CUIDADOS COM A DENTIÇÃO EM PERÍODO ESCOLAR:...
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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA
SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE
ELAINE DE SÁ CHAVES
CUIDADOS COM A DENTIÇÃO EM PERÍODO ESCOLAR:
ORIENTAÇÕES PARA PROFESSORES
VOLTA REDONDA
2011
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA
SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE
CUIDADOS COM A DENTIÇÃO EM PERÍODO ESCOLAR:
ORIENTAÇÕES PARA PROFESSORES
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do
Meio Ambiente como requisito parcial para obtenção
do título de Mestre em Ciências.
Aluna: Elaine de Sá Chaves
Orientador(es): Profª. DrªValéria da Silva Vieira
Profª. DrªRosane M. S. de Meirelles
VOLTA REDONDA
2011
FICHA CATALOGRÁFICA
Gabriela Leite Ferreira
Bibliotecária – CRB7/RJ: 5521
C512c Chaves, Elaine de Sá. Cuidados com a dentição em período escolar : orientações para professores / Elaine de Sá Chaves. – Volta Redonda: UniFOA, 2011. 75 f. : il. + apêndices Dissertação (Mestrado Profissional) -- Centro Universitário de Volta Redonda -- UniFOA. Pós-graduação em Ensino de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, 2011. Orientador: Profª Dra.Valéria da Silva Vieira e Profª Drª Rosane M. S. de Meirelles.
1. Traumatismo dental. 2. Higiene bucal – Ensino fundamental. I. Título.
CDD –
FOLHA DE APROVAÇÃO
Elaine de Sá Chaves
Cuidados com a dentição em período escolar:
Orientações para professores.
Orientador(es):
Profª. Drª. Valéria da Silva Vieira
Profª. Drª. Rosane M. S. de Meirelles
Banca Examinadora:
________________________________
Profª. Drª. Rosane M. S. Meirelles (MECSMA - Presidente)
________________________________
Prof. Dr. Sileno Corrêa Brum (USS - Membro)
________________________________
Profª. Drª. Maria de Fátima Alves de Oliveira (MECSMA - Membro)
________________________________
Profª. Drª. Denise Celeste Godoy Rodrigues (MECSMA - Revisora e Suplente
interno)
________________________________
Prof. Dr. Sérgio Cury (Unifoa - Suplente externo)
Dedico esta dissertação aos meus pais, minha filha e Bete que
participaram ativamente desta fase da minha vida, que me levantaram
quando pensei em fraquejar e me aplaudiram nos momentos de glória.
Obrigada Pai.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os professores do curso de mestrado
pela oportunidade de convivência, tendo me
proporcionado um grande crescimento profissional.
Agradeço a todos os funcionários, pela paciência e
simpatia com a qual fui recebida e tratada no decorrer
destes anos. Agradeço a Profª. Drª. Valéria Vieira, minha
orientadora. Uma mulher admirável, detentora de um
grande conhecimento, que participou ativamente de
todas as etapas na confecção da “nossa” dissertação.
Obrigada por tudo Valéria, você para mim será sempre
um bom exemplo. Agradeço a Profª. Drª. Rosane
Meirelles por todo auxílio e demonstrações de apoio,
meu eterno agradecimento e consideração. Agradeço
minha grande amiga Alessandra Streva, por sempre
estar ao meu lado. Agradeço ao meu grande mestre e
amigo Sileno, por estar sempre ao meu lado me
consolando nos momentos difíceis e festejando nos
momentos de alegria.
RESUMO
Os professores são profissionais que podem influenciar positivamente os alunos
quanto à saúde bucal, sendo que na primeira fase de ensino fundamental são na
maioria das vezes, considerados referenciais. Além disso, as crianças de 6 a 10
anos são as que correm maior risco de traumatismos e apresentam maior freqüência
de perda precoce de primeiro molar permanente devido ao desenvolvimento de
cárie. Assim, o conhecimento dos professores sobre esse assunto é importante,
considerando que o prognóstico dos casos clínicos envolvendo traumatismo dental é
determinado pelo socorro imediato e a prevenção de cárie é determinada
principalmente pela higienização correta. O presente estudo foi realizado com o
intuito de avaliar o conhecimento de professores da primeira fase do ensino
fundamental de algumas escolas particulares e municipais do município de Volta
Redonda – RJ, sobre higiene bucal e traumatismo dental, assim como fornecer um
material para instruir esses profissionais. Para tanto, foi aplicado um questionário
para trinta professores, de seis colégios previamente selecionados, contendo dez
perguntas objetivas e discursivas e suas respostas devidamente tabuladas e
analisadas. Foi então, fornecido a estes professores um jogo da memória, como
subsídio para utilização em atividades em sala de aula visando à apresentação de
informações sobre o tema de uma forma lúdica, além de um manual de instruções,
onde o professor teria em mãos informações mais detalhadas sobre o assunto. Para
avaliar o manual, após dois meses da primeira etapa, foi solicitado aos professores
que preenchessem o mesmo questionário. Verificou-se que na primeira fase os
professores não tinham informações necessárias sobre o tema e após a utilização
do jogo e do manual, foi possível observar uma melhora nas orientações dos
professores para seus alunos nos atos diários como higiene bucal e em suas
atitudes em caso de se depararem com um traumatismo dental. Sugerimos que tal
prática educativa é relevante para o ensino de ciências, uma vez que o tema deve
ser abordado em sala de aula e discutido entre docentes e discentes para uma
melhor observação da saúde bucal.
Palavras – chave: Traumatismo dental, higiene bucal e ensino fundamental.
ABSTRACT
Teachers are professionals that can positively influence their students in regard to
the oral hygiene, and, in the elementary school, they are normally a reference to
them. Besides, children, in the age of six to ten years old, are those with the higher
risk to have traumatism and high frequency of early loosing of their first permanent
molar, due to development of caries. So, having a good knowledge about this
subject, is very important for teachers, once prognostics of clinical cases, related to
the dental injury, is directly determinate by the immediate assistance, and cavity
prevention is mostly related to the correct hygiene. This study was done with the
purpose of evaluate the level of knowledge of the teachers from both, private and
public elementary schools of Volta Redonda – RJ, regarding mouth hygiene and
dental injuries, and somehow, a way of instructing them in how to proceed. To
achieve that goal we submit thirty teachers, from six previously selected schools, to a
survey of ten specific questions. Their answers were properly tabulated and
analyzed. Next step was to distribute, to these teachers a memory game, like a
subsidy to use in activities in the classroom aiming at presentation of information,
where the children could learn in a pleased way, about this important subject, beyond
to the teachers an instruction manual, where they could obtain more detailed
information about oral hygiene. In order to evaluate the efficiency of the instruction
manual, after two months of the first stage, the same teachers were again submitted
to the same survey. We could observe that the methodology was good to improve the
teachers knowledge, once their answers, in the first survey showed a lack of
knowledge, compared with their second answers, where they showed better
positioning, concerning their directions to the student’s mouth hygiene and how they
should behave, in case of a dental injury. We suggest that this educative practice is
relevant to the science teaching, once that the theme must be approached in
classroom and discussed between teacher and students to a better observation of
oral health.
Key words: Dental injury, oral hygiene and elementary school.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................10
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................12
2.1 A EDUCAÇÃO FORMAL BRASILEIRA.......................................................................12
2.2 A CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO .....................................................................15
2.3 UTILIZAÇÃO DE JOGOS NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM................................16
2.4 SAÚDE BUCAL.....................................................................................................19
2.5 DESENVOLVIMENTO BUCAL..................................................................................21
2.6 TRAUMATISMO DENTAL .......................................................................................24
2.7 OS PROFESSORES E SEUS CONHECIMENTOS SOBRE SAÚDE BUCAL TRAUMATISMO
DENTAL.....................................................................................................................27
3. OBJETIVOS..........................................................................................................33
3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................33
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................33
4. DESENHO METODOLÓGICO..............................................................................34
4.1 ANÁLISE DOS CONHECIMENTOS DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE
SAÚDE BUCAL E TRAUMATISMO DENTAL NA CIDADE DE VOLTA REDONDA – RJ................34
4.2 ELABORAÇÃO DE DOIS PRODUTOS PARADIDÁTICOS SOBRE SAÚDE BUCAL E
TRAUMATISMO PARA OS PROFESSORES E ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.................35
4.3 REAVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PROFESSORES APÓS A UTILIZAÇÃO DO
MATERIAL PARADIDÁTICO FORNECIDO. ........................................................................35
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................36
5.1 ANÁLISE DO CONHECIMENTO DOS PROFESSORES ..................................................36
5.2 ELABORAÇÃO DO MANUAL E DO JOGO ...................................................................46
5.3 RETORNO ÀS ESCOLAS QUE UTILIZARAM O MATERIAL .............................................50
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................55
7. CONCLUSÕES.....................................................................................................56
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................57
APÊNDICES .............................................................................................................65
ANEXOS…………………………………………………………………………................75
10
1. INTRODUÇÃO
A motivação para realização deste estudo iniciou-se por meio da prática
odontológica, onde foram observados muitos insucessos nos casos clínicos
envolvendo traumatismo dental, bem como uma alta incidência de cárie dentária nos
primeiros molares permanentes, na faixa etária de seis a dez anos de idade.
Aproximadamente aos seis anos de idade ocorre a erupção dos incisivos
permanentes superiores e por isto nesta fase os tecidos de suporte ainda estão em
formação podendo gerar em caso de traumatismo, uma avulsão. Avulsão é a saída
total do dente do interior da boca. Nesta fase as crianças são incentivadas a práticas
esportivas e recreações aumentando o risco de traumatismos. Nesta faixa etária
ocorre também a erupção dos primeiros molares permanentes. Na arcada de uma
criança todos os dentes decíduos (chamados “de leite”) são substituídos pelos
permanentes e neste caso os primeiros molares permanentes são os primeiros
dentes a nascer sem que ocorra esta substituição, e sua localização atrás de todos
os dentes decíduos pode gerar confusão nos responsáveis não higienizando de
forma adequada. Este dente por um período de seis meses fica abaixo da linha de
oclusão e parcialmente coberto por gengiva podendo gerar cárie e perda precoce
ocasionando futuramente problemas oclusais.
O prognóstico do traumatismo dental é determinado principalmente pelo
socorro imediato e pela forma de armazenamento do dente, que muitas vezes não
acontece ou acontece de forma inadequada, devido ao desconhecimento das
pessoas leigas. Já a cárie que pode levar à perda precoce dos primeiros molares
permanentes é prevenida através da utilização de métodos de higienização que
consistem da escovação e uso de fio dental. Existem vários estudos onde os autores
avaliaram o conhecimento das pessoas em saúde bucal e traumatismo, porém, os
mesmos não disponibilizaram quaisquer materiais sobre o assunto para instruir e
motivar a população.
11
Ainda no âmbito da prática profissional relacionada ao traumatismo dental
e à cárie dentária, percebe-se que as crianças de até oito anos de idade,
frequentemente precisam de primeiros socorros e prevenção da saúde bucal.
Associando esta prática ao desejo de fornecer informações adequadas
sobre saúde bucal e primeiros socorros aos docentes de Ensino Fundamental (1º
segmento) foram eleitos como o público alvo para este estudo, pois nesta fase
atuam como formadores de opiniões e exemplos para seus alunos.
