Cultura Clássica - Aula 1

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Aula 1: História da formação da Grécia e de Roma Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Compreender o valor do legado das culturas clássicas, grega e latina, na formação linguístico-literária e artística do Ocidente Moderno e do Brasil, em particular. Seja bem-vindo à Disciplina Cultura Clássica Contribuições Linguísticas! Nesta aula, conheceremos as origens das duas mais importantes civilizações da antiguidade: Grécia e Roma. Elas são importantes em dois sentidos. Primeiro, por seu desenvolvimento, sua cultura e inventos, sua literatura e idiomas, por suas guerras e conquistas, por seus valores e mitos. Segundo, porque este legado dos gregos e dos romanos permanece entre nós, através da arte, da literatura, da mitologia, das tragédias, da poesia, das línguas. Nas memórias destas duas civilizações construiu-se o Ocidente, a Europa e, em consequência das colonizações nas Américas, este legado greco-romano tornou-se também uma fonte para a formação da literatura e da arte no Brasil. LOCALIZAÇÃO E POVOAMENTO DA GRÉCIA Entre os anos: 1100e 800a.C. Época homérica: período em que os poemas Ilíada e Odisseia, atribuídos ao poeta Homero, teriam aparecido. Entre os anos: 800 e 500 a.C. Época clássica: período de consolidação da cidade Estado {polis) e do apogeu da cultura grega. Entre os séculos: VelV a.C.

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Estácio

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Aula 1: História da formação da Grécia e de Roma

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. Compreender o valor do legado das culturas clássicas, grega e latina, na formação linguístico-literária e artística do Ocidente Moderno e do Brasil, em particular.

Seja bem-vindo à Disciplina Cultura Clássica Contribuições Linguísticas!

Nesta aula, conheceremos as origens das duas mais importantes civilizações da antiguidade: Grécia e Roma. Elas são importantes em dois sentidos.

Primeiro, por seu desenvolvimento, sua cultura e inventos, sua literatura e idiomas, por suas guerras e conquistas, por seus valores e mitos.

Segundo, porque este legado dos gregos e dos romanos permanece entre nós, através da arte, da literatura, da mitologia, das tragédias, da poesia, das línguas.

Nas memórias destas duas civilizações construiu-se o Ocidente, a Europa e, em consequência das colonizações nas Américas, este legado greco-romano tornou-se também uma fonte para a formação da literatura e da arte no Brasil.

LOCALIZAÇÃO E POVOAMENTO DA GRÉCIA

Entre os anos: 1100e 800a.C.Época homérica: período em que os poemas Ilíada e Odisseia, atribuídos ao poeta Homero, teriam aparecido.

Entre os anos: 800 e 500 a.C.Época clássica: período de consolidação da cidade Estado {polis) e do apogeu da cultura grega.

Entre os séculos: VelV a.C.Época arcaica: período de formação da cidade-Estado grega, a polis.

Entre os anos: 336 e 146 a.C.Época helenística: período de decadência da polis grega, que inclui os domínios macedónio e romano sobre a Grécia.

O Mundo Grego Antigo, ou Hélade, como era chamado pelos próprios gregos (Grécia é uma nomenclatura romana), ocupava a parte sul da península balcânica, as ilhas do mar Egeu, as costas da Ásia Menor e o sul da Itália.

A Grécia setentrional (norte) tinha três importantes regiões: Tessália, Fócida e Etólia (ou Epiro). Na Grécia peninsular, ligada à central pela faixa de terra chamada Corinto,

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estavam a Lacônia e a Messênia. Na Grécia central, encontravam-se a Beócia e a Ática. Fora do continente, havia a Grécia insular. Ao final do período Neolítico, a região já era habitada por povos sedentários de língua não grega, chamados peías$os. A partir de 2000 a.C, aproximadamente, povos de origem indo-europeia, chamados helenos, começaram a chegar à região.

Os primeiros helenos a alcançar a Grécia foram os aqueus (1950 a.C, originários das estepes russas, que, em busca de melhores pastagens para seus rebanhos, espalharam-se por quase toda a Grécia, parte da Ásia Menor e pelo sul da Itália.

O contato dos aqueus com os cretenses deu origem à civilização micênica. A seguir, chegaram os jônios e os eólios (1500 a.C), que se estabeleceram na Ática e na Ásia Menor. A última leva foi a dos dórios (1200 a.C, que se estabeleceram no Peloponeso, destruindo parte da civilização micênica. A invasão dórica não chegou a atingir a região da Ática.

AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-GREGAS: CRETENSES E MICÊNICOS

Entre 2500 e 1400 a.C, desenvolveu-se no Mediterrâneo uma cultura bastante importante para a História, cujo principal centro era a ilha de Creta. Essa civilização expandiu-se, chegando à costa da Asia Menor, às ilhas do mar Egeu e parte da península balcânica (Grécia).

A civilização cretense distinguiu-se por sua intensa produção artesanal, de caráter luxuoso, o que indica que já dominava técnicas de fabricação mais sofisticadas. Essa produção era comercializada através de estradas que ligavam suas cidades-palácios e também era exportada ao Oriente Médio.

Na civilização cretense, as cidades-palácios que mais se destacaram foram Cnossos e Faestos, que eram governadas por reis e funcionavam como se fossem pequenos Estados independentes. Como vimos anteriormente, foi do contato dos aqueus com os cretenses que surgiu a civilização micênica.

Os aqueus estabeleceram-se em pequenos Estados independentes, governados por príncipes ou chefes militares religiosos. Esses governantes tinham suas "cortes" de nobres guerreiros e eram sustentados pelo trabalho dos camponeses servis. Construíram castelos fortificados em locais bastante altos, para facilitar a defesa. Eram as acrópoles, isto é, cidades altas. As mais famosas dessas cidades foram Tilinto e Micenas, esta quase inacessível. Por volta de 1400 a.C, os micênicos invadiram Creta e destruíram Cnossos. Micenas passou a ocupar o lugar de Creta no comércio e na produção artesanal. A civilização micênica tinha várias características da civilização grega: sua língua era semelhante ao grego, por exemplo.

No entanto, a existência de uma forte burocracia e de um poder central que controlava a economia dava à civilização micênica características das civilizações

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orientais. A religião micênica era uma fusão de deuses indoeuropeus com deuses cretenses. Alguns transformaram-se em deuses gregos. Zeus e Posêidon são dois exemplos. Mesmo com o desaparecimento da civilização micênica, notamos que os gregos preservaram várias raízes dessa cultura: a língua, os principais deuses e a herança dos feitos históricos da Guerra de Tróia.

O PERÍODO HOMÉRICO: A importância das obras de Homero

A principal fonte histórica para o estudo da Grécia nos períodos anterior e posterior à invasão dórica tem sido os poemas épicos Ilíada e Odisseia, ambos atribuídos a Homero.

As duas obras parecem ter sido produzidas em épocas diferentes, pois na Odisseia há muitas menções a armas, ferramentas e instrumentos de ferro, enquanto na Ilíada não se faz referência a esse material. Isso indica que a Odisseia é mais recente que Ilíada.

A ilíada descreve a Guerra de Tróia, cidade que representava parte de uma civilização pré-helênica que entrou em choque com os aqueus (chamados gregos).

Já a Odisseia descreve as peripécias de Ulisses, nobre grego, com suas viagens de volta para Itaca, na Grécia, através do Mediterrâneo. Foi o estudo da Odisseia que forneceu as mais ricas informações para a compreensão da sociedade e da economia da Grécia do período homérico.

A formação da civilização grega no Período Homérico

Com a invasão dos dórios, a ascendente civilização micênica sofreu violento impacto. Seguiu-se um período de acentuado declínio da produção material e intelectual que ficou conhecido como a Idade Média Grega ou Idade das Trevas.

Nesse período, a sociedade retrocedeu para um tipo de organização política e económica relativamente simples. Formaram-se os clãs ou génos: grupos de parentes consanguíneos, descendentes de um mesmo antepassado. Formavam uma aristocracia que controlava os meios de produção (as melhores terras, escravos e ferramentas). Toda a produção era fruto do trabalho dos escravos e dos servidores. No entanto, esses escravos gozavam da proteção de seus senhores e não eram submetidos a maus- tratos. Também os membros do génos trabalhavam junto a seus escravos.

O PERÍODO ARCAICO

A Grécia antiga não era um "país" centralizado e unificado como o de hoje. Era formada por um grande número de pequenos Estados independentes entre si, que

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ficaram conhecidos com o nome de cidades-Estados ou, em grego, polis. O nascimento da polis. Depois da invasão dos dórios, a Grécia foi aos poucos se transformando.

Surgiram construções no alto dos morros para melhor defesa de possíveis ataques. As casas e templos se aglomeravam e formaram o que ficou conhecido como polis, que pode ser grosseiramente traduzida por cidade.

Nas cidades-Estados da Grécia antiga, na parte mais alta, habitava a aristocracia liderada pelo basileu, espécie de rei-sacerdote. Nas partes mais baixas, localizava-se o mercado e nelas moravam os comerciantes, artesãos e trabalhadores em geral.

