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UNIVERSIDADE DO MINDELO ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE Autor: Jacilene Pires Da Graça, N.º 2566 Mindelo, 2015 CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANO LETIVO 2014/2015 – 4º ANO

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UNIVERSIDADE DO MINDELO

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

Autor: Jacilene Pires Da Graça, N.º 2566

Mindelo, 2015

CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANO LETIVO 2014/2015 – 4º ANO

I

Implicações da Sobrecarga Horária na Qualidade dos

Cuidados de Enfermagem

Mindelo, Julho de 2015

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada para

obtenção do Grau de Licenciatura em Enfermagem no

Curso de Enfermagem conferido pela Universidade do

Mindelo.

Orientadora: Enfª. Telma Monteiro

II

III

DEDICATÓRIA

Especialmente aos meus pais João Francisco Da Graça e Rosa Dos Reis Da Graça

e aos meus irmãos que são a razão do meu viver.

IV

AGRADECIMENTOS

Para a realização de trabalhos deste género é imprescindível uma forte motivação

e sacrifício. Com a finalização do mesmo e a sensação de objectivo cumprido e vitória

alcançada, não poderia deixar de expressar com muita satisfação e consideração o meu

sentimento de agradecimento a todos.

Agradeço primeiramente a Deus, pela vida, por estar sempre no meu caminho,

iluminando-me, guiando-me e dando-me força sempre nas escolhas certas.

Aos meus pais, que são a base de tudo, apoiando-me nos momentos difíceis com

força, confiança, amor, ensinando-me a persistir nos meus objectivos.

Agradeço a minha orientadora enfermeira Telma Monteiro pela disponibilidade,

colaboração e orientação.

Ao Daniel Sança, sempre companheiro e compreensivo.

Agradeço também a todas as pessoas que amo, e que de uma forma directa ou

indirecta, me auxiliaram e me apoiaram sempre na minha caminhada até aqui.

A todos com carinho, o meu muito obrigado.

V

“A Enfermagem é uma arte, e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão

exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor, pois o

que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o

templo do espírito de Deus? É uma das artes, poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!”

Florence Nightingale (1871)

VI

ÍNDICE GERAL

RESUMO ............................................................................................................................. X

ABSTRACT ........................................................................................................................ XI

LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................... XII

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

CAPÍTULO I - PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA ............................................. 3

1.1. Problematização e Justificativa ............................................................................... 4

1.1.1. Objectivos do estudo ....................................................................................... 6

1.1.2. Definições de Hipóteses .................................................................................. 7

CAPÍTULO II - ENQUADRAMENTO TEÓRICO ............................................................. 8

2.1. O trabalho de Enfermagem ..................................................................................... 9

2.1.1. O trabalho do Enfermeiro .............................................................................. 12

2.2. Cuidados de Enfermagem ..................................................................................... 15

2.2.1. Origem dos cuidados de Enfermagem ........................................................... 16

2.3. Qualidade dos Cuidados de Enfermagem/Sobrecarga Horária ............................. 17

2.3.1. Qualidade dos Cuidados de Enfermagem ...................................................... 17

2.3.2. Qualidade de Vida do Enfermeiro no Trabalho............................................. 19

2.4. Carga Horária de Trabalho/Jornada de trabalho ................................................... 21

2.4.1. Previsão e/ou Cálculo das Cargas de Trabalho de Enfermagem ................... 22

2.4.1.1. Cálculo para dotação de pessoal de enfermagem nos estabelecimentos de

saúde……. ................................................................................................................... 23

2.5. Factores que levam á sobrecarga no trabalho de Enfermagem ............................. 25

2.5.1. Implicações da Sobrecarga de Trabalho ........................................................ 26

CAPÍTULO III - FASE METODOLÓGICA ...................................................................... 32

3.1. Fundamentação Metodológica .............................................................................. 33

3.2. Tipo de pesquisa ................................................................................................... 33

3.3. População e Amostra ............................................................................................ 34

3.4. Métodos, Colecta de dados ................................................................................... 35

3.5. Procedimentos éticos ............................................................................................ 36

3.6. Obstáculos confrontados nesse estudo .................................................................. 36

CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO / ANALÍSE DOS DADOS E RESULTADOS ....... 38

4.1. Caracterização geral da população amostra .......................................................... 39

VII

4.2. Dados relativos a sobrecarga horária na qualidade dos cuidados de enfermagem 43

4.3. Dados relativos a sobrecarga horária e o enfermeiro ............................................ 45

4.4. Análise/Interpretação dos Resultados ................................................................... 51

CAPÍTULO V - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 55

5.1. Sugestões/Propostas para a melhoria da sobrecarga horária no HBS ................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 58

APÊNDICES ....................................................................................................................... 63

Apêndice I – Autorização da Direcção do HBS para elaboração do estudo ................... 64

Apêndice II – Termo de consentimento livre e esclarecido e questionário ..................... 65

Apêndice III – Grelha de Observação ............................................................................. 69

Apêndice IV – Estatística referente aos Enfermeiros ...................................................... 70

Apêndice V – Cronograma .............................................................................................. 75

ANEXOS ............................................................................................................................. 76

Anexo I – Carta redigida pela Universidade do Mindelo ................................................ 77

Anexo II – Distribuição dos enfermeiros no HBS ........................................................... 78

Anexo III – Funções dos enfermeiros ............................................................................. 78

VIII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Distribuição dos enfermeiros no HBS ................................................................ 11

Quadro 2: Funções do Enfermeiro....................................................................................... 13

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 13: Distribuição dos dados de acordo com as implicações da sobrecarga horária na

qualidade dos cuidados prestados em enfermagem ............................................................. 45

Tabela 15.1: Distribuição dos dados de acordo com os sintomas apresentados durante o

trabalho excessivo................................................................................................................ 46

Tabela 16: Distribuição dos dados de acordo com as implicações da sobrecarga horária

para o enfermeiro. ................................................................................................................ 47

Tabela 17.1: Como conseguiu ultrapassar essas situações .................................................. 48

Tabela 21: Distribuição dos dados de acordo com as sugestões dos enfermeiros para a

resolução da sobrecarga horária de trabalho........................................................................ 50

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 e 2: Distribuição dos dados de acordo com o género e a idade dos enfermeiros

inquiridos ............................................................................................................................. 39

Gráfico 3 e 4: Distribuição dos dados de acordo com as habilitações académicas e o tempo

de actividade profissional. ................................................................................................... 40

Gráfico 5: Tempo que trabalha no HBS. ............................................................................. 40

Gráfico 6: Distribuição dos dados de acordo com a ocupação (função) do enfermeiro no

HBS. .................................................................................................................................... 41

Gráfico 7 e 8: Distribuição dos dados de acordo com o sector de trabalho e o turno de

trabalho dos enfermeiros no HBS. ....................................................................................... 41

Gráfico 9: Carga horária de trabalho diário ......................................................................... 42

Gráfico 10: Distribuição dos dados de acordo com a noção dos enfermeiros acerca da

sobrecarga horária................................................................................................................ 43

Gráfico 10.1: Distribuição dos dados de acordo com a definição da sobrecarga

horária/sobrecarga de trabalho na perspectiva dos enfermeiros .......................................... 43

IX

Gráfico 11: Distribuição dos dados de acordo com os motivos que levam a uma sobrecarga

horária. ................................................................................................................................. 44

Gráfico 12: A sobrecarga horária implica ou não na qualidade dos cuidados de

enfermagem ......................................................................................................................... 44

Gráfico 14: Distribuição dos dados de acordo com a sobrecarga horária e suas implicações

nos aspectos físico-psicológicos do enfermeiro .................................................................. 45

Gráfico 15: Distribuição dos dados de acordo com sintomas durante o trabalho excessivo.

............................................................................................................................................. 46

Gráfico 17: Como reage com as situações mencionados na tabela 16 ................................ 47

Gráfico 18: Recebe apoio dos colegas quando encontra em situações referida na tabela 16

............................................................................................................................................. 48

Gráfico 19: Se está Satisfeito com a sua relação com os demais colegas de trabalho. ..... 489

Gráfico 20: Distribuição dos dados de acordo com a noção que os enfermeiros têm acerca

da noção do que seja qualidade de vida. .............................................................................. 49

Gráfico 20.1: Distribuição dos dados de acordo com a definição de qualidade de vida ..... 49

Gráfico 20.2: Distribuição dos dados de acordo com a definição de qualidade de vida ..... 50

X

RESUMO

Nos dias de hoje a sobrecarga horária tem sido um fenómeno bastante

preocupante na nossa sociedade. Relativamente a enfermagem, a sobrecarga horária

acarreta implicações na qualidade dos cuidados de enfermagem e na vida dos profissionais

de saúde. A qualidade dos cuidados em enfermagem para além da importância que tem

para a instituição de saúde e para o utente, deve ter uma importância máxima para o

enfermeiro. Ele deve ambicionar a qualidade em cada gesto realizado, deve procurar que o

desempenho da sua função seja mais do que uma simples execução de tarefas.

É com base nisto, que a realização do presente estudo pretendeu-se conhecer as

implicações da sobrecarga horária na qualidade dos cuidados em enfermagem no Hospital

Baptista de Sousa, visando avaliar o impacto da sobrecarga horária na vida dos enfermeiros

e na qualidade dos cuidados prestados pelos enfermeiros.

Optou-se por uma metodologia quantitativa, com um estudo do tipo exploratório e

descritivo, sendo esta realizada através da aplicação de um questionário a quarenta (40)

enfermeiros dos cento e nove (109) que trabalham no Hospital Baptista de Sousa (HBS),

mais precisamente os que trabalham nos seguintes serviços: Quarto Particular (QP), Banco

de Urgência Adulto (BUA), Banco de Urgência de Pediatria (BUP), Serviço de Medicina

(SMed), Serviço de Maternidade (SM), Serviço de Cirurgia (SC).

Através dos resultados obtidos constatou-se que de facto existe sobrecarga horária

no HBS com uma percentagem de 97.5% (39 enfermeiros) respondendo que sim. Esta trás

implicações tanto a nível dos cuidados de enfermagem prestados aos utentes (87.5%

respondendo sim) como para os enfermeiros (95% respondendo sim). Nos cuidados de

enfermagem as implicações mais presenciadas foram baixa produção nas tarefas, trabalho

mecanicista e relação interpessoal negativa e nos enfermeiros foram o desgaste físico e

profissional, baixo nível de satisfação profissional e o aparecimento da síndrome de

burnout o que pode-se concluir que a sobrecarga horária tem vindo a ser um grande

problema para a classe de enfermagem, em que esta merece ser estudada devido as várias

consequências que ela trás aos utentes, aos enfermeiros e a instituição hospitalar.

Palavras-chave: O Trabalho de Enfermagem, Sobrecarga Horária e Implicações,

Qualidade dos Cuidados de Enfermagem.

XI

ABSTRACT

Today the overloaded working hours has been a very worrying phenomenon in

our society. For nursing, the time burden has implications on the quality of nursing care

and lives of health workers. The quality of care in nursing in addition to the importance to

the health institution and the user must have a maximum importance to the nurse. It should

aspire to quality in every gesture performed, must ensure that the performance of its

function is more than just a performing tasks.

It is on this basis that the holding of this study aimed to understand the

implications of overloaded working hours on the quality of care in nursing in the Baptista

de Sousa Hospital, to evaluate the impact of hourly overhead in the lives of nurses and the

quality of care provided by nurses.

It was opted for a quantitative methodology to a study of exploratory and

descriptive, which is performed by applying a questionnaire to forty (40) nurses from a

hundred and nine (109) nurses working in the Baptista de Sousa Hospital (HBS) more

precisely those working in the following services: Private Room (QP), Care Emergency

Adult (BUA), Bank of Emergency Pediatrics (BUP), Medical Service (SMED), Maternity

Services (SM), Surgery Department (SC).

From the results obtained it was found that in fact there is time overhead in HBS

with a percentage of 97.5% (39 nurses) who answered yes. This has implications both in

terms of nursing care provided to users (87.5% answering yes) and for nurses (95%

answering yes). In nursing care the most witnessed implications were low in production

tasks, mechanical work and negative interpersonal relationship and nurses were physical

and professional stress and strain, low job satisfaction and the onset of burnout syndrome

which one can conclude that the hourly overhead has been a big problem for nursing class,

where this needs to be studied because the various consequences that it brings to users,

nurses and the hospital.

Keywords: Work of Nursing, Overloaded Working Hours and Implications,

Quality of Nursing Care.

XII

LISTA DE ABREVIATURAS

BUA – Banco Urgência Adulto

BUP – Banco Urgência Pediatria

CV – Cabo Verde

HBS – Hospital Baptista de Sousa

OEP – Ordem dos Enfermeiros de Portugal

PROFAE – Projecto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de

Enfermagem

QP – Quarto Particular

SB – Síndrome de Burnout

SC – Serviço de Cirurgia

SM – Serviço de Maternidade

SMed. – Serviço de Medicina

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

SV – São Vicente

UM – Universidade do Mindelo

1

INTRODUÇÃO

Este trabalho intitulado “Implicações da sobrecarga horária na qualidade dos

cuidados de enfermagem”, foi desenvolvido no âmbito da disciplina de Seminários

Avançados e Investigação Científica integrada no plano de estudos do 4º ano do curso de

Licenciatura em Enfermagem lecionada na Universidade do Mindelo (UM) como elemento

de avaliação final para a aquisição do grau de Licenciatura.

Este trabalho se originou pela observação feita durante os ensinos clínicos onde

constatou-se que o trabalho do enfermeiro muitas vezes ocorre em ambiente de muitos

desgastes emocionais, profissionais e com factores estressores.

O convívio diário com as dores e angústias do utente, seja de origem emocional

ou biológica, acabam por afectar também a saúde do enfermeiro. Outro factor que trás

desgaste ao Enfermeiro é a sobrecarga de função/sobrecarga horária e os problemas de

origem interpessoal, pois existem níveis de tensões entre os indivíduos do mesmo ambiente

de trabalho.

Esta nova realidade despertou o interesse em pesquisar sobre a jornada de trabalho

e verificar se este interfere na qualidade da assistência de enfermagem, em especial, a

partir da experiência vivenciada. Este interesse cresceu no quotidiano de nossa prática,

onde tem-se observado e reflectido no dia-a-dia no âmbito hospitalar que a qualidade da

assistência prestada pelo enfermeiro, submetido a uma rotina exaustiva de trabalho,

apresenta-se vulnerável. Desse modo, passa a existir uma assistência fragmentada, na qual

esses profissionais transmitem falta de estímulo, acúmulo de serviços, muitas vezes

gerando conflitos entre a equipa multidisciplinar.

Diante dessa realidade, questiona-se sobre a qualidade da assistência prestada pelo

enfermeiro, como esse profissional qualifica a assistência por ele prestada e se em algum

momento ele percebe que a sobrecarga horária / sobrecarga de trabalho está afastando-o

nas suas atribuições.

Deste modo, considerou-se pertinente a formulação da seguinte pergunta de

partida: Será que a sobrecarga horária dos profissionais de saúde trás implicações na

qualidade dos cuidados de enfermagem?

Esta pesquisa será realizada com o intuito de estudar e conhecer as implicações da

sobrecarga horária na qualidade dos cuidados de enfermagem, um factor que tem vindo a

2

estar presente nas práticas e vivências dos enfermeiros do Hospital Baptista de Sousa

(HBS), interferindo assim na qualidade dos cuidados de enfermagem prestados.

