CURSO DE HOMILÉTICA_ Gilson Cuité.doc

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Rua Genival Meneses Furtado, 101 – Jardim Basílio Fonseca – 58.175-000 – Cuité-PB Telefone: (0XX83) 372-2609 E-mail: [email protected] Filial em Nova Floresta – PB – Rua Felinto Florentino, 468 - Centro DEC – Departamento de Educação Cristã CURSO DE HOMILÉTICA Rev. Gilson Soares dos Santos EBD – Escola Bíblica Dominical

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Rua Genival Meneses Furtado, 101 – Jardim Basílio Fonseca – 58.175-000 – Cuité-PB

Telefone: (0XX83) 372-2609 – E-mail: [email protected]

Filial em Nova Floresta – PB – Rua Felinto Florentino, 468 - Centro

DEC – Departamento de Educação Cristã

CURSO DE HOMILÉTICARev. Gilson Soares dos Santos

EBD – Escola Bíblica Dominical

Cuité – Paraíba2002

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CURSO DE HOMILÉTICARev. Gilson Soares dos Santos

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO............................................................................................................................ 04I. O QUE É HOMILÉTICA..................................................................................................................05

1. Homilética Definição...............................................................................................................................05

2. O Pregador...........................................................................................................................053. A Comunicação....................................................................................................................05

II. O SERMÃO TEMÁTICO................................................................................................................071. Definição do Sermão Temático............................................................................................072. Princípios básicos na preparação de esboços temáticos.....................................................083. Exemplos de sermões temáticos..........................................................................................08

III. O SERMÃO TEXTUAL.................................................................................................................101. Definição do Sermão Textual...............................................................................................102. Princípios básicos para a preparação do esboço textual.....................................................103. Exemplos de Sermões Textuais...........................................................................................11

IV. O SERMÃO EXPOSITIVO...........................................................................................................131. Definição do Sermão Expositivo..........................................................................................132. Princípios básicos da preparação do Sermão expositivo....................................................133. Exemplos de Sermões Expositivos.....................................................................................14

V. TÍTULO, INTRODUÇÃO E CONCLUSÃO...................................................................................161. O Título................................................................................................................................162. A Introdução........................................................................................................................173. A Conclusão........................................................................................................................17

VI. SUBDIVISÕES E ILUSTRAÇÕES.............................................................................................191. As Subdivisões.....................................................................................................................19

2. A Ilustração..........................................................................................................................19

VII. ÉTICA E ESTÉTICA DO PREGADOR......................................................................................211. A Ética do Pregador............................................................................................................212. A Estética do Pregador.......................................................................................................22

CONCLUSÃO..................................................................................................................................24

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03APRESENTAÇÃO Preliminarmente, queremos deixar bem claro que, este curso não esgota o assunto “homilética”. Pois essa disciplina é de uma profundidade e complexidade tal que um curso, do modelo que ora apresentamos, não poderia explora-lo na íntegra. Mas, o conteúdo dessa apostila é suficiente para o dia-a-dia do pregador do evangelho. E, em se tratando da nossa realidade, é ideal e preenche uma lacuna existente em nossa igreja: a preparação dos pregadores de púlpito. Recomendamos que o aluno não fique limitado às aulas em classe, mas, procure aprofundar-se no tema por meio de pesquisas e leituras de outros livros e apostilas. No entanto, embora o estudante, na preparação de mensagens, deva ter total liberdade no tocante ao uso de livros de consulta, é nas Escrituras Sagradas que reside sua maior fonte de pesquisas. E, finalmente, oramos para esse curso seja umas ferramentas úteis para os vocacionados do Senhor, chamados para servi-lo no púlpito e em todo lugar.

Rev. Gilson Soares dos Santos

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I – O QUE É HOMILÉTICA

1. Homilética – Definição

A palavra “HOMILÉTICA” vem do grego “HOMILIA”, que significa “PERSUASÃO”, “FALAR”, ETC.Assim sendo, “HOMILÉTICA” pode ter as seguintes definições: A arte de pregar; A ciência e a Técnica de comunicar ou expor a mensagem bíblica; A arte de persuadir por meio da palavra; A arte de discursar em tom familiar; E outras definições.

“A arte de pregar, não deve ser apreendida somente por pastores. Existe uma grande necessidade do leigo ter conhecimento desta arte já que é possível também àqueles que não tiveram oportunidade de estudar numa instituição teológica. Todos aqueles que pregam a Palavra de Deus têm condições de melhorar ainda mais suas mensagens”. (Alexandre Bacich).

2. O Pregador

Todo cristão deve ser um pregador da Palavra de Deus, pois, anunciar o evangelho é missão de todos aqueles que confessam Jesus como Senhor (Mt 28.18-20; Mc 16.15). Mas, quando usamos o termo “pregador”, especificamente neste curso, nos referimos ao pregador de púlpito, pois, a homilética trabalha, primordialmente, com o mensageiro que usa o púlpito para ministrar um sermão. O pregador é, antes de tudo, uma testemunha (At 1.8), e como tal precisa testificar os feitos notáveis de Cristo, para isso precisa conhecer a Bíblia. A Bíblia – As Sagradas Escrituras – é o manual do pregador. Ele deve amá-la, vive-la, e saber que é a única regra de fé e prática. Por isso, o pregador deve definir um plano de leitura da Bíblia; marca-la; memorizar versículos, ler todos os dias, etc.

3. A Comunicação

A comunicação é o passo inicial de toda atividade humana, principalmente de todo pregador. A pessoa se comunica falando, escrevendo, gesticulando e sinalizando. A comunicação, em síntese, implica na emissão de uma mensagem por uma pessoa e na recepção da mesma por outra.

