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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA APOSTILA LITERATURA E LINGUAGEM INFANTIL MINAS GERAIS 2012

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA

APOSTILA LITERATURA E LINGUAGEM

INFANTIL

MINAS GERAIS – 2012

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CONCEITO DE LITERATURA

Em sentido estrito, literatura é uma manifestação artística assim como a

pintura, a arquitetura, a escultura, a música, o teatro, etc. E já que a arte pode

se revelar de múltiplas maneiras, podemos concluir que há entre essas

expressões artísticas pontos em comum e pontos específicos e particulares.

Dentre os pontos em comum, o principal é a própria essência da arte, ou

seja, a possibilidade de o artista recriar a realidade, transformando-se, assim,

em criador de mundos, de sonhos, de ilusões, de verdades. O artista tem,

dessa forma, um poder mágico em suas mãos: o de moldar a realidade

segundo suas convicções, seus ideais, sua vivência.

Dentre os pontos específicos de cada arte, os principais são a própria

maneira de se expressar e a matéria–prima que vão caracterizar cada uma

dessas manifestações artísticas. Quer dizer, cada tipo de arte faz uso de certos

materiais. A pintura, por exemplo, trabalha com tinta, cores e formas; a música

utiliza os sons e o ritmo; a dança , os movimentos; a arquitetura e a escultura

fazem uso de formas e volumes. E a literatura, que material utiliza? De uma

forma simplificada, pode-se dizer que literatura é a arte da palavra.

Neste sentido, todo texto literário é resultado da manipulação das

palavras por parte do autor, com objetivo de obter determinados efeitos e,

ainda, expressar uma concepção pessoal da realidade. A obra literária pode

expressar uma realidade interior (psicológica, subjetiva) ou uma realidade

exterior ao artista (física, natural). No texto literário, a forma é tão importante

quanto o conteúdo. É na literatura que a função poética da linguagem

manifesta-se mais claramente. O autor joga com palavras, ritmos, sons,

imagens, recriando a realidade, assim como o leitor recria o texto que lê. A

Literatura é um ato de comunicação.

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LINGUAGEM LITERÁRIA

Se a literatura é a arte da palavra e esta é a unidade básica da língua,

podemos dizer que a literatura, assim como a língua que utiliza, é um

instrumento de comunicação e, por isso, cumpre o papel social de transmitir os

conhecimentos e a cultura de uma comunidade.

Mas como a palavra e a língua fazem parte da comunicação diária, que

não tem finalidade artística, qual a diferença entre a palavra empregada na

comunicação comum e a utilizada num texto literário?

A literatura tem, pois, uma linguagem específica. Uma linguagem que lhe

é própria e que não pode ser mudada sem perder seu encanto. Ela se

diferencia das várias linguagens humanas por um complicado número de fa-

tores, entre os quais o mais importante é a vontade de beleza formal que quase

todos os escritores possuem.

Esse desejo de perfeição formal (os aspectos específicos que a obra

apresenta), esse sonho de transformar palavras banais em palavras sublimes,

esse valor (o trabalho artístico das palavras) que é a tentativa de expressão

mais eficaz e sedutora por parte de um poeta ou de um romancista

sedimentam o ponto nuclear da literatura. Sem tal esforço, sua existência se

torna problemática.

Observe os textos abaixo:

“A clorofila é o principal pigmento das plantas, com capacidade de reter

a energia da luz. Essa energia luminosa é transformada em energia química,

com a qual se tornam viáveis as reações que levam ao consumo, pela planta

de CO2 e água, e à produção de glicose (matéria orgânica) e à liberação de O2

para a atmosfera. Distinguimos, pois, na fotossíntese, dois fenômenos

importantes para os seres vivos: a constante purificação do ar atmosférico, dele

retirando dióxido de carbono (CO2) e a ele devolvendo oxigênio livre (O2) para

a respiração dos seres vivos; a produção da matéria-prima orgânica pra a

nutrição dos seres.” (José Luís Soares)

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LUZ DO SOL

(Caetano Veloso)

Luz do sol

Que a folha traga e traduz

Em ver de novo

Em folha, em graça

Em vida, em força, em luz...

Céu azul

Que venha até onde os pés tocam a terra

E a terra inspira e exala seus azuis...

Reza, reza o rio

Córrego pro rio

Rio pro mar

Reza correnteza

Roça a beira

A doura areia...

Marcha um homem sobre o chão

Leva no coração uma ferida acesa

Dono do sim e do não

Diante da visão da infinita beleza...

Finda por ferir com a mão essa delicadeza

A coisa mais querida

A glória, da vida...

Veja que, apesar da semelhança do conteúdo, os textos têm finalidades

distintas e, portanto, fazem uso de linguagens específicas. Enquanto o primeiro

faz uso da Linguagem Referencial, isto é, direta, clara, objetiva e imparcial

visando esclarecer o processo de fotossíntese e sua importância para o ser

humano, o segundo, utiliza a Linguagem Literária. Nesse caso, importa gerar

efeito estético. Para isso, o autor faz uso de significados não literais (sentido

conotativo das palavras), explora os sons e os ritmos gerando um texto

plurissignificativo e impregnado de sentimentos e emoções.

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DENOTAÇÃO X CONOTAÇÃO

Na linguagem humana uma mesma palavra pode ter seu significado

ampliado, remetendo-nos a novos conceitos por meio de associações,

dependendo de sua colocação numa determinada frase. Observe os exemplos:

• Ele está com a cara manchada.

• “Deus me fez um cara fraco, desdentado de feio.” (Chico Buarque)

• João quebrou a cara.

No primeiro exemplo, a palavra cara significa “rosto”, a parte anterior da

cabeça, conforme consta nos dicionários. Já no segundo, a mesma palavra

teve seu significado ampliado e, por uma série de associações, entendemos

que significa “indivíduo”, “sujeito”, “pessoa”. Quanto ao terceiro exemplo, às

vezes, uma mesma frase pode apresentar duas (ou mais) possibilidades de

interpretação. No sentido literal, frio, impessoal, a frase significa que João, por

um acidente qualquer, fraturou o rosto.

Entretanto, podemos entendê-la num sentido figurado, como “João se

saiu mal”, isto é, foi mal sucedido em algo que tentou fazer.

Pelos exemplos acima, podemos perceber que uma mesma palavra

pode apresentar variações em seu significado, ocorrendo, basicamente, duas

possibilidades:

• Denotação: sentido original, impessoal, independente do contexto, tal como

aparece no dicionário.

• Conotação: sentido alterado, figurado, passível de interpretações diferentes,

dependendo do contexto em que é empregada.

A linguagem literária explora o sentido conotativo das palavras, num

contínuo trabalho de criar ou alterar o significado, já cristalizado, dessas

mesmas palavras. Dessa forma, ao interpretar o sentido conotativo das

palavras, o leitor transforma-se em leitor-ativo, em tradutor, em co-autor do

texto. Para tanto, é preciso estar atento ao contexto, que nos fornecerá

indicações concretas para decifrar o jogo denotação/conotação.