Trata-se de uma pesquisa de caris quantitativa, do tipo exploratório-descritivo,

onde foi elaborado um inquérito por questionário, inquirindo quarenta (40) dos cento e

nove (109) enfermeiros que trabalham no Hospital Baptista de Sousa (HBS). Desses

inquiridos ambos eram do sexo feminino e masculino dos diferentes serviços e que

participaram após ter esclarecido sobre os motivos do estudo.

Este trabalho encontra-se estruturado em cinco capítulos:

Capítulo I – neste capítulo abordaremos a problemática e a justificativa do tema

em estudo, objecto e objectivos encadeados com a pergunta de partida.

Capítulo II - faz-se uma revisão da literatura, onde será abordado alguns

conceitos pertinentes para o trabalho.

Capítulo III - aborda questões de natureza metodológica, começando por definir

o tipo de estudo que se presente realizar, as técnicas de pesquisa, referência aos métodos de

recolha de dados, e aos princípios éticos.

Capítulo IV - faz-se referência á análise, interpretação e discussão dos dados.

Capítulo V - é dedicado às considerações finais e sugestões de proposta de

melhoria da sobrecarga horária em enfermagem no HBS.

3

CAPÍTULO I - PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA

4

1.1. Problematização e Justificativa

Uma das etapas essenciais em cada trabalho é a delimitação do problema, a fim de

definir e identificar o que realmente se pretende estudar. Segundo Lakatos e Marconi

(2006, p.24) ― (…) definir um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e

exactos e deve ser feito de forma clara, concisa e objectiva.‖

Ao reflectir sobre a experiência profissional, questiona-se diversas vezes sobre a

qualidade dos cuidados de enfermagem prestados, se estes vão ao encontro às necessidades

dos utentes, e em que medida a carga de trabalho de enfermagem influência a qualidade

dos cuidados prestados. É de realçar a importância da qualidade de vida no trabalho uma

vez que as inadequadas condições destes podem ocasionar vários factores que contribuem

para alterar a qualidade desses cuidados.

De acordo com Silva, Lima, Farias, Campos (2006,p.442),

―A enfermagem vem, ao longo de sua existência, buscando evoluir na qualidade da assistência

prestada e, para isso, tem-se actualizado, principalmente no campo tecnológico e científico. As

precárias condições de trabalho e os desgastes físicos e emocionais produzidos pela extensa

jornada são, entretanto, visíveis e pouco se tem feito na tentativa de amenizar essa situação.

Como forma de superação, esses profissionais buscam estímulo com o aumento do ganho

financeiro, submetendo-se à dupla jornada de trabalho, sem medir as consequências resultantes

desse processo. ‖

Ao longo dos tempos a enfermagem tem vindo a sofrer― modificações na

dimensão do seu processo de trabalho, vivenciando uma rotina de trabalho estressante sem

planeamento operacional de suas actividades quotidianas o que tem ocasionado desgaste,

cansaço e sobrecarga, principalmente devido a muitas vezes este profissional ter uma longa

jornada de trabalho ‖ (Silva, Lima, Farias e campos, 2006, p.443)

Segundo Safiano, Sarquis, Giacomozzi (2003,p.87)

― Ao longo da jornada de trabalho da enfermagem, é inevitável o desgaste, pois são várias as

actividades que exigem do profissional, além de disponibilidade e força física, o que acaba

expondo esses trabalhadores a doenças ocupacionais. Devem, ainda, ser considerados os riscos

de contaminação por doenças infectocontagiosas.‖

Todo esse trabalho em si já é considerado desgastante, uma vez que o profissional

de saúde tem de estar apto, com habilidades, atitudes e competências para dar respostas as

demandas do utente nos diferentes serviços.

E, com toda essa demanda, caso houver uma sobrecarga horária de trabalho,

juntamente com factores como riscos ocupacionais, o ambiente em que o profissional

5

encontra-se inserido como também a equipa, o desempenho destes não terá um balanço

muito positivo.

Para isso é necessário ter enfermeiros suficientes para dar respostas as demandas

dos utentes e ou comunidade.

Conforme o plano de recursos humanos de Cabo Verde (CV) (2004, p.24)

―verifica-se um número insuficiente de profissionais em todos os níveis do sistema de

saúde, traduzindo-se numa fraca capacidade de resposta do sistema de saúde,

manifestando-se na sobrecarga de trabalho para o pessoal e nas listas de espera para os

pacientes.‖

Ainda reforça que ―a falta de pessoal ao nível das delegacias de saúde leva a

transferência dos pacientes para os hospitais centrais contribuindo para sobrecarregar ainda

mais estes últimos, obrigando-os a prestar cuidados que podiam ser realizados ao nível das

delegacias.‖ (ibidem)

Logo com o aumento do número de utentes, os recursos humanos insuficientes e

consequentemente aumento da sobrecarga horária leva ao desgaste dos profissionais de

saúde e a uma prestação de cuidados de baixa qualidade.

Em São Vicente (SV) no Hospital Baptista de Sousa a dotação de enfermeiros é

de 109 (69%), mas é necessário 157 (100%) enfermeiros para cobrir e prestar uma

assistência de qualidade. Esta prestação visa reduzir os riscos de doença dos agravantes de

saúde, ter acesso universal relacionadas as acções e serviços actuando na promoção,

protecção e recuperação.

E conforme os dados estatísticos o HBS tem uma média de internamento de 6000

utentes por ano, em que por mês dá-se em média 500 utente em quase todos os serviços.

No ano de 2012 foram internados 6214 utentes, em 2013, 6067 utentes e no ano 2014,

5945 utentes no HBS.

No serviço de Banco de Urgência de Adulto (BUA), em média são atendidos 3000

utentes por mês. Em média uma enfermaria recebe 40 utentes e por turno trabalham 3

enfermeiros para prestar cuidados a esses utentes o que se pode dizer que de facto o

número de enfermeiros é muito reduzido para cada enfermaria.

Ainda segundo dados estatísticos fornecidos pelo HBS, a taxa de ocupação é de

84,3%. Nota-se ainda como agravante, a carência em termos de recursos humanos e

materiais que condicionam ainda mais o bom funcionamento dos serviços.

6

Taxa de ocupação pode ser definida como a relação entre o número total de dias

de internamento e o número de dias de internamente disponíveis, ou seja, é a relação entre

os dias de estadia dos utentes e o número de camas multiplicado pelo número de dias

(365).

Tudo isso leva a dizer que o número insuficiente de enfermeiros acarreta um

aumento da sobrecarga horária, uma vez que esses mesmos enfermeiros vão tentar cobrir

em diferentes enfermarias os enfermeiros em falta, trazendo várias implicações tanto pelos

profissionais de saúde como para a qualidade dos cuidados prestados pelos nossos utentes,

tendo assim levado a escolha do tema ―Implicações da sobrecarga horária na qualidade dos

cuidados de enfermagem‖.

Durante o ensino clinico V enfermagem saúde da mulher, foi deparado com um

atendimento não adequado á um utente, por parte de um profissional de saúde, alegando

estar cansada uma vez que tinha feito um turno á noite no Hospital e de seguida ido

directamente para o Centro de Saúde às oito da manhã.

Outra situação que reforça a escolha do tema é que recentemente no ensino clínico

de gestão, realizado no Banco de Urgência Adulto do HBS observou-se que muitos dos

enfermeiros trabalham 12 horas por dia provocando assim um esgotamento tanto físico,

psicológico e mental no enfermeiro.

Torna-se ainda pertinente a realização deste tipo de estudos, dado que as dotações

de pessoal de enfermagem nos serviços são inadequadas, uma vez que não são realizados

ajustes de acordo com as alterações das características do serviço e dos utentes.

Daí advém a importância de estudar esse tema visto ser de grande relevância uma

vez que os enfermeiros trabalham com vidas humanas onde tem de dar respostas rápidas,

precisas e objectivas e que, na falta destes pode-se acarretar tanto para os profissionais

como para os utentes consequências drásticas.

Logo, para este estudo considerou-se pertinente a formulação da seguinte

pergunta de partida: Será que a sobrecarga horária dos profissionais de saúde trás

implicações na qualidade dos cuidados de enfermagem?

1.1.1. Objectivos do estudo

Para dar resposta a seguinte pergunta de partida destacou-se os seguintes

objectivos:

7

Objectivo Geral

Saber se a sobrecarga horária trás implicações aos Enfermeiros e na

qualidade dos cuidados de enfermagem, prestados aos utentes.

Objectivo Específico

Conhecer os factores que levam os profissionais de saúde a terem uma

sobrecarga de trabalho;

Identificar as implicações físicas e psicológicas da sobrecarga horária no

Enfermeiro;

Relacionar a sobrecarga horária com a qualidade dos cuidados em

enfermagem;

Elucidar quais são as consequências de uma sobrecarga de trabalho;

1.1.2. Definições de Hipóteses

Sendo hipótese segundo Quivy e Campenhoudt (1998:121), ―resposta provisória a

uma pergunta‖, pretende-se dar resposta provisória à pergunta de partida, isto é, indicar o

pressuposto da pesquisa.

Nisto como hipótese do estudo definiu-se os seguintes:

A sobrecarga horária dos profissionais de saúde implica na qualidade dos

cuidados de enfermagem?

A sobrecarga horária dos profissionais de saúde não implica na qualidade

dos cuidados de enfermagem?

8

CAPÍTULO II - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

9

Com o enquadramento teórico pretende-se expor a informação obtida através da

consulta e análise bibliográfica que se julgou relevante para a compreensão da temática em

estudo, e que proporcionasse dados susceptíveis de ajudar a responder cientificamente a

questão de partida.

Para Fortin (1999, p.39), conceptualizar refere-se, então, a ―um processo, a uma

forma ordenada de formular ideias, de as documentar em torno de um assunto preciso, com

vista a chegar a uma concepção clara e organizada do objecto em estudo‖.

Assim, este capítulo está organizado da seguinte forma: uma abordagem inicial

sobre o Trabalho de Enfermagem, realçando o trabalho do Enfermeiro perante a sua

profissão; A origem dos cuidados de Enfermagem; Qualidade dos cuidados de

Enfermagem; Qualidade de vida do enfermeiro no trabalho; Carga horária de

trabalho/jornada de trabalho; Previsão e /ou calculo das cargas de trabalho de Enfermagem

e por fim os factores que levam a sobrecarga no trabalho de Enfermagem e suas

implicações.

2.1. O trabalho de Enfermagem

Em nossos dias, ao falar-se em trabalho de enfermagem está-se a referir ao

trabalho colectivo em saúde, que é personalizado, dividido e organizado entre os

enfermeiros, os auxiliares e técnicos de enfermagem, defendendo Hesbeen (2001, p.33-34)

que, ―O trabalho de enfermagem situa-se no contexto do sector saúde, sendo portanto, um

trabalho colectivo, agregado ao trabalho dos demais profissionais da saúde. Assim, o

processo assistencial congrega diferentes trabalhadores, instrumentos e finalidades

específicas, com um objectivo comum, que é a saúde do utente‖.

Nessa mesma óptica, Peduzzi e Anselmi (2004; p.425), referem que esse trabalho

de enfermagem,

―É realizado por diferentes categorias de trabalhadores, abrangendo aquelas reconhecidas na

legislação profissional e também os trabalhadores sem qualificação técnica formal e regular,

(…), cujo quantitativo vem decrescendo de forma mais marcante nos últimos anos com a

implantação do PROFAE (Projecto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de

Enfermagem) ‖.

O trabalho de enfermagem é todo o cuidado/tarefa realizado dentro de uma

instituição hospitalar, centro ou clínica, nas 24 horas do dia (ou não), permitindo a

10

continuidade da assistência/cuidado aos utentes assim como sua segurança e a do próprio

enfermeiro. Defendendo a Ordem dos Enfermeiros de Portugal (OEP), (2012, p.15) que o

trabalho de enfermagem ―tem como objectivo prestar cuidados de enfermagem ao ser

humano, são ou doente, ao longo do ciclo vital, e aos grupos sociais em que ele está

integrado, de forma que mantenham, melhorem e recuperem a saúde, ajudando-os a atingir

a sua máxima capacidade funcional tão rapidamente quanto possível‖.

―A prática profissional de enfermagem compreende a assistência/cuidado, educação e pesquisa

e administração. (…) consiste no que há de mais expressivo na enfermagem, sendo este o seu

propósito primordial, enquanto a prática educativa e de pesquisa são o corpo de conhecimento

para o desenvolvimento da prática e o gerenciamento, a planificação e o projeto que envolvem

este conjunto, vem sendo compreendido como administração da prática profissional de

enfermagem, portanto, é a prática assistencial/cuidado que diferencia os profissionais de

enfermagem dos outros profissionais da saúde.‖ (Trentini e Paim, 2001, p.30).

Hesbeen (2001, p. 35) refere que,

―Enquanto prestadores de cuidados, as enfermeiras e os enfermeiros, tal como os seus colegas

de equipa multidisciplinar, praticam o cuidar em todas as suas dimensões e em toda a sua

complexidade. Assim sendo, para além dos aspectos puramente curativos comuns á todos os

intervenientes da equipa, não pode ter-se o exercício da enfermagem, uma imagem que os

restrinja a actividades e a tarefa.‖

Trentini e Paim (2001, p.31) ressaltam ainda que ―a enfermagem como profissão,

tem como pilar o conhecimento científico, este compreendido de modo ampliado em

correntes, métodos e técnicas que vão além dos esquemas tradicionais de pesquisa e

reconstrói o conhecimento apropriado ao desempenho dos profissionais‖.

O que pode-se entender que o enfermeiro, tem de possuir/adquirir várias

competências de forma a desempenhar o trabalho de enfermagem na íntegra, e que para

além de prestar cuidados de enfermagem de qualidade aos utentes, tem de ter empatia,

respeito e dignidade pelo outro, sem deixar de lado o conhecimento científico.

Mas no entanto, deve-se ter em conta os recursos humanos já que estes, no

domínio da enfermagem ―são considerados um dos factores mais relevantes na

operacionalização do sistema de assistência de enfermagem, tanto no que diz respeito aos

aspectos quantitativo como qualitativo de pessoal, quanto ao que se refere à função que

cada trabalhador deve desenvolver‖ (Trentini e Paim, 2001, p.31).

No que tange ao trabalho de Enfermagem no Hospital Baptista de Sousa (HBS),

os enfermeiros possuem competências, habilidades e conhecimento científico suficientes

para darem respostas as demandas do serviço aos utentes. E, cada dia tem-se visto mais

empenho e dedicação em mostrar essas peculiaridades nessa instituição. Esse trabalho é

11

desenvolvido em turnos, das 8:00 às 15:00 horas (referente ao turno de manhã), das 15:00

às 21:00 horas (referente ao turno da tarde) e das 21:00 às 08:00 horas (referente ao turno

da noite). A jornada de trabalho é pré-estabelecida através de escala de trabalho que

atendem à necessidade da instituição.

Pelo que pode-se observar no HBS, o trabalho de enfermagem é realizado por

todos os enfermeiros, assistentes e técnicos que trabalham no referido, executando as suas

actividades necessárias e prestando cuidados de enfermagem conforme as demandas dos

serviços e dos utentes. Mas, referente aos enfermeiros, na sua maioria, realizam turnos

consecutivos, contribuindo para uma sobrecarga de trabalho e consequentemente,

afectando a qualidade dos serviços e dos cuidados prestados a esses utentes.

