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CURSO DE FORMAÇÃO DE AGENTES PASTORAL – CPP Síntese do 1º Módulo, pela Ir. Neusa Francisca do Nascimento Tema: Espiritualidade e educação popular na prática libertadora de Jesus O “Fazer” segundo o Evangelho de Mateus. Neusa Francisca do Nascimento, IDP Abril de 2012 - Buritizeiro, MG APRESENTAÇÃO O texto que segue, trata-se de um trabalho de síntese do conteúdo do 1º módulo do curso de formação de agentes do CPP (Conselho Pastoral dos Pescadores). O mesmo teve como tema: Espiritualidade e educação popular na prática libertadora de Jesus, tendo como foco o “fazer” segundo o Evangelho de Mateus, provocando uma reflexão sobre o “fazer” da Pastoral Social, e, conseqüentemente, levando os agentes do CPP à mesma reflexão. A etapa desde módulo realizou-se no período de 25 a 27 de Novembro de 2011, no Recanto dos Pescadores, sede do CPP Nacional, em Olinda/PE. Teve como assessoria o Padre José Antonio Pecchia, SJ. A reflexão introdutória do texto é uma reflexão baseada no livro Jesus aproximação histórica do autor José Antônio Pagola e tem o intuito de contribuir no direcionamento de uma leitura mais rica deste trabalho. O serviço de elaboração considerou o conteúdo trabalhado no curso de forma seqüencial, cuidando de evitar demasiada repetição, fazendo reflexão própria, mas sendo fiel ao teor do curso, buscando assegurar que esta construção sirva, posteriormente, para subsidiar o CPP, no seu processo de formação junto aos agentes e publico de seu interesse. Espiritualidade e educação popular na prática libertadora de Jesus José Antônio Pagola, SJ,[1] localiza o Evangelho de Mateus na pós-queda de Jerusalém (anos 70), lembra que, com o Templo destruído pelos romanos, os rabinos fariseus se esforçam por restaurar o judaísmo em torno da lei de Moisés. Enquanto isto os seguidores de Jesus vão estabelecendo comunidades cristãs entre os judeus da diáspora. Neste contexto há tensões e conflitos. Neste crucial momento a comunidade de Mateus escreve para afirmar que os seguidores de Jesus descobrem nEle, à luz da ressurreição que este Jesus é o Messias e que nele está nascendo o “novo Israel”, e não se deve esperar outro além dele! O Sermão da Montanha é parte dos 05discursos que constituem os pilares deste Evangelho[2] . Mateus fala abertamente da Igreja como convocação, congregação, assembléia, não como uma religião ou raça. É uma comunidade aberta a uma missão universal. Esta Igreja é de Cristo. Nela todos são discípulos/as. Só Cristo é o Mestre. Todos são irmãos/ãs. Nela se deve cuidar, sobretudo, dos pequenos. Nela se deve viver a correção fraterna e o perdão (cf. Mt 18, 19-20;21-22). Este autor sugere que, o traço mais próprio deste Evangelho é apresentar Jesus como a “nova presença de Deus” no mundo. E que, na ressurreição Deus se mostra tão identificado com Jesus que só a ele se pode chamar de “Emanuel”. Mateus quer que o leiamos vendo em Jesus e em toda a sua atuação, a presença de Deus no meio de nós. E esta presença se faz, especialmente no agir comunitário: “onde estiverem dois ou três juntos... (cf. Mt 18,20). Na comunidade em ação está a Shekiná de Deus (a presença atuante de Deus). Isto tem tudo a ver com o CPP e com toda Pastoral Social. Evangelho de Mateus é a nova tora. Como os profetas atualizam em cada tempo a Torá, a comunidade de Mateus também. Neste sentido se entende o Discurso da montanha que inclui as Bem-Aventuranças, o fazer que Jesus propõe (Mt. 5-6). Mas, qual fazer? O que transforma aquelas

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CURSO DE FORMAÇÃO DE AGENTES PASTORAL – CPP

Síntese do 1º Módulo, pela Ir. Neusa Francisca do Nascimento

Tema: Espiritualidade e educação popular na prática libertadora de Jesus

O “Fazer” segundo o Evangelho de Mateus.

