CULTURA DO MILHO...3 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE...

117
AULA 0 Leonardo CULTURA DO MILHO

Transcript of CULTURA DO MILHO...3 CULTURA DO MILHO ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE...

  • AULA 0

    Leonardo

    CULTURA DO MILHO

  • 2

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Olá, meus amigos e amigas!

    Estamos inaugurando este novo espaço para concursos e é muito

    bom tê-los aqui. Nossas aulas visam preencher uma lacuna no mundo dos

    concursos com relação as áreas agrícolas, onde faltam materiais de

    qualidade para que possamos estudar os temas pedidos nos editais, nosso

    objetivo e preencher esta lacuna e preparando os alunos a disputar uma

    vaga, e estar entre os classificados. Assim, teremos aulas voltadas para os

    principais concursos nacionais como: FISCAL AGROPECUÁRIO - (MAPA)

    (Agronomia, veterinária, zootecnia), PERÍTO DA POLÍCIA FEDERAL

    (Agronomia, engenharia florestal, engenharia elétrica, etc),

    POLÍCIA CIENTÍFICA, INCRA E MUITOS OUTROS. Estaremos

    elaborando aulas de acordo com os editais, com muitos exercícios, para

    que possamos gabaritar estas provas. Queremos abordar várias áreas,

    como engenharia agrícola, florestal, ambiental, engenharia civil,

    engenharia elétrica, arquitetura etc.

    INTRODUÇÃO

  • 3

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    ENTÃO, NÃO SE ESQUEÇA: ESTE É O NOSSO ESPAÇO

    Nosso curso compõe-se de 20 aulas em PDF totalmente explicadas

    contemplando vários exercícios de concursos anteriores visando o

    treinamento do candidato, esse material objetiva ser a única fonte do aluno

    contemplando toda a matéria solicitada no edital. Então, não precisará de

    livros, apostilas, ou qualquer outro material. Em caso de dúvidas, teremos

    um FÓRUM diretamente ligado aos professores, no qual você pode

    entrar em contato, quando julgar necessário, para esclarecimento de

    pontos da aula que não ficaram tão claros ou precisam de um

    aprofundamento. O site foi feito pensando em você, para que alcance seus

    sonhos, passar em um bom concurso. Para isso precisamos de excelentes

    materiais, o que era uma raridade nas áreas específicas, hoje temos

    AGRONOMIACONCURSOS vindo a preencher está lacuna. Acompanhe

    nossa página no Facebook.

    Agronomia concursos

    www.agronomiaconcursos.com.br

  • 4

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    APRESENTAÇÃO

    Meu nome é Leonardo, sou Engenheiro

    Agrônomo formado na Universidade Federal de

    Lavras. Trabalho na Emater-MG (Empresa de

    Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de

    Minas Gerais). Tenho pós-graduação Lato Sensu em

    Extensão Ambiental para o Desenvolvimento

    Sustentável e em Gestão de Agronegócio. Iniciei o

    mestrado em Agricultura Tropical, na área de

    conservação de solos. Fui professor do curso técnico agrícola Pronatec,

    ministrei aulas de nutrição e forragicultura, fertilidade do solo e culturas

    anuais e olericultura. Sou professor de matemática e física do ensino

    médio. Ministro vários cursos para agricultura familiar, entre eles

    fertilidade do solo, culturas anuais, olericultura, mecanização agrícola,

    cafeicultura e manejo da bovinocultura de leite. Trabalho com crédito rural

    (custeio e investimento), elaborando projeto e prestando orientação aos

    agricultores há 10 anos. Sou responsável pela elaboração da Declaração

    de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

    (DAP) e correspondente bancário pelo sistema COPAN. Fiz vários

    concursos, como Adagro-Pe (agência de fiscalização agropecuária de

    Pernambuco), Perito da Policia Federal área 4 – agronomia, Ministério

    Público e Ibama. Logrei êxitos em alguns e fui reprovado em outros, mas

    assim é a vida do concurseiro. Passei na Emater-MG, onde estou até hoje.

    O AGRONOMIA CONCURSOS tornou-se o nosso ponto de encontro, nosso

    espaço de estudo para gabaritar todas as provas de agronomia. Aproveite

    todas as oportunidades. Solicitamos que os alunos que adquirirem nossos

    cursos avaliem-nos no final, para que possamos melhorar a linguagem e

    os temas que não ficarem tão claros. Espero que vocês também aprovem

    e gostem do nosso material, e que ele possa ajudar na sua aprovação!

  • 5

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    O QUE VAMOS ESTUDAR NESTE CURSO?

    AULAS PROGRAMA

    AULA 0 GRÃOS: MILHO

    AULA 1 GRÃOS: ARROZ E FEIJÃO

    AULA 2 FRUTICULTURA COM ÊNFASE EM AÇAÍ, CUPUAÇU, LARANJA, LIMÃO,

    MAMÃO, COCO, MARACUJÁ, ABACAXI, BANANA

    AULA 3 OLERICULTURA COM ÊNFASE EM TUBEROSAS, FOLHOSAS, FRUTOS

    E CONDIMENTARES

    AULA 4 CULTURAS VEGETAIS COM POTENCIAL PARA PRODUÇÃO DE

    ENERGIA, CULTURAS INDUSTRIAIS E FIBRAS NATURAIS

    AULA 5 SOLOS: SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS I

    AULA 6 SOLOS: SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS II

    AULA 7 MICROBIOLOGIA DO SOLO; MATÉRIA ORGÂNICA; RELAÇÃO C|N;

    COMPOSTAGEM ORGÂNICA, RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA;

    MANEJO E CONSERVAÇÃO

    AULA 8 FERTILIDADE E QUÍMICA DO SOLO; INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE

    QUÍMICA, FÍSICA

    AULA 9 NUTRIÇÃO MINERAL DAS PLANTAS

    AULA 10 CONHECIMENTOS EM AGROECOLOGIA: CONCEITOS E PRINCÍPIOS

    DE AGROECOLOGIA.O CONCEITO DE AGROECOSSISTEMA:

    ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO. FATORES ECOFISIOLÓGICOS

    ASSOCIADOS AOS SISTEMAS VEGETAIS E ANIMAIS E SUAS

    RELAÇÕES COM O MEIO AMBIENTE. O PAPEL DA AGR

    AULA 11 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ECOLOGIA DA POPULAÇÃO VEGETAL.

    FLUXOS DE ENERGIA E NUTRIENTES NA AGRICULTURA.

  • 6

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    INTERAÇÕES, DIVERSIDADE E ESTABILIDADE EM

    AGROECOSSISTEMAS. A TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA

    TRADICIONAL|CONVENCIONAL À AGRICULTURA AGROECOLÓGICA.

    AULA 12 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE - CRIAÇÃO DE PEQUENOS,

    MÉDIOS E GRANDES ANIMAIS: ÍNDICES ZOOTÉCNICOS, MANEJO,

    INSTALAÇÕES, SANIDADE.

    AULA 13 AVICULTURA, PISCICULTURA

    AULA 14 SUINOCULTURA, NOÇÕES DE DEFESA SANITÁRIA ANIMAL E

    VEGETAL: PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE CONTROLE

    AULA 15 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS E DOENÇAS; PRAGAS DE

    PRODUTOS AGRÍCOLAS ARMAZENADOS

    AULA 16 IRRIGAÇÃO E DRENAGEM: TIPOS DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO.

    MANEJO DA IRRIGAÇÃO. AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE DE

    DRENAGEM. TIPOS DE SISTEMAS DE DRENAGEM AGRÍCOLA.

    AULA 17 NOÇÕES DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA: TRATORES AGRÍCOLAS,

    MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE TRAÇÃO ANIMAL E

    TRATORIZADA. AGROTÓXICOS: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS

    DOS PRODUTOS E IMPACTO DO USO DE AGROTÓXICOS NO

    AMBIENTE, RECEITUÁRIO AGRONÔMICO.

    AULA 18 NOÇÕES DE GESTÃO DO AGRONEGÓCIO, ASSOCIATIVISMO:

    SINDICALISMO E COOPERATIVISMO: DIREITOS E GARANTIAS

    FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS E COLETIVAS

    AULA 19 ADMINISTRAÇÃO DA PROPRIEDADE RURAL, FUNÇÕES DO

    ADMINISTRADOR RURAL. COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA

    AULA 20 CRÉDITO RURAL, ELABORAÇÃO, ANÁLISE E ACOMPANHAMENTO DE

    PROJETOS AGROPECUÁRIOS. PRINCIPAIS LINHAS DE CRÉDITO

  • 7

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    RURAL PARA A AMAZÔNIA.

  • 8

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    INTRODUÇÃO À FITOTECNIA

    A Fitotecnia trabalha para o desenvolvimento e aprimoramento dos

    sistemas de produção das culturas. Podemos dividi-las em culturas

    Anuais;

    Culturas perenes;

    Culturas semi-perenes:

    As culturas anuais ou de ciclo curta são aquelas que concluem seu

    ciclo produtivo em um ano ou em até menos tempo, tendo a necessidade

    após a colheita, iniciar um novo plantio. Como exemplos podemos citar: a

    soja, o feijão, o milho, o trigo, o arroz a mandioca.

    As Culturas perenes são aquelas que permanecem no campo por

    vários anos, mas a cada ano ocorre um ciclo produtivo, temos como

    exemplos o café, uva, frutíferas em geral, mamão, algodão, seringueira e

    etc. As culturas semi-perenes são aquelas que o ciclo tem duração entre 12

    e 24 meses, entram nesta classe a cana-de-açúcar e mandioca.

