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Sustentabilidade de

Carga horária: 60hs

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Conteúdo:

Compreensão do conceito de sustentabilidade .................................................... Pág. 9

O que é sustentabilidade? .................................................................................... Pág. 11

Princípios da Sustentabilidade ............................................................................. Pág. 12

O que são práticas de sustentabilidade? ............................................................. Pág. 14

A cidadania e o pensamento ecológico ................................................................ Pág. 18

A importância da educação ambiental nas escolas ............................................. Pág. 33

Legislação ambiental ........................................................................................... Pág. 38

A sustentabilidade através da reciclagem ............................................................ Pág. 48

O que é reciclagem? ............................................................................................ Pág. 48

A importância da coleta seletiva ........................................................................... Pág. 49

Materiais que podem ser reciclados ..................................................................... Pág. 51

Técnicas de reciclagem ........................................................................................ Pág. 56

Dicas e curiosidades ............................................................................................ Pág. 62

A sustentabilidade nas empresas ........................................................................ Pág. 64

Por que a sustentabilidade e a responsabilidade social interessam para as

empresas? ........................................................................................................... Pág. 64

Exemplos de sustentabilidade: o que tem sido feito no Brasil e no mundo .......... Pág. 66

Como desenvolver um programa de sustentabilidade em sua empresa .............. Pág. 70

Princípios da governança corporativa .................................................................. Pág. 74

No que consiste a política de redução da emissão de carbono? ......................... Pág. 75

Como aumentar seus clientes e suas vendas utilizando-se das práticas de

sustentabilidade? ................................................................................................. Pág. 82

Práticas de sustentabilidades realizadas no dia a dia .......................................... Pág. 87

Política dos 3 Rs – reduzir, reutilizar e reciclar .................................................... Pág. 87

A importância de diminuir o consumo de água .................................................... Pág. 89

Por que economizar no consumo de energia elétrica? ........................................ Pág. 94

Pilhas e baterias usadas: por que são tão perigosas e o que fazer com elas? .... Pág. 97

Como preparar o lixo caseiro para a coleta seletiva ............................................ Pág. 101

Como aproveitar melhor os resíduos orgânicos ................................................... Pág. 102

Como se comportar na natureza para evitar danos ambientais ........................... Pág. 106

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Unidade 1 – Compreensão do conceito de sustentabilidade Em primeiro lugar, devemos considerar que Sustentabilidade possui

um conceito sistêmico, ou seja, a Sustentabilidade está relacionada com a manutenção dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade em todas as suas dimensões.

A Sustentabilidade propõe um modo de vida no qual as pessoas

possam satisfazer as suas necessidades de subsistência no presente preservando a biodiversidade e os ecossistemas para que as gerações futuras possam igualmente desfrutar desses recursos com qualidade de vida.

Diversos níveis de organização estão envolvidos nessa proposta, a

começar pelo seu bairro, com a vizinhança local empenhada em pensar e agir de forma sustentável. Os empreendimentos sustentáveis começam com ações como a separação do lixo em casa e vão até as ações globais com vistas à política de preservação do meio ambiente.

Para ser sustentável, um empreendimento deve ter quatro princípios

básicos: 1) ser ecologicamente correto; 2) ser economicamente viável; 3) ser socialmente justo; 4) ser aceito culturalmente. Para um melhor entendimento do conceito de Sustentabilidade,

vejamos o exemplo das Ecovilas:

Casa sustentável em Ecovila no interior paulista: o telhado ecológico capta

água da chuva e reduz erosão

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Em busca de alternativa ao trânsito intenso e à saturação urbana das metrópoles, muita gente está optando pelas Ecovilas, que podem ser definidas como condomínios urbanos ou rurais sustentáveis onde predomina o convívio com a natureza e a ordem é o equilíbrio e a preservação, com técnicas de reciclagem e reaproveitamento dos recursos naturais.

Esses empreendimentos reconhecidos pela Organização das Nações

Unidas (ONU) como modelo de sustentabilidade já somam mais de 15 mil no mundo, segundo informações da Rede Global de Ecovilas. Para funcionar de forma compatível com os ideais de vida social harmônica integrada a um estilo de vida sustentável, essas comunidades são organizadas a partir de princípios bem definidos:

a) Os alimentos são produzidos de forma local e orgânica, sem

utilização de agrotóxicos ou pesticidas. b) A energia é produzida a partir de sistemas renováveis. c) As casas são construídas com material de baixo impacto

ambiental, técnicas conhecidas como bioconstrução ou arquitetura sustentável.

d) São adotados esquemas de apoio social e familiar, com estímulo à diversidade cultural e espiritual.

e) A governança é circular e o poder é exercido de forma mútua,

com experiências inovadoras de tomada de decisões e consensos. f) Adoção de sistemas alternativos de compra e venda, como a

Economia Solidária, Cooperativismo e Redes de Trocas. g) Prática de preservação e manejo dos ecossistemas presentes

no local. h) Ativismo local e global em defesa do meio ambiente. Outro exemplo significativo de Sustentabilidade que mobiliza muitas

comunidades é a Permacultura. Trata-se de um método holístico que visa o planejamento, atualização e manutenção de jardins, vilas, aldeias e comunidades ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e viáveis do ponto de vista financeiro.

A Permacultura foi criada na década de 1970 pelos ecologistas

australianos Bill Mollison e David Holmgren e seu nome deriva de permanent agriculture, agricultura permanente. O termo foi estendido para permanent culture, ou cultura permanente. Inicialmente, a ideia era de sustentabilidade ecológica, conceito que evoluiu para a sustentabilidade das comunidades.

Os princípios da Permacultura estão baseados nas ideias de Mollison.

Ele afirmava que a única decisão verdadeiramente ética é a

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responsabilidade que cada um toma para si sobre sua própria existência e sobre a existência de seus filhos.

O conceito enfatiza a aplicação de forma criativa dos princípios

básicos da natureza, buscando a integração de plantas, animais, construções e pessoas para proporcionar um ambiente produtivo, estético e harmônico. Há nessa proposta um paralelo com a Agricultura Natural, cujos conceitos inspiraram os criadores da Permacultura.

Agora que já descrevemos o conceito de Sustentabilidade e

buscamos dois exemplos práticos sobre o tema, vamos concluir com um resumo essa conceituação antes de partir para o próximo passo do nosso curso.

Lembre-se: Sustentabilidade é a exploração racional e equilibrada

dos recursos naturais no desenvolvimento de qualquer atividade, seja utilizando os dois lados de uma folha de papel ou separando o lixo para a coleta seletiva, seja adotando medidas de menor impacto ambiental ao construir um edifício.

Mesmo nas atividades com grande impacto ambiental, como o corte

de árvores ou a construção de uma hidrelétrica, é possível adotar práticas sustentáveis, de redução de danos ou de reparação ao meio ambiente e às comunidades, sem que isso comprometa a viabilidade econômica do projeto.

1.1 – O que é sustentabilidade? Vamos supor que o aluno ainda não esteja suficientemente com o que

viu até agora sobre o conceito de Sustentabilidade. Nesse caso, podemos ser ainda mais diretos e específicos para embasar uma definição mais específica sobre o tema.

Agir de forma sustentável, ou seja, promover a sustentabilidade, é agir

buscando os melhores resultados para as pessoas, para a sociedade e para o meio ambiente da atualidade e também do futuro.

Portanto, Sustentar é suprir as necessidades de agora de forma a que

aqueles que virão depois de nós, as gerações futuras, possam suprir as suas necessidades contando com os mesmos ou melhores recursos naturais de que dispomos no presente.

O termo Sustentável tem origem na palavra latina sustinere, ou seja,

manter vivo, defender, preservar. No âmbito econômico, um projeto sustentável é aquele que defende ou restitui os recursos consumidos na sua execução, levando em conta que as ações praticadas no presente têm consequências sobre as futuras gerações. Ou seja, não basta devolver ao meio ambiente os recursos consumidos, mas é necessário relacionar o consumo com a manutenção dos recursos.