Neusa Francisca do Nascimento, IDP

Abril de 2012 - Buritizeiro, MG

APRESENTAÇÃO

O texto que segue, trata-se de um trabalho de síntese do conteúdo do 1º módulo do curso de formação de agentes do CPP (Conselho Pastoral dos Pescadores). O mesmo teve como tema: Espiritualidade e educação popular na prática libertadora de Jesus, tendo como foco o “fazer” segundo o Evangelho de Mateus, provocando uma reflexão sobre o “fazer” da Pastoral Social, e, conseqüentemente, levando os agentes do CPP à mesma reflexão. A etapa desde módulo realizou-se no período de 25 a 27 de Novembro de 2011, no Recanto dos Pescadores, sede do CPP Nacional, em Olinda/PE. Teve como assessoria o Padre José Antonio Pecchia, SJ.

A reflexão introdutória do texto é uma reflexão baseada no livro Jesus aproximação histórica do autor José Antônio Pagola e tem o intuito de contribuir no direcionamento de uma leitura mais rica deste trabalho.

O serviço de elaboração considerou o conteúdo trabalhado no curso de forma seqüencial, cuidando de evitar demasiada repetição, fazendo reflexão própria, mas sendo fiel ao teor do curso, buscando assegurar que esta construção sirva, posteriormente, para subsidiar o CPP, no seu processo de formação junto aos agentes e publico de seu interesse.

Espiritualidade e educação popular na prática libertadora de Jesus

José Antônio Pagola, SJ,[1] localiza o Evangelho de Mateus na pós-queda de Jerusalém (anos 70), lembra que, com o Templo destruído pelos romanos, os rabinos fariseus se esforçam por restaurar o judaísmo em torno da lei de Moisés. Enquanto isto os seguidores de Jesus vão estabelecendo comunidades cristãs entre os judeus da diáspora. Neste contexto há tensões e conflitos. Neste crucial momento a comunidade de Mateus escreve para afirmar que os seguidores de Jesus descobrem nEle, à luz da ressurreição que este Jesus é o Messias e que nele está nascendo o “novo Israel”, e não se deve esperar outro além dele! O Sermão da Montanha é parte dos 05discursos que constituem os pilares deste Evangelho[2]. Mateus fala abertamente da Igreja como convocação, congregação, assembléia, não como uma religião ou raça. É uma comunidade aberta a uma missão universal. Esta Igreja é de Cristo. Nela todos são discípulos/as. Só Cristo é o Mestre. Todos são irmãos/ãs. Nela se deve cuidar, sobretudo, dos pequenos. Nela se deve viver a correção fraterna e o perdão (cf. Mt 18, 19-20;21-22). Este autor sugere que, o traço mais próprio deste Evangelho é apresentar Jesus como a “nova presença de Deus” no mundo. E que, na ressurreição Deus se mostra tão identificado com Jesus que só a ele se pode chamar de “Emanuel”. Mateus quer que o leiamos vendo em Jesus e em toda a sua atuação, a presença de Deus no meio de nós. E esta presença se faz, especialmente no agir comunitário: “onde estiverem dois ou três juntos... (cf. Mt 18,20). Na comunidade em ação está a Shekiná de Deus (a presença atuante de Deus). Isto tem tudo a ver com o CPP e com toda Pastoral Social.

Evangelho de Mateus é a nova tora. Como os profetas atualizam em cada tempo a Torá, a comunidade de Mateus também. Neste sentido se entende o Discurso da montanha que inclui as Bem-Aventuranças, o fazer que Jesus propõe (Mt. 5-6). Mas, qual fazer? O que transforma aquelas

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pessoas, discípulas é o fazer dentro da dinâmica que Jesus vive e anuncia: O Pai tem um Plano que requer um fazer concreto. O capitulo 10 evoca o fazer da missão.

O que move o fazer de Jesus? O que é o fazer da missão?

O fazer do reino (Mt 13). Serviço (Mt 18). Fazer e não fazer é critério para decisão final, o julgar pelo que fez ou deixou de fazer. (Mt 24-25).

