CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO...

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA ECOLOGIA ESPÍRITO SANTO

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

APOSTILA ECOLOGIA

ESPÍRITO SANTO

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ECOLOGIA

O QUE A ECOLOGIA ESTUDA?

A floresta Amazônica apresenta uma vegetação riquíssima. E a variedade de

animais também é enorme. Calcula-se que em uma única árvore da floresta Amazô-

nica podem ser encontradas mais de mil espécies diferentes de insetos.

De fato, se reunirmos todas as florestas tropicais do planeta, veremos que ne-

las se encontra mais da metade das espécies vivas. Podemos dizer então que a flo-

resta Amazônica possui uma grande biodiversidade.

Veja agora uma foto da caatinga. A vegetação já é bem diferente.

Porque existe essa diferença? Essa é uma das muitas perguntas que a eco-

logia tenta responder.

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Veja só mais alguns exemplos de questões importantes, relacionadas à nossa

vida, e as quais a ecologia tenta responder: "O que pode acontecer se uma floresta

for destruída?"; "É possível explorar uma floresta sem provocar a sua destruição?",

"Como o ser humano interfere na vida dos outros organismos?"; "O que provoca o

aumento da temperatura na Terra?"; "E o que pode acontecer se a temperatura da

Terra aumentar muito?"; etc.

Vamos dar um exemplo. Considere o Bugio, um dos maiores macacos neo-

tropicais, vivem deste a Bahia até o Rio Grande do Sul. Vive em bandos de três a

doze indivíduos, de ambos os sexos e várias idades, chefiados por um macho adul-

to. Sua dieta é predominantemente folívora (folhas). Os outros alimentos são: flores,

brotos, frutos, caules de trepadeiras.

A Ecologia pode estudar:

As relações que um bando de Bugios tem com os outros seres da floresta;

A influência do clima sobre todos os organismos da floresta;

A influência das florestas neotropicais sobre o clima;

A influência da ação do ser humano sobre o clima de todo o planeta.

Você pode concluir que a ecologia é um campo de estudo muito amplo. E to-

das essas informações nos ajudam a melhorar o ambiente em que vivemos, dimi-

nuindo a poluição, conservando os recursos naturais e protegendo nossa saúde e a

das gerações futuras.

Resumindo: Ecologia é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre

si e com o ambiente.

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HABITAT

O habitat é o lugar na natureza onde uma espécie vive. Por exemplo, o habi-

tat da planta vitória régia são os lagos e as matas alagadas da Amazônia, enquanto

o habitat do panda são as florestas de bambu das regiões montanhosas na China e

no Vietnã.

Nicho ecológico

O nicho é um conjunto de condições em que o indivíduo (ou uma população)

vive e se reproduz. Pode se dizer ainda que o nicho é o "modo de vida" de um or-

ganismo na natureza. E esse modo de vida inclui tanto os fatores físicos - como a

umidade, a temperatura, etc - quanto os fatores biológicos - como o alimento e os

seres que se alimentam desse indivíduo.

Vamos explicar melhor: O nicho do Bugio, por exemplo, inclui o que ele come,

os seres que se alimentam dele, os organismos que vivem juntos ou próximo dele, e

assim por diante. No caso de uma planta, o nicho inclui os sais minerais que ela reti-

ra do solo, a parte do solo de onde os retira, a relação com as outras espécies, e

assim por diante.

O nicho mostra também como as espécies exploram os recursos do am-

biente. Assim a zebra, encontrada nas savanas da África, come as ervas rasteiras,

enquanto a girafa, vivendo no mesmo hábitat, come as folhas das árvores. Observe

que cada espécie explora os recursos do ambiente de forma um pouco diferente.

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População

Indivíduos de uma mesma espécie que vivem em determinada região formam

uma população. Por exemplo: as onças do pantanal formam uma população.

As capivaras também podem ser encontradas no pantanal, mas fazem parte

de outra população, já que são de outra espécie.