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GÊNEROS LITERÁRIOS & FORMAS

LITERÁRIAS

Formas Literárias

As obras literárias são classificadas em vários grupos que correspondem

à sua estrutura de composição e à forma como se apresentam, revelando a

atitude do escritor perante a realidade artística que está criando.

No que diz respeito à forma, a Literatura pode-se manifestar em prosa e

verso. Observe os textos abaixo:

“Escorraçada de toda parte, vivendo sempre esfomeada, tendo de subsistir

sem morada certa, apunhalada aqui, estrangulada ali, não desejada em

verdade a não ser por uns poucos e loucos humanistas e revolucionários

através da história, é ridículo se representar a liberdade como uma mulher

bela, um facho eternamente aceso na mão, os traços finos, a fisionomia

tranquila e altiva. A liberdade é um cachorro vira-lata.” (Millôr Fernandes)

Prosa: linguagem contínua, não fragmentada, disposta em parágrafos.

Crônicas, romances, reportagens, cartas, fábulas, dissertações, ... são

exemplos de textos escritos em prosa.

Cantiga pra não morrer

Quando você for se embora,

moça branca como a neve, me leve.

Se acaso você não possa me carregar pela mão,

menina branca de neve,

me leve no coração.

(Ferreira Gullar)

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Verso: texto organizado em linhas descontínuas chamadas “versos” dispostos

em estrofes; possui ritmo e, por vezes, rimas. A linguagem é subjetiva,

expressando sentimentos.

GÊNEROS LITERÁRIOS

O termo “gênero” origina-se do latim genus, eris, que significa, origem,

família e refere-se a um conjunto de características temáticas e formais

intrínsecas às manifestações literárias.

Aristóteles, filósofo grego, propôs a divisão dos textos literários em três

grandes categorias: épico, lírico e dramático. Atualmente, os estudiosos optam

por classificá-los em: narrativo, dramático e lírico, visto que não se prioriza

mais o gênero épico.

Importante lembrar que essa tripartição, perfeita e lógica em sua

essência, contudo, pode tornar-se discutível e até errônea na prática, quando

plicada rigidamente a determinadas obras. Em algumas obras, predominará um

gênero sobre o outro, mas nunca haverá a expressão pura de um só gênero.

Gênero Dramático

Drama, em grego, significa “ação”. Segundo Aristóteles, o gênero

dramático é aquele que imita a realidade por meio de personagens em ação, e

não da narração. Por isso, em literatura, o termo drama identifica um texto

destinado à representação. Nesse tipo de texto, as personagens vêm

destacadas, suas falas ocorrem com a utilização de travessões e todas as

ações vêm escritas entre parênteses. Uma obra dramática (ou peça teatral), no

entanto, só adquire vida e revela a sua verdadeira natureza quando se

materializa em uma encenação ou representação. Embora o texto seja vital,

trata-se de uma criação híbrida que exige uma síntese de recursos diversos,

envolvendo atores, encenadores, cenário, música, coreografia, etc. Uma peça

de teatro, antes de ser representada é como uma partitura musical antes de

sua execução. Seus textos podem ser escritos em prosa e/ ou verso. As

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modalidades mais comuns do teatro são a tragédia, a comédia, a farsa e o

auto.

Modalidades Dramáticas:

•Tragédia: é a representação de um fato trágico, compadecido, apto a suscitar

compaixão e terror. Normalmente, personagens nobres, movidos por

sentimentos intensos, enfrentam a ordem social, familiar ou divina e sofrem s

consequências.

•Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento

comum, de riso fácil, em geral criticando os costumes.

•Auto: espécie dramática medieval que se caracteriza pela presença de

elementos religiosos.

•Farsa: pequena peça teatral de caráter ridículo e caricatural, que critica a

sociedade e seus costumes.

Gênero Narrativo

Pertencem ao gênero narrativo os textos em que alguém (o narrador)

conta uma história na qual há personagens que executam ações num

determinado espaço físico durante um certo tempo. Os fatos encadeados

formam o enredo da narrativa. Os textos narrativos podem ser escritos em

prosa ou verso.

Narrativa em versos = Poema Épico (Epopeia)

A palavra epopeia vem do grego, impôs, “verso” + pódio, “faço” e refere-

se à narrativa de um fato grandioso e maravilhoso que interessa a um povo. É

uma poesia cuja característica maior é a presença de um narrador falando do

passado. O tema é, normalmente, um episódio grandioso e heroico da história

de um povo.

Entre as principais epopeias (ou poemas épicos), destacamos Ilíada e

Odisseia (Homero, Grécia), Eneida (Virgílio, Roma), Paraíso Perdido (Milton,

Inglaterra), Os Lusíadas (Camões, Portugal). Na literatura brasileira, as

principais epopeias foram escritas no século XVIII: Caramuru, de Santa Rita

Durão e O Uruguai, e Basílio da Gama.

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Elementos da Narrativa:

•Narrador: O narrador não é o autor da história, é uma voz fictícia que narra os

fatos. O foco pode estar na 1ªpessoa do verbo, quando o narrador é um dos

personagens e relata suas impressões sobre a história, ou na 3ª pessoa,

quando o narrador é uma espécie de expectador junto com o leitor. O narrador

quando expresso na 3ª pessoa, pode também apresentar a capacidade

onisciente de enxergar e perceber fatos e pensamentos dos personagens.

•Enredo: É o conjunto de fatos que se sucedem, todo enredo desencadeia-se

em conflitos. A ordem início, meio e fim pode ser alterada para impressionar o

leitor.

•Personagens: Seres ficcionais que vivem enquanto a obra está sendo lida, o

personagem pode incorporar na forma humana, animal, vegetal, objetos e

coisas abstratas. O personagem principal é chamado de protagonista. Há,

também, personagens em que determinados traços ou comportamentos são

extremamente realçados, são os caricaturais. Outros não representam

individualidades, e sim tipos humanos, identificados primeiramente pela

profissão, pelo comportamento, pela classe social, etc.

•Espaço: É o lugar onde se desenrola o enredo. Em algumas narrativas, o

espaço deixa de ser um mero cenário e passar a ser determinante para os

acontecimentos, interagindo com as personagens. Nesse caso, chamamos de

espaço funcional.

•Tempo: Momento ou instante em que acontece a história narrada. Pode ser

um tempo cronológico, ou seja, um tempo objetivo, marcado pelo relógio ou

pelo calendário especificado durante o texto, ou um tempo psicológico,

imaterial, introspectivo, onde você sabe que existe um intervalo em que as

ações ocorreram, mas não se consegue distingui-lo.

Formas Narrativas

Como já afirmamos, o gênero narrativo é visto como uma variante do

épico, enquadrando, nesse caso, as narrativas em prosa. Dependendo da

estrutura, da forma e da extensão, as principais manifestações narrativas são o

romance, a novela, o conto e a crônica.