No discurso da montanha é o fazer que vai julgar o discípulo. Nas Bem-Aventuranças, o fazer é a prática de Jesus. É o fazer do coração/interior. Em Mt 5,17-18, é apresentada a nova justiça, como antítese. O fazer de Jesus se dá porque tem-se uma relação filial com o Pai. Ele dá outro rumo às nossas relações:

Oração – relação com o Pai;

Jejum – relação com a natureza;

Esmola – relação com o outro.

Para Jesus, o Reino de Deus (RD) é um valor supremo. È o que o leva a tomar decisões, a não acumular tesouros na terra porque o RD é o tesouro maior. O fazer do RD se baseia na confiança no Pai. Portanto, “buscai em 1º lugar o RD”. Porque o Filho confia no Pai e o Reino é do Pai. Baseia-se na confiança e no amor que é a síntese da lei). Daí no Capítulo 7, 1-12 pede: não julgar – confiança – amor – oração. E o Cap. 28, 16-22, fala do batizar... ensinando, ou seja, fazer ensinando.

Para nós agentes pastorais, o que é o fazer pastoral, o fazer do coração à luz do discurso da montanha e à luz do capítulo 28, 16?

Esse fazer pastoral indica uma pastoral que se preocupa de viver e ensinar a viver a atitude do discurso da montanha. É necessário estarmos atentos/as às nossas escolhas: O que nos leva a fazer determinadas escolha – tomar determinadas decisões/posições?

No cap. 5, 14s, a exortação é: que a luz de vocês brilhe diante dos outros... que eles vejam as boas obras de vocês... O fazer é reflexo da luz que está dentro, brota da mística evangélica (conjunto do crer, dos dons de Deus dentro...). É reflexo da paixão pelo Reino. É o ecoar dos sons que preenchem o interior.Na Pastoral, o fazer é testemunhar Deus, o Verbo encarnado na vida daquele grupo, povo ou Igreja que se escolhe para atuar. Esse fazer é expressão da vida que entendeu o anuncio de Jesus: “para que todos tenham vida plena”. É de quem que quer assumir PROFECIA – viver, praticar, ajudar, ensinar, ser discípulo/a, ser aprendiz do Reino.O fazer pastoral dá energia à luz do ser, assim como a luz do ser energiza o fazer e se reflete no fazer. Não há desconexão entre o fazer e o ser. Entre o saber e o fazer, entre crer e fazer.

O fazer do Evangelho, especificamente nas Bem-Aventuranças/sermão da montanha tem-se o fazer do Emanuel – Deus conosco, que significa palavra e ação, simultaneamente. O Fazer da força da Palavra. Porque Deus fala e assim acontece. Cumpre a escritura.

Por isso na Pastoral, o fazer tem força de testemunho de quem crê e anuncia a Palavra do Reino. Este fazer é atualização da Palavra.

Quando alguém lê a Palavra, a lê com seus esquemas mentais, com sua cultura..., É preciso estar atenta/o. O espírito muito esquematizado, armado, não permite que o Espírito de Deus fale. É como a atitude dos escribas e fariseus: sempre querer pegar Jesus em alguma pergunta/fala. Sempre armados. Os profetas têm sempre a expressão “oráculo de Javé”, dizendo atenção para o que eu vou falar – É fala de Javé! Ao ler o texto, é importante: 1º) situá-lo – o que essa Palavra significa para aquela comunidade de sua época? (Mateus, por exemplo escreveu para pagãos). 2º) O que a Palavra fala pra mim/nós, no contexto atual? - E deixar Deus Revelar-se, comunicar-se – é preciso escutar.

O Pai é o dono da missão, o dono da messe. Cuidado! Não tenhamos a posse da missão.

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Para quem é a missão? Em Mateus, é para o povo de Israel, o povo de Deus. No discurso do anúncio está contido: Anunciar e curar, (sarar)... mudar a situação. Não é só um anuncio verbal. A missão deve ser cumprida na pobreza e na gratuidade – Mt 10, 8ss. E o fruto da missão? É diverso. Não é igual para todo mundo. A semente não nasce igual. A missão é semear. O resultado depende do terreno. Esta Palavra divide (Mt. 10,34), depende das decisões das pessoas. O fruto esperado é que a Palavra seja acolhida porque depende da atitude de quem a recebe – Mt 10, 12-15. Com qual destino se realiza a missão? Ela acontece em contexto de atritos e perseguições. Esta foi a experiência de Jesus. Esse é o normal da missão. E a recompensa da missão? É estar com ele, onde ele estiver. Não se rebaixar no fracasso, mas ser um animador por estar fazendo esta experiência – o que também significa trabalhar muito.