A acrópole era a parte da polis onde ficavam as fortificações militares e os templos religiosos. Um exemplo famoso desse tipo de construção é a Acrópole de Atenas.

As transformações da sociedade grega

A consolidação da cidade-Estado iniciou-se no século VIII?. Mas a sociedade grega já apresentava problemas:

O aumento da população, a escassez de terras férteis e o monopólio das maiores e melhores terras pela aristocracia, que enriquecia sempre mais. O pequeno camponês tinha que recorrer ao grande proprietário para obter empréstimos de sementes e alimentos que sua propriedade não produzia (por ser pequena); em troca, tinha que dar uma parte do que produzisse ao rico proprietário.Nessa relação, o camponês era conhecido como hectemoro e o grande proprietário era chamado eupótrída. Quando o hectemoro não conseguia pagar suas dívidas ao eupâthdo, tinha suas terras confiscadas por este e, na maioria das vezes, o próprio camponês era vendido como escravo.

Na Grécia, no início do século VIII, não havia terras para todos e os alimentos eram escassos para uma população crescente. As melhores terras ficavam em mãos de poucos, que também eram os donos do poder político.

Entre os séculos VIII e VII a.c. os gregos saíram em busca de terras fora da Grécia.

Ocuparam várias regiões do Mediterrâneo, como o sul da Itália e a Sicília. A organização dessas colônias era semelhante à das cidades-Estados, com as quais mantinham estreitos vínculos culturais e religiosos. A colonização ajudou a diminuir um pouco as tensões na Grécia, mas não resolveu as questões principais.

Para suprir o problema da falta de alimentos, foram criadas colônias nas regiões férteis do mar Negro, que produziam o trigo. Para pagar a importação, desenvolveu-se na Grécia a cultura da uva e da oliveira para produzir vinho e azeite que, por sua vez,

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eram trocados pelo trigo. Para o armazenamento e transporte desses produtos, eram utilizados potes e vasos produzidos por uma dinâmica manufatura de cerâmica.

Surgiu então uma nova camada na sociedade grega: a dos proprietários de terra que produziam e comerciavam o azeite e o vinho. Essa nova camada social, embora rapidamente enriquecida, era impedida de qualquer participação política. A situação dos camponeses pobres continuava a mesma, enquanto a aristocracia mantinha seus privilégios e aumentava suas propriedades, oprimindo os pobres. O descontentamento era geral e crescente.

O PERÍODO CLÁSSICO: A POLIS DE ATENAS

A região da Ática havia sido pouco atingida pelas invasões dóricas. Isso contribuiu para que as pequenas aldeias que formavam essa região se agrupassem pacificamente sob a hegemonia de uma delas: Atenas. A esse processo de união das aldeias deu-se o nome de sinecismo. E foi desse fenômeno que se formou a cidade-Estado de Atenas.

As transformações econômicas trouxeram também transformações sociais à Grécia

Atenas tornou-se um dos principais centros exportadores de vinho e azeite e grande produtora de cerâmica. As diferenças entre as classes sociais se acentuavam.

Com o surgimento de duas novas classes - a dos novos ricos, proprietários que se beneficiavam da expansão econômica; e a dos escravos, que aumentavam em número - a situação tornou-se mais e mais tensa. Os eupótridas oprimiam os camponeses pequenos proprietários, enquanto aumentavam sua riqueza e monopolizavam o poder político. Era preciso encontrar uma solução. A aristocracia propôs, então, uma reforma na sociedade, que foi planejada sucessivamente por dois legisladores:

Dracon limitou-se a escrever as leis, que até então eram orais, tirando a justiça das mãos dos eupótridas e passando-a para o Estado. Mesmo assim, a situação dos pobres era aflitiva.

Em 594 a.C, Sólon iniciou as seguintes reformas: nenhum cidadão grego poderia ser vendido como escravo; assim, os hectemoros que haviam sido vendidos como escravos puderam voltar às suas terras; realizou uma reforma social, dividindo a sociedade em quatro classes:

AS CLASSES DA SOCIEDADE GREGA

Classe I e IIAs duas primeiras classes eram as que tinham renda anual entre 300 e 500 medidas de trigo, azeite ou vinho e participavam dos cargos mais importantes do governo;

Classe III

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A terceira classe era a dos guerreiros de infantaria (zeusitas), cuja renda tinha que ser suficiente para a compra de um escudo e uma lança;

Classe IVA quarta classe era a dos thétas, camponeses e artesãos pobres, que somente participavam da assembleia popular; criou a eclésia, assembleia popular que opinava sobre os assuntos de interesse geral; estabeleceu o bulé, conselho de 400 membros formado por 100 representantes de cada uma das quatro tribos que existiam na Ática; o poder executivo estava nas mãos do Areópago, que era monopólio das duas camadas mais ricas.