Todo processo de comunicação envolve quatro componentes básicos:

SISTEMA DE COMUNICAÇÃO

Emissor Mensagem Receptor

Meio de Comunicação

O EMISSOR é o originador da comunicação. A MENSAGEM é o conteúdo daquilo que o emissor transmite. O RECEPTOR é o destinatário da mensagem.

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O MEIO DE COMUNICAÇÃO é o canal por onde a mensagem flui.

05 O processo de comunicação só é efetivado se houver a presença destes quatro elementos. Se apenas um estiver ausente a comunicação não existirá. Por outro lado, se houver irregularidade ou mesmo imperfeição em qualquer destes elementos haverá comprometimento da qualidade da comunicação. Para garantir uma boa comunicação os estudiosos do assunto recomendam o seguinte:

a) Planeje cuidadosamente sua comunicação: Use as palavras de forma adequada, sem faltas, nem excessos. Temos que aprender a sermos sucintos e objetivos na comunicação.

b) Procure falar clara e pausadamente: Limite-se a comunicar somente aquilo que é necessário.

c) Evite comunicar-se sob estado de tensão nervosa: Sob tensão, qualquer um pode pecar pelo exagero e pelo radicalismo.

d) Use a mesma linguagem do receptor: Ao usar expressões típicas, regionais ou técnicas, certifique-se que o receptor as conhece.

e) Aborde um assunto de cada vez: Ninguém consegue pensar em duas coisas aos mesmo tempo.

f) Use exemplos e ilustrações, sempre que possível: O exemplo e a ilustração dá uma melhor compreensão à mensagem.

g) Certifique-se que esteja havendo um feedback: Quando estiver pregando mantenha-se atento nas pessoas que o escutam, e procure certificar-se que está sendo compreendido. Isso chama-se feedback.

Veja na figura a seguir um modelo de comunicação onde o contexto e o feedback são identificados.

CONTEXTO

EMISSOR CODIFICAÇÃO MENSAGEM DECODIFICAÇÃO RECEPTOR CANAL

DECODIFICAÇÃO MENSAGEM CODIFICAÇÃO CANAL

FEEDBACK

CONTEXTO

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II – O SERMÃO TEMÁTICO

Há muitos tipos de sermões e vários meios de classifica-los. Na tentativa de fazer uma classificação, os autores de obras de homilética usam definições diversas que às vezes se sobrepõem. Alguns escritores classificam os sermões de acordo com o conteúdo ou assunto, outros, segundo a estrutura, e ainda outros quanto ao método psicológico usado no momento da apresentação da mensagem.

Mas, estudaremos e classificaremos os sermões de acordo com o método clássico e menos complicado, que é o seguinte.

Os sermões estão classificados em:

Sermão Temático. Sermão Textual. Sermão Expositivo.

Nesta aula no 02, estudaremos o sermão temático.

1. Definição do Sermão Temático

Sermão Temático é aquele cujas divisões principais derivam do tema, independente do texto. Examine com cuidado esta definição. A primeira parte afirma que as divisões principais devem ser extraídas do próprio tema.

Transformando isto de uma maneira bem prática, temos o seguinte:

a) Eu preciso pregar no próximo domingo na igreja;b) Durante a semana eu oro perguntando a Deus o que Ele quer dizer à sua igreja, e me

coloco à sua disposição para ser seu mensageiro;c) Então, eu sinto em meu coração que Deus me leva a falar à igreja sobre oração. Sinto que

Deus quer mostrar ao seu povo que há algumas razões que impedem que o Senhor atenda às suas orações;

d) Veja que Deus me deu o tema que Ele quer para sua igreja;e) Então eu procedo da seguinte forma, que vem no próximo item;f) Eu escolho um título para o sermão, a fim de facilitar a compreensão dos ouvintes:

“Razões para orações não respondidas”;g) Em seguida, procuro nas Escrituras Sagradas, versículos que provem e aprovem o tema

que Deus me deu: Tg 4.3; Sl 66.18; Tg 1.6-8; Mt 6.7; Pv 28.9; I pe 3.7.h) Então, vejamos como fica o esboço do sermão:

TITULO: RAZÕES PARA ORAÇÕES NÃO RESPONDIDAS1. Pedir mal (Tg 4.3)2. Pecado no coração (Sl 66.18; Is 59.1,2)3. Duvidar da Palavra de Deus (Tg 1.6,7)4. Vãs repetições (Mt 6.7)5. Desobediência à Palavra (Pv 28.9)6. Desentendimentos conjugais (I Pe 3.7)

i) E aí é só transmitir o recado de Deus.

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072. Princípios básicos na preparação de esboços temáticos

Existem alguns princípios que devem ser observados quando precisarmos elaborar um sermão temático. Lembre-se que as divisões devem girar em torno do tema.

a) As divisões principais devem vir em ordem lógica ou cronológica : Isto que dizer que não podemos colocar divisões que estejam fora de ordem ou cronologicamente desencontradas. Veja os exemplos abaixo, um errado e o outro correto:

ERRADO TÍTULO: A HUMANIDADE DE CRISTO

1. Cristo morreu como homem.2. Cristo viveu como homem.3. Cristo nasceu como homem.

CORRETO

TÍTULO: A HUMANIDADE DE CRISTO

1. Cristo nasceu como homem2. Cristo viveu como homem3. Cristo morreu como homem

Notou a diferença entre os esboços? O primeiro está fora da ordem cronológica: morreu, viveu e nasceu. O segundo está na ordem cronológica: nasceu, viveu e morreu.

b) As divisões principais não devem apoiar-se em versículos fora do tema : O pregador deve ter cuidado para que cada passagem que ele usar esteja de acordo com o tema. Cuidado para não fugir do tema.

