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CURSO DE MANEJO INTEGRADO
DE DOENÇAS
FUNGOS FITOPATOGÊNICOS
PARTE 2
AUTOR
Prof. Robert Weingart Barreto (UFV)
COORDENADOR
Prof. Laércio Zambolim (UFV)
VIÇOSA, MG 1999
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PARTE 2
INTRODUÇÃO AOS FUNGOS
Observação prévia
A Micologia, assim como outros campos da ciência, tem um vocabulário próprio.
Uma das maiores dificuldades que o estudante encontra ao iniciar o estudo dos fungos, é
justamente este “cipoal terminológico”. Com o propósito de sanar, ao menos em parte, esta
dificuldade, é aquí apresentado um glossário resumido. Consulte-o quando necessário!
Para uma referência mais completa consulte:
Hawksworth, D.L., Kirk, P.M., Sutton, B.C. & Pegler, D.N. 1995. Dictionary of the Fungi.
CAB International.
Viégas, A.P. 1979. Dicionário de Fitopatologia e Micologia. Editora Agronômica Ceres.
GLOSSÁRIO
Acérvulo. Agrupamento de conidióforos formados abaixo da cutícula das plantas
(subcuticulares) ou da epiderme destas (subepidérmicos); os conídios são liberados
pela ruptura irregular da cutícula ou da epiderme.
Alantóide. Ligeiramente curvo, com ápices redondos.
Amilóides. Reação com reagente de Meltzer, resultando em cor preta ou escura.
Anamorfa. Estádio assexuado de um fungo.
Anastomose. Ligação de duas hifas por uma ramificação não especializada; assim que elas
se encontram ocorre o desaparecimento de suas paredes no ponto de contato.
Aneloconídio. Conídio produzido em cadeia a partir de uma célula conidiogênica, sendo
que esta se alonga após a produção de cada conídio deixando uma cicatriz em forma
de anel na superfície externa próxima ao locus conidiogênico.
Angiocárpico. Desenvolvimento do basidiocarpo que tem o himênio sempre interno.
Anterídio. Gametângio masculino.
Aplanósporo. Esporo imóvel.
Apotécio. Ascocarpo aberto e em formato de taça ou disco, tendo o himênio localizado na
parte superior.
Apressório. Extremidade da hifa dilatada ou ramificada, que se adere fortemente ao
substrato, e da qual pode partir a hifa de penetração.
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Artrósporo. Esporo produzido a partir da simples segmentação do talo.
Asca. Célula em forma de saco, normalmente alongado, dentro do qual são formados
esporos sexuados.
Asca bitunicada. Asca cuja camada interna (endotúnica) não é afixada na camada externa
(exotunica) e que ao atingir a maturidade libera a endotúnica juntamente com os
esporos.
Asca prototunicada. Asca que possui uma parede fina, e seus esporos são liberados com o
rompimento desta.
Ascocarpo. Frutificação multicelular contendo ascas e ascósporos.
Ascoma. = Ascocarpo.
Ascósporo. Esporo sexuado, formado dentro de uma célula especializada, sem
incorporação da parede da célula-mãe (comp. C/ esporangiósporo).
Ascostroma. Frutificação com ascas produzidas dentro de um estroma (as ascas sendo
tipicamente bitunicadas neste tipo de ascocarpo).
Asca unitunicada. Asca com as duas camadas, endotúnica e exotúnica, aderidas.
Autóico. Diz-se do fungo fitoparasito (princip. ferrugens) em que todos os estádios
ocorrem são encontrados numa só espécie de planta hospedeira.
Azigósporo. Esporo assexuado, produzido dentro de um gametângio, após o contato (ou
sem contato), sem fusão, de dois gametângios incompatíveis. Produzidos em
determinados fungos da subdivisão Zygomycotina e morfologicamente semelhantes
aos zigósporos.
Balistósporo. Esporo liberado à força.
Basídia. Célula sexuada, sobre (e externamente) a qual são produzidos esporos haplóides,
presos à basídia por projeções estreitas (os esterigmas).
Basidiocarpo. Frutificação multicelular contendo basídias e basidiósporos.
Basidioma. = Basidiocarpo.
Basidiósporo. Esporo sexuado, haplóide e unicelular, produzido sobre basídios.
Biotrófico. Que depende de células vivas para sua nutrição.
Biplanetismo. Ver diplanetismo.
Blástica. Diz-se da conidiogênese (produção de conídio) em que o conídio é formado pela
expansão de uma porção de uma célula conidiogênica pré-existente.
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Blastósporo. Conídio formado por conidiogênese blástica.
Célula-mãe da asca. Célula dicariótica na parte superior do “crozier” ou gancho, a partir
da qual será formado o asco.
Capilício. Massa de fibras inertes que comumente se assemelham a uma renda, no interior
de esporângios (em mixomicetos) ou basidiocarpos (em gasteromicetos).
Carpo. Frutificação multicelular com função reprodutiva.
Carvão. Fitomoléstia produzida pela ação de fungos da ordem Ustilaginales, onde as
flores, sementes e frutos do hospedeiro (ou mais raramente outros órgãos) são
tomados por massas negras de esporos. O termo também é aplicado de forma
genérica para os fungos desta categoria.
Catenulado. Esporos ou esporângios produzidos em cadeias ou correntes.
“Centrum”. Parte central do ascocarpo.
Cirro. Massa pastosa de esporos, expelida de um esporocarpo (normalmente um picnídio,
peritécio ou pseudotécio).
Cistídio. Elemento estéril do himênio dos fungos da subdivisão Basidiomycotina.
Cisto. Esporo de resistência, sem flagelos que germina na forma de hifa ou então
produzindo um novo esporo flagelado (zoósporo).
Clamidósporo. Esporo assexuado de parede espessa, produzido pelo afastamento,
encolhimento e endurecimento da membrana celular (e frequentemente escuro). O
termo também é usado para os esporos sexuados de fungos da ordem Ustilaginales.
Cleistotécio. Ascocarpo de formato globoso e completamente fechado, mesmo na
maturidade.
Columela. Parte central de um esporângio, delimitada por uma parede que separa a área
onde serão produzidos os esporos (frequentemente uma projeção da haste que suporta
o esporângio).
Conídio. Esporo assexuado e imóvel, produzido sobre o ápice ou sobre as partes laterais de
células conidiogênicas.
Conidióforo. Hifa especializada que contém células conidiogênicas, sobre as quais são
formados conídios.
Conidioma. Frutificação multicelular contendo conídios
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“Crozier” (ou gancho). Célula dobrada ao meio, formando um gancho no início da
formação do asco.
Dermatomicose. Lesão superficial em tecido animal, provocada por fungos.
Dextrinico. Ver pseudoamilóide.
Dicariótico. Diz-se do micélio onde ocorrem dois núcleos em cada célula, tendo
normalmente sido fornecido um núcleo por cada gameta.
Diplanetismo. Fenômeno em que um zoósporo, após o encistamento (ver cisto) germina
um outro zoósporo ao invés de produzir um micélio, tendo, portanto, duas fases de
células ou de esporos móveis (ver monoplanetismo para fins comparativos).