Conforme o Superintendente de Enfermagem do HBS, há de facto uma sobrecarga

de trabalho devido à disposição de recursos humanos que pode ser insuficiente ou

inadequadamente distribuída entre os turnos e sectores de trabalho, e ainda, este é devido

ao facto da organização não querer criar vínculos com colaboradores.

Como pode observar no quadro 1, a distribuição dos enfermeiros no HBS é feito

da seguinte forma:

Quadro 1:

Distribuição dos enfermeiros no HBS

Serviço Nº Actual Nº Necessário

BUA 13 19

Medicina 11 25

Cirurgia 13 23

Esterilização 2 -

Orto-Traumatologia 6 12

Saúde Mental 5 6

B U Pediatria 5 6

Pediatria 6 7

Bloco Operatório 14 21

Tisiologia 5 6

Banco de Tratamento 1 2

Oncologia 1 1

Maternidade 16 16

UCE 5 6

Quartos Particulares 5 6

Superintendente 1 1

Total 109 (69%) 157 (100%)

Fonte: Dados estatísticos fornecidos pelos serviços de estatística do HBS- 2012.

12

O que pode-se constatar que a maioria desses serviços tem uma carência de

enfermeiros, o que dificulta a prestação de serviços de boa qualidade.

Logo, a quantidade de enfermeiros que trabalham nesses sectores não conseguem

prestar cuidados de qualidade para esses utentes. Para isso os enfermeiros têm de se

sobrecarregar para tentar atingir esses objectivos, o que muitas vezes não são alcançados.

2.1.1. O trabalho do Enfermeiro

Segundo Bollander, (1998,p.11), ―durante a guerra Civil Americana, o papel do

enfermeiro não estava definido e as enfermeiras voluntárias faziam o que era necessário

para desempenharem a sua missão‖. Estes tinham diferentes tipos de tarefas destacando ―

(…) organização e manutenção de lavandarias, recolha de comida da população civil,

escrever cartas para casa dos soldados feridos e doentes, vigiar soros, acompanhar os

moribundos e ajudar nas cirurgias, normalmente amputações‖. (ibidem)

Antunes (2009, p.21) afirma que ―os primeiros enfermeiros na indústria prestavam

serviços de saúde à família e à comunidade, centrados na prevenção e tratamento de

doenças e lesões relacionadas com o trabalho‖.

Mas, hoje o Enfermeiro exerce uma vasta série de actividades de Enfermagem,

cabendo-lhe a chefia de serviço e de unidade de enfermagem. Cabe também a este

profissional, a organização e direcção dos serviços de enfermagem e de suas actividades

técnicas e auxiliares nas instituições prestadoras desses serviços; o planeamento, a

organização, a coordenação, a execução e a avaliação dos serviços de assistência de

Enfermagem.

O Enfermeiro pode ainda exercer a consulta de enfermagem, a prescrição da

assistência de enfermagem e realizar os cuidados directos de enfermagem a utentes graves

em risco de vida. Este também é responsável pela prevenção e controle sistemática de

infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral.

Parafraseando Hesbeen (2001, p.23),

―O desempenho dos que cuidam, sejam eles quem forem, implica uma atitude própria, a que

permite caminhar com. Tal atitude, provém de duas etapas indissociáveis e complementares.

Em primeiro lugar a do encontro em segundo, a da caminhada, do acompanhamento, do

percurso feito em comum. Isto significa que cuidar, numa perspectiva de saúde, é ir de

encontro de outra pessoa para a acompanhar na promoção da saúde ‖.

13

Enfermeiro é a pessoa que tem habilidades profissionais e é reconhecido

legalmente pelo seu curso de enfermagem em que é ―atribuído um título profissional que

lhe reconhece competência científica, técnica e humana para a prestação de cuidados de

enfermagem gerais ao indivíduo, família, grupos e comunidade, aos níveis da prevenção

primária, secundária e terciária‖. (OEP; 2012, p.15)

Hesbeen (2001, p.23) afirma que o enfermeiro desempenha diversas funções ou

tarefas dispostas no quadro 2:

Quadro 2:

Funções do Enfermeiro

Fonte: Hesbeen (2001, p.23)

Por outro lado Henderson (1979, p.115) delineou as seguintes funções ou tarefas

desempenhadas pelo enfermeiro, elucidados abaixo:

A enfermeira tem a função única de ajudar indivíduos doentes ou saudáveis;

A enfermeira funciona independentemente do médico, mas promove o seu

plano se houver um médico de serviço (por exemplo: Henderson salientou que a

O prestador de cuidados:

O enfermeiro conselheiro:

Procura o encontro com a pessoa para criar laços

de confiança com ela;

Mostra-se como alguém que ajuda e acompanha a

pessoa que cuida, questionando-se sobre a sua

singularidade, identificando os seus recursos e

procurando com ela a via que faça sentido na sua

situação e para o seu projecto de vida. Caminha

com ela para promover a sua saúde.

O enfermeiro é um perito:

Que tem um discurso pertinente e esclarecedor

sobre os diferentes caminhos possíveis;

Que «delibera» com o doente para o ajudar a

orientar-se;

Que define o que é exequível;

Que aumenta o número de caminhos possíveis,

alarga os horizontes da pessoa e age como

transmissor de esperança.

Funções do Enfermeiro

14

enfermeira parteira pode e deve funcionar independentemente, se for o trabalhador mais

bem preparado na situação);

A enfermeira pode e deve diagnosticar e tratar o indivíduo se a situação

assim o exigir;

A enfermeira possui conhecimentos tanto nas ciências biológicas como nas

sociais;

A enfermeira pode avaliar as necessidades humanas fundamentais;

Os 14 componentes dos cuidados de enfermagem englobam todas as

possíveis funções de enfermagem.

Wehbe e Galvão (2001, p.86) afirmam ainda que em relação as actividades

exercidas pelos enfermeiros, pode-se destacar:

Realização do cuidado do paciente junto com o médico;

Preparação e administração de medicamentos;

Viabilização na execução de alguns exames procedendo a colecta;

Instalação de sondas gástricas, enterais e vesicais;

Realização de curativos de maior complexidade;

Preparação de instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento

cardíaco e desfibriliação, auxiliando a equipe médica na execução de diversos

procedimentos; execução do processo de enfermagem, actividades administrativas, entre

outras.

Defendendo Rorper, Logan e Tierney (1995, p.4) afirmam que os enfermeiros e os

outros profissionais de saúde, já sabem qual é a importância em ―empenharem na

manutenção de saúde, na prevenção de doenças, enfatizando a auto-ajuda e promovendo o

máximo de independência, de acordo com a capacidade individual de cada um‖.

Mas para isso, Henderson (1978, p.101) declara que é preciso que ― a enfermeira

trabalha em independência com outros profissionais de saúde. A enfermeira e outros

membros da equipa ajudam-se mutuamente a levar a cabo a totalidade do programa de

cuidados, mas não devem executar as tarefas uns dos outros‖.

Ou seja, tem de haver um trabalho multidisciplinar, em que cada um realiza a sua

actividade partilhando informações e tendo como principal foco o utente. Henderson

afirma que na equipa, nenhum membro deve exigir demasiado do outro de modo a fazer

com que qualquer deles seja incapaz de desempenhar a sua própria função (ibidem).

15

Ainda, Bollander (1998, p.7) cita Henderson (1966) diz que,

―A função singular do enfermeiro é assistir o indivíduo doente ou saudável na execução de

actividades que contribuam para a sua saúde ou recuperação (ou para uma morte serena) que

ele levaria a cabo sem ajuda, se tivesse força, vontade ou os conhecimentos necessários. E

fazer isso de tal maneira que o ajude a adquirir independência o mais rapidamente possível‖.

No nosso contexto, estes são basicamente as funções exercidas pelos enfermeiros,

mas é de referenciar que no seu dia-a-dia depara com diversas situações que resultam de

forma negativa afectando a qualidade dos cuidados prestados em enfermagem.

2.2. Cuidados de Enfermagem

Actualmente, o cuidado tem-se tornado um tema de destaque na Enfermagem e

fora dela. A complexidade do cuidar parece estar cada vez mais evidente no ser e fazer do

enfermeiro, levando-o à busca de uma prática que redireciona a sua competência como um

ser cuidador, envolvido com outros seres, situando-se no ambiente do cuidado e no cenário

de múltiplas interações humanas.

Ao procurar o significado do cuidar, Souza, Sartor, Padilha, e Prado, (2005, p.

267) referem-no como sendo um ― (…) desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção (…) e

deve ser entendido como o modo de estar com o outro desde o nascimento, promoção e

recuperação de saúde, até á sua própria morte.‖

O cuidado é uma das funções primordiais na sobrevivência de todo o ser humano,

e, esses são prestados pelos enfermeiros e outros profissionais de saúde, com o propósito

de assistir o mesmo na resolução das suas necessidades básicas e outras situações

relevantes. Entretanto, muitas vezes, esses cuidados de prevenção, curativo ou mesmo de

reabilitação, prestadas pelos enfermeiros, não vão de encontro as expectativas dos utentes

ou da comunidade, já que interferem vários factores. Tais factores nomeadamente

condições menos adequadas, os poucos recursos disponíveis, a sobrecarga tanto horária

como de actividades, o que implica numa diminuição dos cuidados de enfermagem e

afectando a qualidade destes.

Para Waldow, Lopes, e Meyer (1998, p.s/n),

―O cuidar em enfermagem consiste em envidar esforços transpessoais de um ser humano para

outro, visando proteger, promover e preservar a humanidade, com o objectivo de ajudar as

pessoas a encontrar significado na doença, sofrimento e dor, bem como na existência. É ainda

ajudar o outro a obter autoconhecimento e controlo para a sua cura‖.

16

Esta percepção de cuidados de enfermagem insere-se numa vertente humanista em

que a prestação de cuidados numa vertente social e pessoal é uma virtude, sendo este,

ainda nos dias de hoje considerado um dos valores da profissão de enfermagem.

(Nascimento, 2008, p.377)

2.2.1. Origem dos cuidados de Enfermagem

A enfermagem surgiu há muito tempo atrás, quando começou-se a realizar

práticas de saúde, em que estes eram as únicas assistências dadas a pessoas quando

precisavam de cuidados. Estes cuidados, na maioria das vezes eram feitas pelas mulheres e

eram implícitos ao ser humano. Com isso veio surgindo uma constante melhoria desses

cuidados, havendo a evolução da enfermagem.

Citando Ferreira, Pontes e Ferreira (2009, p.360), antigamente ―os cuidados não

pertenciam á um ofício, menos ainda a uma profissão. Cuidar dizia a qualquer pessoa que

ajudava outra a garantir o que lhe era necessário para continuar a vida do grupo e da

espécie, sendo este o fundamento de todos os cuidados‖.

E, de acordo com Alligood & Tomey (2002, p.105),

―A Enfermagem enquanto prática é tão antiga como a existência humana. (…), o Homem

sentia necessidade de cuidar do seu semelhante, colocando ao dispor do outro todos os meios

disponíveis para recuperar a sua condição de saúde, cuidando do seu próximo. Este

pensamento conduz-nos à essência dos cuidados de enfermagem – o cuidar‖.

Perspectivando Rorper et al. (1995, p.4) referem que ―durante o ultimo século a

enfermagem se associou, aos olhos do público, com o cuidado dos doentes, especialmente

no hospital. À medida que as enfermeiras se envolvem cada vez mais nos tratamentos

curativos e técnicas oferecidos pelo pessoal médico, elas passam a ocupar uma posição

estratégica‖.

É de ressaltar que historicamente, ―a referência à enfermagem como profissão,

associa-se a Florence Nightingale em meados do século XIX. Seguiram-se várias eras de

desenvolvimento da Enfermagem cuja ênfase eram os conhecimentos necessários à prática

de Enfermagem‖ (Alligood e Tomey, 2002, p.105).

Numa outra óptica, Hesbeen (1997, p.69), afirma que ―os cuidados de

enfermagem traduzem na atenção particular prestada por uma enfermeira ou enfermeiro á

uma pessoa ou aos seus familiares com vista a ajuda-los na sua situação. Engloba tudo o

que os profissionais fazem, dentro das suas competências, para prestar cuidados às

17

pessoas‖. Esses cuidados devem ser prestados tendo em conta os três níveis de prevenção,

sendo elas a primária, a secundária e a terciária, trabalhando na prevenção de doenças e na

promoção de saúde, buscando manter ou recuperar a dignidade e a totalidade do ser

humano.

E ainda referenciando Tomey (2002, p.114), afirma que Henderson ―valoriza a

componente empática dos cuidados de enfermagem, sustentando que para conhecer as

necessidades do doente a enfermeira necessita de se pôr no lugar do doente, como que se

vestisse a sua pele‖. O enfermeiro tem de ser capaz de um modo imaginário colocar-se na

situação do outro, de modo a perceber tudo o que se passa no interior deste e, assim prestar

uma assistência individualizada, sempre respeitando os seus valores e sua cultura,

preservando sua dignidade e cuidando como um ser holístico.

2.3. Qualidade dos Cuidados de Enfermagem/Sobrecarga Horária

2.3.1. Qualidade dos Cuidados de Enfermagem

Estudos revelam que não é fácil conceituar a palavra qualidade uma vez que este é

em grande parte subjectiva. No léxico da língua portuguesa, qualidade é definida por

propriedade ou condição natural de uma pessoa ou coisa que a distingue das outras; valor;

distinção; plano elevado.

Actualmente, a palavra qualidade está sendo referenciada em todos os momentos

e, relativamente á saúde, esta pode ser abordada na perspectiva dos utentes, já que numa

organização hospitalar, as principais responsabilidades desta é prestar cuidados adequados

de modo a suprimir as suas necessidades, capacidades e as expectativas do utente, visando

uma melhoria nesses cuidados prestados. E, para que isso aconteça, é necessário que os

profissionais de saúde, nomeadamente os enfermeiros, estejam preparados, dotados de

práticas e competências para darem respostas a essas demandas.

É nesse contexto que Biscaia (2000, p.14), afirma que:

―Surge a Qualidade na Saúde, como exigência de todos os envolvidos nos cuidados de saúde.

A qualidade é hoje um atributo, uma dimensão incontornável na saúde e na prestação dos

cuidados e é detentora de algumas características. Esta, busca satisfazer e diminuir as

necessidades, ou seja, não pretende responder só à procura oferecendo mais. É proactiva de

modo a prevenir e a dar resposta, não servindo de pretexto para a procura de novas

oportunidades de mercado. Reúne como atributos a efetividade, eficiência, aceitabilidade e a

equidade, e não a exigência única da aceitabilidade‖

18

Em relação á esses atributos, o Instituto de Medicina dos Estados Unidos da

América do Norte, apud Stanhope e Lancaster (2011, p.555) realçam que os serviços de

saúde de qualidade devem ser:

Eficazes – prestar serviços baseados em conhecimentos científicos a todos

os que possam beneficiar deles e abster-se de prestar serviços aqueles que provavelmente

não irão tirar daí benefícios;

Seguros – No sentido de evitar criar lesões aos clientes, provocados por

cuidados que têm o objectivo de os ajudar;

Atempados – Reduzir as esperas e atrasos por vezes prejudiciais tanto para

os que recebem como os que prestam cuidados;

Centrados no utente – Prestar cuidados de saúde com respeito e

sensibilidade pelas preferências, necessidades e valores individuais do cliente e

assegurando que as decisões clínicas são orientadas pelos valores do cliente;

Equitativos – Prestar cuidados cuja qualidade não oscile consoante

características pessoais como género, etnia, localização geográfica e estatuto

socioeconómico;

Eficientes – Evitar o desperdício, incluindo o desperdício de equipamento,

material, ideias e energia.