3. Exemplos de sermões temáticos

Os esboços a seguir são de sermões temáticos:

TÍTULO: CINCO RAZÕES PORQUE SERVIMOS A CRISTO

1. Só Ele é nosso Salvador (At 4.12)2. Só Ele remove pecados (Mt 9.6)3. Só Ele nos torna novas criaturas (II Co 5.17)4. Só Ele opera milagres (Jo 5.9)5. Só Ele garante a vida eterna (Jô 4.1-3)

(Obs.: Sermão preparado e ministrado pelo Rev. Gilson Santos)

TÍTULO: TRÊS COISAS DAS QUAIS NÃO DEVEMOS NOS ENVERGONHAR

1. De Jesus e de sua Palavra (Mc 8.38)2. Do evangelho (Rm 1.16)3. De sofrer como cristão (I pe 4.16)

(Obs.: Sermão preparado e ministrado pelo Rev. Gilson Santos)

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08TÍTULO: MANEIRAS DE SERVIRMOS A CRISTO

1. Devemos servi-lo com humildade e lágrimas (At 20.19)2. Devemos servi-lo com reverência e temor (Sl 2.11 e Hb 12.28)3. Devemos servi-lo com alegria (Sl 100.2)4. Devemos servi-lo com fervor (At 26.7 e Rm 12.11)5. Devemos servi-lo com um mesmo espírito e lábios puros (Sf 3.9)

(Obs.: Sermão preparado e ministrado pelo Rev. Gilson Santos)

TITULO: COMPARAÇÃO DA MISSÃO DO CRENTE COM A MISSÃO DE UM EMBAIXADOR

1. Como um embaixador, a pátria do crente é o céu (Fp 3.20)2. Como um embaixador, o crente é o representante do céu na terra (Mt 18.18)3. Como um embaixador, o crente tem que viver de maneira irrepreensível (Fp 2.15)4. Como um embaixador, o crente não deve viver dissolutamente (Rm 13.13)5. Como um embaixador, o crente um dia retornará à sua pátria, após cumprida sua

missão (Fp 3.20).(Obs.: Sermão preparado e ministrado pelo Rev. Gilson S. Santos)

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III – O SERMÃO TEXTUAL

1. Definição Do Sermão Textual

Sermão Textual é aquele em que as divisões principais são derivadas de um texto constituído de uma breve porção da Bíblia. O texto fornece o tema do sermão.

A definição acima quer dizer que, no sermão textual, as divisões não derivam de um tema, mas, de um texto, que pode ser de 1 a 3 versículos.

Transformando isto na prática, temos:

a) Depois de orar ao Senhor, buscando saber o que Ele quer dizer à sua igreja, sinto Ele mostrar-me que seu povo está desprezando sua Palavra. Então, rogo ao Senhor que me mostre um texto que possa usar para admoestar a igreja;

b) Estou folheando e lendo a Bíblia, de repente, o Senhor mostra-me Esdras 7.10, que diz: “Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor, e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”;

c) Tendo a certeza que é isso o que Deus quer que seja dito ao seu povo, procuro dividir o texto em duas ou mais partes, e coloco um título. Então, o esboço ficará da seguinte forma:

TÍTULO: CARACTERÍSTICAS DO CRENTE QUE AMA A PALAVRA DE DEUS

TEXTO BÍBLICO: Esdras 7.10

1. Tem o coração disposto a conhecer a Palavra de Deus (7.10a): “Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor”

2. Tem o coração disposto a obedecer a palavra do Senhor (7.10b): “E para a cumprir”3. Tem o coração disposto a ensinar a Palavra do Senhor (7.10c): “E para ensinar em

Israel”.

2. Princípios básicos para a preparação de esboço textual

a) O esboço textual deve girar em torno de uma idéia central : Não fuja do assunto, pois, você está transmitindo o recado de Deus.

b) No esboço textual, se precisar usar outros textos, então, é necessário criar subdivisões: Veja no esboço a seguir:

TÍTULO: AS APARÊNCIAS ENGANAM: SOMOS MAIS QUE APARENTAMOS

TEXTO BÍBLICO: II Co 6.8a – 10

1. Parecemos enganadores; no entanto, somos verdadeiros (8a)

1.1 – Até nosso mestre foi acusado de ser enganador (Mt 27.63)1.2 – No entanto, em sua boca nunca se achou engano (I Pe 2.22)

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102. Parecemos desconhecidos; no entanto, somos conhecidos (9a)

2.1 – Até o nosso Deus foi considerado desconhecido (At 17.23)2.2 – Mas de todos tornou-se conhecido (Hb 8.11)

3. Parecemos que estamos morrendo; no entanto, porém, vivemos (9b)

3.1 – Porque levamos em nosso corpo o morrer de Cristo (II Co 4.10a)3.2 Mas a vida de Cristo se manifesta em nós (II Co 4.10b)

4. Parecemos castigados; No entanto, não morremos (9c)

4.1 – Até nosso Mestre foi tido como castigado por Deus (Is 53.4)4.2 – Mas, foi castigado pelas nossas transgressões, nos trazendo vida (Is 53.5)

5. Parecemos triste; no entanto, somos alegres (10a)

5.1 – Parecemos tristes apenas enquanto o mundo se alegra (Jo 16.20-22)5.2 Mas, nossa alegria surgirá (Jo 16.20-22)

6. Parecemos pobres; no entanto, estamos enriquecendo a muitos (10b)

6.1 – Até nosso mestre se fez pobre (II Co 8.9a)6.2 – Para nos tornar ricos (II Co 8.9b)

7. Parecemos não ter nada; no entanto, temos tudo (10c)

7.1 – Às vezes nos contentamos com o pão e o vestuário (I Tm 6.8)7.2 Mas, somos co-herdeiros com Cristo de todo o seu reino (Rm 8.17).

b) As divisões principais devem vir em ordem lógica ou cronológica : A mesma regra do sermão temático, aplica-se ao sermão textual.