Às vezes a população pode aumentar muito, por exemplo, em meados do sé-

culo XIX, alguns coelhos selvagens foram levados da Inglaterra para a Austrália, pa-

ra serem usados nas caçadas. Na Europa, as populações de coelhos eram natural-

mente controladas por diversos predadores e parasitas. Na Austrália, porém não

existiam tantas espécies que atacavam coelhos. O resultado é que esse animal se

reproduziu rapidamente chegando a atingir mais de 200 milhões de indivíduos, que

passaram a destruir as plantações e as pastagens da Austrália. Isso mostra o perigo

de se introduzir num novo ambiente um organismo não nativo.

Esta é mais uma das questões que a ecologia estuda: "O que faz o número

de indivíduos de uma população aumentar, diminuir ou permanecer constante?".

TERMOS UTILIZADOS NA ECOLOGIA

Comunidade

Na figura abaixo, podemos perceber que no mar existem diversos animais e

vários tipos de plantas. E há também seres muito pequenos - tão pequenos que só

podem ser vistos com aparelhos especiais como os microscópios, que possuem len-

tes especiais que ampliam a imagem dos seres observados.

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Se colocarmos uma gota da água do mar no microscópio, veremos um núme-

ro imenso desses pequenos seres vivos. Pense quantos organismos diferentes po-

dem ser encontrados num jardim: grama, roseiras, minhocas, borboletas, besouros,

formigas, caracóis, sabiás, lagartixas.

Todos os seres vivos de determinado lugar e que mantêm relações entre

si formam uma comunidade. A comunidade do mar abaixo é composta por peixes,

algas, plantas, os seres microscópios, enfim todas as populações lá existentes.

Ecossistema

É o conjunto dos relacionamentos que a fauna, flora, microrganismos (fatores

bióticos) e o ambiente, composto pelos elementos solo, água e atmosfera (fatores

abióticos) mantém entre si. Todos os elementos que compõem o ecossistema se

relacionam com equilíbrio e harmonia e estão ligados entre si. A alteração de um

único elemento causa modificações em todo o sistema podendo ocorrer à perda do

equilíbrio existente. Se por exemplo, uma grande área com mata nativa de determi-

nada região for substituída pelo cultivo de um único tipo de vegetal, pode-se com-

prometer a cadeia alimentar dos animais que se alimentam de plantas, bem como

daqueles que se alimentam destes animais.

A delimitação do ecossistema depende do nível de detalhamento do estudo. Por

exemplo, se quisermos estudar o ecossistema de um canteiro do jardim ou do ecos-

sistema presente dentro de uma planta como a bromélia.

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Ou

Biosfera

Ainda não temos conhecimento da existência de outro lugar no Universo,

além da Terra, onde aconteça o fenômeno a que chamamos de vida. A vida na Terra

é possível porque a luz do Sol chega até aqui. Graças a sua posição em relação ao

Sol, o nosso planeta recebe uma quantidade de energia solar que permite a existên-

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cia da água em estado líquido, e não apenas em estado sólido (gelo) ou gasoso (va-

por). A água é essencial aos organismos vivos. A presença de água possibilita a vi-

da das plantas e de outros seres capazes de produzir alimento a partir da energia

solar e permite também, indiretamente, a sobrevivência de todos os outros seres

vivos que se alimentam de plantas ou animais. Pela fotossíntese que há a absorção

de água e gás carbônico e liberação de oxigênio, a energia do Sol é transformada

em um tipo de energia presente nos açucares, que pode então ser aproveitada por

seres que realizam esse processo e por outros seres a eles relacionados na busca

por alimento.

A Terra pode ser dividida assim:

Litosfera - a parte sólida formada a partir das rochas;

Hidrosfera - conjunto total de água do planeta (seus rios, lagos, oceanos);

Atmosfera - a camada de ar que envolve o planeta;

Biosfera - as regiões habitadas do planeta.

Biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra. É um conceito da

Ecologia, relacionado com os conceitos de litosfera, hidrosfera e atmosfera. Incluem-

se na biosfera todos os organismos vivos que vivem no planeta, embora o conceito

seja geralmente alargado para incluir também os seus habitats.