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Gênero Lírico

O vocábulo lírico deriva de lira, instrumento musical muito utilizado pelos

gregos a partir do século VII a.C. Chamava-se lírica a canção que se entoava

ao som das liras. Havia, pois um casamento entre a música e a palavra, o qual

perdurou até o século XV, quando os poemas distanciaram-se da música e

passaram a ser lidos ou declamados. Por isso, a poesia lírica apresenta muitos

elementos comuns à música: o ritmo, a melodia, a harmonia.

O gênero lírico expressa uma realidade interna. É o texto no qual o eu-

lírico exprime suas emoções, ideias e impressões sobre o mundo exterior.

Normalmente, é usada a 1ª pessoa, e há predomínio da função poética da lin-

guagem. Pertencem a esse gênero os poemas em geral.

Distinção entre Poesia e Poemas

•Poesia: expressão da beleza estética, aquilo que emociona, toca a

sensibilidade. Sugerir emoções por meio de uma linguagem. Embora possa

haver poesia em qualquer manifestação artística, tradicionalmente o vocábulo

poesia está ligado ao texto literário, ao poema.

•Poema: obra em verso em que há poesia, ou, literalmente, poema é a

concretização da expressão poética (subjetiva, emotiva, abstrata) em versos.

Elementos do Poema

Ao separar-se o texto do acompanhamento musical, o poema passou a

apresentar uma estrutura mais rica. A partir daí, a métrica, a divisão em

estrofes e a rima passaram a ser mais intensamente cultivadas pelos poetas.

Observe o soneto abaixo para identificar os elementos do poema:

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Métrica: a medida dos versos é dada pelo número de sílabas poéticas,

contadas com base na fala e não na escrita, processo que recebe o nome de

escansão.

RELAÇÕES ENTRE TEXTOS:

INTERTEXTUALIDADE

Na constituição da própria palavra, pode-se observar que

intertextualidade significa relação entre textos. Um conceito clássico para essa

relação é: “[...] todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é

absorção e transformação de um outro texto”. Nesse sentido, a

intertextualidade é um fenômeno que pode ser expresso por diferentes

linguagens no texto.

As relações entre os textos acontecem quando, ao lermos um texto,

lembramos e outro. Assim, ao fazermos essa relação, que pode ser explícita ou

implícita, compreendemos o texto lido na sua profundidade e, por

consequência, somos capazes de refletir sobre o recurso adotado pelo autor

quando formos compor textos. A nossa compreensão de um texto depende,

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dessa forma, de nossas experiências de vida, de nossas vivências, de nosso

conhecimento de mundo, de nossas leituras. Essa lembrança do outro texto

pode ocorrer no que diz respeito à forma ou ao sentido, ou, ainda, resgatando

os dois: forma – quando percebemos a imagem, versos, estrutura etc. do texto

original – e sentido – a relação, nesse caso, é com o conteúdo da obra

resgatada.

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Tipos de Intertextualidade

•Paráfrase: origina-se do grego “para-phrasis” (repetição de uma sentença).

Assim, parafrasear um texto, significa recriá-lo com outras palavras, porém sua

essência, seu conteúdo permanecem inalterados. Veja os exemplos a seguir:

Texto Original

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos

Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.

Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?

Eu tão esquecido de minha terra…

Ai terra que tem palmeiras

Onde canta o sabiá!

(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).

O poema de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito utilizado como

exemplo de paráfrase e de paródia, já que se trata de um clássico da poesia

romântica brasileira. Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto

primitivo conservando suas ideias, não há mudança do sentido principal do

texto que é a saudade da terra natal.

•Paródia: A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos, há

uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto de interesse para

os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação,

a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a

uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente. Com esse

processo, há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela

verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas

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humorísticos fazem uso contínuo desse recurso, frequentemente os discursos

de políticos são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando

risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe

dominante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma

paródia.

Texto Original

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paródia

Minha terra tem palmares

onde gorjeia o mar

os passarinhos daqui

não cantam como os de lá.

(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra

palmeiras e, dessa forma, acrescenta um contexto histórico, social e racial no

texto. Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há

uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à

escravidão existente no Brasil.

FIGURAS DE LINGUAGEM

Os escritores utilizam diversos recursos para fazer literatura. As figuras

de linguagem, por exemplo, são recursos empregados com muita frequência.

Elas servem exatamente para expressar aquilo que a linguagem comum,

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falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar satisfatoriamente.

São uma forma de o homem assimilar e expressar experiências diferentes,

desconhecidas, novas. Por isso elas revelam muito da sensibilidade de quem

as produz, da forma como cada indivíduo encara as suas experiências no

mundo.

Neste sentido, convém rever algumas figuras indispensáveis para a

melhor compreensão do texto literário. As figuras de linguagem subdividem-se

em figuras de som, figuras de palavras e figuras de pensamento.

Figuras de Palavras

As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com sentido

diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um

efeito mais expressivo na comunicação. São figuras de palavras: a

comparação, a metáfora, a metonímia e a sinestesia.

• Comparação: Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre

dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos

explícitos (feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem - e

alguns verbos - parecer, assemelhar-se e outros).

“Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua mulher como se fosse

lógico.” (Chico Buarque);

• Metáfora: Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma

relação de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora

também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o

conectivo não está expresso, mas subentendido.

“Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se

posso extrair pérolas, que é a razão.” (Machado de Assis).

“Amar é um deserto e seus temores ...”(Djavan, Oceano)

“O poema é uma bola de cristal. Se apenas enxergares nele o teu nariz, não

culpes o mágico.” (Mário Quintana).

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• Metonímia: Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por

outra, havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade

de sentido ou implicação mútua.

» a causa pelo efeito e vice-versa: “E assim o operário ia / Com suor e com

cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante um apartamento.”

(Vinicius de Moraes).

» o lugar de origem ou de produção pelo produto: Comprei uma garrafa do

legítimo porto (o vinho da cidade do Porto).

» o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de Jorge Amado).

» o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o seu

coração (sentimento, sensibilidade).

• Sinestesia: A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa

mesma expressão. Essas sensações podem ser físicas (gustação, audição,

visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).

“Agora, o cheiro áspero das flores

leva-me os olhos por dentro de suas pétalas.”

(Cecília Meireles)

“A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa

indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela

mancha verde [sensação visual] e úmida, macia [sensações táteis], quase

irreal.” (Augusto Meyer).

Figuras de Som

Chamam-se figuras de som os efeitos produzidos na linguagem quando há

repetição de sons ou, ainda, quando se procura “imitar” sons produzidos por

coisas ou seres. São figuras de som: a aliteração, a assonância e a ono-

matopéia.

•Aliteração: Ocorre aliteração quando há repetição da mesma consoante

(fonema consonantal) ou de consoantes similares, geralmente em posição

inicial da palavra.