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Como veremos no decorrer deste curso, a Sustentabilidade é um conceito que dialoga cada vez mais com as atividades humanas em todos os níveis, a começar pelas ações conscientes no cotidiano doméstico, passando por métodos e processos sustentáveis no ambiente corporativo e estende-se ao âmbito econômico.

Veremos que a Gestão Sustentável de uma empresa, comunidade, ou

país devem levar em conta a recuperação e valorização de capitais humanos, natural e monetário de forma a agregar valor aos resultados.

Apenas para que possamos refletir acerca da importância da

Sustentabilidade, lembremos que, de toda matéria-prima extraída da natureza, apenas um décimo se transforma efetivamente em produtos, sendo que 90% desses recursos se transformam em resíduos descartáveis ou recicláveis.

Portanto, minimizar o desperdício e assegurar a preservação e a

renovação das fontes de recursos do meio ambiente é um compromisso que a sociedade contemporânea vem assumindo de forma cada vez mais responsável, com ações, projetos e legislação com vistas à Sustentabilidade.

1.2 – Princípios da Sustentabilidade Conforme vimos anteriormente, a Sustentabilidade está relacionada

com a manutenção dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade em todas as suas dimensões. A seguir, vamos contextualizar alguns princípios da Sustentabilidade.

Prevenção – Você certamente já ouviu a afirmação de que é mais

fácil prevenir do que remediar. Pois em se tratando de meio ambiente, essa é também uma verdade cristalina. Também custa muito menos prevenir a degradação ambiental e a poluição do que investir em processos de recuperação e limpeza.

Nossa Legislação Ambiental tornou-se uma das mais rigorosas e

aprimoradas do mundo e já não basta que uma empresa implante estações de tratamento de resíduos como solução permanente, pois esse tipo de investimento apenas transfere a poluição para outro meio ou ecossistema, além de envolverem altos custos.

A melhor forma de prevenir é exercer o controle integrado de poluição

por meio de um sistema regulatório que abranja todos os aspectos ambientais. Esses métodos de controle integrado não estão restritos às empresas, mas podem ser adotados por condomínios, ecovilas ou comunidades em geral.

Através deles, é possível identificar as atividades que tenham

impactos negativos na qualidade de vida local. Por exemplo, ao invés de

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manter uma simples estação de tratamento de efluentes antes de despejá-los no rio, uma indústria de calçados deve desenvolver todo o ciclo de despoluição, controlando a separação e a destinação de resíduos tóxicos para reciclagem.

São cada vez mais comuns os condomínios residenciais dotados de

sistemas de reuso de águas e aproveitamento de águas da chuva. Com ações como essas, previne-se o desperdício e a degradação ambiental e as suas consequências.

Precaução – Podendo ser adotado de forma coordenada com a

prevenção, esse princípio leva em conta a possibilidade de ocorrência de impactos negativos de grandes dimensões ou irreversíveis. Baseia-se em diagnósticos científicos sobre as consequências de determinada ação sobre o meio ambiente e a população.

Podemos ilustrar esse princípio com os Estudos de Impacto Ambiental

e Relatórios de Impacto no Meio Ambiente (EIA/RIMA), previamente elaborados pelos órgãos de licenciamento ambiental antes da liberação de obras de grande impacto socioambientais.

Poluidor/Pagador – Princípio específico da Legislação Ambiental

estabelece a obrigatoriedade de correção ou recuperação do ambiente pela pessoa ou empresa que provocou dano ao meio ambiente, a quem cabe também assumir os encargos resultantes (pagar) e se comprometer com a suspensão imediata da ação ou projeto.

Cooperação – As soluções de problemas ambientais e a gestão dos

recursos naturais devem ser empreendidas de forma cooperada entre pessoas ou autoridades locais e os atores nacionais ou internacionais, desde o processo de planejamento e implementação de políticas, até a execução de planos e projetos concretos.

Integridade – Nos anos 1970, os ambientes construídos de forma

artificial, a exemplo dos condomínios, passaram a ser avaliados como ecossistemas urbanos, ou seja, passa-se a administrar esses ambientes como se fossem um sistema natural.

Como acontece na natureza, é necessário manter o equilíbrio,

evitando a exploração de recursos de forma indefinida e mantendo o desenvolvimento dentro dos limites da capacidade do sistema.

Assim, formula-se as políticas de modo a garantir a proteção à

biodiversidade e à manutenção dos processos ambientais e sistemas vitais. É possível ilustrar esse princípio com um fenômeno que vem acontecendo em muitas cidades de pequeno porte.

A construção de grandes edifícios em ruas estreitas podem provocar

alagamentos pela falta de capacidade de escoamento do sistema de esgoto

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dessas vias que, sendo estreitas, não foram projetadas nem possuem infraestrutura, como galerias, para suportar o volume de água necessário para a manutenção de um prédio de 20 andares.

Melhoria contínua – As políticas, planos e projetos devem ser

desenvolvidos de forma que sua execução possa ser dinâmica e flexível a alterações e adaptações em qualquer estágio com vistas à sustentabilidade.

Equidade – Estabelece a necessidade de assegurar a melhoria da

qualidade de vida da população tanto nas gerações contemporâneas quanto nas futuras. Vamos exercitar um exemplo para esse princípio de sustentabilidade.

Com a proximidade da realização da Copa do Mundo no Brasil, em

2014, estão proliferando as obras de infraestrutura e mobilidade no entorno dos estádios. São viadutos novos, passarelas, túneis e linhas de metrô e aeromóvel implantados com o objetivo único de melhorar o acesso aos estádios. Isso sem mencionar a reforma e a construção de novos estádios, todos com subsídios governamentais a fundo perdido, ou seja, são projetos financiados em grande parte por recursos públicos investidos sem a necessidade de ressarcimento.

Não há dúvidas de que esses empreendimentos são necessários para

a mobilidade, o conforto e qualidade de vida dos torcedores brasileiros e estrangeiros que irão aos estádios e algumas obras oferecem soluções efetivas para problemas de trânsito localizados. Terminada a Copa, no entanto, esses empreendimentos em pouco ou nada contribuirão para a qualidade de vida da população.

Integração – O crescimento econômico deve ter suas políticas

associadas ao desenvolvimento social e a preservação dos recursos naturais, de forma sustentável.

Participação e transparência – Sem o envolvimento de toda a

comunidade, a sustentabilidade é inviável. A formulação e a execução de políticas ambientais devem ter a participação de amplos setores da sociedade, com as decisões sendo comunicadas de forma isenta e transparente.

1.3 – O que são práticas de sustentabilidade? A Sustentabilidade na prática é muito simples e, em certos aspectos,

já está incorporada nos hábitos de muitas pessoas. O desafio é ampliar os hábitos sustentáveis e ter consciência do quanto eles são importantes para a preservação do meio ambiente, com ganhos na qualidade de vida para todos. Vejamos alguns exemplos simples do cotidiano que fazem a diferença:

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Vida longa – Congele as verduras e legumes pelo processo de branqueamento. Os vegetais devem ser mergulhados em água fervente. Quando a água voltar a ferver, retire do fogo e mergulhe os vegetais em água gelada. O choque térmico aumenta a vida útil, permitindo que as verduras e legumes possam ser guardados por um tempo mais longo, evitando o desperdício.

Regionais – O consumo de alimentos típicos e ingredientes locais ou

regionais significam economia, pois em seu preço não está embutido o custo de transporte. Além disso, os produtos regionais são mais íntegros porque foram menos manipulados no trajeto entre o produtor e o consumidor.

Da estação – Prefira verduras, legumes e frutas da estação, que são

mais saudáveis e custam menos. Assim como os regionais, são produzidos perto de você e, por isso, não dependem de transporte, o que representa custo menor e menos poluição.

Recicle – As sobras de alimentos íntegros são a base de muitas

receitas conhecidas de donas de casa há muitas gerações, desde bolinhos de arroz, passando pelas sopas e cozidos, até as compotas e geléias. Alguns talos, folhas e sementes têm grande valor nutritivo.

Planejamento – Como em qualquer atividade, planeje antes de

executar, definindo um cardápio para a semana. Isso evita o desperdício com frutas, legumes e verduras, permitindo comprar somente o que será utilizado para a preparação das refeições.

