Curriculo
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CURRÍCULODr. João Alberto da Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDEINSTITUTO DE EDUCAÇÃO
O que é currículo?
O que traz um currículo?
TEORIAS CURRICULARESTEORIAS TRADICIONAIS
São teorias “consideradas” neutras, científicas,
desinteressadas. Preocupam-se com questões de organização, de
como ensinar (o quê ensinar, nesta teoria é o óbvio, não se
questiona o conhecimento selecionado), qual é a melhor forma
de transmitir um conhecimento (inquestionável de que deva ser
transmitido).
Conceitos: ensino, aprendizagem, avaliação, metodologia,
didática, organização, planejamento, eficiência, objetivos.
TEORIAS CURRICULARESTEORIAS CRÍTICAS
Deslocam a pergunta do como ensinar e não se prendem somente a questão
do o quê ensinar, mas perguntam por quê?. Por quê este conhecimento e não
outro, Que interesses fazem este conhecimento ter sido incluído no currículo
e não outro. Tanto as teorias críticas como as pós-críticas estão preocupadas
com as conexões entre saber, identidade e poder.As teorias críticas de
currículo deslocam a ênfase dos conceitos pedagógicos e de ensino e
aprendizagem para os conceitos de ideologia e poder.
Conceitos enfatizados nas teorias críticas de currículo: ideologia, reprodução
cultural e social, poder, classe social, capitalismo, relações sociais de
produção., conscientização, emancipação e libertação, currículo oculto,
resistência.
TEORIAS CURRICULARESTEORIAS PÓS-CRÍTICAS
As teorias pós-críticas deslocam as questões sobre currículo,
pondo-se em constante indagação sobre as seleções de
conhecimentos que irão compor os currículos. Mas,
diferentemente, das teorias críticas, não enfatizam a ideologia,
mas o papel dos discursos nas constituição dos sujeitos e suas
identidades.
Conceitos: identidade, alteridade, diferença, subjetividade,
significação, discurso, saber-poder, representação, cultura,
gênero, raça, etnia, sexualidade, multiculturalismo.
Afinal, o que é currículo?
O currículo é uma coisa, um objeto, um artefato, um documento, um roteiro, um caminho, uma grade de conhecimentos, uma relação social afinal coisa, objeto, documento, artefato, etc., são coisas sociais, produzidas nas/pelas relações sociais. Produzimos as coisas mas, ao mesmo tempo, somos por elas produzidos. Isso pode ser visto como um jogo, uma espécie de jogo social: produzimos coisas que nos produzem. Nós produzimos o currículo que nos produz. O currículo, portanto, mais do que ensinar, produz identidades sociais. O currículo nos produz ao produzirmos o currículo.
De onde surge o currículo?
O currículo não é naturalizado. Ele é produto cultural
O currículo é uma relação social que produz identidades sociais
Ele diz o que é conhecimento e o que não é
Quais são os conhecimentos importantes? Quais as principais áreas? Onde descobrir? No currículo!
O currículo não tem nada de científico: ele é uma seleção política do que seja conhecimento válido.
O currículo funciona assim como uma espécie de economia simbólica
De onde surge o currículo?
O currículo é discutível. Tudo nele é passível de discussão. Nada há de sagrado no currículo; nada há de mágico, a não ser uma curiosa operação que ele [currículo] faz: esconder a sua história. O currículo esconde quem ele é e o que ele faz. O currículo faz desaparecer a história, a sua história.
O currículo então é um artefato cultural e moral, que legitima/produz/distribui condutas e saberes. Nada tem de natural no currículo. O currículo é escolha: porque determinados conteúdos e não outros? Porque determinados conhecimentos e não outros? Porque determinada organização e não outra? Porque determinados comportamentos e não outros? O currículo é relação social histórica.
História do Currículo
Onde e com quem nasce o estudo do Currículo: EUA, com Bobbit
Mas por que ele nasce?
Manutenção do modo de vida americano e dos valores puritanos
Perspectiva fabril e de produção tecnológica
Alta cultura x baixa cultura
O currículo estabelece um forma de poder: o poder da ciência e da cultura dominante. O currículo joga uma rede e captura a si próprio como um artefato de poder legitimador do capitalismo industrial e urbano.
Década de 70Os rastros dos currículos começam a ser investigados
Neste movimento dos 70 era necessário perguntar porque tal conhecimento tornou-se válido? Porque o conhecimento técnico era mais importante do que o conhecimento de áreas mais filosóficas ou sociais? Porque a técnica era descolada das questões sociais?