Écio. Estrutura dicariótica dos fungos da ordem uredinales, dentro da qual são produzidos
esporos (eciósporos) em cadeias ou correntes.
Ectomicorriza. Associação mutualística de um fungo com a raiz de uma planta, em que a
raiz sofre mudanças na morfologia, tornando-se mais espessa em razão da epiderme
por micélio do fungo.
Endobiótico. Que vive totalmente dentro das células do hospedeiro.
Endomicorriza. Associação mutualística fungo-raiz, em que a raiz não sofre mudanças na
morfologia externa, mas apresenta estruturas fúngicas, como vesículas e arbúsculos,
no interior das células do cortex.
Endotúnica. Parede interna de uma asca.
Enteroblástico. Formação de conídio em que somente uma ou nenhuma parede da célula
conidiogênica é incorporada nele.
Enteroblástico-fialídico. Formação de conídio por células especializadas (comumente com
forma de frasco), em que ele é condensado na sua extremidade, sem incorporar
qualquer parede da célula conidiogênica.
Enteroblástico-tétrico. Formação de conídio por células conidiogênicas especializadas,
com incorporação da parede ou membrana interna da célula e pela inflação gradual da
membrana pela expulsão de material da célula conidiogênica através de um poro ou
canal estreito para dentro desta membrana.
Epibiótico. Talo produzido sobre a superfície do hospedeiro.
Epiplasma. Citoplasma não incorporado dentro do esporo e que pode servir para
ornamentá-lo.
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Esclerócio (ou escleródio). Estrutura resistente de células fúngicas densamente agrupadas,
com formato entre globoso e cilíndrico irregular e tamanhos variados.
Espermagônio. Célula ou conjunto de células que produzem gametas masculinos
(espermácias), comumente reunidas em estruturas esféricas ou em forma de frasco;
encontrados em ferrugens (=pícnio) e alguns ascomicetos.
Esporângio. Vesícula unicelular dentro da qual são produzidos esporos assexuados
(esporangiósporos), pela condensação de citoplasma em torno dos núcleos alí
contidos.
Esporangiolo. Esporângio pequeno, com ou sem columela.
Esporocarpo. Estrutura que produz um ou mais esporos.
Esporodóquio. Conjunto de conidióforos ligados nas bases assumindo uma forma
assemalhada à de uma almofada.
Estatismósporo. Esporo liberado sem força.
Esterigma. Pequeno cone na parte superior do basídio, sobre o qual o basidiósporo é
produzido.
Estipe. Pé ou haste de frutificações de determinados macrofungos (cogumelos).
Estolho. Hifa que conecta dois grupos de rizóides (típico de zigomicetos, como Rhizopus).
Estólon. = Estolho.
Estroma. Tecido somático, compacto, formado de um conjunto de hifas densamente
aglomeradas.
Estroma dimidiato. Estroma que cobre somente a parte superior do lóculo.
Eucárpico. Quando somente parte do corpo do fungo faz parte da estrutura reprodutiva
(comp. Com holocárpico).
Excipulo. Tecido contendo o himênio num apotécio ou formando as paredes de um
peritécio.
Exotúnica. Parede externa de um asco.
Ferrugem. Fitomoléstia causada por fungos da ordem Uredinales, e caracterizado pela
presença, sobre os órgãos das plantas, de massas de esporos que são comumente
alaranjadas mas podem se apresentar amareladas, marrons e até negras. O termo
também é usado como denominação genérica para os fungos da ordem Uredinales.
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Fiálide. Célula conidiogênica em que não há incorporação da sua parede no esporo
formado e não há aumento ou diminuição de seu tamanho a medida em que uma
sucessão de conídios é formada.
Fialósporo. Conídio formado por fiálides.
Fragmobasídio. Basídio apresentando septação transversal ou longitudinal.
“fungo”. Organismos que apresentam as características seguintes: “nutrição” heterotrófica
(nunca fotossintética) e por absorção (ingestão apenas nos Myxomycota); “talo”
unicelular ou filamentoso (plasmodial em Myxomycota), septado ou não septado,
normalmente imóvel (móvel em Myxomycota) às vezes com estádios móveis
(zoósporos); “parede celular” bem definida (exceto na fase trófica de Myxomycota),
tipicamente quitinizada (mas com celulose nos Oomycetes); “status nuclear”
eucariótico, multinucleado, o micélio sendo homo ou heterocariótico, haplóide,
dicariótico ou diplóide, o último sendo usualmente de curta duração; “histórico de
vida” simples ou complexo; “sexualidade” sexuados ou assexuados, homo ou
heterotálicos; “esporocarpos” microscópicos ou macroscópicos e apresentado
diferenciação de tecidos limitada.
Fungo. “fungo” pertencente ao Reino Fungi, categoria que inclui unicamente os filo
Ascomycota, Basidiomycota, Chytridiomycota e Zygomycota.
Fungo aquático. Denominação geralmente aplicada aos membros do Filo Oomycota
(Reino Chromista) e Filo Chytridiomycota (Reino Fungi).
Fungo coraliforme. Com forma de coral (Família Clavariaceae).
Fungo gelatinoso. Ordem Tremellales.
Fungo mitospórico. Ascomiceto (maioria) ou basidiomiceto que não apresenta forma
sexuada (antiga subdivisão Deuteromycotina hoje em desuso).
Fungo viscoso. Classe Mycomycetes.
Fungo viscoso celular. Classe Acrasiomycetes e Dictosteliomycetes.
Fungo imperfeito. = Fungo mitospórico.
Fungo “ninho de passarinho”. Ordem Nidulariales.
Fungo perfeito. Aquele que apresenta forma sexuada.
Gimnocárpico. Desenvolvimento do basidiocarpo que tem o himênio sempre exposto.
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Gleba. Parte fértil no interior das frutificações de determinados fungos da subdivisão
Basidiomycotina (bolas da terra, estrelas da terra, chifres fedorentos e ninhos de
passarinho – grupo antigamente agrupado em uma classe, a classe Gasteromycetes).
Grampos de conexão. Ligações especiais e parcialmente externas, formadas entre as
células de hifa, funcionando como dispositivo que garante que elas permaneçam
dicarióticas enquanto crescem.
Hemiangiocárpico. Desenvolvimento do basidiocarpo em que o himênio, inicialmente, é
interno, mas na maturidade se torna exposto.
Heteróico. Diz-se do fungo fitoparasítico (princip. Ferrugens) que necessita de duas
espécies hospedeiras para completar seu histórico de vida.
Heterotalismo. = Autoesterilidade (autoincompatibilidade) no indivíduo de uma espécie,
obrigando a união de dois talos compatíveis para que haja a reprodução sexuada.
Hifa. Filamento composto ou não de células, formando o talo fúngico.
Himênio. Camada fértil, dentro da qual são formados as ascas ou as basídias.
Hiperparasita. Agente parasita sobre um outro parasita.
Hipógeo. Subterrâneo.
Hipotécio. Camada de tecido logo abaixo do himênio.
Holobasídio. Basídio composto de uma única célula.
Holoblástico. Diz-se do conídio formado a partir de ambas as paredes da célula
conidogênica.
Holocárpica. Quando o corpo inteiro do fungo faz parte da estrutura reprodutiva, não
havendo ocorrência simultânea de estrutras somáticas e reprodutivas.