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“Vozes veladas, veludosas vozes

Volúpias dos violões, vozes veladas

Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

(Cruz e Sousa)

“Auriverde pendão da minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança.”

(Castro Alves)

•Assonância: Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao

longo de um verso ou poema.

“Leitos perfeitos seus peitos direitos

me olham assim

fino menino me inclino

pro lado do sim

rapte-me, adapte-me, capte-me coração.”

(Caetano Veloso)

“Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano

Quero lançar um grito desumano

Que é uma maneira de ser escutado.”

(Chico Buarque/Gilberto Gil)

•Onomatopéia: Ocorre quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um

ruído ou som.

“O silêncio fresco despenca das árvores. / Veio de longe, das planícies altas, /

Dos cerrados onde o guaxe passe rápido... / Vvvvvvvv... passou.” (Mário de

Andrade).

“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno.” (Fernando Pessoa).

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Figuras de Pensamento

As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao

significado das palavras, ao seu aspecto semântico. São figuras de

pensamento: a antítese, o paradoxo, a ironia, o eufemismo, a hipérbole e a pro-

sopopéia.

•Antítese: aproxima palavras que se opõem pelo sentido.

“Não existiria som se não

houvesse o silêncio

Não haveria luz

Se não fosse a escuridão

A vida é mesmo assim

Dia e noite, não e sim.”

(Lulu Santos – Nelson Motta)

“De repente do riso fez-se o pranto”

(Vinícius de Moraes)

•Paradoxo: Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de

sentido oposto, mas também na de ideias que se contradizem referindo-se ao

mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oxímoro é

outra designação para paradoxo.

“Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um

contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer;” (Camões)

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•Ironia: Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição

de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem

exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.

“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.” (Machado de

Assis)

“Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma porta: /

um amor.” (Mário de Andrade).

•Eufemismo: Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é

empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou

chocante.

“E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir Deus lhe pague”.

(Chico Buarque).

“Quando a Indesejada das gentes chegar”(Manuel Bandeira)

•Hipérbole: Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de

proporcionar uma imagem emocionante e de impacto.

“Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac).

•Prosopopéia: Ocorre prosopopéia (ou personificação) quando se atribui

movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres

animados a seres inanimados ou imaginários.

“... os rios vão carregando as queixas do caminho.” (Raul Bopp)

“O vento beija meus cabelos

As ondas lambem minhas pernas

O sol abraça o meu corpo.” (Lulu Santos)

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“Vai passar

na avenida um samba popular

Cada paralelepípedo

Da velha cidade

Essa noite vai

Se arrepiar” (Chico Buarque)

LITERATURA E HISTÓRIA DA

LITERATURA

Estudar literatura é, basicamente, ampliar nossas habilidades de leitura

do texto literário. No Ensino Médio, esse estudo é acrescido da história literária,

que objetiva acompanhar a evolução cronológica da literatura de determinado

povo e cultura, observando suas transformações de acordo com o momento

histórico. Por isso, a história da literatura organiza-a em movimentos, períodos

e gerações.

O QUINHENTISMO

“Viemos buscar cristão e especiarias”

O Quinhentismo corresponde à época do descobrimento do Brasil,

movimento paralelo ao Classicismo Português que, por sua vez, possui ideias

relacionadas diretamente ao Renascimento. A literatura do Quinhentismo tem

como tema central os próprios objetivos da expansão marítima: a conquista

espiritual e a conquista marítima.

•Literatura Informativa

Carta a El-Rei Dom Manuel – Pero Vaz de Caminha

Viagem ao Brasil – Jean de Léry

Entre os Tupinambás – Hans Staden

•Literatura de Catequese

Pe. José de Anchieta – Poeta e teatrólogo

Pe. Manuel da Nóbrega – Cartas do Brasil

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BARROCO - SÉCULO XVII

Convivendo com o sensualismo e os prazeres trazidos pelo

Renascimento, os valores espirituais – tão fortes na Idade Média e

desprezados pelo Renascimento – voltaram a exercer forte influência sobre a

mentalidade da época. Uma nova onda de religiosidade foi trazida pela Contra-

Reforma e pela fundação da Companhia de Jesus. Neste sentido, o homem do

século XVII era um homem dividido entre duas mentalidades, duas formas

diferentes de ver o mundo:

• Renascimento – influência dos clássicos (racionalismo, equilíbrio, clareza,

linearidade de contornos), visão antropocêntrica ou humanista, sensualismo,

valorização da vida corpórea, ...

• Idade Média – teocentrismo, valorização da vida espiritual, fé.

A Arte Barroca irá expressar esta tensão entre ideias e sentimentos

opostos.

Características:

1.Arte da Contra-Reforma

2.Conflito corpo/alma

3.Forma conturbada (requinte formal)

4.Temática: a passagem do tempo

Estilos do Barroco:

•Cultismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante

(hipérboles), descritiva; pela valorização do pormenor mediante jogos de

palavras (ludismo verbal). Pela visível influência do poeta espanhol Luís de

Gôngora, o estilo é também conhecido por Gongorismo. No cultismo valoriza-

se a forma - o “como dizer”.

Conceptismo valoriza “o que dizer”. É pelo raciocínio lógico, racionalista,

de retórica aprimorada. É freqüente o uso de comparações explícitas,

analogias e até parábola (uso de símbolos e seres inanimados para se contar

uma estória de forma a melhor captar o entendimento do leitor). Também é

chamado de Quevedismo, em referência ao espanhol Quevedo.

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Autores do Barroco Brasileiro

•Gregório de Matos Guerra (Boca do Inferno) – nascido na Bahia em 1633, é

o primeiro poeta brasileiro e o maior poeta do Período Colonial. Sua obra

costuma ser dividida em três vertentes básicas: lírico-amorosa, lírico-religiosa e

satírica.

•Pe. Antônio Vieira (1608 – 1697) – Considerado o maior orador sacro da

nossa história, Vieira escreveu cerca de duzentos sermões. Foi uma espécie

de cronista da história imediata. Foi também um defensor dos índios e dos

cristãos-novos.

Obra Principal: Sermões

“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra:

e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O

efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta

quanto está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou

qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou

porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os

pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa

salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem

receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma coisa e

fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes

imitar o que eles fazem, que fazer o que eles dizem. Ou é porque o sal não

salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não

deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites.

Não é tudo isto verdade?”

(Antônio Vieira)

ARCADISMO (NEOCLASSICISMO) – Século XVIII

O fortalecimento da burguesia, o consequente descrédito da nobreza e

do clero e o progresso científico geraram, em determinados grupos sociais,

uma confiança otimista nas possibilidades do homem. Acreditou-se que a

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divulgação da ciência bastaria para dissipar a escuridão das superstições,

consideradas como principal causa dos sofrimentos humanos. Assim, uma

onda racionalista – o Iluminismo – começa a tomar conta da Europa.