( Obs.: Sermão preparado e ministrado pelo Rev. Gilson Soares dos Santos)

4. Exemplos de Sermões Textuais

A seguir, alguns modelos de esboços para sermões textuais:

TÍTULO: COMO SABER A VONTADE DE DEUS?

TEXTO BÍBLICO: Rm 12.1,2

1. Ofereça o seu corpo em holocausto ao Senhor (12.1): “Rogos-vos pois, irmãos, que apresenteis os vossos corpos em holocausto, santo e agradável a Deus...”

2. Não se conforme a este mundo (12.2a): “E não vos conformeis com este mundo...”3. Renove sua mente (12.2b): “Mas, transformai-vos pela renovação da vossa mente”.4. Experimente a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (12.2c): “Para que

experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.(Obs.: Sermão preparado e ministrado pelo Rev. Gilson Santos)

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11 TÍTULO: TRÊS “NÃO” QUE TORNA O HOMEM MAIS QUE FELIZ

TEXTO BÍBLICO: SL 1.1

1. Não ande segundo o conselho do ímpio (1.1a): “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios...”

2. Não se deleite no caminho dos pecadores (1.1b): “Nem se detém no caminho dos pecadores...”

3. Não se assente na roda dos escarnecedores (1.1c): “Nem se assenta na roda dos escarnecedores”

TÍTULO: TRÊS “R” QUE TORNA O HOMEM UM SEGUIDOR DE CRISTO TEXTO: Lc 9.23

1. Primeiro “R” = Resolução (23a): “Se alguém quer vir após mim...”2. Segundo “R” = Renúncia (23b): “Negue-se a si mesmo...”3. Terceiro “R” = Responsabilidade (23c): “Tome a sua cruz e siga-me”

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IV – O SERMÃO EXPOSITIVO

1 – Definição do Sermão Expositivo

O sermão expositivo é o modo mais eficaz de pregação, porque, mais que todos os outros tipos de mensagens, ele, com o tempo, produz uma congregação cujo ensino é fundamentado na Bíblia. A expor uma passagem da Sagrada Escritura, o ministro cumpre a função primária da pregação, a saber, interpretar a verdade bíblica.

Sermão Expositivo é aquele em que uma porção mais ou menos extensa da Escritura é interpretada em relação a um tema ou assunto. A maior parte do material deste tipo de sermão provém diretamente da passagem, e o esboço consiste em uma série de idéias progressivas que giram em torno da idéia principal.

Examinando esta definição, notamos em primeiro lugar que o sermão expositivo baseia-se em uma “porção mais ou menos extensa da Escritura”. A passagem pode consistir em uns poucos versículos ou pode incluir um capítulo inteiro ou até mesmo mais de um capítulo. Para o nosso objetivo, porém, usaremos na discussão toda do sermão expositivo um mínimo de quatro versículos, mas não estabeleceremos limites para o número máximo de versículos.

Transformando o enunciado acima para a forma prática, temos:

a) Oro ao Senhor e procuro saber qual sua mensagem para a igreja. E percebo que Deus quer dar uma palavra de conforto à sua igreja, uma mensagem para aqueles que estão sendo provados;

b) Estou folheando, lendo e examinando a Bíblia de repente me deparo com o texto de êxodo 14.1-14. Veja que é um texto muito extenso, mas que conta o aperto que o povo de Israel passou quando estava sendo provado por Deus na saída da terra do Egito;

c) Sendo um texto extenso, eu preciso fazer uma exposição do mesmo e dividi-lo em várias partes, para que a igreja compreenda o conforto de Deus para o seu povo;

d) Eu preciso dar um título ao sermão e em seguida dividi-lo em divisões principais. Vejamos como fica:

TÍTULO: BECO SEM SAÍDA

TEXTO BÍBLICO: EXODO 14.1-14

1. “Beco Sem Saída” é o lugar a que às vezes Deus nos leva (14.1-4a)2. “Beco Sem Saída” é o lugar em que Deus nos prova (14.4b-9)3. “Beco Sem Saída” é o lugar em que às vezes falhamos com o Senhor (14.10-12)4. “Beco Sem Saída” é o lugar em Deus nos ajuda e mostra o seu poder (14.13-14)

e) Viu como é fácil? Transmitimos o recado de Deus de forma agradável.

2. Princípios básicos da preparação de esboços expositivos

a) Devemos estudar cuidadosamente a passagem bíblica sob consideração a fim de compreendermos seu significado e obtermos o assunto do texto: Uma das primeiras etapas do desenvolvimento do esboço expositivo é a descoberta do

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tema da passagem. Uma vez obtido o tema, em geral o desenvolvimento do esboço se simplifica.

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b) Palavras ou frase importantes do texto podem indicar ou formar as divisões principais do esboço: Já ressaltamos que a repetição de palavras ou frases significativas possui, em muitas passagens, um propósito especial, e é evidente que algumas dessas palavras ou frases têm a finalidade de indicar a transição de uma idéia importante para outra.

c) Duas ou três passagens mais ou menos extensas, extraídas de várias partes da Bíblia, podem ser ajuntadas para formar a base de um esboço expositivo: Segundo esse princípio, a unidade expositiva não consiste necessariamente numa única passagem, mas, podemos juntar duas ou mais passagens para formar o sermão expositivo. Veja o exemplo abaixo, num sermão pregado por Charles H. Spurgeon:

TÍTULO: TRAÇOS BONS E MAUS DO REI HERODES

TEXTOS BÍBLICOS: Mc 16.14-20 e Lc 23.6-12

1. Pontos positivos de caráter de Herodes

a) Embora não tivesse justiça, honestidade e pureza, contudo ele possuía um pouco de respeito pela virtude, (Mc 6.14-20)

b) Ele protegeu João Batista por causa da justiça e santidade deste (Mc 6.20)c) Ele gostava de ouvir a João Batista (Mc 6.20)d) Sua consciência, evidentemente, sofreu influência da mensagem de João (Mc