    Fig.1 –divisões da fitotecnia

  • 9

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Abordaremos neste curso as seguintes culturas anuais (fig.2):

    Fig. 2 – culturas anuais a serem estudas no curso

    CULTURA DO MILHO

    O milho é o grão de maior relevância nacional dada a sua importância

    econômica e social. Essencial para diversas cadeias produtivas alimentares

    (humana e animal), com intenso efeito multiplicador na geração de renda,

    congrega uma gama de produtores com níveis de tecnificação

    completamente diversos. Atualmente no território nacional temos

    aproximadamente 15,8 milhões de hectares plantados, em 2014. Mesmo

    sendo uma cultura de exportação com tendência a certo grau de

    homogeneidade nos pacotes tecnológicos adotados, verificamos, ao nível

    de produção macrorregional, pólos dinâmicos de sucesso e regiões pouco

    dinâmicas ou estagnadas em relação ao estado da arte da tecnificação

    adotada (Alves; Souza; Gomes, 2013).

    O milho pertence a família das gramíneas, sendo o único cereal

  • 10

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    nativo do Novo Mundo e não proveniente do Brasil e sim originado no

    México e na Guatemala, sendo o terceiro mais cultivado no planeta

    podendo atingir altitudes que vão desde o nível do mar até 3 mil metros. A

    mais antiga espiga de milho foi encontrada no vale do Tehucan, localizado

    no México, datada de 7.000 a.C. O Teosinte ou “alimento dos deuses”,

    como era chamado pelos maias, deu origem ao milho por meio de um

    processo de seleção artificial. O Teosinte ainda é encontrado na América

    Central (fig.: 1).

    Fig.: 1 – milho moderno e seu ancestral do teosinto

    Com as grandes navegações do século XVI e o início do processo de

    colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes

    do mundo sendo cultivado e consumido em todos os continentes e sua

    produção só perde para a do trigo e do arroz. Cristóvão Colombo,

    descobridor da América foi o primeiro a observar pela primeira vez a

    existência do milho na costa oeste de Cuba. Ao longo do tempo, houve uma

    crescente domesticação do milho por meio da seleção visual no campo,

    considerando importantes características, tais como produtividade,

    resistência a doenças e capacidade de adaptação, dentre outras, originando

    às variedades da atualidade.

    Assim, atualmente temos de 478 cultivares de milho, sendo 292

    cultivares transgênicas e 186 cultivares convencionais, atualmente está

  • 11

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    sendo comercializados dois híbridos duplos transgênicos, aumentando a

    escolha dos agricultores com menor capacidade de investimento. Com

    relação ao nível tecnológico encontramos no Brasil produtores que estão

    obtendo rendimentos de milho superiores a 12 t/ha-1

    (200 sacos/ha-1

    ) e

    ainda existem outros grupos de produtores que utilizam melhor tecnologia

    levando-os a produzirem acima de 14 t/ha-1

    .

    Mas, as margens de produtividades médias alcançadas são variadas

    sendo que tem agricultores ainda produzindo bem abaixo 7000 t/ha-1

    ,

    demonstrando uma grande variação entre os sistemas de produção em

    uso, o que proporciona grande variabilidade no potencial produtivo e no

    rendimento por área. Desta forma temos ainda várias tecnologias ligadas à

    cultura que estão sendo implementada onde podemos destacar:

    Utilização de cultivares de alto potencial genético (híbridos simples

    e triplos) e de cultivares não transgênicas e transgênicas com

    resistência a lagartas e ao uso do herbicida glifosato.

    Espaçamento reduzido associado à maior densidade de plantio,

    permitindo melhor controle de plantas daninhas, controle de

    erosão, melhor aproveitamento de água, luz e nutrientes, além de

    permitir uma otimização das máquinas plantadoras.

    Melhoria na qualidade das sementes associada ao tratamento dos

    grãos, especialmente o tratamento industrial, máquinas e

    equipamentos de melhor qualidade, que garante boa

    plantabilidade boa distribuição das plantas emergidas, garantindo

    assim maior índice de sobrevivência do plantio à colheita.

    Uso intensivo do Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas

    Daninhas (MIP).

    Correção do solo baseando-se em dados de análise e levando em

    consideração o sistema, e não a cultura individualmente.

  • 12

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Ainda temos a implementação do sistema de plantio direto, a

    integração lavoura-pecuária, a agricultura de precisão e melhores técnicas

    de irrigação as quais buscam melhorar o potencial produtivo das lavouras.

    Destacamos na produção de milho no Brasil de duas épocas de plantio

    sendo a primeira chamada de safra (ou safra de verão) e segunda safrinha.

    Os plantios de verão são realizados em todos os estados, na época

    tradicional, durante o período chuvoso, que ocorre no final de agosto, na

    região Sul, até os meses de outubro/novembro, no Sudeste e Centro-

    Oeste. Na região Nordeste, esse período ocorre no início do ano.

    A safrinha refere-se ao milho de sequeiro, plantado

    extemporaneamente, geralmente de janeiro a março ou até, no máximo,

    meados de abril, quase sempre depois da soja precoce e

    predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná, São

    Paulo e Minas Gerais. Contudo, nos últimos anos houve um decréscimo nas

    áreas plantadas da primeira safra, mas compensado pelo aumento do

    plantio no período da safrinha e no aumento do rendimento de grãos das

    lavouras de milho, tanto na primeira safra quanto na safrinha. Apesar das

    condições desfavoráveis de clima, os sistemas de produção da safrinha têm

    sido aprimorados e adaptados a essas condições, o que tem contribuído

    para elevar os rendimentos das lavouras também nessa época.

    DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO MILHO

    O desenvolvimento da produção e do mercado do milho deve ser

    analisado sob a ótica das cadeias produtivas ou dos sistemas

    agroindustriais (SAG). O milho é insumo para produção de uma centena de

    produtos; na cadeia produtiva de suínos e aves são consumidos

    aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70% e 80%

    do milho produzido no Brasil. A produção de milho no Brasil, juntamente

    com a de soja, contribui com cerca de 80% da produção de grãos.

    A diferença entre as duas culturas está no fato de que a soja tem

  • 13

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    liquidez imediata, dadas as suas características de "commodity" no

    mercado internacional, enquanto que milho tem sua produção voltada para

    o abastecimento interno, embora recentemente a sua exportação venha

    sendo realizada em quantidades expressivas e contribuindo para maior

    sustentação dos preços internos. Apesar disto, o milho tem evoluído como

    cultura comercial apresentando, nas últimas décadas, taxas de crescimento

    da produção de 3,0% ao ano e da área cultivada de 0,4% ao ano.

    A cadeia produtiva do milho constitui-se de: setor de insumos

    (fornecedores de defensivos, fertilizantes, sementes, máquinas); produção

    propriamente dita (produtores familiares ou empresariais); armazenamento

    (cooperativas e armazéns públicos ou privados); processamento (o

    primário abrange indústria de rações animais, de produção de amido, fubás

    e flocos de milho; o secundário, outros produtos finais, cereais, misturas

    para bolos); distribuição (para atacado e varejo, externo e interno);

    consumo (da propriedade rural até a indústria química); ambiente

    institucional (legislação e mecanismos governamentais de

    comercialização); ambiente organizacional (órgãos ligados à assistência

    técnica, crédito e pesquisa) (LEÃO, 2014).

    O Brasil é o terceiro produtor mundial de milho, perdendo apenas

    para Estados Unidos e China. Completam o grupo dos seis maiores,

    Argentina, Ucrânia e México, concentrando 79% (799 milhões de

    toneladas) da produção de milho do planeta, em 2016/2017 (USDA,

    2017a). A produção mundial de milho está estimada em 1,04 bilhão de

    toneladas (-2,9% em relação à safra passada), enquanto o consumo, em

    1,07 bilhão (+0,4%) (USDA, 2017b). A produção nacional prevista para a

    atual safra (2017/2018) é de 92,2 milhões de toneladas, redução de 5,7%

    em relação à safra anterior (ou 5,6 milhões de toneladas), numa área total

    de 17 milhões de hectares, 3% inferior à da safra 2016/2017 (-528 mil

    hectares) (CONAB, 2017b).

    O Centro-Oeste é o maior produtor, entre as regiões, com previsão

  • 14

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    de 47,8 milhões de toneladas na safra 2017/2018; o Sul deve contribuir

    com 23,8 milhões de toneladas, o Sudeste com 11,6 milhões e o Nordeste

    com 6,4 milhões. Na série observada (2009-2017), há crescimento no

    Brasil (65%) e em todas as regiões (entre 4% e 183%). A última safra

    para a atual (2017/2018), a tendência é de redução no País (-5,7%) e em

    todas as regiões (entre -2% e -12%), em parte porque a safra anterior

    contou com condições meteorológicas muito boas, que possibilitaram safra

    recorde em muitas culturas de grãos (CONAB, 2017b).

    O Mato Grosso é o maior estado produtor (previsão de 28 milhões de

    toneladas), seguido do Paraná (16,2 milhões), Mato Grosso do Sul (9,8

    milhões) e Goiás (9,5 milhões). Esses estados deverão ter redução da

    produção entre 1% e 9%, só havendo maiores aumentos entre estados

    com pouca expressão na cultura, a exceção do Maranhão (1,4%) e Bahia

    (5,8%), nono e décimo produtores nacionais, respectivamente (CONAB,

    2017b). O Brasil deverá ter área de milho -3% menor que na safra

    2016/2017 (17,6 para 17 milhões de hectares), fato que se repete em

    todas as regiões (variando entre -8% e 0,5%).

    A grande produção na safra anterior fez com que as cotações

    caíssem, e os produtores ajustassem a área, considerando também as

    pretensões de plantio da soja, que geralmente alcança melhores preços.

