CURSO BÁSICO DE APICULTURA()

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    CURSO BSICO DE APICULTURA

    Sobre o Curso

    O curso bsico de apicultura direcionado ao iniciante na arte de criar abelhas com muita vontade de aprender e quase nenhumconhecimento. Aborda todas as fases, da criao produo, no se limitando apenas s respostas fceis, s solues nicas ousomente aos entendimentos mais populares. Embora no seja aprofundado nos assuntos de uma linha de produo especfica,muitos tpicos so apresentados com vrios enfoques diferentes. Isso possibilita que mesmo apicultores experientes possamencontrar algumas novidades neste curso.

    ndice

    1 PARTE

    A ABELHA.................................................................................................................................5Aspectos morfolgicos das abelhas Apis mellifera............................................................................................................................5

    Desenvolvimento das abelhas...............................................................................................................................................................6

    Diferenciao das castas........................................................................................................................................................................7

    Estrutura e uso dos favos......................................................................................................................................................................7

    Organizao e estrutura da colmeia....................................................................................................................................................8

    Raas de Abelhas Apis mellifera .........................................................................................................................................................9Apis mellifera mellifera (abelha real, alem, comum ou negra) .................................................................................................9Apis mellifera ligustica (abelha italiana).....................................................................................................................................9

    Apis mellifera caucasica..............................................................................................................................................................9

    Apis mellifera carnica (abelha carnica).....................................................................................................................................10

    Apis mellifera scutellata (abelha africana).................................................................................................................................10Abelha africanizada....................................................................................................................................................................10

    O APIRIO...............................................................................................................................10

    Incio da Criao de abelhas ..............................................................................................................................................................10

    Consideraes necessrias no planejamento do apirio.................................................................................................................11

    Tipos de Colmeias................................................................................................................................................................................11Colmia Langstroth....................................................................................................................................................................13Colmia Schirmer......................................................................................................................................................................13Colmia Piau........................................................................................................................................................................... ..13

    Como fixar a cera nos quadros..........................................................................................................................................................13

    Como fazer caixas-isca........................................................................................................................................................................14

    Captura de enxames alojados ............................................................................................................................................................16

    Transferencia da nova colnia para o apirio .................................................................................................................................16

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    O MANEJO...............................................................................................................................17

    Equipamentos necessrios..................................................................................................................................................................17A vestimenta..............................................................................................................................................................................17Utenslios obrigatrios...............................................................................................................................................................18Outras ferramentas teis para o manejo.....................................................................................................................................18

    A inspeo da colmia ........................................................................................................................................................................18Como fazer uma reviso completa.............................................................................................................................................19Solues:....................................................................................................................................................................................19

    Alimentao..........................................................................................................................................................................................20Quando deve ser fornecida a alimentao de subsistncia........................................................................................................20Como a alimentao energtica de subsistncia.....................................................................................................................20Quando deve ser fornecida a alimentao estimulante..............................................................................................................21Como a alimentao estimulante.............................................................................................................................................21Como calcular as propores de acar e gua para o alimento energtico..............................................................................21Como o xarope fornecido........................................................................................................................................................22Alimentadores individuais externos...........................................................................................................................................22Alimentadores individuais internos..........................................................................................................................................22Quando deve ser fornecida a alimentao protica....................................................................................................................23

    Tcnicas de Manejo.............................................................................................................................................................................23Introduo de rainhas ................................................................................................................................................................23Unio pacfica de colnias.........................................................................................................................................................24Permuta......................................................................................................................................................................................25Recurperao de um enxame zanganeiro...................................................................................................................................25

    Como saber se uma colmia est sem rainha...................................................................................................................................26

    Marcao da rainha "cor do ano".....................................................................................................................................................26

    Tecnicas para localizar a rainha........................................................................................................................................................26Tcnica 1 Quadro a quadro.....................................................................................................................................................26

    Tcnica 2 O favo estranho......................................................................................................................................................27Tcnica 3 Peneirando as abelhas.............................................................................................................................................27Tcnica 4 Fumaa no alvado...................................................................................................................................................27

    Controle de enxameao.....................................................................................................................................................................28Mtodo da diviso......................................................................................................................................................................28Mtodo Demaree........................................................................................................................................................................28

    Controle da Pilhagem .........................................................................................................................................................................29

    Apirio "sanfona"...............................................................................................................................................................................29

    Seleo e Melhoramento ....................................................................................................................................................................30

    2 PARTE.................................................................................................................................31

    O Mel e a Colheita...............................................................................................................................................................................31O que o nctar? .......................................................................................................................................................................31O nctar pode ser produzido fora das flores? ............................................................................................................................31O que melato? .........................................................................................................................................................................31Quando o mel est pronto para ser colhido? .............................................................................................................................31Qual o percentual de umidade seguro para o mel? .................................................................................................................31Em que condies o mel pode ser colhido? ..............................................................................................................................32Com que freqncia o mel deve ser colhido? ...........................................................................................................................32Quantas melgueiras devem ser colocadas no incio da safra?...................................................................................................32

    Onde deve ser colocada uma nova melgueira? .........................................................................................................................32Como colocar melgueiras com 8 ou 9 quadros? .......................................................................................................................32Como as abelhas so retiradas das melgueiras? ........................................................................................................................33Como as melgueiras devem ser transportadas? .........................................................................................................................33Como feita a desoperculao dos favos? ................................................................................................................................33

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    O que uma mesa desoperculadora? ........................................................................................................................................34Como feita a centrifugao dos quadros? ..............................................................................................................................34O que so centrfugas radial e facial? .......................................................................................................................................34Como centrifugar favos quebrados? .........................................................................................................................................34Como extrair o mel sem a centrfuga? ......................................................................................................................................34O que fazer com as melgueiras aps a extrao? ......................................................................................................................34O que feito do mel aps a centrifugao? ..............................................................................................................................35O que um decantador? ............................................................................................................................................................35 possvel produzir mel em favo? .............................................................................................................................................35

    Como o mel deve ser armazenado? ...........................................................................................................................................35O HMF prejudicial sade humana? .....................................................................................................................................35As enzimas so benficas sade humana? .............................................................................................................................35Como o mel adulterado? ........................................................................................................................................................35H um modo simples de descobrir se o mel adulterado? .......................................................................................................35 possvel identificar a origem floral de um mel? ....................................................................................................................35Por que o mel cristaliza? ...........................................................................................................................................................36Como ocorre a cristalizao? ....................................................................................................................................................36Como descristalizar o mel? .......................................................................................................................................................36O que mel cremoso? ...............................................................................................................................................................36Como se produz mel cremoso? .................................................................................................................................................36Diabticos podem comer mel? ..................................................................................................................................................37Bebs podem comer mel? .........................................................................................................................................................37O que mel orgnico? ..............................................................................................................................................................37Como se produz mel orgnico? .................................................................................................................................................37Quais so os critrios exigidos para o mel orgnico? ...............................................................................................................37

    Outros Produtos apcolas....................................................................................................................................................................37O que o plen? ........................................................................................................................................................................38Como o plen armazenado pelas abelhas? ........................................................................................................................... ..38Como o apicultor coleta o plen? .............................................................................................................................................38Por quanto tempo o caa-plen pode ser deixado na colmia? .................................................................................................38Como o beneficiamento do plen? .........................................................................................................................................38 possvel produzir mel e plen na mesma colmia? ...............................................................................................................38O que a prpolis? ....................................................................................................................................................................38Para que as abelhas utilizam a prpolis? ...................................................................................................................................38Como o apicultor coleta a prpolis? .........................................................................................................................................39Por quanto tempo pode ser mantido o coletor de prpolis? ......................................................................................................39Como a prpolis beneficiada? ................................................................................................................................................39Como a prpolis armazenada? ...............................................................................................................................................39Quais so as propriedades da prpolis? ....................................................................................................................................39O que a cera? ..........................................................................................................................................................................39Qual a cor da cera? .................................................................................................................................................................39Para que as abelhas usam a cera? ..............................................................................................................................................39Qual a vantagem de se fornecer cera colnia? ....................................................................................................................39Como preservar os favos de forma natural? ..............................................................................................................................39H produtos qumicos seguros para a preservao de favos? ...................................................................................................40Como se produz cera? ...............................................................................................................................................................40