12
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A Educação Formal Brasileira
No sistema Educacional Brasileiro é plausível considerar que os
professores de ensino fundamental atuam, muitas vezes, como determinantes não
só no aprendizado do conteúdo ministrado, mas, também, como formadores de
opiniões e hábitos de seus alunos. No entanto, a formação destes profissionais de
ensino privilegia, basicamente, a transmissão de conceitos teóricos, numa
perspectiva ainda behavorista, não sugerindo que os mesmos enfatizem o aluno
como um todo (MARCONDES, 1980; MOREIRA, 2011).
A estrutura de educação formal no Brasil é composta pela educação
básica, onde estão inseridas a educação infantil, o ensino fundamental e médio, e a
educação superior. Na estrutura da educação brasileira, o ensino fundamental ocupa
o espaço intermediário que envolve o trabalho com séries iniciais e se caracteriza,
na maioria das escolas públicas, por meio da unidoscência. Nessa, o professor se
responsabiliza com a efetivação do currículo restrito proposto pela escola. Cabe a
esse professor o papel de educador, assumindo também, o papel de educador em
saúde como um todo, incluindo saúde bucal. Para se conquistar melhores índices de
saúde bucal em nossos escolares, existe a necessidade de se avaliar a qualidade do
ensino em saúde que as escolas públicas oferecem aos seus docentes (HILGERT,
2000).
Pensando na educação dentro dos objetivos do processo de ensino-
aprendizagem, postula-se que a mesma não deva se restringir ao contexto escolar.
Os espaços ou aulas não-formais devem ser grandes aliados no processo ensino-
aprendizagem. O aprendizado formal não é considerado o único caminho, estudos
como o de Heather e Sarah (2010) investigaram como ocorre o aprendizado em
diferentes ambientes, abordando principalmente o aprendizado em ciências.
13
A educação formal desenvolve-se no seio de instituições próprias, e,
juntamente com a não-formal, aquela que ocorre fora da esfera escolar, contribuem
para o enriquecimento de ensino e aprendizado (VALENTE et. al, 2005). A educação
não-formal, desenvolvida de uma forma diferenciada, procurando criar um clima
agradável entre os alunos e professores, pode ser facilmente contextualizada por
estar mais próxima à realidade do aluno, podendo ocorrer, também, nos entre muros
da escola.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), é o documento
responsável em regularizar a Educação Brasileira. Segundo a LDB o indivíduo tem
que ser capaz de exercer cidadania. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),
determinam a valorização para construção de conceitos cada vez mais amplos e
complexos, através da utilização de situações – problemas, gráficos, esquemas e
informações, levando os alunos a vivenciarem e aprimorarem seu conhecimento.
(BRASIL, 1998).
Segundo a LDB, Brasil (1996) o ensino fundamental e médio consolidam
e ampliam o dever do poder público para com a educação em geral, em particular
para com o ensino fundamental. Sendo direito de todos os cidadãos “a formação
comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para
progredir no trabalho e estudos posteriores”. O ciclo educativo escolar infantil de
ensino é obrigatório e gratuito na escola pública, e tem como objetivo a formação
básica do cidadão, mediante capítulo I e II do artigo 21:
I- O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios
básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo.
II- A compreensão do ambiente natural e social do sistema.
Para Leal (2006), a educação no Brasil para atuar de maneira efetiva na
qualidade há que se considerar muito além do conhecimento e do envolvimento do
professor. Sabe-se que, no ambiente escolar, alguns pontos como infra-estrutura,
recursos educacionais, perfil do diretor, gestão, incidem sobre os resultados e
precisam ser pensados, trabalhados e disponibilizados de maneira integrada. A
educação é um instrumento fundamental para rompermos a perpetuação das
injustiças sociais.
14
No âmbito do Ensino de Ciências, segundo o Ministério da Educação
(1997), observou-se que apenas transmitir informações sobre o funcionamento do
corpo humano, descrições de doenças e hábitos de higiene, não são suficientes
para os alunos desenvolverem atitudes de vida saudável. Quando a criança vem
para a escola, traz consigo comportamentos oriundos da família ou de outros grupos
que com os quais convive. Torna-se necessário, portanto, observar o sujeito em sua
totalidade, envolvendo processos intelectuais, afetivos e culturais.
Uma intervenção em educação em saúde, devem levar em conta as
representações dos sujeitos, que serão influenciados pela experiência coletiva,
teorias científicas e saberes escolares, expressos, em parte, nas práticas sociais e
modificados na vida cotidiana (GAZINELLE et al., 2005). A educação para a saúde
na escola deve trabalhar os aspectos envolvidos no dia-a-dia, facilitando assim o
aprendizado e adquirindo conceitos. Para isso a escola precisa assumir um papel
destacado na educação em saúde, na construção de condutas e hábitos saudáveis.
O problema da saúde da criança no Brasil foi relatado por Loureiro (1996).
O autor citou as dificuldades de algumas classes sociais relacionando-as à
qualidade de vida da família, do ambiente e comunidade dessa criança. Relatou,
também, sobre a necessidade de uma ação integrada em Educação e Saúde,
estudos sobre ambiente de vida, crescimento e desenvolvimento e práticas
pedagógicas em saúde fazendo uma reflexão também sobre o que o educador
representa na escola, e no processo ensino-aprendizagem.
No entanto, para um bom desempenho da escola na promoção de
educação em saúde, existe uma necessidade de se instrumentalizar
adequadamente os profissionais envolvidos no processo educativo, professor-aluno.
Para isso, o professor, que é peça fundamental na implementação de programas de
educação em saúde na escola, precisa ter acesso, a diferentes materiais
principalmente ao material formal e paradidático, destinado a apoiá-lo dentro e fora
da sala de aula.
15
2.2 A construção de conhecimento
A história da sociedade moderna demonstra que o desenvolvimento dos
processos educacionais evoluem em conjunto. Percebe-se que o tempo que a
sociedade consagra à educação das gerações aumenta; criam-se estabelecimentos
de ensino, com formas mais especializadas, diferenciando o trabalho do educador e
do professor e os programas de estudo enriquecem com métodos pedagógicos que
se aperfeiçoam. Esta relação entre o progresso histórico e o progresso da educação
é tão estreita que se pode conhecer o nível geral do desenvolvimento histórico da
sociedade pelo nível de desenvolvimento de seu sistema educacional (LEONTIEV,
1978).
A teoria construtivista teve como marco na educação escolar a influência
da psicologia genética, da atividade significativa e da teoria sócio interacionista. A
partir dessas idéias desenvolveu-se diversas contribuições a teoria e a prática
educativa. (BRASIL, 1997).
Um dos grandes problemas apontados nas estratégias de ensino
construtivistas é a dificuldade na preparação dos professores para a atuação, pois
para se aprender ciências tem que se ter um processo de socialização das práticas
da comunidade científica e de suas formas de pensar e ver o mundo (MORTIMER,
1996).
O ensino de Ciências deveria estar sempre sintonizado com a realidade e
a necessidade do país e do mundo, e este fato refletido em sala de aula. Como
discutido por Terrazzan (2000), o profissional tem que superar sua formação
deficiente. Barcellos e Villani (2006) também discutem essa formação, tanto básica
quanto continuada, em ambos trabalhos essa formação ainda é um problema a ser
resolvido, pois, privilegia basicamente a transmissão de conteúdos teóricos, que
muitas vezes se apresentam fragmentados.
A teoria do Ensino de Ciências, unificada e interdisciplinar como proposta
nos PCNs, nos remete à uma visão holística. Segundo Morin (2000), é necessário
que se tenha compreensão do todo, já que o conhecimento de uma disciplina
16
completa a outra. O fortalecimento da percepção global, conduz ao fortalecimento da
responsabilidade, da solidariedade e reduz a possibilidade de compreender
erroneamente a realidade.
Segundo Gallo (2001), a interdisciplinaridade permite o planejamento em
conjunto, a união de especialistas de diferentes áreas; sendo esta capaz de gerar
questionamentos e discussões sobre temas vivenciados socialmente. Para o autor a
interdisciplinaridade surgiu devido a dificuldade dos alunos em permitir uma
interação entre diferentes disciplinas.
A aproximação do conhecimento científico com a realidade da
comunidade em que o aluno está inserido pode promover a contextualização do
ensino. Autores como Frenett e Freire, dentro de suas pedagogias e metodologias,
buscaram a contextualização do ensino. Segundo Vygotsky, para o aprendizado se
tornar prazeroso é necessário que se vivencie a situação e que a resolução do
problema seja realizada de forma simples e divertida (apud FREIRE, 2005).
2.3 Utilização de jogos no processo ensino aprendizagem
Através do jogo o ser humano tem a capacidade de se expressar
harmoniosamente e desta forma ocorrerá uma integração entre dificuldades e
habilidades, defeitos e virtudes (BROTTO, 2002).
O jogo é considerado por Huizinga (2005), uma das principais bases da
civilização por atuar como instrumento de ensino e aprendizagem pela facilitação da
comunicação entre as pessoas. Pode-se dizer que o jogo elabora a cultura de uma
sociedade.
Brotto (1999), analisa comparativamente os jogos cooperativos e os jogos
competitivos. Segundo ele o jogo cooperativo tem seu objetivo voltado para o bem
comum, tendo como idéia principal ensinar cooperativamente estimulando o
desenvolvimento de atitudes positivas. Já o jogo competitivo quando trabalhado de
17
forma correta favorece a formação social do aluno, o crescimento e desenvolvimento
de seu intelecto e seu caráter. Para o autor a competição não é uma vilã, mas sim, a
forma como a maioria dos profissionais a coloca como proposta de aula, e se
trabalhado de forma humanizada sem permitir trapaças e com aspectos positivos,
com certeza a competição terá ótimos resultados.
O ambiente cooperativo é formado a partir de um conjunto de atividades
que incentivem a cooperação, entre eles os jogos cooperativos. Barreto (2007)
denomina os jogos cooperativos ao conjunto de experiências lúdicas que permitem a
integração do grupo de forma alegre e espontânea. Trata-se de uma atividade
divertida e descontraída onde o que importa não é o resultado, mas a participação
de todos os envolvidos.
Apesar de existirem instituições que já trabalham com os jogos
cooperativos de tabuleiro, Abraão (2004), incentivou a confecção desses jogos ao
comentar a necessidade de reformulação dos jogos de salão ou de mesa para
auxiliar na formação de um ambiente cooperativo.
Apesar dos pontos negativos colocados em relação aos jogos
competitivos, Civitate (2008), apóia o uso destes jogos por constituir uma atividade
de monitoração, a qual as condutas socialmente incorretas são corrigidas.
Albuquerque (2008), relata que muitos conceitos são incorporados ao
caráter da pessoa sendo vivenciado no dia-a-dia. O autor acredita que o castigo
pode ser físico ou psicológico e afirma que o que ocorre nos jogos competitivos pode
ser considerado um tipo de “castigo psicológico”. Um exemplo disso é a humilhação
que a pessoa sofre ao perder o jogo. A fim de fugir do constrangimento, as pessoas
acabam enganando, trapaceando e também aceitando a derrota.