    Com produção e área menores, a produtividade brasileira de milho deverá

    cair 2,8% (de 5.562 kg/ha para 5.405 kg/ha), assim como todas as

    regiões, que devem perder entre -0,2% e -5,2% da safra anterior para a

    de 2017/2018. A maior queda prevista é para o Nordeste (-5,2%), de

    2.567 kg/ha para 2.433 kg/ha, o menor índice regional. A produtividade

    mais elevada encontra-se na região Sul, com previsão de 6.274 kg/ha,

    4,7% menor que a da safra anterior, que tem também o estado de maior

    produtividade no País, Santa Catarina, com 7.414 kg/ha (-9,1% em relação

    à safra passada) (CONAB, 2017b).

    O destaque do Nordeste na produção de milho está no cerrado

  • 15

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    (Maranhão, Bahia e Piauí), encampado na região do Matopiba, além de

    algumas microrregiões que cultivam o milho em regime intensivo, como

    Sergipe, que, apesar de não possuir área de cerrado, tem a segunda maior

    previsão de produtividade da Região, de 3.467 kg/ ha. A produção de

    Sergipe é amparada por assistência técnica governamental eficiente e

    outros investimentos em infraestrutura, encarada como atividade

    econômica rentável, independentemente do porte do agricultor, e é a

    atividade que ocupa a maior área do Estado, 46,09% (175,14 mil

    hectares), segundo dados da Produção Agrícola Municipal (IBGE, 2017).

    O consumo animal representa 52% da demanda do milho atual,

    enquanto o consumo humano, menos de 2% (ABIMILHO, 2017b). O milho

    está presente em até 90% da composição da ração utilizada na

    suinocultura e na avicultura industriais. A produção brasileira de milho é

    bastante pulverizada, com 88% das propriedades produtoras sendo

    familiares, segundo censo do IBGE de 2006, geralmente usando tecnologias

    tradicionais e produzindo também para o autoconsumo, sendo muito

    importante no âmbito social.

    Por outro lado, o cerrado nordestino (Bahia, Maranhão e Piauí) produz

    88% do total do Nordeste e 6% da produção nacional, apoiado por

    sistemas de produção de alta tecnologia. O cerrado nordestino é o principal

    fornecedor de milho para os produtores de aves do Nordeste (Bahia,

    Pernambuco e Ceará) (OLIVEIRA et al., 2008). No caso da Bahia, a

    proximidade com a região produtora de grãos e o clima tem mudado a

    geografia da produção de aves no Estado, em especial o município de

    Barreiras, extremo oeste baiano, que nos últimos vinte anos (1995-2015)

    aumentou a produção de aves e de ovos.

  • 16

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Figura 1 – Mapa da produção agrícola – Milho primeira safra

    Fig.: 2 – produção de milho

    BOTÂNICA DO MILHO

    A semente da planta de milho após lançada ao solo, havendo

    condições favoráveis de unidade e temperatura, germina após 5 ou 6 dias.

    A semente do milho é um tipo especial de fruto, botanicamente classificado

    como cariopse, apresentando basicamente as seguintes partes:

  • 17

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    O pericarpo é a camada mais externa, fina resistente, constituindo a

    parede externa da semente. O endosperma é a parte mais volumosa da

    semente, é envolvida pelo pericarpo e constituída de substâncias de

    reserva principalmente o amido e outros carboidratos. A parte mais externa

    do endosperma e em contato com o pericarpo denomina-se camada de

    aleurona, rica em proteínas e enzimas, que desempenham papel

    importante no processo de germinação. O embrião e a planta em

    miniatura, possuindo os primórdios de todos os órgãos da planta

    desenvolvida, ele encontrado ao lado do endosperma.

    Com relação ao sistema radicular no início da germinação, a parte do

    embrião correspondente à radícula desenvolve-se em uma raiz, rompendo

    as camadas externas da semente, aprofunda-se no solo, em sentido

    vertical. Logo em seguida surgem as raízes secundárias que se ramificam

    intensamente e a raiz primária se desintegra. Posteriormente, há o

    aparecimento das raízes adventícias que partindo dos primeiros nós do

    colmo orientam-se no sentido de atingir o solo, atingindo–o ramificam

    intensamente contribuindo para melhor fixação.

    As raízes secundárias e adventícias (fig.3), intensamente ramificadas

    num sistema radicular denominado fasciculado, esse sistema raramente

    penetram mais que 40 cm no solo e plenamente desenvolvido atinge um

    raio de cerca de 50 cm em torno da planta.

  • 18

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Fig. 3 – estrutura de sustentação do milho

    A parte aérea da planta recém germinada apresenta cerca de 15 cm

    de altura, o caule se encontra completamente formado, possuindo todas as

    folhas, os primórdios da inflorescência feminina que se constituirá na

    espiga, localizada na axila das folhas e também primórdios da

    inflorescência masculina (flecha ou pendão), situada no ápice do caule.

    Desse ponto em diante, o crescimento da planta é resultante do aumento

    das células em número e volume.

    A parte aérea da planta atinge a altura em torno de 2 metros,

    podendo variar em função da variedade ou híbrido, condições climáticas,

    fertilidade do solo, etc. Os colmos são eretos, via de regra não ramificado,

    apresentando nós e inter-nós também denominados meritalos, de natureza

    esponjosa, relativamente rica em açúcares o que lhes confere sabor

    adocicado. As folhas dispõem-se alternadamente e inserem-se nos nós. São

    constituídas de uma bainha invaginante, pilosa de cor verde clara e limbo-

    verde escuro, estreito e de forma lanceolada, possuindo bordos serrilhados

    com uma nervura central vigorosa e em forma de canaleta.

    Entre a bainha e o existe a lígula que é estreita e de natureza

    membranosa. A planta do milho é monoica, isto é, possui os dois sexos na

    mesma planta, separados em inflorescências diferentes. As flores

    masculinas estão numa panícula terminal, conhecida pelo nome de flecha

    ou pendão e as femininas em espigas axilares.

  • 19

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Inflorescência masculina (pendão)

    Inflorescência feminina (espiga)

    A panícula, que contém as flores masculinas, é formada por um

    central que termina num ramo principal, abaixo do qual partem

    lateralmente ramificações secundárias, que podem ramificar-se dando as

    terciárias. A região de ligação da panícula com o caule constitui o

    pedúnculo. Essa inflorescência pode atingir de 50 a 60 cm de comprimento

    possuindo coloração variável podendo ser esverdeada, marrom ou

    vermelho escuro.

    As flores masculinas dispõem-se ao longo do ramo principal e das

    ramificações. Cada flor é constituída de 3 estames protegidos por duas

    formações membranosas chamadas lema e palea. Dois desses conjuntos

    são protegidos por duas plumas formando uma espigueta. Essas espiguetas

  • 20

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    são inseridas nos ramos das inflorescências em grupo de duas, sendo uma

    pedunculada e outra séssil, ou seja, sem pedúnculo. Essas duas flores

    amadurecem seus grãos de pólen em períodos diferentes, sendo que a

    produção de pólen dura cerca de 8 dias e cada panícula pode produzir até

    50 milhões de grãos de pólen.

    A inflorescência feminina, ou espiga, é constituída por um eixo ou

    ráquis (sabugo) ao longo do qual dispõem-se as reentrâncias ou alvéolos.

    Nesses alvéolos, desenvolvem-se as espiguetas aos pares como na

    inflorescência masculina. Cada espigueta é formada por duas flores, sendo

    uma fértil e outra estéril. Cada flor é coberta por duas glumelas e o

    conjunto de duas flores é recoberto por um par de glumas. Cada flor

    feminina é constituída de um ovário unilocular, ou seja, com uma única loja

    no interior da qual existe um único óvulo. Saindo do ovário desenvolve-se o

    estilo-estigma bífido, dividido em dois na sua extremidade livre. O conjunto

    de estilo-estigma é que vem a constituir o cabelo, barba ou boneca do

    milho. A espiga externamente é protegida pelas palhas.

  • 21

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    A polinização consiste na transferência do grão de pólen da antera da

    flor masculina ao estigma das flores femininas. A planta de milho, pela sua

    organização morfológica, impede que haja autofecundação, ou seja, a

    polinização de uma espiga por grãos de pólen da mesma planta. O grão de

    pólen de uma planta, normalmente através de agentes naturais

    principalmente correntes aéreas, atinge a barba da espiga de outras

    plantas. Ocorre normalmente apenas cerca de 2% de autofecundação,

    razão pela qual se diz que o milho é tipicamente uma planta de polinização

    cruzada.

    Para que haja polinização, há necessidade que as flechas estejam

    soltando pólen e a receptividade das barbas seja coincidente com essa

    soltura de pólen. Normalmente as barbas ficam receptivas por vários dias,

    assim como a flecha também solta pólen por vários dias. Essa situação

    garante a polinização de todas as espigas e se algum fator estranho

    ocorrer, pode haver queda da produção devido a uma polinização

    deficiente.

    Uma vez processada a polinização, ocorre à fecundação propriamente

    dita, que é um fenômeno complexo, resultando a formação do fruto

    comumente denominado grão.

    Vamos exercitar!

  • 22

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    1 - FUNDEP - IFSP - Agronomia - 2014

    Na cultura do milho, o grão de pólen germina logo após entrar em

    contato com o estigma, dando início ao desenvolvimento do tubo polínico.

    Sobre as condições climáticas que favorecem o desenvolvimento do tubo

    polínico, assinale a alternativa CORRETA.

    a) Alta umidade e/ou baixa temperatura.

    b) Baixa umidade e/ou baixa temperatura.

    c) Alta umidade e/ou alta temperatura.

    d) baixa umidade e/ou alta temperatura.