6.20)

2. Pontos negativos do caráter de Herodes

a) Embora respeitasse a João Batista, não se voltou para o Mestre de João (Mc 6.17-20)

b) Não amou a mensagem que João enviou (Mc 6.17-20)c) Embora fizesse muita coisa como resultado da mensagem de João ,

permaneceu sob a influência do pecado (Mc 6.21-26)d) Mandou matar o homem a quem respeitava (Mc 6.26-27)e) Acabou zombando do Salvador (Lc 23.6-12)

3. Exemplos de Sermões Expositivos

A seguir, alguns modelos de sermões expositivos, toso foram preparados e ministrados pelo Reverendo Gilson Soares dos Santos, na Igreja Evangélica Congregacional de Cuité-PB, onde pastoreia desde 1993:

TÍTULO: PRINCÍPIOS NEGATIVOS QUE ORIGINAM A QUEDA

TEXTO BÍBLICO: I Rs 19.1-18

1. Medo de perder a vida (19.3a)2. Abandono da comunhão (19.3b)3. A autodecisão (19.4a)4. A autocomiseração (19.4b)5. A ociosidade (19.5b)6. O descaso com o chamado de Deus (19.6,7)

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7. A fuga (19.9ss)8. Deus nos encontra e ordena que volte (19.15)

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TÍTULO: QUANDO AS PROMESSAS DE DEUS PARECEM FALHAR

TEXTOS BÍBLICOS: Salmo 89.19-52; Is 11.1-10

1. Deus escolhe e unge (VV 19,20)2. Deus promete estar com o ungido (VV21-26)3. Deus faz promessas perpétuas a este ungido (VV 27-37)4. Deus parece falhar em suas promessas (VV 38-45)5. Deus escuta a súplica do crente (VV 46-51)6. Deus espera que o crente o louve (V52)7. Deus cumprirá sua promessa (Is 11.1-10)

TÍTULO: CARACTERÍSTICAS DO CRENTE QUE TEM “COMPLEXO DE GAFANHOTO”

TEXTO BÍBLICO: Nm 13.1-2, 17-20, 25-33

1. Ele esquece a promessa de Deus (V2)2. Ele esquece de sondar o problema (VV18-20)3. Ele aumenta o problema dando-lhe uma dimensão absurda (VV29,31,33)4. Ele cria dificuldades onde não existem (V32)5. Ele esquece que seu Deus é maior que todos os problemas (Nm 14.11)6. Mas, o homem que confia em Deus não conhece impossibilidades (V30)

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V – TÍTULO, INTRODUÇÃO E CONCLUSÃO

Estudaremos, agora, três partes importantíssimas no sermão, seja ele temático, textual ou expositivo.

1. O Título

O Título é uma expressão do aspecto específico a ser apresentado, formulado de maneira que seja um anúncio adequado do sermão.

O título é de grande importância para o sermão, porque, quando ele é anunciado, os ouvintes já sabem do que a mensagem vai tratar. Mas, há alguns princípios básicos para a elaboração de um título, vejamos:

a) O título deve encaixar bem com o conteúdo da pregação : Isto quer dizer que não adianta você dá um título à mensagem e depois a igreja descobrir que ele não tem nada a ver com o que você pregou. O título aí seria propaganda enganosa.

b) O título deve ser interessante : O título deve despertar atenção ou curiosidade.

c) Evite títulos absurdos : Há pregadores que para chamar a atenção do povo colocam em seus sermões um título absurdo, incoveniente com a dignidade do púlpito. Lembre-se que você está transmitindo um recado de Deus, por isso seja claro, simples e preciso no título. Veja, por exemplo alguns títulos absurdos de sermões:

- “O crente jerimum”- “O Diabo de minissaia”- “O rabo do capeta e a espada da Igreja”- “O crente de fogo faz churrasco de capeta”- “O crente redondo e o crente quadrado”

Veja que os títulos acima são, no mínimo, absurdos. Devem ser evitados.

d) O título, em geral, deve ser breve : Evite títulos longos demais, mas, também evite títulos pequenos demais e que não exprimam o conteúdo da mensagem. Veja alguns exemplos de títulos longos demais e títulos curtos demais.

- “A guerra espiritual da igreja e o texto de efésios 6 em relação aos movimentos neo-pentecostais das igrejas do terceiro milênio”

- “A fé”- “O crente de fé administra com eficiência os negócios do Reino

de Deus, esperando a recompensa do seu Senhor”- “Deus é amor”

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16e) O título pode consistir numa citação breve de um texto bíblico : Podemos

usar uma frase num texto bíblico para servir de título. Veja os exemplos:

- “Mulher, grande é a tua fé”- “Quem é o meu próximo?”- “Prepare-se para encontrar com o Senhor teu Deus”

Lembre-se: O título é importante para chamar a atenção da igreja para o assunto que vai ser tratado.

2. A Introdução

Introdução é o processo pelo qual o pregador procura preparar a mente dos ouvintes e prender-lhes o interesse na mensagem que vai proclamar.

A introdução, é, pois, parte vital do sermão, cujo êxito depende muitas vezes da habilidade do pregador para conquistar os seus ouvintes. Mas, para preparar a introdução, alguns princípios devem ser observados:

a) Em geral deve ser breve : Há pregadores que gastam mais tempo na introdução do que no sermão. A função da introdução é somente chamar a atenção do público para o sermão propriamente dito, portanto, deve ser breve.

b) Deve ser interessante : A introdução precisa ser interessante, pois, o auditório esperará coisas melhores no sermão.

c) Pode ser uma ilustração : Você pode iniciar a mensagem contando uma história, uma parábola, um testemunho ou outra ilustração que tenha tudo a ver com a mensagem.

d) Deve estar de acordo com a mensagem : Há pregadores que dizem uma coisa na introdução, e o sermão nada tem a ver com a introdução que ele deu.