Holomorfa. O fungo por inteiro em todas as suas formas e estádios.
Homotalismo. Produção de gametas ou gametângios compatíveis, de ambos os sexos, no
mesmo talo; nesse caso, o fungo é autofértil (autocompatível).
Inamilóide. O reagente de Meltzer não provoca reação.
Inoperculado. Que não apresenta opérculo.
Lóculo. Cavidade formada dentro de um estroma e que contém ascas, assemelhando-se a
um peritécio.
Merosporângio. Esporangiolo cilíndrico.
Metabasídia. Porção da basídia onde ocorre a meiose (sin. Promicélio).
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Micélio. Conjunto de hifas.
Micélio apocítico. Micélio com septos ou pseudoseptos (sin. septado).
Micélio cenocítico. Micélio contínuo, sem septos ou pseudoseptos (sin. asseptado).
Micetoma. Lesão de tecido animal profundo, provocada por fungos.
Micobiota. Conjuto de todos os fungos de um habitat, região ou país. No passado
usavam-se os termos micoflora ou flora fúngica.
Micologia. Ciência que trata dos organismos vivos denominados “fungos”.
Micorriza vesicular-arbuscular (MVA). Ver endomicorriza.
Micose. Doença de animais, causada por fungos em parasitismo.
Micotoxicose. Doença de animais, causada pela ingestão de toxinas produzidas por fungos.
Monocêntrico. Diz-se de um Chytridiomycota unicelular, que apresente um talo composto
por conjunto de rizóides que se irradiam de um único ponto onde um órgão
reprodutivo (um esporângio ou um esporo de descanso) é formado.
Monoplanetismo. Fenômeno em que o zoósporo após o período de natação e após o seu
período de encistamento, germina, produzindo micélio. Há, portanto, apenas uma fase
de células ou de esporos móveis (ver diplanetismo para fins comparativos).
Oogônio. Gametângio feminino contendo uma ou mais oosferas, que depois de fecundadas
se desenvolvem como oósporos. Típico de fungos da Classe Oomycetes e da ordem
Monoblepharidales (Filo Chytridiomycota).
Oósporo. Esporo sexuado, resultante do contato gametangial de gametângios dissimilares.
Opérculo. Abertura bem definida (tampa) na extremidade superior de uma célula.
Ostiolo. Poro na parte superior de um peritécio ou picnídio, através do qual os esporos são
liberados.
Paráfise. Filamento estéril aderido à base do himênio de fungos, não ramificado e não
apresentando anastomoses.
Parasítico. Que obtém nutrientes de outros seres vivos, em detrimento do hospedeiro.
Perídio. Parede que recobre a frutificação de alguns fungos.
Peridiolo. Pequena estrutura de parede espessa, dentro da qual é encontrada a gleba.
Perífises. Filamentos estéreis, localizados perto dos ostíolo de pícnios, picnídios,
pseudotécios ou peritécios.
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Peritécio. Ascocarpo de forma comumente globosa, semifechada, apresentando um poro
(ostíolo) na sua parte superior e o himênio na sua parte basal interior.
Picnídio. Estrutura globosa, semifechada, apresentando um poro (ostíolo) na sua parte
superior, dentro da qual são produzidos conidióforos.
Pícnio. = Espermagônio.
Píleo. Porção superior (tampa ou chapéu) do basidiocarpo ou (menos comumente)
ascocarpos de determinados macrofungos.
Planetismo. Fenômeno de produção de células móveis.
Plasmódio. Fase assimilativa de fungos, sem paredes celulares, em que eles são capazes de
locomover e se alimentarem de forma amebóide.
Plasmodiocarpo. Estrutura frutificativa de alguns Myxomycetes com a forma de veias
curvas ou ramificadas.
Pletênquima. Pseudotecido fúngico, composto de algomerado de hifas.
Policêntrico. Diz-se de um Chytridiomycota que apresente um talo que se irradia de vários
pontos onde órgãos reprodutivos são formados.
Porósporo. Conídio de formação enteroblástico-tétrica.
Probasídia. A porção da basídia onde ocorre a cariogamia (em Teliomycetes e
Ustomycetes, o teliósporo é a probasídia).
Promicélio. Um tubo germinativo produzido em um teliósporo onde a meiose ocorre e
sobre o qual basidiósporos são produzidos (equivalente à metabasídia).
Prosênquima. Pseudotecido fúngico solto, com células individuais evidentes.
Pseudoamilóide. Reação com o reagente de Meltzer, resultando em cor
marrom-avermelhada ou marrom-amarelada.
Pseudoangiocárpico. Desenvolvimento do basidiocarpo em que o himênio, inicialmente, é
exposto, tornando-se coberto com a expansão do píleo, e, na maturidade, torna-se
exposto novamente.
Pseudoetálio. Estrutura de reprodução, em que os esporângios ocorrem agrupados, mas os
esporângios individuais podem ser separados.
Pseudoparáfise. Filamento estéril encontrado no himênio e que tem como ponto de origem
a parte da frutificação que fica acima das ascas e cresce para baixo pelo meio das
ascas jovens até se fundirem à base do himênio. Comumente, a parte superior da
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pseudoparáfise se desliga então do ponto de origem, o que dificulta a sua
diferenciação das paráfises. As pseudoparáfises são no entanto comumente
ramificadas e apresentam anastomoses.
Pseudoparênquima. Pseudotecido fúngico denso, em que as células estão numa forma
isodiamétrica.
Pseudotécio (contração de pseudoperitécio). Ascocarpo composto de ascostroma
uniloculado, e portanto morfologicamente semelhante a um peritécio (comumente
reconhecido como pseudoperitécio por conter ascas bitunicadas – inexistentes em
fungos com peritécio).
Ressupinado. Espalhado sobre a superfície do substrato, com o himênio na face livre.
Rizóide. Pequena hifa que se assemelha a uma raiz e que serve para fixação e suporte do
fungo no substrato.
Rizomorfo. Cordão denso, formado por hifas paralelas, às vezes recoberto por uma camada
espessa e protetora.
Saprofítico. Que obtém nutrientes a partir de matéria orgânica morta.
Saprotrófico = Saprofítico.
Simbiótico. Que obtém nutrientes de outros seres vivos, sem prejudicar o hospedeiro.
Simpodiósporo. Conídio formado em dobras consecutivas do condióforo.
Sinêmio. Conjunto de conidióforos individuais, agrupados densamente e aglomerados
formando uma estrutura ereta com conídios apenas no ápice ou no ápice e laterais.
Soro. Massa de esporos ou esporângios, como as produzidas pelos carvões (as variações
“uredossoro” e “teliossoro” são usadas para as ferrugens – fungos da ordem
Uredinales).
Superbrotamento. Ver vassoura de bruxa.
Tálica. Diz-se da conidiogênese (produção de conídio) que se dá pela transformação
integral de uma célula somática pré-existente em conídio.
Talo. Corpo somático do fungo.
Télia. Frutificação onde são produzidos teliósporos.
Teliomorfa. Estádio sexuado de um fungo.