Conforme o livro “Missão das Pastorais Sociais”, o lugar da missão de Jesus é o lugar das Pastorais sociais[3]. Estar com ele é estar, também no conflito, experimentar também o fracasso. E as dificuldades podem sinalizar que o agente/missionário está no lugar certo, sendo sal e luz, exemplo e testemunho (mas é preciso ser discreto!). Vale experimentar a certeza de estar no lugar certo. Isto requer caminhar na certeza de que Deus sempre trabalha em nós nas nossas lutas. Aprender comJesus que se deixou evangelizar sendo evangelizador dos pobres (exemplos: a Cananéia, o servo centurião, Maria em Cana).A quem a missão é dirigida? A missão é um serviço para mudar a vida das pessoas (Mt. 10, 5-6). O conteúdo se resume em anunciar “O Reino de Deus está perto!” (Mt 10,7-8). Como cumpri-la? Na gratuidade que combina com confiança em Deus e com o “fazer tudo que está nas minhas condições (Mt. 10, 8-10), mesmo em meio às tensões/perseguições (Mt 10 16-25). O texto de Mt 10, 8-9, responde à pergunta: como vivo o espírito missionário?

O fazer da missão pastoral tem ligação direta com as Bem-Aventuranças. A missão é o que a pessoa é. Ela relaciona-se com a autobiografia de Jesus, no Evangelho. Para Mateus, o espírito/imperativo do Evangelho são as Bem-Aventuranças. Elas transmitem uma maneira nova de viver, o modo de viver de Jesus. Por aí passa o Reino de Deus. Elas são a base de nossa vocação, de nossa vida comunitária, indicam a nossa missão. Todo o discurso da montanha trata do viver e proclamar as Bem-Aventuranças.

As parábolas do Reino, o discurso do reino e do anti-reino em Mt 13.

Porque Jesus fala do Reino em parábolas?

O discurso do discernimento - Premissas para o discernimento:

Mt 6,24 – não servir a dois senhores – saber a quem esta servindo.

Mt 7,6 – não dê aos cães... – não desperdiçar energias.

Mt,7,15- Conhecer pelos frutos – quem é profeta...

Mt, 7,23 – Distinguir os malfeitores e benfeitores;

Mt 7, 24 – Ouvir e praticar

Mt, 10,16 – como ovelhas no meio de lobos – conflitos

Mt 10,17 – cuidado com os que operam a iniqüidade – distinguir as fachadas da Reino!

Mt 11,2ss - ...és tu? Ou tem outro...? Entender os sinais...

Mt 11,20 – enxergar a presenças do RD.

Mt 11, 25 – os pequenos entendem a chegada do RD;

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As parábolas são um gênero literário usado por Jesus. Uns entendiam, outros não. A parábola é para revelar coisas desde a criação do mundo. Só entende quem acolhe, aceita a revelação - Mt 13,35. São 07 as chamadas parábolas do Reino. Quatro são ditas para todos (o semeador-joio-grão de mostarda-fermento) e três (tesouro – perola - rede) são para os discípulos. Para compreender as parábolas precisa-se uma relação de intimidade com Jesus - Mt 13, 36ss.

Estrutura do Capitulo 13 de Mateus

3-35 – fala à multidão.

3-9 – a semente á mesma lançada em diferentes terrenos e tem também resultados diferentes. O Reino de Deus (RD) cresce junto com as resistências;

10-17 – a teoria das parábolas

18-23 – explicação da parábola do semeador.

24 – O RD cresce no confronto com o mal.

31-33 – grão de mostarda – O RD cresce, mas é pequeno;

36-52 – explica a parábola do Joio – porque não arrancar o joio? A mim compete conviver nesta situação, na resistência. É o Pai que faz isto?