Logo, para além do enfermeiro ter outras competências, ele tem de ter capacidade

para gerir todos esses pontos acima referidos, pois, na falta destes, vão gerar cuidados de

menor qualidade e consequentemente não haverá melhoria, o que pode ter efeitos menos

positivos para essa organização hospitalar.

Na visão de Hesbeen (2002, p.41), ―quando um profissional se aproxima da

cabeceira de um doente apenas para executar gestos, deixando para outros a dimensão

relacional ou adiando-a para outra altura, a perspectiva de cuidar não existe.‖

Evidenciando ainda que,

―Prestar cuidados com elevada técnica e rigor científico, utilizar todas as tecnologias de ponta,

em que se consomem imensos recursos financeiros são extremamente importantes e muitas das

vezes podem fazer a diferença entre a vida e a morte, mas prestar cuidados sem a dimensão de

cuidar significa certamente uma enfermagem sem qualidade‖. (ibid:43)

E, para ter uma enfermagem de qualidade o prestador de cuidado de saúde deve

ter em conta três razões básicas descritas pelo Jonas (2002) apud Stanhope e Lancaster

(2011, p.549):

19

O princípio da não maleficência (acima de tudo, não causar danos) tem sido

um princípio ético básico do sistema de saúde desde a escrita do juramento de Hipócrates;

O princípio da beneficência (faça um bom trabalho) é um princípio ético

básico do profissionalismo;

A forte ética da acção social cultural valoriza muito o ―fazer um bom

trabalho‖.

Mas, não é só na perspectiva do enfermeiro que podemos chegar á um cuidado

prestado de qualidade, mas deve-se ter em conta a interdisciplinaridade, uma quantidade de

enfermeiros que dá respostas adequadas as demandas da comunidade e recursos materiais

necessários para complementar.

Remetendo para a qualidade dos cuidados, pode-se afirmar que cuidados com

qualidade são aqueles que se fazem bem, ou seja, que são prestados segundo as normas de

procedimentos técnicos. Pode-se dizer também que cuidados com qualidade são os que

conduzem à satisfação do utente, correspondendo às suas expectativas. (Hesbeen, 2001,

p.41)

2.3.2. Qualidade de Vida do Enfermeiro no Trabalho

A palavra qualidade de vida significa bem-estar, felicidade, boas condições de

vida e satisfação na vida, mas para além disso significa ter saúde físico e mental, estar de

bem consigo mesmo, com a vida, com as pessoas que nos rodeiam, enfim, é estar com a

vida em equilíbrio.

Castro e Fracolli (2013, p.160), referem que,

―A noção de Qualidade de Vida, apesar de ser polissémica e de difícil conceituação, é um

conceito dialéctico, sendo em parte objectivo e em parte subjectivo. No âmbito subjectivo, a

Qualidade de Vida depende do contexto histórico e cultural do sujeito. Ela pode ser geral ou

relacionada a uma dada enfermidade. Ela é a expressão no sujeito e na colectividade dos meios

de produção e reprodução social. No âmbito objectivo, a Qualidade de Vida está relacionada

com acesso a educação, saúde, moradia, saneamento básico, entre outros aspectos. ‖

E, num profissional de saúde, tudo isso faz-se necessário, juntamente com as suas

competências adquiridas ao longo da profissão, destacando autoconfiança, autonomia, ter

espírito de equipa, capacidade para assumir as suas responsabilidades, sigilo profissional,

competências clinicas, estabelecer relação de confiança, entre outras capacidades.

Pois na profissão de Enfermagem, as práticas clínicas e as competências exigem

do enfermeiro muita responsabilidade, de modo a desempenhar o seu papel na íntegra, já

20

que este lida diariamente com vidas humanas em que estas, muitas vezes poderem estar em

risco.

Mas, á medida que o enfermeiro encontra-se no seu trabalho, está sujeito a

diferentes situações que afectam directamente o seu desempenho e consequentemente sua

qualidade de vida.

O que vai repercutir negativamente no enfermeiro colocando-o a um baixo nível a

sua qualidade de vida, assim como baixo nível nos cuidados que ele presta aos utentes.

Actualmente, existe uma preocupação na saúde do indivíduo neste contexto, pois se

relaciona, principalmente, com a saúde do seu próximo.

Perspectivando Brunner e Suddarth (2006, p.105),

―Quando as pessoas apresentam sofrimento ou necessidades emocionais não satisfeitas, elas

vivenciam um sentimento global de infelicidade. À medida que a tensão aumenta, a segurança

e a sobrevida são ameaçadas. As diferentes maneiras pelas quais as pessoas respondem a essas

situações problemáticas refletem o nível de adaptação e maturidade de cada uma. (…) As

maneiras pelas quais as pessoas respondem aos estímulos desconfortáveis refletem sua

exposição a diversas experiências biológicas, emocionais e socioculturais.‖

E, acrescentam ainda que,

―Para que se atinja produtividade e qualidade, é preciso ter indivíduos saudáveis e atribuídos de

qualidade. Em contrapartida, a organização actua de forma onde muitas vezes pressiona-se o

indivíduo com a sobrecarga horária, levando-o a estados de doenças, de insatisfação e

desmotivação. Dentre estes, encontra-se a fadiga, distúrbios do sono, estresse, depressão e a

síndrome de Burnout‖ (ibidem)

O trabalho em enfermagem é uma actividade desgastante e estressante, uma vez

que o enfermeiro convive diariamente com o sofrimento dos utentes e seus familiares; há

uma exigência constante por parte dos utentes e do sistema e para além disso o enfermeiro

tem de manter um bom relacionamento com os utentes e com a equipa multidisciplinar e

ainda adaptar a sua actuação com a falta de recursos humanos e materiais.

No HBS, estas situações anteriormente mencionadas são presenciadas diariamente

na labuta dos enfermeiros, e juntamente com a sobrecarga horária proporcionam uma

insatisfação no trabalho, que afecta directamente os profissionais de enfermagem e sua

qualidade de vida no trabalho assim como na qualidade dos cuidados prestados.

Acrescentando, França, (1996) apud Miranda (2006, p.30) que,

―A qualidade de vida no trabalho é um conjunto de ações de uma instituição visando à

melhoria do desempenho de seus funcionários e que envolve vários aspectos relacionados às

atividades a serem desenvolvidas como: aspectos de vida particular, como lazer entre outros

aspectos que são responsáveis pelo bom andamento do serviço. De forma geral a ênfase é dada

ao grau de satisfação da pessoa com a instituição, condições ambientais gerais e promoção da

saúde que favorecem o ser enquanto pessoa e profissional‖.

21

Miranda (2006, p.31) afirma que, ―são muitos os benefícios da qualidade de vida

no trabalho: redução do absenteísmo, baixa rotatividade, atitude favorável ao trabalho,

redução / eliminação da fadiga, promoção da saúde e segurança, integração social,

desenvolvimento das capacidades humanas e aumento da produtividade‖.

Então para isso é necessário que o enfermeiro esteja gozando dos seus aspectos

físicos, psíquicos, sociais para que possa cuidar do outro, isto é o enfermeiro precisa ter

garantido todas as suas necessidades básicas humanas para executar seu trabalho com

motivação, lembrando que ele é uma vida que cuida de muitas vidas.

2.4. Carga Horária de Trabalho/Jornada de trabalho

A sobrecarga horária /trabalho nos hospitais é uma área que tem vindo a ganhar

grandes proporções no seio hospitalar interferindo assim na qualidade de vida,

impossibilitando o enfermeiro de desfrutar de maior tempo livre.

Para Tappen (2005, p.574), ―a profissão de enfermagem é desgastante, e, os

enfermeiros além de cargas de trabalho elevadas, tanto físicas como psicológicas, têm uma

vida social que nem sempre é compatível com os horários da sociedade comum‖.

No entanto ―não é só o trabalho ser exigente, mas muitos profissionais de saúde

dão por si a trabalhar para além das normais 40 horas semanais. Por exemplo, os

enfermeiros, são frequentemente solicitados a trabalhar em turnos rotativos ou 12 horas por

dia, o que em ambos os casos, provoca um estresse considerável‖. (Ibid, p.575)

Pafaro e Martino (2004, p.156) referem que,

―O trabalho em turnos é uma característica do exercício da enfermagem sendo obrigatório uma

vez que a assistência é prestada durante as 24 horas do dia, nos 7 dias da semana

ininterruptamente. Essa obrigação obriga que a assistência ocorra a noite, nos finais de semana,

nos feriados, períodos estes que são utilizados por outros trabalhadores para dormir, descansar,

usufruir do laser e do convívio social e familiar.‖

O mesmo passa-se com a maioria dos enfermeiros do HBS, na medida em que

trabalham dois turnos seguidos, sejam estes dentro ou fora dessa instituição. Isto vai

repercutir negativamente na saúde do enfermeiro.

22

Tappen (2005, p.574) afirma que,

―No contexto hospitalar, a enfermagem está presente 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365

dias por ano, ou seja os enfermeiros que trabalham com horários de roullement privam-se da

família, fim-de-semana, ocasiões festivas, entre outros, e o reconhecimento de todo o esforço

quase não existe. Portanto, torna-se necessário monitorizar os níveis de carga de trabalho

destes profissionais, bem como a sua satisfação profissional, para que desempenhem as suas

funções com os níveis de qualidade que lhe estão inerentes‖.

Em Cabo Verde assim como em todo e qualquer instituição hospitalar,

―Verifica-se que a realidade dos serviços hospitalares tem-se alterado significativamente e

inerente a este facto a carga de trabalho dos enfermeiros também sofreu alterações. Estas

alterações devem-se a quatro factores principais: saída de profissionais em fim de carreira,

absentismo relacionado com envelhecimento da população de profissionais activa, crise

económica e aumento de custos por utente‖ (Carayon e Gurses, 2008, p.1043).

Com isso, origina um aumento das actividades realizadas pelos profissionais,

defendendo Dalri, Silva, Mendes e Robazzi (2014, p.960) que, ―esses factos podem levar a

tendência progressiva de riscos ocupacionais, podendo originar efeitos crónicos a saúde

dos trabalhadores.‖

Carayon e Gurses, (2008, p.1043) realçam que,

―O aumento da carga de trabalho em enfermagem ocorre devido à não substituição imediata

dos profissionais que se reformam, ou que se encontram incapacitados temporariamente para o

trabalho. Pode ainda ocorrer devido à crise económica que leva as instituições a diminuírem o

staff de enfermagem, conduzindo à criação de políticas de horas extraordinárias e bancos de

horas‖ (ibidem).

2.4.1. Previsão e/ou Cálculo das Cargas de Trabalho de Enfermagem

Como refere Kurcgant (1991, p.96), ―o dimensionamento do pessoal de

enfermagem, é a etapa inicial do processo de provimento de pessoal, que tem por

finalidade a previsão da quantidade e da qualidade de pessoal por categorias requerida para

atender, directa ou indirectamente, às necessidades de assistência de enfermagem da

clientela.‖

Gillies (1994, p.259), citando Meyer, refere que ―a qualidade dos cuidados de

enfermagem aumenta se houver equilíbrio na relação entre a carga de trabalho e a dotação

do pessoal de enfermagem, ou seja, quando os índices de utilização do pessoal estão dentro

de valores correctos.‖

Acrescentando ainda Macaia (2005, p.s/n) que, ―quando há défices importantes de

pessoal a qualidade dos cuidados pode estar prejudicada, na medida em que o excesso de

trabalho prejudica a realização dos procedimentos da enfermagem‖.

23

De acordo com a ordem dos enfermeiros de Portugal (OEP), (2014, p.s/n)

―existem fórmulas diferentes de cálculos de dotação do nº de Enfermeiros, de acordo com

os diferentes contextos culturais e socioecónomicos‖. Das informações obtidas pelo

superintendente de enfermagem, Cabo Verde (CV) não possui um cálculo próprio de

dotação do nº de enfermeiros de produção científica, recorrendo ao modelo de Portugal.

Relativamente aos estudos feitos em Portugal, revelaram que, ―para os hospitais,

chegou-se à conclusão que são necessárias entre 3,61 e 7,12 horas de cuidados de

enfermagem por dia de internamento, variando consoante a valência / serviço‖. (OEP,

2014, p.s/n)

E, as informações obtidas pelo superintendente de enfermagem do HBS, por falta

de instrumentos de apoio de produção Nacional para o cálculo da dotação de número de

enfermeiros com rigor científico, foi utilizado o mesmo cálculo de Portugal, uma vez que

há aproximação legislativa existente entre os dois Países no tocante a horas semanais de

trabalho, pela aproximação do nº de dias de feriados consagrados nos respectivos países.

No entanto, foi tomado como base para o cálculo de dotação de Enfermeiros,

somente 3 horas, menos do que os 3,61 e os 7,12 horas, previstos como o tempo mínimo

de cuidados a prestar a um utente em regime de internamento.

2.4.1.1. Cálculo para dotação de pessoal de enfermagem nos estabelecimentos de

saúde

Como referido anteriormente o cálculo para a dotação do pessoal de enfermagem

em Cabo Verde é feita com base na fórmula utilizada em Portugal. Neste sentido a ordem

dos enfermeiros de Portugal (2014, p.s/n) refere que,

―Para efeitos do cálculo do número de horas de trabalho considera-se que cada enfermeiro

trabalha 261 dias por ano (365 dias anuais -104 (52x2) dias de fim-de- semana) deduzindo

ainda os dias para férias, feriados, formação e faltas. Assim, para a determinação do valor do

número de horas de trabalho prestado por cada enfermeiro por ano,‖

Nisto, devem ser considerados os seguintes valores de referência com as devidas

adaptações:

a) Enfermeiro em regime de trabalho de 35 horas/semana - 1414 horas/ano - tendo

por base as seguintes deduções: 26 dias (182 h) para férias 1 + 9 dias (63 h) para feriados 2

+ 15 dias (105 h) para formação 3 + 8 dias (56 h) para faltas 4;

24

b) Enfermeiro em regime de trabalho de 42 horas/semana (horário acrescido) 5 -

1697, 4 horas/ano - tendo por base as seguintes deduções: 26 dias (218 h) para férias + 9

dias (75,6 h) para feriados + 15 dias (126 h) para formação + 8 dias (67 h) para faltas;

c) Enfermeiro em regime de trabalho de 40 horas/semana (Código do Trabalho) 6

- 1733 horas/ano - tendo por base as seguintes deduções: 22 dias (176 h) para férias 7 + 9

dias (7 2 h) para feriados 8 + 4,375 dias (35 h) para formação 9 + 8 dias (64 h) para faltas.

Taxa de ocupação

É importante referir a taxa de ocupação uma vez que este vai repercutir na

sobrecarga de trabalho. Um exemplo disto é que no serviço de medicina há 10 enfermeiros

para 40 utentes. Esses enfermeiros são distribuídos nos três turnos, ou seja

aproximadamente 3 enfermeiros para 40 utentes o que determina um aumento de

actividades para esses enfermeiros.

Referindo o superintendente de enfermagem do HBS que as enfermarias

encontram-se quase sempre superlotadas, refletindo negativamente na qualidade dos

cuidados prestados.