Teliósporo. Esporo dicariótico uni ou multicelular, pedicelado e comumente de parede
espessa, dentro da qual ocorre a cariogamia, compondo o aparato basidial (termo
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comumente restrito às ferrugens, mas ultimamente também aplicado aos esporos de
carvões).
Trama. Hifas centrais das lâminas de cogumelos ou entre poros dos boletos.
Tricogine. Hifa receptiva do órgão feminino em alguns fungos da subdivisão
Ascomycotina ou da ordem Uredinales.
Trofocisto. Espessamento de hifa a partir do qual um esporangióforo é produzido (como
por exemplo em Pilobolus spp.)
Urédia ou uredínia. Frutificação onde são produzidos urediniósporos.
Urediniósporos. Esporo dicariótico unicelular e pedicelado, que representa a fase
assexuada dos fungos da classe Urediniomycetes.
Vassoura de bruxa. Fitomoléstia caracterizada pelo alto crescimento localizado da planta,
produzindo uma deformação que se assemelha a uma vassoura. Diversos agentes
podem estar envolvidos (por exemplo o fungo Crinipellis perniciosa causando a
vassoura de bruxa do cacau).
Volva. Estrutura alargada ou em formato de taça, na base do estirpe de alguns macrofungos
da subdivisão Basidiomycotina.
Zigósporo. Esporo sexuado de parede espessa, produzido no interior de um esporângio,
após a plasmogamia de gametângios compatíveis (em fungos da Subdivisão
Zygomycotina).
Zigosporângio. Esporângio dentro do qual é produzido o zigósporo.
Zoósporo. Esporo flagelado e capaz de se locomover.
O que são “fungos”?
A definição do que são fungos e o reconhecimento da delimitação natural deste grupo
de organismos desafiou os cientistas desde que eles começaram a estuda-los. Embora esta
seja uma questão interessante e o seu estudo seja revelador da forma pela qual evoluiram os
conceitos sobre estes, uma abordagem mais detalhada do tema fugiria aos propósitos desta
apostila. Para simplificar a questão vale então considerar que há um recente consenso nas
publicações micológicas em se aceitar que vários grupos de organismos tradicionalmente
estudados pelos micologistas (estudiosos dos fungos) não pertencem à mesma linhagem
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evolutiva, devendo por isto ser reconhecidos como pertencentes a outros reinos. Alguns
destes organismos apresentam aspectos bastante similares aos dos fungos e provavelmente
continuarão a ser objeto de estudo dos micologistas. A este apanhado heterogêneo de
organismos diversos autores propõe a adoção da denominação “fungos” com ‘f’ minúsculo.
Para o grupo de fungos verdadeiros, aqueles hoje pertencentes ao Reino Fungi, adotaria-se
a denominação Fungos com ‘f’ maiúsculo. A resposta dada na última edição do livro
texto “Introductory Mycology” (1996) para o que são fungos, é a seguinte: - A
delimitação exata do grupo é muito difícil. Tradicionalmente, os biólogos têm definido
fungos como “organismos eucarióticos, que produzem esporos e aclorofilados (=
heterotróficos) com nutrição por absorção e que geralmente se reproduzem tanto sexuada
quanto assexuadamente tendo um corpo usualmente composto de filamentos ramificados
(conhecidos como hifas) envolto por uma parede celular”. Os autores admitem em seguida
que esta definição é tão boa quanto outra qualquer, e como as outras também imperfeita.
O que é inegável é que hoje temos uma noção muito mais clara sobre as afinidades
evolutivas (ou relações de parentesco) entre os organismos que chamamos de “fungos”.
Grandes avanços se deram e tem se dado na nossa compreensão sobre isto graças à
aplicação das técnicas da biologica molecular ao estudo dos fungos.
Os mofos, leveduras, cogumelos e a parte fúngica das associações conhecidas como
líquens e micorrizas são exemplos de membros do Reino Fungi. A maioria dos fungos que
nos interessam mais diretamente como fitopatógenos também pertencem ao Reino Fungi.
Entre as exceções mais importantes temos os agentes de doenças tais como: os míldios
verdadeiros, as ferrugens brancas, algumas podridões (causadas por membros do Reino
Chromista), a sarna pulverulenta da batata e a hérnia das crucíferas (causadas por membros
do Reino Protista).
Breve histórico da Micologia
Os fungos mais evidentes antes do advento do microscóprio (Van Leeuwenhoek, século
17), eram os cogumelos, consumidos já pelos romanos e importantes na mitologia e
religiões de civilizações pré-colombianas no México e Guatemala. A persistente
importância antropológica dos cogumelos para as populações primitivas da América
Central é revelada pela presença em depósitos arqueológicos de pedras esculpidas em
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forma de cogumelos datadas de l000 AC e pela continuação até o presente do uso ritual de
cogumelos contendo substâncias alucinógenas, por tribos mexicanas.
O fundador da ciência da micologia foi o italiano Pier Antonio Micheli, que em l729
publicou o primeiro tratado “Nova Plantarum Genera” incluindo suas pesquisas sobre
fungos. A micologia cresceu subordinada à Botânica, o que se reflete nos dias atuais em
situações, até certo ponto estanhas, tais como os fungos serem tema tratado na disciplina
Vegetais Inferiores em diversos Departamento de Botânica, e o mesmo se repetindo pelo
mundo afora (embora já seja inquestionável que os fungos não são plantas). A origem desta
situação remonta aos tempos de Carolus Linnaeus, quando se considerava que tudo quanto
existia era animal, vegetal ou mineral ou nas próprias palavras de Linnaeus: “Lapides
crescunt; vegetabilia crescunt e vivunt; animalia crescunt, vivunt e sentiunt” – As rochas
existem; as plantas existem e vivem; os animais existem, vivem e sentem. A substituição
deste sistema demorou muito a se concretizar. Em l969 Whittaker propôs um sistema de 5
reinos (Monera, Protista, Plantae, Animalia e Fungi) que logo se tornou aceito, embora já
existam várias proposições de alteração deste esquema, inclusive com a criação de novos
reinos.
Diagrama com sitema de 5 reinos (Whittaker,
1969): Monera (procariotos), Protoctista ou
Protista (eucariotos unicelulares), Animalia
(eucariotos, pluricelulares, fagotróficos), Fungi
(eucariotos, pluricelulares, absorbotróficos) e
Plantae (eucariotos, pluricelulares, fototróficos).
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A micologia é um campo da biologia pobre em recursos materiais e humanos a nível
mundial, e muito mais ainda no Brasil. Há pouquíssimos micologistas em atividade no
Brasil, o que é um paradoxo, já que o Brasil é um dos países de maior biodiversidade no
planeta, e os fungos são um dos grupos de organismos mais ricos em espécies (há
1.500.000 espécies de fungos no mundo, segundo recentes estimativas, sendo que apenas
5% conhecidas para a ciência). Entre os micologistas que contribuiram significativamente
para o (ainda que pouco) conhecimento que temos da micoflora brasileira, estão:
Spegazzini (que embora baseado na Argentina, descreveu muitos fungos que ocorrem no
Brasil), Viégas, Rick e Batista.
A relativa indiferença que existe para com o campo da micologia é surpreendente.