    A produo de cera rentvel? .................................................................................................................................................40Como se derretem a cera dos favos?......................................................................................................................................... .41Como purificar a cera? ..............................................................................................................................................................41H meios qumicos para processar a cera? ................................................................................................................................41Como se retira a cera dos quadros sem arrebentar os arames? .................................................................................................41O que fazer com a cera derretida? .............................................................................................................................................41O que gelia real? ...................................................................................................................................................................42A gelia real um bom alimento? ............................................................................................................................................42Como se produz gelia real? .....................................................................................................................................................42O que o veneno? .....................................................................................................................................................................42Quanto veneno possui uma abelha? ..........................................................................................................................................42Como o veneno atua? ................................................................................................................................................................42Como evitar uma reao alrgica ao veneno? ...........................................................................................................................42

    Como se extrai o veneno das abelhas? ......................................................................................................................................42Para que serve o veneno? ..........................................................................................................................................................42

    Flora Apcola........................................................................................................................................................................................43O que considerado flora apcola? ...........................................................................................................................................43Como saber qual a flora apcola de uma regio? ...................................................................................................................43

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    O que o calendrio apcola? ...................................................................................................................................................43Como descobrir o calendrio apcola de uma regio? ..............................................................................................................43Quanto dura em mdia uma florada? ........................................................................................................................................43Floradas curtas so inteis para as abelhas? .............................................................................................................................43A flora apcola de uma regio pode ser melhorada? .................................................................................................................43Como saber o que deve ser plantado? .......................................................................................................................................44Que critrios definem uma boa planta polinfera? ....................................................................................................................44Que critrios definem uma boa planta propolfera? ..................................................................................................................44Como identificar uma planta? ...................................................................................................................................................44

    Inimigos das abelhas............................................................................................................................................................................44Quais so os inimigos das abelhas?...........................................................................................................................................45Como so classificados esses inimigos? ...................................................................................................................................45Podrido europia? ....................................................................................................................................................................45Podrido americana? .............................................................................................................................................................. ...45Cria ensacada? ...........................................................................................................................................................................46Cria ensacada brasileira? ...........................................................................................................................................................46Cria giz? ....................................................................................................................................................................................46

    Nosemose? ................................................................................................................................................................................46Disenteria? ................................................................................................................................................................................46Envenenamento? .......................................................................................................................................................................47Fome e frio? ..............................................................................................................................................................................47Varroa? ......................................................................................................................................................................................47Acariose? ...................................................................................................................................................................................47Besouro da colmia? .................................................................................................................................................................47Apis mellifera capensis? ...........................................................................................................................................................48Traas de cera? ..........................................................................................................................................................................48Formigas? ..................................................................................................................................................................................48Como se pode confirmar uma suspeita de doena? ..................................................................................................................48Por que no tratar as doenas com remdios? ...........................................................................................................................48Como evitar o roubo e o vandalismo? ......................................................................................................................................49

    BIBLIOGRAFIA:.......................................................................................................................49

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    A ABELHA

    ASPECTOS MORFOLGICOS DAS ABELHASAPIS MELLIFERA

    As abelhas, como os demais insetos, apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto. Constitudo de quitina, oexoesqueleto fornece proteo para os rgos internos e sustentao para os msculos, alm de proteger o inseto contra a perdade gua.

    Na cabea, esto localizados os olhos - simples e

    compostos - as antenas, o aparelho bucal e,internamente, as glndulas. Os olhos compostos sodois grandes olhos localizados na parte lateral dacabea. So formados por estruturas menoresdenominadas omatdeos, cujo nmero varia deacordo com a casta, sendo bem mais numerosos noszanges do que em operrias e rainhas. Possuemfuno de percepo de luz, cores e movimentos. Asabelhas no conseguem perceber a cor vermelha, mas

    podem perceber ultravioleta, azul-violeta, azul,verde, amarelo e laranja.

    Os olhos simples ou ocelos so estruturas menores,em nmero de trs, localizadas na regio frontal da cabea formando um tringulo. No formam imagens. Tm como funodetectar a intensidade luminosa.

    As antenas, em nmero de duas, so localizadas na parte frontal mediana da cabea. Nas antenas encontram-se estruturas parao olfato, tato e audio. O olfato realizado por meio das cavidades olfativas, que existem em nmero bastante superior noszanges, quando comparados com as operrias e rainhas. Isso se deve necessidade que os zanges tm de perceber o odor darainha durante o vo nupcial.

    A presena de plos sensoriais na cabea serve para a percepo das correntes de ar e protegem contra a poeira e gua.

    O aparelho bucal composto por duas mandbulas e a lngua ou glossa. As mandbulas so estruturas fortes, utilizadas paracortar e manipular cera, prpolis e plen. Servem tambm para alimentar as larvas, limpar os favos, retirar abelhas mortas dointerior da colmeia e na defesa. A lngua uma pea bastante flexvel, coberta de plos, utilizada na coleta e transferncia dealimento, na desidratao do nctar e na evaporao da gua quando se torna necessrio controlar a temperatura da colmeia.

    No interior da cabea, encontra-se as glndulas hipofaringeanas, que tm por funo a produo da gelia real, as glndulassalivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glndulas mandibulares que esto relacionadas

    produo de gelia real e feromnio de alarme (Nogueira Couto & Couto, 2002).

    No trax destacam-se os rgos locomotores - pernas e asas - e a presena de grande quantidade de plos, que possuemimportante funo na fixao dos gros de plen quando as abelhas entram em contato com as flores. As abelhas, como osdemais insetos, apresentam trs pares de pernas. As pernas posteriores das operrias so adaptadas para o transporte de plen eresinas. Para isso, possuem cavidades chamadas corbculas, nas quais so depositadas as cargas de plen ou resinas para serem

    transportadas at a colmeia. Alm da funo de locomoo, as pernas auxiliam tambm na manipulao da cera e prpolis, nalimpeza das antenas, das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando formam "cachos".

    As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que possibilitam o vo a uma velocidade mdia de 24 km/h.No trax, tambm so encontrados espirculos, que so rgos de respirao, o esfago, que parte do sistema digestivo eglndulas salivares envolvidas no processamento do alimento.

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    O abdome formado por segmentos unidos por membranas bastante flexveis que facilitam o movimento do mesmo. Nestaparte do corpo, encontram-se rgos do aparelho digestivo, circulatrio, reprodutor, excretor, rgos de defesa e glndulasprodutoras de cera. No aparelho digestivo, destaca-se o papo ou vescula nectarfera, que o rgo responsvel pelo transportede gua e nctar e auxilia na formao do mel. O papo possui grande capacidade de expanso e ocupa quase toda a cavidadeabdominal quando est cheio. O seu contedo pode ser regurgitado pela contrao da musculatura (Nogueira Couto & Couto,2002).

    Existem quatro glndulas produtoras de cera (cerferas), localizadas na parte ventral do abdome das abelhas operrias. A cera

    secretada pelas glndulas se solidifica em contato com o ar, formando escamas ou placas que so retiradas e manipuladas paraa construo dos favos com auxlio das pernas e das mandbulas.

    No final do abdome, encontra-se o rgo de defesa das abelhas - o ferro - presente apenas nas operrias e rainhas. O ferro constitudo por um estilete usado na perfurao e duas lancetas que possuem farpas que prendem o ferro na superfcieferroada, dificultando sua retirada. O ferro ligado a uma pequena bolsa onde o veneno fica armazenado. Essas estruturas somovidas por msculos que auxiliam na introduo do ferro e injeo do veneno. As contraes musculares da bolsa deveneno permitem que o veneno continue sendo injetado mesmo depois da sada da abelha. Desse modo, quanto mais depressao ferro for removido, menor ser a quantidade de veneno injetada.

    Recomenda-se que o ferro seja removido pela base, utilizando-se uma lmina ou a prpria unha, evitando-se pression-lo comos dedos para no injetar uma maior quantidade de veneno. Como, na maioria das vezes, o ferro fica preso na superfcie

    picada, quando a abelha tenta voar ou sair do local aps a ferroada, ocorre uma ruptura de seu abdome e conseqente morte.Na rainha, as farpas do ferro so menos desenvolvidas que nas operrias e a musculatura ligada ao ferro bem forte para quea rainha no o perca aps utiliz-lo.

    DESENVOLVIMENTO DAS ABELHAS

    Durante seu ciclo de vida, as abelhas passam por quatro diferentes fases: ovo, larva, pupa e adulto.

