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Curso completo
Professora Sílvia Gelpke
Literatura
A música no Enem
A cada edição do Enem, deparamo-nos com letras de canções de
diferentes épocas e de estilos variados. Sejam de “dor de cotovelo” ou de crítica
social, exigem do candidato certo conhecimento do momento em que foram
produzidas, da cultura da região e, principalmente, da mensagem que elas
querem transmitir.
Não muito diferente das questões comuns de interpretação de texto, as
que envolvem música no seu enunciado necessitam de uma leitura atenta para
que se entenda o que é pedido; ultrapassada essa etapa, procede-se à análise
dos versos.
A interpretação de textos é fundamental para o bom desempenho do
candidato nas diferentes provas do Enem, pois tanto a área de Ciências
Humanas, Linguagens, ou mesmo Matemática, requerem como condição
primeira o entendimento do que é proposto. Sem a compreensão exata do que
é pedido, o caminho para se chegar à resposta correta tende a ficar mais
complicado.
É de nosso conhecimento que o número de questões envolvendo trechos
de livros, notícias, charges, tirinhas, piadas e poemas nas provas do Enem é
bastante expressivo. Por esse motivo, uma interpretação criteriosa,
fundamentada no texto, evitando extrapolações, torna-se imprescindível para
que não deixemos escapar as informações essenciais do texto.
Não há segredo para uma boa atuação nessas questões: quem tem a
leitura como uma atividade rotineira e a escrita como prática constante, não
encontra dificuldades na hora do exame.
Importante também é chegar ao local de prova com antecedência e em
forma, com mente e corpo preparados para a maratona. No mais, aluno do QG
tira essa de letra!!!
Confira alguns autores e bandas requisitados no Enem nos últimos
anos:
Luiz Gonzaga (Exu - PE - 1912\PE – 1989)
Foi um dos mais importantes representantes da música popular
brasileira. Foi compositor e passou para a história da música como o "Rei
do Baião". Destacou-se pela criação de melodias e harmonias, além de
ser um excelente instrumentista. Embora tenha sido extremamente
popular no sertão nordestino, sua canções fizeram sucesso em todo o
Brasil.
Estilo Musical
- Abordou temas ligados à vida no sertão nordestino (injustiças,
pobreza, alegrias, sofrimento do povo etc.);
- Músicas acompanhadas ao som dos seguintes instrumentos
musicais: sanfona (acordeão), triângulo e zabumba;
- Levou durante quase toda sua vida musical muita alegria, através
de sua música, para os forrós pé-de-serra e festas juninas realizados nos
quatro cantos do Nordeste brasileiro.
Wilson Simonal de Castro (RJ – 1938\SP – 2000)
Foi um cantor de muito sucesso nas décadas de 1960 e 1970, chegando
a comandar um programa na TV Tupi, Spotlight, e dois programas na TV
Record, Show em Si... Monal e Vamos S'imbora, e a assinar o que foi
considerado na época o maior contrato de publicidade de um artista brasileiro,
com a empresa anglo-holandesa Shell.
Em 2012, Wilson Simonal foi eleito o quarto melhor cantor brasileiro de
todos os tempos pela revista Rolling Stone Brasil.
Paulo Emílio Vanzolini (SP – 1924\SP – 2013)
Foi um zoólogo e compositor brasileiro, autor de famosas canções como
"Ronda", "Volta por Cima" e "Na Boca da Noite".
Gabriel, o Pensador (RJ – 1974)
Gabriel é um rapper, compositor, escritor, empresário e ativista social.
Iniciou sua carreira musical ao lançar uma fita de demonstração com a música
"Tô Feliz (Matei o Presidente)", sendo logo contratado pela Sony Music. Pela
gravadora tem lançados sete álbuns: Gabriel o Pensador, Ainda É Só o
Começo, Quebra-Cabeça, Nádegas a Declarar, Seja Você Mesmo (mas não
Seja sempre o Mesmo) e Cavaleiro Andante. Seu último álbum, Sem Crise, foi
lançado de forma independente.