Principalmente quando se considera tanto o interesse científico dos fungos como a sua
comprovada relevância para o homem e para a biosfera. Uma excelente abordagem da
história da micologia é apresentada em:
AINSWORTH, G.C. 1976. Introduction to the history of Mycology. Cambridge University
Press.
Importância dos fungos
Importância ecológica
Fundamentais no processo de decomposição da matéria orgânica. A decomposição é
um processo tão fundamental para preservação dos processos vitais da biosfera (como a
ciclagem dos nutrientes) quanto a própria produção primária realizada pelos vegetais, que é
a única “porta de entrada” de energia que mantém a biosfera funcionando. Sem a atividade
de decomposição realizada pelos fungos e bactérias, os nutrientes essenciais para os
vegetais permaneceriam bloqueados em depósitos de matéria orgânica não degradada, até o
total esgotamento das reservas acessíveis aos vegetais. Ou seja, assim como a vida no
planeta é dependente da fotossíntese realizada pelos vegetais, a vida dos vegetais é
dependente da atividade de decomposição realizada por fungos e outros organismos
sapróbios. Sendo que alguns fungos são únicos por sua capacidade de degradar substratos
“indigestos” para outros organismos, como a celulose e a lignina.
Na pedogênese (o processo de formação do solo), os líquens atuam como
colonizadores pioneiros das rochas nuas. Eles lançam rizinas (estruturas que lembram
raízes) e hifas que penetram nas rochas contribuindo para a sua fragmentação física, e
16
também liberam ácidos liquênicos que contribuem para a desagregação química destas.
Este processo é conhecido como intemperismo biológico. O acúmulo de matéria orgânica
liquênica é outro aspecto deste processo lentíssimo que envolve a participação de muitas
outras levas de organismos. Estes vão modificando gradualmente o seu substrato, e se
substituindo, no processo conhecido como sucessão ecológica. Ao final do processo temos
a produção dos solos maduros sobre os quais podem estar estabelecidas as chamdas
comunidades clímax (as comunidades de maior biomassa e diversidade biológica que os
fatores ambientais de uma região permitem que seja estabelecida). A micobiota (não
liquênica) presente no solo, é muito abundante e diversificada, e entre outros papéis que
desempenha, atua de forma marcante na estruturação física do solo (o micélio dos fungos
envolvendo partículas minerais e orgânicas e contribuindo na formação de agregados, grãos
e torrões). Um solo, mesmo que rico em nutrientes, pode ser incapaz de permitir um bom
desenvolvimento vegetal, caso não apresente uma estrutura física adequada.
As micorrizas são associações envolvendo fungos e raízes de plantas, de
importância fundamental na nutrição da maioria dos vegetais terrestres. Muitas espécies de
plantas são incapazes de crescer se não estiverem associadas à fungos micorrízicos, e na
sua ausência, mesmo quando cultivadas em solos férteis, apresentarão sintomas de
desnutrição.
Os fungos endofíticos, são fungos que estabelecem um tipo de associação
mutualística com a parte aérea de plantas superiores. As pesquisas têm indicado que estas
associações são extremamente comuns e importantes para as plantas hospedeiras. Já foi
demonstrado para alguns dos casos estudados, que as plantas associadas a fungos
endofíticos apresentam um crescimento mais rápido (indicando um possível, mas ainda não
esclarecido, papel dos fungos na absorção de nutrientes pelas plantas infectadas) e uma
maior resistência às pragas e doenças. Herbívoros, como por exemplo o gado pastando
gramíneas associadas a alguns destes fungos, apresentam sintomas de intoxicação. Os
fungos endofíticos podem constituir então um elemento importante do “sistema
imunológico” das plantas.
Muitos fungos são parasitos de plantas, animais, protistas e outros fungos. A
importância ecológica destes está em sua atuação como inimigos naturais das populações
17
de seus hospedeiros, e na sua participação no controle do tamanho e densidade destas
populações.
Fungos sob o ponto de vista do homem: heróis
São muitas as aplicações e usos dos fungos. Segue uma enumeração desordenada de
algumas destas aplicações: fabricação de bebidas alcoólicas, panificação, chocolate (a
fermentação fúngica das sementes do cacau é fundamental na produção do sabor do
chocolate), produção de álcool (importante como combustível e também em inúmeras
outras aplicações), fabricação de derivados modificados da soja e outros grãos para a
alimentação, produção de vitaminas (B2 por exemplo), medicamentos (ergometrina,
penicilina, griseofulvina, ciclosporina e outros), produção de ácidos orgânicos diversos
(entre eles o ácido cítrico, básico para toda a indústria de refrigerantes), consumo direto (o
champignon cultivado Agaricus brunnescens, as valiosíssimas trufas coletadas no campo, e
outros), controle biológico de insetos, fungos, ervas daninhas e outros organismos nocivos
às culturas agrícolas.
Fungos sob o ponto de vista do homem: vilões
Paralelamente, o Reino Fungi inclui diversos organismos tremendamente nocivos ao
homem e a seus interesses. Entre os problemas causados por fungos, citamos: doenças em
humanos (aftas, alergias, micoses profundas, ergotismo, dermatomicoses...); intoxicações
em humanos (em países onde é popularizado o hábito de se coletar cogumelos selvagens
para o consumo, como os da Europa, há todos os anos um número significativo de
intoxicações e mortes pela ingestão de cogumelos venenosos, principalmente Amanita
phalloides); doenças e intoxicações de animais domésticos; doenças de plantas cultivadas e
selvagens; decomposição de madeira, tecidos, couros, alimentos e outros produtos naturais.
A célula fúngica
Estudos da ultraestrutura (em microscopia eletrônica) revelam que a célula dos
fungos têm a mesma estrutura geral de outros organismos eucarióticos, mas os corpúsculos
de Golgi e os centríolos podem ou não estar presentes. O citoplasma é circundado por uma
membrana plasmática, e (com excessão da fase trófica dos protistas fúngicos) por uma
parede celular. A parede celular é multilaminada, e as lâminas são constituídas por fibrilas
orientadas de diversos modos. A composição química da parede celular é diferente para
18
grupos de fungos diferentes. A quitina é geralmente o material predominante nas paredes
celulares dos fungos, mas a celulose (generalizada nos oomicetos – cromistas fúngicos) e os
polímeros da galactose a substituem em alguns grupos. A composição química da paredes
podem também variar em função da idade do indivíduo e das condições ambientais (pH,
temperatura...).
Em fungos com micélio septado (dividido em compartimentos), as células podem
conter um, dois ou mais núcleos. Os estudos sobre o comportamento do núcleo, durante a
meiose e mitose, em células fúngicas são extremamente difíceis, devido ao tamanho muito
reduzido deste. Depende-se para isto, quase que exclusivamente da microscopia eletrônica
de transmissão, e os estudos feitos até então ainda são poucos. A meiose e mitose são, pelo
que se sabe, intranucleares. A membrana nuclear permanece intacta durante a divisão (e
não desaparece durante a divisão como ocorre na maioria dos animais e vegetais) e se
constringe antes de ocorrer a separação dos núcleos filhos. Em fungos que produzem
células flageladas os centríolos estão presentes, mas nos demais eles são substituídos por
outras esttuturas chamadas corpos polares de fuso. As etapas da meiose e mitose são,
conforme se acredita, semelhantes às observadas para os outros organismos eucarióticos.