De acordo com a teoria do desenvolvimento cognitivo, desenvolvida por
Piaget (1975), a evolução do pensamento da criança até a adolescência, foi
classificada em três etapas de assimilação denominando-as de jogo. O jogo do
exercício ou de ação caracteriza-se pela sua forma de assimilação funcional e
repetitiva. Destaca-se o caráter lúdico do jogo, onde a criança passa a formar
18
hábitos, devido a repetição por vontade própria, ele denomina esta fase de sensório-
motor, que compreende de 0 (zero) à 2 anos de vida da criança. Para ele o jogo
simbólico caracteriza-se pela representação e pela presença do objeto, que pode ser
substituído por outro, representando o pólo de assimilação, no pensamento, e
assimilando assim livremente o real ao eu, portanto essa assimilação do real ao eu é
para criança uma condição vital da continuidade e desenvolvimento. Denominou-se
esta fase de pré-operatório, que vai, em média dos 2 aos 7 anos de vida da criança.
Já o jogo de regras caracteriza-se pela presença de regras e pela assimilação
recíproca e competição, tendo um caráter coletivo e perspectiva funcional. Para
ganhar o jogo é preciso ter raciocínio, habilidade, desenvolver competência, sempre
seguindo as regras propostas, assim a criança aprende a viver com limites,
respeitando o adversário, é uma atividade lúdica do ser socializado. Nesta fase a
criança deve superar o egocentrismo, ou seja, deve colocar-se no lugar do outro.
Este período vai dos 7 aos 11 anos.
É necessário entender como o jogo, enquanto ação pedagógica, se insere
no movimento de reordenação educacional, pois de acordo com Freire (1989), num
contexto de educação escolar, o jogo como forma de ensinar conteúdos às crianças
aproxima-se muito do trabalho. Não se trata de um jogo qualquer, mas sim de um
jogo transformado em instrumento pedagógico, em meio de ensino. Como confirma
o autor:
“Qualquer jogo pode ser utilizado quando o objetivo é propor atividades
que favorecem a aquisição de conhecimento. A questão não está no
material, mas no modo que como ele é explorado. Pode-se dizer, portanto,
que serve qualquer jogo, mas não de qualquer jeito” (MACEDO et al. 2000).
De acordo com Moura e Vale (2002), a pedagogia atualmente utilizada
em sala de aula é, em sua maioria, “conteudista”, onde a preocupação principal é
quase sempre a “transmissão de conteúdos”. Desta forma, atividades interativas que
podem ocorrer em espaços não-formais, acontecem, também, em sala de aula, com
a presença de atividades lúdicas como jogos educativos.
O jogo é um instrumento pedagógico que estimula o interesse do aluno.
Através de sua utilização o aluno tem a capacidade de adquirir e reter
conhecimento. (CAMPOS et al. 2003).
19
Cristovam (2005), que pontua em seu trabalho a diferenças entre jogar e
brincar e propõe que, enquanto na brincadeira a atividade decorre de uma imitação
da realidade sem presença de regras, nos jogos as atividades são desenvolvidas
mediante regras e tem como objetivo movimentar o corpo e a mente.
Segundo Brito (2005), o jogo na escola introduz através do material
lúdico, onde a criança aprende de forma prazerosa, formas de assimilar novos
conhecimentos.
No Brasil o jogo foi valorizado no início da década de 80, com o
aparecimento das brinquedotecas e o aumento da produção científica. Segundo
Kishimoto (2005), trabalhar com jogos na educação infantil significa transportar para
o campo de ensino aprendizagem condições para maximizar a construção do
conhecimento, e é esta construção de conhecimento de forma significativa um dos
objetivos a serem atingidos com os alunos do ensino fundamental.
2.4 Saúde bucal
Na literatura, existem trabalhos cujos conteúdos estão voltados para
pontuar problemas básicos, nacionais, de saúde bucal e estes trabalhos referem a
estes assuntos de diferentes formas.
Pinto (1989) analisou a saúde bucal no Brasil através de dados fornecidos
pelas prefeituras das principais capitais, utilizando informações relativas à situação
econômica e epidemiológica; prevenção da cárie dental; recursos humanos;
montante de gastos financeiros e estrutura de prestação de serviços. Mostra um
quadro típico de uma área em desenvolvimento. O referido autor observa em nosso
país, que a elevada incidência de problemas, a crescente oferta de cirurgiões-
dentistas e o difícil acesso aos serviços ofertados, sobretudo face às barreiras de
ordem econômica. Com a intenção de expandir cuidados odontológicos e reduzir a
incidência dos principais problemas, o trabalho propõe um programa de serviços
básicos de âmbito nacional.
20
Misrachi e Saéz (1989), avaliaram 50 mães de nível sócio econômico
baixo, com a intenção de relacionar saúde bucal e nível econômico. Concluíram que
mesmo as entrevistadas atribuindo um valor positivo aos dentes, isso não era
visualizado nas práticas da busca pela saúde. Segundo as autoras a cárie dentária e
as doenças periodontais não eram reconhecidas por elas como enfermidades.
Através do estudo com escolares da rede pública, de 6 a 12 anos, Freire e
colaboradores (2002), analisaram a prevalência de cárie e a necessidade de
posterior tratamento. Concluíram que a alta prevalência de cárie em escolares do
interior de Goiás sugere a necessidade de se implantar medidas educativas e
preventivas em saúde bucal que intervenham nos reais determinantes da doença da
população.
Unfer e Saliba (2000), com o objetivo também, de avaliar o conhecimento
popular e as práticas cotidianas em saúde bucal de usuários de serviços públicos de
saúde em Santa Maria, RS; selecionaram uma amostra estratificada de usuários. Foi
realizado para coleta de dados através de uma entrevista semi estruturada, onde
obtiveram como resultados um maior número de usuários na faixa etária de 21 e 40
anos, sendo estes do sexo feminino e com padrão sócio-econômico baixo. A busca
pela saúde e o controle de doenças bucais são atribuídos à responsabilidade
individual de realizar a higiene bucal e procurar tratamento dentário, a presença e os
benefícios do flúor no creme dental e na água de beber não foram reconhecidos pela
população estudada. Concluíram que existe a necessidade dos programas de saúde
em considerar os aspectos relativos ao conhecimento e as práticas em saúde bucal,
para viabilizar o processo de capacitação da população e promover a
responsabilização coletiva da promoção de saúde em todos os níveis da sociedade.
Os autores Maltz e Silva (2001), com a intenção de avaliar a existência de
uma relação entre doença cárie, gengivite e fluorose com o nível sócio-econômico
examinaram mil estudantes de 12 anos de idade de escolas públicas e particulares
de Porto Alegre, RS. Inicialmente os pais preencheram um questionário contendo
perguntas sobre nível educacional, renda familiar, cuidados com higiene bucal,
acesso a substância flúor e ao tratamento odontológico. Posteriormente as crianças
foram examinadas por um cirurgião dentista. Os autores puderam observar que as
21
crianças de escolas públicas apresentam maior acometimento da doença cárie e
gengivite e uma menor freqüência de fluorose dentária. Acredita-se que isto ocorra
devido a diferença social, e que a menor freqüência de fluorose seja pelo menor
acesso à produtos como creme dental e água tratada.
Segundo Pauleto (2004), a saúde bucal está diretamente relacionada com
a informação, renda, trabalho, condições de alimentação e acesso a serviços de
saúde. Por isto acredita-se que o caminho para conquistar uma boa saúde bucal
relaciona-se com a luta pela melhoria dos determinantes sociais, políticos,
econômicos e educacionais.
Silva e colaboradores (2010), com a intenção de avaliar a prevalência da
cárie dentária em escolares nas idades de cinco e doze anos, na cidade de
Vassouras, estado do Rio de Janeiro, examinaram 174 crianças matriculadas em
escolas públicas e privadas, de áreas urbanas e rurais, utilizando os índices CPO-D
(cariados, perdidos e obturados – permanentes) e CEO-d (cariados, extraídos e
obturados – decíduos) para dentição permanente e decídua, respectivamente.
Obtiveram como resultado um valor de CPO-D de 2,2 aos doze anos e de CEO-d de
3,52 aos cinco anos. Do total de crianças de cinco anos examinadas, 28,9%
encontravam-se livres de cárie dentária, com pequenas variações positivas para
área urbana e estabelecimentos privados, ou seja, observou-se que existe uma
influência da condição socioeconômica na sua prevalência. Conclui-se que existe
uma necessidade de orientação da escovação dos dentes para crianças com menos
de cinco anos de idade, sobretudo em escolas públicas, atividades educativas em
todas as faixas etárias e melhoria de acesso aos serviços assistenciais de saúde
bucal. Estes estudos associam os problemas de saúde bucal ao nível econômico da
população, e, a sua falta de conhecimento e formação na área.
2.5 Desenvolvimento Bucal
Por estar se propondo um trabalho direcionado às crianças na faixa etária
de seis a oito anos, torna-se necessário analisarmos o desenvolvimento bucal das
22
mesmas. A sequencia de erupção dos dentes permanentes é um fator importante no
estabelecimento da oclusão dos arcos dentários. Segundo Sato (1991), os primeiros
molares permanentes irrompem quando a criança atinge os seis anos de idade e
durante a erupção a superfície oclusal encontra-se coberta de gengiva, tornando o
dente mais propenso ao desenvolvimento de cárie. Durante os 12 primeiros meses
depois de iniciada a erupção dos primeiros molares, as cáries estão presentes em
6% nos superiores e quase 20% nos inferiores. Durante os primeiros 24 meses, essa
porcentagem sobe para 37% nos superiores e para 62% nos inferiores. O primeiro
molar permanente tem papel fundamental em todo o equilíbrio do sistema
estomatognático.
A criança com três anos de idade apresenta a dentição decídua completa,
ou seja, com a presença de todos os “dentes de leite” na arcada, e, estes dentes
serão futuramente substituídos pelos dentes permanentes. Todos estes dentes
decíduos esfoliam (caem) e em seu lugar erupcionam (nascem) os dentes
permanentes (MACDONALD & AVERY, 1995).
Com seis anos de idade, inicia-se a dentição mista que é composta por
dentes decíduos e permanentes. Na dentição mista ocorre a erupção dos incisivos e
do primeiro molar permanente. De acordo com Nordi e colaboradores (1994) o
momento da erupção do primeiro molar permanente pode passar desapercebido,
uma vez que, seu posicionamento se dá atrás do segundo molar decíduo, sem
substituir nenhum dente. Assim, atenção especial deve ser dada, pois ele é um
dente muito importante da arcada dentária. Sem os devidos cuidados ocorre,
frequentemente, o aparecimento de cárie de progressão rápida. E, sua perda
precoce seria um fator etiológico da ocorrência das más oclusões.
Com a intenção de avaliar a porcentagem de primeiros molares atacados
por cárie, Grando e colaboradores (1996) examinaram crianças de 6 a 12 anos de
idade da cidade de Itajaí/SC e verificaram que esta porcentagem aumentava de
2,25% aos seis anos para 24,75% aos oito anos, atingindo 55,25% aos 12 anos.