    A rainha inicia a postura geralmente aps o terceiro dia de sua fecundao, depositando um ovo em cada alvolo. O ovo cilndrico, de cor branca e, quando recm colocado, fica em posio vertical no fundo do alvolo. Trs dias aps a postura,ocorre o nascimento da larva, que tem cor branca, formato vermiforme e fica posicionada no fundo do alvolo, com corporecurvado em forma de "C". Durante essa fase, a larva passa por cinco estgios de crescimento, trocando sua cutcula (pele)aps cada estgio.

    No final da fase larval, 5 a 6 dias aps a ecloso, a clula operculada e a larva muda de posio, ficando reta e imvel. Nessafase, ela no se alimenta mais, tece seu casulo, sendo comumente chamada de pr-pupa. Na fase de pupa j podem serdistinguidos a cabea, o trax e o abdome, visualizando-se olhos, pernas, asas, antenas e partes bucais. Os olhos e o corpo

    passam por mudanas de colorao at a emerso da abelha adulta. Toda a transformao pela qual a abelha passa at chegarao estgio adulto denomina-se metamorfose.

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    A tabela a seguir, mostra a durao de cada uma das fases diferenciadas para rainhas, operrias e zanges do nascimento longevidade.

    Perodo de Desenvolvimento de abelhasApis melliferaCasta Ovo Larva Pupa Total LogevidadeRainha 3 5 7 15 At 4 anosOperria 3 5 12 20 At 45 diasZango 3 6,5 14,5 24 At 80 dias

    DIFERENCIAO DAS CASTAS

    Geneticamente, uma rainha idntica a uma operria. Ambas se desenvolvem a partir de ovos fertilizados. Entretanto,fisiolgica e morfologicamente essas castas so diferentes em razo da alimentao diferenciada que as larvas recebem.

    A rainha recebe, durante toda sua vida, um alimento denominadogelia real, que composto das secrees das glndulasmandibulares e hipofaringeanas, localizadas na cabea de operrias,com adio de acares provenientes do papo. Pesquisas tmindicado que a gelia real oferecida s larvas de rainha superior emquantidade e qualidade, possuindo maior proporo da secreo das

    glndulas mandibulares e maior concentrao de acares e outroscompostos nutritivos (Nogueira Couto & Couto, 2002)

    As larvas de operrias, so alimentadas at o terceiro dia com umalimento comumente chamado de gelia de operria, que apresentamaior proporo da secreo das glndulas hipofaringeanas e menorquantidade de acares que o da rainha. Aps esse perodo, passama receber uma mistura de gelia de operria, mel e plen.

    Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo, uma larva de, no mximo, 3 dias pode transformar-se em rainha se passara receber a alimentao adequada. Entretanto, quanto mais nova for a larva, melhor ser a qualidade da rainha e sua capacidadede postura.

    Alm da alimentao, a estrutura onde a larva da rainha criada (realeira) tem grande influncia em seu desenvolvimento, umavez que maior que o alvolo de operria e posicionada de cabea para baixo, o que deixa o abdome da pupa livre, permitindopleno desenvolvimento e formao dos rgos reprodutores. Assim, para que uma larva de operria se transforme em rainha, necessrio, alm da alimentao, que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma realeira no local onde seencontra a larva.

    ESTRUTURA E USO DOS FAVOS

    O ninho das abelhas constitudo de favos, que so formados por alvolos de formato hexagonal (com seis lados). Essa formapermite menor uso de material e maior aproveitamento do espao. Os alvolos tm uma inclinao de 4 a 9 para cima,evitando que a larva e o mel escorram, e so construdos em dois tamanhos: no maior, a rainha faz postura de ovos de zango;

    j os menores podem ser usados para a criao de operrias e para estocagem de alimento.

    Durante a maior parte do ano, a prole criada nas partes centrais da colmeia, de forma a facilitar o controle de temperaturapelas operrias. A cria, freqentemente, ocupa o centro dos favos, sendo que os cantos inferiores e superiores so usados paraestocagem de alimento, facilitando o trabalho das abelhas nutrizes, que so responsveis pela alimentao das larvas.

    A cera produzida por quatro pares de glndulas cerferas que se localizam doquarto ao stimo segmentos do lado ventral do abdome das abelhas operrias

    jovens. Essas glndulas cerferas produzem a cera na forma lquida dissolvidaem uma substncia voltil, que na superfcie externa do tegumento se evapora,deixando as placas de cera. Cada placa feita de uma ou mais secrees,

    possuindo uma espessura de 0,6 1,6 mm com peso mdio de 1,3 mg.As operrias puxam estas escamas de cera para trs com o auxlio das patastraseiras e s levam as dianteiras e a boca, para serem amassadas e moldadas,utilizando a secreo das glndulas mandibulares. Centenas de abelhasoperrias participam na edificao de um s alvolo, sendo que cada operria

    pode manter-se em atividade pelo tempo mdio de 1 minuto. Para a secreoda cera imprescindvel a ocorrncia de certos fatores, tais como: temperaturano grupo de abelhas de 33 36C, em mdia; presena de abelhas operriascom idade de 12 18 dias; alimentao abundante e a necessidade da

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    construo de favos.

    ORGANIZAO E ESTRUTURA DA COLMEIA

    As abelhas so insetos sociais, vivendo em colnias organizadas em que os indivduos possuem funes bem definidas que soexecutadas visando sempre sobrevivncia e manuteno do enxame. Numa colnia, em condies normais, existe umarainha, cerca de 5.000 a 100.000 operrias e de 0 a 400 zanges.

    A rainha tem por funo a postura de ovos e a manutenoda ordem social na colmeia. A larva da rainha criada numalvolo modificado, bem maior que os das larvas deoperrias e zanges, de formato cilndrico, denominadorealeira, sendo alimentada pelas operrias com a geliareal, produto rico em protenas, vitaminas e hormniossexuais. A rainha adulta possui quase o dobro do tamanhode uma operria e a nica fmea frtil da colmeia,apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido.A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vo nupcial

    para sua fecundao que ocorre, aproximadamente, 5 a 7dias depois de seu nascimento. A fecundao ocorre emreas de congregao de zanges, onde existem de

    centenas a milhares de zanges voando espera de umarainha, conferindo assim uma grande variabilidade genticano acasalamento.

    A rainha se dirige a essas reas, a cerca de 10 metros de altura, atraindo os zanges com a liberao de substnciasdenominadas feromnios. Apenas os mais rpidos e fortes conseguem alcan-la e o acasalamento ou cpula, ocorre em plenovo. Uma rainha pode ser fecundada por at 17 zanges e o smen armazenado num reservatrio especial denominadoespermateca. Esse estoque de smen ser utilizado para a fecundao de vulos durante toda a vida da rainha, pois ao retornar colnia no sair mais para realizar outro vo nupcial. A rainha comea a postura dos ovos na colnia de 3 a 7 dias depois doacasalamento.

    Somente a rainha capaz de produzir ovos fertilizados, que do origem s fmeas (operrias ou novas rainhas), alm de ovosno fertilizados, que originam os zanges. Em casos especiais, as operrias tambm podem produzir ovos, embora no

    fertilizados, que daro origem a zanges.

    A capacidade de postura da rainha pode ser de at 2.500 a 3.000 ovos por dia, em condies de abundncia de alimento. Elapode viver e reproduzir-se por at 4 anos. Entretanto, em climas tropicais, sua taxa de postura diminui aps o primeiro ano. Porisso, costuma-se recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente.

    A rainha consegue manter a ordem social na colmeia atravs da liberao de feromnios. Essas substncias tm funo atrativae servem para informar aos membros da colmeia que existe uma rainha presente e em atividade; inibem a produo de outrasrainhas; a enxameao e a postura de ovos pelas operrias. Servem ainda para auxiliar no reconhecimento da colmeia e naorientao das operrias. A rainha est sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operrias, encarregadas de aliment-la ecuidar de sua limpeza. As operrias tambm podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos feromnios aoutros membros da colmeia.

    Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromnios e de realizar posturas, em virtude de sua idadeavanada, ou ainda quando o enxame est muito populoso e falta espao na colmeia, as operrias escolhem ovos recentementedepositados ou larvas de at 3 dias de idade, que se desenvolvem em clulas especiais - realeiras - para a produo de novasrainhas. A primeira rainha ao nascer, destri as demais realeiras e luta com outras rainhas que tenham nascido ao mesmotempo at que apenas uma sobreviva.

    Em caso de populao grande, a rainha velha enxameia com, aproximadamente, metade da populao antes do nascimento deuma nova rainha. Em alguns casos, quando a rainha est muito cansada, ela pode permanecer na colmeia em convivncia coma nova rainha por algumas semanas, at sua morte natural. Tambm pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga,logo aps o nascimento.