Orgânicos – As feiras livres são comuns mesmo em grandes centros

urbanos e oferecem produtos cultivados sem a utilização de agrotóxicos e pesticidas.

Ao contrário das frutas e legumes cuidadosamente lustrados à

exposição nas grandes redes de supermercados, os produtos das feiras podem não encher os olhos pela aparência, mas toda dona de casa conhece as vantagens que os orgânicos proporcionam. Alguns estabelecimentos dispõem de quiosques de produtos orgânicos ou cultivados dentro dos princípios de sustentabilidade e da permacultura.

Reciclagem – Ao optar por alimentos com embalagens simples ou

mesmo sem embalagens plásticas, você estará reduzindo a quantidade de lixo a ser gerada. Evite sucos e refrigerantes em embalagens descartáveis, optando por garrafas retornáveis. Procure adquirir as quantidades adequadas para o consumo para evitar as sobras e o desperdício.

Corretos – Assim como os alimentos orgânicos, podemos optar por

outros produtos ecológicos, cujos estágios de fabricação levaram em conta o impacto ambiental. Muitos fabricantes disponibilizam essas informações em catálogos ou na própria etiqueta, o que facilita a identificação desses procedimentos.

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Outra dica de consumo sustentável é optar por materiais que possam ser reaproveitados ou que disponham de refis. Reduza o uso de pilhas, baterias e cartuchos que não sejam recarregáveis. Sempre que possível, opte pelos produtos feitos à base de material reciclável.

Quando for ao supermercado, leve sua própria sacola e recuse as

sacolas plásticas. Esse material leva até 450 anos para se decompor. Em São Paulo, as sacolas plásticas representam 40% das embalagens descartadas e ocupam 20% do volume de resíduos dos depósitos de lixo (lixões).

Lixo – Nem todas as cidades ou bairros dispõem de coleta seletiva de

lixo e mesmo aqueles locais onde a separação de resíduos já é uma política pública, é preciso fiscalizar e cobrar ações de aperfeiçoamento por parte do poder público. Assim como a coleta seletiva, a destinação do lixo é um assunto de interesse de todos. Portanto, é importante participar das instâncias que tratam dessas políticas ou mesmo cobrar das autoridades mais rigor em relação a essas políticas.

Separação – A separação do lixo para a reciclagem é fonte de

trabalho e renda para muitas famílias nos grandes centros urbanos. No entanto, o processo de reciclagem deve começar em casa, com a separação dos materiais.

Basta separar o lixo seco (garrafas, embalagens plásticas, papeis,

vidro, metais) do lixo orgânico (restos de alimentos, restos de poda de folhagens e árvores, de corte da grama). Confira a tabela dos materiais que não podem ser reciclados para evitar a contaminação. Compacte o lixo antes de descartar para que ele faça menos volume e seja mais fácil de coletar.

Rascunho – A produção de papel é a atividade que mais consome

energia e água. Portanto, sua economia é fundamental para a preservação ambiental. Há quem pense que não vale a pena, mas utilizar os dois lados de uma folha de papel representa, em escala, uma grande economia de água e energia elétrica. Evite impressões desnecessárias de documentos, prefira as ferramentas e documentos virtuais de comunicação e recicle envelopes sempre que possível.

Consumo de energia – O pico do consumo de energia no Brasil vai

das 18h às 21h, quando são ligadas a iluminação pública e as luzes das residências. Nessa faixa de horário, devemos evitar o uso de eletrodomésticos como máquinas de lavar e secar roupas, ferro, chuveiro.

Automóveis – A gasolina que abastece os automóveis vem do

petróleo, um recurso natural em vias de esgotamento. Além do consumo de combustível, o automóvel é responsável pela poluição nas cidades, inclusive a sonora, além da emissão de gases que aumentam o efeito estufa.

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Frear o uso irracional do carro, portanto, é um exemplo de comportamento sustentável com grande repercussão quando adotado em escala pela população.

Economia de combustível, menos emissão de agentes poluentes,

menos impacto na saúde das pessoas e no ambiente são motivos de sobra para se utilizar o carro somente quando necessário. Para estimular o uso do transporte coletivo e formas alternativas de deslocamento, algumas grandes capitais estão adotando pedágios nas zonas centrais, onde o estacionamento de veículos é proibido.

Outras cidades criaram vias preferenciais para veículos que

transportam mais de duas pessoas. Essa medida busca reduzir o número de veículos no trânsito, pois, ao invés de quatro carros, cada um transportando uma pessoa, faz com que apenas um veículo circule transportando quatro pessoas.

São medidas paliativas, de impacto que talvez signifique muito pouco

diante das quantidades de carros colocados no mercado a todo o momento pela indústria automobilística. Mas, assim como as demais iniciativas com vistas à sustentabilidade, representa muito se um grande número de pessoas se conscientizarem de que é necessário racionalizar o uso do automóvel.

O uso racional inclui medidas preventivas, como fazer a manutenção

constante no automóvel para manter o motor bem regulado e, assim, emitir menos poluentes e gastar menos combustível. Incluindo a verificação regular dos filtros de ar e óleo e das velas, calibragem e alinhamento dos pneus, entre outras medidas, a manutenção é importante, também, para a segurança.

O ar-condicionado do carro consome até 5% a mais e deve ser

utilizado somente em caso de necessidade. Também é importante evitar o excesso de carga, que aumenta o consumo de combustível e o desgaste do veículo.

A direção defensiva, além de contribuir com a economia de

combustível e reduzir a poluição, é uma questão de segurança, pois combate a agressividade no trânsito e, assim, previne acidentes. Arrancadas bruscas, aceleração ou freadas bruscas, assim como as “esticadas” de marcha e aceleração constante, gastam mais gasolina.

Considerando a realidade local e o modo de vida das pessoas, deixar

o carro na garagem um dia por semana representa uma grande redução na emissão de poluentes e uma vida mais saudável e sustentável. Basta lembrar que, a cada quilômetro, o automóvel lança no ar, em média, 430 gramas de dióxido de carbono, o CO2, que é um dos gases que aumentam o efeito estufa.

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Também emite duas gramas de monóxido de carbono, substância que uma vez absorvida pelo organismo, reduz a capacidade de circulação de oxigênio no sangue, além de 0,6 gramas de óxidos de nitrogênio, que provoca irritação nos olhos e no sistema respiratório, além de provocar enfisema pulmonar se inalado em grandes quantidades.

A conta que devemos fazer para chegar a uma conclusão sobre a

necessidade de reduzir o número de veículos nas ruas é muito simples. Quando deixamos de circular com o carro por um trajeto de 40 quilômetros estamos evitando a emissão de 880 quilos de dióxido de carbono na atmosfera, por exemplo.

1.4 – A cidadania e o pensamento ecológico

Imagem: Ipea/Divulgação

Para uma compreensão mais ampla de Cidadania e Ecologia, vamos

agora estudar o significado desses conceitos, a começar pela sua etimologia.

Eco é uma palavra derivada da expressão oîkos, que em grego

significa casa, incluindo o significado daquilo que uma casa contém, ou seja, os bens, a família e as suas formas de interação. Logos significa estudo. Ecologia, portanto, é oîkos logos ou, literalmente, em português, o “estudo da casa”, que num sentido mais amplo deve ser entendida como o estudo do ambiente.

Cidadania vem do latim Civitas. Expressa a condição de uma pessoa

no exercício dos seus direitos e deveres em relação ao Estado. Quando estudamos a conjunção dos conceitos de Ecologia e

Cidadania podemos entender melhor a Ecologia enquanto estudo das relações entre as pessoas e o seu meio social, político e cultural. Portanto, Ecologia não é um conceito restrito à defesa do meio ambiente contra a destruição imposta pelo ser humano, mas abrange toda forma de interação deste com seus semelhantes e com o ambiente, bem como as suas interrelações.

