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curitiba2018

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xcarla chain

xérica storer

xfilipe acácio

xjack holmer

xdennis radünz

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xvivaldo vieira neto capa

sumário

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xfernando ribeiro

xhelder rocha

xglaucia flügel

xmoysés pinto neto

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xcarl einstein helano ribeiro

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xcarla chaim

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|ricardo nolasco|

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xérica storer

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xfilipe acácio

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Manifesto Contra Gravidade

Equipe Técnica:Jéssica M. K Rheinheimer

Kamila Costa Monica Bastos Salles

Guilherme Pereira

Modelo:Isis Mackoviak

Programação e Assistência Técnica:Raphael Chrispim

Tradução:Cleverson Oliveira

Foto e Vídeo:Jaime Silveira

Apoio:2017 - The Center, Jackson Hole,

Wyoming, Estados unidos da América.- Soma Galeria, Brasil.

2016 - Teton Artlab residence program.Teton Artlab’s programs are supported in part by Old Bills Fun Run, Center of

Wonder,Cultural Council of Jackson Hole, Wyoming

Arts Council,Community Foundation of Jackson Hole,

Wyoming Cultural Trust Fund, andThe Charles Engelhard Foundation.

xjack holmer

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Parte I - Do Manifesto

“Desprezo tua força. Este descontrole que você traz a minha vida.Te quebro de leve e de tão leve ela voaTe desafio a me prender aquiAté meu corpo ir... vão meus olhos, minhas lentesMeu senso de altura congela no frio da tua distânciaLogo volto. Mas não o mesmo.”

O Manifesto Contra a Gravidade é uma instalação performática que interage com o observador para criar situações sensíveis (afetivas) subjugando a força da gravidade e emparelhando características da virtualidade digital com as propriedades matéricas do off-line. O objeto criado em ambiente virtual faz sua passagem para o mundo fenomenológico (do concreto) onde as leis da física modificam suas propriedades originárias, concebidas no virtual. Para anular a força da gravidade um empuxo contrário a direção da aceleração da gravidade na terra é fornecido por um balão com o gás hélio, elemento mais leve que o ar terreno. Sendo assim os 9,8 m/s² são anulados deixando o objeto flutuar e executar a leitura sensorial deste espaço.

A interatividade ativa uma aleatoriedade do movimento, entregando uma possibilidade única, ou um gesto raro em troca da aproximação, do direcionamento da atenção sensível ao objeto que também sente em seus sensores, embora ainda de forma precária, comparado aos sentidos humanos. Mas menosprezar os sentidos e interpretações precárias da máquina pode ser desprezar as primeiras etapas da evolução da vida na Terra. Os primeiros seres vivos pendem mais para uma ação/reação behaveriana do que uma cognição completa. Objetos como a o Módulo Philae, que pousou em um cometa em

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2015, e outros tantos outros que exploram o sistema solar, transmitem através dos seus sensores fenómenos de outros espaços, medidos a distâncias fora da escala humana, que constroem em suas vivências um universo imagético cada vez mais nítido para o habitat do sujeito pós-humano.

A Inteligência Artificial ainda balbucia sobre uma produção de sentido derivado das informações captadas por sensores eletrônicos. Estas informações sensoriais carecem de motivo de junção e cognição simbólica. Representar o corpo nas duas dimensões do desenho, desafiando o estático, imaginar acrobatas no momento que anulam a gravidade em sua trajetória antes de “cair”, ou considerar o virtual parte do fenomenológico, no “real” (que por vezes é usado como contrário de virtual), são pensamentos seminais para esta Obra, assim como os lugares do sensível e da experiência estética, como síntese, como Ser comum, todos diferentes tentando buscar afinidades para superar contrariedades.

Esta Inteligência simulada aqui é corporificada no sistema sensitivo da obra, que gera informações através dos seus sensores (de luz, de som e de presença), respondendo a interações do ambiente próximo a ela.

A obra tem como objeto de pesquisa o trânsito de objetos escultóricos entre a “realidade concreta” e o virtual e se constitui de esculturas interativas ( possuidores de inteligência artificial) que são suspensas no ar por balões de gás Hélio tencionando as propriedades escultóricas que são derivadas da existência da gravidade terrena. Entender a escultura contemporânea sem os efeitos da gravidade (esculturas virtuais ou esculturas espaciais) também é um dos objetivos do projeto.

A Obra “Manifesto Anti Gravidade” foi iniciada em janeiro de 2016 em projeto de Residência Artística realizada na Teton Art Lab, em Jackson Hole, Estados Unidos. Antes disso alguns testes de materiais

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foram feitos, desde 2014. Em 2017 a Obra ( conjunto de 7 esculturas eletro-digitais) foi exposta no The Center, também nos Estados Unidos e em Israel, no Festival Internacional de Performance ZAZ, em Tel Aviv e em Arad. Em 2018 a obra foi exposta na Bienal de Arte Digital, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. O projeto ainda segue buscando o aprimoramento do Corpo e Cognição do Ser Escultórico.

a) Antropomorfia da Leveza

Do comum espelho a imagem antropomórfica transita entre os espaços comuns da contemporaneidade. Sejam virtuais ou off-line, a representação troca sua forma de expressão e transporta possíveis interpretantes, tendo em seu centro a mais reconhecível imagem: o humano comum. Sua síntese descarta o peso dos detalhes singulares do corpo humano, chegando a 300 faces em sua composição. Este é o corpo trabalhado no “Manifesto”.