Neste sentido, o estilo do Barroco, identificado com a mentalidade

religiosa criada pela Contrarreforma, passa a ser considerado retrógrado e

ultrapassado. Surge, então, o Neoclassicismo (ou Arcadismo) – um estilo que

busca o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia através da volta à cultura

clássica (da tradição greco-latina).

No Brasil: (ciclo do Ouro)

O Arcadismo brasileiro tem início com a publicação de Obras (1768) de

Cláudio Manuel da Costa e com a fundação da Arcádia Ultramarinha. O centro

econômico brasileiro, até então a Bahia, sofre com a crise do açúcar e o

advento das minas o que acaba gerando uma mudança do eixo comercial

brasileiro para Vila Rica (MG). A cidade passa a ser não só o centro

econômico, mas também social e intelectual da colônia. O ouro incrementou a

vida urbana e incitou o Movimento das Bandeiras em busca de uma

delimitação mais precisa dos limites do Brasil além de visar à riqueza dos

metais e pedras preciosas. Marques do Pombal, homem de imensa influência

em Portugal, inicia, com o Tratado de Madri, uma política de expulsão dos

jesuítas. A independência dos Estados Unidos e as ideias iluministas alastram

uma onda de liberalismo por toda a América, o que acaba gerando o

movimento da Inconfidência Mineira (do qual participaram quase todos literatos

da época, muitos sendo perseguidos, exilados ou executados).

Características:

1.Vinculação com o Iluminismo

2.Imitação dos clássicos

3.Valorização da natureza

4.Bucolismo

5.Ausência de subjetividade

6.Amor Galante

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Autores do Arcadismo Brasileiro:

POESIA LÍRICA

•Cláudio Manuel da Costa - Utilizando o pseudônimo Glauceste Satúrnio, foi

um dos introdutores do Arcadismo no Brasil. No entanto, é considerado um

ntar, ainda, uma temática

barroca (a brevidade dolorosa do amor e da vida). Cultuou o soneto de

Camões como modelo para seus poemas.

•Tomás Antônio Gonzaga – foi dos maiores escritores do Arcadismo

brasileiro. Sua obra, na verdade, vai além das limitações desta escola,

rodeando o pré-romantismo, principalmente ao referir-se à mulher amada.

POESIA ÉPICA:

•Basílio da Gama - “O Uruguai

Considerado o melhor e mais importante poema épico do Período Colonial.

Trata de expedição portuguesa-espanhola contra índios e jesuítas instalados

na Missões Jesuíticas. O poema inova o estilo da época ao substituir cenários

artificiais do Arcadismo pela natureza brasileira. Seu tom já é indianista,

prenunciando o Romantismo. Além disso, rompe com a estrutura tradicional

(modelo camoniano) ao utilizar versos brancos (sem rimas) e sem estrofação.

Personagens: Cacambo, Lindóia, Sepé Tiarajú, Pe. Balda, ...

•Santa Rita Durão- “Caramuru”

O poema narra as aventuras, em parte históricas, em parte lendárias, do

náufrago português Diogo Álvares Correia, o Caramuru, e seus amores com as

índias Moema e Paraguaçu. A importância do poema reside nas referências a

episódios da História do Brasil e nas descrições da natureza do nosso país. No

entanto, o autor demonstra grande fidelidade à ideologia jesuítica, o que resulta

numa visão colonialista. Do ponto de vista formal, o poema segue

rigorosamente o modelo camoniano.

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ROMANTISMO – SÉCULO XIX

O movimento romântico pretendia, no início, suplantar a concepção

clássica da arte. A imitação dos clássicos não fazia sentido num tempo (fins do

séc. XVIII) que havia produzido o liberalismo e a Revolução Francesa.

A Revolução Francesa significa, entre outras coisas, o fim do

absolutismo político (no plano artístico, o fim da beleza única e absoluta) e a

ascensão da burguesia como classe dominante.

A burguesia, culturalmente pouco afeita às artes, exigia dos escritores

um novo tipo e nível de comunicação. Privilégio de uma classe – a aristocracia

– a cultura tinha que se adaptar aos novos tempos. Surge, então, um gênero

literário que vinha se pronunciando há mais tempo e que se constituirá no

reflexo e na crítica da sociedade burguesa: o romance.

No Brasil, o romantismo vai ser o movimento identificado com a

Independência Política.

CARACTERÍSTICAS:

1-Individualismo e subjetivismo: o romantismo centrou-se na glorificação do

particular, do singular, do íntimo, daquilo que diferencia uma pessoa de outra.

Neste sentido a arte romântica (e a literatura) vai expressar os sonhos, os

projetos, as angústias, os medos, o sofrimento do artista (uma espécie de grito

de subjetividade)

2-Sentimentalismo: os sentimentos são uma espécie de medida de

interioridade de cada pessoa. Assim, o elogio dos sentimentos funciona como

rejeição do mundo dos negócios, das transações, da concorrência, da busca da

ascensão social.

3-O Culto da Natureza: encontrar-se com a natureza significava encontrar-se

consigo mesmo, significava alargar a sensibilidade. A Natureza transforma-se

em ponto de partida para a caracterização idealizada dos sentimentos e

personagens.

4-Idealização (Imaginação, Fantasia): fechados em si mesmos, perdidos numa

realidade incômoda e brutal para a sensibilidade, os românticos se entregam à

fantasia. Devaneiam, criam universos imaginários onde o “ideal” é possível.

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5-Valorização do Passado: esta atitude está ligada à fuga da realidade e à

idealização da mesma. O mundo medieval e a infância representam o “paraíso

perdido”.

6-Liberdade Artística: o romântico nega os padrões clássicos de arte, ele

obedece somente aos estímulos de sua interioridade. Neste sentido, surgem

poemas sem rimas, sem preocupação com métrica, além do romance, um

gênero literário novo.

O ROMANTISMO NO BRASIL

O romantismo brasileiro nasce das possibilidades que surgiram com a

Independência Política (1822). Os artistas e intelectuais são tomados por um

sentimento patriótico e nacionalista que vai se manifestar através do:

•Indianismo – a imagem positiva (idealizada) do índio fornece o orgulho de

uma descendência nobre.

•Regionalismo – o regionalismo romântico procurou afirmar as

particularidades e a identidade das diferentes regiões do país.

•Natureza – a terra é identificada como a pátria. Assim, os fenômenos naturais

tornam-se representativos da grandeza do país.

POESIA ROMÂNTICA

1ª Geração : Nacionalista

•Gonçalves de Magalhães – introdutor do movimento. Publicou a primeira obra

romântica brasileira - “Suspiros Poéticos e Saudades” (1836)

“Meus versos são suspiros de minha alma, sem outra lei que o interno

sentimento.”

