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 63 Curso de Cirurgia Laparoscópica Urológica – Parte II Rui Lag es*, Rui Santos ** *Co nsultor deUrolog ia H.S. Joã o deDeus– Fão **Cons ult or de Uro log ia H.S.ta Isa bel– Mar code Can aveses Not a dos Editore s Dadoo int eresse crescente da Laparoscop ia em Urol ogi a, foi conside rado oportuna e do maior interesse a publicação dos textos do Curso de Cirurgia Laparoscópica organizado pelos Dr .s Ru i Lages e Ru i Santos,em 2005. Estes texto s, completos e em ngua portuguesa, constituem, do ponto de vista dos Editores, uma óptima forma de fundamentar o início da aprendizagem Laparoscópica, de rever os conhecimentos essenciais à sua utilização para quem já realiza esta técnica por rotina ou ainda de complementar conhecimentos previa- mente adquiridos, para quem teve algum contacto com a técnica mas não a realiza de forma regular. Dado o interesse deste “Curso”, publica-se o texto completo do mesmo. Dada a sua ext ens ão, opt ou-s e, contudo, por div idi -lo em três par tes, das qua is a pri meira se pub lic a, no presente número da Acta Urológica Portuguesa. O aspecto gráfico diferente do habitual, bemcomo as diferença s quese reg ist am na indica ção das ref erênci as bibliog ráf icas dev em-s e ao car áct er par tic ula r do tex to, ins eri do numcurso espe cíf ico. Curso de Laparoscopia Pneumoperitoneu  A técnica do pneumoperitoneu, consiste na introdu- ção de um s na cavi dade periton eal, em sit uaçõe s nor- mais é umespa ço vir tual , paraprovocar a sua di stensãoe possibilitar a visualização e manipulação dos órgãos da cavidade celómica e retroperitoneal. O pneumoperi-  toneu é o equivalente em cirurgia convencional do cam- po cirúrgi co. Permite a introdução de instrumentos cirúrgicos, sem risco elevado de iatrogenia visceral ou vascular e a sua manipulação para fins de diagnóstico ou terapêu-  ticos. Existe a possibilidade de visualizar e manipular ór-  gãos da cavidade abdominal sem recurso ao pneumo- perito neu, traccionand o a parede abdominal , conse-  guindo aumentar o seu volume (técnica de suspensão da par ede ). A comb ina ção de ambas as técn ica s, tra cção da parede abdominal e pneumoperitoneu a baixa pressão, pos sivelmente, é o mét odomai s cómodoe seg uro.  A capacidade de distensão da cavidade abdominal é li mi tada, tal como a de umpneu de automóvel , e esem relação com a configuração anatómica do indivíduo, o  tono muscular e a flexibilidade e laxidez dos tecidos. Não é necess ário atingir a mesma pressão em todos os indivíduos e inclusive uma mesma cavidade abdominal pode ter uma distensão suficiente ou não, dependendo do grau de relaxamento muscular, sem variar o volume de gásinsufl ado.  A pressão máxima do pneumoperitoneu é deter- minada por dois factos: a segurança, uma vez que o au- mento da pressão intra abdomina l não é inócuo, e pela  Acta Urológica 2006,  23; 2: 63-70 www.apurologia.pt

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Curso de CirurgiaLaparoscópica Urológica

– Parte II

RuiLages*, Rui Santos**

*Consultor deUrologia – H.S. João deDeus– Fão

**Consultor de Urologia – H.S.ta Isabel– Marcode Canaveses

Nota dos Editores

Dado o interesse crescente da Laparoscopia em Urologia, foi considerado oportuna e do

maior interesse a publicação dos textos do Curso de Cirurgia Laparoscópica organizado

pelos Dr.s Rui Lages e Rui Santos, em 2005. Estes textos, completos e em língua portuguesa,

constituem, do ponto de vista dos Editores, uma óptima forma de fundamentar o início da

aprendizagem Laparoscópica, de rever os conhecimentos essenciais à sua utilização para

quem já realiza esta técnica por rotina ou ainda de complementar conhecimentos previa-

mente adquiridos, para quem teve algum contacto com a técnica mas não a realiza de forma

regular.

Dado o interesse deste “Curso”, publica-se o texto completo do mesmo. Dada a sua

extensão, optou-se, contudo, por dividi-lo em três partes, das quais a primeira se publica, no

presente número da Acta Urológica Portuguesa. O aspecto gráfico diferente do habitual,

bem como as diferenças quese registam na indicação das referências bibliográficas devem-se

ao carácter particular do texto, inserido numcurso específico.