    As operrias realizam todo o trabalho para a manuteno da colmeia. Elas executam atividades distintas, de acordo com aidade, desenvolvimento glandular e necessidade da colnia.

    Idade Funo1 ao 5 dia Realizam a limpeza dos alvolos e de abelhas recm-nascidas6 ao 10 So chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentao das larvas em desenvolvimento. Nesse

    estgio, elas apresentam grande desenvolvimento das glndulas hipofaringeanas e mandibulares,

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    produtoras de gelia real.

    11 ao 17 diaProduzem cera para construo de favos, quando h necessidade, pois nessa idade as operriasapresentam grande desenvolvimento das glndulas cerferas. Alm disso, recebem e desidratam o nctartrazido pelas campeiras, elaborando o mel.

    18 ao 21 diaRealizam a defesa da colmeia. Nessa fase, as operrias apresentam os rgos de defesa bemdesenvolvidos, com grande acmulo de veneno. Podem tambm participar do controle da temperaturana colmeia.

    22 dia at a morte Realizam a coleta de nctar, plen, resinas e gua, quando so denominadas campeiras.

    importante ressaltar que a necessidade da colmeia pode fazer com que as operrias reativem algumas das glndulasatrofiadas para realizar determinada atividade, ou seja, se for necessrio, uma abelha mais nova pode sair para a coleta nocampo e uma abelha mais velha pode encarregar-se de alimentar a cria e/ou produzir cera.

    As operrias possuem os rgos reprodutores atrofiados, no sendo capazes de se reproduzirem. Isso acontece porque, na fasede larva, elas recebem alimento menos nutritivo e em menor quantidade que a rainha. Alm disso, a rainha produz feromniosque inibem o desenvolvimento do sistema reprodutor das operrias na fase adulta. Em compensao, elas possuem rgos dedefesa e trabalho perfeitamente desenvolvidos, muitos dos quais no so observados na rainha e no zango, como a corbcula(onde feito o transporte de materiais slidos) e as glndulas de cera.

    Os zanges so os indivduos machos da colnia, cuja nica funo fecundar a rainha durante o vo nupcial. As larvas dezanges so criadas em alvolos maiores que os alvolos das larvas de operrias, eles so maiores e mais fortes do que as

    operrias, entretanto, no possuem rgos para trabalho nem ferro e, em determinados perodos, so alimentados pelasoperrias. Em contrapartida, os zanges apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas com maior capacidadeolfativa. Alm disso, possuem asas maiores e musculatura de vo mais desenvolvida. Essas caractersticas lhes permitem maiororientao, percepo e rapidez para a localizao de rainhas virgens durante o vo nupcial.

    RAAS DE ABELHASAPIS MELLIFERA

    O habitat das abelhas Apis mellifera bastante diversificado e incluisavana, florestas tropicais, deserto, regies litorneas e montanhosas.Essa grande variedade de clima e vegetao acabou originandodiversas subespcies ou raas de abelhas, com diferentescaractersticas e adaptadas s diversas condies ambientais. Adiferenciao dessas raas no um processo fcil, sendo realizado

    somente por pessoas especializadas, que podem usar medidasmorfolgicas ou anlise de DNA. A seguir, apresentam-se algumascaractersticas das raas de abelhas introduzidas no Brasil.

    APIS MELLIFERA MELLIFERA (ABELHA REAL, ALEM, COMUM OU NEGRA)

    Originrias do Norte da Europa e Centro-oeste da Rssia, provavelmente estendendo-se at a Pennsula Ibrica. Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas. Possuem lngua curta (5,7 a 6,4 mm), o que dificulta o trabalho em flores profundas. Nervosas e irritadas, tornam-se agressivas com facilidade caso o manejo seja inadequado. Produtivas e prolferas, adaptam-se com facilidade a diferentes ambientes. Propolisam com abundncia, principalmente em regies midas.

    APIS MELLIFERA LIGUSTICA (ABELHA ITALIANA)

    Originrias da Itlia. Essas abelhas tm colorao amarela intensa; produtivas e muito mansas, so as abelhas mais popularesentre apicultores de todo o mundo. Apesar de serem menores que asA. m. mellifera, tm a lngua mais comprida (6,3 a 6,6 mm). Possuem sentido de orientao fraco, por isso, entram nas colmeias erradas freqentemente. Constroem favos rapidamente e so mais propensas ao saque do que abelhas de outras raas europias.

    APIS MELLIFERA CAUCASICA

    Originrias do Vale do Cucaso, na Rssia. Possuem colorao cinza-escura, com um aspecto azulado, plos curtos e lngua comprida (pode chegar a 7 mm).

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    Considerada a raa mais mansa e bastante produtiva. Enxameiam com facilidade e usam muita prpolis. Sensveis Nosema apis (protozorio causador da nosemose).

    APIS MELLIFERA CARNICA (ABELHA CARNICA)

    Originrias do Sudeste dos Alpes da ustria, Nordeste da Iugoslvia e Vale do Danbio. Assemelham-se muito com a abelha negra, tendo o abdome cinza ou marrom.

    Pouco propolisadoras, mansas, tolerantes a doenas e bastante produtivas. So facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendncia maior a enxamearem.

    APIS MELLIFERA SCUTELLATA (ABELHA AFRICANA)

    Originrias do Leste da frica, so bem produtivas e muito agressivas. So menores e constroem alvolos de operrias menores que as abelhas europias. Sendo assim, suas operrias possuem

    um ciclo de desenvolvimento precoce (18,5 a 19 dias) em relao s europias (21 dias), o que lhe confere vantagem natolerncia ao caro do gnero Varroa.

    Possuem viso mais aguada, resposta mais rpida e eficaz ao feromnio de alarme. Os ataques so, geralmente, emmassa, persistentes e sucessivos, podendo estimular a agressividade de operrias de colmeias vizinhas.

    Ao contrrio das europias que armazenam muito alimento, elas convertem o alimento rapidamente em cria, aumentando apopulao e liberando vrios enxames reprodutivos.

    Migram facilmente se a competio for alta ou se as condies ambientais no forem favorveis. Essas caractersticas tm uma variabilidade gentica muito grande e so influenciadas por fatores ambientais internos e

    externos.

    ABELHA AFRICANIZADA

    A abelha, no Brasil, um hbrido das abelhas europias (Apis mellifera mellifera,Apis mellifera ligustica, Apis melliferacaucasica eApis mellifera carnica) com a abelha africanaApis mellifera scutellata.

    A variabilidade gentica dessas abelhas muito grande, havendo uma predominncia das caractersticas das abelhas europiasno Sul do Pas, enquanto ao Norte predominam as caractersticas das abelhas africanas.

    A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata, em razo da maioradaptabilidade dessa raa s condies climticas do Pas. Muito agressivas, porm, menos que as africanas, a abelha do Brasiltem grande facilidade de enxamear, alta produtividade, tolerncia a doenas e adapta-se a climas mais frios.

    O APIRIO

    INCIO DA CRIAO DE ABELHAS

    Voc pode conseguir as abelhas para iniciar sua criao de trs diferentes maneiras; comprando colnias de apicultorescomerciais, capturando enxames em estado natural ou atraindo famlias em enxameao para caixas iscas.

    Cada um dos processos apresenta vantagens e desvantagens.

    Comprar abelhas, simplesmente, pode ser cmodo mas pode no ser financeiramente vivel para o produtor que pretendeiniciar sua criao se no houver um bom planejamento prvio. O retorno do capital investido acontecer com no mnimo1 ano e meio aps a implantao do negcio, isso em condies totalmente favorveis. Por isso, deve-se conhecer bem a

    procedncia dos colnias adquiridas e ter algum experincia prtica no manejo de enxames. Ao apicultor inexperiente, aconselhvel a aquisio inicial de poucos enxames e somente aps a sua estruturao, investir na expanso do apirio.

    Capturar colnias em caixas iscas um processo de baixo custo inicial e de fcil execuo A desvantagem deste sistemaest dificuldade de se prever quantas colnias podero ser atradas para as caixas iscas e ainda a qualidade dos enxamescapturados. Este mtodo muito praticado por pessoas iniciantes para comear uma criao e tambm por apicultores jestabelecidos, para diminuir a concorrncia na rea de localizao de seus apirios, evitando a nidificao dos enxamesvoadores em locais indesejveis.