O Objeto em Low-poly ainda se livra de sua pele, e se apresenta em aramado, o mais leve possível. Seus nós, entre as arestas, são delicadamente costurados com fios de algodão, manualmente, como um ritual de passagem entre o virtual/digital e o matérico/concreto. O modelo humano escaneado impressiona o espaço virtual, que o reformula, o sintetiza através da busca de formas comuns, porém mantendo o potencial interpretante o mais aberto possível. A identificação com o observador não esta só na “antropo-forma” mas nos movimentos miméticos que o objeto pode produzir. O movimento do corpo e a leitura do espaço pela escultura gera um campo de identificação e afetividade, de troca de expressões comuns com este Ser que luta contra a gravidade. Como um totem de interação, o balão é observado sempre de baixo, como um corpo celeste, que exerce

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gravidade em um sistema, como a nossa Lua, neste caso, combatendo a gravidade com sua força de empuxo.

Seja como Máquinas celibatárias ou os acrobatas de Klee, a forma tridimensional busca a síntese otimizada da matemática de sua forma, como se no bidimensional do desenho estivesse ou na virtualidade de um Game digital.

Parte II - Do Nascimento do Ser de Luz

Todo ato de nascer requer uma grande quantidade de energia e precisão. Seja a matéria e o trabalho para o corpo ou na atenção e na técnica que se tornará significado simbólico.

O trabalho potencial do humano se virtualizam em ideias, que ainda não são energético/materiais mas consomem energia e tempo de quem a concebe. O Potencial passa a Virtual e busca estratégias para atualizar o mundo, verbalizando sua idéia, tornando-a real. Energia e Tempo do criador, que quando associado ao outras mentes e corpos humanos ganha mais potência, virtualizando projetos mais complexos, que exigem mais tempo e energia em uma corrente evolutiva colada em uma fita de moebius, sempre em movimento.

A Gravidade é uma das forças que nos leva a tendência de nos manter inertes. Ir contra a gravidade é produzir movimento que é compartilhado através do “ Manifesto”.

Estas esculturas, estes Seres de Luz tem uma preseça, um encarar sem olhos onde podemos sentir a energia empregada em sua criação. Assim como encaramos grandes montanhas e penhascos impressionados com as forças naturais que foi necessário para sua formação, seu deslocamento de uma condição inerte.

O nascimento dos Seres de Luz seguem a mesma lógica. Foram necessários grandes pacotes de tempo e energia na sua conversão do

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potencial para o Virtual. Nesta passagem o conhecimento cruzado do Artista, alimentado por situações onde se encontrava ou por leituras acadêmicas, cria nós de ideias potenciais. Para atualizar o mundo destes cruzamentos de conhecimentos ele se associa com a potência do Outro para prosseguir para realização.

No momento que a modelo humana se concentra na pose a ser escaneada tridimensionalmente uma presença e uma “energia da forma” são transferidas em dados para o computador. Esta forma virtual ganha Trabalho do Artista acumulando mais conhecimento, presença e energia.

Seu primeiro nascimento de volta a matéria se dá através da impressão da forma planificada do Modelo Virtual, como executada por um Cubismo Ideal. Nesta etapa começa a transferência de Trabalho para formação do Corpo do Ser de Luz. Atenção e Técnica dão forma ao modelo virtual em volume na matéria. Os vértices da forma, constituídos dos canudos plásticos, se unem em nós costurados que em seu conjunto incorporam a presença acumulada em seu processo de criação. Para animar este corpo uma mente virtual é criada, um programa que consegue notar a presença do Outro e demonstra isso com movimentos sutis.

Temos esta presença de objetos no nosso cotidiano. Entidades Virtuais nos cercam com sua presença cotidiana, seja na opressão de barulho dos motores da cidade ou através de um emoticons recebido em uma mensagem virtual. Ambos produzidos pelo Homem com energia e tempo. Não é a toa que os esforços tecnológicos contemporâneos se concentram em novas fontes de energia e formas de otimização do nosso tempo.Em um caminho natural a Parte III deste Manifesto sigo para focar minha Energia e Tempo na virtualização da mente deste Ser de Luz que agora tem um corpo que pode intermediar sua inteligência com o mundo material. Entre a Minúcia do código e o cruzamento de conhecimentos um outro nascimento há de ocorrer.

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xdennis radünz

SENTIDO PROIBIDO

andávamos no marrom-savana

tocados pela constelação vazia da velocidade:

tomamos corpo a partir do eixo:

trocamos o pulmão defunto debaixo do azul-

báltico (ou era um verde-iguaçu

ou era amarelo-colonial ou era o verde-pampa

carroceria cor de ouro-vila rica):