Noel Rosa (RJ -1910\RJ-1937)
Foi um compositor, cantor e violonista brasileiro. Um dos mais importantes
artistas da historia da música popular brasileira. Em pouco tempo de vida
compôs mais de 300 músicas, entre sambas, marchinhas e canções. Entre suas
músicas destacam-se, "Com que roupa", seu primeiro sucesso, "Conversa de
botequim", "Feitiço da Vila" e "Fita amarela". Ficou conhecido como "O Poeta da
Vila", Vila Isabel, bairro onde nasceu, no Rio de Janeiro.
Os mutantes (1966\1978)
Os Mutantes é uma banda brasileira de rock psicodélico formada no ano
de 1966, em São Paulo, por Arnaldo Baptista (baixo, teclado, vocais), Rita
Lee (vocais) e Sérgio Dias (guitarra, baixo, vocais). Também participaram do
grupo Liminha (baixista) e Dinho Leme (bateria).
A banda é considerada um dos principais grupos do rock brasileiro. Além
do inovador uso de feedback, distorção e truques de estúdio de todos os tipos,
os Mutantes foram os pioneiros na mescla do rock and roll com elementos
musicais e temáticos brasileiros. Outra característica do grupo era a irrevêrencia.
Se antes dos Mutantes o gênero no Brasil era basicamente imitativo, a partir do
pioneirismo de Arnaldo, Sérgio e Rita, abriu-se o caminho do hibridismo.
Os Mutantes iniciou suas atividades em 1966, como um trio, quando se
apresentaram em um programa da TV Record, até terminar em 1978 com
apenas Sérgio Dias como integrante original. Ao longo destes doze anos, foram
gravados nove álbuns - sendo que dois deles, O A e o Z e Tecnicolor, foram
lançados apenas na década de 1990. Foi nessa década que foi reconhecida no
cenário do rock nacional e internacional a importância dos Mutantes como um
dos grupos mais criativos, dinâmicos, radicais e talentosos da era psicodélica e
da história da música brasileira e mundial.
Blitz (1980\1984)
Blitz foi uma das bandas precursoras do rock brasileiro. O grupo foi
formado no Rio de Janeiro, em 1980. Integrado por Evandro Mesquita, guitarra
e voz; Fernanda Abreu, backing vocal; Marcia Bulcão, backing vocal; Ricardo
Barreto, guitarra; Antônio Pedro Fortuna, baixo; William "Billy" Forghieri,
teclados; e Lobão (depois substituído por Juba), bateria.
Em 1982, o primeiro compacto, "Você Não Soube Me Amar", alcançou um
sucesso estrondoso, logo seguido pelo álbum "As Aventuras da Blitz",
consolidando a banda como fenômeno de massa.
Dois anos após o lançamento do terceiro LP — "Blitz 3", de 1984 —, a
banda se desfez, voltando a se reunir ocasionalmente para shows ou eventos.
Com um rock leve, letras bem-humoradas e performance teatral no palco,
a Blitz tocou no Rock In Rio de 1985.
Em 1997, alguns ex-integrantes se reuniram e gravaram o CD "Línguas"
e, em 1999, veio outro, intitulado “Últimas Notícias”.
Atualmente Evandro, Billy e Juba trabalham no projeto de um CD/DVD ao
vivo, com participações especiais, músicas novas e releituras dos grandes
sucessos.
Geraldo Vandré (João Pessoa, 1935 -)
Geraldo Vandré é um cantor, compositor e violonista, conhecido por ser
um dos nomes mais célebres da música popular brasileira.
Vandré iniciou carreira musical nos anos 60, tornando-se famoso pelas
suas músicas que se tornaram ícones da oposição ao regime militar de 1964,
como "Porta Estandarte", "Arueira", "Pra não dizer que não falei das flores", a
qual ficou conhecida pela primeira palavra: “Caminhando”.