    SOLUÇÃO

    Tempo seco na época do florescimento é prejudicial porque o cabelo

    da boneca do milho seca e pode não conter umidade suficiente para

    suportar a germinação do pólen e o crescimento do tubo polínico até o

    ovário. Dois dias de estresse hídrico no florescimento diminuem o

    rendimento em mais de 20%. Durante a floração, 4 a 8 dias de seca

    diminuem a produção em mais de 50%. O efeito do estresse hídrico sobre

    o crescimento da planta será diretamente no alongamento celular,

    enquanto a divisão celular não é tão afetada. Isso equivale dizer que a

    planta, mesmo sob condições de falta de água, continua sua divisão

    celular, porém o alongamento é reduzido ou até paralisado, dependendo da

    duração e da intensidade do estresse. Submetida a déficit hídrico, as

    plantas fecham estômatos, eliminam mecanismo de resfriamento e

    aumentam a temperatura da folha, afetando a respiração. Com isso, vai

    haver maior consumo de reservas, o que vai reduzir não só o crescimento

    como a produção de matéria seca de uma maneira geral. A redução na

    fotossíntese se dá por: fechamento estomático e diminuição da área foliar.

  • 23

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Plantas em condições de estresse hídrico passam mais tempo respirando do

    que fotossintetizando. Água é de fundamental importância, porém sua falta

    é o fator mais inibidor da produção, após a luz: se não tem água, não tem

    fotossíntese.

    Com relação a temperatura, considerando as fases da emergência à

    polinização, a elevação da temperatura acelera o pendoamento, enquanto

    na polinização o efeito da temperatura (acima de 30 °C) vai reduzir a

    viabilidade do pólen. Da polinização à maturidade fisiológica, a elevação de

    temperatura vai provocar o encurtamento da fase de enchimento de grãos,

    com consequente menor taxa de acúmulo de matéria seca nos grãos e

    menor teor de proteína. Com a redução da temperatura abaixo de 12 °C,

    vai haver redução da germinação, e o desenvolvimento será reduzido da

    emergência ao pendoamento, uma vez que o metabolismo diminui com a

    baixa da temperatura. Após a maturação fisiológica, o metabolismo vai

    continuar lento, com baixa perda de umidade nos grãos e

    comprometimento na qualidade de grãos.

    Assim, o desenvolvimento das sementes pode ser afetado por fatores

    ambientais tais como temperatura do ar e umidade do solo. O estresse

    hídrico, durante o enchimento da semente, afeta a deposição de amido nas

    células do endosperma, de maneira semelhante ao efeito de altas

    temperaturas sobre a conversão de sacarose em amido, que ocorre no

    interior das células do endosperma. Por outro lado, altas temperaturas

    reduzem o tempo em que a semente deveria estar em enchimento.

    RESPOSTA A

  • 24

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    ECOFISIOLOGIA DA CULTURA DO MILHO

    A fenologia das plantas tem diversas aplicações importantes no

    campo da agricultura, definida como o ramo da Ecologia que estuda os

    fenômenos periódicos dos seres vivos e suas relações com o ambiente

    (BERGAMASCHI, 2007). Em razão de suas múltiplas aplicações, pode-se

    dizer que a fenologia das plantas é fundamental em todo o grande espectro

    da Biologia, tanto vegetal como animal.

    Na Agrometeorologia a fenologia das plantas é indispensável sob

    vários aspectos. Ela é indispensável em estudos e aplicações que envolvem

    as interações clima-planta, como zoneamentos agroclimáticos, calendários

    de semeadura e plantio, modelagem de cultivos, monitoramento de safras,

    avaliação de riscos climáticos, cultivos protegidos, irrigação, entre outras. A

    fenologia das culturas é fundamental na avaliação de impactos da

    variabilidade climática em escala espaço-temporal ou de futuros cenários, à

    luz das relações clima-planta.

    A caracterização dos eventos fenológicos permite identificar todo

    desenvolvimento das plantas, a fim de estabelecer relações com as

    condições do ambiente em particular o clima, sob diferentes ambientes

    (anos, épocas ou locais). Sendo possível assim, avaliar e descrever com

    precisão o impacto de eventuais fenômenos adversos. A caracterização das

    necessidades e sensibilidades das espécies também necessita descrever

    suas etapas fenológicas. A determinação de períodos críticos é um aspecto

    particular na definição das necessidades e sensibilidades das espécies,

    visando reduzir danos por eventos climáticos extremos. Classificar

    genótipos segundo sua precocidade também é fundamental e requer

    precisão na descrição fenológica.

    Com a duração do ciclo e seus períodos críticos é possível planejar a

    implantação e o manejo das espécies, para diluir prejuízos por estresses

    climáticos e racionalizar atividades de condução das lavouras. A elaboração

  • 25

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    e a utilização adequada de zoneamentos é outra importante aplicação da

    fenologia, visando adequar as necessidades das plantas às disponibilidades

    do ambiente. Por fim, a escolha de genótipos, épocas e locais para cultivo e

    o manejo das espécies também exigem detalhes de fenologia, pois suas

    demandas variam durante o ciclo. Isto tudo permite o uso mais racional

    dos recursos naturais, da mão-de-obra e insumos (BERGAMASCHI, 2007).

    ESCALAS FENOLÓGICAS PARA MILHO

    Escala de Hanway (1963)

    Durante as últimas décadas do Século XX, a escala fenológica

    descrita por Hanway (1963, 1966) foi a mais utilizada em todo o mundo.

    Ela consta de uma sequência de estádios numerados em ordem crescentes,

    da emergência das plântulas à maturação fisiológica dos grãos. Sua clareza

    e simplicidade tornaram esta escala amplamente conhecida e adotada,

    internacionalmente.

    No Brasil, Fancelli (1986) fez adaptações à clássica escala de Hanway

    (1963, 1966); e Nel e Smith (1976). Foi acrescentada a duração média dos

    intervalos entre os estádios da cultura, considerando uma ampla faixa de

    genótipos e climas brasileiros. A representação gráfica de cada estádio

    também deu mais clareza e praticidade ao uso da escala, para caracterizar

    com mais precisão a fenologia do milho no campo. A fig. 4, apresenta a

    adaptação feita por Fancelli (1986) à fenologia do milho, baseada na escala

    de Hanway (1963).

  • 26

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Quadro 1 – Escala fenológica do milho segundo Hanway (1963), adaptada por

    Fancelli (1986).

    Escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993)

    Ao final do Século XX, a escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993)

    passou a ser adotada na descrição da fenologia do milho. Ela manteve

    grande parte dos critérios da escala de Hanway (1963), sobretudo nos

    estádios reprodutivos. Porém, os estádios vegetativos passaram a ter maior

    detalhamento. A cada nova folha totalmente expandida corresponde um

    estádio vegetativo. Os símbolos que representam os estádios vegetativos

    são formados pela letra V e um algarismo que corresponde ao número de

    folhas totalmente expandidas. Os estádios reprodutivos passaram a ter

    símbolos formados pela letra R e um algarismo correspondente à sequência

    dos mesmos estádios da escala de Hanway (1963). A tabele 2 apresenta a

    escala fenológica de Ritchie, Hanway e Benson (1993).

  • 27

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Quadro 2 – Estádios fenológicos de uma planta de milho, pela escala de Ritchie,

    Hanway e Benson (1993).

    Ecofisiologia e Fenologia

    O milho, sendo uma planta de origem tropical, exige, durante o seu

    ciclo vegetativo, calor e umidade para se desenvolver e produzir

    satisfatoriamente, proporcionando rendimentos compensadores.

    Os processos da fotossíntese, respiração, transpiração e evaporação,

    são funções diretas da energia disponível no ambiente, comumente

    designada por calor; ao passo, que o crescimento, desenvolvimento e

    translocação de fotoassimilados encontram-se ligados à disponibilidade

    hídrica do solo, sendo que seus efeitos são mais pronunciados em

    condições de altas temperaturas onde a taxa de evapotranspiração é

    elevada. Independentemente da tecnologia aplicada, o período de tempo e

    as condições climáticas em que a cultura é submetida constituem-se em

    preponderantes fatores de produção. Dentre os elementos do clima

    conhecidos para se avaliar a viabilidade e a estação para a implantação das

    mais diversas atividades agrícolas, a temperatura e a precipitação pluvial

  • 28

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    são os mais estudados.

    Para a cultura do milho, muito se tem estudado sob o ponto de vista

    de suas exigências climáticas, sempre objetivando o aumento do

    rendimento agrícola. Assim, algumas condições ideais para o

    desenvolvimento desse cereal podem ser apontadas:

    (A) por ocasião da semeadura, o solo deve apresentar-se com temperatura

    superior a 10oC, aliado à umidade próxima à capacidade de campo,

    possibilitando o desencadeamento dos processos de emergência;

    (B) durante o crescimento e desenvolvimento das plantas, a temperatura

    do ar deverá girar em torno de 25oC e encontrar-se associada à adequada

    disponibilidade de água no solo e abundância de luz;

    (C) temperatura e luminosidade favoráveis, elevada disponibilidade de

    água no solo e umidade relativa do ar, superior a 70%, são requerimentos

    básicos durante a floração e enchimento dos grãos

    (D) ocorrência de período predominantemente seco por ocasião da colheita.

    Temperaturas do solo inferiores a 10°C e superiores a 42° C prejudicam

    sensivelmente a germinação, ao passo que, aquelas situadas entre 25 e

    30°C propiciam as melhores condições para o desencadeamento dos

    processos de germinação das sementes e emergência das plântulas. Por

    ocasião do período de florescimento e maturação, temperaturas médias

    diárias superiores a 26°C podem promover a aceleração dessas fases, da

    mesma forma que temperaturas inferiores a 15,5º C podem prontamente

    retardá-las.