    Finalmente, pode-se capturar enxames na natureza, removendo famlias inteiras de seu habitat natural, como cupins,troncos ocos de rvores, telhados, pneus, assoalhos, muros etc. A captura de enxames certamente o mtodo maistrabalhoso, relativamente barato, possibilita boa expanso do apirio, e talvez o mais forte motivo, coloca o apicultoriniciante em contato direto com as abelhas, proporcionando-lhe uma vivncia que lhe ser muito til no manuseio de suascolmeias no dia a dia.

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    Em todos esses casos, o manejo adequado essencial para o bom desenvolvimento do enxame, deve-se alimentar e fornecercondies adequadas o seu crescimento evitando o abandono da colmeia.

    CONSIDERAES NECESSRIAS NO PLANEJAMENTO DO APIRIO

    importante que haja um planejamento completo e cuidadoso antes que a primeira colmia seja instalada, porque depoistudo ser muito mais difcil.

    Voc pode perfeitamente iniciar com uma nica colmia, aprender bastante com ela, divertir-se e ainda colher seu primeiromel. Depois, se desejar, e na medida das suas possibilidades, voc pode ir ampliando o apirio. A vantagem de ter mais de umacolmia que uma delas pode salvar a outra em caso de necessidade. Como primeiro critrio, adote a sua capacidade demanejo. Estime quantas colmias voc pode manter bem, considerando o seu tempo disponvel e a sua disposio. Esquea ocritrio, relativamente comum no incio, de aumentar o nmero de colmias at igualar-se ao seu vizinho ou impressionar seusamigos - esta uma receita de fracasso quase garantida. No esquea que voc pode ser um excelente apicultor de umacolmia ou um pssimo apicultor de 200. Na dvida, opte sempre pela qualidade.

    Encontre um bom local para instalar seu apirio, h diversas variveis envolvidas nessa escolha: segurana,disponibilidade de flores e de gua, presena de outros apirios. Portanto, ao escolher o local do seu apirio, certifique-sede que h uma boa barreira natural entre o local e as casas e galpes vizinhos. Com boas barreiras naturais, uma distnciade 100 m pode ser suficiente. De qualquer forma, se voc for iniciante em apicultura, procure ouvir a opinio de um

    apicultor experiente antes de definir o local do seu apirio. Em relao s flores, quanto mais prximo, melhor. Grosso modo, considere que a flora apcola til situa-se num raio de

    at 1.500 metros do apirio. No apenas a distncia, mas tambm (e principalmente) a quantidade de espcies apcolas e adurao, intensidade e perodo das floradas so importantes na localizao de um apirio fixo. Se voc no tem alternativa,s lhe resta estabelecer o apirio onde possvel e avaliar o seu desempenho por algumas safras. Deficincias na floraapcola podem ser compensadas com o plantio de espcies apropriadas sua regio, ao menos parcialmente.

    Em relao gua, tambm interessante que ela esteja disponvel em local prximo, de fonte limpa. s vezes, umaalternativa vivel fazer um bebedouro para as abelhas, com gua encanada pingando sobre um tanque raso, com areia e

    brita para as abelhas no se afogarem. Respeite a distancia entre apirios, considerando-se a rea til de coleta das abelhas em 1.500 m, trs quilmetros seria

    uma distncia ideal. Qualquer florada produz uma quantidade de nctar que pode ser total ou parcialmente colhido pelasabelhas e outros insetos. Se o tempo permite, mas nem todo o nctar produzido colhido, a rea est insaturada, isto , elaainda admite acrscimo de colmias. Caso contrrio, a rea est saturada, e o acrscimo de colmias acarretar a queda de

    produtividade das demais. Essa condio no imediatamente percebida, mas uma queda de produo contnua por algunsanos pode ter a saturao como causa. A saturao tambm pode ocorrer sem acrscimo de colmias, pela remoo daflora apcola local, por desmatamento ou limpeza de campo.

    Verifique se h agricultores que usam pesticidas nas proximidades. Isso pode ser fatal para suas abelhas ou deixar resduosno seu mel.

    O apirio deve ter acesso fcil - lembre-se de que haver colmias a serem levadas para l e, espera-se, melgueiras muitopesadas a serem retiradas.

    O acesso s colmias deve ser sempre por trs ou pelas laterais, nunca pela frente, pois isso interrompe a linha de vodelas e provoca muito mais ataques.

    Um sombreamento leve muito til nas estaes quentes. Em regies que possuem estaes frias, rvores que perdem asfolhas no inverno so uma boa opo para arborizar o apirio. Uma boa alternativa, especialmente nas regies mais ao Sul, posicionar as colmias numa boca de mato voltadas para o Norte. Desta forma, elas recebero uma incidncia direta desol maior no inverno e menor no vero.

    Locais sujeitos a alagamento so pssimos para as abelhas, pois a umidade dificulta a evaporao do nctar, e para oapicultor, que deve manejar as abelhas em meio lama.

    Terrenos muito ngremes dificultam a movimentao no apirio e sujeitam o apicultor a quedas que podem ter sriasconseqncias.

    prefervel que o lado dos ventos mais fortes fique protegido por algum tipo de quebra-vento, natural, construdo ouplantado.

    Lembre-se que voc pode querer aumentar o apirio no futuro. melhor j pensar numa possvel ampliao e preparartoda a rea de uma vez.

    No esquea de que voc precisar de um local para abrigar os equipamentos, as roupas e as colmias vazias. A distncia do apirio sua casa tambm no pode ser grande demais, para que o manejo possa ser feito numa freqncia

    mnima.

    TIPOS DE COLMEIAS

    A colmia todo tipo de habitao fornecida pelo homem s abelhas. Existem vrios modelos, mas a apicultura modernabrasileira se utiliza basicamente de dois (Modelo Langstroth e o Modelo Schirmer).

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    Toda colmia deve ser construda dentro dos padres tcnicos recomendados ou adquirida diretamente de produtorescredenciados e habilitados. E importante que o apicultor fuja da tentao de baratear seus custos construindo ou adquirindomateriais inadequados, pois a aparente economia inicial poder se transformar num prejuzo futuro.

    Existem inmeros tipos de colmias, desde as mais antigas confeccionadas em tubos de barro ou madeira e cestos de palha ebarro, at as mais modernas que permitem alm de abrigar as abelhas, uma melhor administrao da colnia por parte doapicultor.

    As colmias modernas, criadas por apicultores europeus e americanos, incluem o sistema de quadros mveis, dispostos

    verticalmente dentro de caixas. Nestes quadros, as abelhas so induzidas a construir seus favos. Para isso, os quadros somontados aramados e, sobre o arame, e incrustada uma lmina de cera feita com os fundos dos alvolos estampados com odesenho de hexgono. Essa lmina serve de guia para as abelhas puxarem os favos.

    At hoje, o modelo de colmia mais utilizado no mundo o americano, chamado tambm de colmia Langstroth.Desenvolvido pelo reverendo americano Lorenz Lonaine Langstroth, em meados do sculo XIX, o modelo passou por diversasmodificaes ao longo do tempo, mais ainda a base para quase todas as colmias atuais. Esse tipo de colmia feito levandoem conta as distncias entre os favos, quadros e paredes, cuja medida chamada de Espao Abelha.

    O espao abelha considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espao livre que deve haverentre as diversas partes da colmeia, ou seja, entre as laterais e os quadros, quadros e fundo, quadros e tampa e entre os quadros.Esse espao deve ser de, no mnimo, 4,8 mm e no mximo, 9,5 mm. Se menor, impede o livre transito das abelhas; se maior,ser obstrudo com prpolis ou construo de favos. Na construo das colmeias, o espao abelha deve ser rigorosamenterespeitado.

    O modelo americano de colmia apresenta medidas que a deixam mais comprida e larga do que alta, dificultando a seqnciade postura da rainha, que tem conformao esfrica. Por isso, o apicultor que adota esse modelo de colmia costuma utilizarduas cmaras de cria, conhecidas como ninho e sobre-ninho. Ao perceber este problema, o apicultor brasileiro Bruno Schirmer,do Rio Grande do Sul, desenvolveu a colmia brasileira que tem o seu nome. O trabalho foi desenvolvido atravs de vrias

    pesquisas que duraram cerca de 40 anos. Na colmia Schirmer, a caixa de crias apresenta medidas de altura e largura quaseiguais, com o comprimento um pouco maior. Nela, a esfera de postura no excede os limites fsicos dos favos.