De acordo com Kramer e colaboradores (1997), um dente que se
encontra parcialmente erupcionado, não participa efetivamente na mastigação,
ocorrendo um maior acúmulo bacteriano aliado à dificuldade de escovação.
23
Consequentemente, os dentes em erupção são expostos à placa bacteriana, vários
meses antes que a oclusão funcional se estabeleça.
Para informar os pais sobre a época de erupção, a importância dos
molares permanentes e os cuidados que devem ter durante sua erupção, Fonseca e
colaboradores (2001), trabalharam com uma amostra de 600 crianças abaixo de seis
anos de idade, da periferia de Ribeirão Preto/SP. Estas foram examinadas e
verificou-se que 123 (20,5%) das 600 crianças apresentavam os primeiros molares
permanentes erupcionados em diferentes graus, constituindo um total de 337
dentes, sendo que 61 deles já apresentavam lesão de cárie. Os resultados permitem
concluir que é bastante significativo o número de crianças abaixo de seis anos
pesquisadas que já possuem os primeiros molares permanentes erupcionados,
muitos destes já apresentando lesão cariosa, o que justifica a necessidade de
atenção da Odontologia em sentido de monitorizar a erupção destes dentes, bem
como instituir medidas preventivas de cárie.
Com o objetivo de avaliar a influência da perda dos primeiros molares
inferiores permanentes no desenvolvimento das más oclusões na dentição
permanente, Normando e colaboradores (2003), examinaram 387 indivíduos na faixa
etária de 10 anos e 2 meses a 22 anos e 7 meses pertencentes à rede pública do
município de Belém-PA. O exame clínico foi realizado por dois ortodontistas
previamente preparados para realização do exame. Foram examinados os seguintes
aspectos: trespasses horizontal e vertical, relação transversal entre os arcos, linhas
médias superior e inferior e a relação sagital entre os arcos. Observou-se que a
perda desses dentes ocasiona um aumento significativo do desvio da linha média do
arco inferior e da freqüência da relação canino de Classe II e independente da perda
ser uni ou bilateral, também leva a um aumento significativo do diastema na região
ântero-posterior. Concluíram, portanto, que as alterações produzidas pela perda uni
ou bilateral dos primeiros molares permanentes inferiores não se restringem ao
segmento posterior do arco dentário, acarretando graves alterações na região
ântero-inferior.
Vidal e colaboradores (2005), com o objetivo de analisar a experiência de
cárie dos primeiros molares permanentes em escolares de 12 e 15 anos de idade
24
em Salvador-BA, em 2001, desenvolveram um estudo transversal, onde sete
equipes preparadas examinaram 3.313 escolares segundo critérios da OMS para
cárie dentária- condição da coroa e necessidade de tratamento. Dados sobre acesso
e cobertura dos serviços de saúde foram obtidos por meio de questionário,
respondido pelos próprios estudantes. De todos os dentes examinados, os primeiros
molares permanentes foram os dentes que concentraram a maior proporção de
cárie, 75,1% aos 12 anos e 54,4% aos 15 anos, sendo que nestas idades 5,72% e
9,92% deles já haviam sido extraídos, respectivamente. Foi confirmado um alto grau
de acometimento dos primeiros molares permanentes e uma proporção significativa
de dentes extraídos em idade precoce, sendo necessário reavaliar o modelo de
atenção disponível para estes adolescentes.
2.6 Traumatismo Dental
Entende-se por Traumatismo Dental quase todos os traumatismos
dentários que envolvem lesões de tecidos moles bucais, com consequentes
hemorragias. Para conter esta hemorragias é necessário realizar procedimentos
como compressão direta, aplicação de gelo na região e encaminhamento ao
cirurgião-dentista.
Estudiosos como Andreasen e Andreasen (2001), classificam os
traumatismos em três tipos:
A- Traumatismo aos tecidos duros dentais e à polpa.
B- Traumatismo aos tecidos periodontais.
C- Traumatismo aos ossos de sustentação.
No traumatismo aos tecidos duros dentais e à polpa (A), o autor cita seis
tipos de fraturas que acometem nossa dentição, são elas: incompleta de esmalte, de
esmalte-dentina (Fratura coronária não- complicada), coronária complicada, corono-
radicular não complicada, corono-radicular complicada e radicular.
25
No traumatismo aos tecidos periodontais (B) o autor descreve, também
seis diferentes tipos, entre eles: concussão, subluxação, luxação extrusiva, luxação
lateral, luxação intrusiva e avulsão.
Na última modalidade de traumatismo ao osso de sustentação (C), a
única citação é a da comunicação da cavidade alveolar mandibular ou maxilar.
No caso específico deste trabalho nos ateremos ao tipo B, traumatismo
aos tecidos periodontais, especificamente à Avulsão Dental, que consiste no
deslocamento total do dente para fora de seu alvéolo, o tratamento e prognóstico
dependerá significativamente de condutas rápidas e eficientes. Este tipo de
traumatismo é mais freqüente em crianças entre seis e sete anos, pois é quando os
incisivos permanentes erupcionam e por isto os tecidos de suporte não estão
totalmente formados, oferecendo pouca resistência em caso de traumatismo dental.
Condutas, ainda no local do acidente, realizadas por pais ou responsáveis, que
tenham conhecimento sobre maneiras de atuar frente a tais lesões poderão
determinar um bom prognóstico.
Um trabalho de Abbot (1991) exemplifica avulsão citando o caso de um
homem de 42 anos de idade que sofreu uma avulsão dental aos 12 anos e teve seu
dente reimplantado imediatamente, sem nenhum tratamento posterior e com
sucesso por 30 anos. Com isso, ele concluiu que o fator mais importante para o
sucesso, neste caso, foi à recolocação imediata do dente no alvéolo e a sua volta às
funções mastigatórias normais.
Quanto à conservação de dentes avulsionados, Kransner e Person (1992)
testaram um novo meio para conservar esses dentes até o reimplante, a solução de
Hank’s. Concluíram que a solução obtinha melhores resultados que os outros meios,
inclusive o leite, porém tinha o inconveniente de ser muito difícil de ser encontrada,
em uma emergência.
Para a reimplantação de dentes avulsionados em crianças, estudos como
de Mackie e Worthington (1992), avaliam 36 crianças que tiveram 46 dentes
permanentes reimplantados e controlados radiograficamente por período de um ano
26
e meio a cinco anos. Levaram em consideração o período de tempo que o dente
esteve fora do alvéolo, os métodos de armazenagem, a condição da polpa, o estado
de desenvolvimento da raiz. Qualquer outro fator foi considerado de valor
secundário. Concluíram que, na ordem, os fatores que mais influenciam no
reimplante são o período extra-oral, tipo de armazenagem e estado da polpa, mas
estes fatores agem sempre em conjunto, não podendo ser analisados
separadamente, para um bom diagnóstico; e que o reimplante deve ser sempre uma
alternativa de tratamento.
Em uma revisão de literatura sobre reimplante dental, Morgado e
colaboradores (1992), concluiu que o melhor meio de armazenagem do dente
avulsionado, quando não é possível sua imediata recolocação, é o leite, devido ao
seu pH básico e à sua osmolaridade.
Após analisar 400 dentes reimplantados, Andreasen (1995) concluiu que
são muitos os fatores que influenciam em um tratamento, tanto os fatores extras
consultório como a maneira de agir do cirurgião-dentista; e que o mais importante
fator é o período extra-oral, e, quanto menor for o tempo do dente fora do alvéolo,
maior será a probabilidade de sucesso. Relatou neste trabalho também que lesões
traumáticas aos dentes permanentes, principalmente anteriores, causadas
geralmente por quedas em situações inesperadas nas quais nem sempre o
cirurgião-dentista está presente, são comuns em crianças de sete a dez anos,
devido à menor quantidade de fibras do ligamento periodontal do dente recém-
irrompido.
O prognóstico dos dentes avulsionados e a ausência de reabsorções
radiculares é inversamente proporcional ao tempo que o dente fica fora do seu
alvéolo, razão pela qual o tratamento ideal para um dente avulsionado é o
reimplante, que deve ser executado o mais breve possível, mesmo se as condições
não forem ideais. Contudo, em circunstâncias menos favoráveis, tal conduta deve
ser entendida como uma tentativa de salvar o elemento dental, tendo em vista que,
invariavelmente, algum tipo de reabsorção radicular lenta ou acelerada ocorrerá,
mesmo que a mais perfeita e cuidadosa técnica seja utilizada. (MARZOLA,1997).
27
Traebert e colaboradores (2001) estudaram a respeito das prevalências
de injúrias em dentes permanentes e os fatores associados entre os escolares de 12
anos em Florianópolis, Santa Catarina. Observaram que em 60% dos casos, o
acidente ocorria em casa, 18,6% na escola e 18,6% na rua, durante brincadeira ou
na prática de esportes. Concluíram que devido à alta prevalência de injúrias na
dentição permanente por traumas, essa ocorrência pode ser considerada um
problema de saúde pública.
Entre os traumas dentoalveolares que podem causar maiores danos
funcionais, estéticos e psicológicos ao paciente está a avulsão dental, que é uma
lesão complexa que afeta a polpa, o ligamento periodontal, o osso alveolar e a
gengiva. A grande preocupação relativa a tal tipo de traumatismo é o prognóstico de
dentes avulsionados e reimplantados está na dependência do reparo periodontal, o
qual é influenciado pelas condições das células do ligamento periodontal. Esses
danos podem ser originários do próprio trauma mecânico, meios de conservação
inadequados, longo tempo extra-alveolar, situação desfavorável para o reimplante,
colonização por microorganismo ou outras contaminações por substâncias tóxicas.
(POHL, FILIPI, KIRSCHNER, 2005).
Segundo Sandalli e colaboradores (2005), a maior freqüência dos
traumas dentoalveolares ocorre no grupo idade entre 6 a 12 anos, sendo os meninos
mais afetados que as meninas em uma proporção de (6:1). Além disso, as quedas
representam 87% das causas traumáticas, quando 42,9% das lesões ocorrem
durante a dentição decídua e 57,1% na permanente. Os tipos mais comuns de
lesões observados, em ambas as dentições, foram a luxação (38%) e as fraturas
coronárias (20%), que ocorrem sobretudo em incisivos centrais superiores.
2.7 Os professores e seus conhecimentos sobre saúde bucal e traumatismo
dental
Na literatura, em ensino de ciências, vários trabalhos são propostos para
analisar o tipo de conhecimento que os professores possuem, como também para
28
proporem aperfeiçoamento dos mesmos. Pensando em saúde bucal, Lang e
colaboradores (1989), investigaram através de um questionário, 404 professores de
ensino fundamental da área rural e urbana, em Michigan (EUA), focando a origens
das informações sobre saúde bucal, higiene bucal, prevenção e doenças bucais; e o
papel dos professores em promoção de saúde. Coletou-se também a idade, gênero
e experiência no ensino. Concluiu que as respostas dos professores sugeriram que
seus conhecimentos sobre saúde bucal estavam imprecisos e incompletos, e o
conhecimento dos métodos preventivos variava de acordo com a área geográfica de
onde era a escola.