íamos dínamos, iríamos correias, velocímetros

vazados dentro do azul-noturno

[ LUZ BAIXA AO CRUZAR VEÍCULOS ]

ouvíamos da carcaça as margens

ácidas, na marcha lenta contra o quebra-vento

nascendo crua sobre o pára-brisa

(os abandonados de uma a outra das lanternas)

e nos seguíamos nos retrovisores,

amarrados pelos freios até a condição traseira:

com a potência do menor cavalo

(como o nível de um óleo que caísse no cárter),

tocávamos, com mãos humanas,

uma chave de fenda nos dedos do porta-luvas

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RTYUIOP[ASDFG

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PROVISÃO

de quando conservamos os alimentos prontos

(os haveres vencidos

dia a dia, na despensa,

sem aviso, indevidos

no viveiro do inviável:

despedidos pelo azo

como víveres danados

sem prévio comércio

e sem motivo: pré-sais

endividados pelo ínvio

de moedas invisíveis

devolvidas como presa

destruída pelo prazo)

o produto de promessa

que se come acabado

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NM,./

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PREVISÃO

de quando os ancestrais nos apareciam

os olhos dos parentes

estavam preservados

nos filmes super-oito

ou nos 16 milímetros

(conservassem sua voz

entre poros de películas

e exibissem suas peles

de super-heróis antigos)

entre os diapositivos

dos aniversários findos

definhados contra luz

de um dia cedo extinto

nenhum desses arquivos

invisíveis ficou vivo

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(REFUGADOS)

(x) (y)

minhas nervuras assinadas essas mãos são mantimentospor uma voz perdida viva na pele extrema dos coletesnão são destinos no relento enquanto cruzam todo o bote de uma saída à vida ilesa contendo mortes pela proa

esses sinais (esses acenos) minhas salivas de mulhernão são oásis de nascença pediam os soros e vacinasnem a certeza nas narinas enquanto iam – uterinas –a norte a sul a leste a oeste roer o sal de sob as unhas

andei à sós (urgentemente) enquanto busco o ar inflávelcomo se, lá, me socorressem no salva-vidas que foi falhoesse fanal de cruz vermelha procuro o nome dos filhotesessa saúde de água insípida nos fundos falsos do ocidente

`1234567890Q

WERTYUIOP[ASDFGHJKL;

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MORADIAde quando nos abrigamos na carroceria do carro

de primeira necessidadecomo o carro carcomido

primeiro, desabastecidoe, por último, reversível

e vertebrável – cavidadeencanecida em ventania

e despedida das cidades(nicho de bicho hibernal) mas povoável

ENCARGOde quando nos ocupamos de contar as noites

de primeira necessidadecomo o talho que indica

onde escreves a quantia das neblinas na neblina: o sustento de uma névoaque o impele para lhufas

sabe as asas para a brisa que levita em casca leve como lúnulasNM,./

DFGHJKL

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DECLARAÇÃO

de quando não somos chamados pelos nomes próprios

era carne (cedo padecia

a normativa sem motivo

as substâncias coralinas

e as solidões cesarianas)

era ferro: carvão ou vidro

ou adesivo: bambu: adobe:

água do mar: o ar nocivo:

argila seca: cortiça: vídeos

entre rebentos carecidos

de circular os organismos

a carnadura sem socorro

o ser carnoso e carnívoro:

murmuramos – nome a nome –

a coleção dos seres vivos

CVB

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xfernando ribeiro

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xhelder rocha

Um esforço entediante

As sociedades

contemporâneas se

apresentam assim

como corpos inertes

atravessados por

gigantescos processos de

dessubjetivação que não

correspondem a nenhuma

subjetivação real.

O que é um dispositivo,

Giorgio Agambem

Na maioria das vezes a gente complica a vida

demais. O que dá mais medo? O desconhecido que se

aproxima de você durante a noite numa rua escura? Ou

a iluminação que aponta para o caminho do cemitério? É

difícil saber quando você vive sob uma pressão constante.

Quando se anda sem tempo de se ter tempo. As coisas vêm

e nos cobram uma decisão. Mas, nem sequer paramos e

pensamos para avaliar se precisamos mesmo de tais coisas

e por que temos que decidir algo.

Eduardo M. estava exausto após intermináveis

horas na frente do que havia escrito para ser parte de sua

tese sobre a melancolia na contemporaneidade. Achava

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tudo que havia pesquisado, lido e escrito durante dois anos

e meio um tremendo saco de lixo. Inútil levantar e arquivar

aquilo que não se pode sanar, inclusive em si próprio. Foi

o que pensou dentre goladas lentas em um café amargo e

morno que passara no início da tarde. Precisava sair, dar

uma volta no quarteirão, ventilar as ideias. Foi o que fez.

E enquanto caminhava por ruas próximas, não parava de

contestar o movimento das vidas observadas com a sua

angústia mais profunda e constante.

Um dia desses ouvi de relance um pai dizer para

seu filho, que aparentava ter mais ou menos uns 9 anos

e vestia uma farda escolar: faça tudo direitinho como

a professora mandar e preste atenção em tudo, tá me

ouvindo? A criança apenas balançava o rosto na vertical e

equilibrava um par de óculos redondos e de lentes grossas

sobre o curto nariz.

Na televisão, o jornal do meio dia anunciava as

vagas de estágio da terça-feira. Havia desde o clássico

Operador de telemarketing ao estudante de Pedagogia que

estivesse cursando a partir do 3º semestre. Provavelmente,

a última vaga anunciada partia de uma escola de ensino

infantil que via naquela oportunidade de emprego uma

chance de economizar com a folha de pagamento, uma vez

que meio pedagogo vale meio salário docente.

Dificilmente, se pensa na morte quando ela parece

se situar no lado oposto do mapa mundi da vida. Mas,

quando se sabe qual é o lado oposto? Como saber se a

vida de todos pode ser descrita como um mapa? Haja visto

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que para muitos o tal mapa termina no quintal de sua casa

ou, no máximo, na outra esquina de seu bairro. Ou, ainda,

em lugar nenhum, se se tratar de um andarilho.