    Com relação à luz, a cultura do milho responde com altos

    rendimentos a crescentes intensidades luminosas, em virtude de pertencer

    ao grupo de plantas “C4”, o que lhe confere alta produtividade biológica. O

    milho é, originalmente, uma planta de dias curtos, embora os limites

    dessas horas de luz não sejam idênticos e nem bem definidos para os

  • 29

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    diferentes cultivares. Com a redução de 30 a 40% da intensidade luminosa,

    ocorrerá um atraso na maturação dos grãos, principalmente em cultivares

    tardios, que mostram-se mais sensíveis à carência de luz.

    A incidência de ventos no milharal pode aumentar a demanda de

    água por parte da planta, tornando-a mais suscetível aos períodos curtos

    de estiagem, além de promover o acamamento da cultura. Da mesma

    forma, ventos frios ou quentes podem ocasionar falhas na polinização,

    constituindo-se, frequentemente, em importante fator limitante na

    produção de milho de algumas regiões.

    Plantas de milho apresentando de quatro a 10 folhas, quando

    submetidas a ventos, podem ser significativamente prejudicadas quanto ao

    crescimento e desenvolvimento. A evidência de folhas apresentando bordas

    esbranquiçadas e secas, bem como enrolamento pode ser atribuído à

    incidência de ventos. Ainda, plantas instaladas em solos arenosos e sem

    cobertura, podem sofrer o efeito abrasivo de partículas deslocadas pela

    ação do vento.

    Com relação a exigência por água, as fases mais críticas são a de

    emergência, florescimento e formação do grão. No período compreendido

    entre 15 dias antes e 15 dias após o aparecimento da inflorescência

    masculina, o requerimento de um suprimento hídrico satisfatório aliado a

    temperaturas adequadas tornam tal período extremamente crítico. A

    cultura exige um mínimo de 350-500 mm de precipitação no verão para

    que produza a contento, sem a necessidade da utilização da prática de

    irrigação. O consumo de água por parte do milho, em um clima quente e

    seco, raramente excede 3,0 mm/dia, enquanto a planta estiver com altura

    inferior a 30 cm. Todavia, durante o período compreendido entre o

    espigamento e a maturação, o consumo pode se elevar para 5,0 a 7,5 mm

    diários.

  • 30

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    O milho é uma planta de ciclo vegetativo variado, evidenciando desde

    genótipos extremamente precoces, cuja polinização pode ocorrer 30 dias

    após a emergência, até mesmo aqueles cujo ciclo vital pode alcançar 300

    dias. Contudo, nas condições brasileiras, o ciclo é variável entre 110 e 180

    dias, em função da caracterização dos genótipos (superprecoce, precoce e

    tardio), período este compreendido entre a semeadura e a colheita. De

    forma geral, o ciclo da cultura compreende as seguintes etapas de

    desenvolvimento:

    a) germinação e emergência: período compreendido desde a semeadura

    até o efetivo aparecimento da plântula, o qual em função da

    temperatura e umidade do solo pode apresentar de cinco a 12 dias de

    duração;

    b) crescimento vegetativo: período compreendido entre a emissão da

    segunda folha e o início do florescimento. Tal etapa apresenta

    extensão variável, sendo este fato comumente empregado para

    caracterizar os tipos de cultivares de milho, quanto ao comprimento

    do ciclo;

    c) florescimento: período compreendido entre o início da polinização e o

    início da frutificação, cuja duração raramente ultrapassa 10 dias;

    d) frutificação: período compreendido desde a fecundação até o

    enchimento completo dos grãos, sendo sua duração estimada entre

    40 e 60 dias;

    e) maturidade: período compreendido entre o final da frutificação e o

    aparecimento da camada negra, sendo este relativamente curto e

    indicativo do final do ciclo de vida planta.

    Entretanto, para maior facilidade de manejo e estudo, bem como

    objetivando a possibilidade do estabelecimento de correlações entre

    elementos fisiológicos, climatológicos, fitogenéticos, entomológicos,

  • 31

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    fitopatológicos, e fitotécnicos, como desempenho da planta, o ciclo da

    cultura do milho foi dividido em 11 estádios distintos de desenvolvimento:

    Estádio 0: da semeadura à emergência;

    ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILHO

    ESTÁDIOS VEGETATIVOS

  • 32

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

  • 33

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

  • 34

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    ESTÁDIOS REPRODUTIVOS DO MILHO

    As fases reprodutivas iniciam-se no pendoamento e vão até a

    maturação fisiológica, estádio onde os grãos apresentam a camada preta

    na inserção entre o grão e o sabugo. A camada nada mais é do que um

    conjunto de células mortas que impedem a entrada de nutrientes para

    dentro dos grãos e marca a fase de perda de água. O estádio de

    crescimento de uma lavoura é definido quando, no mínimo, 50% das

    plantas estiverem no mesmo estádio. O desenvolvimento de uma cultura é

    um processo contínuo e interligado, em que cada uma de suas fases

    cumpre papel importante na produtividade final.

  • 35

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

  • 36

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    PLANTIO DO MILHO

    O plantio de qualquer cultura deve ser bem planejado, pois durará deste

    a germinação até a colheita cerca de 120 a 130 dias afetando todas as

    operações envolvidas, além de determinar as possibilidades de sucesso ou

    insucesso da lavoura. É por ocasião do plantio que se define o espaçamento

    entre linhas e a densidade de plantio para garantir uma boa produtividade .

    Esta característica não é tão importante em outras culturas com grande

    capacidade de perfilhamento, como arroz, trigo, aveia, sorgo e outras

    gramíneas, ou de maior habilidade de produção de floradas, como feijão e

    soja.

    Neste contexto, a escolha e o cuidado com as plantadoras

    representam um importante elemento dentro do processo de produção,

    uma vez que afetam a distribuição e a localização do adubo, a distribuição

    de sementes nas fileiras e a profundidade de plantio, o espaçamento entre

  • 37

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    fileiras, determinando a qualidade do plantio e seu efeito sobre as

    operações subsequentes e a produtividade da lavoura. O milho também

    desempenha importante papel em sistema de plantio direto, na integração

    lavoura-pecuária, possuindo muitas aplicações dentro da propriedade

    agrícola, deste a alimentação animal na forma de grãos ou de forragem

    verde ou conservada, na alimentação humana ou na geração de receita

    mediante a comercialização da produção excedente.

    O período de crescimento e desenvolvimento do milho é limitado pela

    água, pela temperatura e pela radiação solar, ou luminosidade. A cultura

    do milho necessita que alguns índices dos fatores climáticos, especialmente

    a temperatura, precipitação pluviométrica e o fotoperíodo, atinjam níveis

    ótimos, para que o potencial genético de produção da cultura se expresse

    ao máximo. Assim, temperatura possui uma relação complexa com o

    desempenho da cultura, uma vez que a condição ótima varia com os

    diferentes estádios de crescimento e desenvolvimento da planta.

    A temperatura da planta de milho é basicamente a mesma do ambiente

    que a envolve. Devido a esse sincronismo, flutuações periódicas influenciam

    nos processos metabólicos que ocorrem no interior da planta. Nos momentos

    em que a temperatura é mais elevada, o processo metabólico é mais acelerado

    e nos períodos mais frios, o metabolismo tende a diminuir. As temperaturas

    ideais do solo para a cultura de milho estariam entre 25 e 30 ºC, sendo que

    temperaturas do solo inferiores a 10 ºC ou superiores a 40 ºC ocasionam

    prejuízo sensível à germinação.

    Por ocasião da floração, temperaturas médias superiores a 26 ºC

    aceleram o desenvolvimento dessa fase, e as inferiores a 15,5ºC o retardam.

    Cada grau acima da temperatura média de 21,1 ºC nos primeiros 60 dias

    após a semeadura pode acelerar o florescimento entre dois e três dias.

    Quando a temperatura é superior a 35 ºC ocorre diminuição da atividade

    da enzima redutase do nitrato, podendo alterar o rendimento e a

  • 38

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    composição protéica dos grãos.

    Durante a polinização, temperaturas acima de 33 ºC reduzem

    sensivelmente a germinação do grão de pólen. Verões com temperatura

    média diária inferior a 19 ºC, e noites com temperatura média inferior a

    12,8 ºC não são recomendados para a produção de milho. Por outro lado,

    temperaturas noturnas superiores a 24 ºC proporcionam um aumento da

    respiração, ocasionando uma diminuição da taxa de fotossimilados e uma

    consequente redução da produção, além de provocar senescência precoce

    das folhas. Temperaturas inferiores a 15ºC retardam a maturação dos

    grãos.

    A planta de milho precisa acumular quantidades distintas de energia

    ou simplesmente unidades calóricas (U.C.) necessárias a cada etapa de

    crescimento e desenvolvimento. A unidade calórica é obtida através da

    soma térmica necessária para cada etapa do ciclo da planta, desde o

    plantio até o florescimento masculino. O somatório térmico é calculado

    através das temperaturas máximas e mínimas diárias, sendo 30ºC e 10ºC,

    respectivamente, as temperaturas referenciais para o cálculo.

    Com relação ao ciclo, as cultivares são classificadas pelas empresas

    produtoras de sementes em normais ou tardias, semiprecoces, precoces e

    superprecoces. As cultivares normais apresentam exigências térmicas

    correspondentes a 890-1200 graus-dia (G.D.), as precoces, de 831 a 890,

    e as superprecoces, de 780 a 830 G.D. Essas exigências calóricas se

    referem ao cumprimento das fases fenológicas compreendidas entre a

    emergência e o início da polinização.