História de Roma - Da Monarquia à República

Roma: fundamentos

Principais períodos da história de Roma. Situada na planície do Lácio, às margens do rio Tibre e próxima ao litoral (mar a cidade de Roma originou-se a partir da fusão de dois povos:

LATINOS + SABINOS => CIDADE DE ROMA

Inicialmente, uma aldeia pequena e pobre, numa data difícil de precisar, Roma foi conquistada pelos seus vizinhos do norte, os etruscos, que dela fizeram uma verdadeira cidade. Os romanos eram também vizinhos dos gregos, que, ao sul, haviam criado a chamada Magna Grécia, onde habitavam desde a época da fundação de Roma. Dos etruscos e dos gregos, os romanos receberam importantes influências e, com base nelas, elaboraram a sua própria civilização.

A sociedade romana, como a grega, é exemplo de sociedade escravista, embora difira desta em alguns aspectos fundamentais. O processo de concentração de terras pela aristocracia patrícia jamais foi bloqueado, e o poder e a influência daquela camada social permaneceram praticamente inalterados até o fim.

O elemento central da grande estabilidade desfrutada por Roma foi a instituição do latifúndio escravista, que, estabelecido ali numa escala desconhecida pelos gregos, proporcionou aos patrícios o controle sobre os rumos da sociedade.

À solidez económica e política da situação dos patrícios somou-se o talento militar dos romanos, que fez, de Roma, uma cidade-Estado, sede de um poderoso império.

Os gregos e os romanos iniciaram sua história sob o regime monárquico (fundado por Rómulo, segundo a lenda), experimentaram a república e terminaram os seus dias sob o domínio de um império universal despótico e muito parecido com os modelos orientais

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São os três períodos em que se costuma dividir a história de Roma:

Monarquia - Patrícios e plebeus

Desde o tempo da Monarquia, a sociedade romana encontrava-se dividida em patrícios e plebeus. Os patrícios pertenciam à camada superior da sociedade, e os plebeus, à camada inferior. 0 que distinguia a ambos era a gens, uma instituição análoga ao Senos grego. Somente os patrícios pertenciam às sentes (plural de gens). Uma gens congregava os indivíduos que descendiam, pela linha masculina, de um antepassado comum. Portanto, a gens nada mais era do que família em sentido amplo.

Em outras palavras, gens era o nome que os romanos davam àquilo que conhecemos como clã. E, como qualquer clã, a gens era composta de várias famílias individuais. Uma gens distinguia-se de outra pelo nome: gens Lívia, gens Fábia etc. e todos os seus membros traziam o nome da gens. 0 nome dos patrícios era composto de três elementos: o prenome, o nome gentílico, ou da gens, e o cognome ou designação especial, uma espécie de apelido. Exemplos: Lúcio Cornélio Sila, Caio Júlio César etc. Quer dizer: Sila era membro da gens Cornélia, e César, da gens Júlia.

A palavra senado deriva do latim senex, que significa "velho". O Senado era, pois, um conselho de anciãos, uma instituição muito comum na Antiguidade. Seu equivalente, na Grécia, era a Gerúsia, em Esparta. Inicialmente composto de cem membros, o Senado passou a ter, depois, trezentos e, mais tarde, seiscentos membros.

Os que não pertenciam a nenhuma gens eram plebeus e, por esse motivo, estavam excluídos da vida política. Sem direitos políticos, eram considerados cidadãos de segunda classe. Mas, atenção, ser plebeu não significava ter uma condição económica inferior ou de pobreza.

As reformas servianas

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Sérvio Túlio, o segundo rei etrusco, é tido como o realizador de diversas reformas que favoreceram os plebeus.

Ele criou várias gentes, promovendo famílias plebeias à condição de nobres, organizou assembleias militares, os comícios centuriatos, e estimulou o comércio e o artesanato visando fortalecer economicamente os plebeus,

Essas medidas, que a tradição atribuiu a Sérvio Túlio, ficaram conhecidas como reformas servianas. O objetivo do rei, entretanto, não era propriamente beneficiar os plebeus, mas fortalecer o poder monárquico.

