

empreendimento, as quais violam

a lei e põem em causa os

interesses das comunidades

afectadas.

O adiamento das consultas

públicas sobre o reassentamento

em Palma, ora anunciado, foi

saudado por várias Organizações

da Sociedade Civil que trabalham

na monitoria do processo de

licenciamento daquele

empreendimento.

O CTV, por exemplo,

congratulou o MITADER por

esta medida e aproveitam a

ocasião para solicitar ao Governo

que assegure a realização de

auditorias jurídicas àquele e

outros mega-projectos, de modo a

que sejam urgentemente sanadas

as graves irregularidades

detectadas e denunciadas pela

sociedade civil, um pouco por

todo o país.

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Boletim Informativo – Terra Viva

A instituição reafirma a sua

determinação de contribuir para

uma gestão e administração da

terra e de outros recursos

naturais, baseada em princípios

de Boa Governação, da qual a

Justiça, a Legalidade e a

Participação Pública predominam

e orientam o processo de

desenvolvimento rural.

O CTV acredita que, se o

Governo agir deste modo, será

possível implementar projectos

de investimento público e/ou

privado, no país, de forma efectiva

e sem ilegalidades e conflitos e

prejuízos injustificados, causados

às comunidades rurais, em

particular, e ao Estado, no geral.

Por seu turno, a Plataforma da

Sociedade Civil sobre Recursos

Naturais e Indústria Extractiva,

diz ser imperioso que o Governo

assegure que os projectos de

investimento, baseados na terra,

sejam cumprindo rigorosamente

o estabelecido nas normas e

procedimentos legais vigentes no

país, especialmente os que

acautelam e protegem os direitos

e interesses legítimos dos

cidadãos afectados, bem como o

equilíbrio e a qualidade do

ambiente.

Por: Lino Manuel

Documentário “Quitupo Hoyé” entre os melhores dos Países de

Língua Oficial Portuguesa

A obra cinematográfica

“QUITUPO HOYÉ”, produzida

pelo Centro Terra Viva (CTV), no

âmbito da monitoria dos

processos de licenciamento do

Projecto da Fábrica de Gás

Natural Liquefeito, no Distrito de

Palma, em Cabo-Delgado, irá

representou Moçambique no

Festival de Cinema Itinerante da

Língua Portuguesa FESTIn.

O documentário, lançado a 18 de

Setembro de 2014, em Maputo,

tem como principal enredo os

diferentes momentos da

apresentação pública daquele

projecto, quer às comunidades

afectadas na Península de Afungi

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Boletim Informativo – Terra Viva

onde será implantado, como às

pessoas interessadas na sua

implantação que, na sua maioria,

se encontram na cidade de

Maputo. A realização da referida

película esteve a cargo dos

cineastas moçambicano, Rogério

Manjate e brasileiro, Chico

Carneiro.

A dupla candidatou o

documentário “QUITUPO

HOYÉ”, àquele festival de cinema

dos Países de Língua Oficial

Portuguesa (PALOP), que terá

lugar em Lisboa, de oito a quinze

de Abril de 2015, na sua sexta

edição.

O documentário retratando os

desafios da participação pública

os processos de licenciamento de

grandes empreendimentos

económicos em áreas

comunitárias, em Moçambique,

foi exibido naquele festival anual

de cinema dos PALOP,

conjuntamente com outros 85

filmes seleccionados nos

restantes países de expressão

portuguesa.

O título “ Quitupo Hôye” exalta a

determinação dos moradores da

Aldeia de Quitupo, um dos

povoados afectados pelo projecto

da futura Fábrica de Gás Natural

Liquefeito, na salvaguarda dos

seus direitos adquiridos em

relação à terra e a outros recursos

naturais, em resultado do

aconselhamento e assistência

jurídica do CTV.

Trata-se do segundo

documentário produzido pela

instituição, tendo como pano de

fundo os direitos das

comunidades em relação à terra e

a outros recursos naturais, face à

demanda gerada pelos mega-

projectos, que surgem um pouco

por todo o país. Outras duas

películas de curta-metragem, com

os títulos “Wanbao: O Futuro Que

Não Terei” e “Circular de Maputo:

Mulheres, Reassentamento e

Desenvolvimento”, foram

igualmente produzidas pelo CTV.