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Ou seja, por Ecologia devemos entender todas as questões envolvidas nas relações sociais e com o meio ambiente de forma local ou global. Assim como temos consciência hoje de que os combustíveis, a energia e os recursos hídricos são finitos e de sua manutenção depende a sobrevivência da humanidade e do meio ambiente, também podemos considerar que a igualdade de direitos, o respeito aos direitos humanos e a qualidade de vida são fundamentais para a subsistência.

A preservação dos rios e da vegetação nativa, a reciclagem dos

resíduos, os projetos e um modo de vida ambientalmente sustentáveis são responsabilidades que cabem a todos os cidadãos, assim como é sua obrigação participar do esforço por uma sociedade melhor do ponto de vista social, por democracia e cidadania.

Portanto, constatamos que todas as bandeiras da Ecologia são

também bandeiras da cidadania e que, atualmente, esses conceitos não estão dissociados. Negligenciar um é negligenciar o outro. Vejamos isso na prática.

Quando uma indústria desrespeita o meio ambiente e despeja

resíduos sem tratamento em um rio, está cometendo uma infração ambiental, mas sua ação também terá desdobramentos sociais, pois contribui com isso para comprometer a qualidade de vida das comunidades, provocando problemas de saúde, por exemplo.

Na busca de uma relação mais harmônica entre as pessoas, dessas

com as outras espécies e com o meio ambiente, não é suficiente apenas entender o que precisa ser mudado, mas ser ativista no sentido de mudar o comportamento e mobilizar a sociedade em busca de ações efetivas.

E essa mobilização começa com moradores de uma mesma rua ou

comunidade, evoluindo para instâncias organizadas da sociedade que amplificarão as reivindicações, ainda que elas não tenham a ver apenas com uma questão local, mas sejam de amplitude global. Ou seja, a preservação do planeta requer que pensemos de forma global e ajamos de forma local.

E quando nos referimos às instâncias organizadas da sociedade, que

têm um papel de amplificar as demandas em defesa do meio ambiente e da cidadania, estamos falando das diversas formas de organização da sociedade, como os sindicatos, as organizações não governamentais, a escola, os meios de comunicação, o poder público e os legisladores. É através dessas instituições que são encaminhadas as reivindicações da sociedade para que elas possam ser amplificadas e resultem em ações efetivas.

A proposta que está colocada nos dias de hoje é a mudança de

comportamento provocada pela conscientização de que cada ser humano deve fazer a sua parte por entender que os recursos naturais não são

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inesgotáveis e deles dependem a continuidade da espécie humana e das demais formas de vida do planeta.

A percepção da sociedade sobre a urgência das questões ambientais

vem se deslocando para um plano mais consciente nas últimas décadas. Se num passado recente não fazia sentido afirmar que os recursos naturais são finitos, atualmente o tema da sustentabilidade é prioridade em toda atividade da sociedade e do Estado.

Também o conceito de cidadania hoje já não se limita à nacionalidade

ou ao território, uma vez que a defesa dos direitos humanos e do meio ambiente reveste o exercício da cidadania com um caráter global, transnacional.

Portanto, podemos afirmar que a atuação política do cidadão vai além

da sua nacionalidade, pois as questões de interesse da humanidade, as bandeiras universais, ultrapassam as fronteiras. São problemas globais que mobilizam cidadãos em qualquer parte do mundo.

Temas como o processo de industrialização, o capital financeiro, os

deslocamentos humanos, a miséria, os desmatamentos e queimadas, o mercado de trabalho, a inclusão digital, agrupadas em agendas econômicas, sociais, ambientais e políticas se universalizaram, transcenderam as fronteiras dos países.

Em contraposição à força política do Estado e ao poderio econômico

do mercado, surge a cidadania planetária, consciente da sua capacidade de mobilização em defesa da sustentabilidade e da justiça social.

Podemos tomar como exemplo as campanhas humanitárias, de

denúncia de violação dos direitos humanos e dos crimes de guerra, de abuso do poder econômico, de corrupção política e abuso do poder por chefes de estado, além, é claro, das iniciativas que denunciam a destruição do meio ambiente. Nesse contexto, a cidadania planetária, em conjunto com as ONGs, tem forçado conquistas em nível global.

No plano ambiental, a pressão da opinião pública imbuída desse

conceito de cidadania planetária tem colocado na agenda dos países ricos o debate sobre a destruição do meio ambiente e forçado a adoção de medidas para a redução da emissão de poluentes.

O alerta sobre o esgotamento dos recursos não renováveis e as

mudanças climáticas fez com que as Nações Unidas promovessem, no início dos anos 1970, em Estocolmo, a Conferência para o Meio Ambiente Humano.

Esse evento foi considerado um dos primeiros foros de discussão

sobre o futuro do planeta, pois a preocupação com o meio ambiente, até então, se restringia a iniciativa isoladas de ambientalistas e ONGs, e era por

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muitos considerada coisa de fanáticos. Pela primeira vez na história da humanidade a degradação do meio ambiente passou a ser considerada como consequência do desenvolvimento econômico.

Os desafios a serem enfrentados para frear a destruição do planeta

ganhariam maior destaque em 1992, com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento, a ECO 92.

Temas como desarmamento e arsenal nuclear, fome, emissão de

poluentes, conflitos armados, narcotráfico, inclusão e igualdade racial entram na agenda do evento junto com as questões ambientais, dando início à associação entre Ecologia e Cidadania.

No mesmo ano, aconteceu de forma paralela o Fórum Global 92, que

é concluído com a elaboração da Carta da Terra. O documento propõe o conceito de pensar de forma global e agir de forma local, além de estabelecer os princípios de cidadania planetária. A seguir, reproduzimos a íntegra do documento apenas para referência:

“CARTA DA TERRA” PREÂMBULO Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa

época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum.

Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global

fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra,

nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida.

A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar

da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais,

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solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAÇÃO GLOBAL Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando

devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas.

Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos

eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e

uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida.

Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem

supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente.

O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas

oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido

de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais.

Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um

mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos.

O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida

é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com

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gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores

básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA 1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

a. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.

b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.

b. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a maior responsabilidade de promover o bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.

a. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.

b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.

a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.

b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apoiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.

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II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA 5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.

a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.

b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.

c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados. d. Controlar e erradicar organismos não nativos ou modificados

geneticamente que causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses organismos prejudiciais.

e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.

f. Administrar a extração e o uso de recursos não renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não conclusivo.

b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.

c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as consequências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.

d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.

e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente. 7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.

a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.

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b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.

c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência equitativa de tecnologias ambientais seguras.

d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.

e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.

f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.

a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.

b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.

c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA 9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.

a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.

b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.

c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável.

a. Promover a distribuição equitativa da riqueza dentro das e entre as nações.

b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.

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c. Assegurar que todas as transações comerciais apoiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.

d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas consequências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a equidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.

a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.

b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.

c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da família.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.

b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.

c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.

d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ 13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.

a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.

b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.

c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.

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d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.

e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas. f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus

próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.

a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.

b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.

c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.

d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.

b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.

c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.

a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.

b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.

c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.

d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.

e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.

f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

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O CAMINHO ADIANTE Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a

buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global.

Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes

culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto

pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo.

Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital

a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do

mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova

reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.

A consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável na ECO

92 se deu a partir do consenso contra as práticas que agridem ao meio ambiente.

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Essas ações foram identificadas em todo o planeta e, a partir da sua análise, foram aprovadas propostas de redução ou eliminação dos danos ambientais como, por exemplo, o reflorestamento em áreas desmatadas, entre outras ações compensatórias.

Foram estabelecidos os conceitos de responsabilidade do

contaminador nos planos econômico e financeiro, bem como de precaução, ou seja, a ação preventiva do dano. Na ECO 92, aprofunda-se o debate a partir do reconhecimento de que a deterioração ambiental decorre da atividade econômica. A urgência de cooperação, desenvolvimento e investimento em práticas sustentáveis em nível global surge como alternativa para frear a destruição do planeta.

Outra iniciativa exemplar da indissociabilidade entre Ecologia e

Cidadania é o Fórum Social Mundial, realizado de 2001 a 2003 e em 2005 na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e em Mumbai, na índia, em 2004.