Alguns aspectos da fisiologia dos fungos
A maioria dos fungos exige temperaturas entre 0 e 35oC para crescerem, mas com
a temperatura ótima variando entre 20 e 30oC. Há muitos fungos, ditos temofílicos, que
necessitam de temperaturas mais altas para crescerem (entre 20 e 50oC). Os fungos são em
geral capazes de tolerar temperaturas extremamente baixas em estado de dormência. Esta
propriedade é utilizada na preservação de fungos a longo prazo em nitrogênio líquido (-
196oC).
O pH ótimo para o substrato da maioria dos fungos é ligeiramente ácido (pH = 6). A
luz não é necessária para garantir o crescimento fúngico, mas ela é fundamental no
estímulo à esporulação e na orientação da descarga dos esporos de muitas espécies.
A maior parte dos fungos tem hifas com crescimento indeterminado, podendo
hipoteticamente crescer indefinidamente sob condições favoráveis. Há micélios de fungos e
colônias de líquens com idade estimada em milhares de anos.
19
O crescimento das hifas é unicamente apical, e tende a crescer por igual em todas as
direções a partir de um ponto central, o que resulta em colônias esféricas (quando o fungo
cresce em um meio líquido homogêneo) ou superficialmente circulares (quando em meio
sólido).
A expansão apical das hifas se dá pelo acúmulo gradual de material sintetizado no
retículo endoplasmático (ER) e transferido gradualmente deste para o corpúsculo de Golgi
(D), nos fungos onde ele está presente, e daí sendo então liberado como vesículas (V) que
crescem e/ou se fundem umas às outras e migram rumo ao ápice da hifa, fundindo-se com a
membrana e liberando o seu conteúdo para a parede celular (veja a ilustração).
Os fungos são organismos heterotróficos e portanto sobrevivem como parasitos de
outros organismos (e inclusive de outros fungos) ou então como sapróbios. Existem fungos
que são sapróbios obrigatórios (incapazes de parasitar organismos vivos), parasitos
20
obrigatórios (incapazes de sobreviver, em condições naturais, de matéria orgânica inerte) e
formas intermediárias (parasitos ou sapróbios facultativos). Os fungos são dependentes de
fontes de carbohidratos externas, mas são frequentemente auto-suficientes quanto às suas
proteínas e vitaminas. Os elementos fundamentais para a nutrição dos fungos são: C, O, H,
N, P, K, Mg, S, B, Mn, Cu, Mo, Fe, Zn, e possivelmente também Ca. A glicose é
normalmente a melhor fonte de carbono para os fungos e os compostos nitrogenados
orgânicos a melhor fonte de N. As substâncias de reserva dos fungos são os lipídios e o
glicogênio. O amido nunca foi encontrado em fungos.
Há fungos generalistas quanto à sua nutrição, tais como várias espécies de
Penicillium e Aspergillus, enquanto que outros são especialistas, sendo muito exigentes
quanto à sua nutrição, como é o caso dos fungos fitopatogênicos (ditos parasitos
obrigatórios) causadores das doenças conhecidas como ferrugens (Uredinales), míldios
(Peronosporaceae) e míldios pulverulentos (Erysiphales). A maioria dos fungos mais
exigentes quanto à nutrição, como os citados, são de cultivo difícil ou impossível em meio
de cultura artificial (pelo menos até o presente).
A nutrição dos fungos se dá através da secreção extracelular de enzimas, que
quebram as moléculas do substrato em moléculas menores que possam ser obsorvidas
através da parede celular e membrana do fungo. O tipo de substâncias que um fungo pode
assimilar, é determinado em grande parte pelas enzimas que ele é capaz de sintetizar.
Estrutura dos fungos
Estruturas somáticas: o talo (porção vegetativa dos fungos)
O talo pode ser unicelular, plasmodial = sem parede celular (em fungos do Reino
Protista) ou pseudomicelial (talos unicelulares produzindo brotações sucessivas que
assumem o aspecto de cadeias que podem ser facimente dissociadas). O tipo de talo mais
comum é no entanto o talo filamentoso. Estes talos são compostos de hifas (do grego hyphe
= teia) que são filamentos tubulares contínuos (compondo hifas cenocíticas) ou com
separações em intervalos regulares – os septos (presentes em hifas septadas). Um conjunto
de hifas constitui o que chamamos de micélio.
Os fungos não têm tecidos verdadeiros mas podem ter pseudotecidos fúngicos
(pletênquima) composto de agregados de hifas. As hifas no pletênquima podem estar
21
frouxamente ligadas, com as células individuais evidentes (no prosênquima), ou
compactadas, com as células assumindo um aspecto oval ou isodiamétrico com paredes
escuras (no pseudoesclerênquima) ou não escurecidas (no pseudoparênquima). Estes
pseudotecidos estão frequentemente associados às estruturas de frutificação dos fungos
superiores (ascomicetos e basidiomicetos). Entre as estruturas formadas por agregações de
hifas estão: os cordões miceliais (formados pela convergência e enrolamento de
ramificações de uma hifa principal de volta na sua direção e pela extensão deste cordão fino
rumo à áreas externas à colônia do fungo), as rizomorfas (cordões densos semelhantes à
raízes, formados por hifas paralelas, às vezes recoberto por uma camada espessa protetora,
e que funcionam na propagação à curta distância, na nutrição do fungo e também como
estruturas de resistências para alguns fungos); os estromas (estruturas compostas de
pseudoparênquima ou pseudoesclerênquima, sobre ou dentro das quais as frutificações do
fungo são produzidas; os esclerócios ou escleródios (estruturas de resistência escuras e com
formatos diversos formadas pelo enovelamento de hifas, e capazes de permanecerem
dormentes por períodos de tempo longos); os pseudoescleródios (enovelamentos de hifas
envolvendo material fúngico e material do substrato). Exemplos de pseudoescleródio são os
micolitos (o enovelamento de hifas do fungo envolvendo partículas do solo e produzindo
uma “rocha fúngica”) e as múmias (enovelamento de hifas envolvendo parte do tecido de
um hospedeiro, um fruto ou inseto por exemplo).
Cordão micelial de Serpula lacrimans
Estrutura de rizomorfa do fungo Armillariella mellea.
A– corte lateral, B- corte transversal, C- diagrama do
corte lateral, D- corte transversal mostrando
aparência das células de cada camada (r- casca, c-
córtex, m- medula), E- idem, corte lateral.
22
Estromas de alguns ascomicetos. A, B e C – cortes
transversais de frutificações no interior de estromas, D-
aspecto superficial de frutificação de Hysterographium sp. E-
corte transversal da mesma estrutura.
Rizomorfas de Rosellinia (ri) e
micélio feltroso (mf) crescendo
sobre tronco.
Escleródios germinados. A- Claviceps purpurea (esporão
do centeio). Note a frutificação clavada estromática,
formada externamente ao escleródio. B- Aspergillus
allaceus escleródio com formação interna de cleistotécio.
C- Sclerotinia sclerotiorum, com apotécio (frutificação
em forma de taça) formada externamente, após a
germinação.