O currículo começa a ser interrogado a partir das relações sociais de classe. O currículo começa a ser despido de sua vestimenta neutra, científica, técnica. Não havia no currículo nenhuma operação misteriosa (ou científica) que tivesse instituído a “verdade” das coisas. A verdade era, agora, percebida como verdade de alguém; verdade de uma classe; verdade de um interesse político em detrimento de outras verdades..
O currículo ficava encerrado em relações sociais profundamente favoráveis a quem já detinha poder. O currículo dava mais-poder aos grupos e/ou classes dominantes. O currículo era um artefato produzido numa relação social permanentemente desigual, embora sempre favorável a quem já detinha poder.
Trabalhos críticos do período, tais como os escritos de Althusser, Bourdieu e Passeron, Bowles & Gintis e Paulo Freire, por exemplo, ajudaram a ver a educação [e, portanto, o currículo] sobre um outro ângulo: o ângulo da política, da ideologia, da economia e da cultura.
Década de 80
Se nos anos 70 a crítica se estabeleceu na identificação do poder no currículo, nos 80 passou-se a debater o currículo como lugar de conflito. Afinal o que fazer no currículo?
Como produzir nova organização social pelo currículo?
Compreensões sociais vindas dos movimentos feministas, raciais, étnicos, sexuais, pós-coloniais,
O currículo produz identidades sociais
O currículo nomeia o mundo segundo uma determinada raça, um determinado sexo, uma determinada etnia. E isso faz diferença na produção e na distribuição de saber-poder.
Qual a identidade do currículo?
O movimento feminista fez notar que o currículo vinha sendo debatido como um artefato cultural masculino, e isso favorecia o mundo para os homens e não para as mulheres. Do mesmo modo, movimentos negros fizeram ver como a cultura branca e cristã era favorecida em detrimento de outras culturas não brancas e não cristãs; crítica que também estava na pauta dos movimentos pós-coloniais.
O currículo passa a ser compreendido como um artefato cultural branco, masculino, cristão e centrado nos valores da classe média. O currículo constrói identidades sociais identificadas com a cultura ocidental branca dos países capitalistas desenvolvidos. O conhecimento selecionado neste currículo valorizava um determinado tipo de pessoa, destituindo de valor todos os outros tipos. O currículo é então um artefato de dominação das diferenças, principalmente daquelas diferenças nomeadas diferentemente da cultura dominante e da economia capitalista. O currículo constrói subjetividades conformadas as narrativas dominantes no Ocidente.
Identidade & Diferença
Identidade e diferença não podem ser vistas separadamente. As identidades são construídas a partir daquilo que não somos. Isto quer dizer que as identidades são sempre relacionais, estabelecidas a partir de contínuos processos de diferenciação. O currículo é um processo cultural de diferenciação, isto é, de identificação
E por falar nisso, nossa política educacional e seus artefatos, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), querem exatamente isso: totalizar, definir, determinar o que é, afinal, o currículo. Os PCN querem, enfim, criar um “padrão” de conhecimento para todos nós... pobres de nós.
Finalidades do Ensino Médio
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional explicita que o Ensino Médio é a “etapa final da educação básica” (Art.36), o que concorre para a construção de sua identidade. O Ensino Médio passa a ter a característica da terminalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental; aprimorar o educando como pessoa humana; possibilitar o prosseguimento de estudos; garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania; dotar o educando dos instrumentos que o permitam “continuar aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da compreensão dos “fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos” (Art.35, incisos I a IV).
Nessa concepção, a Lei no 9.394/96 muda no cerne a identidade estabelecida para o Ensino Médio contida na referência anterior, a Lei no 5.692/71, cujo 2o grau se caracterizava por uma dupla função: preparar para o prosseguimento de estudos e habilitar para o exercício de uma profissão técnica.
• a formação da pessoa, de maneira a desenvolver valores e competências necessárias à integração de seu projeto individual ao projeto da sociedade em que se situa;• o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;• a preparação e orientação básica para a sua integração ao mundo do trabalho, com as competências que garantam seu aprimoramento profissional e permitam acompanhar as mudanças que caracterizam a produção no nosso tempo;• o desenvolvimento das competências para continuar aprendendo, de forma autônoma e crítica, em níveis mais complexos de estudos.
CURRÍCULODr. João Alberto da Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDEINSTITUTO DE EDUCAÇÃO