•Gonçalves Dias – consolidou o romantismo com uma produção poética de

qualidade. Os principais temas de sua poesia são: o índio: “I – Juca Pirama” a

natureza / a pátria: “Canção do Exílio” o amor: “Ainda uma vez Adeus”

Obras: Primeiros Cantos (1846)

Segundos Cantos (1848)

Sextilhas de Frei Antão (1848)

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2ª Geração: Mal do Século

•Álvares de Azevedo - Manuel Antônio Álvares Azevedo, considerado o

“Byron brasileiro”, foi o maior representante nacional do ultra-romantismo. Não

só sua obra reflete o pensamento desta geração marcada pelo “mal do século”,

mas também a sua própria vida: viveu sempre às voltas com doenças e morreu

jovem, aos 21 anos.

Obras: Lira dos Vinte Anos (poemas – 1853)

Noite na Taverna* (contos – 1855

O Conde Lopo (poema – 1886)

Macário (teatro – 1855)

•Casemiro de Abreu: foi um poeta de enorme popularidade. Sua obra oferece

um acesso fácil, musical, sem complexidade filosófica ou psicológica, que

agrada aos leitores menos exigentes. A nostalgia da infância, a saudade da

terra natal, o gosto da natureza, o pressentimento da morte e a idealização da

mulher amada foram seus temas prediletos, sempre abordados com um

sentimentalismo ingênuo e espontâneo.

Obras: Primaveras (1850)

•Fagundes Varela: caracteriza-se pela diversidade de tendências (indianismo,

byronismo). Sua obra-prima foi o poema “Cântico do Calvário”, escrito logo

após a morte de seu filho de três meses.

•Junqueira Freire: seminarista influenciado pelo Mal do Século, poeta

angustiado, pessimista e revoltado. Obra: “Inspirações do Claustro”

3ª Geração: Condoreira

•Castro Alves: conhecido como o “poeta dos escravos”, participou ativamente

de toda propaganda abolicionista e republicana da época. Além de fazer uma

poesia cheia de grandes imagens, feita para exaltar o ouvinte e o leitor, com a

finalidade de inflamar, de conseguir adeptos para uma causa, foi também um

grande lírico onde a mulher e a natureza completam o quadro de um poeta

arrebatado, idealista e romântico.

Obras: Espumas Flutuantes (1870)

A Cachoeira de Paulo Afonso (1876)

Os Escravos (1883)

Gonzaga (drama –1875)

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A PROSA ROMÂNTICA

As origens populares e o senso prático da burguesia não coincidem com

o refinamento da Arte Clássica. A nova mentalidade, menos refinada, menos

educada e mais pragmática - voltada para os problemas do cotidiano - requer

um gênero literário que possa estar a altura do seu entendimento e do seu

gosto. O ROMANCE, por relatar acontecimentos do vida comum e cotidiana, e

por dar vazão ao gosto burguês pela fantasia e pela aventura, vem a ser o mais

legítimo veículo de expressão artística dessa classe.

O romance surge na Europa inicialmente sob a forma de folhetim

(publicação diária em jornal).

NO BRASIL:

O surgimento e desenvolvimento do ROMANTISMO no Brasil está

relacionado com a Independência Política. Nesse sentido, a necessidade de se

definir a Identidade Cultural do país está intimamente ligada ao desenvolvi-

mento do romance, que se tornou o principal instrumento de construção da

cultura brasileira. Assim, procurando redescobrir o Brasil, o romance brasileiro

procurará dar conta de nossa realidade.

AUTORES:

•Joaquim Manuel de Macedo: Introdutor do romance romântico brasileiro.

Desperta no público o gosto pelo romance ambientado no Brasil

OBRA: A Moreninha (1844)

Características da obra:

• Narrativa urbana

• Estrutura de folhetim

• Cenários identificáveis pelos leitores

• Visão superficial de certos hábitos da classe média e burguesia cariocas

•José de Alencar: É considerado o autor mais importante do Romantismo

brasileiro. Inserido na linha nacionalista do romantismo, procurou criar uma

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obra (conjunto de romances) capaz de representar a nação. Por isso, dividiu

sua obra em:

O Teatro Romântico

O teatro brasileiro do século XIX está comprometido com a dependência

cultural de nossas elites. Os textos procediam em sua quase totalidade da

Europa; as companhias vinham de Portugal; respirava-se uma atmosfera

dissociada da realidade local. Embora muitos românticos tenham escrito para o

teatro, não chegaram a problematizar verdadeiramente a questão da

dramaturgia brasileira, ao contrário do que aconteceu no romance e mesmo na

poesia. Caberia a Marins Pena a elaboração de um conjunto de peças capazes

de refletir aspectos da realidade nacional.

•Martins Pena: Criador da comédia de costumes, constrói personagens e

situações satíricas, engraçadas e caricatas. Por sua linguagem coloquial e

seus tipos populares, frequentemente é comparado a Manuel Antônio de

Almeida.

Obras: Juiz de Paz na Roça

O Noviço

Judas em Sábado de Aleluia

Quem Casa quer Casa

Os Dois ou o Inglês Maquinista

REALISMO

A Segunda metade do século XIX, na Europa, define-se por uma série

de transformações econômicas, científicas e ideológicas que possibilitam o

surgimento de uma estética anti-romântica.

CONTEXTO HISTÓRICO:

A sociedade europeia dessa época vive os efeitos da Segunda

Revolução Industrial e do amplo progresso científico e tecnológico que a

acompanham, tais como a substituição do ferro pelo aço e do vapor pela eletri-

cidade; o desenvolvimento de maquinaria automática, dos transportes e das

comunicações; o aprimoramento da estrada de ferro; as primeiras experiências

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com automóveis, etc. É uma época de progresso material, de benefícios

econômicos para a burguesia industrial.

As contradições, no entanto, estavam latentes: as cidades, crescendo

sem planejamento, não ofereciam as mínimas condições de conforto e higiene;

acentuava-se a divisão do trabalho entre a burguesia e o proletariado; o

socialismo de Marx ganhava adeptos; irrompiam revoltas de trabalhadores que

eram reprimidas brutalmente. Nesse universo que é, ao mesmo tempo, o da

euforia burguesa e do capitalismo desumano, os valores românticos entram em

crise.

Já não é possível a fantasia, nem o mito da natureza, nem o fechar-se

na própria interioridade. Os acontecimentos exigem a participação do artista.

Agora, ele é um participante do mundo, ou, ao menos, um observador do

mundo. É verdade que o sentimento desagradável da realidade persistirá em

sua alma, herança do Romantismo. Mas em vez de transformar esse

sentimento em desabafo ou grito, como o romântico, o artista procurará

examiná-lo à luz de teorias sociológicas, psicológicas ou biológicas.

Ideias científico-filosóficas:

No plano científico-filosófico, verifica-se uma verdadeira onda de

cientificismo e materialismo. Dentre as mais importantes correntes da época

destacam-se:

•Positivismo: criado por Augusto Comte, parte do princípio de que o único

conhecimento válido é o conhecimento positivo, isto é, oriundo das ciências. É

um filosofia empírica, que se baseia na observação do mundo físico; por isso

rejeita a metafísica.

