Curso Ciencias Políticas

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CIENCIAS POLITICAS Prof. Dr. Clovis de Barros Filho 1 aula: Que é política? Em política ninguém é virgem. A política em perspectiva comum, da maioria esta referida à eleição ou gestão da coisa pública, quer dizer em nada que seja da maioria das pessoas, por isso a ideia de que política não tem nada a ver com a maioria. Aristóteles: a natureza se rege pelo PRINCIPIO DE NECESSIDADE, isto é entendendo a necessidade como o único jeito que é ou podem passar a coisas, por exemplo, os fatos naturais. Quando a vida pode ser outra, falamos do PRINCIPIO DA CONTINGÊNCIA, referido a aquilo que é de uma forma, mas poderia não ser ou ser de outra. Se nós nos organizamos de um jeito, esse jeito que a coisa funciona poderia não ser assim. Dominação: fazer acreditar que as relações entre as pessoas são inexoravelmente do jeito que são. Um artifício para convencer a todos de que as coisas são como são é compará-las a natureza (Naturalismo ou biologismo das relações sociais). (Pierre Bourdieu “A dominação masculina”). Os aspectos naturais não esgotam a natureza humana. Nossa convivência pode ser rediscutida o redefinida a luz da nossa inteligência, de quem convive. A política tem a ver do que pensamos de nossa convivência e que não é regido pela nossa natureza. A política é o que há de CONTINGENTE na nossa convivência. A política é a inteligência a serviço de uma convivência aperfeiçoada. Os papeis sociais são definidos pela vontade de alguns e da inteligência, então pode ser diferente. A política tema ver com a convivência, a organização da vida em coletivos, a partir da perspectiva de que esta organização não é definida para sempre por alguém mas resulta invariavelmente de disposições, investimentos e engajamentos de seus agentes.

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CIENCIAS POLITICAS

Prof. Dr. Clovis de Barros Filho

1 aula: Que é política?

Em política ninguém é virgem. A política em perspectiva comum, da maioria esta referida à eleição ou gestão da coisa pública, quer dizer em nada que seja da maioria das pessoas, por isso a ideia de que política não tem nada a ver com a maioria.

Aristóteles: a natureza se rege pelo PRINCIPIO DE NECESSIDADE, isto é entendendo a necessidade como o único jeito que é ou podem passar a coisas, por exemplo, os fatos naturais.

Quando a vida pode ser outra, falamos do PRINCIPIO DA CONTINGÊNCIA, referido a aquilo que é de uma forma, mas poderia não ser ou ser de outra. Se nós nos organizamos de um jeito, esse jeito que a coisa funciona poderia não ser assim.

Dominação: fazer acreditar que as relações entre as pessoas são inexoravelmente do jeito que são. Um artifício para convencer a todos de que as coisas são como são é compará-las a natureza (Naturalismo ou biologismo das relações sociais). (Pierre Bourdieu “A dominação masculina”).

Os aspectos naturais não esgotam a natureza humana. Nossa convivência pode ser rediscutida o redefinida a luz da nossa inteligência, de quem convive. A política tem a ver do que pensamos de nossa convivência e que não é regido pela nossa natureza. A política é o que há de CONTINGENTE na nossa convivência. A política é a inteligência a serviço de uma convivência aperfeiçoada.

Os papeis sociais são definidos pela vontade de alguns e da inteligência, então pode ser diferente.

A política tema ver com a convivência, a organização da vida em coletivos, a partir da perspectiva de que esta organização não é definida para sempre por alguém mas resulta invariavelmente de disposições, investimentos e engajamentos de seus agentes.

Ética e política tem o mesmo fundamento: a contingência da vida humana em convivência. Uma vida contingente é igual a uma vida que não esta pronta.

Política: preocupação sistemática com a escolha. Escolher é identificar a alternativa de maior valor e para isso é preciso dar valor, outorgar valor a cada alternativa.

O fato de que na natureza tudo é necessariamente do jeito que é, e na ética, política e cultura o que há é escolha e deliberação livre não quer dizer que a política não tem a ver com a nossa natureza.

A política é a gestão de desejos contraditórios. Desejos que no estagio público se materializam em interesses, estratégias, Cartas de intenção, propostas e programas.

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A política é problemática porque a índole desejante do homem esbarra em um mundo escasso, onde não há como satisfazer todos os desejos de todo o mundo.

Hobbes “Leviatã”: se o homem é por natureza desejante, a cidade é por natureza uma guerra de todos contra todos. A satisfação de qualquer desejo implica a redução dos desejos que façam obstáculo.

Platão “O Banquete”. “desejo é a inclinação do homem para aquilo que não tem”.

Amor = Desejo = Carência. (Macabro)

Resilencia: é você retomar uma forma inicial depois de ser submetido a uma violenta opressão. É ter seu trabalho explorado e estar no dia seguinte com frescor primaveral para uma nova sessão de exploração.

“Gente que se leva demais a serio”: aquelas pessoas que estão convencidas de que são aquilo que a sociedade diz que são. Agir teatralmente para justificar a identidade que a sociedade conferiu. (Sartre “A náusea”).

Caracteriza-se pela insatisfação ou pela procura da satisfação (uma insatisfação desejante). A política é a gestão do desejo; a gestão da busca da redução interrupta de uma certa falta; a gestão dos desejos em conflito: a política não é a gestão da satisfação.

Desejo como motor da historia.

Buscar as motivações reais por trás das informações

Spinoza “potencia de agir”, “essência” afeto de alegria. Lógica do conatus: a busca pela alegria e o escape da tristeza em prol da própria potência de agir. Não é pelo simples fato de não ter, da carência que se deseja, precisa-se da determinação da alegria (determinará nossa alegria).

Em Spinoza o amor é alegria e não desejo, porque o desejo é pelo encontro com o mundo que supõe alegrará. E o amor é pelo encontro com o mundo que alegra, amor é alegria mais a ideia de sua causa, a causa da sua alegria.

A política é a gestão da alegria e da tristeza. Qual é a organização social que permite a melhor gestão possível dos afetos de alegria e tristeza dentro de um determinado espaço?

Spinoza parte III da ética. Você tem uma essência e a essa é a energia que você tem para viver (potencia de agir) viver é relacionar-se com o mundo, quer dizer afetar e afetar-se pelo mundo.

Potencia de agir aumenta se chama de afeto de alegria, passagem para estado mais potente e perfeito do ser, alegria no é um estado é um afeto.

“Mais de você em você mesmo” conceito Spinoza da alegria. Passamos nosso tempo buscando mundos que supomos nos alegrará e fugindo de outros que nos entristecera “conatus”.

Política na prática

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A identificação das reais motivações de um discurso, obriga ir além do declarado no discurso> este trabalho é necessário quando nós nos deparamos com uma tomada de posição que envolvam alguma relação de poder.

Nietzsche “Além do bem e do mal” toda palavra é uma mascara, todo discurso é uma fraude e toda filosofia é uma pantomima genealógica. A gênese de um discurso não esta no dito senão no escondido.