Curso de Laparoscopia

Pneumoperitoneu

 A técnica do pneumoperitoneu, consiste na introdu-

ção de um gás na cavidade peritoneal, em situações nor-

mais é um espaço virtual, para provocar a suadistensãoe

possibilitar a visualização e manipulação dos órgãos da

cavidade celómica e retroperitoneal. O pneumoperi-

 toneu é o equivalente em cirurgia convencional do cam-

po cirúrgico.

Permite a introdução de instrumentos cirúrgicos,

sem risco elevado de iatrogenia visceral ou vascular e a

sua manipulação para fins de diagnóstico ou terapêu- ticos.

Existe a possibilidade de visualizar e manipular ór-

 gãos da cavidade abdominal sem recurso ao pneumo-

peritoneu, traccionando a parede abdominal, conse-

 guindo aumentar o seu volume (técnica de suspensão da

parede). A combinação de ambas as técnicas, tracção da

parede abdominal e pneumoperitoneu a baixa pressão,

possivelmente, é o método mais cómodo e seguro.

 A capacidade de distensão da cavidade abdominal é

limitada, tal como a de um pneu de automóvel, e está em

relação com a configuração anatómica do indivíduo, o

  tono muscular e a flexibilidade e laxidez dos tecidos.

Não é necessário atingir a mesma pressão em todos os

indivíduos e inclusive uma mesma cavidade abdominal

pode ter uma distensão suficiente ou não, dependendo

do grau de relaxamento muscular, sem variar o volumede gásinsuflado.

  A pressão máxima do pneumoperitoneu é deter-

minada por dois factos: a segurança, uma vez que o au-

mento da pressão intra abdominal não é inócuo, e pela

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própria elasticidade da parede abdominal. Todos seapercebem que quando a parede abdominal atingedeterminada distensão, muito pouco se consegue ga-nhar em campo por mais que aumente a pressão, e sóconseguimos comprimirmais os tecidos, estruturas vas-

culares e viscerais, com as inerentes alterações meta-bólicas e hemodinâmicas. Com efeito, a pressão reco-mendável é a mínima para que possamos trabalhar comumbomcampoeistoconsegue-segeralmentecomumapressão de 12 mm Hg, a menos que se utilizem técnicasde suspensão da parede, onde podemos ter bom um

campooperatóriocomumapressãode0mmHg.Para a realização do pneumoperitoneu utiliza-se

preferencialmente o dióxido de carbono, pela facilidadede obtenção, ser económico, absorvível, não ser com-

bustível nem comburente, impedindo mesmo a com-bustão. Esta última propriedade é de grande utilidade sepensarmos na utilização frequente e quase sistemáticadobisturieléctrico.

O alto coeficiente de difusão deste gás, permite arápida eliminação pela expiração e minimiza eventuaisemboliasgasosas.

Como resumo, podemos dizer que para trabalhar na cavidade abdominal, temos que a distender por meiodo pneumoperitoneu, para criar uma bolha oucampânuladegás,sejaporsisóouapoiadacomatécnica

desuspensãodaparedeabdominal.

Podemos utilizar outros gases para a obtenção do

pneumoperitoneuentre eles: Ar, O , N O,Hélio, Árgon,etc.

Tem vantagens como: acessibilidade e econo-mia, ser pouco inflamável e pouco irritante para o peri-  toneu, podendo ser utilizado em laparoscopia com

 Vantagens do uso da suspensão da parede

abdominal

Inconvenientes da suspensão da parede

adominal

ReduçãodascomplicaçõesassociadasaoCO .

Redução das complicações associadas ao au-mentodapressãoabdominal.Possibilidade de aspiração sem perder campocirúrgicoougás.Possibilidadeamplificarespectrocirúrgico.

Eliminarosproblemasdefugasdegás.

Dificuldadenosmovimentosdocirurgião.Dificuldade de colocação das portas e manipu-laçãodosinstrumentos.Requer uma aprendizagem para se obter o má- ximobenefício.

2

2 2

 Ar:

anestesia local. As principais desvantagens são a reab-sorção lenta que pode provocar uma sintomatologiaresidual e a sua elevada concentração de oxigénio favo-receacombustãoelimitaousodediatermia.