Como define a Carta de Princípios, o Fórum Social Mundial é um

espaço internacional para a reflexão e organização de todos os cidadãos que se contrapõem ao processo de globalização neoliberal e se propõem a construir alternativas que favoreçam o desenvolvimento humano e a busca da superação da dominação dos mercados em cada país e nas relações internacionais.

“Um outro mundo é possível”, propõem o slogan do FSM, que a partir

de 2006 foi realizado no continente africano e em outros países, inclusive retornando ao Brasil em 2010.

Em contraposição ao Fórum Econômico Mundial realizado em Davos,

o Fórum Social Mundial é considerado a maior instância de debate e proposição de ações com vistas ao exercício da cidadania planetária, organizando o debate e as proposições em todos os níveis, inclusive no campo da Educação.

Ele propõe uma globalização alicerçada na solidariedade e na

sustentabilidade como alternativa à exclusão social e econômica, à desigualdade e à destruição ambiental, mobilizando cidadãos, organizações e entidades representativas da sociedade civil numa atuação local e global.

A seguir, reproduzimos a íntegra da Carta de Princípios do FSM:

“Carta de Princípios do Fórum Social Mundial” O Comitê de entidades brasileiras que idealizou e

organizou o primeiro Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre de 25 a 30 de janeiro de 2001, considera necessário e legítimo, após avaliar os resultados desse Fórum e as

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expectativas que criou, estabelecer uma Carta de Princípios que oriente a continuidade dessa iniciativa.

Os Princípios contidos na Carta, a ser respeitada por todos

que queiram participar desse processo e organizar novas edições do Fórum Social Mundial, consolidam as decisões que presidiram a realização do Fórum de Porto Alegre e asseguraram seu êxito, e ampliam seu alcance, definindo orientações que decorrem da lógica dessas decisões.

1. O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro

para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de idéias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes, de entidades e movimentos da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo, e estão empenhadas na construção de uma sociedade planetária orientada a uma relação fecunda entre os seres humanos e destes com a Terra.

2. O Fórum Social Mundial de Porto Alegre foi um evento

localizado no tempo e no espaço. A partir de agora, na certeza proclamada em Porto Alegre de que "um outro mundo é possível", ele se torna um processo permanente de busca e construção de alternativas, que não se reduz aos eventos em que se apóie.

3. O Fórum Social Mundial é um processo de caráter

mundial. Todos os encontros que se realizem como parte desse processo tem dimensão internacional.

4. As alternativas propostas no Fórum Social Mundial

contrapõem-se a um processo de globalização comandado pelas grandes corporações multinacionais e pelos governos e instituições internacionais a serviço de seus interesses, com a cumplicidade de governos nacionais.

Elas visam fazer prevalecer, como uma nova etapa da

história do mundo, uma globalização solidária que respeite os direitos humanos universais, bem como os de todos os cidadãos e cidadãs em todas as nações e o meio ambiente, apoiada em sistemas e instituições internacionais democráticos a serviço da justiça social, da igualdade e da soberania dos povos.

5. O Fórum Social Mundial reúne e articula somente

entidades e movimentos da sociedade civil de todos os países do mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial.

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6. Os encontros do Fórum Social Mundial não têm caráter deliberativo enquanto Fórum Social Mundial. Ninguém estará, portanto autorizado a exprimir, em nome do Fórum, em qualquer de suas edições, posições que pretenderiam ser de todos os seus/suas participantes. Os participantes não devem ser chamados a tomar decisões, por voto ou aclamação, enquanto conjunto de participantes do Fórum, sobre declarações ou propostas de ação que os engajem a todos ou à sua maioria e que se proponham a ser tomadas de posição do Fórum enquanto Fórum.

Ele não se constitui, portanto, em instancia de poder, a ser

disputado pelos participantes de seus encontros, nem pretende se constituir em única alternativa de articulação e ação das entidades e movimentos que dele participem.

7. Deve ser, no entanto, assegurada, a entidades ou

conjuntos de entidades que participem dos encontros do Fórum, a liberdade de deliberar, durante os mesmos, sobre declarações e ações que decidam desenvolver, isoladamente ou de forma articulada com outros participantes.

O Fórum Social Mundial se compromete a difundir

amplamente essas decisões, pelos meios ao seu alcance, sem direcionamentos, hierarquizações, censuras e restrições, mas como deliberações das entidades ou conjuntos de entidades que as tenham assumido.

8. O Fórum Social Mundial é um espaço plural e

diversificado, não confessional, não governamental e não partidário, que articula de forma descentralizada, em rede, entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo.

9. O Fórum Social Mundial será sempre um espaço aberto

ao pluralismo e à diversidade de engajamentos e atuações das entidades e movimentos que dele decidam participar, bem como à diversidade de gênero, etnias, culturas, gerações e capacidades físicas, desde que respeitem esta Carta de Princípios.

Não deverão participar do Fórum representações

partidárias nem organizações militares. Poderão ser convidados a participar, em caráter pessoal, governantes e parlamentares que assumam os compromissos desta Carta.

10. O Fórum Social Mundial se opõe a toda visão totalitária

e reducionista da economia, do desenvolvimento e da história e ao uso da violência como meio de controle social pelo Estado.

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Propugna pelo respeito aos Direitos Humanos, pela prática de uma democracia verdadeira, participativa, por relações igualitárias, solidárias e pacíficas entre pessoas, etnias, gêneros e povos, condenando todas as formas de dominação assim como a sujeição de um ser humano pelo outro.

11. O Fórum Social Mundial, como espaço de debates, é

um movimento de idéias que estimula a reflexão, e a disseminação transparente dos resultados dessa reflexão, sobre os mecanismos e instrumentos da dominação do capital, sobre os meios e ações de resistência e superação dessa dominação, sobre as alternativas propostas para resolver os problemas de exclusão e desigualdade social que o processo de globalização capitalista, com suas dimensões racistas, sexistas e destruidoras do meio ambiente está criando, internacionalmente e no interior dos países.

12. O Fórum Social Mundial, como espaço de troca de

experiências, estimula o conhecimento e o reconhecimento mútuo das entidades e movimentos que dele participam, valorizando seu intercâmbio, especialmente o que a sociedade está construindo para centrar a atividade econômica e a ação política no atendimento das necessidades do ser humano e no respeito à natureza, no presente e para as futuras gerações.

13. O Fórum Social Mundial, como espaço de articulação,

procura fortalecer e criar novas articulações nacionais e internacionais entre entidades e movimentos da sociedade, que aumentem, tanto na esfera da vida pública como da vida privada, a capacidade de resistência social não violenta ao processo de desumanização que o mundo está vivendo e à violência usada pelo Estado, e reforcem as iniciativas humanizadoras em curso pela ação desses movimentos e entidades.

14. O Fórum Social Mundial é um processo que estimula as

entidades e movimentos que dele participam a situar suas ações, do nível local ao nacional e buscando uma participação ativa nas instâncias internacionais, como questões de cidadania planetária, introduzindo na agenda global as práticas transformadoras que estejam experimentando na construção de um mundo novo solidário.

Aprovada e adotada em São Paulo, em 9 de abril de 2001,

pelas entidades que constituem o Comitê de Organização do Fórum Social Mundial, aprovada com modificações pelo Conselho Internacional do Fórum Social Mundial no dia 10 de junho de 2001.

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1.5 – A importância da educação ambiental nas escolas

Programa de Educação Ambiental Preservação do Bicho-Preguiça,

desenvolvido pelo Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), na Bahia. Foto: Cepec/Divulgação

Podemos definir Educação Ambiental como um processo fortemente

marcado pela participação, no qual cabe ao aluno o protagonismo na relação ensino/aprendizagem. O educando assume uma participação ativa na identificação dos problemas relativos ao meio ambiente e propõe soluções, atuando como transformador da realidade.

A Educação Ambiental busca o desenvolvimento das habilidades e

competências com vistas à multiplicação do comportamento ético, voltado para o exercício da cidadania e da sustentabilidade.

