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10/06/2013 1 CURSO DE LINGUÍSTICA GERAL Uma introdução As vezes à pergunta feita aos estudantes que já conseguiram aprovação em Linguística se já leram Saussure, obtemos a resposta sincera de que apenas “fizeram pesquisa” nele. E à pergunta sobre o que querem dizer com a expressão “pesquisa em Saussure”, respondem que assim dizem porque apenas leram o que ele traz sobre língua e fala! Entretanto, hoje não se pode deixar de reconhecer que o Cours levanta uma série intérmina de problemas. Porque, no que toca a eles, Saussure (...) é recebido “de segunda mão”. (p. XVI) CRONOLOGIA DO CURSO 1913: morte de Saussure 1916: publicação póstuma do Curso 1928: 1ª tradução – para o japonês (12 anos depois) 1931: tradução para o alemão (15 anos depois) 1933: tradução para o russo (17 anos depois) 1945: tradução para o espanhol (29 anos depois) 1954: tradução para o português (38 anos depois) 1957: publicação de manuscritos (Robert Godel) 1959: tradução para o inglês (43 anos depois) 1961: tradução para o polonês (45 anos depois) 1967: tradução para o húngaro (51 anos depois) 1967: tradução para o italiano (51 anos depois) 1968: edição crítica de Rudolf Engler 1970: tradução brasileira (54 anos depois)

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CURSO DE LINGUÍSTICA GERALUma introdução

As vezes à pergunta feita aos estudantes que jáconseguiram aprovação em Linguística se já leramSaussure, obtemos a resposta sincera de queapenas “fizeram pesquisa” nele. E à pergunta sobreo que querem dizer com a expressão “pesquisa emSaussure”, respondem que assim dizem porqueapenas leram o que ele traz sobre língua e fala!

Entretanto, hoje não se pode deixar dereconhecer que o Cours levanta uma sérieintérmina de problemas. Porque, no que toca a eles,Saussure (...) é recebido “de segunda mão”.

(p. XVI)

CRONOLOGIA DO CURSO 1913: morte de Saussure 1916: publicação póstuma do Curso 1928: 1ª tradução – para o japonês (12 anos depois) 1931: tradução para o alemão (15 anos depois) 1933: tradução para o russo (17 anos depois) 1945: tradução para o espanhol (29 anos depois) 1954: tradução para o português (38 anos depois) 1957: publicação de manuscritos (Robert Godel) 1959: tradução para o inglês (43 anos depois) 1961: tradução para o polonês (45 anos depois) 1967: tradução para o húngaro (51 anos depois) 1967: tradução para o italiano (51 anos depois) 1968: edição crítica de Rudolf Engler 1970: tradução brasileira (54 anos depois)

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ORGANIZAÇÃO DOS CURSOS

1º Curso: 16 de janeiro a 3 de julho de 1907 6 alunos Fonologia Compõe os apêndices e capítulo finais

ORGANIZAÇÃO DOS CURSOS

2º Curso: 1ª semana de novembro de 1908 a 24 de julhode 1909 11 alunos Teoria do signo Definição de sistema Identidade Valor linguístico Insatisfação com pontos de vista

ORGANIZAÇÃO DOS CURSOS

3º Curso: 28 de outubro de 1910 a 4 de julho de 1911 12 alunos Exploração e reconsideração do que fora apresentado

no Segundo Curso

Haveria um 4º Curso dedicado à semântica e à Linguística da Fala.

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PROBLEMAS NA ORGANIZAÇÃO DO CURSO

Bally e Sechehaye nunca assistiram às aulas; (p. 2) Saussure não estava contente com o desenvolvimento

da matéria; (p. XVII) palavras do mestre versus anotações dos alunos; palavras de Saussure versus palavras dos editores; destruição dos manuscritos (grafofobia); (p. 1) utilização de anotações de apenas 3 alunos: A.

Riedleger, F. Bouchardy e L. Gautier; insatisfação dos editores com sua edição; Saussure autorizaria a publicação se estivesse vivo?

PROBLEMAS NA ORGANIZAÇÃO DO CURSO

“O ensino do mestre jamais teve a pretensão deabordar todas as partes da Linguística, nem deprojetar sobre todas uma luz igualmente viva” (p. 3)

“Saberá a crítica distinguir entre o mestre e seusintérpretes? Ficar-lhes-íamos gratos se dirigissecontra nós os golpes com que seria injusto oprimiruma memória que nos é tão querida”. (p. 4)

ANÁLISES

Capítulo II: 1ª aula do terceiro Curso;

Capítulo III: 1ª e 2ª aulas do 3º Curso;