A biosfera inclui todos os ecossistemas que estão presentes desde as altas

montanhas (até 10.000 m de altura) até o fundo do mar (até cerca de 10.000 m de

profundidade).

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Nesse s diferentes locais, as condições ambientais também variam. Assim, a

seleção natural atua de modo diversificado sobre os seres vivos em cada região.

Sob grandes profundidades no mar, por exemplo, só sobrevivem seres adaptados à

grande pressão que a água exerce sobre eles e a baixa (ou ausente) luminosidade.

Já nas grandes altitudes montanhosas, sobrevivem seres adaptados a baixas tem-

peraturas e ao ar rarefeito.

Na biosfera, portanto, o ar, a água, o solo, a luz são fatores diretamente

relacionados à vida.

OS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS

BRASILEIROS

O Brasil possui uma grande diversidade de ecossistemas. Quase todo o seu

território está situado na zona tropical. Por isso, nosso país recebe grande quantida-

de de calor durante todo o ano, o que favorece essa grande diversidade. Veja, no

mapa a seguir, exemplos dos principais ecossistemas encontrados no Brasil.

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Floresta Amazônica

Estende-se além do território nacional, com chuvas frequentes e abundantes.

Apresenta flora exuberante, com espécies, como a seringueira, o guaraná, a vitória-

régia, e é habitada por inúmeras espécies de animais, como o peixe-boi, o boto, o

pirarucu, a arara. Para termos uma ideia da riqueza da biodiversidade desses ecos-

sistemas, ele apresenta, até o momento, 1,5 milhão de espécies de vegetais identifi-

cadas por cientistas.

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Peixe boi e seringueira

Mata de cocais

A mata de cocais situa-se entre a floresta amazônica e a caatinga. São matas

de carnaúba, babaçu, buriti e outras palmeiras. Vários tipos de animais habitam esse

ecossistema, como a araracanga e o macaco cuxiú.

Araracanga

Pantanal mato-grossense

Localizado na região Centro-Oeste do Brasil, engloba parte dos estados do

Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Área que representa a terra úmida mais im-

portante e conhecida do mundo (maior planície alagável do planeta), com espanto-

sos índices de biodiversidade animal. Sofre a influência de diversos ecossistemas,

como o cerrado, a floresta Amazônica, a mata Atlântica, assim como os ciclos de

seca e cheia, e de temperaturas elevadas. São 140 mil quilômetros quadrados só no

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Brasil, equivalente a 5 Bélgicas ou ao território de Portugal. É onde vivem jacarés -

cerca de 32 milhões - , 365 espécies de aves, 240 de peixes, 80 de mamíferos e 50

de répteis. Mais de 600.000 capivaras habitam a região. O pantanal é escolhido co-

mo pouso de milhões de pássaros, entre eles o tuiuiús, a ave-símbolo da região. Os

cervos-do-pantanal, bem mais raros, também fazem parte da fauna local.

Campos sulinos

Os campos sulinos são formações campestres encontradas no sul do país,

passando do interior do Paraná e Santa Catarina até o sul do Rio Grande do Sul. Os

campos sulinos são conhecidos como pampas, termo de origem indígena que signi-

fica "regiões planas". Em geral, há predomínio das gramíneas, plantas conhecidas

como grama ou relva. Animais como o ratão-do-banhado, preá e vários tipos de co-

bras são ali encontrados.

Campos sulinos e ratão do banhado.

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Caatinga

A caatinga localiza-se na maior parte da região Nordeste. No longo período

da seca, a vegetação perde as folhas e fica esbranquiçada. Esse fato originou o no-

me caatinga que na língua tupi, significa "mata branca". Os cactos, como o manda-

caru, o xique-xique e outras plantas, são típicos da caatinga. A fauna inclui as co-

bras cascavel e jiboia, o gambá, a gralha, o veado-catingueiro etc.