A meta é a identificação de valores fundamentais para que o cidadão

e a sociedade convivam em harmonia com o meio ambiente e a sua diversidade. Induz o educando a uma análise criteriosa e critica do modelo de sociedade e do desenvolvimento econômico vigentes, que têm provocado à eliminação dos recursos naturais e dos ecossistemas.

A Educação Ambiental parte de um processo de conscientização de

que os recursos naturais como a água, os combustíveis e a madeira, não são inesgotáveis, pois suas reservas podem terminar, colocando em risco a sobrevivência da humanidade e do planeta.

Portanto, esses recursos devem ser utilizados de forma racional, sem

desperdício e com a adoção de práticas de reciclagem para um melhor aproveitamento dos materiais, como a reutilização, a reciclagem, a reposição, entre outras iniciativas.

A continuidade da vida no planeta será inviável sem o respeito e a

preservação de todas as espécies e formas de vida. Como única espécie capaz de destruir o meio ambiente em larga escala, cabe à humanidade adotar com urgência um modo de vida sustentável para a manutenção da biodiversidade e dos recursos naturais, pois destes dependem a sobrevivência de todos.

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No âmbito dessa preocupação com a sobrevivência no planeta está

incluído o planejamento do uso e da ocupação do solo rural e urbano, a concepção de projetos sustentáveis de moradia, trabalho, transporte e lazer para as populações, bem como reservas de terras para a agricultura e de preservação ambiental.

Como incluir a Educação Ambiental no currículo escolar Local de aprendizado é na escola que ocorre a formação social dos

alunos. É nesse espaço que se concretizam os valores para a vida, incluídos aí os conceitos de cidadania e, por consequência, das responsabilidades individuais frente à sociedade.

A preservação do meio ambiente se insere nesse conjunto de

responsabilidades, proporcionando aos alunos o desenvolvimento de comportamentos ambientalmente sustentáveis através da vivência de práticas de preservação do meio ambiente no cotidiano da escola.

A importância do tema Meio Ambiente e um conceito de integração

global sempre fez parte do currículo escolar, embora sua ênfase e efetividade sejam discutíveis através das décadas. Atualmente, essa abordagem se mostra mais consciente e presente nos projetos político-pedagógicos de uma maneira geral, seja nas escolas públicas, seja nas instituições de ensino do setor privado.

Trata-se de uma proposta que disponibiliza aos alunos os meios, as

ferramentas e as informações necessárias para uma compreensão dos fenômenos da natureza e dos resultados que as ações humanas provocam ao meio ambiente como um todo. A Educação Ambiental nas escolas atua para que cada aluno possa desenvolver seus próprios potenciais.

Quando afirmamos que a Educação Ambiental estimula nos alunos o

protagonismo, isso quer dizer que ela os incentiva a atuar de forma consciente, adotar posturas próprias e um comportamento socialmente construtivo com vistas a uma sociedade mais justa e sustentável do ponto de vista ambiental.

Os conteúdos ambientais têm uma correlação com todas as

disciplinas do currículo. Isso permite uma contextualização dos temas relativos ao meio ambiente com a realidade do aluno e proporciona uma visão integral do mundo no qual ele se insere e tem um papel muito importante a desempenhar na sua preservação.

A Educação Ambiental, portanto, precisa ser um conteúdo a ser

desenvolvido de forma transversal, interdiscplinar, abrangendo todos os níveis educacionais. Além de estar inserida nos currículos escolares das

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demais disciplinas, deve ser vivenciada não apenas do ponto de vista teórico, mas amplamente alicerçada em atividades práticas.

Visto que a Educação Ambiental pressupõe uma fundamentação

teórica e prática, vamos elencar os temas e as atividades que podem proporcionar a reflexão, o aprendizado e também vivência prática dos alunos em elação à temática ambiental.

As disciplinas do currículo escolar oferecem amplas oportunidades de

aprendizado sob a ótica da Educação Ambiental. Os conteúdos de biologia, química, física, geografia, ciências sociais proporcionam um rico aprendizado no âmbito da Educação Ambiental, pois colocam o aluno a par do funcionamento da matéria e dos organismos da natureza, bem como das suas relações.

Mesmo por meio da matemática e da língua portuguesa, entre outras

disciplinas, é possível estabelecer relações para um aprendizado em relação ao meio ambiente e a sustentabilidade. Essa interdisciplinaridade é indissociável do currículo escolar a ponto de ser trabalhada de forma sistemática na preparação dos alunos para a universidade e muitas questões das provas de vestibulares evidenciam a correlação entre Educação Ambiental e as demais disciplinas.

De forma específica, o ensino-aprendizagem engloba os fenômenos

naturais, as mudanças climáticas, as reservas naturais, a interação do homem com a natureza e o futuro do planeta.

Na prática, a Educação Ambiental dispõe dos trabalhos em sala de

aula ou nos laboratórios da escola, a participação da turma em palestras, oficinas, feiras de ciências e trabalhos de campo que podem incluir a exploração de parques e jardins botânicos, museus, jardim zoológico, sítios arqueológicos e reservas naturais.

Nessa gama de possibilidades de trabalho de campo que deverá levar

em conta a realidade da escola e dos alunos, os professores terão à sua disposição os subsídios para uma atuação que valoriza e enriquece o processo de ensino-aprendizagem ambiental.

E nesse trabalho, não apenas a comunidade escolar, mas a

comunidade como um todo poderá ser envolvida se, por exemplo, pensarmos um projeto de resgate da história local, do seu ecossistema, das ações que estão provocando a degradação do meio ambiente ou de iniciativas sustentáveis que estão em desenvolvimento.

Perceba que a Educação Ambiental proporciona o aprendizado

teórico e prático dos temas com vistas à sustentabilidade e também formas de intervenção. Podemos entender melhor essa premissa se considerarmos que os conteúdos trabalhados levam ao entendimento das questões

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envolvidas por meio da reflexão e da coleta de informações, mas também mobilizam os alunos para ações.

Por exemplo, se no trabalho de campo a turma constatar que em

determinada rua ou bairro não existe coleta seletiva ou os moradores não estão mobilizados na separação do lixo, esse estudo poderá ser transformado em um projeto de implantação do serviço pela prefeitura, acompanhado de consultoria ambiental às famílias. Os conteúdos trabalhados serão necessários para o entendimento dos problemas e, a partir da coleta de dados, à elaboração de pequenos projetos de intervenção.

Educação Ambiental – Princípios Toda atividade curricular passa pelo planejamento da comunidade

escolar e da gestão educacional. Portanto, tudo que vimos até agora sobre Educação Ambiental deve ser entendido como uma proposta vinculada à realidade da instituição e da comunidade com vistas à sua viabilidade e legitimação.

Também a Educação Ambiental deve ser considerada no âmbito da

formação pedagógica dos professores e estar alicerçada nos seus princípios. Quando falamos de Educação Ambiental, devemos ter por base uma série de princípios: sensibilização, compreensão, responsabilidade, competência e cidadania, conforme veremos a seguir:

Sensibilização – O passo inicial com vistas a um pensamento

sistêmico é a sensibilização para o tema ambiental. Devemos entender a urgência das questões ambientais e nos mobilizar para uma atuação cidadã, com vistas a uma sociedade sustentável.

Compreensão – A mobilização em torno do tema passa pelo

conhecimento dos elementos, dos mecanismos e das relações envolvidas nos sistemas naturais, os quais devemos compreender.

Responsabilidade – Partindo da premissa de que somos

protagonistas em relação ao meio ambiente, tanto do ponto de vista das ações que levam à sua degradação, quanto da nossa capacidade de atuar por um mundo sustentável, podemos entender a dimensão da nossa responsabilidade frente à questão ambiental.

Competência – Devemos desenvolver habilidades e a capacidade de

avaliação e de ações efetivas com relação ao equilíbrio ambiental. Cidadania – A participação ativa, o restabelecimento e a preservação

de direitos, bem como a promoção de um modo de vida com base em princípios éticos devem nortear o esforço coletivo com vistas a uma conciliação entre meio ambiente e sociedade.