Pseudoescleródio. Micolito formado
pelo enovelamento de hifas de
Polyporus basilapiloides envolvendo
partículas do solo.
23
Além das estruturas formadas por agregação de hifas, os fungos também produzem células
apresentando diferenciação estrutural e que atendem a finalidades diversas. Para se
nutrirem, os fungos têm de estar em contato íntimo com o seu substrato ou hospedeiro. Para
isto, as hifas dos fungos podem penetrar diretamente no substrato ou na célula dos
hospedeiros, ou então produzir haustórios (do grego haustor – sugador), que são
prolongamentos das hifas, em forma de botão, raíz ou outras formas, e que o fungo lança
para dentro das células do hospedeiro através de um poro minúsculo perfurado na parede
celular deste. Estes, como o nome sugere, tem por função a absorção de nutrientes. Há
ainda outras estruturas especializadas, formadas pelos fungos tais como: rizóides e
rizomicélios (estruturas de forma semelhante às de raízes e servindo à fixação e exploração
do substrato, presente em alguns grupos de fungos); apressórios (intumecimento lobado de
uma hifa ou de um tubo germinativo funcionando como uma ventosa, aderindo o fungo ao
substrato e em fungos parasitos participando do aparato de penetração do tecido do
organismo hospedeiro); hifopódios (ramificações curtas e comumente infladas da hifa
externa de certos fungos foliícolas) e armadilhas (laços enforcadores de nematóides, botões
grudentos e outras estruturas que funcionam como armadilhas produzidas por determinados
grupos de “fungos predadores”).
Rizóides. A- rizóides e estolhos na base de
esporangióforos de Rhizopus sp. B- detalhe. C-
conjunto de rizóides na base de um esporângio de
Rhizophydium sphaerotheca.
Armadilha do tipo anel constritor
do fungo predador Arthrobotys
dactyloides capturando nematóide
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Modificações de hifas. A- apressorios. B- apressorio, tubo de penetração e haustórios
digitados (com forma de dedos). C- apressorios e pequenos haustórios globosos ou elipsoides.
D- apressorios. E- hifopódios. F- hifa intercelular emitindo dois haustórios em células do
hospedeiro.
25
Reprodução assexuada
Por ocasião da reprodução, tanto na assexuada quanto na sexuada, o talo inteiro do fungo
pode ser convertido em uma ou mais estruturas reprodutivas. Nos fungos onde isto ocorre
(ditos holocárpicos) as estruturas reprodutivas e vegetativas não ocorrem simultaneamente
no mesmo indivíduo. Na maioria dos fungos isto, no entanto, não ocorre, e as estruturas
vegetativas e reprodutivas podem ser vistas ao mesmo tempo em um indivíduo. Estes são
então chamados fungos eucárpicos. As formas holocárpicas são mais simples que as
eucárpicas, e usualmente consideradas como sendo mais primitivas.
A reprodução assexuada é frequentemente a mais importante na propagação da
espécie, pois resulta na produção de numerosos indivíduos. Comumente o ciclo reprodutivo
assexuado é repetido muitas vezes ao longo do ano, enquanto que o ciclo reprodutivo
sexuado é completado apenas uma vez ao ano. Por outro lado, a reprodução sexuada não
serve apenas à função fundamental de produção de diversidade genotípica, mas está
também, em vários grupos de fungos, associada à produção de esporos ou estruturas
frutificativas com paredes espessas, dormentes, e por isto adaptados à travessia de períodos
em que o meio ambiente oferece condições adversas ao desenvolvimento do fungo.
São os seguintes os métodos de reprodução assexuada: fragmentação do talo,
cissiparidade, brotação e produção de esporos assexuados. A fragmentação pode se dar
acidentalmente e resultar em uma nova colônia, pois nos fungos qualquer fragmento do talo
é capaz de reconstituí-lo. Há também fungos que são adaptados à dispersão por
fragmentação de hifa. Nestes, as células individuais que compõe as hifas podem se separar
e funcionar como esporos (artrósporos). Se uma célula componente de hifa vegetativa fica
recoberta de uma parede espessa antes de se separar, ela é denominada clamidósporos. Os
clamidósporos são geralmente produzidos em partes mais velhas (=centrais) das colônias.
Os esporos, sejam eles produzidos sexuada ou assexuadamente, podem ter grande
variedade de formsa, cores {desde hialinos (= transparentes) até cores variadas até o preto},
septação e ornamentação. Estas características são de grande importância na classificação
dos fungos. A terminologia esporológica criada por Saccardo para a designação de alguns
dos principais tipos morfológicos de esporo é comumente utilizada e se encontra aqui
ilustrada.
26
Alguns exemplos de tipos
morfológicos de esporos.
27
Se um esporo assexuado é produzido sobre o ápice ou os lados de uma hifa ele é denominado
conídio, se ele é no entanto produzido no interior de esporângios (vesícula unicelular dentro
da qual são produzidos esporos), ele é denominado esporangiósporo. Esporangiósporos
móveis são denominados zoósporos. O nome aplanósporo é usado para qualquer tipo de
esporo imóvel.
Os zoósporos dos fungos têm um ou dois flagelos (simples ou plumosos).
Reprodução sexuada
A reprodução sexuada em fungos, como nos outros organismos, envolve a união de
dois núcleos compatíveis. O processo envolve três fases distintas: a plasmogamia (união de
protoplasmas, aproximando os núcleos um do outro); a cariogamia (fusão de dois núcleos)
que pode se dar imediatamente após a plasmogamia ou não – caso não haja cariogamia logo
após a plasmogamia, é então formada uma hifa dicariótica (com dois núcleos haplóides)
que pode persistir durante boa parte do histórico de vida do fungo; a meiose ocorre cedo ou
tarde, reduzindo o número de cromossomos à condição haplóide.
Em resumo: a plasmogamia coloca dois núcleos haplóides em uma mesma célula; a
cariogamia os une formando o núcleo diplóide do zigoto; a meiose restaura a condição
haplóide nos núcleos que dela resultam.
Os órgãos sexuais dos fungos são chamados gametângios, e podem ser
morfologicamente iguais (isogametângios) ou não (heterogametângios), serem formados no
mesmo talo (em espécies dióicas). Aspectos característicos destas estruturas para cada
grupo de fungos serão discutidos posteriormente.
Quanto à compatibilidade, os fungos podem ser: homotálicos (todos os talos são
auto-férteis) ou heterotálicos (todos os talos são auto-estéreis) necessitando portanto de um
outro talo compatível para a reprodução sexuada.
28
Tipos de plasmogamia em fungos
Conjugação
Planogamética
Contato
Gametangial
Copulação
Gametangia
l
Espermatização
Somatogamia
29
Históricos de vida
Os históricos de vida (ou ciclos vitais) dos fungos podem ser: haplobiônticos – se existe
um único talo de vida livre (haplobiôntico-haplóide, se o talo for haplóide ou
haplobiôntico-diplóide, se o talo for diplóide);
Diplobiônticos – se ocorre a alternância durante o histórico de vida do fungo, havendo
um talo haplóide e outro diplóide durante o ciclo.