Cascavel e mandacaru

Restinga

A restinga é típica do litoral brasileiro. Os seres que habitam esse ecossiste-

ma vivem em solo arenoso, rico em sais. Parte desse solo fica submersa pela maré

alta. Encontramos nesse ecossistema animais como maria-farinha, besourinho-da-

praia, viúva-negra, gavião-se-coleira, coruja-buraqueira, tiê-sangue e perereca, entre

outros. Como exemplos de plantas características da restinga podemos citar: suma-

ré, aperta-goéla, açucena, bromélias, cactos, coroa-de-frade, aroeirinha, jurema e

taboa.

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maria-farinha e coroa-de-frade

Manguezal

A costa brasileira apresenta, desde o Amapá até Santa Catarina, uma estreita

floresta chamada manguezal, ou mangue. Esse ecossistema desenvolve-se, princi-

palmente, no estuário e na foz dos rios, onde há água salobra e local parcialmente

abrigado da ação das ondas, mas aberto para receber a água do mar. Os solos são

lodosos e ricos em nutrientes. Os manguezais são abrigos e berçários naturais de

muitas espécies de caranguejos, peixes e aves. Apresentam um pequeno número

de espécies de árvores, que possuem raízes-escoras. Essas raízes são assim cha-

madas por serem capazes de fixar as plantas em solo lodoso.

Raízes escoras

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Cerrado

O cerrado ocorre principalmente na região Centro-Oeste. A vegetação é com-

posta de arbustos retorcidos e de pequeno porte, sendo as principais espécies: o

araçá, o murici, o buriti e o indaiá. É o habitat do lobo-guará, do tamanduá-bandeira,

da onça-pintada etc.

Buriti

Tamanduá-bandeira

Mata Atlântica

Esse ecossistema estende-se da região do Rio Grande do Norte até o sul do

país. Apresenta árvores altas e vegetação densa, pouco espaço vazio. É uma das

áreas de maior diversidade de seres vivos do planeta. Encontra-se plantas como o

pau-brasil, o ipê-roxo, o angico, o manacá-da-serra e o cambuci e várias espécies

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de animais, como a onça pintada, a anta, a queixada, o gavião e o mico-leão-

dourado.

Mata de araucária

A mata de araucária situa-se na região sub-tropical, no sul do Brasil, de tem-

peraturas mais baixas. Entre outros tipos de árvores abriga o pinheiro-do-paraná,

também conhecido como araucária. Da sua fauna destacamos, além da ema, a mai-

or ave das Américas, a gralha-azul, o tatu, o quati e o gato-do-mato.

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OS PERIGOS DA POLUIÇÃO DO SOLO

Não só os ecologistas, mas autoridades e todo cidadão devem ficar atentos

aos perigos da poluição que colocam em risco a vida no planeta Terra.

O lixo

No início da história da humanidade, o lixo produzido era formado basicamen-

te de folhas, frutos, galhos de plantas, pelas fezes e pelos demais resíduos do ser

humano e dos outros animais. Esses restos eram naturalmente decompostos, isto é,

reciclados e reutilizados nos ciclos do ambiente.

Com as grandes aglomerações humanas, o crescimento das cidades, o de-

senvolvimento das indústrias e da tecnologia, cada vez mais se produzem resíduos

(lixo) que se acumulam no meio ambiente.

Hoje, além do lixo orgânico, que é naturalmente decomposto, reciclado e "de-

volvido" ao ambiente, há o lixo industrial eletrônico, o lixo hospitalar, as embalagens

de papel e de plástico, garrafas, latas etc. que, na maioria das vezes, não são bio-

degradáveis, isto é, não são decompostos por seres vivos e se acumulam na natu-

reza.

Lixo urbano despejado nos rios.

Lixões a céu aberto

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A poluição do solo causada pelo lixo pode trazer diversos problemas. O mate-

rial orgânico que sofre a ação dos decompositores - como é o caso dos restos de

alimentos - ao ser decompostos, forma o chorume. Esse caldo escuro e ácido se

infiltra no solo. Quando em excesso, esse líquido pode atingir as águas do subsolo

(os lençóis freáticos) e, por conseqüência contaminar as águas de poços e nascen-

tes.

As correntezas de água da chuva também podem carregar esse material para

os rios, os mares etc.

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