Há dois tipos de parábolas. Umas são explicadas (o semeador, o joio, a rede). São as parábolas da separação. As outras são da surpresa. Elas produzem em nós uma admiração. As parábolas da separação ajuda refletir: Por que o Reino de Deus não triunfa? Deus não destrói o mal. O Reino de Deus cresce na sombra do mal. Ele requer aceitação desta realidade conflitiva. As parábolas nos fazem penetrar também no mistério do mal. Entra no Reino quem acredita nele. Jesus não disse claro, mas em parábola, porque a compreensão é gradativa. As parábolas da surpresa falam da pequenez. Encerram um mistério. Esse Reino coloca a gente pra tomar decisão depois de um discernimento dentro da realidade. O FAZER do discurso da montanha e da missão é do agir, do discernimento e da decisão pelo Reino.

A vida da comunidade - Mt 18

É o discurso para aqueles que foram chamados ao FAZER IGREJA – fazer da comunidade. Quem faz a Igreja é a Eucaristia, é um escrito feito por uma comunidade que tinha a Eucaristia como centro. Mt 18 indica quais os elementos mínimos constitutivos de uma Igreja/comunidade:

16,18 – Você é Petros

!8, 1-4 – vida cotidiana de uma comunidade. “Quem é o maior?”

18,5 – receber os pequeninos.

18, 6-11 – cuidado com os escândalos!

18, 12-14 – a ovelha desgarrada.

18, 15-17 – a regra comunitária, como recuperar o que se perdeu.

18, 18 – o principio da referencia entre a Igreja terrena e a do céu. Essa Igreja faz a vontade daquele que está no céu.

18, 19-20 – reafirma a referencia: céu está presente onde reúne-se em nome Dele..

18, 21-22 – quantas vezes perdoar? Aprofunda a orientação de como recuperar o irmão.

18, 23-35 – o servo injusto - o que se faz aqui se repercute no céu.

Em resumo, as atitudes que formam uma Igreja são:

1- Ser pequena, sem orgulho, pretensão ou presunção;

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2- Acolhida com compreensão, afeto e cuidado;

3- Cuidado com os desgarrados – reintegrá-los com misericórdia;

4- Correção fraterna = recuperar o irmão/processo;

5- Oração em comum – fazer litúrgico;

6- Perdão das ofensas = processo de reintegração;

7- Confiança de Pedro;

Os sujeitos desta Igreja são: o Pai que cuida para ninguém perecer; Jesus presente em palavra e ações; os pequenos que crêem no evangelho; os orantes uns pelos outros; os perdoadores que constroem a reconciliação; é Pedro, os que, simbolicamente constroem a comunidade em processo. São também os destruidores, os ambiciosos que querem os 1ºs lugares. São os que escandalizam. São os desgarrados, os culpados...

Mt 24 – Discurso escatológico, a realidade última, indica tomar distância do concreto vivido para ver melhor. É uma linguagem apocalíptica, um recurso literário usado na época para expressar o que Jesus queria dizer.

24, 1-2 – templo = centro da cultura judaica

24, 4-8 – juízo

24, 9-14 – perseguições

24, 15-25 – grande tribulação

24, 30-31 – a manifestação do Filho

24, 32-36 – vigiar ( fala da figueira e dos tempos de Noé);

24,43-44 – o ladrão – são 04 parábolas/atitudes – o Evangelho da vinda do Senhor;

24, 45-51 – o mordomo fiel;

25, 1-13 – As 10 virgens;

25, 14-30 – talento;

25, 31-46 – o juízo final.

O FAZER neste mundo tem no discurso, o Pai como dono da missão. Ele é a referencia. Vai julgar a história, as nossas decisões e o nosso fazer. Esse juízo anima o cumprimento de nossa esperança que impulsiona o nosso FAZER - e não as catástrofes. O Juízo (25,31ss) são as obras de caridade, síntese do discurso da montanha.

O Evangelho da comunidade mateana ilumina não só o fazer, mas também, dá base para a construção e solidificação da identidade e missão da Pastoral Social[4] Esta se coloca nas fronteiras da evangelização, no mundo dos pobres e marginalizados. Hoje, como no tempo de Jesus, as multidões pobres estão cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor. Dentre os sujeitos da ação de Jesus estão os excluídos, porque, segundo o Evangelho de Mateus são considerados imorais (prostitutas e pecadores). Outros evangelistas também trazem os marginalizados (mulheres, crianças e doentes, pobres (povo da terra, sem poder.Uma coisa fica certa: Jesus anuncia o Reino a partir dos excluídos.