É de rápidaabsorção,nãoprovoca reacção peri-

 toneal, nem alterações hidroelectroliticas ou gasimé- tricas, mas é muito inflamável e portanto só pode ser utilizado em laparoscopias diagnósticas que não se utili-zamobisturieléctrico.

Étambémaltamentereabsorvível,masdevido

ásuaelevadasolubilidadepodeprovocaremboliasgaso-sas, de modo semelhante à que ocorre nos acidentes dedescompressãodosmergulhadores.

Outra característica importante deste gás, é que tende a acumular-se nas cavidades, como por exemplo:

otubodigestivo,oquepodeoriginarproblemasdecam-po operatório, principalmente nas intervenções longas.

 Além destas possibilidades, suporta a combustão, tor-nandooseuusoimprópriocomadiatermia.

É um gás inerte, tem sido utilizado em doen-  tes com compromisso respiratório. Embora permitauma exposição excelente durante o pneumoperitoneu,não é tão rapidamente difusível comoo CO , o que pode

prolongarenfisemasubcutâneo.  A embolia com árgon já foi descrita, o

que levanta alguma preocupação com a sua utilização,embora esta possa ocorrer sempre que uma grandequantidade de gás é injectada directamente no sistema vascular.

 A possibilidade de o CO se combinar com água (em

contacto com superfícies húmidas) resulta na formaçãodo ácido carbónico (CO + H O ? H CO ),uma situação

aquealgunsatribuemadornoombro.Resultariadairri- tação do peritoneu diafragmático pelo ácido carbónicoformado na superfície do mesotélio. Esta dor apareceem 30% dos doentes, mas só em é severa em 4%, por 

isso aconselhamos a insuflação lenta no início da inter- venção e a remoção completado gás nofim damesma.

 Antesdedecidirolocaldepunçãoháqueexploraroabdómen na pesquisa de cicatrizes ou massas intraabdominais. A punção deve ser efectuada a algumadistância destas, para assegurar um pneumoperitoneudifusoenãolesaransasoumassasabdominais.

Quando há dúvidas sobre a difusão correcta do gás

em toda a cavidade abdominal, poderá estar indicada a técnica da laparoscopia aberta de Hasson, para evitar a

lesãodevíscerasintraabdominais.Quando optamos pela técnica fechada, temos que

decidir que tipo e calibre de agulha a utilizar. As agulhas

O :

N O:

Hélio:

 Árgon:

Técnicas para a realização do pneumoperitoneu

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2

2

2

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com protector retráctil tipo Veress, tem um diâmetromaior e é aconselhável que se introduzam num lugar aonde posteriormente se introduz um trocarte, paraevitarfugasdegásporesseorifício.

Para introduzir a agulha, pode ser útil traccionar apele para cima para evitarempurrar a parede abdominal

anterior contra a posterior, mas tendo em conta queesta manobra favorece a insuflação pré-peritoneal, quepode chegar a estender-se ao mediastino ocasionandoproblemasrespiratórios.

UmavezintroduzidaaagulhadeVeress,háquecon-firmar a sua posição, livre na cavidade peritoneal, parapermitirumaboadifusãodogás.

Existem várias manobras para comprovar a sua boalocalização: 1ª, aspirar com uma seringa e verificar quenão sai sangue nem conteúdo intestinal; 2ª, injectar soroou ar e verificar que entra sem resistência; 3ª, colocar 

soro numa seringa sem êmbolo e verificar que entrafacilmente na cavidade por queda livre. Se depois aspi-rarmos com o êmbolo e não recuperamos nada, quer dizer que estamos em boa posição. Este é o teste dePalmer.

Umavezintroduzidaaagulhaemboaposição,inicia-mos a insuflação do gás, sendo importante comprovar asua difusão por toda a cavidade peritoneal, sem assime- trias do abdómen durante a insuflação. É importantecomeçar a insuflação com fluxos baixos, da ordem de

1l/min., para reduzir a ocorrência de arritmias cardíacas.Uma vez estabelecido o pneumoperitoneu podemosregular o fluxo para níveis mais altos,10-12l/min paramantera distensão, sobretudoquandohá perda ou aspi-raçãodegás.

Habitualmente a etapa de criação do pneumoperi- toneu finaliza quando o fluxo de gás pára, porque atin- gimos a pressão abdominal programada e o abdómenestá suficientemente distendido, simétrico e globoso, oquenumadultoseconseguecomcercade4a6ldegás.