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Finalidades da Educação Ambiental A Educação para o meio ambiente é um conceito relativamente novo

na escola. A definição de Educação Ambiental surge pela primeira vez de forma clara em um documento oficial em 1974, com a publicação pela Unesco dos Princípios de Educação Ambiental, por ocasião do seminário realizado em Tammi, na Finlândia. No ano seguinte, na Conferência da Unesco em Belgrado, a finalidade da Educação Ambiental foi definida como:

“Formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas com ele relacionados, uma população que tenha conhecimento, competências, estado de espírito, motivações e sentido de empenhamento que lhe permitam trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais, e para impedir que eles se repitam”.

Antes disso, nas décadas de 1970 e 1980, foram realizadas diversas

conferências internacionais, que deram origem a uma grande base de documentos com vistas à concepção dos princípios universais para uma educação voltada para a sustentabilidade.

Foi um longo processo até a concepção da Educação Ambiental como

campo específico do conhecimento. Foram mais de 20 anos de debates, que começaram com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo no ano de 1972 até a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável realizada, no Rio de Janeiro, em 1992.

A Agenda 21, resultante da Conferência do Rio 91, estabelece as

diretrizes e objetivos de consenso em nível internacional sobre Educação Ambiental.

Esse documento reúne os princípios que norteiam a Educação

Ambiental na atualidade. Para ler a íntegra do relatório da Agenda 21, bem como outros documentos oficiais de interesse sobre o tema acesse http://www.ecolnews.com.br/agenda21/

O relatório da Agenda 21 destaca o papel da educação na promoção

do desenvolvimento sustentável por meio de esforços dos países em torno da universalização da educação básica.

Recomenda a promoção da educação ambiental a partir do ingresso

das crianças na escola de forma a promover a integração dos conceitos de meio ambiente e desenvolvimento, com especial ênfase ao debate e enfrentamento dos problemas locais.

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Conforme os princípios estabelecidos pela Agenda 21, as diretrizes básicas da Educação Ambiental a serem adotadas em nível mundial objetivam uma mudança de comportamento por meio do desenvolvimento a partir de práticas sociais ambientalmente responsáveis e menos danosas ao meio ambiente.

Também estabelecem a adoção valores e concepções novas, com

base na compreensão das relações entre sociedades humanas e o meio ambiente, dos problemas ambientais globais e locais.

Essa Educação Ambiental abrange tanto a educação institucional

como educação informal, dispensando uma atenção especial à educação promovida pelos organismos da sociedade civil organizada.

Durante a Primeira Conferência Nacional de Educação Ambiental, em

Brasília, no ano de 1997, foram definidos os papéis da sociedade civil na sistematização dos princípios da Educação ambiental no país, mas é a partir de 1999 que – a Educação Ambiental brasileira passa a ter uma legislação específica, a partir da lei de criação do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), que iremos estudar a seguir no âmbito da Legislação Ambiental.

1.6 – Legislação ambiental

Imagens: MMA/Divulgação

O Decreto Nº 4.281, de 25 de junho de 2002, regulamenta a Lei nº

9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Como vimos anteriormente, a Política Nacional de Educação Ambiental, na forma do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), estabelece o marco legal sobre meio ambiente e educação no país. Antes do Brasil, os países que estabeleceram legislações e políticas específicas sobre meio ambiente foram Portugal (1976), Espanha (1978), Equador e Peru (1979) e Chile e Guiana (1980).

O ProNEA tem como princípios: – uma visão humanista. – concepção do meio ambiente como um todo. – contempla a diversidade de idéias e concepções pedagógicas

acerca do tema meio ambiente e educação.

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– estabelece o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

– contempla os princípios de continuidade e avaliação do processo educativo.

– cria os vínculos entre ética, educação, trabalho e práticas sociais. – aborda de forma articulada as questões ambientais locais, regionais,

nacionais e mundiais. Histórico A Constituição de 1988 abordou, pela primeira vez na história do país,

a temática do meio ambiente. Um capítulo foi destinado ao tema de forma a contemplar o seu conceito normativo, ou seja, relacionado ao aspecto da natureza, e também reconhecendo os desdobramentos de uma política ambiental, quais sejam: o meio ambiente artificial, o meio ambiente do trabalho, o meio ambiente cultural e o patrimônio genético que, por sua vez, são abordados em diversos da Constituição Federal.

Destacamos o Artigo 225, que tem na Constituição um papel de

articulação e orientação do meio ambiente, uma vez que engloba todos os direitos e obrigações do Estado e da sociedade no esforço de oferecer garantias para o equilíbrio do meio ambiente. Ressalta que os recursos naturais, assim como o meio ambiente como um todo, são um bem de uso comum da população e, por isso, deve ser preservado na sua integridade não somente para as gerações presentes, mas para as futuras gerações.

A seguir, a íntegra do Artigo 225:

“(...) Capítulo VI - Do meio ambiente Art.225 - Todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe

ao poder público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos

essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio

genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

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III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou

atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de

técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de

ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as

práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado

a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao

meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a

Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas

pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter

sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

(...)”

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Embora delineada muito recentemente na comparação com outros países, a Legislação Ambiental brasileira é considerada uma das mais avançadas e bem fundamentadas do mundo no que se refere aos seus objetivos. Se, por um lado, os instrumentos jurídicos relativos ao meio ambiente no Brasil sejam uma referência global, inclusive do ponto de vista da sua efetividade, o mesmo não se pode dizer da sua aplicação.

Ressaltamos este ponto para uma melhor compreensão: a Legislação

Ambiental do país existe e é uma das mais avançadas no planeta. Se aplicadas e cumpridas corretamente, as 17 leis ambientais poderiam assegurar em grande escala a preservação da nossa fauna e flora e dos recursos naturais.

No entanto, pelos mais diversos motivos que inviabilizam ou tornam

falhas a sua execução, essas leis nem sempre são aplicadas de forma correta ou são sistematicamente descumpridas.

A exploração criminosa da fauna brasileira, expressa na

comercialização e exportação ilegal de animais vivos, peles, ovos e na caça, é apenas um exemplo do descumprimento da Legislação Ambiental.

Essa exploração desordenada em grande escala, no entanto, se deve

em grande parte às falhas na fiscalização ocasionadas pelo número insuficiente de fiscais, devido às extensas faixas de fronteira e pela corrupção, entre outros fatores.

A expansão da agricultura e do desmatamento, a degradação das

reservas florestais e dos rios se somam nas ameaças à extinção das espécies.

A expansão desordenada das fronteiras da agricultura e da pecuária,

a despeito da existência de um ordenamento jurídico específico, tem provocado a crescente destruição dos recursos naturais por meio da derrubada de florestas e invasão de reservas, das queimadas para plantio de pastagens, do uso indiscriminado de agrotóxicos e pesticidas que provocam a degradação do solo, das reservas hídricas e a extinção de espécies animais e vegetais.

Devemos considerar também os avanços trazidos pela Legislação

Ambiental, expressos na adoção de projetos de manejo sustentável como o replantio de árvores em áreas desmatadas e a exploração de madeira restrita a áreas cultivadas para esse fim, os subsídios dados aos produtores que adotam essas práticas.

Também podemos citar o desenvolvimento de projetos sustentáveis

que envolvem as populações locais, inclusive com a adesão de grandes empresas, na extração de matéria-prima de forma proporcional à reposição dos recursos naturais.

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Lixo tecnológico terá reciclagem regulamentada em 2010

Decorrente da popularização da tecnologia em todo o planeta, o lixo

tecnológico tem grande potencial poluidor, pois possui materiais de alta toxidade como o chumbo, o mercúrio ou o cádmio, que não são biodegradáveis.

A reciclagem deste contingente é regulamentada pela Política

Nacional de Resíduos Sólidos, que entra em vigor no final de 2010 No final do ano de 2010, deverá entrar em vigor a Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em agosto pela Presidência da República.

A PNRS contempla duas reivindicações básicas de especialistas em

meio ambiente e organizações ambientais. A primeira delas é a logística reversa, prática pela qual cabe aos

consumidores devolver, após o uso, os equipamentos, produtos e embalagens recicláveis.