Vejamos exemplo de introdução:

TÍTULO: PERDIDO E ACHADO

TEXTO BÍBLICO: Lc 15.11-24

INTRODUÇÃO: Na feira mundial de Chicago, com o intuito de ajudar os pais a localizarem seus filhos

que se perdessem pelo recinto, as autoridades estabeleceram um departamento de “perdidos e achados” para crianças.

O capítulo 15 de Lucas é o “departamento de perdidos e achados” da Bíblia. Aqui, Jesus fala de três coisas que se perderam e foram achadas.

A história do filho que se perdeu e foi achado exemplifica a vida de um pecador arrependido, que se perdeu, mas que é achado.

1. A culpa do pecador (vv11-13)2. A miséria do pecador (vv14-16)3. O arrependimento do pecador (vv17-20a)4. A restauração do pecador (vv20b-24)

3. A Conclusão

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Conclusão é o clímax do sermão, na qual o objetivo constante do pregador atinge seu alvo em forma de uma impressão vigorosa.

17 Há pregadores que dão o recado de Deus de uma forma que o povo não entende, e, ainda por cima, não concluem o assunto. É bom lembrar que a conclusão é de grande importância no sermão. O pregador tem que fechar a questão e deixar o povo refletir, receber a mensagem do Senhor. Mas, a conclusão também exige alguns princípios básicos para ser preparada. Vejamos alguns:

a) Como o título e a introdução, a introdução deve ser breve : Embora a conclusão seja muito importante, ela, no entanto, deve ser breve. Há pregadores que para concluir uma mensagem, gastam mais tempo do que durante todo o sermão.

b) A conclusão deve ser simples : O ministro não deve esforçar-se para por tornar a conclusão elaborada ou ornamentada, tudo deve ser simples.

c) A conclusão pode ser também uma história, uma parábola, um testemunho ou outra ilustração: Na conclusão pode-se usar também um desses itens, mas, é bom lembrar que, qualquer que seja a ilustração, deve estar de acordo com a mensagem.

d) Deve-se escolher com muito cuidado as últimas palavras da conclusão : Lembre-se que essas últimas palavras ditas na conclusão, ficarão na mente dos ouvintes e eles refletirão sobre a mensagem do Senhor.

Portanto, lembre-se sempre que O TÍTULO, A INTRODUÇÃO E A CONCLUSÃO são partes essenciais na pregação.

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18VI – SUBDIVISÕES E ILUSTRAÇÕES

Para que a mensagem fique melhor gravada na mente e no coração do ouvinte, o pregador pode usar também subdivisões e ilustrações. Trataremos disso agora.

1. As Subdivisões

Às vezes os pregadores preocupam-se com o tamanho da mensagem, preocupam-se em quanto tempo gastarão para entregar o recado do Senhor. Muitos não gostam de gastar pouco tempo numa mensagem. Para que a mensagem não fique tão curta e você consiga dizer o que Deus quer que seja dito, você pode acrescentar subdivisões.

As subdivisões derivam-se das divisões principais e são um desenvolvimento lógico destas.

Para entendermos melhor como funciona as subdivisões, vejamos o exemplo do sermão temático sobre Esdras, e coloquemos subdivisões nele:

TÍTULO: O PROPÓSITO DO CORAÇÃO DE ESDRAS E O PROPÓSITO DO CORAÇÃO DE TODO CRENTE

TEXTO BÍBLICO: Esdras 7.10

INTRODUÇÃO: (À critério)

1. Estava disposto a conhecer a Palavra de Deus “porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor”

1.1 – Mesmo vivendo numa corte pagã (lembrar o ambiente no qual Esdras vivia)1.2 – O crente também pode buscar conhecer a Palavra de Deus, mesmo vivendo em um

mundo pagão (Salientar os aspectos pagãos do mundo em que vivemos)

2. Estava disposto a obedecer a Palavra de Deus “E para a cumprir”

2.1 – Mesmo que isto lhe custasse caro (lembrar que Esdras corria sérios riscos ao procurar obedecer a Palavra de Deus)

2.2 – O crente também precisa obedecer à Palavra mesmo que isto lhe custe alguma coisa (Lembrar que às vezes custam perca de “amizades”, o afastamento dos familiares, etc.)

3. Estava disposto a ensinar a Palavra de Deus “E para a ensinar em Israel”

3.1 – Esdras fazia isso por amor à Deus, à sua Palavra e ao povo de Israel3.2 – O crente deve ensinar a Palavra por amor à Deus, à Palavra e ao mundo perdido

CONCLUSÃO: (À critério)

2. A Ilustração

Ilustração é o meio pelo qual se lança luz sobre um sermão através de um exemplo.

Pela definição acima fica claro que as ilustrações num sermão, servem como acessórios para que o povo entenda melhor a mensagem.

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Alguém já disse que “a ilustração está para o sermão assim como as janelas estão para o apartamento”. E essa declaração é importante, pois é exatamente assim que funciona. Se queremos que nossa mensagem fique mais clara precisamos recorrer aos exemplos e ilustrações.

19 A ilustração pode ser em forma de: História, Parábola, Testemunho, Estatística, Conto, História Bíblica, etc. Existe princípios para a inclusão de ilustrações no sermão, vejamos alguns:

a) Use ilustrações apropriadas : A ilustração é para esclarecer, portanto, só use ilustrações apropriadas para a mensagem que você está transmitindo. Uma ilustração que nada tem a ver com o sermão, só atrapalha.

b) Use ilustrações claras : Ao usar uma ilustração veja se ela está sendo transmitida de forma clara.

c) Use ilustrações verdadeiras e críveis : A ilustração não pode ser algo mentiroso. Se você for usar um conto, uma alegoria, explique para os ouvintes que é uma alegoria ou um conto.

d) Use ilustrações breves : Há pregadores que gastam muito tempo com ilustrações, que às vezes são maiores que o conteúdo do sermão.