Após uma pesquisa realizada na cidade de Cardiff (Reino Unido),
constatou-se que professores de escolas fundamentais apresentam baixo nível de
conhecimento sobre atitudes de urgência frente às avulsões dentárias. Dos 274
entrevistados, 60,1% não tinham recebido informações sobre tratamento de urgência
para este tipo de lesão, 74,5% afirmaram que não se sentiam preparados para
realizar um reimplante dental, dos quais 80% relacionaram esse despreparo à falta
de experiência e de treinamento (BLAKYTNY, 2001).
Com a intenção de avaliar o conhecimento da população em geral e de
grupos específicos como professores, profissionais de saúde e cirurgiões-dentistas
frente à avulsão dental na cidade de Campinas, Senes (2001), entrevistou 733
indivíduos leigos e 87 cirurgiões-dentistas. Segundo o pesquisador, apenas 67% dos
cirurgiões-dentistas presentes na situação de trauma reimplantariam imediatamente
o dente, constatando a falta de conhecimento de 33% desses profissionais. Um total
de 86% da população em geral desconhecem a importância das primeiras atitudes
para salvar um dente traumatizado, 48% acondicionariam o dente avulsionado de
forma inadequada, 49% embrulhariam o dente em papel e apenas 14% realizariam o
reimplante.
Santos e Rodrigues (2003), avaliaram o conhecimento e as atitudes
relacionadas à cárie dental e a doença periodontal de professores de ensino
fundamental da rede pública, da cidade de Araraquara – SP. O comportamento com
relação à higiene bucal também foi analisado no mesmo trabalho através da
utilização de um questionário com questões abertas e fechadas. Os autores
concluíram que, embora as atitudes relacionadas à saúde bucal da população
29
estudada tenham se mostrado positivas, o conhecimento odontológico apresentou
limitações, sugerindo a necessidade de estabelecer programas educativos
direcionados.
No trabalho de Goursand e colaboradores (2004), avaliou-se o
conhecimento em saúde bucal dos discentes em Pedagogia. Os autores
compararam 139 alunos de faculdades privadas e 109 de faculdades públicas da
capital de Minas Gerais, através de um questionário. Revelaram que houve diferença
entre as instituições analisadas, sendo que os alunos de faculdades particulares
(56,8%) receberam mais informações sobre saúde bucal em relação aos de
faculdade públicas (43,2%). Ambos os grupos destacaram que a família e o próprio
cirurgião-dentista eram os principais fornecedores de informações. Concluíram que a
fonte de conhecimento em saúde bucal dos futuros professores não é o ensino
formal. Os futuros professores reconhecem a importância de se transmitir tal
conteúdo aos alunos de ensino fundamental.
Scannavino (2004) obteve resultados em uma pesquisa com professores
de ensino fundamental em Belo Horizonte que demonstrou que os entrevistados não
possuíam conhecimento sobre os procedimentos de urgência a serem tomados em
situações de avulsão dentária (63,9%). Contudo, acreditaram que o reimplante
(95,50%) seja uma alternativa no tratamento da avulsão dentária, mesmo
descartando que o meio de armazenamento (39,90%) contribui para o prognóstico e
o tempo adequado (66,70%) para realizá-lo é essencial para o tratamento.
Entre setembro e novembro de 2004, Ferreira (2005), realizou uma
pesquisa com a intenção de avaliar o conhecimento sobre saúde bucal de
concluintes do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Paraíba, através de
um questionário contendo quesitos objetivos ao tema. Pode verificar após analise
dos dados que 83% dos cem participantes tiveram acesso a informações de
odontologia preventiva, 64% pelo cirurgião dentista. Apenas 31% dos entrevistados
conhecem sobre placa bacteriana, e 55% reconhecem qual a etiologia da cárie
dentária. Embora 92% dos concluintes afirmarem que a chupeta é prejudicial ao
desenvolvimento facial da criança, apenas 9% identificaram a idade limite de
desuso. Adicionalmente, 20% acertaram o momento ideal do primeiro contato entre
30
a criança e dentista. Concluiu-se que os estudantes apresentam conhecimento
razoável em relação à saúde bucal, sugerindo a instituição de programas educativos
dentro do currículo acadêmico.
Leonello e L’Abbate (2006), analisaram o tema educação em saúde na
escola, no ponto de vista de graduandos em pedagogia, através do assunto currículo
acadêmico, com o objetivo de pesquisar qual a compreensão desses alunos, futuros
educadores e orientadores, na identificação da abordagem Educação em Saúde na
graduação em pedagogia de uma Universidade Paulista. Os alunos responderam,
não ter especificamente abordagem em seus currículos acadêmicos sobre o assunto
educação em saúde, somente matérias próximas à questões de saúde. Desses
alunos, 72,5% consideraram que o currículo acadêmico não possibilitava abordagem
ao tema saúde na escola, e 27,5% consideravam que o curso abordava
parcialmente. Concluíram que havia necessidade urgente de uma maior articulação
entre os responsáveis pelos setores da educação, da saúde e comunidade, no
sentido de refletir e debater temáticas de educação e da saúde, e a relação entre os
dois campos. Desse modo, é necessário elaborar ações coletivas e planejadas de
saúde e educação condizentes com a realidade social, promovendo uma fixação
melhor do tema entre os estudantes.
Como sabemos práticas esportivas podem ser uma das etiologias das
avulsões, com o objetivo de avaliar o conhecimento dos professores de educação
física no município de Caruaru-PE, Granville-Garcia e colaboradores (2007),
entrevistaram 79 profissionais por meio de formulário padronizado contendo 11
perguntas relativas à avulsão dentária e aos procedimentos a serem realizados
diante de tais casos. Pode-se observar que apenas 20,3% dos professores sabiam o
que era traumatismo dentário, 44,3% responderam ter presenciado este tipo de
traumatismo em suas salas, 19% não saberiam o que fazer neste caso e 81%
enxaguariam o dente em água corrente. A maioria, 86,1% considerou que a procura
do tratamento deveria ser imediata e todos relataram que envolveriam o elemento
dentário em guardanapo de papel até que a criança fosse atendida. Conclui-se que
os professores não demonstram conhecimento dos procedimentos de urgência a
serem realizados em caso de avulsão dentária, havendo a necessidade de inclusão
destes procedimentos no currículo desses profissionais.
31
Buscando identificar o grau de conhecimento de 405 professores de 17
escolas municipais de Canoas/RS, que responderam um questionário estruturado
para avaliar o conhecimento em relação à conduta emergência frente avulsões
dentárias, Feldens (2008) concluiu que a chance de conhecimento inadequado foi
maior em professores do sexo masculino, com menor experiência profissional, sem
curso de pós-graduação e que não fizeram treinamento em primeiros socorros.
Segundo Vasel e colaboradores (2008) a escola tem sido considerada um
local adequado para o desenvolvimento de programas de saúde. E com a
possibilidade de implementar ações desta natureza, desenvolveram uma pesquisa
onde avaliaram o conhecimento e atitudes de professores de ensino fundamental de
um município de Santa Catarina sobre saúde e higiene oral. Foi utilizado um estudo
descritivo, do tipo transversal, mediante levantamento de dados por meio de um
questionário. O público alvo foi composto de 115 professores de 1ª a 5ª série,
representando 64,34% da população alvo. Através dos resultados observaram que
os pesquisados têm dificuldade de acesso a informações, conteúdos e materiais
relativos à saúde bucal, pois esses temas não são discutidos nos cursos de
atualização. A maioria não possui conhecimentos específicos suficientes para
realizar um trabalho de educação em saúde bucal com seus alunos, pois apenas 8%
se classificaram como portadores de um bom nível de conhecimento. Concluiu-se
que existe a necessidade de fornecer subsídios teóricos- práticos a esses
educadores para que possam tratar de tais conteúdos de forma adequada.
Com a intenção de avaliar mudanças de conhecimento, atitudes e
acesso/utilização de serviços odontológicos decorrentes de um programa de
promoção em saúde bucal com agentes comunitários de saúde, em Rio Grande da
Serra-SP, Frazão e Marques (2009), desenvolveram um projeto de capacitação com
a participação de 36 agentes comunitários e uma amostra de 91 mulheres e mães.
Neste projeto colheram dados sobre conhecimentos de saúde-doença bucal,
práticas e capacidades auto referidas em relação ao auto-exame, higiene bucal,
número de residentes e de escovas dentais individuais e coletivas em cada domicílio
e acesso e uso de serviços odontológicos. Após os resultados puderam observar
diferenças estatisticamente significativas para questões relativas ao conhecimento
de saúde bucal entre os agentes e entre as mulheres antes e depois da capacitação,
32
um desequilíbrio entre o número de escovas e de indivíduos em cada família
diminuiu, a freqüência da escovação e do uso de fio dental elevou-se, o acesso ao
serviço foi mais fácil e seu uso mais regular entre as mulheres. Concluíram que
houve mudanças positivas na percepção em relação a aspectos de saúde bucal, na
autoconfiança e no acesso e uso de serviços odontológicos.
Souza e colaboradores (2009), após coletar dados através de um
questionário sobre identificação e análise do conhecimento quanto aos primeiros
socorros diante de casos de avulsão dentária entre concluintes do curso normal de
nível médio, na cidade de Paracambi, pode verificar que 100% dos entrevistados
não possuem conhecimento adequado quanto aos primeiros socorros em caso de
avulsão.
Este levantamento bibliográfico reforça a necessidade de uma melhor
discussão sobre as práticas de higiene bucal e primeiros socorros na educação
fundamental, principalmente aos primeiros anos de escolaridade, facilitando e dando
possibilidades aos professores de divulgarem adequadamente como se ter uma boa
saúde bucal e agirem perante a um traumatismo dental, já que eles trabalham
diretamente com a faixa etária mais susceptível a este tipo de acidente.
33
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Discutir aspectos sobre saúde bucal e traumatismo dental a fim de,
fornecer subsídios de aprendizado sobre o tema a docentes e discentes.
3.2 Objetivos Específicos
• Analisar os conhecimentos de professores de seis escolas do ensino
fundamental sobre saúde bucal e traumatismo dental, na cidade de Volta Redonda;
• Elaborar um produto paradidático visando à construção de
conhecimento sobre práticas preventivas sobre saúde bucal e traumatismos para o
ensino fundamental;
• Avaliar a percepção de docentes após participar de atividades com o
material paradidático fornecido.
34
4. DESENHO METODOLÓGICO
4.1 Análise dos conhecimentos de professores do ensino fundamental sobre
saúde bucal e traumatismo dental na cidade de Volta Redonda – RJ
Para essa avaliação, realizou-se uma pesquisa selecionando seis
escolas de ensino fundamental da cidade de Volta Redonda-RJ, sendo três
municipais e três particulares.
Foi selecionado um professor por série (1º ao 5º ano do Ensino
Fundamental) com o intuito de padronizar a amostra, visto que as escolas possuem
diferentes números de turmas em cada série, totalizando trinta professores.
Os professores dessas séries lecionam para alunos de uma faixa etária
onde ocorrem vários eventos importantes no desenvolvimento da dentição. Entre
esses destacam-se a erupção dos primeiros molares permanentes por volta dos 6
anos de idade sem que haja a prévia esfoliação do dente decíduo; e a erupção dos
dentes anteriores superiores permanentes por volta dos 7 anos de idade sem que
haja a completa formação radicular, o que poderia aumentar o risco de avulsão em
casos de traumatismos. Deve-se considerar também que as crianças dessa faixa
etária são incentivadas a realizar exercícios físicos e recreações.
