Cuidados de enfermagem ao cliente portador de distúrbios psicóticos

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 Cuidados de enfermagem ao cliente portador de distúrbios psicóticos É importante comunicar ao cliente que você aceita a sua necessidade em ter a falsa crença (alucinações, idéias delirantes), porém você deve deixar claro que não compartilha delas. Ou seja, o cliente deve compreender que você aceita suas falsas crenças, mas não se trata de algo real. A relação de confiança com o cliente é fundamental e não discutir e nem negar a falsa crença do cliente, reforçam essa confiança. Deve-se reforçar e focalizar a realidade com o cliente, desencorajando as ruminações sobre as idéias delirantes, falando a respeito de eventos e pessoas reais, pois a discussão sobre as idéias delirantes pode reforçar a piora do quadro psicótico. Se o cliente, devido à história delirante, se apresentar muito desconfiado, é recomendado, na medida do  possível, que seja utilizada a mesma equipe no atendimento ao cliente, promovendo uma relação de confiança. É importante também evitar risos, sussurros ou cochichos quando o cliente não puder ver ou ouvir claramente o que está sendo dito, usando sempre uma abordagem franca, direta, porém amistosa com o cliente. Essas medidas são fundamentais para que o cliente não se sinta ameaçado, e possa estar mais confiante na equipe e no tratamento. Muitas vezes uma intervenção precoce impede uma resposta agressiva do cliente a alucinações imperativas, portanto é necessária uma observação criteriosa quanto aos sinais de alucinações, apresentados pelo cliente. Devido às alterações sensoperceptivas o cliente pode perceber o contato como sendo ameaçador, e desta forma responder de maneira agressiva, para tanto se deve evitar tocar o cliente sem prévio aviso. É importante não reforçar as alucinações e dizer ao cliente que são reais para ele, poré m você não escuta e não vê aquilo que ele escuta e vê. Para que o cliente possa eliminar suas alucinações ele deve aceitar que suas percepções são irreais. Pode ser bastante eficaz envolver o cliente em atividades interpessoais em que sejam discutidas e abordadas situações da vida real. Tentar distrair o cliente das alucinações pode ajudar a trazê-lo de volta à realidade. Ter atitude de aceitação e encorajar o cliente a compartilhar o conteúdo de suas alucinações é importante, pois pode evitar possíveis lesões ao cliente e aos outros e  promove também o entendime nto do conteúdo delirante. Desta forma a equipe consegue oferecer um suporte mais efetivo ao cliente. Ajudar o cliente a compreender a ligação de sua ansiedade com as alucinações  produzidas por ele é fundamental, pois ao aprender a controlar seu aumento de ansiedade, em muitos casos, pode evitar as alucinações. O cliente portador de distúrbio psicótico pode apresentar retraimento, tristeza, embotamento afetivo e ainda sentimentos de rejeição ou de solidão. Nestes casos uma atitude de aceitação facilita a confiança e promove aumento da dignidade pessoal, o cliente sente-se acolhido e compreendido. Portanto deve-se transmitir atitude de aceitação por meio de contatos breves e constantes.

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Cuidados de enfermagem ao cliente portador de distúrbios psicóticos

É importante comunicar ao cliente que você aceita a sua necessidade em ter a falsacrença (alucinações, idéias delirantes), porém você deve deixar claro que nãocompartilha delas. Ou seja, o cliente deve compreender que você aceita suas falsascrenças, mas não se trata de algo real. A relação de confiança com o cliente é

fundamental e não discutir e nem negar a falsa crença do cliente, reforçam essaconfiança.

Deve-se reforçar e focalizar a realidade com o cliente, desencorajando as ruminaçõessobre as idéias delirantes, falando a respeito de eventos e pessoas reais, pois a discussãosobre as idéias delirantes pode reforçar a piora do quadro psicótico. Se o cliente, devidoà história delirante, se apresentar muito desconfiado, é recomendado, na medida do

  possível, que seja utilizada a mesma equipe no atendimento ao cliente, promovendouma relação de confiança.

É importante também evitar risos, sussurros ou cochichos quando o cliente não puder ver ou ouvir claramente o que está sendo dito, usando sempre uma abordagem franca,

direta, porém amistosa com o cliente. Essas medidas são fundamentais para que ocliente não se sinta ameaçado, e possa estar mais confiante na equipe e no tratamento.

Muitas vezes uma intervenção precoce impede uma resposta agressiva do cliente aalucinações imperativas, portanto é necessária uma observação criteriosa quanto aossinais de alucinações, apresentados pelo cliente. Devido às alterações sensoperceptivaso cliente pode perceber o contato como sendo ameaçador, e desta forma responder demaneira agressiva, para tanto se deve evitar tocar o cliente sem prévio aviso.

É importante não reforçar as alucinações e dizer ao cliente que são reais para ele, porémvocê não escuta e não vê aquilo que ele escuta e vê. Para que o cliente possa eliminar 

suas alucinações ele deve aceitar que suas percepções são irreais. Pode ser bastanteeficaz envolver o cliente em atividades interpessoais em que sejam discutidas eabordadas situações da vida real. Tentar distrair o cliente das alucinações pode ajudar atrazê-lo de volta à realidade.