Pelas calçadas do centro da grande cidade,

velhos, mulheres de meia idade (quando é o meio?), jovens

bêbados e drogados, e transeuntes diversos, espantam o

frio com roupas rasgadas e cobertores doados por grupos

de igreja que vieram mais cedo e trouxeram, além do

agasalho, o conforto verbal que vendem como mercadoria

divina. Acreditam uns que são os vendedores e corretores

legítimos do altíssimo e utilizam as suas artimanhas

marqueteiras para angariar fundos e frontes para a sua

congregação. Afinal de contas, uma alma que passa frio

hoje na rua pode muito bem se tornar o irmão trabalhador

e dizimista de amanhã.

É uma correria sem fim para lugar nenhum. Não

se tem como saber de que ponto exato partimos e muito

menos para que ponto final estamos indo. O único estímulo

a que não se pode escapar é a virada obrigatória do

calendário que trará luz diuturna para a vida. Uma espécie

de despertador natural. O problema é que, muitas vezes,

a nossa vida, mesmo acordada, continua num pesadelo

profundo.

Não sei por que ainda encontro pessoas alegres

e bem-dispostas malhando, suando a camisa e as roupas

de baixo, correndo em círculos, buscando formas perfeitas

e de acordo com a vitrine da moda. Uma forma bem

estranha de gastar aquilo que já se está a gastar a cada

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minuto. Uma maneira de se preparar para aquilo que já

não se terá mais, que é o tempo. Ficar bonito e bem-

dotado para um devir que apenas se sabe que existe na

aula de filosofia. Se é que ainda existe aula de filosofia.

Já os cidadãos assistem a democracia pela

televisão, sua nova ágora. Estudantes vão à biblioteca

para teclarem em seus computadores e lerem em pdf’s,

enquanto os livros mofam nas prateleiras. Famintos

demoram para digerirem o fast food de cada dia. Já as

matas são extintas para encurtarem a distância entre as

cidades. Afinal, não se precisa mais de madeira, pois os

textos são virtuais e as lareiras são ligadas na tomada.

Mas, Eduardo M. sabia, bem em seu íntimo, que

havia espaço para reflexões. Era preciso mais do que

categorizar as inutilidades do pensamento contemporâneo.

O que intentava fazer com a sua desnecessária tese

era percorrer um longo caminho improvável entre a

percepção aguda dos problemas atuais e a ponta da

lança de possíveis soluções. Mas, ele não era psicólogo,

nem psiquiatra. Para que então pensar e depois guardar

isso tudo na plataforma pública do seu programa de pós-

graduação? Que sentido haveria em buscar compreender

um tempo e um ser que já seriam diferentes quando

terminasse seu trabalho?

Para todos os lados que olho percebo uma

necessidade de comunicação absurda. Gritos coloridos

da periferia mancham muros na cidade. Prefeitos agora

querem calar essas vozes com cores de dia de semana.

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Mas, essa angústia abafada por decreto nem de longe

cala sequer a película da alma.

O tempo demonstra que toda ânsia para se obter

a condição adequada não é mais do que uma desculpa

tola para não se viver o/no agora. Livros com tecnologias

inovadoras são lançados para conservar espécies

arbóreas. Pelo menos, é como informam os noticiários. No

celular, acabo de receber uma mensagem contendo uma

corrente de oração para melhorar o futuro. Quem enviou

a mensagem foi um rapaz transtornado e solitário que

conheci há tempos por aí.

Passando um pouco mais a frente daqueles

camaradas que vendem o desnecessário para se manterem

sem fome, Eduardo M. percebe que as mercadorias mais

fabricadas por aqueles que ainda trabalham com a mão

são vários tipos de filtros de ar. Feitos de madeira, com

pequenos penachos e linhas na horizontal, os objetos

acabam recebendo atenção de desinteressados que

passam o dia a poluir, seja fumando, arrancando com seus

carros pelas ruas da cidade ou queimando documentos

vencidos.

Mesmo pensando na possibilidade improvável de

pessoas se interessarem por questões inúteis e não urgentes

no cotidiano do business pelas suas pesquisas e por seu

objeto de estudos, sabe que não há nada que substitua este

seu ofício na atual fase da vida. Ao cogitar exercer diversas

funções distintas na sociedade que não se aproximem do

que costuma fazer, constata a sua inquestionável ineficiência

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antes mesmo de arriscar qualquer uma das oportunidades

que poderiam surgir. Está numa encruzilhada. Sabe disso.

Isso o angustia. Afeta-lhe a vida como um todo.

Após mais alguns instantes, quando se dá conta de

que contornara cinco quarteirões e que se aproximava de

sua casa, outra constatação lhe vem à mente. Está exausto.

Não aguenta mais correr contra a maré. Tem a consciência

de que tempo demais fora perdido. Energia canalizada

para muitas ações inférteis. Mas, o problema não é somente

saber do passado que escorreu. É saber do agora. Do

agora sem possibilidade de futuro. Da prisão do tempo e

do espaço que é saber das inutilidades que pratica num

mundo cada vez mais repleto de coisas e pessoas úteis. O

que fazer?

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xglaucia flügel

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Sangue e Cromo: uma nota sobre o orgânico e o pós-orgânico

1. 1 (“Number One”), um cylon também conhecido como John Cavil,

vira-se para Ellen – sua criadora também cylon recentemente

ressuscitada a partir de um upload da “mente” para um novo corpo

– e pergunta:

JOHN: Alguma vez viu uma estrela virar

supernova?