Na maioria dos fungos, ao contrário do que se lbserva em outros grupos de organismos,
não há uma clara alternância de talos haplóides e diplóides. A fase diplóide sendo então
representada apenas pelo zigoto, cujo núcleo sofre uma divisão meiótica imediatamente
após a cariogamia
A sucessão de eventos envolvendo o núcleo dos fungos, descrita acima
(plasmogamia-cariogamia-meiose) nem sempre é tão simples quanto exposto. Nos fungos,
núcleos de genótipo igual ou diferente podem conviver lado à lado no mesmo micélio e até
dentro de uma mesma célula. As células não têm necessariamente que ter o mesmo número
de núcleos ou os mesmo tipos de núcleos ou a mesma proporção de cada tipo na mistura de
núcleos. Ao fenômeno de coexistência de diferentes tipos de núcleo no mesmo indivíduo
chamamos de heterocariose, e aos indivíduos que o manifestam de heterocarióticos. Os
núcleos de um indivíduo heterocariótico são independentes, mas o comportamento e a
estrutura do indivíduo parecem ser controlados pela combinação proporcional dos gens de
todos os núcleos.
A heterocariose pode surgir: 1- da germinação de um esporo heterocariótico, gerando
um talo heterocariótico; 2- pela introdução de um núcleo geneticamente diferente num
indivíduo homocariótico; 3- pela mutação de um núcleo, seguida de sobrevivência e
multiplicação destes em um indivíduo homocariótico; 4- pela fusão de dois núcleos
haplóides dentro de um indivíduo homocariótico e a subsequente sobrevivência,
multiplicação e dispersão do núcleo diplóide em meio aos haplóides.
Recombinação parassexual
Alguns fungos que não se reproduzem sexuadamente têm uma forma alternativa de
produzir descendentes com conformação genética recombinada. Esta forma é conhecida
como parassexualidade, e é tida como de importância particularmente grande para os
fungos mitospóricos. Estes são os fungos para os quais a reprodução sexuada não é
30
conhecida. Caso estas espécies de fungos não sejam realmente capazes de se reproduzir
sexuadamente na natureza, a parassexualidade lhes oferece um meio de manterem parte dos
benefícios da sexualidade. Isto não impede, que vários fungos que sabidamente se
reproduzem sexuadamente, também apresentem parassexualidade. São as seguintes, as
etapas que levam à recombinação parassexual:
a) Anastomose entre hifas de dois indivíduos haplóides geneticamente distintos,
resultando na formação de um micélio heterocariótico.
b) Fusão de alguns núcleos geneticamente diferentes, formando núcleos diplóides
heterozigóticos, que se multiplicam junto com os núcleos haplóides paternos no
micélio.
c) Separação de colônias diplóides (fragmentação de porção diplóide da hifa, produção de
conídio diplóide, etc...).
d) Durante a multiplicação do núcleo diplóide, um evento raro, o “crossing over mitótico”,
pode ocorrer. O resultado é a troca genética entre cromossomos homólogos.
e) Haploidização. A redução não meiótica do número de cromossomos, pela perda
sucessiva de cromossomos durante as divisões nucleares dos núcleos diplóides
heterozigóticos (que são entidades instáveis) até que a condição haplóide é restaurada.
f) Estabelecimento de novas colônias haplóides apresentando características genéticas das
duas linhagens paternas.
A recombinação parassexual é uma forma extremamente ineficiente de produção de
novos genótipos quando comparada aos resultados da reprodução sexuada. É provável, no
entanto, que várias espécies de fungos dependam exclusivamente dela para a produção de
formas mais adaptadas a um ambiente em constante transformação.
Classificação
A classificação dos fungos apresenta inúmeras dificuldades. O iniciante em
micologia não precisa se confrontar com todas estas, mas é necessário que ele tenha em
mente que as divergências de opinião quanto ao modo mais apropriado de se agrupar as
espécies de fungo, principalmente nos níveis taxonômicos hierarquicamente mais elevados
(filo, classe, subclasse e ordem), são generalizadas. A primeira vista a comparação de dois
textos de micologia diferentes, sempre surpreende pelo número de discrepâncias na
31
classificação adotada. Isto se deve ao fato de que o conhecimento que temos sobre os
fungos ainda é muito fragmentário (lembre-se, que conforme já citado, estima-se que
apenas 5% dos fungos sejam conhecidos para a ciência). Quaisquer dos sistemas de
classificação atualmente propostos tem portanto de ser considerado como provisório.
A taxonomia de fungos tem por propósitos: a) a atribuição de nomes aos organismos
com aceitação internacional (evitando a confusão e permitindo a intercomunicação entre os
cientistas – o nome de um organismo é a chave para a literatura existente a seu respeito);
b) a indicação do conceito atual sobre a interrelação filogenética (parentesco) entre as
categorias de fungos e entre estes e outros grupos de organismos. Como o nosso
conhecimento sobre os fungos é ainda limitado, e o registro fóssil (tão útil na interpretação
do processo evolutivo em plantas e animais) é extremamente deficiente para os fungos (a
maioria sendo minúscula e conservando-se mal), as interpretações sobre o seu
relacionamento filogenético são necessariamente contraditórias. Segundo Alexopoulos &
Mims (l979), “ninguém sabe onde, como ou quando os fungos se originaram”. No entanto,
há fósseis do Pré-Cambriano (3 bilhões de anos) interpretados por alguns paleontólogos
como sendo vestígios de fungos.
A seguir, é apresentada a organização em categorias de reino à classe, adotada para
este curso. Lembre-se, que este não é um esquema certo ou errado, apenas um escolhido
como conveniente para o contexto deste curso. Note também os sufixos adotados para os
nomes das categorias (determinados pelo Comitê para Regras Internacionais de
Nomenclatura Botânica).
32
Classificação atual dos grupos de organismos contendo “fungos” fitopatogênicos níveis
taxonômicos mais elevados (Dictionary of the Fungi (1995)
Classificação atual dos grupos de organismos contendo “fungos” fitopatogênicos níveis taxonômicos
mais elevados (Dictionary of the Fungi - 1995).
Reino Filo Classe
Protista Myxomycota
Plasmodiophoromycota
Myxomycetes
Plasmodiophoromycetes
Chromista Oomycota Oomycetes
Fungi Ascomycota Ascomycetes
Basidiomycota Basidiomycetes
Teliomycetes
Ustomycetes
Chytridiomycota Chytridiomycetes
Zygomycota Zygomycetes
Hawksworth et al. (1983)
Reino Divisão Sub-divisão Classe
Fungi Myxomycota Myxomycetes (sapróbios)
Plamodiophoromycetes (endoparasitas)
Eumycota Mastigomycotina
(fungos zoospóricos)
Chytridiomycetes (zoósporos uniflagelados)
Oomycetes (zoósporos biflagelados)
Zygomycotina (Rep.
Sexual zigósporo)
Zygomycetes
Ascomycotina (Rep.
Sexual ascósporo)
Basidiomycotina
(Basidiósporos)
Holobasidiomycetes (basidioma, basídio não septado)
Phragmobasidiomycetes (basidioma, basídio septado)
Teliomycetes (sem basidioma, teliósporo como probasídio)
Deuteromycotina (rep.
Sexual ausente)
Hyphomycetes (conídios livres).
Coelomycetes (picnídios ou acérvulos).