Para o levantamento dos dados sobre o conhecimento de conceitos sobre
saúde bucal e traumatismo dental dos professores de ensino fundamental, aplicou-
se um questionário (Apêndice A), com perguntas objetivas e discursivas (BOGDAN
& BIKLEN, 1994), totalizando 10 questões. O conteúdo do questionário apresentava
perguntas sobre métodos de higiene bucal, funções de artifícios utilizados na higiene
bucal, tipos de alimentação saudável, doenças periodontais que podem afetar
crianças devido à falta de higiene e como deveria ser o atendimento realizado por
leigos em caso de traumatismo dental, todo o conteúdo tinha a intenção de analisar
o que os professores sabiam sobre o assunto. Esse questionário foi devidamente
autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UniFOA –
Processo nº006/10 (Anexo A) e em todas as escolas sua aplicação foi autorizada
35
através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B)
pelos diretores e professores. Os dados coletados foram tabulados e analisados por
meio de confecção de gráficos.
4.2 Elaboração de dois produtos paradidáticos sobre saúde bucal e
traumatismo para os professores e alunos do ensino fundamental
Foram desenvolvidos, um manual para os professores e um jogo da
memória para os alunos. Essas estratégias podem ser utilizadas no processo
ensino-aprendizagem, do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental. O manual
contém informações fundamentais sobre higiene bucal e primeiros socorros em
casos de traumatismos dentários. No jogo da memória existem informações mais
básicas sobre os mesmos temas e tem como objetivo despertar o interesse da
criança para higiene bucal de forma prazerosa, considerando que as crianças da
faixa etária de 6 a 10 anos mostram-se receptivas a dinâmicas de grupo. A
apresentação e formatação do manual e do jogo foram sistematizados em um artigo
científico (Apêndice C).
4.3 Reavaliação do conhecimento dos professores após a utilização do
material paradidático fornecido
Após o período de um mês depois da apresentação do jogo e do manual,
foi aplicado novamente para os mesmos professores o questionário. Os dados
coletados foram tabulados e analisados em gráficos, com o objetivo de avaliar se
realmente o produto havia contribuído didaticamente no trabalho destes professores
e socialmente para os alunos que utilizaram.
36
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Análise do conhecimento dos professores
No primeiro grupo de questões apresentadas no questionário procurou-se
identificar o perfil do professor participante da pesquisa e que trabalham diretamente
com alunos da primeira fase (1º ao 5º ano) de ensino fundamental. Foi observado
que vários professores lecionam em mais de uma série (Figura 1).
0
1
2
3
4
5
6
1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano
4
3
4
56
5
4
3
4
5
Particular
Municipal
Figura 1: Número de professores que lecionam nos diferentes anos de escolaridade.
Dentre as questões apresentadas também procurou-se conhecer o grau
de escolaridade desses docentes. Como pode se observar na Figura 2 houve um
predomínio de professores graduados em todos os colégios, além disso, foi
observado que nas escolas particulares existem professores com pós-graduação, o
que não foi observado nas escolas municipais.
37
0123456789
10
Graduados Curso Normal Pós graduados
10
23
8
5
0
Particular
Municipal
Figura 2: Grau de escolaridade dos professores.
O ensino fundamental faz parte da estrutura da educação formal brasileira
e nesta fase o professor se responsabiliza pela efetivação do currículo proposto,
mas ao mesmo tempo são formadores de opiniões e hábitos de seus alunos, e para
que isso ocorra de forma adequada eles têm que estar preparados
pedagogicamente (MOREIRA, 1999; HILGERT, 2000; HEATHER e SARAH, 2010,
GAZINELLE et al., 2005). Autores como Mortimer (1996), Barcellos e Villani (2006)
relatam que o grande problema do construtivismo é a dificuldade de preparação dos
professores e salientam a necessidade dos profissionais superarem esta formação
deficiente através de qualificação profissional.
Os professores foram questionados quanto ao seu grau de instrução em
relação aos conteúdos de saúde bucal e quando tiveram acesso a esse tipo de
informação, como mostrado na Figura 3. Novamente observa-se um perfil
semelhante entre as escolas particulares e municipais. Dos dez professores de
escolas particulares que tiveram instrução em relação a esses conteúdos, a maioria
relata ter estudado sobre o assunto em escola do 2º ao 3º ano. Dos 12 professores
das escolas municipais que responderam sim, a maioria relata ter estudado em
escolas do 4º ao 7º ano. Com essas informações não conseguimos concluir se os
professores realmente lembram de quando receberam as informações ou se
receberam em momentos distintos.
38
Figura 3: Gráfico mostrando o grau de instrução dos professores entrevistados sobre
saúde bucal.
Como sabemos a saúde bucal no Brasil, apesar da alta demanda de
profissionais na área odontológica, mostra uma elevada incidência de problemas
como cárie e doenças periodontais, necessitando de programas de serviços básicos
de âmbito nacional como relatado por autores como Pinto (1989), Misrachi e Saéz
(1989), Freire e colaboradores (2002), Unfer e Saliba (2000), Maltz e Silva (2001),
Pauleto (2004), Silva e colaboradores (2010). A boa saúde bucal é determinada
principalmente pela prevenção e muitas das vezes esta prevenção é conseguida
somente com os hábitos diários de escovação, utilização de fio dental, creme dental,
sendo que estes hábitos tem de ser agregados na vida de uma criança, através da
orientação de um adulto, e ninguém melhor para transmissão desse conhecimento
do que os professores, mas este é claro tem que estar preparado para isto.
Em nossas questões procurou-se levantar se os alunos no dia a dia, em
sala de aula apontavam dúvidas sobre saúde bucal. Como sabemos nesta fase os
professores são exemplos para seus alunos necessitando de ter o mínimo de
conhecimento sobre o assunto para poderem instruí-los corretamente caso sejam
questionados. Como apresentado na Figura 4, a maioria dos professores citou que
ocasionalmente tratam do tema, o que nos leva a concluir que o assunto não é
questionado com freqüência.
39
0
2
4
6
8
10
12
14
Ocasionalmente Frequentemente Nunca
13
1 1
12
21
Particular
Municipal
Figura 4: Gráfico mostrando as respostas de professores sobre a freqüência do
questionamento de alunos sobre saúde bucal em sala de aula.
Diversos autores relatam que o assunto saúde bucal não faz parte do
currículo nos cursos de pedagogia tornando o conhecimento sobre o assunto
incompleto, dificultando uma resposta adequada quando estes são questionados
sobre o assunto (LANG et al. 1989; SANTOS et al. 2001; LEONELLO E L’ABBATE,
2006).
Os professores foram questionados também, se trabalham com seus
alunos algum conteúdo sobre saúde bucal, as respostas desses professores estão
ilustradas na Figura 5. Nas escolas particulares, um professor não respondeu. Dos
que responderam afirmativamente, a maioria relatou trabalhar o conteúdo através de
textos e imagens. Dos que responderam negativamente, justificaram não trabalhar
sobre o assunto por não fazer parte do conteúdo. Nas escolas municipais a maioria
dos professores que respondeu sim, relatou trabalhar com livros e histórias, e um
professor não justificou.
40
Figura 5: Resposta dos professores ao serem questionados se trabalham o conteúdo
de saúde bucal em sala de aula com seus alunos.
Tais dados nos sugerem que apesar da pouca informação destes
professores sobre o assunto e por ele não fazer parte do currículo na maioria das
vezes não é abordado. Goursand e colaboradores (2004) através de uma pesquisa
com discentes de pedagogia reconhece a importância da discussão sobre saúde
bucal para os alunos de ensino fundamental.
Na continuação do trabalho, os professores foram questionados também,
sobre a finalidade de recursos utilizados para a higiene bucal, como a escova, o
creme e o fio dental. Como já foi relatado estes são itens essenciais para uma boa
saúde bucal. Com atos diários simples consegue-se manter uma boa saúde bucal,
mas para isso as crianças tem que ser incentivadas e orientadas corretamente e
para tal faz-se necessário que os professores tenham algum embasamento sobre o
assunto. Na Figura 6, após serem perguntados qual a função da escova dental,
observou-se novamente, que as opiniões, tanto para os que lecionam em escolas
particulares quanto para os que lecionam em escolas municipais são muito
semelhantes, apontando a função desse recurso basicamente para a limpeza dos
dentes.
41
0
2
4
6
8
10
12
14
Limpeza dos Dentes Limpeza dos dentes e língua
10
5
13
2
Particular
Municipal
Figura 6: Resposta dos professores sobre a função da escova dental.
Na Figura 7, os professores definem a finalidade do creme dental. A
maioria dos professores independente das escolas citam que a função do creme
dental é a limpeza dos dentes, e, infelizmente nenhum dos professores citam a
importância da presença do flúor no creme dental.
Figura 7: Resposta dos professores sobre a função do creme dental.
42
Na pergunta de número cinco do questionário, quando os professores
foram questionados sobre a finalidade do uso do fio dental que é um artifício auxiliar
utilizado na higiene bucal com a função de remover os resíduos entre os dentes
evitando o aparecimento de cáries proximais. As opiniões foram um pouco distintas,
apresentando uma maior riqueza de comentários para os professores das escolas
particulares, onde dos quinze professores, oito relatam que o fio dental tem a função
de limpeza entre os dentes, cinco relatam ter função de limpeza generalizando o
local, um relata ter função de prevenir a cárie e um professor não respondeu. Nas
escolas municipais todos os professores relatam que o fio dental é utilizado para
remoção de resíduos entre os dentes.
Na Figura 8, podemos observar o que os professores definem como
função do flúor. O flúor é uma substância capaz de, prevenir o aparecimento de
cáries, estando este presente no creme dental, água tratada e em algumas regiões
no sal em pequenas dosagens, ou podendo ser aplicado por profissional em uma
dosagem maior. Como podemos observar, em todas as escolas os professores
citam que o flúor protege os dentes e ou previnem as cáries. O que podemos dizer
que é o mesmo significado, pois a cárie é uma doença que afeta os dentes e o flúor
tem a função juntamente com outros artifícios prevenir a doença cárie e se previne
ele está protegendo.
Figura 8: Resposta dos professores sobre a função do flúor.
43
Nas escolas privadas um professor não respondeu este item e um não
respondeu nenhum dos itens anteriores sobre recursos de higiene bucal. Nas
escolas municipais um professor também não respondeu o item flúor.
Outro assunto de suma importância sobre saúde bucal, de acordo com a
literatura, é a influência da alimentação. Na pergunta de número seis do
questionário, observamos que os professores reconhecem a importância sobre este
assunto. Todos os professores das escolas particulares acreditam que a alimentação
influencia na saúde dos dentes e somente um professor da escola municipal acredita
que a alimentação não influencia na saúde bucal. Nas escolas particulares os
professores citam como alimentos favoráveis: os alimentos ricos em cálcio (com seis
citações) e frutas, legumes e verduras (com nove citações). Como alimentos
desfavoráveis os professores apontam: alimentos com grande quantidade de açúcar,
como os refrigerantes e balas (com quinze citações).