Sendo assim, achou-se pertinente colocar como se faz o cálculo da taxa de

ocupação que é a relação percentual entre o total de dias de internamento-ano e a

capacidade do Estabelecimento de Saúde ou seja a lotação praticada vezes 365 dias.

Ainda achou-se pertinente demonstrar como se calcula o número de enfermeiros

necessários no HBS.

EN = Número de enfermeiros necessários.

LP = Lotação praticada

TO = Taxa de ocupação – Praticada no ano anterior ou esperada

N.º dias/ano = Número de dias de funcionamento por ano – 365 dias

HCN/DI = Número de horas de cuidados necessários por dia de

internamento

T = Número de horas de trabalho por enfermeiro e por ano - Valor de T:

25

2.5. Factores que levam á sobrecarga no trabalho de Enfermagem

Referente a nossa realidade e o que tem-se visto durante a realização das práticas

clinicas, são inúmeros os factores que levam a sobrecarga no trabalho de enfermagem, mas

os que mais se destacam são:

Falta de profissionais de enfermagem na instituição;

Salário inadequado;

Crise económica;

A escassez de trabalhadores de enfermagem, os baixos salários, têm sido

apontados como causas para que estes profissionais acumulem funções em mais de um

emprego. Assim os profissionais têm uma carga horária semanal que duplica o horário

normal comprometendo a eficiência do serviço.

Segundo Pereira, Miranda e Passos (2009, p.s/n) ―o déficit de profissionais

acarreta uma sobrecarga de trabalho, porque uma vez que há um número maior de clientes

para cada funcionário, prejudica a interacção com suas funções e com o ambiente de

trabalho, na medida em que este ambiente contém demandas excessivas.‖

A remuneração é um outro factor importante em qualquer profissão, e referente

aos profissionais de enfermagem, por trabalhar em turnos, tem a possibilidade de trabalhar

em dois ou mais turnos para suprirem a baixa remuneração.

Muitas vezes os trabalhadores de enfermagem fazem uma dupla jornada de

trabalho ―devido a situação económica da área da saúde, aos baixos salários insuficientes

para o sustento da família, o que os leva a procurar novas fontes de renda. Na realidade,

necessitam enfrentar duplas actividades, o que pode interferir em alguns aspectos referente

a qualidade de vida do trabalhador‖. (Pafaro e Martino, 2004,p.155)

Robbins (2008, p.s/n) acredita que ―os empregados desejam sistemas de

remuneração que sejam justos, para que estes possam atender as suas próprias expectativas

e/ou que o trabalho a ser desempenhado tenha recompensas de acordo com seu nível de

dificuldade e/ou com as demandas do cargo desempenhado, para que os empregados

possam se sentir satisfeitos e motivados.‖

26

Martins (2013, p.293) afirma que ―independente da área de actuação os

enfermeiros que recebem menores salários, apresentaram menores escores. No entanto,

pode-se dizer que os baixos salários obrigam o enfermeiro a ter no mínimo mais de um

vínculo empregatícios.‖

É certo que o mundo inteiro encontra-se a passar por crises económicas e Cabo

Verde por ser um país em desenvolvimento enfrenta as mesmas situações, com aumento de

impostos, redução de investimento externo e aumento de desemprego. Há um aumento de

impostos mas não há um aumento de salário, o que leva a maioria dos trabalhadores a

optarem por sobrecarregar as horas de trabalho de modo a suprirem de uma forma mais

ampla as suas necessidades.

2.5.1. Implicações da Sobrecarga de Trabalho

A palavra implicações tem diferentes significados dependendo do contexto em

que se insere. Neste contexto esta palavra remete-nos para consequência entre duas

situações e neste caso específico falaremos das implicações da sobrecarga horária nos

cuidados de enfermagem e nos enfermeiros.

Falar da sobrecarga horária na enfermagem é falar do aumento da carga de

trabalho que os enfermeiros encontram-se expostos, e consequentemente da diminuição da

qualidade dos cuidados prestados.

Evidenciando Carayon e Gurses (2008, p.1030),

―Existem várias consequências que advêm desse aumento da carga de trabalho. Dos estudos de

pesquisa emerge que o excesso de carga de trabalho de enfermagem afecta severamente a

segurança do utente. Constata-se também que a carga de trabalho de enfermagem elevada, a

longo prazo irá conduzir a baixo nível de satisfação profissional, aumento do absentismo e

consequentemente a um aumento da carga de trabalho para os que permanecem no cativo‖.

A sobrecarga de trabalho se expressa pela duração, ou seja a quantidade de tempo

que o trabalho consome na vida do enfermeiro acarretando problemas tanto a nível

profissional como pessoal. É fácil constatar que grande parte dos enfermeiros não tem

tempo para descansar e estar com seus familiares para partilharem momentos de lazer e

essa privação leva o enfermeiro ao sofrimento.

É nesta óptica que Silva (2006, p.446) afirmam que ―A sobrecarga de trabalho

tem trazido aos profissionais falta de tempo para descansar, reflectir, se organizar e

aprender, podendo ofertar para o enfermeiro um desgaste físico e emocional muito grande‖

27

Na mesma linha de pensamento Davis, Kristjanson e Blight, (2003, p.337)

realçam que,

―Quando uma carga de trabalho elevada se reflecte na falta de tempo para a prestação de

cuidados, os enfermeiros podem não ter tempo para realizar algumas actividades, e as que

realizam não as fazem em segurança. A tomada de decisão pode também ser afectada, uma vez

que podem não realizar correctas observações do utente e reduzir a comunicação entre a equipa

multidisciplinar, bem como a comunicação com o utente‖

Nisto pode-se destacar algumas implicações que a sobrecarga horária trás na

óptica do enfermeiro referenciados abaixo:

Acidentes com materiais perfuro-cortantes

Sabe-se que os trabalhadores da saúde, que atuam na área hospitalar, estão

expostos a inúmeros acidentes de trabalho, principalmente àqueles causados por materiais

perfuro cortantes e fluidos biológicos.

Acidentes não são só aqueles causados por materiais perfuro-cortantes mas

também a outros tipos como as falhas activas, referenciando Diz e Gomes (2008,p.7),que

são ―actos inseguros cometidos pelas pessoas que estão em contacto directo com os

doentes (enfermeiros, médicos, auxiliares de acção medicas etc.).Podem assumir varias

formas: descuidos, enganos, violação de procedimentos e imperícia.‖

“A prevenção de acidentes de trabalho deve ser uma preocupação manifestada tanto pelos

profissionais quanto pelas instituições hospitalares. Os profissionais devem ser conscientes em

relação à necessidade de conhecer e empregar adequadamente as normas de biossegurança e

exigir segurança no ambiente hospitalar aos seus empregadores para o exercício assistencial

com menor risco para a sua saúde ocupacional. Isto é de fundamental importância, uma vez

que os profissionais de saúde e principalmente os de enfermagem, se opõem à utilização de

equipamentos de proteção individual, subestimando o risco de se infetarem.” (Marziale e

Rodrigues, 2002, s/p)

Segundo Elias e Navarro (2006, p.517) ―alguns factores se destacam como

predisponentes para estes agravos como o número insuficiente de trabalhadores, a

sobrecarga de trabalho, jornadas fatigantes, continuidade da assistência em turnos e

plantões nocturnos, desgaste físico e emocional, capacitação técnica deficiente.‖

Na nossa realidade observa-se muitos os acidentes por materiais perfuro cortantes,

principalmente com agulhas, e esses acidentes podem ser associadas a sobrecarga horária /

sobrecarga de trabalho, isto porque um enfermeiro como tal tem os seus reflexos

diminuídos, suas habilidades e destreza também diminuídas principalmente a sua

capacidade de concentração não ser igual devido ao desgaste físico desse profissional.

28

Desgaste físico e profissional

O desgaste físico e profissional é outro factor que tem vindo a afectar o

enfermeiro e diminuindo a qualidade dos cuidados em enfermagem. Não é possível falar

do desgaste físico e profissional sem referenciar a sobrecarga horária visto ser um factor

condicionante do desgaste físico e profissional.

Por estarem directamente em contacto com os pacientes/clientes, e serem responsáveis pelo

cuidado a eles oferecido, os profissionais da enfermagem lidam rotineiramente com as mais

diversas situações envolvendo não só os pacientes, mas seus acompanhantes, familiares,

médicos e outros. Nesse contexto observam-se diferentes atitudes e conflitos às vezes difíceis

de serem resolvidos (Farias e zeitoune, 2007, p.207).

Nos dias de hoje e das observações feitas tem-se notado muito o desgaste físico e

profissional nos enfermeiros o que tem levado a uma diminuição na qualidade dos

cuidados prestados, influenciando também a qualidade de vida dos enfermeiros. O desgaste

físico e profissional acarreta diversas consequências para o enfermeiro tais como: acidentes

com materiais perfuro cortantes, baixo nível de satisfação profissional e em alguns casos o

aparecimento do síndrome de Burnout.

A sobrecarga de trabalho tem trazido aos profissionais falta de tempo para

descansar, refletir, se organizar e aprender, podendo ofertar para o enfermeiro um desgaste

físico e emocional muito grande (Silva, 2006, p.446).

Baixo nível de satisfação profissional

A satisfação no trabalho consiste em sentimento de bem-estar, resultante da

interação de vários aspectos que podem influenciar a relação do enfermeiro com a

instituição, utentes e família. O baixo nível de satisfação interfere na qualidade de

assistência de enfermagem, uma vez que o enfermeiro quando não este satisfeito

profissionalmente simplesmente executa as tarefas dando pouca ou nenhuma importância

para a qualidade mais sim para a quantidade.

Martinez (2002, p.s/n) define a satisfação no trabalho ―como sinónimo de

motivação, como atitude ou como estado emocional positivo havendo, ainda, os que

consideram satisfação como o oposto de insatisfação no trabalho, e os que consideram

satisfação e insatisfação como fenómenos distintos.‖

29

Sabe-se que os enfermeiros realizam várias funções e juntamente com a pressão

que estes exercem sobre eles, gera-se um desgaste. Segundo Campos, Farias e Ramos

(2009, p. 648) esses enfermeiros tem de,

―Ter respostas rápidas em relação aos casos com que se deparam em seu dia-a-dia. (…) estão

num processo constante de ajustes e reajustes para alcançarem o equilíbrio. Esta exigência de

manter a sintonia se deve ao ritmo acelerado de trabalho e à constante presença de factores

intervenientes que colaboram com o desgaste destes profissionais, podendo gerar insatisfação

no trabalho‖.

Nisto é preciso criar estratégias de modo a ter um melhor nível de satisfação no

trabalho, defendendo Silva, Beck Guido Lopes e Santos (2009, p. 299) que ―A satisfação

no trabalho, resulta da complexa e dinâmica interacção das condições gerais de vida, das

relações de trabalho, do processo de trabalho e do controle que os trabalhadores possuem

sobre suas condições de vida e de trabalho‖.

Aparecimento da síndrome de Burnout (SB) (esgotamento físico e

mental)

Uma elevada carga de trabalho de enfermagem aumenta os níveis de burnout,

insatisfação profissional o que contribui para uma elevada rotatividade e absentismo dos

profissionais de enfermagem. (Duffield e O'Brien-Pallas, 2003, p.186).

Não conseguiu-se observar se de facto há enfermeiros que já foram

diagnosticados a síndrome de burnout mas este é um forte diagnóstico presenciado quando

há sobrecarga de trabalho, defendendo Pafaro e Martino (2004,p.154) que, ―esta síndrome

pode ser definida como sendo a que acomete aqueles profissionais cujas profissões tem

relação directa com as pessoas e que estão expostos a um estresse cronico.‖

Segundo Pereira (2002, p.282) essa síndrome tem como principais características:

―desgaste emocional, a despersonalização e a reduzida satisfação pessoal ou sentimento de

incompetência do trabalho.‖ Defendendo Pafaro e Martino (2004, p.154) que ―esta pode

ser caracterizado como uma síndrome de má adaptação psicológica, psicofisiológica e de

reacções comportamentais inadequadas a uma forma específica de estresse ocupacional.‖

Do mesmo modo, e levando em conta o nosso contexto, as implicações mais

presenciadas que a sobrecarga horária trás na qualidade dos cuidados prestados em

enfermagem são:

30

Baixa produção nas tarefas

Com a sobrecarga horária/sobrecarga de tarefas o enfermeiro não consegue dar

respostas as demandas dos utentes e do serviço, havendo assim uma baixa produção nas

tarefas porque o enfermeiro submetido a uma sobrecarga horária apresenta um desgaste

físico e com isso, a uma diminuição da sua capacidade de trabalho afectando assim a

qualidade dos cuidados de enfermagem prestados.

Na realidade laboral da equipe de enfermagem, enfaticamente no ambiente

hospitalar, há sobrecarga de trabalho constante, a qual depende da variabilidade e

simultaneidade das tarefas e das responsabilidades nos cuidados, além das condições de

trabalho (Antunes e Costa, 2001, p.32)

Trabalho Mecanicista

O trabalho mecanicista é outra consequência que advém da sobrecarga horária

porque o enfermeiro tem muitas actividades para realizar e nem sempre consegue dar

respostas e com isso ele simplesmente realiza os procedimentos de enfermagem deixando

de lado os sentimentos do doente, suas dúvidas, preocupações, cuidado apenas da doença

deixando de lado a definição de ver a pessoa como um ser holístico.

Para Watson (2002, p.89) ―a pessoa é um ser no mundo, igual e diferente de todos

os outros, com uma história de vida, com família, com amigos; é um ser no mundo que se

percebe, que vive experiências e que está em continuidade no tempo e no espaço.‖

Assistência humanizada é o cuidado que se resgata dos pequenos e grandes

eventos do dia-a-dia, que tornam o ser humano único e especial nos diferentes espaços e

situações em que se encontra no sentido de prestar um atendimento personalizado, voltado

não para a doença, mas para o ser humano que adoece. (Maciak, 2008, p.144).

Carvalho (2005, p.90) defende a ideia de que ―a maior acção da enfermagem não

é a cura, e sim uma acção que engloba atitudes e comportamentos que visem aliviar o

sofrimento e manter a dignidade.‖

31

Conflitos entre a equipa multidisciplinar

O conflito entre a equipa multidisciplinar é um factor decorrente entre as equipas

do HBS, muitos dos enfermeiros não se comunicam e essa falta de comunicação prejudica

e muito na qualidade dos cuidados de enfermagem prestados.

Muitos são os problemas que os enfermeiros lidam durante a realização do

trabalho o que afectam as relações entre os colegas das equipas, entre outros profissionais,

e utentes e familiares.

Bolander (1998, p.136) refere que,― a equipa multidisciplinar de saúde consiste

num conjunto de profissionais. Cada membro tem um papel importante a desempenhar

para garantir os melhores cuidados, relativamente ao utente‖

―Para que o trabalho em equipa seja bem-sucedido, é fundamental que exista uma adequada

comunicação interdisciplinar, através de uma postura de abertura e confiança. Para que tal

aconteça, é necessário o reconhecimento das competências e autonomia dos vários grupos

profissionais para que se possa contar com os seus conhecimentos próprios, e com confiança

no sentido de responsabilidade e integridade de todos os elementos (…).‖ (Morais, 2002,

p.25)

A perspectiva interdisciplinar pode possibilitar o exercício de um trabalho mais

integrador e articulado, tanto no que diz respeito à compreensão dos/as trabalhadores/as

sobre o seu próprio trabalho, como no que diz respeito à qualidade do resultado do

trabalho. (Matos, Pires, Campos, 2009, p.864)

Uma equipa interdisciplinar é quando os profissionais de saúde se aproximam

para o mesmo objectivo isto é trabalho de enfermagem desenvolvido de modo a produzir

relações na interação e na articulação de saber e fazer. Essa interação baseia-se na

comunicação entre os profissionais e todos os que estão envolvidos no processo de modo a

opinarem e chegarem a um consenso comum.