ELLEN: Não. Não...

JOHN: Bem, eu vi. Eu vi uma estrela explodir e

espalhar os seus pedaços pelo universo. Virando

outras estrelas, outros planetas, e algum dia,

outras vidas. Uma supernova. A criação em

si. Eu estava lá. Eu queria ver, fazer parte

daquele momento. E você sabe como eu vi um

dos momentos mais gloriosos do universo? Com

estas ridículas bolas gelatinosas dentro do meu

crânio. Com olhos desenhados para assimilar

apenas uma fração do espectro. Com ouvidos

que apenas percebem vibrações no ar.

ELLEN: Nós 5 desenhamos vocês tão humanos

quanto possível.

xmoysés pinto neto

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JOHN: Eu não quero ser humano! Eu quero

poder ver raios gama. Quero poder ouvir raios

x. E eu quero... poder sentir o cheiro da matéria

escura. Você percebe como eu sou absurdo?

Eu nem consigo expressar as coisas de forma

apropriada pois eu tenho que conceituar idéias

complexas nesta estúpida linguagem falada.

Mas eu sei que quero alcançar algo que não

use estas patas preenseis e sentir o vento solar

de uma supernova fluindo sobre mim. Eu sou

uma máquina e eu poderia saber tanto mais.

Eu poderia experimentar tanto mais. Mas estou

preso neste corpo absurdo.

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Em Battlestar Gallactica, os cylons são máquinas com inteligência

artificial que se revoltaram contra os mestres humanos, iniciando uma

rebelião que leva à destruição das 13 colônias e a série ambienta-se

na perseguição aos sobreviventes. A adoção de um corpo orgânico,

formando réplicas exatas, foi decisiva para a vitória mediante infiltração

(e consequente desativação dos escudos) entre as sociedades humanas.

Durante o processo, no entanto, uma fissura interna divide os cylons fieis

aos ideais humanos com que foram construídos – monoteísmo, fideísmo,

crença na força milagrosa do amor – e aqueles que assumem a tarefa

de destruir, como ato de justiça, a humanidade que os escravizara em

primeiro plano. Nesse processo, John acaba tornando-se o protagonista

do segundo grupo, desvencilhando-se – ao contrário da maioria dos

demais 12 (doze) modelos – de qualquer pretensão de confundir-se

com os humanos. Em vez disso, preferia experenciar a realidade em

outras valências, mediante outros instrumentos e técnicas. Durante vários

diálogos, Ellen – a cylon que cria a segunda série de máquinas (os

modelos 1 a 8) – sinala a insatisfação de John com a aleatoriedade da

deriva evolutiva da matéria orgânica, preferindo em vez disso algum

modelo de harmonia matemática que chegasse à perfeição.

2. As palavras poderiam ter saído da boca de John Cavil ou do

neurocientista Miguel Nicolelis, para quem seus experimentos “oferecem

apenas uma pequena amostra do que será viver num mundo muito

além das fronteiras do nosso eu, um mundo onde o cérebro humano

se libertará, enfim, de sua sentença de prisão de milhões de anos,

cumprida, desde tempos imemoriais, numa cela orgânica constritiva e

limitada, vulgarmente conhecida como corpo”.

Apesar do seu sarcasmo em relação aos deuses de Kobol, John

Cavil não parece tão distante quanto imagina das promessas teológicas

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baseadas na eternidade da vida gloriosa. Sua versão da mesma

história, na realidade, corresponde a uma espécie de projeto secular que

meramente transpõe essas promessas para o âmbito da tecnociência,

fazendo da engenharia uma substituta do milagre teológico ou da

onipotência divina.

3. É comum o aparecimento, sobretudo no campo da filosofia e

das ciências humanas em geral, do argumento de que o reconhecimento

da possibilidade da inteligência artificial, por exemplo, desconheceria

a diferença qualitativa entre cérebro e mente ou entre o biológico e

o simbólico. A defesa do “espíritorio idealismo. mo, restitui-se o mais

precacer uma zona intanga possibilidade da inteligda vez mais

sofiscatidas. Assim, upo, as” aparece como missão das humanidades contra

a invasão tecnocientífica baseada no reducionismo e no determinismo.

A pretexto de crítica ao reducionismo, restitui-se um precário idealismo.

Outro argumento é o de que existiria um “núcleo humano” que

deveria ser preservado das interferências cibernéticas e biotecnológicas,

tornando-o intangível por razões bioéticas. Ora, se certamente a bioética

tem um papel relevante a desempenhar no contexto contemporâneo,

não é preservando a velha hierarquia antropocêntrica que sustenta a

dominação do ecossistema.

4. O problema não é, portanto, as máquinas, a virtualização, a

digitalização e muito menos a tecnologia.

Não se trata de uma incompatibilidade ontológica entre o

orgânico e o inorgânico, caindo em alguma espécie de vitalismo da

irredutibilidade. Trata-se, a rigor, de uma posição contingente que

coloca a matéria orgânica à frente – e não atrás – da inorgânica.

Não há nenhum escudo ontológico que proteja o corpo atual de ser

aperfeiçoado ou até superado por formas sintéticas. No momento,

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porém, a matéria orgânica mostra-se mais plástica e complexa,

empreendendo variações e efeitos sinergéticos que superam o modo

analítico e abstrato que costuma acompanhar a forma inorgânica.