Estes materiais audiovisuais são

parte complementar dos

resultados

da monitoria da boa governação,

na área do ambiente, que a

instituição vem desenvolvendo

desde 2011, cujo primeiro

relatório sobre a matéria foi

publicado no ano seguinte, na

Cidade de Maputo.

Por: Lino Manuel e Julieta

Matavele

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Boletim Informativo – Terra Viva

Sociedade Civil defende Gestão e Administração de Terras mais aperfeiçoada

A crescente procura de extensas

áreas de terra, para grandes

investimentos económicos no país,

exige medidas de gestão e

administração de terras funcionais,

para que a maioria da população

que ocupa a terra, segundo normas

e práticas costumeiras, não perca o

direito de uso e aproveitamento

deste recurso tão importante.

Esta posição foi defendida, em

Maputo, por estudiosos do Sector

de Terras, durante um debate

público sobre o papel da gestão e

administração de terras e o seu

impacto no desenvolvimento rural

no país.

O evento, teve lugar no dia 26 de

Março de 2015, no anfiteatro do

Museu de História Natural da

Universidade Eduardo Mondlane,

na capital do país, e reuniu cera de

quarenta participantes, entre

académicos, estudantes do ensino

superior e representantes de

algumas instituições públicas e da

sociedade civil. O mesmo foi

organizado pelo Centro Terra Viva

(CTV), em parceria com o

Observatório do Meio Rural

(OMR).

Falando na ocasião, o Engenheiro,

João Carrilho, da OMR, que foi o

principal orador da palestra, disse

que o aumento da demanda pela

terra e outros recursos naturais,

em Moçambique, tem levado à

adopção, por parte de alguns

agentes do Estado, de

procedimentos não recomendados,

do ponto de vista legal.

Referiu que alguns projectos que

requerem grandes extensões de

terra, são licenciados sabendo-se,

de antemão, que não vão usá-la na

totalidade, acabando esta por se

tornar ociosa. “Por exemplo, se

alguém solicita duzentos mil (200

000) hectares para agricultura, é

preciso analisar bem o pedido,

antes de o aprovar, sob o risco de

grande parte desta terra não vir a

ser usada”.

Um dos exemplos apontados pelo

orador é o do Regadio de Chókwè

cuja extensão é de trinta mil (30

000) hectares que, até ao

momento, não estão a ser

aproveitados integralmente.

A fonte sublinhou que a ausência

de um regime de propriedade e de

gestão da terra, que melhor

promove o investimento, a partilha

de benefícios, a cidadania e o

envolvimento dos cidadãos na

protecção dos seus direitos em

relação à terra e a outros recursos

naturais influenciava,

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Boletim Informativo – Terra Viva

negativamente, o desenvolvimento

rural, no país.

Segundo o orador, a situação exige

uma reflexão profunda sobre a

centralização e/ou

descentralização, democracia e/ou

autocracia do sistema de gestão e

administração de terras em

Moçambique.

Num outro desenvolvimento, João

Carrilho, referiu que, apesar da

disponibilidade de terra, no país,

estimada em 80 milhões de

hectares, dos quais 36 milhões são

de terra arável, apenas 15% desta

área está em uso.

Outro aspecto deplorado, é o facto

de a maioria da população

moçambicana estar a ocupar a

terra segundo as normas e práticas

costumeiras e, apenas três por

centos (3%) dos cidadãos possuir

Títulos de Uso e Aproveitamento

da Terra (DUAT’s), concedidos

pelos órgãos do Estado.

Não obstante a Lei de Terras,

estabelecer que o direito de uso e

aproveitamento da terra, adquirido

por ocupação segundo as normas e

práticas costumeiras iguais e , em

peso e validade, aos direitos por

autorização concedida pelos

órgãos do Estado. Este princípio

legal não tem sido observado,

quando os investimentos são

direccionados para áreas ocupadas

pelas comunidades locais que, na

sua maioria, não possuem DUAT.