A criação de uma classe plebeia vigorosa tinha por fim a neutralização do poder dos patrícios, ou seja, algo semelhante ao pretendido pelos tiranos, como Pisístrato, na Grécia. Mas em Roma, essa política não teve o mesmo efeito.

A queda da Monarquia

Foi um movimento dos patrícios desejosos de manter seus privilégios contra a política "popular" de Sérvio Túlio. Tarquinio, chamado de "O Soberbo", deu continuidade à política de seu antecessor. Os patrícios reagiram em 509 a.C. contra aquela política, destronando Tarquinio e dando fim à Monarquia. Para a felicidade dos patrícios, o êxito do movimento foi assegurado em boa parte pelo declínio da civilização etrusca, que não conseguiu realizar uma intervenção pronta e eficaz em Roma. Assim nasceu a República romana.

A reorganização dos poderes na República

Vitoriosos, os patrícios fizeram algumas modificações nas instituições de poder. 0 Senado e os comícios curiatos e centuhatos permaneceram como estavam. Mas o poder antes exercido pelo rei foi dividido e entregue a dois cônsules, que permaneciam apenas um ano no cargo. Desse modo, os patrícios tentaram eliminar o risco de retorno da Monarquia.

Nos anos que se seguiram à vitória contra Marco Antônio, Otávio, através de títulos e mudanças no próprio nome, foi cumulado de honrarias, a última delas como fundador do Império. Em 40 a.C, ele recebeu do exército o título de Imperator, que transformou em seu prenome.

E, para ressaltar a sua relação de parentesco com César, divinizado após a morte, e para significar que dele havia adquirido o direito de comando do exército, Otávio conservou para si a denominação César. O nome que adotou foi, então, Imperator Caesar Divi Filius, significando "Imperador Filho de César Divino".

Depois de ter exercido o governo com poderes excepcionais desde a guerra contra Marco Antônio, Otávio executou, em 27 a.C, uma manobra política bem-sucedida: renunciou aos seus poderes numa sessão do Senado e declarou restaurada a

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República. Nessa mesma reunião, o Senado não apenas reafirmou seus poderes, como concedeu-lhe novos títulos, como princeps, que significava "primeiro cidadão romano". Além disso, conferiu-lhe o título Augusto, dado apenas aos deuses. Otávio, que daí em diante passou a ser conhecido por Augusto, saiu, portanto, mais fortalecido desse episódio.

Os quatro primeiros imperadores que sucederam Augusto eram todos parentes entre si e fizeram parte da dinastia conhecida como Júlio-Cláudia. e foi sucedida pelas dinastias:

A crescente influência do exército na vida política foi a principal característica do Principado. Sua primeira intervenção ocorreu no reinado de Calígula, um imperador cujo comportamento mostrava claros sinais de desequilíbrio mental, morto em decorrência de um complô dirigido contra ele pelos oficiais da guarda pretoriana.Apesar dessa tendência, o Principado conheceu uma fase de grande estabilidade com a dinastia Antonina, durante a qual vigorou a chamada Pax Romana (paz romana), que perdurou por quase cem anos.

Com a chegada dos Severos ao poder imperial, teve início outro período de turbulência, que chegou ao auge em 235 d.C. Esse foi o ano em que começou a mais profunda crise do Império Romano, da qual ele saiu completamente transformado cinquenta anos depois. Nesse conturbado período conhecido como "anarquia militar", de 235 a 285, Roma conheceu uma rápida sucessão de mais de vinte imperadores, dos quais apenas um morreu de morte natural. Em constantes motins, o exército romano estava dividido em facções rivais, que proclamavam os imperadores com a mesma facilidade com que os assassinavam.

As duas fases do Império.

O Principado (27 a.C. - 235 d.C.) e o Dominato (284 - 476) constituem as duas fases do Império, separadas uma da outra por um período conhecido como "anarquia militar" (235 - 284). 0 primeiro período é também chamado de Alto Império e o segundo, de Baixo Império.

O Império começou com Augusto tendo nas mãos os poderes civil, militar e religioso. Ele vinculou a posição social do indivíduo à renda e restringiu a competência do Senado e das magistraturas aos assuntos civis relativos a Roma e à Itália. Por fim, reorganizou o exército profissional e tornou-o permanente. A intervenção dos militares na política foi o traço marcante do Principado e continuou a sê-lo ainda mais no Baixo Império.

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Síntese - Nesta aula, você:- Compreendeu a formação histórica da identidade da cultura grega e romana (ou latina) na Antiguidade.- Aprendeu sobre as etapas cronológicas da formação do povo, das cidades e da cultura grega antiga.- Analisou as etapas da formação do Império Romano, pela história de Roma.