OBS. Na última edição do Enem (2016), foram contempladas canções de
Chico César e Chico Buarque – na primeira e segunda aplicação,
respectivamente –, e em 2015 foram utilizadas músicas de Chico Buarque,
Toquinho e Vinicius, Pixinguinha e do mestre Luiz Gonzaga.
Desenvolvendo Competências
1. (Enem)
Texto I
Chão de esmeralda
Me sinto pisando
Um chão de esmeraldas
Quando levo meu coração
À Mangueira Sob uma chuva de rosas
Meu sangue jorra das veias
E tinge um tapete Pra ela sambar
É a realeza dos bambas
Que quer se mostrar
Soberba, garbosa
Minha escola é um catavento a girar
É verde, é rosa
Oh, abre alas pra Mangueira passar
BUARQUE, C.; CARVALHO, H. B. Chico Buarque de Mangueira. Marola Edições Musicais Ltda. BMG. 1997.
Disponível em: www.chicobuarque.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010.
Texto II
Quando a escola de samba entra na Marquês de Sapucaí, a plateia delira,
o coração dos componentes bate mais forte e o que vale é a emoção. Mas, para
que esse verdadeiro espetáculo entre em cena, por trás da cortina de fumaça
dos fogos de artifício, existe um verdadeiro batalhão de alegria: são costureiras,
aderecistas, diretores de ala e de harmonia, pesquisador de enredo e uma
infinidade de profissionais que garantem que tudo esteja perfeito na hora do
desfile.
AMORIM, M.; MACEDO, G. O espetáculo dos bastidores. Revista de Carnaval 2010: Mangueira. Rio de
Janeiro: Estação Primeira de Mangueira, 2010.
Ambos os textos exaltam o brilho, a beleza, a tradição e o compromisso
dos dirigentes e de todos os componentes com a escola de samba Estação
Primeira de Mangueira. Uma das diferenças que se estabelece entre os textos é
que
a) o artigo jornalístico cumpre a função de transmitir emoções e sensações, mais
do que a letra de música.
b) a letra de música privilegia a função social de comunicar a seu público a crítica
em relação ao samba e aos sambistas.
c) a linguagem poética, no Texto I, valoriza imagens metafóricas e a própria
escola, enquanto a linguagem, no Texto II, cumpre a função de informar e
envolver o leitor.
d) ao associar esmeraldas e rosas às cores da escola, o Texto I acende a
rivalidade entre escolas de samba, enquanto o Texto II é neutro.
e) o Texto I sugere a riqueza material da Mangueira, enquanto o Texto II destaca
o trabalho na escola de samba.
2. (Enem)
Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo pra xaxar
Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que tou aqui com alegria.
(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em <www.luizluagonzaga.mus.br > Acesso em 5 mai 2013)
A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório
linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma do falar popular
regional é
a) “Isso é um desaforo”
b) “Diz que eu tou aqui com alegria”
c) “Vou mostrar pr’esses cabras”
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”
e) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”
3. (Enem)
Carta ao Tom 74
Rua Nascimento Silva, cento e sete
Você ensinando pra Elizete
As canções de canção do amor demais
Lembra que tempo feliz
Ah, que saudade,
Ipanema era só felicidade
Era como se o amor doesse em paz
Nossa famosa garota nem sabia
A que ponto a cidade turvaria
Esse Rio de amor que se perdeu
Mesmo a tristeza da gente era mais bela
E além disso se via da janela
Um cantinho de céu e o Redentor
É, meu amigo, só resta uma certeza,
É preciso acabar com essa tristeza
É preciso inventar de novo o amor
MORAES, V.; TOQUINHO. Bossa Nova, sua história, sua gente. São Paulo: Universal; Philips,1975 (fragmento).