Portanto, o lugar da Pastoral Social é o lugar onde Jesus atualiza sua missão hoje: a Galiléia. Onde estão os mais pobres, a diversidade cultural junto com a discriminação pela multiplicidade de raças e diferenças “despadronizadas” e incômodas para o sistema vigente, como por exemplo, as

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populações tradicionais. O Deserto. A missão pastoral é perpassada pelo silêncio do deserto, o lugar da intimidade com o Deus de Jesus, que aprofunda a mística comprometida e que saboreia a luta. O lugar da escuta obediente a Deus e ao projeto de Deus que capacita para o diálogo diante das indignações “sem perder a ternura” pela vida dos outro, até mesmo pela vida do inimigo – isto nos pede o Evangelho de Mateus! A Samaria. O espaço das misturas das crenças, onde estão os considerados “heréticos”, os “desviados” da Igreja, os que seguem espiritualidades “esquisitas” ou os sem espiritualidade/religião, segundo muitos olhares da própria Igreja de nossa Pastoral. È aí que Jesus quebra o preconceito e coloca em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça. Jerusalém. O lugar do confronto com o poder político, religioso e econômico. Onde se ousa discutir de forma contundente os mecanismos de opressão, lá no coração do sistema opressor. Ali Jesus “derruba as mesas dos cambistas”. Efetiva-se atos, ainda que simbólicos, fazendo chegar ao mundo o grito dos pobres por justiça diante da distorção do serviço dos poderes traidores da vida.

Conclui-se que, o campo da missão do CPP é o campo social, político e econômico dos pescadores/as. Exige-se do agente, uma atitude de serviço comunitário, colaborando nos anseios dos pescadores, respeitando a sua cultura, estimulando a organização própria, lutando com todos os meios em defesa das águas e do meio ambiente[5]. Para se viver esta missão faz-se necessário a convicção de que, ser católico é ser universal, isto é, perceber que Deus está fazendo para além de nós, e para além das nossas derrotas. É agir como quem sabe que nenhuma luta é perdida, se nela empenhamos toda a nossa força e todo o nosso querer!

QUESTÕES PARA REFLEXÃO:

1- Qual peso tem o discurso da montanha na minha vida pessoal e na minha pratica como agente pastoral? - Mt 5 a 7

2- Como experimento a gratuidade? Como estou lidando com os conflitos e contrariedades da vida? - Mt 10 a 13

3- Quais os sinais do reino e do anti-reino na minha prática? - Mt 13

4- Como melhorar as relações entre os agentes do CPP? - Mt 18

5- Como os outros de fora avaliam a aminha pratica? - Mt 24 e 25

6- Qual a missão especifica do CPP?

7- Quais as exigências para o agente do CPP?

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

COMISSÃO EPISCOPAL PASTORAL PARA O SERVIÇO DA CARIDADE, DA JUSTIÇA E DA PAZ - CNBB. A Missão da Pastoral Social.

BÍBLIA EDIÇÃO PASTORAL.

PAGOLA, José Antônio, SJ. Jesus aproximação histórica, 2011, Ed. Vozes, 3ª Ed

Bernard. “Pescadores, povo de Deus” - revista Rogate, 2004

[1] PAGOLA, José Antônio, SJ. Jesus aproximação histórica, 2011, Ed. Vozes, 3ª Ed. *trata-se de um estudo pessoal.

[2] Os 05 discursos: Mt 5-7; 10;13;18;24-25

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[3] Cf. COMISSÃO EPISCOPAL PASTORAL PARA O SERVIÇO DA CARIDADE, DA JUSTIÇA E DA PAZ - CNBB. A Missão da Pastoral Social. Pg 31-48.

[4] Cf. COMISSÃO EPISCOPAL PASTORAL PARA O SERVIÇO DA CARIDADE, DA JUSTIÇA E DA PAZ - CNBB. A Missão da Pastoral Social. Pg 31-48

[5] – Texto de Bernard “Pescadores, povo de Deus” - revista Rogate/2004