Cultura em forma de arte

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Hector Burghini dá forma e cor aos barquinhos de gesso Os alfinetes delimitam o desenho da Renda de Bilro As embarcações da praia em miniaturas feitas de gesso Cerâmica do boi-de-mamão resgata costumes da ilha Edwaldo é o único rendeiro no grupo do Pântano do Sul Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Comunicação e Expressão Curso de Jornalismo Disciplina: Fotojornalismo II 2012.1 Reportagem e fotografia: Joice Andreia Balboa Orientação: Professor Ivan Giacomelli Eduardo de Sousa transforma a argila em personagens típicos do folclore ilhéu: o boi, a bernunça e a maricota Cultura em forma de arte O artesanato recria e transforma a história de Florianópolis sob várias formas, o trabalho manual é lento, mas cada peça é exclusiva O boi de mamão é uma das tradições presentes na Ilha de Florianópolis, e é nela que Eduardo de Sousa, ar- tesão e professor de geografia, se inspira e molda na argila os personagens da dança folclórica em seu ateliê no Saco dos Limões. Depois de secar, os boizi- nhos, bernunças e maricotas de barro ficam oito horas no forno para queimar e formar a cerâmica, mais 12 horas para esfriar e as peças já podem ser pintadas, trabalho feito pela esposa Ra- quel, que colore cada miniatura de forma única. Sousa trabalha com modelagem em cerâmica há 14 anos, quando fez um curso de Cerâmica Figurativa Folclórica oferecido pelo museu da Uni- versidade Federal de Santa Catarina. Com seu artesanato, Sousa tenta contar um pouco da história e dos costumes ilhéus. A 160 metros da praia do Pântano do Sul, onde o vento sul se deixa notar, é que barquinhos de gesso são feitos artesanalmente. Essas miniaturas fazem parte da vida de Hector Burghini há 12 anos e é a principal fonte de renda do artesão. São mais de dez modelos, todos criados e moldados a partir da cerâmica, que vi- ram moldes de silicone, onde o gesso, ainda líquido, é despejado. Já endurecidos, os barcos são levados a um forno, inventado pelo artesão para acelerar o processo de produção, e depois de lixados estão prontos para receber a tinta. As diversas combinações de cores dão às peças a cara das embarcações açorianas encontradas na areia da praia e materializam a cultura da pesca em cada mi- niatura. Prontos, os barquinhos são cuidadosamente embrulha- dos em plástico bolha para serem distribuídos nas lojas. Também pertinho da praia do Pântano do Sul, na associação de moradores do bairro, um grupo de 20 rendeiras se reúne to- das as tardes para fazer a Renda de Bilro. Há um ano o único ren- deiro do grupo, Edwaldo Pedro de Oliveira de 55 anos, reapren- deu a técnica, que praticava na adolescência, na oficina gratuita oferecida no Casarão das Rendeiras do Pântano do Sul, criado no ano passado. O som dos bilros batendo uns nos outros enche a pequena sala da associação, e aos poucos a renda aparece na almofada. Uma toalha pode demorar meses para ser feita, de- pendendo do tamanho e do desenho. A Renda de Bilro faz parte da cultura açoriana, trazida pelos portugueses no século XVIII. As peças do boi-de-mamão podem ser encontradas na Casa da Alfândega, no Centro, e na Casa Açoriana – Artes e Tramoias Ilho- as, em Santo Antônio de Lisboa. Os barcos de gesso estão espalha- dos em diversas lojas de artesanato pela Ilha. E a Renda de Bilro é vendida diretamente no Casarão das Rendeiras do Pântano do Sul.

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Trabalho realizado para diciplina de Fotojornalismo II do Curso de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina no primeiro semestre de 2012

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Hector Burghini dá forma e cor aos barquinhos de gesso

Os alfinetes delimitam o desenho da Renda de Bilro

As embarcações da praia em miniaturas feitas de gesso

Cerâmica do boi-de-mamão resgata costumes da ilha

Edwaldo é o único rendeiro no grupo do Pântano do Sul

Universidade Federal de Santa CatarinaCentro de Comunicação e Expressão

Curso de JornalismoDisciplina: Fotojornalismo II 2012.1

Reportagem e fotografia: Joice Andreia BalboaOrientação: Professor Ivan GiacomelliEduardo de Sousa transforma a argila em personagens típicos do folclore ilhéu: o boi, a bernunça e a maricota

Cultura em forma de arteO artesanato recria e transforma a história de Florianópolis sob várias formas, o trabalho manual é lento, mas cada peça é exclusiva

O boi de mamão é uma das tradições presentes na Ilha de Florianópolis, e é nela que Eduardo de Sousa, ar-tesão e professor de geografia, se inspira e molda na argila os personagens da dança folclórica em seu ateliê no Saco dos Limões. Depois de secar, os boizi-

nhos, bernunças e maricotas de barro ficam oito horas no forno para queimar e formar a cerâmica, mais 12 horas para esfriar e as peças já podem ser pintadas, trabalho feito pela esposa Ra-quel, que colore cada miniatura de forma única. Sousa trabalha com modelagem em cerâmica há 14 anos, quando fez um curso de Cerâmica Figurativa Folclórica oferecido pelo museu da Uni-versidade Federal de Santa Catarina. Com seu artesanato, Sousa tenta contar um pouco da história e dos costumes ilhéus.

A 160 metros da praia do Pântano do Sul, onde o vento sul se deixa notar, é que barquinhos de gesso são feitos artesanalmente. Essas miniaturas fazem parte da vida de Hector Burghini há 12 anos e é a principal fonte de renda do artesão. São mais de dez modelos, todos criados e moldados a partir da cerâmica, que vi-ram moldes de silicone, onde o gesso, ainda líquido, é despejado. Já endurecidos, os barcos são levados a um forno, inventado pelo artesão para acelerar o processo de produção, e depois de lixados

estão prontos para receber a tinta. As diversas combinações de cores dão às peças a cara das embarcações açorianas encontradas na areia da praia e materializam a cultura da pesca em cada mi-niatura. Prontos, os barquinhos são cuidadosamente embrulha-dos em plástico bolha para serem distribuídos nas lojas.

Também pertinho da praia do Pântano do Sul, na associação de moradores do bairro, um grupo de 20 rendeiras se reúne to-das as tardes para fazer a Renda de Bilro. Há um ano o único ren-deiro do grupo, Edwaldo Pedro de Oliveira de 55 anos, reapren-deu a técnica, que praticava na adolescência, na oficina gratuita oferecida no Casarão das Rendeiras do Pântano do Sul, criado no ano passado. O som dos bilros batendo uns nos outros enche a pequena sala da associação, e aos poucos a renda aparece na almofada. Uma toalha pode demorar meses para ser feita, de-pendendo do tamanho e do desenho. A Renda de Bilro faz parte da cultura açoriana, trazida pelos portugueses no século XVIII.

As peças do boi-de-mamão podem ser encontradas na Casa da Alfândega, no Centro, e na Casa Açoriana – Artes e Tramoias Ilho-as, em Santo Antônio de Lisboa. Os barcos de gesso estão espalha-dos em diversas lojas de artesanato pela Ilha. E a Renda de Bilro é vendida diretamente no Casarão das Rendeiras do Pântano do Sul.