―Falando das razões que levam ao conflito entre as categorias, os/as integrantes do estudo

relatam que estes são frutos de discordâncias sobre tratamentos e condutas assistenciais,

principalmente. Para os/as profissionais da medicina, os/as enfermeiros/ as permanecem mais

tempo com os doentes e familiares, algumas vezes envolvem-se com problemas e situações

pessoais e familiares e isso interfere no trabalho.‖ (Matos, Pires, Campos, 2009, p.865)

32

CAPÍTULO III - FASE METODOLÓGICA

33

3.1. Fundamentação Metodológica

Todo e qualquer trabalho científico implica a adopção de uma metodologia que

consiste num conjunto de métodos e de técnicas, não só de recolha como também de

tratamento de informação, para se alcançar os objectivos pretendidos numa investigação.

A metodologia apresenta-se como parte indispensável na realização de qualquer

trabalho científico e este não foge à regra. Segundo Dencker (1998, p.s/n), ―a metodologia

é a maneira de realizar a busca do conhecimento. Engloba tudo que fazemos para adquirir

o conhecimento desejado, de maneira racional e eficiente‖.

Segundo Hesbeen (2006, p.134), ― (…) a metodologia é o discurso que

acompanha o caminho‖. Assim, num trabalho de investigação, a metodologia é um dos

aspectos fundamentais a ter em conta, uma vez que faculta ao investigador a estratégia que

orientará todo o processo de pesquisa. Desta forma, ― (…) todo o trabalho de investigação,

para além dos objectivos precisos, deve obedecer a critérios de rigor e sistematização.

É importante realçar que para a realização da metodologia foi seguida a

compilação de Albertino Graça cujo titulo“ introdução a investigação cientifica”

3.2. Tipo de pesquisa

Pretende-se fazer um estudo de carácter quantitativo com pesquisa do tipo

exploratório e descritivo, perspectivando Fortin (1999, p.369) que um estudo quantitativo ―

(…) tem a finalidade de descrever, verificar relações entre variáveis e examinar as

mudanças operadas na variável dependente após a manipulação da variável independente‖,

acrescentando Bell (2004, p. 20) que os investigadores que optem por este tipo de estudo ―

(…) recolhem os factos e estudam a relação entre eles.‖ e ―(...) conduzem a conclusões

quantificadas e, se possível generalizáveis.‖

É um estudo exploratório porque o tema pesquisado é ainda pouco conhecido, por

isso não se consegue visualizar no problema proposto os procedimentos a serem

adoptados, então será necessário o investigador iniciar um processo de sondagem, com

vista a aprimorar as ideias, descobrir intuições, posteriormente, construir hipóteses.

34

A opção pelo estudo descritivo deve-se ao facto deste permitir o desenvolvimento

de uma análise que possibilita identificar as diferentes formas dos fenómenos, a sua

classificação e ordenação. Gil (2002, p. 46) refere que este estudo ― (…) tem como

objectivo primordial a descrição das características de determinada população ou

fenómeno, ou estabelecimento de relações entre variáveis.‖

Esse estudo teve como objectivo conhecer qual é a percepção dos enfermeiros

sobre a sobrecarga horária e se este implica nos cuidados de enfermagem prestados ao

utente ou mesmo no próprio enfermeiro.

Ainda foi feita observação participante durante os meses de Março á Junho,

nomeadamente no BUA, em que foi possível estar em contacto directo com os enfermeiros

e com todos os aspectos que os rodeia, necessários para conseguir obter dados importantes

para a pesquisa.

3.3. População e Amostra

Segundo Woods e Catanzaro apud (Fortin 1999, p.202), ―população é uma

colecção de elementos ou sujeitos que partilham características comuns, definidas por um

conjunto de critérios. O elemento é a unidade de base da população junto da qual a

informação é recolhida‖.

A população-alvo é aquela que o pesquisador pretende estudar e generalizar os

resultados do estudo. Uma vez que o tema do trabalho refere às Implicações da Sobrecarga

no Trabalho de enfermagem, foi pertinente optar-se por um universo com uma amostra de

quarente (40) enfermeiros (36.7%) em que 37 eram do sexo feminino e 3 do sexo

masculino em que encontram-se distribuídos em alguns sectores dessa instituição. Estes

eram enfermeiros (as) gerais, enfermeiros (as) chefes e técnicos (as) de enfermagem, dos

serviços de Quarto Particular, Banco de Urgência Adulto, Banco Urgência Pediatria,

Serviço de Medicina, Serviço de Maternidade e Serviço de Cirurgia.

Ainda é de referir que desses enfermeiros inquiridos a maioria fazem uma dupla

jornada de trabalho e que somente os enfermeiros chefes é que trabalham somente um

turno (de manhã)

35

Utilizou-se o método de amostragem aleatória intencional, já que com a facilidade

de acesso aos enfermeiros se considerou que os mesmos possuíam características típicas ou

representativas da população em estudo e que concordassem em participar na pesquisa.

3.4. Métodos, Colecta de dados

Para a realização dessa pesquisa utilizou-se um questionário como coleta de

dados, com perguntas fechadas, aplicado nos meses de Maio/Junho, onde colocou-se

perguntas com respostas de escolhas múltiplas, de alternativa e também questões

dicotómicas. Foi feito contacto inicial e aviso prévio para a entrega dos questionários de

modo a que pudessem responder.

O questionário foi elaborado com 19 perguntas, que se encontra disponível em

(Apêndice II) em que as onze (11) primeiras perguntas são de natureza de caracterização

demográfica, de modo a conhecer a população-alvo que participaram do estudo. As outras

questões foram desenvolvidos de modo a saber se existe sobrecarga horária na instituição e

se essa trás implicações nos cuidados de enfermagem e nos enfermeiros.

O questionário é um conjunto de perguntas que pode ser aplicado individualmente

ou em grupos, garante o anonimato e pode conter questões com finalidades específicas de

uma pesquisa. A pessoa lê e responde com ou sem a presença do entrevistador e é uma

técnica muito vezes utilizada visto ter custo razoável.

O questionário foi entregue nos serviços anteriormente referidos em que alguns

enfermeiros responderam-no em casa e o investigador não esteve presente e outros

responderam-no na presença do investigador. Mas este só foi aplicado após terem lido o

consentimento Livre e de ter confirmado a sua participação no estudo.

Para dar alguma credibilidade a este estudo o investigador elaborou-se uma grelha

de avaliação com aos aspectos importantes nomeadamente a ocorrência de algumas

situações (ocorrência de acidentes com materiais perfuro-cortantes, acidentes com fluidos e

secreções corporais, desgaste físico e profissional, conflitos entre equipa multidisciplinar,

entre outros) e assinalados nessa grelha. (Apêndice III)

Depois da fase de colheita de dados fez-se a apresentação e a análise dos

resultados obtidos através do questionário. Os dados recolhidos objectivou-se o tratamento

36

estatístico, e organizados em tabelas e gráficos devidamente identificados, feitas através do

programa statisticalpockage for thesocial sciences (SPSS) versão 20.0.

3.5. Procedimentos éticos

No decorrer de um trabalho de investigação existem questões de ordem ética e

moral que devem ser sempre respeitadas, para que isso fosse possível neste trabalho, foram

tomadas medidas no sentido de garantir a protecção dos direitos dos sujeitos que

participaram do estudo.

Segundo Fortin (1999, p.116), ―existe cinco principais direitos, que são aplicáveis

aos seres humano numa investigação científica, que são: direito a autodeterminação, direito

a intimidade, direito ao anonimato e à confidencialidade, direito à protecção contra o

desconforto e o prejuízo e o direito ao tratamento justo e equitativo.‖

Neste sentido, foi escrito uma carta (Apêndice I) dirigida a direcção do Hospital

Baptista de Sousa juntamente com uma carta (Anexo I) redigida pela Universidade do

Mindelo informando a natureza do trabalho, pedindo a autorização para tal, e também

escrevemos um modelo de consentimento informado (Apêndice II), dirigido aos

participantes, explicando-lhes os parâmetros do questionário.

Antes da aplicação do questionário, foi feito os esclarecimentos do mesmo

percebeu-se que alguns profissionais mostraram-se interesse em participar mas outros não

se colocaram prontamente para a pesquisa o que trouxe alguma limitação para o estudo.

Após realização do inquérito, os questionários foram recolhidos para realização do

processo de análise dos dados.

3.6. Obstáculos confrontados nesse estudo

Para a realização do estudo surgiram algumas limitações ao aplicar o questionário

tendo recusa de alguns profissionais de saúde ficando receosos e um pouco incomodado

em responder as questões ainda um outro factor foi a falta de disponibilidade e de tempo

dos profissionais de saúde, para cumprir com a entrega dos questionários dificultando

37

assim a realização do trabalho. Outro ponto de limitação encontrado durante o estudo foi a

carência de bibliografias.

Não se consegue generalizar os resultados obtidos, porque a amostra recolhida

não abrange a totalidade desses enfermeiros, uma vez que participaram 40 enfermeiros dos

109 que trabalham nessa instituição.

38

CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO / ANALÍSE DOS DADOS E

RESULTADOS

39

Qualquer trabalho de investigação implica a recolha de dados que permitam

organizar as respostas relativamente às questões colocadas no questionário, permitindo

assim aprofundar os conhecimentos. Fortin (1996, p.42) diz que ― (…) a análise de dados

permite produzir resultados que possam ser interpretados pelo investigador. Os dados são

analisados em função do objecto de estudo.‖

Esta fase será dividida em três etapas, sendo primeiro a caracterização geral dos

sujeitos que compõem a amostra, num segunda etapa os dados referentes a sobrecarga

horária na qualidade dos cuidados de enfermagem e na terceira etapa apresentam-se os

dados relativos a sobrecarga horária e o enfermeiro.

4.1. Caracterização geral da população amostra

Gráfico 1 e 2:

Distribuição dos dados de acordo com o género e a idade dos enfermeiros inquiridos

Fonte: Elaboração Própria

No tocante ao género, constata-se que a maioria dos enfermeiros são do sexo

feminino com uma percentagem de 92.5% em relação aos 7.5% do sexo masculino. Em

termos da faixa etária dos 40 inquiridos a maioria destacando 47.5% são de idade

compreendida entre os 35 a 44 anos, 35% correspondem dos 45 a 54 anos, 12.5%

correspondem dos 25 a 34 anos e os outros 5% correspondem a faixa etária de 55 a 64 anos

de idade.

40

Gráfico 3 e 4:

Distribuição dos dados de acordo com as habilitações académicas e o tempo de actividade

profissional.

Fonte: Elaboração Própria

No que tange as habilitações literárias pode-se constatar que a maioria dos

enfermeiros são licenciados com uma percentagem de 80% (32 enfermeiros) em relação

aos 10% (4) dos bacharelatos e aos 10% de outro grau de habilitação académica

pertencente a categoria outra.

No que se refere ao tempo de actividade profissional 85% (34 enfermeiros) está

entre 10 ou mais anos de serviço, 10% de 4 a 5 anos de serviço e os outros 5% está entre os

2 a 3 anos de serviço.

Gráfico 5:

Tempo que trabalha no HBS.

Fonte: Elaboração Própria

Relativamente ao tempo que os enfermeiros inquiridos trabalham no HBS,

verifica-se no gráfico que dos anos compreendidos entre 1 a 5 anos e ―mais de 26 anos‖

nota-se uma igual percentagem correspondente a 27,5% que equivale a 22 enfermeiros, 6 a

10 anos com uma percentagem de 20% correspondente a 8nenfermeiros, 16 a 20 anos com

41

15% assinalados, 7,5% correspondente a 11 a 15 anos e por fim com uma percentagem de

2,5 de 21 a 25 anos.

Gráfico 6:

Distribuição dos dados de acordo com a ocupação (função) do enfermeiro no HBS.

Fonte: Elaboração Própria

No que toca a ocupação dos enfermeiros no HBS, pode-se verificar que 82,5 %

dos enfermeiros (33) ocupam a categoria enfermeiro (a) geral, 10% a categoria de

enfermeiro chefe do serviço e os restantes 7.5% ocupam a categoria de técnico(a) de

enfermagem.

Gráfico 7 e 8:

Distribuição dos dados de acordo com o sector de trabalho e o turno de trabalho dos

enfermeiros no HBS.

Fonte: Elaboração Própria

42

De acordo com o gráfico 7 e 8, verifica-se que dos 40 enfermeiros que

participaram no estudo 30% pertencem ao serviço de BUA, 27.5% pertencem ao SM,

12.5% pertencem ao SMed. e ao serviço de BUP, 10% pertencem ao SC e os outros 7.5%

pertencem ao serviço de QP. Nota-se que a maior percentagem pertence ao bua, local onde

foi realizado o estágio e em que manteve-se em constante contacto com estes enfermeiros.

Referente ao turno de trabalho pode-se constatar que a maioria dos enfermeiros

trabalham no período diurno e nocturno com uma percentagem de 87.5% em relação aos

12.5% dos enfermeiros que trabalham somente no período diurno, mas é de referenciar que

o período diurno é correspondente aos enfermeiros chefes do serviço.

Gráfico 9:

Carga horária de trabalho diário

Fonte: Elaboração Própria

Do gráfico 9, verifica-se que dos enfermeiros inquiridos, 55% correspondente a

22 enfermeiros tem uma carga horária de trabalho de 8 horas, 40% correspondentes a 16

enfermeiros tem uma carga de mais de 12 horas e os restantes com 5% relativamente a uma

carga de 12 horas.

43

4.2. Dados relativos a sobrecarga horária na qualidade dos cuidados de

enfermagem

Gráfico 10:

Distribuição dos dados de acordo com a noção dos enfermeiros acerca da sobrecarga

horária

Fonte: Elaboração Própria

Analisando o gráfico 10 pode-se verificar que 97.5% (39 enfermeiros) dos

enfermeiros afirmam ter noção do que seja uma sobrecarga horária e 2.5 % não tem noção

do que seja uma sobrecarga horária.

Gráfico 10.1:

Distribuição dos dados de acordo com a definição da sobrecarga horária/sobrecarga de

trabalho na perspectiva dos enfermeiros

Fonte: Elaboração Própria

Analisando o gráfico 10.1, pode-se constatar que 60.103% definiram a sobrecarga

horária como sendo excesso de carga horária, 20.513% definiram-na como trabalhar em

44

turnos rotativos ou 12 horas por dia e 15.385% definiram-na como sendo excesso de

trabalho.

Gráfico 11:

Distribuição dos dados de acordo com os motivos que levam a uma sobrecarga horária.

Fonte: Elaboração Própria

Como pode-se verificar no gráfico 11, 77.5% dos enfermeiros inquiridos

indicaram como motivo da sobrecarga horária de trabalho a falta de profissionais de

enfermagem na instituição, 17.5 % apontaram para salário inadequado e 5% apontaram

como motivo a crise económica.