    De acordo com o Zoneamento Agrícola para a cultura de milho, as

    cultivares eram classificadas, em função do ciclo, em três grupos:

    Grupo I - necessita até 780 U.C. (precoce).

    Grupo II - necessita entre 780 e 860 U.C. (ciclo médio).

  • 39

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Grupo III - necessita mais que 860 U.C. (ciclo tardio).

    A partir da safra 2009/10, para efeito de simulação, o Ministério da

    Agricultura, Pecuária e Abastecimento classifica as cultivares em três

    grupos de características homogêneas: Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n

    = 110 dias e = 145 dias); e Grupo III (n > 145 dias), onde “n” expressa o

    número de dias da emergência à maturação fisiológica.

    Outro fator de grande importância e a altitude que tem um efeito direto

    na temperatura, tanto diurno como noturna, afetando tanto a fotossíntese

    como a respiração. Para as condições brasileiras, o milho plantado em maiores

    altitudes apresenta maior número de dias para atingir o pendoamento,

    aumentando o ciclo e apresentando maior rendimento de grãos. Aumentando o

    período de enchimento de grãos, consequentemente aumentará a

    produtividade, em temperaturas máximas menores e mais próximas da

    temperatura ótima.

    E menores temperaturas noturnas reduzem a taxa de respiração, o que

    resultará na redução do ponto de compensação sendo esse o ponto em que a

    fotossíntese e a respiração são idênticas, o que também implica no aumento

    da produtividade. Uma análise sobre avaliação de cultivares em diferentes

    regiões do Brasil mostrou que os ensaios plantados em regiões com altitude

    superior a 700 m apresentaram maior rendimento (7.429 kg/ha) e

    florescimento masculino de 65 dias, comparados com os ensaios plantados em

    altitudes abaixo de 700 m, que apresentaram rendimento de 6.473 kg/ha e

    florescimento masculino de 65 dias.

    A umidade do solo também influência na cultura do milho que muito

    exigente em água. Entretanto, pode ser cultivado em regiões onde as

    precipitações vão desde 250 mm até 5.000 mm anuais, sendo que a

    quantidade de água consumida pela planta, durante seu ciclo, está em torno

    de 600 mm. O consumo de água pela planta, nos estádios iniciais de

    crescimento, num clima quente e seco, raramente excede 2,5 mm/dia.

    Durante o período compreendido entre o espigamento e a maturação, o

  • 40

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    consumo pode se elevar para 5 a 7,5 mm diários. Mas se a temperatura

    estiver muito elevada e a umidade do ar, muito baixa, o consumo poderá

    chegar até 10 mm/dia.

    A ocorrência de déficit hídrico na cultura do milho pode ocasionar

    danos em todas as fases. Na fase do crescimento vegetativo, o dano se

    verifica pelo menor elongamento celular e pela redução da massa

    vegetativa, com diminuição na taxa fotossintética. Após o déficit hídrico, a

    produção de grãos também é afetada diretamente, pois com menor massa

    vegetativa a planta possui menor capacidade fotossintética.

    Na fase do florescimento, a ocorrência de dessecação dos estilos-

    estigmas aumentando o grau de protandria, abortos dos sacos

    embrionários, de distúrbios na meiose, e aborto das espiguetas e de morte

    dos grãos de pólen resultando em redução no rendimento. O déficit hídrico

    na fase de enchimento de grãos afetará o metabolismo da planta e o

    fechamento de estômatos, reduzindo a taxa fotossintética e,

    consequentemente, a produção de fotossimilados e sua translocação para

    os grãos.

    O fotoperíodo e um dos componentes climáticos que afetam a

    produtividade do milho, representado pelo número de horas de luz solar, o

    qual é um fator climático de variação sazonal, mas que não apresenta

    muita variação de ano para ano. O milho é considerado uma planta de dias

    curtos, embora algumas cultivares tenham pouca ou nenhuma sensibilidade

    às variações do fotoperíodo. Um aumento do fotoperíodo faz com que a

    duração da etapa vegetativa aumente e proporcione também um

    incremento no número de folhas emergidas durante a diferenciação do

    pendão e do número total de folhas produzidas pela planta. Nas condições

    brasileiras, o efeito do fotoperíodo na produtividade do milho é

    praticamente insignificante.

    A radiação solar é de extrema importância para a planta de milho,

    sem a qual o processo fotossintético é inibido e a planta é impedida de

  • 41

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    expressar o seu máximo potencial produtivo. Grande parte da matéria seca

    do milho, cerca de 90%, provém da fixação de CO2 pelo processo

    fotossintético. O milho é uma planta do grupo C4, altamente eficiente na

    utilização da luz. Uma redução de 30% a 40% da intensidade luminosa, por

    períodos longos, atrasa a maturação dos grãos ou pode ocasionar até

    mesmo queda na produção.

    A época de semeadura embora não tenha custo adicional, o plantio

    de milho feito na época correta afeta diretamente a produção e a

    produtividade da lavoura e, consequentemente, o lucro do agricultor. O

    atraso no plantio dificulta também diversas operações agrícolas, como o

    controle de pragas e plantas daninhas, além de aumentar a ocorrência e a

    severidade de doenças, e é apontado como um dos principais fatores

    responsáveis pela baixa produtividade, principalmente do pequeno e médio

    produtor.

    O período de crescimento e desenvolvimento é afetado pela umidade

    do solo, pela temperatura, pela radiação solar e pelo fotoperíodo. A época

    de plantio é em função destes fatores, cujos limites extremos são variáveis

    em cada região agroclimática. A época de semeadura mais adequada é

    aquela que faz coincidir o período de floração com os dias mais longos do

    ano, e a etapa de enchimento de grãos com o período de temperaturas

    mais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar. Isto, considerando

    satisfeitas as necessidades de água pela planta. Nas condições tropicais,

    devido a menor variação da temperatura e do comprimento do dia, a

    distribuição de chuvas é que, geralmente, determina a melhor época de

    semeadura.

    No sul do Brasil, o milho, geralmente, é plantado de agosto a

    setembro e à medida que se caminha para os estados do Centro-Oeste e

    do Sudeste, a época de semeadura na safra varia de outubro a novembro.

    A época de semeadura afeta várias características da planta, ocorrendo um

    decréscimo mais acentuado no número de espigas por planta e no

  • 42

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    rendimento de grãos. O atraso na semeadura pode resultar em perdas que

    podem ser superiores a 60 kg/ha/dia. Essa tendência pode ser revertida se

    não houver déficit hídrico e ocorrer uma redução na temperatura do ar, nos

    meses de fevereiro - março.

    Na região Sudeste, as épocas de plantio das lavouras de milho de alta

    produtividade concentram-se nos meses de outubro e novembro, chegando

    a cerca de 80% das lavouras com produtividade acima de 8.000 kg ha-1. O

    mesmo ocorre nos estados da região Centro-Oeste, onde as melhores

    lavouras de milho são plantadas, principalmente, nos meses de outubro e

    novembro. Para os estados da região Nordeste, para as lavouras de alta

    produtividade na Bahia e no Piauí, principalmente, à época de plantio

    concentra-se no final do mês de novembro e principalmente no mês de

    dezembro. Assim, podemos concluir que a análise dos levantamentos das

    diferenças edafoclimáticas de cada região influenciam muito na tomada de

    decisão da época de plantio da cultura de milho, na safra normal.

    Por ser plantado no final da época recomendada, o milho safrinha tem

    sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes

    limitações de radiação solar e temperatura na fase final de seu ciclo. Além

    disso, como o milho safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data

    de plantio depende da época do plantio dessa cultura e de seu ciclo. Assim, o

    planejamento do milho safrinha começa com a cultura do verão, visando

    liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor

    será o potencial e maior o risco de perdas por seca e/ou geadas.

    A profundidade da semeadura e outra variável que está condicionada

    aos fatores temperatura do solo, umidade e tipo de solo. A semente deve ser

    colocada em uma profundidade que possibilite um bom contato com a umidade

    do solo. Entretanto, a maior ou menor profundidade de semeadura vai

    depender do tipo de solo. Naqueles mais pesados (argilosos), com drenagem

    deficiente ou com fatores que dificultam o alongamento do mesocótilo,

    dificultando a emergência de plântulas, as sementes devem ser colocadas

  • 43

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    entre 3 e 5 cm de profundidade. Em solos mais leves ou arenosos, as

    sementes podem ser colocadas mais profundas, entre 5 e 7 cm de

    profundidade, para se beneficiarem do maior teor de umidade do solo.

    No Sistema Plantio Direto, onde há sempre um acúmulo de resíduos

    na superfície do solo, especialmente em regiões mais frias, a cobertura

    morta pode retardar a emergência, reduzir o estande e, em alguns casos,

    pode até causar queda no rendimento de grãos da lavoura, dependendo da

    profundidade em que a semente foi colocada.

    Contrário a uma crença popular, a profundidade de semeadura tem

    influência mínima na profundidade do sistema radicular definitivo, que se

    estabelece logo abaixo da superfície do solo. A densidade de plantio, ou

    estande, é definida como o número de plantas por unidade de área, tem papel

    importante no rendimento de uma lavoura de milho, uma vez que pequenas

    variações na densidade têm grande influência no rendimento final da cultura.

    O milho é a gramínea mais sensível variação na densidade de plantas. Para

    cada sistema de produção, existe uma população que maximiza o

    rendimento de grãos.