    O apicultor iniciante pode optar pelo modelo de colmia que melhor lhe convier mas no deve misturar os modelos no apiriopara no prejudicar o intercmbio de favos entre as colnias. Um componente bsico na apicultura, independente do tipo decolmia escolhida para a criao, o ncleo. Trata-se de uma colmia desenvolvida em tamanho menor que comporta a metadedos quadros do ninho. Ela serve para abrigar colnias de populao pequena.

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    COLMIA LANGSTROTH

    O modelo de colmia Langstroth constitudo basicamente porum fundo ou assoalho mvel que protege sua parte inferior eabriga o alvado, que o orifcio de entrada e sada das abelhas; umninho, com dez quadros mveis de madeira, reservado rainha e rea de cria e onde so moldados os favos para depsito de mel e

    plen; uma melgueira que abriga quadros com favos, utilizadapara armazenar o mel; uma tela excluidora que impede a passagem

    da rainha para a melgueira; e uma tampa de proteo para cobrir acolmia. Alguns apicultores utilizam a melgueira com a mesmaaltura do ninho. Outros preferem usar a chamada meia-melgueira,que apresenta altura de 14,2 centmetros.

    COLMIA SCHIRMER

    A colmia Schirmer apresenta medidas diferenciadas quando comparadas Langstroth. Os quadros, transversais aocomprimento da caixa, so quase quadrados. Alm disso, a rea de cria tem doze favos, ao invs de dez, cuja disposio abrigauma esfera perfeita e ainda permite um espao para armazenamento de plen junto s crias. Esse tipo de colmia tambm composto por ninho, quadros, fundo alvado, melgueira e tampa. Sua nica diferena est na medida de cada componente queforma a colmia em relao Langstroth.

    COLMIA PIAU

    A colmia Piau lanada em junho/2005, segue o conceito de TBH(Top Bar Hive), se destina produo de cera apcola. Sua disposio

    horizontal facilita as atividades de manejo, principalmente a operaode colheita dos favos, trazendo grande economia de mo de obra econforto no trabalho. Apresenta como nicas medidas mandatrias alargura (igual ao comprimento da Langstroth = 465 mm) e a larguradas barras (mdia do intervalo internacionalmente sugerido = 33 mm).Possui trs compartimentos (um ninho e duas melgueiras laterais). Nomodelo MONOBLOCO, esses compartimentos so separados por

    placas de escape abelha orientados no sentido melgueira ninho, permanentemente instalados na posio vertical, deixando umapassagem de 2,5 cm de altura no fundo da colmia. Unindo estas duasplacas de escape, e disposta na posio horizontal, colocada umaplaca excluidora igualmente permanente, formando-se ento um tnel

    na parte inferior do ninho, que une as duas melgueiras. No topo inferiorde cada placa escape, em toda a sua extenso, preso um perfilmetlico tipo U de 1" x 1/2", o qual serve de guia para uma pea mvel(porteira), que por sua vez um sarrafo de madeira de 2 x 2 cm, cortado semelhana de um redutor de alvado. Esse sarrafovaza as laterais da colmia, usando como guia o perfil U e o cho da colmia.

    No modelo MONO-BLOCO, os favos so colhidos no campo, em procedimento similar coleta de mel na Langstroth. Omodelo MODULAR essencialmente igual ao MONOBLOCO, ressalvando-se que os trs compartimentos so blocosindependentes, o que obriga a que as placas de escape sejam um pouco mais elaboradas, permitindo que as trs caixas possam

    permanecer fechadas aps separao. Na colheita desse segundo modelo, a melgueira transportada para a casa do mel, ondese faz todo o processamento.

    COMO FIXAR A CERA NOS QUADROS

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    Cera alveolada cera de abelha, retira de favos velhos, quedepois de derretida estampada com hexgonos com adimenso mdia dos alvolos. Para esse processo, utilizadoum equipamento chamado cilindro alveolador. As lminas

    produzidas assim so cortadas no formato dos quadros evendidas aos apicultores. Esta cera fornecida s abelhasem substituio a favos velhos ou inutilizados.

    Existem vrias maneiras de se prender a cera alveolada nos

    quadros. Os quadros possuem fios de arame ou nylonatravessados, geralmente no sentido horizontal. A lmina soldada neles com ajuda de um pouco de cera derretida ou,no caso de arames, pelo seu aquecimento por uma correnteeltrica. Arames tambm podem ser incrustados com ajudade uma carretilha. importante que a cera esteja bem fixaao quadro para evitar que o calor interno a deforme ou o

    peso das abelhas a descole do quadro, evitando assim a suaperda ou a puxada de favos tortos e defeituosos.

    Ao posicionar a cera no quadro, melhor usar lminas que aproveitem ao mximo o espao disponvel no quadro. Isso pouparas abelhas de produzirem cera, permitindo-lhes uma produo maior de mel. Mas quando a lmina de cera menor (em altura)do que o espao disponvel no quadro, h duas indicaes de soldagem:

    1. Quando o quadro for destinado postura, prefervel soldar a lmina encostada na barra superior. O espao que sobrarentre a lmina e a barra inferior normalmente no ser puxado com alvolos e, como vantagem, facilitar a movimentaoda rainha e das operrias.

    2. Quando o quadro se destina armazenagem de mel, o ideal soldar a lmina encostada barra inferior. Nessa situao, asabelhas puxam o favo e estendem-no at a barra superior, promovendo um aproveitamento integral do espao e umasolidez muito maior do favo. Isso se reflete num armazenamento maior de mel por quadro, otimizando a funo damelgueira. Alm disso, e talvez mais importante, a resistncia muito maior do favo, quando soldado em cima e embaixo,

    permite uma colheita e uma centrifugao muito menos sujeitas a quebras e despedaamentos. E isso especialmenteimportante quando se usam oito ou nove quadros na melgueira, pois eles se tornam ainda mais pesados do que o normal.

    Para confeccionar um incrustador eltrico base de salmoura veja abaixo:

    Material: 1 frasco de vidro ou plstico para o recipiente da salmoura; 2 metros de fio duplo (no precisa ser muito grosso); 1 pino de tomada macho; 30 cm de fio de cobre (fios de rede eltrica utilizado em residncias); 1 fita isolante.

    Monte o incrustador conforme indicado nafigura abaixo, encha o vidro de gua ecoloque uma pitada de sal. Para aumentarou diminuir a tenso de sada, adicione ou

    reduza a quantidade de sal. Ligue oaparelho na rede eltrica pela tomada ecom a outra extremidade dos dois fios,ser feita a fixao da cera no arame dosquadros.

    Primeiro, os quadros devem ser aramados.O ideal quatro fios em quadro de ninho etrs em quadro de melgueira. O aramedeve ser ancorado no incio, passado pelosfuros e ancorado novamente no fim, semcruzamentos e amarraes intermedirias.Ele deve ficar bem esticado, mas no em excesso, caso contrrio, poder causar deformaes nas laterais do quadro. Coloque a

    lmina sobre os arames, ligue cada plo dos fios a uma extremidade do arame e observe a incrustao ocorrer at a metade,mais ou menos da cera, depois desligue os plos.

    COMO FAZER CAIXAS-ISCA

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    A captura de enxames nas estaes apropriadas um meio muito barato e prticopara ampliao e reposio de colnias no apirio. Em locais de alta saturao deabelhas, a competio por um ninho muito alta entre os enxames, e qualquercolmia ou ncleo deixado ao ar livre pode ser ocupado em pouco tempo. J emlocais onde a saturao mais baixa, as caixas-isca precisam apresentar umaatratividade maior para funcionarem com maior eficincia. Esse tema recebeuateno especial do Departamento de Gentica da Faculdade de Medicina deRibeiro Preto, e da sua equipe, no incio dos anos 80. Eles descobriram que ascaixas de papelo atraem muito mais enxames do que as de madeira, sob mesmas

    condies.

    Os testes realizados levaram os pesquisadores a concluir que a maior probabilidade de captura est associada a caixas-isca comas seguintes caractersticas: cor clara (branca ou amarela), fixada a 2 metros do solo, com alvado de 10 cm 2, com volume deaproximadamente 35 litros, com 5 caixilhos com 1/3 de cera alveolada e com um similar do feromnio de Nasonov, feito a

    partir do Cymbopogon citratus (capim-cidr, capim-limo, erva-cidreira...).