Portanto, lembre-se: Se quiser enriquecer o sermão use subdivisões e ilustrações. Elas

facilitarão o aprendizado por parte das pessoas que o escutam.

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20VII – ÉTICA E ESTÉTICA DO PREGADOR

Ética e Estética. Não adianta ser um pregador de púlpito sem elas. Pois, são qualidades essenciais do verdadeiro pregador. Vamos estuda-las.

1. A Ética do Pregador

Ética é a parte da filosofia que estuda os deveres do homem para com Deus e a sociedade; deontologia; ciência da moral.

Para facilitar a questão da ética na pregação e na vida do pregador, usaremos as considerações abaixo, e, sabemos que existem muitas outras considerações a ser feitas com relação à ética na homilética, mas, julgamos as que listamos abaixo, suficientes para o momento:

a) Nunca pregue aquilo que você não vive : Deus jamais lhe mandaria exortar o seu povo, alguém que não viva o que prega. Por isso, a igreja não dá crédito, porque em primeiro lugar ela sabe que não foi Deus que mandou dizer aquilo, e segundo, ela sabe que se Deus mandasse alguém trazer uma mensagem de exortação para o seu povo, mandaria alguém que vive o que prega.

b) Nunca pregue sem antes consultar o Senhor sobre o que ele quer dizer a sua igreja : Pregar simplesmente por pregar é errado. Todo pregador precisa orar, sondar a necessidade da Igreja e aprender ouvir a voz de Deus.

c) Tenha muito cuidado em suas ilustrações : Existem pregadores que às vezes mentem para Deus ser glorificado, Deus não precisa disso. Há outros que costumam contar piadinhas incoerentes com a dignidade do púlpito. Enquanto existem aqueles que contam estórias que são patrimônio de todo mundo, ou seja, às vezes conta uma estória que ouviu ou um testemunho de alguém e diz que aconteceu com ele, diz que conhece os personagens ou diz que estava lá. Tenha muito cuidado. Uma mentira dita num sermão comprometerá sua autoridade na pregação. Conte o fato como ele é, e se ouviu de alguém, diga que ouviu e não que viu ou que aconteceu com você.

d) Nunca use o púlpito para se vingar de ninguém, nem para desabafar suas mágoas : Deus jamais enviaria um pregador a um púlpito para que este fosse resolver questões pessoais ou desabafar mágoas. No dia que você fizer isso saiba que Deus não está lhe usando, é a carne mesmo!

e) Aprenda a diferença entre pregação e movimento : Há pregadores que usam o púlpito só para fazer movimento. Não têm mensagem, não têm recado nenhum de Deus e ficam enrolando o povo. Começam dizendo uma coisa e depois dizem outra totalmente diferente, colocam o povo para se movimentar, gritar. Falam com Deus, depois com o povo, fala com o inimigo. Transmita a mensagem de Deus.

f) Não exija que o auditório glorifique a Deus, simplesmente para satisfazer o seu ego de pregador: Há pregador que costuma exigir que o povo glorifique a Deus, não porque eles esteja interessado em que Deus seja glorificado, mas, simplesmente para satisfazerem seu ego de pregador. Isso torna-se vaidade. Ele satisfaz seu ego, achando que sua mensagem está sendo o máximo. Nunca faça isso. Se sua mensagem é de Deus e o povo é de Deus haverá aleluias e glórias a Deus na hora necessária.

g) Não denuncie os pecados dos outros em público citando nomes : Seja ético no púlpito, não fale dos pecados das pessoas citando seus nomes. Quando tiver que contar algum fato, omita os nomes dos personagens, exceto se for realmente necessário.

h) Não coloque palavras na boca de Deus, que Ele não disse : É comum encontrar pregadores que ao contar um fato bíblico costumam colocar palavras na boca dos personagens. Palavras que eles nunca disseram. E muitas vezes colocam até palavras que Jesus nunca disse. Não enfeite as histórias bíblicas com imaginações suas, passando-

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as para o auditório como se fossem verdadeiras. Sempre que for usar algo da sua imaginação explique ao auditório dizendo “eu fico imaginando que...”, mas, jamais diga como se fosse verdade.

21i) Nunca fale no púlpito os problemas da igreja diante de visitantes não crentes : É totalmente

fora de ética, num culto onde haja visitantes não crentes, o pregador ficar expondo os problemas da Igreja: brigas, pecados, medos, etc. Deus não usa um pregador que leva os problemas da igreja para o mundo, pois não é o mundo que vai resolve-los. Quem resolve os problemas da Igreja é o Senhor Jesus por meio da própria igreja.

j) Nunca peça desculpas à igreja por causa da mensagem : Se Deus lhe mandou pregar, você não tem que pedir desculpas. É comum encontrarmos pregador que diz: “Os irmãos me desculpem eu não sei pregar bem, não preparei a mensagem”. Pregue na autoridade de Deus. Mas, se for pela carne, confesse e peça desculpas ao povo e perdão à Deus.

2. A Estética do Pregador

Estética é a filosofia das belas-artes; é a ciência que trata do belo, na natureza e na arte.