Gráfico 12:

A sobrecarga horária implica ou não na qualidade dos cuidados de enfermagem

Fonte: Elaboração Própria

Do gráfico 12, constata-se que de facto a sobrecarga horária implica nos cuidados

de enfermagem com 87,5% dos enfermeiros (35enfermeiros) respondendo que sim e os

outros restantes 12,5 respondendo que não.

45

Tabela 13:

Distribuição dos dados de acordo com as implicações da sobrecarga horária na qualidade

dos cuidados prestados em enfermagem

Fonte: Elaboração Própria

Analisando a tabela onde podiam fazer múltiplas escolhas, pode-se verificar que

24.60% dos enfermeiros apontaram como implicações da sobrecarga horária na qualidade

dos cuidados prestados em enfermagem a baixa produção nas tarefas, 22.10% apontaram

para relação interpessoal negativa, 20.50% apontaram para conflito entre equipa

multidisciplinar, 18.90% apontaram para trabalho mecanicista, 10.70% apontaram para

insegurança por parte dos utentes e 3.30% apontaram a Iatrogenia.

4.3. Dados relativos a sobrecarga horária e o enfermeiro

Gráfico 14:

Distribuição dos dados de acordo com a sobrecarga horária e suas implicações nos

aspectos físico-psicológicos do enfermeiro

Fonte: Elaboração Própria

Implicações da sobre carga horária

na qualidade dos cuidados em

enfermagem

Respostas % Casos

N %

Insegurança por parte do utente 13 10,70% 32,50%

Baixa produção nas tarefas 30 24,60% 75,00%

Trabalho mecanicista 23 18,90% 57,50%

Iatrogenia 4 3,30% 10,00%

Relação interpessoal negativa 27 22,10% 67,50%

Conflito entre equipas multidisciplinar 25 20,50% 62,50%

Total: 122 100,00% 305,00%

46

No que tange a sobrecarga horária e suas implicações nos aspectos físicos-

psicológicos 95% (38 enfermeiros) afirmaram que a sobrecarga horária trás implicações

nos aspectos físico-psicológico do enfermeiro e 5% afirmaram que não trás implicações.

Gráfico 15:

Distribuição dos dados de acordo com sintomas durante o trabalho excessivo.

Fonte: Elaboração Própria

Conforme o gráfico 15, de um modo geral 67.5% dos enfermeiros consideram que

já tiveram algum tipo de sintoma durante o trabalho excessivo e 32.5% negam ter tido

nenhum tipo de sintoma durante o trabalho excessivo.

Tabela 15.1:

Distribuição dos dados de acordo com os sintomas apresentados durante o trabalho

excessivo.

Sintomas durante o trabalho

excessivo

Respostas % Casos

N %

Estresse 19 35,20% 70,40%

Ansiedade e tensão 6 11,10% 22,20%

Cansaço 15 27,80% 55,60%

Desanimo 3 5,60% 11,10%

Fadiga 6 11,10% 22,20%

Condutas anti-sociais 1 1,90% 3,70%

Mal-estar geral 4 7,40% 14,80%

Total: 54 100,00% 200,00%

Fonte: Elaboração Própria

Dessa tabela 15.1 onde poderiam fazer escolhas múltiplas, ao analisa-la, pode-se

verificar que 35.20% dos enfermeiros já apresentaram estresse, 27.80% cansaço, 11.10%

47

ansiedade e tensão, 11.10% fadiga, 7.40% mal-estar geral, 5.60% desânimo e 1.90%

condutas anti-sociais.

Tabela 16:

Distribuição dos dados de acordo com as implicações da sobrecarga horária para o

enfermeiro.

Implicações da sobrecarga horária

nos profissionais de saúde

Respostas % Casos

N %

Acidentes com materiais perfuro-

cortantes 19 15,70% 47,50%

Acidentes com fluidos e secreções

corporais 11 9,10% 27,50%

Desgaste físico e profissional 38 31,40% 95,00%

Baixo nível de satisfação profissional 27 22,30% 67,50%

Aparecimento de síndrome de Burnout

(esgotamento físico e mental) 26 21,50% 65,00%

Total: 121 100,00% 302,50%

Fonte: Elaboração Própria

De acordo com a tabela 16 (escolha múltipla), a maioria dos enfermeiros

apontaram o desgaste físico e profissional como uma das principais implicações da

sobrecarga horária para o enfermeiro com uma percentagem de 31.40%, em segundo lugar

apontaram o baixo nível de satisfação com uma percentagem de 22.30%, em terceiro lugar

apontaram o aparecimento da Síndrome de Burnout (esgotamento físico e mental) com

uma percentagem de 21.50%, no quarto lugar acidentes com materiais perfuro-cortantes

com 15.70% e no quinto lugar com 9.10% os acidentes com fluidos e secreções corporais.

Gráfico 17:

Como reage com as situações mencionados na tabela 16

Fonte: Elaboração Própria

48

Relativamente a pergunta do gráfico 17, onde questionou-se com é que os

enfermeiros inquiridos reagem as situações mencionadas no gráfico 16, obteve-se respostas

da seguinte forma: 37,5% correspondentes a 15 enfermeiros responderam que mal, 32,5%

(13 enfermeiros) responderam muito bem, 17,5% não atribuíram nada a essa questão, 7,5%

(3 enfermeiros) reagiram muito mal e 5% (2 enfermeiros) reagiram muito bem.

Tabela 17.1:

Como conseguiu ultrapassar essas situações

Fonte: Elaboração Própria

Referente a esta questão da tabela 17.1, em como conseguiram resolver a situação,

pode-se verificar que dos enfermeiros inquiridos 85% tentaram resolve-lo de melhor

forma, 10%, fingiram que nada aconteceu e 5% entraram em conflito.

Gráfico 18:

Recebe apoio dos colegas quando encontra em situações referida na tabela 16

Fonte: Elaboração Própria

Relativamente a pergunta do gráfico 18, vê-se que dos inquiridos 47,5% (19

enfermeiros) responderam que recebem apoio dos outros colegas razoavelmente, 20% (8

enfermeiros) recebem pouco apoio, 15% (6 enfermeiros) recebem muito apoio, 12,5% (5

enfermeiros) recebem muito pouco apoio, e 5% não recebem nenhum apoio dos mesmos.

49

Gráfico 19:

Se está Satisfeito com a sua relação com os demais colegas de trabalho.

Fonte: Elaboração Própria

Do gráfico 19, questionando se o enfermeiro se sente satisfeito com os demais

colegas, vê-se que 60% dos inquiridos (24) responderam que estão satisfeitos com os

demais colegas, 20% (8) estão Muito satisfeitos, 10% (4) encontram-se muito insatisfeitos,

5% (2) insatisfeitos e os outros 5% (2) optaram-se por NS/NR.

Gráfico 20:

Distribuição dos dados de acordo com a noção que os enfermeiros têm acerca da noção do

que seja qualidade de vida.

Fonte: Elaboração Própria

Analisando o gráfico 20, pode-se verificar que 100% dos enfermeiros afirmam ter

noção do que seja a qualidade de vida.

Gráfico 20.1:

Distribuição dos dados de acordo com a definição de qualidade de vida

Fonte: Elaboração Própria

50

Conforme o gráfico 20.1, de um modo geral 72.5% (29) dos inquiridos definiram

a qualidade e vida como sendo: estilo de vida saudável, estar de bem com a vida, com a

família e as pessoas e bem-estar físico, mental psicológico e emocional ou seja a maioria

optou-se por escolher todas as alíneas, 12.5% (5) optaram pela opção bem-estar físico,

mental psicológico e emocional, 7.5% (3) optaram pelo estilo de vida saudável e 7.5% (3)

optaram, estar de bem com a vida, com a família e as pessoas.

Gráfico 20.2:

Distribuição dos dados de acordo com a avaliação de qualidade de vida

Fonte: Elaboração Própria

Analisando o gráfico 20.2 pode-se constatar que 62.5% (25) avaliaram a sua

qualidade de vida como sendo boa, 20% nem ruim/nem boa, 12.5% (8) muito boa,2.5% (1)

não responderam e 2.5% (1) avaliaram como muito ruim.

Tabela 21:

Distribuição dos dados de acordo com as sugestões dos enfermeiros para a resolução da

sobrecarga horária de trabalho

Sugestão para resolução da sobrecarga

horária de trabalho

Respostas % Casos

N %

Mais atenção a situação por parte dos

superiores 23 28,40% 57,50%

Melhores condições de trabalho 17 21,00% 42,50%

Diminuição das cargas horárias de trabalho 7 8,60% 17,50%

Mais recursos humanos 25 30,90% 62,50%

Mais recursos materiais 9 11,10% 22,50%

Total: 81 100,00% 202,50%

Fonte: Elaboração Própria

Em relação a tabela 21 (escolhas múltiplas) as sugestões dos enfermeiros para a

resolução da sobrecarga horária pode-se verificar que 30.90% sugeriram mais recursos

humanos, 28.40% sugeriram mais atenção por parte dos superiores, 21.00% optaram por

melhores condições de trabalho, 11.10% mais recursos humanos e 8.60% sugeriram a

diminuição das cargas horárias de trabalho.

51

4.4. Análise/Interpretação dos Resultados

Depois de feita a recolha dos questionários, feito o tratamento estatísticos e a

apresentação dos resultados passa-se então para a apresentação duma análise mais

detalhada dos resultados obtidos durante a investigação.

Relativamente a caracterização geral da amostra os resultados indicam que os

profissionais de enfermagem do hospital que foi aplicado o questionário, em sua maioria,

são do sexo feminino, o que reforça a ideia que enfermagem é uma profissão que está

ligada mais as mulheres, logo o sexo feminino prevalece em relação ao sexo masculino.

Relativamente a idade, 35 a 44 anos sobressai podendo dizer que é mais representativa em

relação a faixa etária da camada mais jovem com idade compreendida entre os 25 a 34

anos e os mais velhos compreendidos entre 55 aos 64 anos.

No que tange ao tempo de actividade profissional, vê-se que temos uma

percentagem maior de enfermeiros com 10 ou mais anos de trabalho com 85% em relação

aos outros, a maioria desses enfermeiros são enfermeiros (as) geral com uma percentagem

de 82.5%, trabalhando no período diurno e nocturno 87.5% ou seja fazem tanto o turno de

dia/tarde como o turno da noite sem deixar de referir que os enfermeiros chefes trabalham

somente no período diurno. Desses enfermeiros inquiridos, estes encontram-se distribuídos

pelos diferentes sectores do HBS nomeadamente os Quartos Particulares, Banco de

Urgência Adulto, Banco Urgência Pediatria, Serviço de Medicina, Serviço de Maternidade

e Serviço de Cirurgia.

No que tange a questão sobre a definição de sobrecarga horária, verificou-se que a

maioria dos enfermeiros inquiridos (97.5%) tem noção do que seja, definindo-a em sua

maioria (64.103%) como sendo excesso de carga horária podendo dizer que estes têm total

noção que de facto eles sobrecarregam no trabalho fazendo mais de um turno por dia.

E, Apesar de terem uma noção do que seja uma sobrecarga horária a maioria dos

enfermeiros não reivindicam para a diminuição da mesma, exigindo seus direitos, melhores

condições de trabalho para uma melhor qualidade de vida, visto que a sobrecarga horária

acarreta implicações na vida dos enfermeiros e nos cuidados por eles prestados.

Existem vários motivos que leva o enfermeiro a submeter-se a uma sobrecarga

horária, mas os que os enfermeiros destacaram foi a falta de profissionais de enfermagem

na instituição, o salário inadequado e a crise económica. A falta de profissionais na

instituição e o salário inadequado foram os motivos mais apontados pelos enfermeiros. De

52

facto há um número insuficiente de enfermeiros para prestar cuidados a inúmera

quantidade de utentes que buscam esses serviços, dando exemplo no BUA em que por

turno encontra-se três enfermeiros que presta assistência por dia cerca de 100 utentes (em

média). Logo com esse insuficiente número de enfermeiros para a grande quantidade de

utentes acarreta a uma sobrecarga de trabalho, e nem sempre a divisão do trabalho é feita

de forma justa tendo muitas vezes pequenos constrangimentos entre as equipas.

Observou-se entre os profissionais de enfermagem inquiridos que a remuneração

obtida com o trabalho pode ser considerada insatisfatória. Esse facto pode estar

relacionado com o incremente de actividades, dupla inserção, principalmente entre os

enfermeiros, que podem estar buscando ampliar a sua renda com outras actividades,

gerando uma sobrecarga de trabalho.

Relativamente as implicações da sobrecarga horária na qualidade dos cuidados de

enfermagem, verificou-se que está trás implicações sim e este vai de encontro as hipóteses

anteriormente estabelecidas no trabalho mostrando que de facto existe sobrecarga horária,

pelo insuficiente número de enfermeiros disponíveis nessa instituição em que têm que

fazer turnos duplos para cobrirem a falta dos mesmos, o que trás implicações na qualidade

dos cuidados em enfermagem

Logo, contata-se que a sobrecarga horária é um factor que interfere na prestação

de cuidados de qualidade uma vez que conduz a uma baixa produção nas tarefas pois das

observações feitas durante o estágio profissional no BUA (Apêndice III), esta situação foi

presenciada várias vezes, em que os trabalhos prestados pelos enfermeiros não são

realizados na íntegra, deixando sempre lacunas; trabalho mecanicista em que o utente

somente é feito o tratamento farmacológico deixando de lado a comunicação terapêutica, o

respeito pela dignidade humana ou muitas vezes a falta de privacidade deixando por parte

dos utentes uma ligeira insegurança em relação aos cuidados prestados; muitas vezes esses

utentes não são cuidados no seu todo, tratando somente da doença em si.

E ainda trás uma relação interpessoal negativa já que afecta o trabalho do

enfermeiro, uma vez que estes não conseguem chegar a um acordo e esta falta de

comunicação interfere e muito na qualidade dos cuidados prestados.

Em relação a sobrecarga horária e o enfermeiro 95% dos enfermeiros afirmaram

que a sobrecarga horária implica nos aspectos físico-psicológico do mesmo e

consequentemente o aparecimento de sintomas relativos ao trabalho excessivo, destacando

o estresse como uma percentagem 35.20% como o sintoma que mais prevalece, e com tudo

53

isso o enfermeiro acaba tendo um desgaste físico e profissional afectando tanto a sua vida

pessoal como profissional. Como se sabe o estresse é um dos principais factores

responsáveis nas alterações do bem-estar de quase toda a população podendo levar a

complicações mais graves. Nem sempre o individuo encontra-se preparado para lidar com

esse estresse e sendo o enfermeiro um individuo assim como os outros encontra-se também

vulnerável a esse factor gerando um quadro de esgotamento físico e emocional que muitas

vezes pode levar ao síndrome de burnout.

Para além do estresse outros problemas como cansaço, insónia, dificuldade em

concentrar-se podem estar associados às características actuais do trabalho de enfermagem:

atender a utentes, enfrentar a dor, o sofrimento, a morte, excesso de trabalho, elevada

responsabilidade, realização de diversos procedimentos, actividades de plantão e baixa

remuneração.

Das observações feitas durante o estágio profissional (Apêndice III) foi possível

observar que o enfermeiro submetido a uma sobrecarga horária apresenta um desgaste

físico e profissional levando a ocorrência de acidentes com materiais perfuro cortantes.