Quando não utilizamos um método fechado para arealização do pneumoperitoneu, utilizamos o trocartede Hasson, cuja principal característica é ter um mandrilrombo e uma rosca de fixação à parede abdominal emforma de tronco de cone. A sua introdução é feita por minilaparotomia de 1,5 a 2 cm. Nós utilizamos sistema- ticamente este método em cerca de 1000 procedimen- tos laparoscópicos e nunca tivemos complicações ouconversõesrelacionadascomacolocaçãoda1ªporta.

 A laparoscopia por este método está indicada emdoentes multioperados, oclusão, grande massa abdo-minalehepato-esplenomegalia.

 A pressão intra abdominal elevada, aumenta a pres-são de enchimento auricular, aumenta resistência vascu-lar sistémica, diminui o retorno venoso e diminui débitocardíaco. A pressão inspiratória aumenta com a pressãoabdominal. Estes efeitos são dependentes da pressão, ehabitualmente não são evidentes até que a pressãoabdominal atinja os 14 – 15 mmHg. Os estudos no ani-mal demonstraram que os efeitos da cirurgia laparos-

cópica na resposta hemodinâmica, sãomínimos, quandoa insuflação intra abdominal é realizada em animaissaudáveis,bemhidratadosehiperventilados.

Clinicamente,oefeitorespiratóriodapressãoabdo-minal elevada é monitorizado pelo uso do oxímetro e

Consequências do pneumoperitoneu

Combustível/ Alterações

Gás /Comburente Sistémicas Reabsorção

CO

N O

 Ar 

Hélio

O

2

2

2

(- / -) pCO (+) p O (-) Rápida

PH (-)Cl (-)

HTA (- / -) Arritmias Rápida

Embolias Acumulação em cavidades

(+ / -) (-) Lenta

(- / -) (-) ? Lenta

(+ + + / + + +) (-) Rápida

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capnógrafo. A saturação de oxigénio deve ser mantidaacima de 93% e a concentração de CO no fim da expi-

ração deve estar entre 35 e 45 mmHg que habitual-mente assegura que a PaCO é menor que 50 mmHg. O

aumentoafrequênciarespiratóriaedovolumecorrente

mantêm estes níveis dentro do aceitável. Perante umadoença pulmonar moderada, apesar da elevação dapressão arterial de CO (PaCO ) e da acidose respira-

 tória, a alteração na função pulmonar não causa efeitoshemodinâmicos significativos. Todavia, no animal comsépsis, os efeitos hemodinâmicos resultantes da cardio-depressão são aparentes, recomendando que a suautilização seja ponderadaou mesmo evitada.

É uma consequência directa do aumento da pressãointra abdominal, com compressão vascular. Em parte ébenéfica porque coapta pequenos vasos, de maneiraque se evitam sangramentos que poderiam dificultar a visão do campo operatório, mas também tem uma re-percussão perigosa, devido á diminuição da velocidadecirculatória, aumenta o risco de trombosee consequen- temente de embolia pulmonar, pelo que há que tomar  todasas medidas profilácticas anti-trombóticas, mecâni-casefarmacológicas.

 A pressão intra abdominal elevada durante longosperíodos está associada á diminuição do débito urinário,mesmo ao ponto de ocasionar anúria. A diminuição dadiurese, é o efeito renal mais marcado devido ao pneu-moperitoneu e é dependente da pressão abdominal.Numa, colecistectomia laparoscópica, efectuada compressão abdominal baixa (4 mmHg) com a ajuda de  tensores da parede abdominal, verificou-se que nãohavia alterações significativas na diurese, no fluxo plas-

mático renal efectivo ou na taxa de filtração glomerular,ao contrário da disfunção renal transitória, verificadaquando a pressão abdominal era de 12 mmHg. Estadisfunção está bem documentada, há vários mecanis-mos que a explicam, sendo eles: a diminuição do débitocardíaco, a compressão da veia renal, a obstruçãoureteral, a compressão do parênquima renal e os efeitoshormonaissistémicos.

Este efeito é ao mesmo tempo vantajoso e incon- veniente. Quando realizamos o pneumoperitoneu, adistensão que provoca afecta não só as áreas livres da

cavidade, mas também as aderências laxas que possamexistir, que se libertam, o que favorece a dissecção em

2

2

2 2

Efeitohemostático

Efeitona funçãorenal

Efeitodissector 

doentes multioperados. É portanto um efeito benéfico.Todavia a difusão do CO na região do hiato esofágico,

pode causar um problema importante; ao abrir o peri- toneu do hiato, a pressão do gás intra abdominal podeocasionar a sua passagem para o mediastino, ocasio-

nandoproblemasrespiratórios.