Capítulo IV: lições do 2º e do 3º Curso

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ANÁLISES – CAPÍTULO II

“A matéria da Linguística é constituída inicialmentepor todas as manifestações da linguagem humana,,quer se trate de povos selvagens ou de naçõescivilizadas, de épocas arcaicas, clássicas ou dedecadência, considerando-se em cada período não só alinguagem correta e a ‘bela linguagem’, mas todas asformas de expressão”; (p. 13)

“A tarefa da linguística será: a) fazer a descrição e ahistória de todas as línguas que puder abranger (...)”.(p. 13)

ANÁLISES – CAPÍTULO II

“[a Linguística] distingue-se também da Antropologia,que estuda o homem somente do ponto de vista daespécie, enquanto a linguagem é um fato social”; (p.14)

“Mais evidente ainda é sua importância para acultura geral: na vida dos indivíduos e das sociedades,a linguagem constitui fator mais importante quequalquer outro”. (p. 14)

ANÁLISES – CAPÍTULO II

“[a Linguística] distingue-se também da Antropologia,que estuda o homem somente do ponto de vista daespécie, enquanto a linguagem é um fato social”; (p.14)

“Mais evidente ainda é sua importância para acultura geral: na vida dos indivíduos e das sociedades,a linguagem constitui fator mais importante quequalquer outro”. (p. 14)

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ANÁLISES – CAPÍTULO III

“Bem longe de dizer que o objeto precede o ponto devista, diríamos que é o ponto de vista que cria oobjeto; aliás, nada nos diz de antemão que umadessas maneiras de considerar o fato em questão sejaanterior ou superior às outras” (p. 15)

Qual a diferença, então, entre a matéria e o objeto da Linguística?

ANÁLISES – CAPÍTULO III

Definição de língua:

“A linguagem tem um lado individual e um lado social,sendo impossível conceber um sem o outro” (p. 16)

“Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confundecom a linguagem; é somente uma parte determinada,essencial dela indubitavelmente. É, ao mesmo tempo,um produto social da faculdade da linguagem e umconjunto de convenções necessárias, adotadas pelocorpo social para permitir o exercício dessa faculdadenos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem émultiforme e heteróclita” (p. 17)

ANÁLISES – CAPÍTULO III

Língua versus fala:

“(...) o lado executivo fica de fora, pois a sua execuçãojamais é feita pela massa; é sempre individual e delao indivíduo é sempre senhor; nós a chamaremos fala(parole)”; (p. 21)

“[A língua] Trata-se de um tesouro depositado pelaprática da fala em todos os indivíduos pertencentes àmesma comunidade, um sistema gramatical queexiste virtualmente em cada cérebro ou, maisexatamente, nos cérebro dum conjunto de indivíduos,pois a língua não está completa em nenhum, e só namassa ela existe de modo completo” (p. 21)

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ANÁLISES – CAPÍTULO III

Língua versus fala:

“Com o separar a língua da fala, separa-se ao mesmotempo: 1º o que é social do que é individual; 2º o que éessencial do que é acessório e mais ou menosacidental. A língua não constitui, pois, uma função dofalante: é o produto que o indivíduo registrapassivamente; não supõe jamais premeditação, e areflexão nela intervém somente para a atividade declassificação (...)” (p. 22)

ANÁLISES – CAPÍTULO III

Língua versus fala:

“A fala é, ao contrário, um ato individual de vontade einteligência, no qual convém distinguir: 1º ascombinações pelas quais o falante realiza o código dalíngua no propósito de exprimir seu pensamentopessoal; 2º o mecanismo psicofísico que lhe permiteexteriorizar essas combinações” (p.22)

ANÁLISES – CAPÍTULO III

Língua versus fala:

“Recapitulemos os caracteres da língua...” (p. 22)

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ANÁLISES – CAPÍTULO IV

Língua versus fala:

“O estudo da linguagem comporta, portanto, duaspartes: uma, essencial, tem por objeto a língua, que ésocial em sua essência e independe do indivíduo; esseestudo é unicamente psíquico; outra, secundária, tempor objeto a parte individual da linguagem, vale dizer,a fala, inclusive a fonação e é psico-física” (p. 27).

ANÁLISES – CAPÍTULO IV

Língua versus fala:

“Por todas essas razões, seria ilusório reunir, sob omesmo ponto de vista, a língua e a fala. (...) Essa é aprimeira bifurcação que se encontra quando seprocura estabelecer a teoria da linguagem Cumpreescolher entre dois caminhos, impossíveis de trilharao mesmo tempo; devem ser seguidosseparadamente”. (p. 28)

ANÁLISES – CAPÍTULO IV

Língua versus fala:

“Pode-se, a rigor, conservar o nome de Linguísticapara cada uma dessas duas disciplinas e falar dumaLinguística da fala. Será, porém, necessário nãoconfundi-la com a Linguística propriamente dita,aquela cujo único objeto é a língua”. (p. 28)