Nesse sentido, as afirmações de John Cavil, embora não

totalmente falsas, colocam-se sobre uma certa hierarquia implícita

de valores que estabelece a fragilidade como um problema. Ora, o

próprio cérebro humano, suporte que foi condição de possibilidade

para a emergência do pensamento complexo com o qual a IA pretende

superar o humano, é extremamente frágil e na mesma medida plástico

e complexo. Suas conexões podem ser atingidas de modo drástico,

como em acidentes neurológicos, provocando uma completa destruição

da identidade da pessoa. Trata-se, por isso, de uma afirmação do

princípio da soberania, típico de uma certa racionalidade, como eixo de

julgamento para avaliar qual forma é mais inteligente. A complexidade

não caminha necessariamente ao lado do poder, forjando-se, ao

contrário, em arranjos frágeis e contingentes.

Por isso, a perfeição abstrata é sempre um projeto de extermínio

de outras perspectivas. O que se elimina não é apenas um suporte

frágil, mas a complexidade em si, estruturando a realidade como

um monolito unidimensional formado a partir da abstração. Os seres

dados como inferiores (animais e plantas) são simplesmente reduzidos a

“irracionais”, como se não carregassem consigo uma variedade imensa

de diversidade biológica – que por sua vez se reflete na demanda

por ciências formais que rastreiem essas variações – e não fossem,

eles mesmos, produtores de outras perspectivas com o ambiente. A

consumação desse projeto é a consolidação de uma certa supremacia

que tem como objetivo a colonização integral do universo, isto é, a

submissão de todas as perspectivas a uma única e mesma lógica.

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. . .

No filme existenZ, os personagens jogam um videogame que

não conduzem a uma abstração em um mundo puramente virtual no

qual os corpos desaparecem. Apesar de o filme jogar com as múltiplas

dimensões que são possíveis de ser criadas em camadas espectrais,

fazendo do jogo sempre a porta para um novo jogo e quase tornando

intangível a realidade física, o “aparelho” é, na verdade, um animal que

se acopla ao corpo do jogador. No próprio Battlestar Gallactica, aliás,

descobre-se que os caças usados pelos cylons são também como que

animais e por isso muito superiores aos dos humanos. É esse o sentido

em que o orgânico não é meramente ultrapassável pelo desejo gnóstico:

na realidade, a vida ainda se mostra a tecnologia mais avançada de

todas e o orgânico, na sua nervura sensível e frágil, o mais plástico e

complexo.

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xgabi bresola

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xhelano ribeiro

C a r l E i n s t e i n : P a r á f r a s e

I

Paráfrase é: alguém vê um peixe exposto numa loja, levanta acerca

dele uma reflexão biológica, compra-o para a família. Este homem

sublima sua refeição em nome de um exercício teórico, se bem que tal

tarefa mal poderá influenciar no sabor ou na digestão.

Ou: um diz que “a alma crepuscular da senhorita Ludmilla Meierson é

abaixada como uma bandeira a meio mastro na farfalhante ferrugem

avermelhada do outono ensanguentado”, embora ele queira relatar

uma façanha boa ou má desta dama.

Ou: primeiro canta-se inibidamente para só depois com a subida

arborizada da voz flamejante de um tenor “os lindos cabelos negros de

Sabine são como a luz azulada da crista da onda de Adria”, contanto

que estes fossem de coloração escura, ou em vez da ensolarada tarde

de verão houvesse o silenciar oneroso da noite arqueada.

Mais adiante o já cansado parafraseador com a desvirtude apresenta

algo para se diminuir ou elevar, em que ele sempre deixa algo em falta,

da qual ele pode prescindir: por exemplo, senhor von Gwinn ficara

insensível para com a secreta sensação da muralha dos aposentos,

quando ele mesmo cuidava das chances do empréstimo turco.

tradução

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Resumindo, a paráfrase reprime uma clara noção do objeto, é sem

fronteiras e reivindica todas as coisas de alegoria subvertida. A

paráfrase não tem fim, pois aquele que se prontifica a escrever

desencontra alguém deixando certeza precisa e lastimosa. Também

pode referir-se a uma jovem, ao amanhecer ou a um tenor entrevistado,

na falta de um vocabulário preciso. Assim nos abismamos quando o

parafraseador conclui, sobretudo porque ele nunca terá terminado sua

tarefa: com certeza, ele retorna sempre ao antigo, para continuar suas

frases. O parafraseador repete em tempo indevido, principalmente

quando ele puxa pelos cabelos imaginários de sua visão. Só assim ele

encontra uma rara e deliciosa parábola.

II

Paráfrase é: algo seguro para se desfilosofar e para usar como pretexto

em caso de ocorrência. Tomasse o homem um objeto filosófico e falasse

criticamente sobre ele, concluir-se-ia que ele cairia em pensamentos

desesperadamente ou que sequer é um filósofo. Parece original refletir

sobre os critérios sociológicos e metafísicos de uma constipação.

Sobretudo porque tais pensamentos podem surpreender. Assim quando

se fala sobre um Camembert maduro “cujo interior substancial de sua

inerte insularidade e do ser em si mistura-se à atmosférica dissociação

da engrenagem dinâmica do comportamento dualístico com ar puro e

atmosfera de queijo”

Em contrapartida encontramos o caso do filósofo lírico que profere: “o

conceito causal de uma gaivota que corta a calmaria do céu noturno e

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III

Por outro lado apontamos para essa infâmia que é diluir as coisas em

um mistério. A língua é composta de palavras pouco concretas assim

como este cético “misticismo”. É preferível este certo conforto lá e cá e

segredar misticamente com os já enterrados olhos no vazio. Sobretudo

é muito fácil quando trazemos à tona os fatos e tentamos descobri-los

com um místico nada. É necessário tato, precisão e balanço para contar.