Nem sempre os enfermeiros usavam luvas para realizar determinadas tarefas estando

expostos a fluidos como: urina, sangue e suor. Estes incidentes foram observados em

alguns dos enfermeiros e que muitas vezes não davam a devida importância a esses

problemas, negligenciando a si mesmos, o que é uma situação muito grave pois sabe-se

que dentro de uma instituição hospitalar qualquer individuo está susceptível a riscos

biológicos, levando muitas vezes a doenças.

Relativamente a qualidade de vida verificou-se que a maioria dos enfermeiros tem

noção do que seja a qualidade de vida definindo-a em sua maioria como sendo o bem

físico, mental, psicológico e emocional, ter estilo de vida saudável, estar de bem com a

vida, com a família e as pessoas, e outras definiram a qualidade de vida como sendo apenas

o bem físico, mental, psicológico e emocional. E, pode-se constatar que os enfermeiros que

escolheram todas as alíneas avaliaram a sua qualidade de vida como sendo boa e os que

escolheram apenas uma opção avaliaram como sendo nem ruim/nem boa.

Observa-se que a sobrecarga horária interfere e muito na qualidade de vida dos

enfermeiros. Nesse aspecto pode constatar que embora a maioria dos enfermeiros têm

sobrecarga horária, alguns sabem lidar com isso, onde responderam que tem uma boa

qualidade de vida o que leva a dizer que estes possuem motivação e alguma estratégia para

54

combater essa sobrecarga e possivelmente conciliar o trabalho e o lazer, manter a

qualidade de vida e proporcionar qualidade na assistência.

Neste âmbito os enfermeiros necessitam assegurar a qualidade de vida e a

qualidade na assistência e para que isso seja possível é preciso criar estratégias para a

resolução da sobrecarga horária. Os enfermeiros sugeriram mais atenção a situação por

parte dos superiores, melhores condições de trabalho e mais recursos humanos, mas para

que tudo isso seja resolvido é preciso a união dos enfermeiros para reivindicarem os seus

direitos.

Da interpretação exposta, pensa-se que os resultados foram alcançados, em que

dos gráficos e tabelas exibidas vê-se que de facto a sobrecarga horária implica nos

cuidados prestados aos utentes, trazendo consequências aos mesmos, na medida em que

esses cuidados não engloba o utente no seu todo, sendo um cuidado mecanicista e com

baixa produção e insegurança por parte dos utentes para com os enfermeiros, afectando

toda a instituição hospitalar. Trás também implicações para os enfermeiros, pois estes têm

uma sobrecarga tanto de horário como de trabalho, afectando o seu físico, o psicológico e o

social gerando consequências a nível da saúde, familiar e do próprio contexto em que se

encontra inserido.

55

CAPÍTULO V - CONSIDERAÇÕES FINAIS

56

A sobrecarga horária é ainda hoje um tema pouco estudado na nossa sociedade,

mas é um problema que tem vindo a afectar os enfermeiros no mundo inteiro e no nosso

contexto mais precisamente no Hospital Baptista de Sousa é um tema bastante presente na

vida dos enfermeiros. A sobrecarga horária está associada a falta de enfermeiros na

instituição levando assim a uma diminuição da qualidade dos cuidados prestados em

enfermagem.

Uma situação que advém da grave carência de enfermeiros que traduz-se,

objectivamente num reduzido número de profissionais nos Centros de Saúde e nos

Hospitais relativamente às suas necessidades reais, para dar respostas as suas missões em

função da saúde das populações.

Em consequência, aponta, o aumento dos ritmos de trabalho dos enfermeiros, para

garantirem os cuidados prestados e o não gozo de direitos (direito aos descansos semanais

e complementares, ao gozo dos feriados, horas e licenças para formação, às férias em

tempo socialmente oportuno, etc.).

Desde a fase de estresse, em que há o desajuste ou o desequilíbrio entre as

exigências do trabalho e os recursos do profissional, à fase do esgotamento, caracterizada

pela resposta emocional imediata do profissional a esse desajuste, com sintomas de

cansaço, ansiedade e tensão, fadiga e esgotamento.

A sobrecarga horária e o aumento dos ritmos e de carga de trabalho dos

profissionais têm como consequências o aumento de acidentes no serviço e dos erros na

prestação de cuidados, com o respectivo impacto negativo sobre os utentes dos serviços de

saúde.

Às principais manifestações de estresse devido à sobrecarga horária acarreta

implicações aos profissionais de saúde: desgaste físico e profissional, baixo nível de

satisfação profissional e o aparecimento síndrome de burnout (esgotamento físico e

mental). A sobrecarga horária pode levar ao abandono da profissão, os horários podem

contribuir para a ocorrência de ―doenças relacionadas com o trabalho‖

De acordo com os resultados do nosso estudo demostra que os enfermeiros estão a

trabalhar no limite máximo das suas potencialidades, esta realidade tem implicações no

serviço que é prestado aos utentes, referindo a propósito, que o desgaste físico tem

influência na forma como os enfermeiros relacionam com os utentes.

Em suma conseguiu-se atingir o objectivo uma vez que do que se observou e dos

enfermeiros inquiridos constatou-se que a sobrecarga horária trás implicações no

57

enfermeiro e na qualidade dos cuidados de enfermagem e esta situação precisa ser

resolvida de forma urgente.

O combate a sobrecarga horária deve ser uma luta de todos os enfermeiros e de

forma continua para que os superiores tomem consciência das consequências que a

sobrecarga horária tem vindo a acarretar na vida dos profissionais de saúde e na qualidade

dos cuidados de enfermagem prestados. Seria muito bom que os enfermeiros buscassem as

suas identidades de forma a poderem lutar para a conquista dos seus direitos.

5.1. Sugestões/Propostas para a melhoria da sobrecarga horária no HBS

Tendo em conta o tema escolhido para a elaboração do TCC, ―implicações da

sobrecarga horária na qualidade dos cuidados em enfermagem‖, sugere-se algumas

propostas que visam melhorar a sobrecarga horária no HBS, de modo a prestar cuidados de

qualidade para os utentes.

Sendo o HBS uma estrutura de referência, o primeiro passo a ser dado para poder

dar respostas as demandas dos utentes seria mais atenção a situação por parte dos

superiores no que tange a dotação correcta do pessoal de enfermagem, tendo sempre em

conta as reais necessidades do hospital de modo a poderem cumprir com os seus

objectivos.

A uma necessidade urgente em termos de contratação do pessoal de enfermagem

para o funcionamento regular do HBS e para a diminuição da sobrecarga horária e aumento

da qualidade dos cuidados prestados em enfermagem.

Não obstante, sugere-se melhores condições da estrutura hospitalar no que tange

ao espaço (quarto) dos enfermeiros, uma vez que este não dispõe de condições para

proporcionar bem-estar e conforto para os enfermeiros. Os enfermeiros submetidos a 12

horas de trabalho não tem um espaço adequado para fazer uma pausa para satisfazerem as

suas necessidades humanas fundamentais afectando assim a sua qualidade de vida.

Propõem-se ainda elaboração de estratégias para a diminuição das cargas horárias

de trabalho visto ser o factor principal de insatisfação por parte dos enfermeiros.

58

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63

APÊNDICES

64

Apêndice I – Autorização da Direcção do HBS para elaboração do estudo

65

Apêndice II – Termo de consentimento livre e esclarecido e questionário

Questionário

Prezado(a) Enfermeiro(a)

Eu, Jacilene Pires da Graça, aluna do 4º ano do curso de licenciatura em enfermagem

encontro-me neste momento a desenvolver um trabalho de investigação inserido no curso

acima referido para obtenção do grau de licenciatura em enfermagem, cujo trabalho tem

como objectivo identificar as implicações da sobrecarga horária na qualidade dos cuidados

em enfermagem.

Neste sentido, venho solicitar a sua colaboração neste estudo, o qual é anónimo e

confidencial.

Agradeço que responda a todas as questões, e que tenha em atenção o número de respostas

que deverá dar nas perguntas de escolha múltipla.

Desde já agradeço a sua disponibilidade e colaboração.

A- Caracterização Geral

1.Sexo: Feminino Masculino

2.Idade:

25 á 34 anos 35á 44 anos 45 á 54 anos 55 á 64 anos >65anos

3. Habilitações Académicas

Curso geral de enfermagem

Bacharelato ………………

Licenciatura ………………

Mestrado …………………

Outra …………………….

Qual?______________________________

4. Tempo de actividade profissional:

1 Ano ……..…………….

2 à 3 anos …….…………

4 à 5 anos ………………

6 à 8 anos ……………..

10 ou mais anos ……….

5. Há quanto tempo trabalha no Hospital Baptista de Sousa?

1 a 5 anos ……… 16 a 20 anos …….

6 a 10 anos …….. 21 a 25 anos …….

11 a 15 anos ……. Mais de 26 anos……..

66

6. Qual a sua ocupação (função) no Hospital Baptista de Sousa?

Enfermeira Chefe do Serviço

Técnico (a) de enfermagem

Enfermeira(o) geral

7. Qual é o seu turno de trabalho no Hospital Baptista de Sousa?

Diurno Nocturno Diurno e Nocturno

8. Qual é o seu sector de trabalho dentro do Hospital Baptista de Sousa?

Quarto particular Serviço de Medicina

Banco de Urgência Adulto Serviço de Maternidade

Banco de urgência pediatria Serviço de cirurgia

Outro

Qual:___________________

9. Qual sua carga horária de trabalho diária?

6 Horas 8 Horas 12 horas mais de 12 horas

9.1. Tem outro emprego?

Sim …… Não ……

9.2. Quantos dias de trabalho por semana?

Menos 5 dias 6 dias 7 dias NS/NR

B – Sobrecarga horária na qualidade dos cuidados de enfermagem

10. Tem noção do que seja uma sobrecarga horária?

Sim …… Não …… NS/NR……

10.1. Se sim, que é para si a sobrecarga horaria/Sobrecarga de trabalho?

Excesso de trabalho

Excesso de carga horária

Trabalhar em turnos rotativos ou 12 horas por dia

11. Na sua opinião qual é o motivo que leva a uma sobrecarga horária?

Falta de profissionais de enfermagem na Instituição

Salário inadequado

Crise económica

12. A sobrecarga horária implica na qualidade dos cuidados em enfermagem?

Sim … Não … NS/NR…

67

13. Que implicações a sobrecarga horária trás na qualidade dos cuidados prestados

em enfermagem? Escolhe três que tenha presenciado/vivido.

Insegurança por parte do utente

Baixa produção nas tarefas

Trabalho Mecanicista

Iatrogenia

Relação interpessoal negativa

Conflito entre equipa multidisciplinar

C – Sobrecarga horária e o enfermeiro 14. A sobrecarga horária implica nos aspectos físico-psicológicos do enfermeiro?

Sim.… Não …. NS/NR….

15. Já teve algum tipo de sintoma, durante o trabalho excessivo?

Sim.… Não …. NS/NR….

15.1. Se sim, escolhe dois desses sintomas que teve:

Estresse Desanimo

Ansiedade e tensão Fadiga

Depressão Condutas anti -sociais

Cansaço Mal-estar geral

16. Que implicações a sobrecarga horária trás aos profissionais de saúde

(enfermeiros)? Coloque uma cruz em três a sua escolha.

Acidentes com materiais perfuro-cortantes

Acidentes com fluidos e secreções corporais

Desgaste físico e profissional

Baixo nível de satisfação profissional

Aparecimento síndrome de Burnout

(esgotamento físico e mental)

17. Quando depara-se com alguma das situações anteriores, como reage?

Muito mal Mal Bem Muito bem NS/NR

17.1. Como consegue ultrapassar?

Fingir que nada aconteceu

Tentar resolver o problema de melhor forma

Entrar em conflito

18. Recebe dos outros (colegas) o apoio de que necessita?

Nada Muito pouco Pouco Razoável Muito

68

19. Está satisfeito com sua relação com os demais colegas de trabalho?

Muito insatisfeito

Insatisfeito

Satisfeito

Muito Satisfeito

NS/NR

20. Tem alguma noção do que seja qualidade de vida?

Sim.… Não …. NS/NR….

20.1. Das alíneas que se segue assinala uma que entende por qualidade de vida?

Significa o bem físico, mental, psicológico e emocional…………

Significa ter estilo de vida saudável……………………………… Significa estar bem com a vida, com a família e as pessoas……..

Todas as alíneas anteriores……………………………………….

20.2. Como avaliaria sua qualidade de vida?

Muito ruim

Ruim

Nem Ruim /Nem Boa

Boa

Muito Boa

NS/NR

21. Baseada na sua experiência profissional que sugestões acha pertinente para a

resolução da sobrecarga Horária de trabalho? Escolhe duas sugestões:

Mais atenção a situação por parte dos superiores

Melhores condições de trabalho

Diminuição das cargas horárias de trabalho

Mais recursos humanos

Mais recursos materiais

Obrigado pela sua colaboração

Jacilene Da Graça

69

Apêndice III – Grelha de Observação

Grelha de avaliação

Ocorrências

Frequência dos acontecimentos

Nenhuma

vez

Raras

vezes

Poucas

vezes

Muitas

vezes

Baixa produção nas tarefas X

Trabalho Mecanicista X

Relação Interpessoal negativa X

Conflito entre equipa multidisciplinar X

Iatrogenia X

Acidentes com materiais perfuro

cortantes X

Acidentes com fluidos e secreções

corporais X

Desgaste físico e profissional X

Baixo nível de satisfação profissional X

Aparecimento da síndrome de burnout X

70

Apêndice IV – Estatística referente aos Enfermeiros

71

72

73

74

75

Apêndice V – Cronograma

Ja

neir

oF

ev

ere

iro

Ma

rço

Abri

lJ

unho

Julh

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Tip

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15

/06

/20

15

26

/06

/20

15

06

/07

/20

15

Cro

no

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ma

pa

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a e

lab

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CC

Ma

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No

vem

bro

Outu

bro

Fase de Encerramento

Revis

ão

e tra

dução

Entr

aga n

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A

Envio

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CC

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Resu

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Tem

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Iniciar a Investigação

Fase Inicial

Inte

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Fase de Execução

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art

ida e

just

ific

ativa

76

ANEXOS

77

Anexo I – Carta Redigida pela Universidade do Mindelo

78

Anexo II – Distribuição dos enfermeiros no HBS

Serviço Nº Actual Nº Necessário

BUA 13 19

Medicina 11 25

Cirurgia 13 23

Esterilização 2 -

Orto-Traumatologia 6 12

Saúde Mental 5 6

B U Pediatria 5 6

Pediatria 6 7

Bloco Operatório 14 21

Tisiologia 5 6

Banco de Tratamento 1 2

Oncologia 1 1

Maternidade 16 16

UCE 5 6

Quartos Particulares 5 6

Superintendente 1 1

Total 109 (69%) 157 (100%)

Anexo III – Funções dos enfermeiros

O prestador de cuidados:

O enfermeiro conselheiro:

Procura o encontro com a pessoa para criar laços

de confiança com ela;

Mostra-se como alguém que ajuda e acompanha a

pessoa que cuida, questionando-se sobre a sua

singularidade, identificando os seus recursos e

procurando com ela a via que faça sentido na sua

situação e para o seu projecto de vida. Caminha

com ela para promover a sua saúde.

O enfermeiro é um perito:

Que tem um discurso pertinente e esclarecedor

sobre os diferentes caminhos possíveis;

Que «delibera» com o doente para o ajudar a

orientar-se;

Que define o que é exequível;

Que aumenta o número de caminhos possíveis,

alarga os horizontes da pessoa e age como

transmissor de esperança.

Funções do Enfermeiro