O acidente mais frequente é a insuflação de gás noespaço pré, retroperitoneal ou no epiploon. Não cos- tumam ser acidentes graves e tendem a resolver-se por si,umavez interrompido o fluxo degás.

Os acidentes com a punção de grandes vasos ou de vísceras abdominais são bem mais graves. Vale a pena

recordaraformadeosevitar.

 A bifurcação da aorta dá-se ao nível do umbigo. Aspequenas lesões de grandes vasos, podem passar desper-cebidas no início ou pelo menos não serem correcta-mente apreciadas quando provocam um hematoma queficaforadocampolaparoscópico,comoqualseperdeum tempo precioso na sua reparação. Portanto, é sempreaconselhável, ao introduzir o laparoscópico observar todaa cavidade abdominal, sobretudo se trabalhamos comópticas anguladas, com as quais pode não se ver a zona depossível punção. Também é importante a coordenaçãocirurgião-anestesista,poisseestedetectaumahipotensão

súbita,háquerevertodaacavidadeabdominal.  As complicações ou acidentes devidos propria-

mente ao pneumoperitoneu são as embolias gasosas,havendo alguns autores, que recomendam o uso siste-mático de catéter venoso central, para a evacuação de  gás, que combinado com a posição de anti-Trende-lemburg e decúbito lateral esquerdo pode solucionar alguns casos de tromboembolismo. Também estão des-critosalgunscasosdepneumotóraxunioubilateral,atri-buídos a lesões do ligamento redondo ou a comuni-

cações anómalas entre o peritoneu e a pleura quese resolveram espontaneamente, com a suspensão dopneumoperitoneu.

2

 Acidentes

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 th

Retroperitoneoscopia

Em 1973, Wittmoser, fez a primeira abordagem en-doscópica do retroperitoneu durante uma simpacecto-mia lombar. Wickham, utilizou uma abordagem seme-lhante, em 1979, para fazer umaureterolitotomia.

Em 1974, Sommerkamp, apresentoua lomboscopiacomo uma variante urológica da mediastinoscopia sempneumoretroperitoneu tendo por objectivo fazer bióp-siasrenais.

No início da década de 80, Wickham, Coptcoat e Weinberg foram os primeiros a tentar fazer a nefrec- tomia, baseados na técnica da cirurgia percutânea dalitíase renal, todavia o maior impacto surgiu quandoClayman fez a primeira nefrectomia laparoscópica transperitoneal.

Desde então, por todo o mundo, essa técnica temsido aplicada com êxito quer em patologia benigna quer 

maligna e nós fomos os primeiros a pô-la em prática, tendosido alvo da publicação na ActaUrologia de Outu-brode 2002. Todaviaa abordagemtransperitonealapre-senta inconvenientes e por outro lado não segue a via tradicionalmenteutilizada pelo urologista na abordagem

abertadorim.Em 1992, Gaur desenvolveu uma técnica de dissec-

çãopneumática do retroperitoneu, baseado no balão deinsuflação de medir a pressão arterial e utilizou-a comsucesso em vários procedimentos do retroperitoneu,incluindo a nefrectomia, biopsia renal, ureterolitotomiae varicocelectomia. Outros autores apresentaram a suaexperiência com o balão de Gaur, fazendo hidro oupneumodissecção, na suprarrenalectomia, nefrectomiaounefroureterectomiaradical.

Rassweiler em 1994, descreve uma modificação da técnica de Gaur em que faz a dissecção hidráulica sobcontrolo endoscópico do espaço retroperitoneal e utili-za-a com êxito em múltiplos procedimentos incluindo anefrectomiasimples,ureterolitotomia,nefropexia,mar-

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supialização de quisto renal, ureterostomia cutânea e napieloplastia.

O sistema trocarte-balão consiste de um balão de

látex (o dedo de uma luva de cirurgião) ligado à bainhade um trocarte de 10 mm. Há no mercado dispositivospara este efeito, todavia com um custo mais elevado. A monitorização da pressão durante o enchimento dobalão faz-se com um manómetro hidráulico ligado ao trocarteporumatorneiradetrêsvias.