O problema não somente afecta as

famílias, de forma individual, como

também as comunidades, disse o

orador. Segundo ele, de um total

de quatro mil (4000) comunidades

existentes no país, apenas

seiscentas (600) estão delimitadas

e, o total da área delimitada é de

três milhões hectares. Lamentou

ainda a inexistência de áreas de

domínio público comunitário e

autárquico, factores considerados

importantes para a gestão da terra

em Moçambique.

A fonte salientou que a

delimitação de terras tem uma

importância peculiar na

planificação do desenvolvimento

das comunidades, na medida em

que faculta o zoneamento de áreas

em função das aplicações que se

pretender dar habitação,

agricultura, ou outra finalidade.

Ressaltou que, não obstante esta

medida caber nas competências do

Estado, à luz da divisão territorial,

a maior parte dos custos inerentes

ao processo de delimitação de

áreas comunitárias é arcado pelas

organizações não governamentais,

incluindo o CTV.

Por sua vez Alda Salomão,

Directora Geral desta instituição,

que falava à imprensa momentos

antes do início do debate, afirmou

ser necessário respeitar as decisões

reflectidas nos planos de

ordenamento e zoneamento

territorial.

No seu entender, os planos de

ordenamento territorial são

instrumentos de orientação e o seu

cumprimento é obrigatório e, por

isso, não é concebível que os

agentes do Estado encaminhem

projectos, sejam eles públicos ou

privados, para um lugar ou para

outro, sem antes olharem para

aqueles instrumentos.

Por: Julieta Matavele e Lino

Manuel

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Boletim Informativo – Terra Viva

Ministro da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural visita escritório do CTV em Maputo

O titular da pasta da Terra,

Ambiente e Desenvolvimento

Rural (MITADER), Celso

Correia, realizou, no dia 5 de

Março de 2015, uma visita de

cortesia ao escritório sede do

Centro Terra Viva (CTV) na

cidade de Maputo e, inteirou-se

do funcionamento da instituição.

Celso Correia é o primeiro

governante a visitar o CTV em

doze anos de sua existência. Em

conversa com os membros da

Direcção Executiva e alguns

técnicos da instituição, Correia

disse que o CTV conquistou

reconhecimento público pelo

trabalho que desenvolve.

Para a Directora Geral desta

organização não governamental,

Alda Salomão, este

reconhecimento trouxe ânimo,

esperança e encorajamento para

que a instituição possa prosseguir

com o trabalho que desenvolve.

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Boletim Informativo – Terra Viva

Portucel busca sinergias para um bom relacionamento com as comunidades locais

A empresa Portucel Moçambique

diz estar interessada em criar

boas relações com as

comunidades afectadas pelo seu

projecto de plantação de

eucalipto, nas províncias de

Manica e Zambézia, destinado à

produção de pasta de papel e

energia eléctrica, a partir de 2023.

Para materializar este objectivo, a

firma procura sinergias, junto das

Organizações da Sociedade Civil

com experiência no

desenvolvimento comunitário,

para apoiar a empresa a

implementar a sua Estratégia de

Relacionamento com as

Comunidades residentes nas

áreas que lhe foram

concessionadas pelo Estado.

Refira-se que a Portucel

Moçambique detém o Direito de

Uso e Aproveitamento da Terra

(DUAT) de parcelas, localizadas

nas províncias de Manica e da

Zambézia, que totalizam

trezentos e cinquenta e seis mil

(356.000) hectares.

As áreas da Portucel em Manica,

abrangem os Distritos de Báruè,

Manica, Gondola, Sussundenga e

Mossurize, perfazendo cento e

setenta e três mil (173,000)

hectares de terra e, na Zambézia,

os distritos de Namarrói e Ile,

numa extensão de cento e oitenta

e três mil (183.000) hectares. Nas

duas províncias, o número de

famílias que vivem no interior das

parcelas, cujo direito de uso e

aproveitamento da terra foi

atribuído àquela empresa, é

estimado em vinte e cinco mil

agregados.