Nas escolas municipais 12 professores citam como alimentos favoráveis,
as frutas, legumes e alimentos ricos em cálcio, um professor cita os alimentos com
pouco açúcar e um professor não respondeu. E como desfavoráveis todos os
professores citam os alimentos ricos em açúcar.
Outro item muito importante que poderia até diminuir o número de cáries e
doenças periodontais é a escovação após alimentação. Como os alunos passam um
período longo em atividades na escola e se alimentam neste período, perguntamos
na questão número sete do questionário, se os professores orientavam os alunos a
realizarem a escovação. Dos professores das escolas particulares, sete
responderam que orientam a escovação. Dos professores que responderam não:
justificaram por falta de hábito (1 citação), por falta de tempo (5 citações) e por falta
de material no colégio (1 citação). Um professor não justificou.
Nas escolas municipais, nove professores relatam que orientam seus
alunos. Dos professores que responderam que não: justificaram devido a falta de
tempo (4 citações), por não ser a rotina do colégio (1 citação) e um não justificou.
Este tipo de orientação é tão importante nesta faixa etária, que o material de higiene
bucal já deveria fazer parte da lista de material escolar nos casos das escolas
44
particulares e serem fornecidos pelas escolas municipais, tornando para criança um
hábito a escovação após a alimentação.
A erupção do primeiro molar permanente é outro item importante na faixa
etária trabalhada. Por isto questionamos os professores, sobre este tema na
pergunta de número oito do questionário. Nas escolas particulares somente um
professor citou saber quando ocorria a erupção do primeiro molar permanente,
respondendo que acontecia aos seis anos de idade, estando este correto em sua
resposta.
Nas escolas municipais quatro professores afirmaram saber, mas
somente um deste respondeu corretamente a faixa etária em que se dá a erupção.
Como podemos observar realmente o desconhecimento sobre o assunto é geral,
facilitando devido a falta de orientação para as crianças a perda de um dente,
ocasionado futuros problemas de oclusão, sendo que para isso seria evitado apenas
com a escovação e utilização do fio dental, ou seja nenhum procedimento
profissional seria necessário. É na faixa etária entre seis e sete anos que ocorre a
erupção deste dente, Sato (1991), Macdonald & Avery (1995), Nordi e colaboradores
(1994). Como todos os dentes decíduos são substituídos e o primeiro molar
permanente nasce sem nenhum dente decíduo esfoliar e ainda erupciona atrás de
todos os dentes, este desconhecimento por parte de responsáveis pode devido a
uma higienização inadequada levar ao desenvolvimento de cárie e perda precoce
deste dente, gerando futuros problemas oclusais para a criança. Muitos autores
relatam a dificuldade de higienização deste dente e sua perda precoce como Grando
e colaboradores (1996), Kramer e colaboradores (1997), Normando e colaboradores
(2003), Vidal e colaboradores (2005), citando que o aparecimento da cárie se dá
antes mesmo que a oclusão funcional do dente se estabeleça.
Como já citamos no decorrer da pesquisa, os traumatismos dentários
ocorrem com muita freqüência nesta faixa etária, por isso os professores foram
questionados sobre os procedimentos que realizariam em caso de avulsão.
Nas escolas particulares, seis professores encaminhariam a criança para
o dentista com o dente que saiu, sendo que um deles, cita que embrulharia o dente
em papel higiênico. Um professor tentaria salvar o dente, mas sem saber como seria
45
a melhor maneira. Três professores realizariam o procedimento adequado, onde um
recolocaria o dente no local onde saiu, e dois colocariam o dente em um copo com
leite e levariam para o dentista. Dos outros cinco professsores, dois ligam para os
responsáveis e três levariam a criança para o pronto socorro, sendo que em nenhum
destes casos eles citam o dente que foi avulsionado.
Nas escolas municipais um único professor relatou que pegaria o dente e
colocaria no local de onde saiu. Cinco professores pegariam o dente e
encaminhariam a criança ao dentista, um professor mandaria a criança para casa
com o dente e um professor acalmaria a criança, guardaria o dente e chamaria o
responsável. Um professor relatou que acalmaria a criança e a levaria para direção,
três professores levariam a criança para pronto socorro, três professores avisariam
os responsáveis.
É nesta fase que as crianças praticam esportes e se socializam através
de brincadeiras e é nesta fase também que erupcionam os incisivos permanentes, e
por estes não estarem com a raiz completamente formada qualquer traumatismo
mesmo este sendo leve poderá causar uma avulsão. Como relata Andreasen e
Andreasen (2001), existem vários tipos de traumatismo, mas no caso da avulsão o
prognóstico depende de condutas rápidas e eficientes confirmado por Andreasen
(1995), Barry (1983), Abbot (1991), Marzola (1997) o que muitas vezes não ocorre
devido a impotência dos responsáveis perante a criança machucada. A avulsão
dental está entre os traumas que podem causar maiores danos funcionais, estéticos
e psicológicos ao paciente (POHL, FILIPI, KIRSCHNER, 2005).
Mesmo sendo o procedimento adequado em caso de avulsão simples e
devendo ser realizado por pessoas leigas que estejam próximas ao acidente,
determinando assim o prognóstico favorável deste dente, isso não acontece devido
o desconhecimento dessas pessoas, mesmo estas trabalhando diretamente com a
faixa etária mais afetada. Vários estudos confirmam este desconhecimento como
(BLAKYTNY, 2001; SENES, 2001; SCANNAVINO, 2004; GRANVILLE-GARCIA et al.
2007; SOUZA, 2010).
Perguntamos também, onde eles tomaram conhecimento sobre este
assunto, os três professores das escolas particulares que realizariam o
46
procedimento adequado, relatam já ter vivenciado a situação.Nas respostas erradas,
os professores citam ter aprendido através de conversas informais com profissionais
de saúde, ser o procedimento do colégio e alguns não justificam.
Nas escolas municipais o professor que citou colocar o dente de volta ao
local, relata que participou de uma capacitação, onde um cirurgião dentista
apresentou para os professores do colégio onde trabalhava através de slides os
procedimentos necessários em caso de avulsão. Os outros professores que
pegariam o dente citaram que já vivenciaram a situação e alguns através de
dentistas e Internet. Por isso a necessidade de se instrumentalizar estes professores
e poder assim disseminar adequadamente estes dados. Segundo Vasel e
colaboradores (2008), existe uma necessidade de fornecer subsídios teóricos e
práticos aos educadores, para que estes possam transmitir aos seus alunos os
conteúdos referentes a saúde bucal e traumatismo dental de forma adequada.
5.2 Elaboração do manual e do jogo da memória
Com a intenção de construir um produto acessível e utilizável no processo
ensino-aprendizagem, foi confeccionado um manual e um jogo da memória, voltados
para os primeiros anos do ensino fundamental. O jogo da memória é composto por
24 cartas e tem como objetivos despertar o interesse do aluno pelo tema e facilitar o
aprendizado das crianças na faixa etária de seis a dez anos, sendo mais receptiva a
essas dinâmicas de aprendizagem. A necessidade de elaborarmos um manual de
orientação para o jogo é de confeccionar um material de apoio para os professores
com maior conteúdo teórico. O manual é composto por 13 folhas, fornecendo mais
dados a estes que trabalham diretamente com a faixa etária mais propensa a sofrer
uma avulsão e desenvolver cáries devido a falta de higienização, incentivando os
professores trabalharem assuntos essenciais na vida de uma criança.
A confecção do manual e do jogo contou com a parceria de estudantes do
curso de Design do Unifoa. Inicialmente foram produzidas as ilustrações para assim
adaptarmos todo conteúdo teórico necessário facilitando o entendimento, já que este
47
material será utilizado por pessoas leigas no assunto. O manual apresenta em sua
primeira folha uma introdução, onde justificamos a escolha pela faixa etária.
Sabemos que esta faixa etária é receptiva a este tipo de metodologia,
pois é quando a criança assimila conhecimentos através do lúdico como relata
autores como, Freire (1989); Brito (2005); Moura e Vale (2002) e Campos e
colaboradores (2003).
Na segunda folha que é a dinâmica do jogo passamos a explicar as
regras a serem seguidas para a utilização do jogo da memória.
48
Como relata Cristovam (2005), a brincadeira é uma atividade que decorre
da imitação e não existe regras porém no jogo existe a necessidade de regras, por
isso o manual foi dividido apresentando em uma de suas partes a dinâmica do jogo,
orientando os jogadores como utilizá-lo.
Nas folhas seguintes do manual apresentamos todas as cartas do jogo
explicando para os professores os assuntos abordados em cada carta. Como
sabemos as crianças necessitam de alguém que as orientem, e o professor para
realizar esta função de condutor necessita estar bem informado sobre o assunto.
(CAMPOS et al., 2003).
49
Já nas cartas do jogo, para facilitar a memorização das crianças
priorizamos as ilustrações acompanhadas de um pequeno texto, sempre pontuando
em uma carta a definição e no seu par o procedimento necessário para uma boa
saúde bucal.
50
Nesta faixa etária a atividade lúdica é muito bem aceita e adequada para
a construção de conhecimento. (KISHIMOTO, 2005; PIAGET, 1975).
5.3 Retorno às escolas que utilizaram o material
O jogo e o manual foram confeccionados e disponibilizados para serem
utilizados pelos professores. Após o período de um mês depois da oferta do jogo e
do manual, foi aplicado novamente o questionário para conhecermos a opinião sobre
o produto. Da primeira a terceira pergunta, manteve-se as respostas, pois os
professores foram os mesmos questionados na primeira etapa.
Na pergunta de número quatro os professores foram questionados se
trabalharam com seus alunos algum conteúdo de saúde bucal, já que o jogo tinha
esta finalidade. Nas escolas particulares analisadas todos os professores relataram
trabalhar o conteúdo, tendo utilizado o jogo. Já nas escolas municipais dois
professores, dos quinze questionados não utilizaram o jogo dentro de sala de aula,
justificando a falta de tempo. Fica evidente a melhora para a primeira fase, onde
uma pequena minoria relatava trabalhar o conteúdo.
51
Através da pesquisa podemos observar que existe a necessidade de uma
melhor integração entre a educação e saúde em sala de aula, devendo o professor
pela proximidade com o aluno ser um mediador deste conteúdo, sendo confirmado
esta teoria por autores como Loureiro (1996); Gazinelle e colaboradores (2005). Mas
para isso o professor tem que estar preparado e com boa fundamentação sobre o
tema tendo principalmente acesso a materiais formais e materiais paradidáticos
como o produzido nesta pesquisa, para assim ter um apoio dentro e fora da sala de
aula.
Na pergunta de número cinco procuramos identificar se o conhecimento
dos professores em relação a alguns recursos utilizados para higiene bucal havia
melhorado com a utilização do jogo e do manual. Em relação a escova dental todos
os quinze professores de escolas particulares citam que a escova dental tem a
função de limpeza dos dentes e os outros quinze professores das escolas
municipais, citam que a escova tem a função de limpeza dos dentes e da língua.