Assim como um homem que paira sob um lampião de gás sem alterar

seu significado, que teoricamente serviria para a iluminação pública,

mas que não ilumina o homem já que ele é somente um jogo vaidoso de

luz e escuridão, para assim versejar, dado que ambos são com certeza

lamparina e caseiro. Claro que não é um atestado de clareza e sentido

ofuscar caseiros graças ao poder de iluminação da lamparina e com isso

usá-la para escurecer. Não, isso é mal e deixa contribuintes insatisfeitos.

Além disso, tudo vira comparação e a tertium comparationis só é uma

técnica de confundir. Eu aposto como o caseiro não seria colocado

debaixo da lamparina, se ao poeta ocorresse qualquer descrição, por

exemplo, qualquer “cristal sob a luz polar incandescente” o “nível da

água de verão incandescido pelo corpo invisível do peixe que nada” ou

senil do platonismo e grita por carne e pão nesta frieza montanhosa”.

Por Deus, essa gente não consegue convencer e deixa tudo mais confuso

ainda. Realizamos, pois, durante o almoço os atos de Bellachini ou os

passos de Pawlowa?

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“as delicadas mãos marcadas pela aliança de mulheres pálidas”. Isso

tudo não parece necessário, pelo contrário arbitrário. Tão desnecessário

quanto a morte do caseiro. Nunca se pode saber se o caseiro mantém

o longo discurso porque vai morrer ou ele morre pra falar e porque

mais um pouco a peça se tornaria enfadonha. Quem sabe o que ele

preferiria no lugar de morrer? Talvez dissesse “Ah, foi brincadeira, meus

amores, alegria” Então poder-se-ia despertar inocentes espectadores

por mais de três horas através da piada. Por que o homem deve ser

levado?

Finalmente para que a arte produza seu efeito (além do óbvio), ela

tem que ter compromisso. O parafrisador impõe indiferentes descrenças

através de imagens e se prevalece do cansaço do leitor como argumento.

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capa

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xvivaldo vieira neto é formado em escul-tura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Com interesse no estudo das lingua-gens, nas suas inter-relações e hibridismos. Sua pesquisa atual “O corpo mediado por coisas e outras meios” busca investigar o lugar da performance e nas suas relações com o meio e espaço através de fotogra-fias, instalações, vídeos e ações performa-tivas.xcarla chaim (1983) Vive e trabalha em São Paulo. Graduada em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP (2004), onde também fez pós--graduação em História da Arte (2007). Participou de diversas residências artísticas e exposições coletivas. Em 2016, foi nomea-da para o Future Generation Art Prize, onde em 2017 apresentou instalações e fotogra-fias no Pinchuk Art Centre, Kiev, Ucrânia e no Palazzo Contarini Polignac, Veneza, Itália, em um evento colateral à Bienal de Veneza. Sua obra faz parte de coleções como Ella Fontanals-Cisneros, Miami, USA; Museu de Arte do Rio – MAR, RJ, Brasil; e Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, Brasília, Brasil.xérica storer nascida em Curitiba, é for-mada em Artes Visuais da Universidade Federal do Paraná. Em 2016, foi contempla-da pela bolsa erasmus + (Brasil – Croácia). Foi participante dos Venice International Performance Art Week /Fringe 2016, da programação de performance da SP-ARTE / 2017, da Bienal Internacional de Curitiba dentro da Programação de Performances e do CUBIC. Recentemente participou da Amostra Urbana em Curitiba, da paRTE e também da exposição coletiva Em Caso de Soluço, no SESC Paço da Liberdade. Como trabalhos em grupo, é integrante do cole-tivo Brutas.xfilipe acácio (1985) é cearense. Mestre no Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade Federal do Ceará. Desde de 2012, atua como diretor de fotografia em longas e curtas metragem. Em 2015, participou da residência Fotografia con-

temporânea: Criação e estudos avançados. Integrou exposições como o 67º e 66º Salão de Abril (CE), Mostra Triangulações (CE, BA, GO), Estou cá: Sempre algo entre nós (SP) e Mostra Bienal CAIXA de Novos Artistas 2015/2016 (PR, SP, DF, CE, PE, BA, RJ) e o 7° Festival de Fotografia de Tiradentes (MG). Em 2016, recebeu o Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia 2016 - SECULT - CE. Em 2017, foi pesquisador no Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema (CE) e apresentou a pesquisa Zona de Remanso em exposição individual na Galeria Zipper (SP).xjack holmer desenvolve sua pesquisa e obra sobre Poéticas tecnológicas afetivas, que acontece tanto na estratosfera, como em montanhas físicas, em mundos virtuais, e pode manifestar-se fenomenologicamen-te por meio de seres de inteligência arti-ficial, em espaços digitais ou em robôs de concreto. Os objetos dessa afeição poética habitam esses lugares, sendo humanos ou não-humanos, mas com presença suficiente para o que chamamos de vida. Holmer possui graduação em Licenciatura em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (2004). É Mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (2008). Atualmente é Professor de Poéticas Tecnológicas na Unespar/Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Pesquisa Vida Artificial e Robótica através da Semiótica, suas interfaces de interação e a gamefi-cação da contemporaneidade, produzindo Robôs Interativos, Seres Virtuais Autônomos, GameArt, Documentários fílmicos e códigos computacionais.xdennis radünz nasceu em Blumenau (SC) e vive na Ilha de Santa Catarina. Publicou os livros de poemas Exeus (1996, 2ª. ed. 1998), Livro de Mercúrio (2001), Extraviário (2006) e Ossama: último livro (2016, 2ª. ed. 2018) e o livro de crônicas Cidades ma-rinhas: solidões moradas (2009). Editor de livros de literatura e de arte, é mestrando em literatura na Universidade Federal de