Segundo, Lucrécia Wamba,

Directora de Relações com as

Comunidades naquela empresa, a

plantação de eucalipto, que

poderá arrancar ainda este ano,

será feita de forma progressiva,

em apenas dois terços da área

total, mantendo as comunidades

nas restantes parcelas, como

forma de preservar as suas áreas

de habitação, de produção

agrícola e de locais de culto ou de

provisão de serviços ambientais,

tais como florestas, cursos de

água, entre outros.

Falando em Maputo, num

encontro com as Organizações da

Sociedade Civil, Lucrécia Wamba

adiantou que, para assegurar boas

relações com as comunidades, a

Portucel Moçambique criou

alguns instrumentos

orientadores. Estes compreendem

um Plano de Comunicação Social,

Manual de Procedimentos de

Acesso à Terra, Mecanismo de

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Boletim Informativo – Terra Viva

Gestão de Relações com as

Comunidades e o Programa de

Desenvolvimento Social.

O interesse da Portucel

Moçambique em manter um bom

relacionamento com as

comunidades, coincide com a

preocupação das Organizações da

Sociedade Civil no geral e do

CTV em particular, que é de

assegurar que os projectos de

desenvolvimento no país sejam

implementados dentro do quadro

legal, com menor perturbação

social, respeitando os direitos

adquiridos das comunidades em

relação à terra e outros recursos

naturais.

A operacionalização do Programa

de Desenvolvimento Social da

Portucel, anunciado para breve,

poderá envolver algumas

Organizações da Sociedade Civil,

com experiência reconhecida no

reforço das capacidades de

liderança e participação das

comunidades, planeamento da

utilização da terra e na promoção

dos direitos e deveres destas em

relação à terra e a outros recursos

naturais, disse, Lucrécia Wamba.

No encontro entre a Portucel e a

Sociedade Civil, havido no dia 21

de Janeiro de 2015, foram

levantadas algumas questões,

relacionadas com os

procedimentos legais que teriam

sido seguidos pela empresa para a

obtenção do DUAT.

A Directora Geral do Centro

Terra Viva (CTV), Alda Salomão,

solicitou, por exemplo,

informação adicional em relação

às questões que terão sido

levantadas durante as consultas

comunitárias para a atribuição da

licença do uso da terra, tendo em

conta que o projecto ocupa áreas

muito vastas. “Eu gostaria de

perceber como é que este licenciamento

do uso da terra aconteceu, quais são as

questões que foram levantadas pelas

comunidades e como é que se chegou aos

acordos”, questionou. Ela disse

também não ter havido

informação suficiente, durante a

apresentação do projecto, quanto

às questões ecológicas

relacionadas com o

empreendimento e que tenham

sido levantadas pelas

comunidades ou por outras

pessoas que participaram nas

consultas. “Gostava de perceber como

é que estes projectos, que ocupam vastas

áreas de terra, integrados nos Planos

Distritais de Uso da Terra e nos Planos

Estratégicos de Desenvolvimento dos

Distritos onde a ser implementados,

para termos a certeza de que não há

conflitos, que podem ser até com o

próprio Estado”, perguntou A.

Salomão.

Não obstante a Portucel afirmar

que não haverá conflitos de terra,

nas áreas do projecto, um estudo

mencionado no encontro, pela

União Nacional dos Camponeses

(UNAC), mostrou haver focos de

tensão por, alegadamente, as

comunidades terem sido aliciadas

a ceder as suas parcelas à

companhia, com base em

promessas de emprego.

Por: Lino Manuel e Julieta

Matavele

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Boletim Informativo – Terra Viva

CTV termina mandato como instituição hospedeira do Secretariado da

Plataforma da Sociedade Civil sobre Recursos Naturais e Indústria

Extractiva

O Centro Terra Viva (CTV)

cessou, a 30 de Junho de 2015,

funções como instituição

hospedeira do Secretariado da

Plataforma da Sociedade Civil

sobre Recursos Naturais e

Indústria Extractiva, que vinha

assumindo desde Abril de 2013.