Ter atitude de aceitação e encorajar o cliente a compartilhar o conteúdo de suasalucinações é importante, pois pode evitar possíveis lesões ao cliente e aos outros e

 promove também o entendimento do conteúdo delirante. Desta forma a equipe consegueoferecer um suporte mais efetivo ao cliente.

Ajudar o cliente a compreender a ligação de sua ansiedade com as alucinações  produzidas por ele é fundamental, pois ao aprender a controlar seu aumento de

ansiedade, em muitos casos, pode evitar as alucinações.

O cliente portador de distúrbio psicótico pode apresentar retraimento, tristeza,embotamento afetivo e ainda sentimentos de rejeição ou de solidão. Nestes casos umaatitude de aceitação facilita a confiança e promove aumento da dignidade pessoal, ocliente sente-se acolhido e compreendido. Portanto deve-se transmitir atitude deaceitação por meio de contatos breves e constantes.

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Sabemos que a presença de um profissional no qual o cliente possa confiar proporcionasegurança e conforto, portanto é importante permanecer com o cliente duranteatividades em grupo que ele se considere inseguro ou despreparado.

Dar reconhecimento e reforço positivo às interações realizadas voluntariamente pelocliente com os outros aumenta a auto-estima e encoraja o cliente. Sabemos o quanto é

 bom quando recebemos um incentivo ao mudar nossa atitude, não é mesmo?

Alguns clientes portadores de distúrbio psicótico podem apresentar comportamentoautodestrutivo ou atos agressivos, nestes casos é importante observar freqüentemente ocomportamento do cliente, enquanto realizamos as atividades rotineiras do setor.

A observação atenta é importante, pois promove intervenção imediata em caso denecessidade e se é feita durante as atividades rotineiras do setor não gera desconfiança

 por parte do cliente.

Deve-se manter baixo o nível de estimulação no ambiente, já que o excesso deestimulação pode elevar os níveis de ansiedade, e neste caso o cliente pode perceber osindivíduos como ameaçadores se estiver mais desconfiado e agitado. Vale lembrar que aretirada de objetos perigosos impede que o cliente num momento de agitação e deconfusão mental possa causar danos a si mesmo ou aos outros.

Os exercícios físicos são formas seguras e eficazes de redirecionar o comportamentoviolento do cliente e desta forma dar vazão à ansiedade. É clara a necessidade da equipeem manter atitude calma e tranqüila, já que a ansiedade e a agitação da equipe podemcontagiar o cliente. Nestes casos ter um número adequado de membros na equipe deenfermagem é importante para atender os casos nos quais seja necessária contençãofísica do cliente e para que a própria equipe se sinta segura.

Outra característica comum em clientes portadores de distúrbios psicóticos são asalterações na comunicação verbal que se refletem através dos neologismos, das saladasde palavras e ainda ecolalia.

Tentar codificar os padrões de comunicação incompreensíveis do cliente ajuda acompreender melhor o cliente e promove melhor entendimento por parte do cliente dasrecomendações feitas pela equipe. Pode-se validar a compreensão do que o cliente dissecom frases como "foi isso o que você quis dizer", ou ainda, "não entendo o que vocêquer dizer com isso". Uma forma eficaz de ajudar o cliente a verbalizar assuntos atéentão não verbalizados por ele, é na medida do possível designar a mesma equipe paraos cuidados com o cliente, já que facilita a interação e promove confiança.

É importante também orientar o cliente quanto à realidade na medida do necessário.Chamá-lo pelo nome e validar aspectos da comunicação que o ajudam a diferenciar oque é real daquilo que não é real, pode facilitar a restauração dos padrões funcionais decomunicação do cliente.

A segurança e o conforto do cliente são questões fundamentais para a equipe deenfermagem e para a melhora significativa do cliente, portanto é necessário prever esatisfazer as necessidades do cliente, no quanto for possível, até que seu padrão decomunicação seja restabelecido.

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Para finalizar vamos agora abordar os cuidados necessários ao atendimento do clienteque esteja apresentando déficit em seu autocuidado como dificuldades em higienizar-se,vestir-se ou ainda cuidar da própria aparência. Devemos auxiliar nas necessidades deautocuidado quando houver necessidade ou quando o cliente solicitar ajuda. A presençado profissional proporciona segurança e conforto ao cliente e permite ainda a avaliaçãodas condições físicas do cliente durante as atividades de higiene.

É sempre recomendado que se dê reforço positivo às conquistas de autonomia docliente, encorajando-o a executar com independência quantas tarefas lhe forem

 possíveis e viáveis. O reforço positivo aumenta a auto-estima e promove a repetição doscomportamentos desejados.

Outra forma de ajudar o cliente que não está se alimentando adequadamente, é permitir que ele coma seus próprios alimentos trazidos pela família, e se houver possibilidade

  permitir que o cliente participe da preparação do alimento. Esta é uma abordagem  bastante útil nos casos em que o cliente apresenta idéias paranóides e mostra-sedesconfiado.