•Determinismo: criado por H. Taine, parte do princípio de que o comportamento

humano é determinado por três aspectos básicos: o meio, a raça e o momento

histórico.

•Darwinismo: dando continuidade, sob outro enfoque, à teoria do

Evolucionismo, de Lamarck, Charles Darwin, em sua obra “Origem das

Espécies” (1859), apresenta a teoria da Seleção Natural, segundo a qual a

natureza ou o meio selecionam entre os seres vivos aquelas variações que

estão destinadas a sobreviver e a perpetuar-se. Assim, os mais fortes

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sobrevivem e procriam, e os mais fracos são eliminados antes de exercerem a

procriação.

•Socialismo científico (Materialismo Histórico): proposto por Karl Marx e

Friedrich Engels no “Manifesto Comunista” (1848). Defendia o sistema no qual

existiria uma sociedade igualitária, sem a exploração do homem pelo homem,

alcançada através da luta de classes. “O modo de produção da vida material

condiciona o processo de vida social, político e intelectual.”

•Destacam-se ainda, na época, as pesquisas no campo da Física, da Química,

da Biologia e, principalmente, no da Medicina. São dessa época igualmente os

primeiros esforços no sentido de criar três áreas científicas novas: a Sociologia,

a Antropologia e a Psicologia.

É nesse contexto sociopolítico-científico que surgem o Realismo, o

Naturalismo e o Parnasianismo. A alteração do quadro social e cultural exigia

dos escritores outra forma de abordar a realidade: menos idealizada, mais

objetiva, crítica e participante.

O Realismo iniciou em 1857, na França, com o lançamento de “Madame

Bovary”, de Gustave Flaubert. No Brasil, o início se dá com a publicação de

“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, em 1881

CARACTERÍSTICAS DO REALISMO:

1.Objetivismo, racionalismo

2.Verossimilhança

3.Narrativa lenta, descrição precisa

4.Exatidão no tempo e no espaço

5.Mulher não idealizada

6.Herói problemático (anti-herói)

7.Amor e outros sentimentos subordinados aos interesses sociais

8.Crítica às Instituições (Igreja, Casamento, Estado, ...)

9.Pessimismo

10.Análise psicológica

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NATURALISMO

O Naturalismo, assim como o Realismo, se volta para a realidade.

Entretanto, observa-a, analisa-a, disseca-a sob uma ótica rigorosamente

científica. Os escritores naturalistas, valendo-se de temas inovadores, mostram

a decadência das instituições, denunciam a hipocrisia, caracterizam as lutas

sociais, com espírito participativo e reformista.

ALUÍSIO DE AZEVEDO (1857 – 1913)

Apesar de ter iniciado sua carreira com folhetins românticos, se

destacou mesmo foi no Naturalismo, com fortes influências de Émile Zola e Eça

de Queirós. Na época, a escravidão era um problema político, social e

econômico, e a vontade de transformar o Brasil numa República crescia entre a

população. Essa questão foi abordada por Aluísio em seus romances

naturalistas. A obra “O Mulato”, de 1881, marca o início do Naturalismo no

Brasil.

CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO:

1.Cientificismo e Determinismo

2.Análise social

3.Temas de patologia social

4.Ser humano reduzido ao nível do animal

5.Linguagem simples

6.Descrição minuciosa

PARNASIANISMO

O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo-Naturalismo, estando,

portanto, marcado pelos ideais cientificistas e revolucionários do período. Diz

respeito, especialmente, à poesia da época, opondo-se ao subjetivismo e ao

descuido com a forma do Romantismo. Os poetas parnasianos, desejando

restaurar a poesia clássica, propõem, então, uma poesia mais objetiva, de

elevado nível vocabular, racionalista, perfeita do ponto de vista formal e voltada

a temas universais.

A origem da palavra Parnasianismo associa-se ao Parnaso grego,

segundo a lenda, um monte da Fócia, na Grécia central, consagrado a Apolo e

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às musas. A escolha do nome já comprova o interesse dos parnasianos pela

tradição clássica. Contudo, pode-se afirmar que essa referência não passava

de um verniz que revestiu artificialmente essa arte, como forma de garantir-lhe

prestígio entre as camadas letradas do público brasileiro.

Apesar de contemporâneos, o Parnasianismo difere profundamente do

Realismo e do Naturalismo. Enquanto esses movimentos se propunham a

analisar e compreender a realidade social e humana, o parnasianismo se

distancia da realidade e se volta para si mesmo, o objetivo maior da arte não é

tratar dos problemas humanos e sociais, mas alcançar a “perfeição” em sua

construção.

CARACTERÍSTICAS:

1.Arte pela Arte

2.Culto à Forma

3.Temática greco-romana

4.Objetivismo / Racionalismo

5.Descritivismo

SIMBOLISMO

Nenhum movimento cultural é globalizante. Não se pode imaginar que

todos os setores e pessoas da sociedade viveram da mesma forma em

determinado momento. Por isso, pode-se dizer que em certas épocas há uma

ideologia predominante, porém não globalizante.

No final do século XIX, por exemplo, ao mesmo tempo em que ainda

vigorava a onda cientificista e materialista que deu origem ao Realismo e ao

Naturalismo, já surgia um grupo de artistas e pensadores que punha em dúvida

a capacidade absoluta da ciência de explicar todos os fenômenos relacionados

ao homem.

Já não se crê mais no conhecimento “positivo”, que levaria a

humanidade para um estágio evoluído. Acredita-se que, assim como a ciência

é limitada, igualmente a linguagem não pode pretender representar a realidade

como ela é de fato. Pode-se no máximo, sugeri-la.

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No final do século XIX, a literatura que representou essa nova forma de

ver o mundo, mais voltada para o subjetivo, para o inconsciente, para o místico,

foi o Simbolismo.

Ao contrário do que ocorreu na Europa, onde o Simbolismo se sobrepôs

ao Parnasianismo, no Brasil o Simbolismo foi quase inteiramente abafado pelo

movimento parnasiano, que gozou de amplo prestígio entre as camadas cultas

até as primeiras décadas do século XX. Apesar disso, a produção simbolista

deixou contribuições significativas, preparando o terreno para as grandes

inovações que iriam ocorrer no século XX, no domínio da poesia.

CARACTERÍSTICAS:

1.Subjetivismo – descoberta do inconsciente e do subconsciente

2.Irracionalismo – há um mergulho no irracional, fuga do mundo proposto pelo

racionalismo. A ciência explica o mundo, o poeta deve comunicar o irracional, o

mundo interior. Há um clima de mistério, situações vagas, obscuras, presença

do inconsciente e do subconsciente.

3.Misticismo, religiosidade

4.Sugestão – imagens, metáforas, símbolos, sinestesias, ..., poesia não deve

dizer nada, apenas sugerir

5.Musicalidade – na tentativa de sugerir infinitas sensações, os simbolistas

aproximam a poesia da música através do ritmo, das combinações estranhas

de rimas, repetição de palavras e versos, aliterações, assonâncias,...