A medida surge por ter chegado

ao término do mandato e por

deliberação da 3ª Assembleia

Geral ordinária da Plataforma,

reunida no dia 30 de Março de

2015, onde o Centro de

Integridade Pública (CIP) como

nova instituição hospedeira.

O CTV mantém-se, nos órgãos

gestores da Plataforma, como

membro do Grupo de

Coordenação.

Refira-se que a Plataforma da

Sociedade Civil sobre Recursos

Naturais e Indústria Extractiva

foi constituída em 2011, com o

objectivo de promover a

participação, a transparência e a

sustentabilidade na exploração e

utilização dos recursos naturais

em Moçambique.

Por: Manuela Wing e Lino

Manuel

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Boletim Informativo – Terra Viva

Sociedade Civil repudia assassinato Do Professor Cistac e exige celeridade

no esclarecimento do crime

As Organizações da Sociedade

Civil Moçambicanas (ONGs)

exprimiram nesta terça-feira, 10

de Março de 2015, na Cidade de

Maputo, a sua repugnância face

ao assassinato bárbaro do

Professor Doutor Gilles Cistac,

ocorrido no dia 03 do mesmo mês,

na capital do país.

Em mensagem apresentada,

durante o velório do académico,

realizado no Centro Cultural

Universitário da Universidade

Eduardo Mondlane, as ONGs

nacionais expressaram a sua

profunda consternação, repúdio e

condenação contra aquele acto

criminal.

Adiantaram que o mesmo foi

encomendado e praticado por

pessoas sem escrúpulos, que,

frontalmente, desafiam a

sabedoria e a nobreza dos homens

e mulheres livres, que insistem

em honrar e proteger a

independência e a Constituição

do país.

Na ocasião, exigiram celeridade e

integridade dos órgãos de

administração da justiça, no

esclarecimento daquele crime,

augurando que não seja mais um

assassinato que vai engrossar a

lista dos moçambicanos mortos

sem que, até ao momento, alguém

tenha sido responsabilizado.

As ONGs afirmaram, no seu

elogio fúnebre, que aqueles que

estão contra a liberdade e a

dignidade dos moçambicanos,

encontraram na violência e no

terror das armas, a força para

silenciar o Professor Cistac e, por

via disso, tentar ameaçar e

silenciar, cobardemente, todos os

moçambicanos livres e

interventivos.

Adiantaram que o assassinato do

Professor Cistac parece

enquadrar-se na velha estratégia

de eliminar um, para silenciar

muitos, ressalvando que, a força

de uma nação não se pára, nem

com a violência das armas, pois,

no caso vertente, calaram uma

voz, mas no lugar dela,

levantaram-se milhares de outras.

A terminar, anunciaram que a

luta por um Moçambique melhor

para todos vai continuar.

Por seu turno, a Ordem dos

Advogados, disse que com o

assassinato do Professor Cistac, o

Direito e a Advocacia em

Moçambique ficaram mais

pobres.

Lançou um apelo ao Estado para

não tolerar que quem não fôr

capaz de arrebatar um

argumento, com que não estiver

de acordo, lhe seja permitido usar

a intolerância, o insulto e a

depreciação, contrariando a ideia

de que a força da lógica deve

prevalecer à lógica da força.

Para a Ordem dos Advogados,

enquanto não se conhecem as

motivações do assassinato do

Professor Cistac, ninguém dotado

de razoável discernimento pode

não supor que o móbil do crime

contra ele esteja ligado aos seus

pronunciamentos públicos que

terão, quiçá, ofendido aos

inimigos da liberdade de

expressão e de opinião.

Aquela associação

sócioprofissional considera que,

enquanto não se provar o

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Boletim Informativo – Terra Viva

contrário, o Professor Cistac é um

mártir da intolerância política em

Moçambique, que pretende matar

a cidadania activa.

Muitas outras mensagens,

destacando as qualidades

académicas e profissionais do

malogrado, foram apresentadas

naquela cerimónia de sua

despedida, que contou com a

presença de pouco mais de mil

pessoas.