Uma vez iniciada a introdução de 100ml de soro,introduzimos o laparoscópio na bainha do trocarte, obalão vai ficando cada vez mais transparente à medidaque distende, e o processo é monitorizado por visãodirecta.

Na maioria dos casos o balão deixa de distender entre 400-1000 ml, dependendo da configuração ana- tómicadodoente.

Na nossa experiência a capacidade máximado balãoaté à rotura foi de 2100 cm3, contudo pode surgir umarotura espontânea mais precocesobretudo se a pressãointraluminalexcede os 110cm H O.

O doente é colocado em posição de rim. Habitual-mente não é necessário fazer Trendelemburg e fazemosuma incisão de 15 a 20 mm na extremidade da 12ºcostela, aprofundamos esta abertura até à fáscia lombo-dorsal,queabrimos.

Com o dedo indicador fazemos a digitodissecção

deste espaço e empurramos o peritoneu para a frentede forma a criar uma cavidade retroperitoneal. De se- guidaintroduzimosotrocartecomobalão.

Estas manobras são sobreponíveis às utilizadas nacirurgiaaberta.

Evoluçãoda técnicaderetroperitoneu

Etapasda retroperitoneoscopia

 Acessoao retroperitoneu

Lomboscopia sem pneumoretroperitoneu

usandoomediastinoscópiooularingoscópioRetroperitoneoscopia com insuflação de CO

paracriarcampooperatórioRetroperitoneoscopia com dissecção do espaçoretroperitonealcombalãopneumáticoRetroperitoneoscopia com dissecção hidráulicado espaço retroperitoneal utilizando um trocar- teconectadoaumbalãoqueseenchecomsoro.

 Acessoaoretroperitoneu

DissecçãohidráulicacombalãoColocaçãodostrocartes

2

2

Hidrodissecção

Colocaçãodostrocartes

 Vantagensda retroperitoneoscopia

Desvantagensdaretroperitoneoscopia

 Através da torneira do trocarte vamos enchendo o

balão com soro fisiológico, ao mesmo tempo que con-  trolamos visualmente a dissecção e de certa forma vamosorientandooespaçoadissecar.

É muito importante que toda a dissecção seja acom-panhada para observarmosa separação entre a fáscia deGerotae o músculo psoas. Quando isto não acontece,devemos verificar a pressão do sistema e se já estãopróxima de 110 cm H O, suspendemos a introdução de

soro e mantemos o balão distendido durante 5 minutos,para fazer a hemostase de pequenos vasos que rompemduranteadissecção.

Na maioria dos casos, utilizamos 4 portas, porta A–10 mm laparoscópio, colocado para hidrodissecção,porta B– 10-12 mm para utilizar a tesoura, o aplicador de clips ou endo-GIA, porta C– 5 mm, para a mãoesquerda utilizar o dissector ou grasper, porta D– 5mmpara a utilização de um grasper ou retractor do rim. Após a colocação das portas diminuímos a pressão dainsuflaçãopara 12 mmHg. O cirurgião e o ajudante (comacâmara)ficamnoladodorsaldodoente.

 A maior vantagem é utilizar a mesma abordagem dacirurgiaaberta.Assimacurvadeaprendizagempodeser maisrápidaemcomparaçãocomaviatransperitoneal.

É interessante notar que a dissecção retroperito-neoscópica parece fácil quando efectuada por urolo- gistas com experiência em cirurgia aberta e com poucapráticana cirurgia laparoscópica.

O acesso retroperitoneal é mais rápido, permiteuma abordagem directa ao pedículo renal, tem menor morbilidade pós operatório pois não invade a cavidade

peritoneal e menor possibilidade de íleo paralítico,podendo ser uma alternativa á via transperitoneal emdoentes com cirurgia abdominal prévia, multioperadosoucompatologiainfecciosadoretroperitoneu.

Não há dúvidas que a maioria dos procedimentos

ablativos e reconstrutivos do rim podem ser realizadosporestavia.

 A principal desvantagem é o campo operatório mais

limitado e menor liberdade entre as portas, contudo ouso de uma óptica de 30º permite de certa formacompensarestadificuldade.

Teoricamente em situações difíceis, a porta de tra-balho mais cranial pode ser colocada transcostalmente

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Rui Lages, Rui Santos Acta Urológica 2006, 23; 2: 63-70

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como nos procedimentos toracoscópicos, porém nosdoentes obesos é preferível utilizara viatransperitoneal.

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