    A população recomendada para maximizar o rendimento de grãos de

    milho varia de 40.000 a 80.000 plantas.ha-1

    , dependendo da

    disponibilidade hídrica, da fertilidade do solo, dá cultivar, da época de

    semeadura e do espaçamento entre linhas. Vários pesquisadores

    consideram o próprio genótipo como principal determinante da densidade

    de plantas. O aumento da densidade de plantas até determinado limite é

    uma técnica usada com a finalidade de elevar o rendimento de grãos da

    cultura do milho. Porém, o número ideal de plantas por hectare é variável,

    uma vez que a planta de milho altera o rendimento de grãos de acordo com

    o grau de competição intraespecífica proporcionado pelas diferentes

    densidades de planta.

    O rendimento de uma lavoura aumenta com a elevação da densidade de

    plantio, até atingir uma densidade ótima, que é determinada pela cultivar e

  • 44

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    por condições externas resultantes de condições edafoclimáticas do local e do

    manejo da lavoura. A partir da densidade ótima, quando o rendimento é

    máximo, aumento na densidade resultará em decréscimo progressivo na

    produtividade da lavoura. A densidade ótima é, portanto, variável para cada

    situação e, basicamente, depende de três condições: cultivar, disponibilidade

    hídrica e do nível de fertilidade de solo. Qualquer alteração nesses fatores,

    direta ou indiretamente, afetará a densidade ótima de plantio.

    Além do rendimento de grãos, o aumento da densidade de plantio

    também afeta outras características da planta. Dentre essas características,

    temos a redução no número de espigas por planta (índice de espigas) e o peso

    médio da espiga, o diâmetro do colmo é reduzido e há maior susceptibilidade

    ao acamamento e ao quebramento, pode haver um aumento na ocorrência

    de doenças, especialmente as podridões de colmo.

    Esses aspectos podem determinar o aumento de perdas na colheita,

    principalmente quando mecanizada. Desta forma, às vezes deixamos de

    recomendar densidades maiores, embora em condições experimentais

    apresentem maiores rendimentos, não são aconselhadas em lavouras

    colhidas mecanicamente.

    A densidade de plantio e a distribuição de sementes são também

    afetadas pela velocidade de plantio. Assim, para plantadeiras a disco

    recomenda-se velocidades não superiores a 5 Km/h. Plantadeiras a dedo ou

    a vácuo podem realizar operações de semeadura com velocidade de até 10

    Km/h, desde que as condições de topografia do terreno, umidade e textura

    do solo permitiam a operação nesta velocidade. De um modo geral, não se

    recomenda a semeadura em velocidades superiores a 7 Km/h quando se

    utilizar essas plantadeiras. Devemos fazer um teste antes da semeadura,

    operando a plantadeira em diferentes velocidades para, então se escolher a

    melhor opção, tendo em vista principalmente a uniformidade da

    profundidade das sementes.

    A velocidade acima do recomendado aumenta o número de falhas e

  • 45

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    duplas e prejudicam a uniformidade da profundidade das sementes. Esses dois

    fatores reduzem a população de plantas e aumentam o número de plantas

    dominadas. Em termos genéricos, observamos que cultivares precoces, as

    de ciclo mais curto exigem maior densidade de plantio em relação a

    cultivares tardias, para expressarem seu máximo rendimento.

    As cultivares mais precoces, geralmente, possuem plantas de menor

    altura e menor massa vegetativa. Essas características morfológicas

    determinam um menor sombreamento dentro da cultura, possibilitando,

    com isto, menor espaçamento entre plantas, para melhor aproveitamento

    de luz. Mesmo dentre os grupos de cultivares (precoces ou tardios), há

    diferenças quanto à densidade ótima de plantio.

    As faixas de densidades mais frequentemente recomendadas para os

    híbridos duplos variam de 50 a 60 mil plantas por ha, havendo casos de

    recomendação até de 70 mil plantas por ha. Para os híbridos triplos e

    simples, é frequente a densidade de 55 a 70 mil plantas por ha, havendo

    casos de recomendação de até 80 mil plantas por ha, principalmente entre

    os híbridos simples. Assim, muda-se a idéia tradicional de se utilizar um

    saco de sementes para o plantio de um hectare não sendo mais verdadeira,

    havendo necessidades de se utilizar 1,2 a 1,4 sacos de sementes (com

    60.000 sementes) para o plantio de um hectare.

    Atualmente, a redução no espaçamento entre linhas e o aumento da

    densidade de plantio é uma realidade na cultura de milho, encontramos no

    mercado plataformas adaptáveis às colhedoras com espaçamentos de até

    0,45 m. Na ocasião do plantio e posterior colheita a densidade adequada e

    uniforme de plantas deverá tomar uma série de cuidados, entre eles:

    I. utilizar sementes de alta qualidade em termos de poder germinativo

    e vigor;

    II. realizar o plantio com máquinas e equipamentos de maior qualidade

    e precisão que, aliados a uma mão de obra melhor qualificada,

  • 46

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    possibilitará um plantio cada vez mais uniforme, minimizando a

    ocorrência de falhas, de duas sementes juntas (duplas) e de plantas

    dominadas;

    III. fazer o tratamento de sementes e se for necessário, fazer aplicação

    de fungicidas, especialmente em regiões mais frias onde o processo

    de germinação e emergência é retardado;

    IV. plantar na época certa e quando o solo tiver com teor de umidade

    adequado promovendo a melhoria das condições químicas, físicas e

    biológicas do solo, facilitando o desenvolvimento e sobrevivência das

    plântulas.

    Figura 5. Erros no estabelecimento de uma lavoura de milho

  • 47

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    DOENÇAS

    Nos últimos anos, principalmente a partir do final de década de 90, as

    doenças têm se tornado uma grande preocupação por parte de técnicos e

    produtores envolvidos no agronegócio do milho. Assim, podemos destacar

    a severa epidemia de cercosporiose ocorrida na região Sudoeste do Estado

    de Goiás no ano de 2000, na qual foram registradas perdas superiores a

    80% na produtividade.

    A evolução das doenças do milho está estreitamente relacionada à

    evolução do sistema de produção da cultura como exemplo a expansão da

    fronteira agrícola, a ampliação das épocas de plantio (safra e safrinha), a

    adoção do sistema de plantio direto, o aumento do uso de sistemas de

    irrigação, a ausência de rotação de cultura e o uso de materiais suscetíveis

    têm promovido modificações importantes na dinâmica populacional dos

    patógenos, resultando no surgimento, a cada safra, de novos problemas

    para a cultura relacionados à ocorrência de doenças.

    Dentre as doenças que atacam a cultura do milho no Brasil, merecem

    destaque a mancha branca, a cercosporiose, a ferrugem polissora, a

    ferrugem tropical, os enfezamentos vermelho e pálido, as podridões de

    colmo e os grãos ardidos. Além destas, nos últimos anos algumas doenças

    como a antracnose foliar e a mancha foliar de Diplodia, consideradas de

    menor importância, têm promovido elevada severidade em algumas

    regiões produtoras. No entanto, algumas das doenças são de ocorrência

    mais generalizada nas principais regiões de plantio, como é o caso da

    mancha branca. As principais medidas recomendadas para o manejo de

    doenças na cultura do milho são:

    utilizar cultivares resistentes;

    realizar o plantio em época adequada, de modo a evitar que os

    períodos críticos para a cultura coincidam com condições ambientais

    mais favoráveis ao desenvolvimento da doença;

  • 48

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    utilizar sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas;

    utilizar rotação com culturas não suscetíveis;

    rotação de cultivares;

    manejo adequado da lavoura – adubação equilibrada (N e K),

    população de plantas adequada, controle de pragas e de invasoras e

    colheita na época correta.

    Essas medidas, reduzem o potencial de inóculo dos patógenos

    presentes na lavoura, contribuem para uma maior durabilidade e

    estabilidade da resistência genética presentes nas cultivares comerciais. A

    mais atrativa estratégia de manejo de doenças é a utilização de cultivares

    geneticamente resistentes, não exigindo nenhum custo adicional ao

    produtor, não causando nenhum tipo de impacto negativo ao meio

    ambiente, sendo perfeitamente compatível com outras alternativas de

    controle. Agruparemos as doenças do milho de acordo com o órgão da

    planta infectado, formando os seguintes grupos: doenças foliares;

    podridões de colmo e das raízes; podridões de espigas e de grãos; e

    doenças sistêmicas.

    DOENÇAS FOLIARES

    Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)

    A doença foi observada inicialmente no Sudoeste do Estado de Goiás

    em Rio Verde, Montividiu, Jataí e Santa Helena, no ano de 2000.

    Atualmente a doença está presente em praticamente todas as áreas de

    plantio de milho no Centro Sul do Brasil. A doença ocorre com alta

    severidade em cultivares suscetíveis, podendo as perdas serem superiores

    a 80%.

    Os sintomas caracterizam-se por manchas de coloração cinza,

    predominantemente retangulares, com as lesões desenvolvendo-se

    paralelas às nervuras. Com o desenvolvimento dos sintomas da doença,

  • 49

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    pode ocorrer necrose de todo o tecido foliar (Figura 1). Em situações de

    ataques mais severos, as plantas tornam-se mais predispostas às infecções

    por patógenos no colmo, resultando em maior incidência de acamamento

    de plantas.

    Figura 1. Cercosporiose do milho (Cercospora zeae-maydis).

    A disseminação ocorre através de esporos e de restos de cultura levados

    pelo vento e por respingos de chuva. Os restos de cultura são, portanto, fonte de

    inóculo local e, também, para outras áreas de plantio. A ocorrência de

    temperaturas entre 25º C e 30º C e de umidade relativa do ar superior a 90% são

    consideradas condições ótimas para o desenvolvimento da doença.