Depois de velado em Maputo, o

corpo do Professor Gilles Cistac,

seguiu, no dia 11 de Março de

2015, para Toulouse, na França,

sua terra natal.

Por: Lino Manuel

Carapaças de Tartarugas Marinhas comercializadas ilegalmente na feira de

artesanato em Maputo

Pelo menos três carapaças de

Tartarugas Marinhas da espécie

(Eretmochelys imbricata),

vulgarmente conhecidas por bico-

de-falcão, foram encontradas à

venda, no dia 15 de Fevereiro de

2015, na feira de artesanato, flores

e gastronomia, localizada junto ao

Parque dos Continuadores, na

capital do país.

O local, acolhe artesãos e

vendedores de diversos artigos de

artesanato e é bastante

concorrido, aos finais de semana,

por cidadãos nacionais e

estrangeiros que procuram peças

de arte, feitas no nosso país.

Na banca, onde as três carapaças

foram encontradas, havia outros

artigos de adorno, feitos com base

naquele material, tais como

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Boletim Informativo – Terra Viva

pentes, pulseiras e bijutaria

diversa.

As referidas carapaças eram de

juvenis daquela espécie, com

menos de 40 centímetros de

comprimento, e, segundo a

vendedeira das mesmas, que falou

ao Centro Terra Viva (CTV) em

anonimato, foram compradas na

província de Nampula para serem

comercializadas em Maputo, ao

preço de aproximadamente mil

meticais por unidade.

Questionada se sabia que as

Tartarugas Marinhas são espécies

protegidas por lei, cuja captura e

venda são proibidas, a nossa

interlocutora disse que não.

Acrescentando, revelou que

sempre que ouvisse falar de

espécies protegidas pensava que

se referisse, apenas, ao elefante e

ao rinoceronte. Refira-se que o

Governo de Moçambique

declarou as Tartarugas Marinhas

como espécies protegidas, através

dos Decretos 51/1999, de 31 de

Agosto, 12/2002, de 6 de Junho e

45/2006, de 30 de Novembro,

referentes aos Regulamentos de

Pesca Recreativa e Desportiva,

Florestas e Fauna Bravia e para a

Prevenção da Poluição e

Degradação do Ambiente

Costeiro e Marinho,

respectivamente. Contudo, a

venda de carapaças de Tartarugas

Marinhas ou de artigos de adorno

feitos a partir destes animais,

apesar de ilegal, é frequente nas

principais cidades do país e

ocorre fora do controlo das

autoridades governamentais

competentes.

Por: Raquel Fernandes

Consciencialização ambiental antecede início da campanha de Pesca de

Camarão no banco de Sofala

Cerca de cinquenta (50)

armadores e capitães de

embarcações de pesca de arrasto

de camarão, que operam no Banco

de Sofala, a partir do Porto da

Beira, participaram numa palestra

sobre pesca responsável,

promovida pela Administração

Nacional das Pescas (ADNAP),

em parceria com a WWF-

Moçambique e o Centro Terra

Viva (CTV).

O evento, teve lugar no dia 25 de

Fevereiro de 2015, na Cidade da

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Boletim Informativo – Terra Viva

Beira, na véspera do fim do defeso

do camarão, no Banco de Sofala,

decretado em Outubro de 2014. A

campanha de captura daquele

crustáceo, naquela região do país,

iniciam oficialmente a 2 de Março

do corrente ano.

No período que antecede o

arranque desta actividade, a

ADNAP tem promovido

encontros de reflexão, com

operadores industriais, semi-

industriais e artesanais, que

capturam camarão na região entre

a foz do Rio Save, na Província de

Inhambane e o Distrito de

Angoche, em Nampula, em torno

das boas práticas de pesca, de

modo a tornar aquela actividade

sustentável. A iniciativa insere-se

no âmbito da campanha de pesca

responsável, lançada no ano,

passado pelo então Ministro das

Pescas, Victor Manuel Borges.

No encontro realizado na Cidade

da Beira, os pescadores de

camarão tiveram a oportunidade

de discutir aspectos ligados à

nova Lei das Pescas, além de

outras matérias, com destaque

para a ecologia e conservação de

Tartarugas Marinhas, numa

apresentação feita pelo CTV.