O pregador tem que ter estética, entender um pouquinho de etiqueta. Destacamos a seguir algumas considerações sobre a estética do pregador:

a) Lembre-se que você estará representando o Senhor Jesus, por isso muito cuidado no vestuário: O pregador deve pensar nesse detalhe. Uma vez que ele está representando o Senhor Jesus e comunicando à Igreja o que o Senhor quer que seja dito, o pregador deve se vestir bem. Vista sua melhor roupa. Esteja bem vestido, em trajes decentes e dignos de um pregador da Palavra de Deus. Roupas sensuais, nem pensar. Roupas mal passadas, evite-as. Roupas luxuosas demais farão que o público preste mais atenção na sua roupa do que na palavra, evite exageros e luxos no vestir. Vista uma roupa coerente com sua idade, um pregador de 50 anos vestido com uma jaquetinha de adolescente desviará a atenção do povo e servirá de risos e críticas. Evite camisetas, principalmente com dizeres em inglês ou figuras esquisitas. Represente bem seu mestre não só na Palavra, mas no modo de vestir.

b) Cuidado com os cabelos : Cabelos despenteados ou com cortes estranhos é um péssimo cartão postal. Muito cuidado.

c) Cuidado com seus movimentos durante a pregação : Há pregadores que se descuidam durante a pregação, e às vezes ficam num postura ridícula. Por exemplo, há pastores que pregam com jeito efeminado ou todo desengonçado. Às vezes se escora no púlpito ou prega o tempo todo olhando para isso. Encare o povo, olhe o povo nos olhos, você está falando em nome de Cristo e não precisa ficar com medo ou com complexo. Você representa o céu, está pregando a verdade, e a verdade não é tímida ela lhe dá autoridade. Somente trejeitos esquisitos ou poses duvidosas.

d) Cuidado com cacoetes : O que é cacoete? Cacoete é o mau hábito corporal, ou seja, os tiques nervosos. Há pregadores que durante uma pregação de trinta minutos ele ajeita os óculos uma cem vezes; há outros que usam prótese dentária e durante a mensagem ficam revirando-as; outros há que durante uma pregação de trinta minutos ensacam a roupa, ajustam a fivela do cinto uma cem vezes. São péssimos hábitos e que precisam ser evitados, pois o povo vê isso e acha estranho. Imagine um pregador que durante a pregação coça a cabeça, que dá até a idéia que está sendo corroído pelos piolhos. Tenh cuidado. Não queremos dizer com isso que você deva parecer um robô, mas, queremos dizer que você deve evitar coisas que o tornarão ridículo.

e) Cuidado com as cacofonias : O que é cacofonia? Cacofonia é o efeito desagradável ao ouvido numa seqüência de palavras. Ou seja cuidado com palavras que a juntarem as pessoas entendem outra coisa. Seja bem claro ao pronunciar as palavras. Um exemplo de cacofonia é quando você diz Deus é grande. Se você não tiver cuidado as pessoas vão entender “deu Zé Grande”. Isso é só um exemplo.

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22f) Grite somente o necessário : Evite gritar desesperadamente. Se o auditório for pequeno e o

som suficiente não precisa gritar como se tivesse num auditório para dez mil pessoas e falando sem microfone. Às vezes, os gritos revelam que o pregador não tem uma mensagem de Deus e quer fazer as coisas no grito.

g) Não fale muito suave e com pausas longas : Existem pregadores que, mesmo entregando o recado de Deus, são muito prolixos. Falam de forma tão desanimada que desanima o auditório, e, dá a impressão que o recado não é de Deus. Seja dinâmico, fale de forma que o povo entenda, mas cuidado com as pausas longas, elas fazem o povo dormir. Talvez alguém diga: “Mas se a mensagem for de Deus, ninguém dorme”. Eu respondo mostrando as Sagradas Escrituras. A Bíblia é a Palavra de Deus, mas, já vi gente cochilar lendo a Bíblia.

h) Não esmurre o púlpito : Há pregadores que para autenticar a pregação e mostrar que estão pregando com autoridade, costumam dar murros no púlpito. Ora, nossa autoridade está na Palavra e não na força. A Bíblia diz que “Não é por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor”.

i) Quando estiver pregando dirija -se a todos: Durante a pregação evite olhar demasiadamente para a mesma pessoa. Olhe para todos, dirija-se a todos, até àqueles que estiver por trás de você no púlpito. Há pregador que prega olhando sempre para a mesma pessoa, ou as vezes se dirige a apenas um lado do auditório, e ainda existe aquele que só olha para o pastor.

j) Não reclame do som : Isso cria um mal-estar, quando o pregador começa reclamar do som ou de alguém. Pregue a palavra. Se tiver que dirigir-se ao sonoplasta, faça-o de maneira elegante e não reclamando.

k) Não olhe muito para o relógio : Cada vez que o pregador olha para o relógio, o povo olha também, e isso cria um clima de expectativa quanto ao horário. Mas, cuidado: Deus lhe deu a mensagem, mas não abuse disso e passe horas e horas numa pregação que poderia ser ministrada em meia hora. Há pregador que fala demais, gastando duas horas num recado de Deus que poderia ser dado em vinte minutos. E, às vezes, ainda canta dois ou três hinos.

Concluímos, dizendo o seguinte: O pregador sem ética ou estética não somente tornará a mensagem chata, mas, o povo pensará que Deus é chato também. Por isso lembre-se: Ética e Estética são importantes na Homilética. Humor: Uma irmã que não foi à igreja perguntou para a outra: “E a mensagem, como foi?”; a outra respondeu: “A mensagem hoje foi uma espada”; a primeira indagou: “Bem cortante e penetrante?”; e a outra respondeu: “Chata e comprida”.

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CONCLUSÃO

Ao concluirmos esta apostila/curso, expressamos o nosso desejo e oração para que seja útil ao povo de Deus. Mas, damos um alerta: Cuidado para sua mensagem não ficar mecânica demais, cuidado para não impedir a direção do Espírito Santo. No entanto, temos a certeza que, se você orar, e tiver comunhão com o Senhor, este curso será de grande utilidade para você. Aproveitamos para comunicar, uma vez que não colocaremos a parte de bibliografia na apostila, que boa parte do material dessa apostila vem do Livro “Como preparar mensagens bíblicas” da autoria de James Braga, Ed. Vida.

Soli Deo Gloria!!!!!!!!!

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