6.A linguagem é simbólica e musical.

7.Desejo de transcendência, de integração cósmica.

8.Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte.

PRÉ-MODERNISMO

A literatura brasileira atravessa um período de transição nas primeiras

décadas do século XX. De um lado, ainda há a influência das tendências

artísticas da Segunda metade do século XIX; de outro, já começa a ser prepa-

rada a grande renovação modernista, que se inicia em 1922, com a Semana de

Arte Moderna. A esse período de transição, que não chegou a constituir um

movimento literário, chamou-se de Pré-modernismo.

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As duas primeiras décadas do século XX não registraram no Brasil

convulsões semelhantes às ocorridas na Europa. A abolição da escravatura e o

golpe republicano não haviam alterado as estruturas básicas do país. A

economia, ainda voltada para as necessidades dos países europeus,

assentava-se na dependência externa e no domínio interno dos cafeicultores.

Porém, algumas mudanças iam se desenhando. A urbanização, o

crescimento industrial e a imigração modificam a fisionomia da sociedade

brasileira. Nas cidades, formava-se uma classe média reformista. Simul-

taneamente, emergia uma massa popular insatisfeita e propensa à revoltas

irracionais: por exemplo, a rebelião contra a vacina obrigatória, a revolta da

chibata no Rio e os movimentos grevistas de operários em São Paulo, sob

orientação anarquista. Esses movimentos tiveram, isoladamente, uma história

independente; mas, no conjunto, revelavam a crise de um país que se

desenvolvia as custas de graves desequilíbrios. Na zona rural, havia cisões de

maior ou menor intensidade dentro das classes dominantes, que iam das

violentas, mas restritas lutas entre coronéis em determinadas regiões, até a

verdadeira guerra civil – travada no RS – entre republicanos e maragatos. Não

esqueçamos também que, nesse período, irrompem as revoluções

camponesas de Canudos (1896 – 1897) e do Contestado (1912).

CARACTERÍSTICAS:

•A busca de uma linguagem mais simples e coloquial: embora não se verifique

essa preocupação na obra de todos os pré-modernistas, ela é explícita na

prosa de Lima Barreto e representa um importante passo para a renovação

modernista de 1922.

•O interesse pela realidade brasileira: os modelos realistas – naturalistas eram

essencialmente universalizantes. Tanto na prosa (Machado de Assis, Aluísio de

Azevedo), quanto na poesia (Olavo Bilac, Cruz e Sousa), não havia interesse

em analisar a realidade brasileira. A preocupação central desses autores era

abordar o homem universal, sua condição, seus anseios. Aos escritores pré-

modernistas, ao contrário, interessavam assuntos do dia-a-dia dos brasileiros,

originando-se, assim, obras de nítido caráter social.

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BIBLIOGRAFIA

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do leitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto,

1993.

BORELLI, Silvia Helena Simões. Ação, suspense, emoção: literatura e cultura

de massa no Brasil. São Paulo: EDUC: Estação Liberdade, 1996.

LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história e

histórias. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988.

PERROTTI, Edmir. O texto sedutor na literatura infantil. São Paulo: Ícone,

1986.

ZILBERMAN, Regina e LAJOLO, Marisa. Um Brasil para crianças: para

conhecer a literatura infantil brasileira: histórias, autores e textos. 2. ed. São

Paulo: Global, 1986.

ZILBERMAN, Regina e MAGALHÃES, Ligia Cademartori. Literatura infantil:

autoritarismo e emancipação. 3. ed. São Paulo: Ática, 1987.

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ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1- A literatura é a arte da palavra e esta é a unidade básica da língua,

podemos dizer que a literatura, assim como a língua que utiliza, é um

instrumento de comunicação e, por isso, cumpre o papel social de:

a) Ensinar a pintar.

b) Ensinar a cantar.

c) Transmitir conhecimentos sobre a língua portuguesa.

d) Transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade.

2- Denotação pode ser entendida como:

a) Sentido alterado da palavra

b) Sentido figurado, passível de interpretações diferentes, dependendo

do contexto em que é empregada.

c) Sentido original, impessoal, independente do contexto, tal como

aparece no dicionário.

a) Todas as respostas estão corretas.

3- Conotação pode ser entendida como:

a) Sentido alterado, figurado, passível de interpretações diferentes,

dependendo do contexto em que é empregada.

b) Sentido original da palavra.

c) Tal como a palavra aparece no dicionário.

d) Todas as respostas estão corretas.

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4- Linguagem contínua, não fragmentada, disposta em parágrafos.

Crônicas, romances, reportagens, cartas, fábulas, dissertações.

Estamos nos referindo a:

a) Versos

b) Prosa

c) Poema

d) Denotação

5- Texto organizado em linhas descontínuas, dispostos em estrofes;

possui ritmo e, por vezes, rimas. A linguagem é subjetiva,

expressando sentimentos. Estamos nos referindo ao (a):

a) Versos

b) Prosa

c) Poema

d) Denotação

6- Segundo Aristóteles, o gênero dramático é aquele que imita a

realidade por meio de personagens em ação, e não da narração.

Sobre esse tipo marque a alternativa correta:

a) O termo drama identifica um texto destinado à representação.

b) Nesse tipo de texto, as personagens vêm destacadas, suas falas

ocorrem com a utilização de travessões e todas as ações vêm

escritas entre parênteses.

c) Uma obra dramática (ou peça teatral), no entanto, só adquire vida e

revela a sua verdadeira natureza quando se materializa em uma

encenação ou representação.

d) Todas as respostas estão corretas.

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7- Pertencem ao gênero narrativo os textos em que alguém (o narrador)

conta uma história na qual há personagens que executam ações num

determinado espaço físico durante um certo tempo. Os fatos

encadeados formam o enredo da narrativa. Os textos narrativos

podem ser escritos em prosa ou verso. São elementos da narrativa,

exceto:

a) Narrador

b) Enredo

c) Personagens

d) Drama

8- Expressão da beleza estética, aquilo que emociona, toca a

sensibilidade. Sugerir emoções por meio de uma linguagem. Embora

possa haver poesia em qualquer manifestação artística,

tradicionalmente o vocábulo poesia está ligado ao texto literário, ao

poema. Estamos nos referindo a (ao):

a) Poema

b) Poesia

c) Música

d) Arte

9- A medida dos versos é dada pelo número de sílabas poéticas,

contadas com base na fala e não na escrita, processo que recebe o

nome de escansão. O nome dado a isso é:

a) Poema

b) Poesia

c) Métrica

d) Música

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10- As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com

sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se

conseguir um efeito mais expressivo na comunicação. São figuras de

palavras:

a) A comparação.

b) A metáfora.

c) A metonímia e a sinestesia.

d) Todas as respostas estão corretas.