A inclusão do tema, naquele

encontro, justificou-se pelo facto

e a pesca de arrasto de camarão

ser um dos factores de risco que

afecta a sobrevivência das

Tartarugas Marinhas, em

Moçambique.

Dados do Instituto de

Investigação Pesqueira (IIP)

indicam que, anualmente, são

capturadas acidentalmente entre

mil e setecentas (1700) a duas mil

e quinhentas (2500) Tartarugas

Marinhas, durante a pesca do

camarão.

Os pescadores de camarão que

usam o porto da Beira como

ponto de partida e chegada

debruçaram-se, ainda, sobre a

obrigatoriedade do uso de

dispositivos de exclusão de

Tartarugas Marinhas, acoplados

às redes de arrasto, bem como da

importância do defeso do

camarão para a vida das

Tartarugas Marinhas.

Por: Lino Manuel

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Boletim Informativo – Terra Viva

Care Dinamarca envia Embaixadores de Boa Vontade à Moçambique

A Organização não

Governamental internacional

CARE enviou, da Dinamarca, seis

(6) Embaixadores de Boa

Vontade à Moçambique, numa

missão de avaliação do trabalho

desenvolvido pela instituição

congénere no país e, por outras da

sociedade civil moçambicana, que

actuam nas áreas do

desenvolvimento comunitário e

de justiça social.

O Centro Terra Viva (CTV) foi

uma das instituições visitadas, no

dia 20 de Março de 2015, depois

da Organização de Ajuda Mútua

(ORAM), ambas na Cidade de

Maputo.

Os Embaixadores de Boa

Vontade, dinamarqueses, haviam

estado antes, nas províncias de

Nampula e Cabo Delgado, onde

visitaram algumas comunidades

dos Distritos de Namialo e

Chiúre, respectivamente que

beneficiam do apoio da CARE

Moçambique, com fundos da

Dinamarca.

No escritório do CTV, os seis

Embaixadores de Boa Vontade,

daquele país europeu, que se

faziam acompanhar por alguns

membros da Plataforma da

Sociedade Civil sobre Recursos

Naturais e Indústria Extractiva,

inteiraram-se do trabalho

desenvolvido por esta instituição,

em particular e pelo grupo das

ONGS que compõem a

plataforma, com o apoio da CARE

Moçambique.

A capacitação de paralegais da

província de Tete, seguida da

legalização da respectiva

associação, levadas a cabo pelo

CTV em 2013 e a realização da

segunda Assembleia Geral da

Plataforma da Sociedade Civil

sobre Recursos Naturais e

Indústria Extractiva, em meados

de 2014, foram algumas das

acções apresentadas.

Durante a conversa entre os

visitantes e os técnicos do CTV,

foram afloradas outras acções

desenvolvidas pela instituição,

como por exemplo, a monitoria

dos processos de licenciamento

dos mega-projectos, titulação de

terras comunitárias e o

aconselhamento e assistência

jurídica às comunidades.

Este conjunto de actividades

impressionou os Embaixadores

de Boa Vontade dinamarqueses,

que as consideraram necessárias,

tendo em conta as fragilidades do

país na implementação da

legislação agrária e a actual

demanda pela terra para grandes

investimentos estrangeiros, num

ambiente de corrupção e pobreza,

principalmente no meio rural.

Por: Lino Manuel e Manuela

Wing

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Boletim Informativo – Terra Viva

SEKELEKANI cria Agência de notícias para disseminar informação sobre o trabalho das

ONG’s

O Centro de Estudos e Pesquisa

de Comunicação SEKELEKANI

apresentou, em Maputo, um

portal de notícias destinado à

difusão de informação de

interesse geral, sobre as acções

das Organizações da Sociedade

Civil, nas suas diferentes áreas de

intervenção.

Denominada CIVILINFO, a nova

terminal informativa, via internet,

foi posta à disposição das

organizações da Sociedade Civil,

no dia 12 de Fevereiro de 2015,

numa cerimónia orientada pelo

Presidente do SEKELEKANE,

Jamisse Taimo, coadjuvado pelo

Director Executivo daquele

Centro, Tomás Vieira Mário.