O trecho da canção de Toquinho e Vinícius de Moraes apresenta
marcas do gênero textual carta, possibilitando que o eu poético e o interlocutor
a) compartilhem uma visão realista sobre o amor em sintonia com o meio urbano.
b) troquem notícias em tom nostálgico sobre as mudanças ocorridas na cidade.
c) façam confidências, uma vez que não se encontram mais no Rio de Janeiro.
d) tratem pragmaticamente sobre os destinos do amor e da vida citadina.
e) aceitem as transformações ocorridas em pontos turísticos específicos.
4. (Enem)
Texto I
Mama África
Mama África (a minha mãe)
é mãe solteira
e tem que fazer
mamadeira todo dia
além de trabalhar
como empacotadeira
nas Casas Bahia
Mama África tem tanto o que fazer
além de cuidar neném
além de fazer denguim
filhinho tem que entender
Mama África vai e vem
mas não se afasta de você
quando Mama sai de casa
seus filhos de olodunzan
rola o maior jazz
Mama tem calos nos pés
Mama precisa de paz
Mama não quer brincar mais
filhinho dá um tempo
é tanto contratempo
no ritmo de vida de Mama
CHICO CÉSAR. Mama África. São Paulo: MZA Music, 1995.
A pesquisa, realizada pelo IBGE, evidencia características das famílias
brasileiras, também tematizadas pela canção Mama África. Ambos os textos
destacam o(a)
a) preocupação das mulheres com o mercado de trabalho.
b) responsabilidade das mulheres no sustento das famílias.
c) comprometimento das mulheres na reconstituição do casamento.
d) dedicação das mulheres no cuidado com os filhos.
e) importância das mulheres nas tarefas diárias.
5. (Enem)
Capa do LP Os Mutantes, 1968. Disponível em: http://mutantes.com. Acesso em: 28 fev. 2012.
(Foto: Reprodução/Enem)
A capa do LP Os Mutantes, de 1968, ilustra o movimento da contracultura. O
desafio à tradição nessa criação musical é caracterizado por
a) letras e melodias com características amargas e depressivas.
b) arranjos baseados em ritmos e melodias nordestinos.
c) sonoridades experimentais e confluência de elementos populares e eruditos.
d) temas que refletem situações domésticas ligadas à tradição popular.
e) ritmos contidos e reservados em oposição aos modelos estrangeiros.
6. (Enem)
Aqui é o país do futebol
Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
Olha o sambão, aqui é o país do futebol
[...]
No fundo desse país
Ao longo das avenidas
Nos campos de terra e grama
Brasil só é futebol
Nesses noventa minutos
De emoção e alegria
Esqueço a casa e o trabalho
A vida fica lá fora
Dinheiro fica lá fora
A cama fica lá fora
A mesa fica lá fora
Salário fica lá fora
A fome fica lá fora
A comida fica lá fora
A vida fica lá fora
E tudo fica lá fora
SIMONAL, W. Aqui é o país do futebol. Disponível em: www.vagalume.com.br.
Acesso em: 27 out. 2011 (fragmento).
Na letra da canção Aqui é o país do futebol, de Wilson Simonal, o futebol, como
elemento da cultura corporal de movimento e expressão da tradição nacional, é
apresentado de forma crítica e emancipada devido ao fato de
a) reforçar a relação entre o esporte futebol e o samba.
b) ser apresentado como uma atividade de lazer.
c) ser identificado com a alegria da população brasileira.
d) promover a reflexão sobre a alienação provocada pelo futebol.
e) ser associado ao desenvolvimento do país.
Gabarito:
1. C
2. C
3. B
4. B
5. C
6. D
Professora Responsável pelo Conteúdo
Sílvia Gelpke
Formada em Letras (Português/Literatura) pela Universidade Castelo
Branco - RJ em 1989 e pós-graduada em Literatura Brasileira pela FEUC - RJ
em 1991. Mestra em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP em 2011. Membro
da banca de correção das provas de Língua Portuguesa dos
seguintes concursos vestibulares por vários anos consecutivos: UERJ, UFRJ,
UFF. Professora com larga experiência na preparação de alunos para o
vestibular e o Enem das redes Anglo e Salesiano.