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Santa Catarina / UFSC. xfernando ribeiro (Curitiba, 1979). Artista da performance e curador, vive e trabalha em Curitiba, Brasil. Bacharel em Artes Visuais pela Universidade Tuiuti do Paraná (2002) e especialista em Estética e Filosofia da Arte pela Universidade Federal do Paraná (2010). Participou de diversos eventos, festivais e exposições, entre os quais: Defibrillator Performance Art Gallery – Chicago, 2012; Mobius Inc – Boston, 2012; Grace Exhibition Space – Nova York, 2012; 4to Encuentro de Acción en Vivo y Diferido – Bogotá, 2012; Performance Corpo Política, Brasília, 2013; Miami Performance International Festival, Miami, 2013; Corpo Ausente – Circuito Bode Arte – Natal, 2013; Mostra Performatus #1 – São Paulo, 2014; Independência: Quem troca? – Curitiba, 2014; Linguada Mostra de Artes – Curitiba, 2014; II Mostra de Arte Performática do Sesc Paço da Liberdade, 2014; Performance no Memorial, Memorial Minas Gerais Vale – Belo Horizonte, 2014. É curador e organizador da p.ARTE – Mostra de Performance Art.xhelder s. rocha. Paulistano, mas radica-do em Vitória da Conquista-BA, atualmente cursa doutorado em Estudos Literários, pela UFPR. Além de artigos e ensaios publica-dos em periódicos e capítulos de livros, também publica algo no site Recanto das Letras e no blog Titereiro Títere. É coautor de Outros riscos (antologia de poemas - Prêmio Damário Dacruz de Poesia), publi-cado pela Quarteto Editora, em 2013; e autor de Hiatos fugazes (contos), publicado pela Editora Multifoco, em 2017. Publicou contos pelas Revistas Subversa e Avessa,e pelo periódico O corpo é discurso.xglaucia flügel artista visual curitiba-na, é graduada e pós-graduada, pela EMBAP. Atua principalmente nas áreas de cerâmica e gravura. Realizou exposi-ções individuais e participou de diversas coletivas, tendo sido premiada em três ocasiões. Em 2008 foi contemplada com

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a Bolsa Produção para Artes Visuais da Fundação Cultural de Curitiba. xmoysés pinto neto é doutor em Filosofia pela PUCRS, onde escreveu sobre o pen-samento do filósofo Jacques Derrida, e Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Luterana do Brasil. É também escritor, blogueiro, editor e pesquisador, investigando atualmente o tema da política especulativa.xgabi bresola nasceu em 1992, Joaçaba, e desde que ouve, vê e fala se interessa por imagens. Hoje em dia, mais por ima-gens impressas e audiovisuais. Por isso, gas-ta seu tempo pesquisando essas coisas como editora na miríade edições, produtora na ombu produção e colaboradora da plata-forma par(ent)esis.xcarl einstein (1885-1940). Teórico e escritor, integrou duas grandes revistas no debate sobre a modernidade, a Documents, que tem como um dos principais represen-tantes Georges Bataille; e a Transitions, na qual surge James Joyce e seu hermé-tico Finnegans Wake. Em 1912, publica a narrativa Bebuquin e, três anos depois, em 1915, Einstein se revela pelo estudo sobre a escultura negra, Negerplastik (publicado no Brasil pela EDUFSC, em 2010).xhelano ribeiro trabalhou de 2006 a 2008 como Leitor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira na Universidade de Colônia (Alemanha). Desenvolve trabalhos de literatura [discursos totalitários] e teoria crítica dentro das temáticas literatura e éti-ca, biopolítica, otobiografias, otoficções e Walter Benjamin. Trabalha como Professor Adjunto de Língua Alemã na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde também atua no Programa de Pós-Graduação em Letras, na área de Literatura Comparada. É editor-chefe da Revista Caderno de Letras. Traduziu História da Literatura e Ciência da Literatura de Walter Benjamin.

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cangururevista de literatura e arte

no. 4 janeiro/fevereiro/março - 2018

editora medusaISSN - 2526-494X

encarte capavivaldo vieira neto

editoreseliana borgesricardo corona

designer gráficoeliana borges

designer gráfico assistentecauê corona

revisãovanessa c. rodrigues

conselho editorialalexandre nodari | debora santiago | maria alzira brum | juliana crispe

| júnior pimenta | henrique saidel | laura erber | reuben da rocha |

distribuição nacional em livrarias Editora Iluminuras Ltda | www.iluminuras.com.br

Medusa Editora e Produtora Ltda www.editoramedusa.com.br | facebook.com/EditoraMedusa

Caixa postal 5013 - CEP 80061-981Curitiba - PR - Brasil

incentivo

Projeto aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura | PROFICE da Secretaria de Estado da Cultura | Governo do Estado do Paraná.

apoio

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