A iniciativa visa tornar as

intervenções das Organizações da

Sociedade Civil e seus impactos

mais visíveis, através de um

processo de mediação com os

órgãos de comunicação social

convencionais ou tradicionais,

para que os possam disseminar,

com frequência, para o grande

público.

Dirigindo-se aos participantes do

evento, na sua maioria

representantes das Organizações

da Sociedade Civil, nacionais e

estrangeiras, Taimo disse que o

portal surge em resposta ao défice

de informação sobre as

actividades das ONG’s, nos

órgãos de comunicação

convencionais. Segundo ele, estes

prestam maior atenção aos

eventos de natureza política,

sobretudo, aqueles que ocorrem

na capital do país.

A fonte acrescentou que, “ mesmo

quando reportam assuntos políticos, o

seu foco recai sobre personalidades ou

dirigentes e muito pouco sobre os

impactos das decisões destes, ao nível

dos cidadãos”.

Perante este cenário, “ várias

Organizações da Sociedade Civil

encorajaram-nos a pensar num projecto

de comunicação com potencial para

mitigar este "blackout" informativo, a

que a média convencional nos condena

há vários anos”, frisou, Jamisse

Taimo.

Por seu turno, Tomás Vieira

Mário convidou as ONG’s

nacionais e estrangeiras, que

operam em Moçambique, a

canalizarem informação à

CIVILINFO a fim de ser

processada, em forma de notícia e

postada no portal. Os títulos das

notícias e os parágrafos iniciais

das mesmas, também conhecidos

por "Lead’s" serão enviados, por

correio electrónico, aos editores

dos órgãos de informação

convencionais, com a indicação

do endereço electrónico do

portal, onde as estórias poderão

ser encontradas na íntegra.

Por: Lino Manuel

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Boletim Informativo – Terra Viva

Citadinos de Maputo recolhem cacos de vidro na Praia da Costa do sol

Cerca de três toneladas de cacos

e/ou garrafas de vidro foram

recolhidas das margens da Praia

da Costa do Sol, na zona entre a

Miramar e Costa do Sol, durante

uma jornada de limpeza àquela

zona costeira, realizada a, 18 de

Abril de 2015.

O evento, denominado “Operação

Caco”, juntou aproximadamente

mil citadinos da capital e foi

promovido pelo Instituto

Superior MONITOR, que

convidou vários outros

intervenientes, entre instituições

públicas, representações

consulares, estabelecimentos de

ensino superior, organizações da

sociedade civil e voluntários.

A iniciativa surgiu no âmbito das

celebrações do Dia Internacional

da Terra que, se assinalou a 22 de

Abril, e teve o apoio do Conselho

Municipal da Cidade de Maputo

e de dezasseis empresas nacionais

do sector privado.

A campanha de recolha de cacos

e/ou de garrafas de vidro, na

Costa do Sol, tinha como

objectivo alertar os cidadãos

sobre o perigo que estes resíduos

representam para os utentes da

praia e despertar a consciência

dos munícipes de Maputo, em

relação ao seu comportamento

perante o lixo em lugares

públicos.

Os cacos e as garrafas recolhidos

foram acondicionados em

contentores da Associação

Moçambicana de Reciclagem

(AMOR) e, posteriormente, serão

usados por um grupo de artistas,

para a edificação de uma

escultura implantada num ponto

estratégico, ao longo da marginal,

na zona da Costa do Sol.

Com a futura obra de arte

pretende-se, por um lado, mostrar

aos utentes da praia da Costa do

Sol o quão grande é a sua pegada

ecológica, que surge com a

deposição de garrafas de vidro e

de outro tipo de lixo, em locais

impróprios, ao longo da praia e,

por outro lado, reutilizar os

resíduos de vidro recolhidos,

como uma das medidas de gestão

ambiental.

Por: Manuela Wing e Lino

Manuel

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Boletim Informativo – Terra Viva