    Estas, provavelmente, so as caractersticas ideais para as condies dos testes, mas nem sempre podem ser reproduzidas. Porexemplo, caixas de papelo usadas podem ser obtidas facilmente em supermercados, mas nem sempre nas dimenses maisadequadas. Pendurar as caixas a 2 m de altura pode ser impraticvel, pela dificuldade de acesso e de fixao numa posioadequada abelhas em caixas tortas tendem a produzir favos tortos, dificultando a sua transferncia posterior. Alvados de 10cm2, dependendo de como forem cortados, podem incentivar o uso da caixa como ninho para pequenos pssaros, dependendodo espao interno disponvel.

    Dentre as infinitas variaes possveis para estas recomendaes, eu tenho adotado algumas que parecem se adequar melhor scondies gerais. Em relao proteo das caixas, uma possibilidade o uso de sacos plsticos, de preferencia em coresclaras. A colocao dos sacos no pode envolver completamente a caixa, para evitar que a gua da chuva acumule no fundo,

    provocando a destruio da caixa de papelo. Basta cortar um retngulo e envolver a parte de cima e as laterais da caixa,fixando as dobras com fita adesiva de boa qualidade, formando uma espcie de capa, que possa ser facilmente retirada depois.

    A facilidade de abertura da prpria caixa outro ponto importante, mas nem sempre observado. Muitas vezes, necessrio daruma espiada no enxame, antes de se decidir que tipo de transferncia dever ser feita. Alm disso, caixas no ocupadastambm precisam ser examinadas periodicamente, para remoo de outros insetos e aranhas, que funcionam como repelentesou predadores das abelhas batedoras (as que procuram um local para o enxame). Abrir uma caixa-isca desdobrando as abasnem sempre prtico e rpido, mas isso pode ser melhorado. Antes de us-la, corte uma tampa superior, com uma borda de 3ou 4 cm. Depois, cole as abas desta tampa e as do fundo da caixa com cola amarela para madeira, que barata e muitoeficiente. Aproveite para colar pedaos de papelo nas frestas entre as abas, para evitar a sada de abelhas quando a caixa-iscaestiver sendo transportada com um enxame capturado.

    A colocao dos quadros pode ser problemtica, dependendo das dimenses da caixa. Eles podem ficar soltos e comespaamento irregular, permitindo a construo de favos tortos, ou apertados demais dentro da caixa, podendo at obstruir oalvado e dificultar a sua retirada quando o enxame estiver instalado. Quando as dimenses da caixa permitem, pode-se colarsarrafos nas suas laterais, de forma a apoiar as extremidades dos quadros, tal como em colmias convencionais. Os quadros nascaixas-isca so muito teis na hora da transferncia, quando esta feita alguns dias depois da captura. Uma alternativa quedeve ser levada em conta, porm, o uso de caixas sem quadros. Quando no h disponibilidade de caixas de tamanho ideal,ou quando o trabalho de adequao muito grande, no h razo para se desprezarem caixas menores.

    Enxames recm capturados podem ser transferidos imediatamente para colmias racionais, e o risco de perda diminui muito se

    forem fornecidos pelo menos um quadro com favo puxado e alimentao em pasta (para no provocar qualquer pilhagem), eusada uma tela excluidora normal, entre o ninho e o fundo, ou uma tela excluidora de alvado. Depois que o enxame tiverocupado a caixa-isca por alguns dias, a transferncia pode ser feita da mesma forma, usando tcnicas de captura de enxamesalojados, mas o cuidado na remoo dos favos, favos novos possuem muita fragilidade.

    Dependendo da altura da caixa e da posio dos quadros, o melhor alvado pode ter cerca de 1 cm de altura e 6 cm de largura,por exemplo. Isso evita a entrada de passarinhos e, ao menos pelas minhas observaes, no parece diminuir o interesse dasabelhas. Outra opo usar um alvado mais alto e colar um palito atravessado no meio, permitindo uma ventilao melhor dacaixa em locais quentes, mas sem dar chance aos pssaros.

    A atratividade das caixas pode ser efetivamente aumentada com o uso do Cymbopogon citratus, esfregado nas suasparedes internas. O cheiro, porm, dura pouco, e deve ser renovado com freqncia. Alguns apicultores deixam as folhas docapim-limo macerar em lcool, junto com restos de prpolis, e pulverizam regularmente o interior das caixas. Outros pem

    favos velhos dentro das caixas-isca e deixam-nas abertas ao sol, de forma que parte da cera derretida impregne a superfcieinterna. Tambm h quem use os quadros sados do derretedor solar, sem os favos, mas no raspados, de forma a deixar umpouco da cera nas traves superiores e restos de prpolis.

    A colocao das caixas deve obedecer alguns critrios bsicos. Primeiro, ela deve ficar firme, pois o vento pode arranc-la dolugar ou sacudi-la a ponto de afastar qualquer enxame que a tenha ocupado. Segundo, ela deve ser acessvel para inspeo. Um

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    telhado ou um galho alto de rvore podem ser uma opo boa para colocar a caixa, mas ruim para vistori-la e pssima pararetir-la com um enxame dentro. Terceiro, ela deve ficar bem nivelada com a horizontal. No h problema em que ela fique um

    pouco inclinada para a frente; isso at desejvel, para evitar o acmulo de gua dentro, mas qualquer inclinao lateralprovocar uma construo de favos tortos, podendo causar um grande transtorno na hora da transferncia. Esse problema, claro, s importante para caixas-isca com quadros. Quarto, o apicultor precisa aprender os melhores locais para a suacolocao. Boca de mato, com sombreamento leve, uma recomendao freqente, mas no essencial. Pode-se usar osmoures de cerca, pregando uma plataforma bem simples no seu topo ou improvisar um suporte na sua lateral.

    CAPTURA DE ENXAMES ALOJADOS

    Localizado o enxame, a primeira providncia cuidar do material que ser usado na operao: alm da vestimenta completa edo fumegador, o apicultor precisar de uma colmeia que pode ser um ncleo ou um ninho dependendo do tamanho do enxamealojado; pelo menos 2 quadros com cera alveolada; ;faca para cortar os favos (se houver); barbantes ou gominhas de prenderdinheiro; vassourinha de pelos macios (opcional); uma vasilha tipo concha e um saco plstico as sobras ou favos noaproveitados, e uma gaiola de rainhas que pode ser feita com aqueles bobs de cabelo ou algo que sirva para mante-la presadurante o processo de captura.

    A captura do enxame deve ser feita exatamente como se deve trabalhar com as abelhas no apirio: Procure trabalhar sempreem dias claros ou de sol, quentes, se possvel. Nestas condies, um nmero maior de campeiras estar trabalhando na coletade nctar e plen. Assim, menos abelhas estaro defendendo a colmia, no momento da operao. Faa o trabalho com

    pacincia. Movimentos calmos, cuidadosos e delicados so indispensveis. Qualquer gesto mais brusco pode irritar as abelhas

    e tornar impraticvel a tarefa, sem falar nos riscos para sua prpria segurana. Nunca dispense o uso do fumegador e jamaistrabalhe sem a vestimenta apropriada.

    Agora que j estamos preparados para lidar com as abelhas, vamos ver quais as situaes mais comuns para a captura deenxames.

    1 Caso - Enxames localizados em rvores, beirais etc. Isso acontece quando uma famlia est enxameado, isto , multiplicandoa colnia e procurando uma nova moradia. Neste caso, aproxime- se do enxame viajante com a caixa completa, contendo osquadros j preenchidos com cera alveolada e previamente borrifada com xarope de erva-cidreira. Borrife as abelhas com o um

    pouco de fumaa, para diminuir sua agressividade. Co a ajuda de um parceiro, segure a caixa, com seu bojo exatamente sob oenxame. Caber ao outro a tarefa de sacudir sobre ela o "bolo" de abelhas, com um golpe rpido e seco. Coloque a tampa dacaixa, e procure mant-la durante algum tempo, bem prxima ao local para que as abelhas soltas entrem para a caixa. Aguardeat o anoitecer para realizar a transferencia.