    A principal medida de manejo da cercosporiose é a utilização de cultivares

    resistentes. Além disso, recomenda-se evitar a permanência de restos da cultura

    de milho em áreas em que a doença ocorreu com alta severidade para reduzir o

    inóculo do patógeno; realizar a rotação com culturas não hospedeiras como a

    soja, o sorgo, o girassol, o algodão e outras, sendo que o milho é o único

    hospedeiro de C. zeae-maydis; realizar adubações de acordo com as

    recomendações técnicas para evitar desequilíbrios nutricionais nas plantas,

    favoráveis ao desenvolvimento desse patógeno, principalmente a relação

    nitrogênio/potássio.

    Para que essas medidas sejam eficientes, recomenda-se a sua aplicação

    regional (em macrorregiões) para evitar que a doença volte a se manifestar a

    partir de inóculo trazido pelo vento de lavouras vizinhas infectadas. Em áreas com

    plantio de cultivares suscetíveis e sob condições ambientais favoráveis para a

  • 50

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    ocorrência da doença, o controle químico deve ser avaliado como uma opção para

    o manejo da doença.

    Mancha branca (etiologia indefinida)

    A mancha branca é considerada, atualmente, uma das principais doenças da

    cultura do milho no Brasil, estando presente em praticamente todas as regiões de

    plantio de milho no Brasil. As perdas na produção podem ser superiores a 60% em

    situações de ambiente favorável e de uso de cultivares suscetível.

    As lesões da mancha branca são, inicialmente, circulares, aquosa e verde

    clara (anasarcas). Posteriormente, passam a necróticas, de cor palha, circulares a

    elípticas, com diâmetro variando de 0,3 a 1 cm (Figura 2). Geralmente, são

    encontradas dispersas no limbo foliar, mas iniciam-se na ponta da folha

    progredindo para a base, podendo coalescer. Em geral, os sintomas aparecem

    inicialmente nas folhas inferiores, progredindo rapidamente para as superiores,

    sendo mais severos após o pendoamento. Sob condições de ataque severo, os

    sintomas da doença podem ser observados também na palha da espiga. Em

    condições de campo, os sintomas não ocorrem, normalmente, em plântulas de

    milho.

    A mancha branca é favorecida por temperaturas noturnas amenas (15 a

    20ºC), elevada umidade relativa do ar (>60%) e elevada precipitação. Os plantios

    tardios favorecem elevadas severidades da doença devido à ocorrência dessas

    condições climáticas durante o florescimento da cultura, fase na qual as plantas

    são mais sensíveis ao ataque do patógeno e os sintomas são mais severos.

    A principal medida recomendada para o manejo da mancha branca é o uso

    de cultivares resistentes sendo encontrado no mercado as cultivares da Embrapa

    BRS 1010 e BRS 1035. Outra medida importante para o manejo da enfermidade é

    a escolha da época de plantio. Deve-se optar por épocas de semeadura cujas

    condições climáticas que favoreçam a doença não coincidam com a fase de

    florescimento da cultura. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, os plantios tardios

    realizados a partir da segunda quinzena de novembro até o final de dezembro

    favorecem a ocorrência da doença em elevadas severidades.

    Assim, recomenda-se, sempre que possível, antecipar a época do plantio

    para a segunda quinzena de outubro ou o início de novembro. O controle químico

  • 51

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    também é uma medida viável nas situações em que são utilizados cultivares

    suscetíveis, em regiões cujas condições climáticas são favoráveis ao

    desenvolvimento da doença.

    Figura 2. Sintomas da mancha branca do milho.

    Ferrugem Polissora (Puccinia polysora Underw.)

    No Brasil, foram determinadas perdas superiores a 40% na produção

    de milho devido à ocorrência de epidemias de ferrugem polissora. A doença

    está distribuída por toda a região Centro-Oeste, pelo Noroeste de Minas

    Gerais, por São Paulo e por parte do Paraná. Os sintomas da ferrugem

    polissora são caracterizados pela formação de pústulas circulares a ovais,

    de coloração marron clara, distribuídas, predominantemente, na face

    superior das folhas (Figura 3).

    Figura 3. Sintomas da ferrugem polissora no milho (Puccinia polysora Underw).

  • 52

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    A ocorrência da doença é dependente da altitude, ocorrendo com

    maior intensidade em altitudes abaixo de 700m, onde predominam

    temperatura mais elevadas (25º C a 35º C). A ocorrência de períodos

    prolongados de elevada umidade relativa do ar também é um fator

    importante para o desenvolvimento da doença. As principais medidas

    recomendadas para o manejo da ferrugem polissora compreendem o uso

    de cultivares resistentes, a escolha da época e do local de plantio, a

    aplicação de fungicidas em situações de elevada pressão de doença e o uso

    de cultivares suscetíveis.

    Ferrugem Comum (Puccinia sorghi)

    No Brasil, a doença tem ampla distribuição com severidade

    moderada, tendo maior severidade nos estados da região Sul. A ferrugem

    comum caracteriza-se pela formação de pústulas em toda a parte aérea da

    planta, mas com maior abundância nas folhas. As pústulas ocorrem em

    ambas as superfícies da folha, sendo esta uma das características que a

    diferencia da ferrugem polissora, cujas pústulas predominam na superfície

    superior da folha. As pústulas da ferrugem comum apresentam formato

    circular a alongado e coloração castanho clara a escuro, que se acentua à

    medida em que as pústulas amadurecem e se rompem, liberando os

    uredósporos, que são os esporos típicos do patógeno. Sob condições

    ambientais favoráveis, as pústulas podem coalescer, formando grandes

    áreas necróticas nas folhas (Figura 4).

    Figura 4. Sintomas da ferrugem comum do milho: pústulas de coloração marrom claro

    apresentando halo amarelado (A); coalescência de pústulas apresentando necrose foliar e

    bordos arroxeados; detalhe do formato alongado das pústulas (C).

  • 53

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    A ocorrência de prolongados períodos de temperaturas baixas (16 a 23°C),

    alta umidade relativa do ar (>90%) e chuvas frequentes favorecem o

    desenvolvimento da doença. Os teliósporos produzidos pelo patógeno germinam e

    produzem basidiósporos, os quais infectam plantas do gênero oxalis spp. (trevo),

    em que o patógeno desenvolve o estágio aecial (fase reprodutiva). Desse modo, a

    presença de plantas de trevo na área contribui para a sobrevivência e para a

    disseminação do patógeno.

    O uso de cultivares resistentes é a principal forma de manejo da ferrugem

    comum. A escolha da época e de locais de plantio menos favoráveis ao

    desenvolvimento da doença e a eliminação de hospedeiros alternativos também

    contribuem para a redução da severidade da doença. A aplicação de fungicidas é

    recomendada em situações de elevada pressão de doença e uso de cultivares

    suscetíveis, quando a doença surge nos estádios iniciais de desenvolvimento da

    cultura.

    Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca (Physopella zeae)

    No Brasil, a ferrugem tropical encontra-se distribuída nas regiões Centro-

    Oeste e Sudeste (Norte de São Paulo). A doença é mais severa em plantios

    contínuos de milho, principalmente em áreas irrigadas. A ferrugem branca

    caracteriza-se pela formação de pústulas de formato arredondado a oval, em

    pequenos grupos, de coloração esbranquiçada a amarelada, na superfície superior

    da folha e recoberta pela epiderme. Uma borda de coloração escura pode envolver

    o agrupamento de pústulas (Figura 5).

    Figura 5. Pústulas de aspecto pulverulento e coloração esbranquiçada

    características da ferrugem branca do milho.

  • 54

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    Os uredoóporos são o inóculo primário e secundário, sendo

    transportados pelo vento ou em material infectado. Não são conhecidos

    hospedeiros intermediários de P. zeae. A doença é favorecida por condições

    de alta temperatura (22-34°C), alta umidade relativa e baixas altitudes.

    Por ser um patógeno de menor exigência em termos de umidade, a

    severidade da doença tende a ser a maior nos plantios de safrinha.

    As principais medidas de manejo são: plantio de cultivares

    resistentes; escolha da época e do local de plantio; evitar plantios

    sucessivos de milho; e aplicação de fungicidas em situação de elevada

    pressão de doença. Além disso, recomendam-se a alternância de genótipos

    e a interrupção no plantio durante certo período para que ocorra a morte

    dos uredósporos.

    Helmintosporiose (Exserohilum turcicum)

    No Brasil, as maiores severidades desta enfermidade têm ocorrido em

    plantios de safrinha. Em situações favoráveis ao desenvolvimento da

    doença, as perdas na produção podem chegar a 50%, quando o ataque

    começa antes do período de floração. Os sintomas típicos da doença são

    lesões necróticas, elípticas, medindo de 2,5 a 15cm de comprimento

    (Figura 6). A coloração do tecido necrosado varia de cinza a marrom e, no

    interior das lesões, observa-se intensa esporulação do patógeno. As

    primeiras lesões aparecem, normalmente, nas folhas mais velhas.

    Figura 6. Sintomas da helmintosporiose ( Exserohilum turcicum) em milho.

    Foto: Luciano Viana Cota

  • 55

    CULTURA DO MILHO

    ENGENHARIA AGRONÔMICA

    CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

    IDAM

    O patógeno apresenta boa capacidade de sobrevivência em restos de

    cultura. A disseminação ocorre pelo transporte de conídios pelo vento a

    longas distâncias. Temperaturas moderadas (18-27°C) são favoráveis à

    doença, bem como a ocorrência de longos períodos de molhamento foliar

    ou a presença de orvalho. O patógeno tem como hospedeiros o sorgo, o

    capim sudão, o sorgo de halepo e o teosinto. No en