Na Figura 9, os professores definem a finalidade do creme dental. Em
relação ao fio dental tanto nas escolas particulares como nas escolas municipais
todos os professores relatam que a função é de remoção de resíduos entre os
dentes, o que não aconteceu no primeiro momento que foi passado o questionário.
Figura 9: Resposta dos professores sobre a função do creme dental.
Na figura 10, os professores descrevem a função do flúor.
52
Figura 10: Respostas dos professores sobre a função do flúor.
A diferença que podemos observar nas respostas desses professores
antes e depois de terem o contato com o jogo e o manual é que suas respostas
foram mais diretas, com menos derivações. A utilização de jogos como didática em
sala de aula facilita a capacidade do ser humano de se expressar, segundo Britto
(2002) e desta forma a criança, aprende brincando. Sabemos que com a atividade
lúdica a criança além de reter conhecimentos importantes do seu dia a dia ela se
torna capaz de se integrar com o grupo de forma alegre e espontânea (BARRETO,
2007).
Outro assunto questionado sobre saúde bucal é a influência da
alimentação. Todos os professores acreditam que a alimentação influência na saúde
dos dentes e citam como alimentos favoráveis, as frutas, legumes e derivados de
leite e desfavoráveis os alimentos ricos em açúcar. Não foi observado diferença
neste questionamento após a utilização do jogo e do manual.
O que pode se apontar neste trabalho como efetiva mudança na resposta
do questionário, antes e depois de ter o contato com o produto apresentado aos
docentes é a mudança de hábito na escola, tendo os professores agora a postura de
orientar os alunos a escovarem os dentes. Ilustramos na Figura 11 essa mudança.
Um professor da escola particular não respondeu e os que responderam não,
justificaram pela falta de tempo.
53
Como já citamos a escovação dos dentes após alimentação é essencial,
principalmente nesta faixa etária onde temos a substituição dos dentes decíduos
pelos dentes permanentes.
Figura 11: Respostas dos professores sobre a orientação que fazem aos alunos
quanto a realização da escovação após o horário do recreio.
Quanto à erupção do 1º molar permanente, observa-se na Figura 12 que
também houve mudança após a utilização do produto. Diferente da 1º etapa, a
maioria dos professores sabia que a fase eruptiva ocorre aproximadamente aos seis
anos.
Figura 12: Resposta dos professores sobre a época de erupção do primeiro molar
permanente.
O primeiro molar permanente é essencial no desenvolvimento bucal e o
desconhecimento da fase eruptiva deste dente ocasiona sua perda precoce e futuros
problemas oclusais (SATO, 1991; NORDI et al., 1994). Por menor que seja o grupo
54
de pessoas que tiveram o acesso ao jogo e ao manual esperamos que estes dados
se multipliquem através do convívio domiciliar e social das pessoas, pois se trata de
um assunto simples onde pessoas leigas evitam futuros problemas utilizando
simplesmente uma higienização adequada.
Já nas perguntas sobre traumatismo podemos observar na segunda
etapa grande mudança nos procedimentos imediatos. Todos os professores
questionados (30 professores) citam que tentariam recolocar o dente novamente no
local e se caso não conseguissem, levariam o dente hidratados em leite ou água.
Todos citam também que tomaram conhecimento do procedimento correto após a
leitura e utilização do manual fornecido.
Este dado sobre primeiros socorros em caso de traumatismo é essencial
para os professores, pois sabemos que quando uma pessoa leiga se depara com
esta situação desta ela tende a ficar impotente, mesmo que o procedimento correto
seja simples e com a pesquisa observamos que de todos os professores que
participaram o único que realizaria o procedimento correto relata ter participado de
uma capacitação. E este desconhecimento na maioria das vezes leva a perda do
dente, futuros problemas oclusais e muitas vezes problemas psicológicos por
envolver principalmente dentes anteriores.
55
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho é um produto de uma dissertação do programa de mestrado
profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, do Centro
Universitário de Volta Redonda – UNIFOA. Nosso produto tem como finalidade
fornecer dados sobre saúde bucal e primeiros socorros em caso de traumatismo
dental ao público docente em algumas escolas particulares e municipais da cidade
de Volta Redonda.
O ensino de ciências estimula o raciocínio lógico e a curiosidade, ajuda a
formar cidadãos mais aptos a enfrentar desafios na sociedade. O jogo e o manual
proporcionaram para esses alunos um contato direto com a sua realidade,
fornecendo a seus professores uma prática educativa adequada as necessidades
sociais.
Podemos observar com essa pequena amostra apresentada que, a partir
do momento que os docentes tomam conhecimento dos melhores procedimentos
para uma boa realização de saúde bucal de seus discentes, não só a rotina da
escola muda, mas, hábitos saudáveis em casa poderão ser notados. Ao mesmo
tempo o professor passa a reconhecer que através de condutas simples, em caso de
traumatismo, pode estar salvando a harmonia do sorriso de uma criança.
Pretendemos disponibilizar o acesso à impressão do arquivo em link no
site do mestrado profissional em ensino em ciências da saúde e do meio ambiente -
Unifoa. O material também será apresentado à secretaria de educação na cidade de
Volta Redonda-RJ para futuras parcerias e divulgação das atividades desenvolvidas.
56
7. CONCLUSÕES
Com os resultados da presente dissertação, pode-se concluir que:
- Os docentes participantes da pesquisa apresentavam poucas informações e muitas
delas inadequadas no início da pesquisa, sobre saúde bucal e socorro imediato após
um traumatismo dental.
- Após participar de atividades com informações referentes à saúde bucal (através
do uso de um jogo da memória e um manual para docentes), foi possível levantar
que as respostas foram mais significativas.
- O jogo da memória produzido apresenta algumas informações básicas sobre saúde
bucal, as quais poderão ser discutidas por alunos do 1º ao 5º ano, mediadas pelo
docente que poderá levantar informações pertinentes com o uso do manual para
docentes.
Com os resultados da presente dissertação espera-se contribuir para o
ensino de temas de saúde para alunos do ensino fundamental e a discussão entre
docentes e discentes sobre a importância de manutenção de hábitos de higiene e
aspectos preventivos à saúde bucal.
57
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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247, maio/jun. 2005.
65
APÊNDICE A - Questionário
Curso de Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio
Ambiente
Este questionário destina-se ao levantamento de tópicos específicos para a
elaboração de um material paradidático que servirá de produto para uma dissertação
de mestrado, devidamente aprovado pelo comitê de ética do UniFoa.
-Neste ano quais séries você atua como professor(a):____________________.
1) Seu grau de escolaridade:
( ) Graduado
( ) Curso normal
( ) Especialista
( ) Mestre
( ) Outros. Cite:________________________________________________.
2) Durante sua formação escolar você teve oportunidade de estudar conteúdos
ligados à saúde e a higiene bucal como conteúdo curricular?
( ) Sim ( ) Não
Se sua resposta é for Sim: Onde você estudou?
( ) Escola de 1ª a 4ª ou correspondente
( ) Escola de 5ª a 8ª ou correspondente
( ) 2º grau ou correspondente
( ) Outros: Onde ______________________.
3) As crianças levantam dúvidas sobre questões relativas à saúde e a higiene bucal
em sala de aula?
( ) Sempre
( ) Frequentemente
( ) Ocasionalmente
( ) Nunca
66
4) Você trabalha o conteúdo “Saude e Higiene Bucal” com os seus alunos?
( ) Sim. Com quais recursos pedagógicos?___________________________.
( ) Não. Porque:________________________________________________.
5) Para você qual o principal objetivo do uso de:
• Escova de dente:___________________________________________.
• Pasta de dente: ___________________________________________.
• Fio dental:________________________________________________.
• Fluor:____________________________________________________.
6) Você acha que a alimentação pode influenciar na saúde dos dentes?
( ) Sim
( ) Não
Caso sua resposta seja sim:
• Cite exemplos de alimentos favoráveis à saúde do
dente:______________________________________________________________
__________________________________________________________________
• Cite exemplos de alimentos desfavoráveis à saúde do dente:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7) Você orienta os alunos a realizarem a escovação após se alimentarem no
colégio?
( ) Sim ( ) Não. Porque:________________________________________.
8) Você sabe quando o primeiro molar permanente erupciona (nasce)?
( ) Sim. Quando:________________________________________( ) Não
67
Observe as figuras e responda:
9)Caso ocorra uma situação próxima a você onde uma criança após queda perceba
que o dente saiu, o que você faria?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10) Onde você tomou conhecimento de tais informações?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Caso queira fazer algum comentário sobre o questionário ou sobre o tema abordado,
utilize o verso desta página. Tudo o que você tem a dizer é de nosso interesse.
Muito obrigada!
68
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos – CoEPS/UniFOA
(Observação: O TCLE deve ser impresso em duas cópias, ficando uma delas sob
responsabilidade do Pesquisador Coordenador e a outra sob a guarda do
participante)
1- Identificação do responsável pela execução da pesquisa:
Título do Projeto: CUIDADOS COM A DENTIÇÃO NO PERÍODO ESCOLAR –
ORIENTAÇÕES PARA PROFESSORES.
Coordenador do Projeto: Elaine de Sá Chaves e Valéria Vieira da Silva.
Telefones de contato do Coordenador do Projeto: (24) 33464283 / (24) 78345619
Endereço do Comitê de Ética em Pesquisa: Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº1325 –
Três Poços – Volta Redonda - RJ
2- Informações ao participante ou responsável:
(a) Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa que tem como
objetivo levantar informações que professores de ensino fundamental
trabalham com seus alunos sobre saúde bucal e primeiros socorros em caso
de traumatismo dental.
(b) Antes de aceitar participar da pesquisa, leia atentamente as explicações
abaixo que informam sobre o procedimento. Este levantamento de dados será
útil para confecção de um jogo da memória com um manual de orientações
que facilite seu uso, na intenção de compor um material paradidático para
utilização em escolas particulares e públicas.
(c) Os recursos propostos para este estudo serão questionários apresentados
aos professores onde estes resumidamente irão fornecer o conhecimento
repassado sobre saúde bucal e primeiro socorros perante a um traumatismo
dental.
(d) Você poderá recusar a participar da pesquisa e poderá abandonar o
procedimento em qualquer momento, sem nenhuma penalização ou prejuízo.
69
Você poderá recusar a responder qualquer pergunta que por ventura lhe
causar algum constrangimento.
(e) A sua participação como voluntário, ou a do menor pelo qual você é
responsável, não auferirá nenhum privilégio, seja ele de caráter financeiro ou
de qualquer natureza, podendo se retirar do projeto em qualquer momento
sem prejuízo a V.Sa.
(f) A sua participação ou a do menor sob sua responsabilidade não trará riscos
de ordem física bem como psicológica.
(g) Serão garantidos o sigilo e privacidade, sendo reservado ao participante ou
seu responsável o direito de omissão de sua identificação ou de dados que
possam comprometê-lo.
(h) Na apresentação dos resultados não serão citados os nomes dos
participantes.
(i) Confirmo ter conhecimento do conteúdo deste termo. A minha assinatura
abaixo indica que concordo em participar desta pesquisa e por isso dou meu
consentimento.
Volta Redonda, _____de ___________________ de 20_____.
Participante:________________________________________________________
70
APÊNDICE C
71
72
73
74
75
ANEXO A