    2 Caso - Enxames em locais de difcil acesso (cupinzeiro, ocos de rvores, fendas de pedras, forros de casas), o procedimento diferente. Antes de mais nada, trate de dirigir a fumaa para a colmia natural, para acalmar as abelhas. Usando umaferramenta adequada para cada caso (enxada, faco, foice ou machado), abra um acesso aos favos no seu interior. Procurelocalizar os favos com cria. Eles so a chave da operao, pois , uma vez capturados e transferidos para sua caixa, vo atrairtodas as abelhas da colmia. As crias atuam, portanto ,como verdadeiras "iscas". Remova-os com a ajuda da faca, recortandoos no maior tamanho possvel. Encaixe estes favos nos quadros vazios e prenda-os firmemente com o barbante ou as gominhas.Caso haja favos vazios ou com mel, a distribuio no interior da colmia deve ser a seguinte: favos com cria no centro, depoisos favos vazios ou com plen e nas extremidades, favos com mel. Durante o processo de transferencia dos favos, procurelocalizar a rainha, caso a encontre, com muito cuidado poder prend-la na gaiolinha temporariamente. Depois disso, asabelhas e, especialmente a rainha, devem ser transferidas para a nova caixa, com ajuda de uma concha ou caneca. Enquanto arainha no for transferida, as abelhas no permanecero na nova casa. Ao contrrio, quando a rainha estiver l, as abelhasrestantes entraro por conta prpria.

    Finalizada a operao de transferncia, instale sua caixa exatamente no mesmo lugar da colmia original, tomando o cuidadode manter o alvado na mesma posio da entrada da antiga colmia. Ela dever permanecer neste ponto at o fim do dia paracapturar o mximo de abelhas campeiras.

    TRANSFERENCIA DA NOVA COLNIA PARA O APIRIO

    Para a transferncia noite, tampe o alvado com uma tela para ventilao ou espuma, e transfira sua caixa para o apiriodefinitivo. Se preferir fazer a transferencia durante o dia, ir precisar de uma tela com escape invertido, esta tela permite que asabelhas campeiras entrem na caixa e no possam mais sair. A tela dever ser fixada no alvado pelos menos duas horas antes datransferncia, este o tempo necessrio para que todas as campeiras retornem para a colmeia.

    Se o apirio estiver a mais de 3 km, basta esperar at que o enxame esteja bem ambientado, com as campeiras trabalhando

    bastante. Tambm importante que o enxame esteja bem alojado, com bons favos de cria e quadros bem seguros, para que otransporte no os danifique.

    Se o apirio estiver prximo, h trs possibilidades: A primeira na noite seguinte ao dia de captura. Essa a melhor opo, mas s pode ser feita se a distncia permitir um

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    transporte manual e extremamente cuidadoso, que no perturbe o enxame, pois ele estar em forma de cortina, construindoos favos. Como as campeiras mal comearam a tarefa de coleta, elas ainda no se habituaram ao novo local, e a perda nodia seguinte, por retorno ao local da captura, ser mnima.

    A segunda possibilidade mover a caixa para um local distante mais de 3 km, deix-lo por l duas semanas e depoistransferi-lo para o apirio. Para isso, a colmia deve estar em boas condies para resistir ao transporte.

    Uma terceira possibilidade a movimentao direta do local de captura para o apirio prximo por volta do 30 dia decaptura. Nesta poca, grande parte das campeiras originais j morreram ou esto prximas do fim, enquanto que a primeiragerao de abelhas novas est quase pronta para iniciar as tarefas de coleta. Assim uma transferncia para um local

    prximo causa uma perda relativamente pequena de campeiras por retorno ao local de origem, e ainda assim de campeirasvelhas.

    Uma vez transferido o enxame, importante aliment-lo para acelerar o seu desenvolvimento. A primeira alimentao noapirio deve ser em pasta, para evitar pilhagem. As demais podem ser lquidas, preferencialmente dentro da colmia, se oenxame for pequeno. Enxames capturados em caixa-isca muitas vezes se desenvolvem rapidamente se as condies forem

    boas, e, ao final da safra, podem at produzir um pouco de mel. Se no o fizerem, pelo menos provvel que estejam prontospara a safra seguinte, especialmente se a sua rainha for trocada por uma nova. Quando o seu desenvolvimento for muito lento,o melhor uni-los a outros enxames maiores.

    O MANEJO

    O verdadeiro trabalho do apicultor comea aps a instalao de suas primeirascolmias. aqui que comeam as diferenas entre a apicultura racional da pilhagemou explorao de enxames que vivem em estado natural. E o papel do apicultor o deamparar suas abelhas nos momentos mais difceis, para poder beneficiar-se nosestgios em que as colmias se encontram na plenitude produtiva.

    Para tanto, preciso que se entenda que a colnia vive em constante ciclo: nosperodos de escassez de alimento, a famlia definha, os zanges so expulsos dacolmia, cai a postura da rainha e, conseqentemente, diminui ou cessa a produo demel, plen e cera.

    nesse momento que entra a ao do apicultor, socorrendo sua colnia. Ele deveprovidenciar alimento artificial para sua criao (como veremos adiante), reduzir a

    entrada do alvado nos perodos de frio, para auxiliar a manuteno da temperaturaambiente no interior da colmia, fornecer cera alveolada para poupar as abelhas datrabalhosa tarefa de produzir cera, verificar o estado dos quadros etc.

    J nas pocas de floradas abundantes, a produo de mel da colnia, desde que em tudo esteja correndo satisfatoriamente, farta o bastante para que o apicultor possa colher boa parte para si, sem causar prejuzo s abelhas. Igualmente cresce a

    produo de plen, cera, gelia real e prpolis, que pode ser explorada, racionalmente, pelo apicultor. A colnia cresce,permitindo que o apicultor promova o desenvolvimento de seu apirio, fortalecendo famlias fracas, desdobrando colnias maisvigorosas, aumentando assim seu apirio e criando novas rainhas para substituir as j velhas, cansadas e decadentes

    EQUIPAMENTOS NECESSRIOS

    Antes de denominar as tcnicas de manejo na criao das abelhas, o apicultor deve conhecer os equipamentos, ferramentas e,principalmente, a indumentria, a vestimenta com que ir trabalhar. As abelhas no so propriamente animais dceis . Elastratam de defender sua famlia contra qualquer tipo de ameaa (portanto so defensivas), e atacam todos os que consideramsuspeitos. Assim, para trabalhar com abelhas, o apicultor deve, antes de mais nada, estar adequadamente vestido, paradefender-se de eventuais picadas. Na hora do manejo, as ferramentas essenciais so a vestimenta adequada, o fumegador, oformo e o espanador.

    A VESTIMENTA

    A vestimenta bsica composta por uma mscara, um macaco, um par de luvas e um par de botas. melhor tipo de mascara o de pano, com visor de tela metlica ou plstica, pintada com tinta preta e fosca, que permite

    melhor visibilidade. Este tipo de mscara sustentado por chapu de palha ou vime e fechada com um longo cadaro,que amarrado sobre o macaco.

    As luvas devem ser finas o suficiente para que o apicultor no perca totalmente o tato - fator de grande importncia namanipulao das abelhas mas que ofeream segurana. As luvas de plstico, muitas vezes no so resistentes s ferroadas, tem o inconveniente de no permitir a evaporao do suor das mos, o que dificulta os trabalhos e cujo o odor podeirritar as abelhas. As luvas de couro fino, brancas, so as mais indicadas.

    macaco deve ser constitudo de uma nica pea. Ele tambm deve ser largo, folgado o suficiente para no criarresistncia junto ao corpo, o que permitiria a ferroada da abelha. As extremidades do macaco (mangas e pernas) devem

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    ser arrematadas com elstico, para impedir a entrada de abelhas na vestimenta e o tecido deve ser resistente para defendero corpo de ferroadas. O brim bastante utilizado e oferece uma boa proteo. Algumas vestimentas so compostas de

    jaqueta e mscara separadas da cala, que pode ser um jeans ou uma cala de brim. Finalmente, no se esquea das botas. As melhores so as de borracha, branca, de cano mdio ou longo, sobre o qual

    ajustada a bainha do macaco.

    Importante: lembre - se sempre que as abelhas particularmente sensveis s tonalidades escuras, especialmente ao preto e aomarrom. As abelhas tm verdadeira averso a estas cores, que provocam seu ataque. Por isso, toda a indumentria do apicultordeve ser de cor clara. As mais indicadas so o branco, o amarelo e o azul-claro, tons que no as irritam.

    UTENSLIOS OBRIGATRIOS

    Fumegador um utenslio indispensvel para qualquer tipo de trabalho. Sua funo a de diminuir a agressividade dasabelhas. um cilindro metlico - a fornalha, acoplado a um fole. H dois modelos bsicos, o tradicional, usado no mundointeiro, e um modelo brasileiro, conhecido como SC-Brasil. O modelo brasileiro maior e mais apropriado para setrabalhar com africanizadas, pois essas abelhas requerem mais fumaa. Mas preciso lembrar que a fumaa entra emcontato e deixa resduo em toda a colmia, inclusive no mel. Por isso bom moderar o uso do fumegador e usar