A devolução deverá ser feita aos estabelecimentos comerciais ou

distribuidores da marca adquirida pelo consumidor. Os comerciantes e distribuidores, por sua vez, serão responsabilizados pela devolução aos fabricantes ou importadores para reciclagem.

A responsabilidade compartilhada consiste na elaboração dos planos

de gestão integrada de resíduos sólidos pelos estados e municípios no prazo de dois anos. A Legislação também estabelece o prazo de quatro anos para que estados e municípios possam adequar a disposição final dos resíduos.

A PNRS deverá representar uma economia da ordem de R$ 4,6

bilhões por ano ao país, cifra que corresponde ao desperdício provocado pela não reciclagem de todos os materiais sólidos descartados atualmente.

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Na lista de produtos estão os eletroeletrônicos (lixo tecnológico), ou seja, computadores, impressoras, cartuchos de tinta, aparelhos de fax e telefone, monitores e telas, além das pilhas e baterias das mais diversas aplicações e aparelhos celulares, que representam um grande contingente de resíduos com alto potencial poluidor.

O conjunto de leis ambientais brasileiras já em vigor consiste numa

das fundamentações jurídicas mais completas e avançadas do mundo no que se refere à preservação e exploração sustentável dos recursos naturais. Sua efetiva aplicação é capaz de garantir a preservação do patrimônio ambiental do país. Confira a seguir o resumo do teor dessas leis:

1 - Lei da Ação Civil Pública - número 7.347 de 24/07/1985. A Lei de Interesses Difusos dispõe sobre a ação civil pública de

responsabilidades pelos danos provocados ao meio ambiente, ao consumidor e ao patrimônio artístico, turístico ou paisagístico.

2 - Lei dos Agrotóxicos - número 7.802 de 10/07/1989. Regulamenta as pesquisas, a produção, a comercialização, a

aplicação, o controle, a fiscalização e ainda o destino das embalagens de agrotóxicos. Essa Lei exige a obrigatoriedade do receituário agronômico para venda de agrotóxicos ao consumidor, o registro de produtos nos ministérios da Agricultura e da Saúde, nem como o registro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Prevê multas e reclusão aos responsáveis em caso de descumprimento.

3 - Lei da Área de Proteção Ambiental - número 6.902 de

27/04/1981. Essa Legislação promoveu a criação das Estações Ecológicas.

Estabelece que 90% das áreas que representam os ecossistemas brasileiros devem permanecer intocadas, permitindo a interferência e alterações em 10% dessas áreas para fins científicos. Também é responsável pela criação das Áreas de Proteção Ambiental (APAS), que são as áreas onde o poder público limita as atividades econômicas para fins de proteção ambiental, mesmo que estejam localizadas em áreas privadas ou contenham propriedades particulares dentro da sua área de abrangência.

4 - Lei das Atividades Nucleares - número 6.453 de 17/10/1977. Essa Lei dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e

a responsabilidade criminal por atos relacionados com as atividades

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nucleares. Se ocorrer um acidente nuclear, por exemplo, o operador da instalação será responsabilizado de forma civil pelo dano, independente da existência de culpa.

Se o acidente nuclear não estiver relacionado a qualquer operador, os

danos serão assumidos pela União. Estabelece como crime produzir, processar, fornecer, usar, importar ou exportar material sem autorização legal, extrair e comercializar ilegalmente minério nuclear, transmitir informações sigilosas sobre o setor ou deixar de cumprir as normas de segurança específicas da instalação nuclear.

5 - Lei de Crimes Ambientais - número 9.605 de 12/02/1998. A legislação ambiental brasileira foi reordenada por essa Lei no que

diz respeito às infrações e punições. Estabelece que a pessoa jurídica (empresa), autora ou coautora da infração ambiental, pode ser penalizada, podendo ocorrer a liquidação da empresa caso ela tenha sido criada ou utilizada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. As multas, a depender da extensão do dano, serão de R$ 50,00 a R$ 50 milhões.

6 – Lei da Engenharia Genética – número 8.974 de 05/01/1995. Uma das grandes inovações da Legislação Ambiental do país, essa

Lei estabelece as normas para o desenvolvimento da engenharia genética. O ordenamento vai desde o cultivo, manipulação e transporte de organismos modificados (OGM), até a comercialização, o consumo e o descarte de resíduos no meio ambiente. Atribui aos ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura e da Saúde a responsabilidade por autorizar e fiscalizar o funcionamento das atividades do setor de engenharia genética, bem como o ingresso de todo e qualquer produto geneticamente modificado no Brasil.

Para a aplicação de técnicas de engenharia genética, a empresa,

entidade ou instituição deverá criar a Comissão Interna de Biossegurança, órgão responsável pelas informações aos públicos interno (trabalhadores e corpo técnico) e externo (a sociedade) sobre os riscos da atividade em relação à saúde e segurança.

7 – Lei da Exploração Mineral – número 7.805 de 18/07/1989. Responsável pela regulamentação das atividades do garimpo, essa lei

torna obrigatória a licença ambiental prévia, emitida pelo orgão ambiental. As atividades de pesquisa ou exploração que provocarem danos ambientais poderão ser suspensas e seus responsáveis responderão pelo crime correspondente. Estabelece que o garimpo sem permissão ou licenciamento ambiental é crime.

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8 – Lei da Fauna Silvestre – número 5.197 de 03/01/1967. Tipifica como crime o uso, a perseguição, a captura de animais

silvestres e a caça profissional, o comércio de espécies da fauna silvestre e dos produtos derivados de sua caça, assim como o ingresso de espécie exótica ou importada na fauna brasileira e a caça de caráter amador sem autorização do Ibama. A exploração de peles e couros de anfíbios e répteis em estado bruto também são caracterizados como crime ambiental por esta Lei.

9 – Lei das Florestas – número 4.771 de 15/09/1965. Estabelece a proteção das florestas nativas e delimita as áreas de

preservação permanente numa extensão de 30 a 500 metros nas margens dos rios, lagos e reservatórios, dos topos de morro, encostas com declive superior a 45 graus e áreas com mais de 1,8 mil metros de altitude. As propriedades rurais da região Sudeste, segundo esta Lei, devem preservar e averbar em cartório de registro de imóveis uma área de pelo menos 20% das suas extensões que tenham cobertura de árvores.

10 – Lei do Gerenciamento Costeiro – número 7.661 de

16/05/1988. As diretrizes para a criação do Plano Nacional de Gerenciamento

Costeiro são estabelecidas nesta Lei, que define e conceitua a zona costeira como espaço geográfico da interação do ar, do mar e da terra, incluídos os recursos naturais, composta de uma faixa de mar e outra terrestre. Outorga aos estados e municípios localizados na costa marítima brasileira os seus planos de gerenciamento costeiro, desde que dentro das normas restritivas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

11 – Lei da criação do Ibama – número 7.735 de 22/02/1989. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (Ibama) agregou a Secretaria Especial do Meio Ambiente e as agências federais dos setores de pesca, desenvolvimento florestal e borracha. O Ibama é responsável pela execução da política nacional do meio ambiente, pela conservação, fiscalização, controle e fomento ao uso racional dos recursos naturais.

12 – Lei do Parcelamento do Solo Urbano – número 6.766 de

19/12/1979. Cria o regramento para os loteamentos urbanos, vetando a sua

construção em áreas de preservação ambiental, de risco à saúde da população e em áreas sujeitas a alagamentos.

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13 – Lei Patrimônio Cultural - decreto-lei número 25 de 30/11/1937.

A proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é organizada

nessa Legislação. Considera como patrimônio nacional os bens de valor etnográfico, arqueológico, os monumentos naturais, além dos sítios e paisagens de valor notável pela sua natureza ou a partir de intervenção do homem.

No caso de bens tombados, fica veta a demolição, destruição ou

supressão de partes, sem prévia autorização do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan).

14 – Lei da Política Agrícola - número 8.171 de 17/01/1991. Estabelece que o poder público é responsável por disciplinar e

fiscalizar o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora, bem como realizar zoneamentos agroecológicos para ordenar a ocupação das mais variadas atividades produtivas, implementar programas de educação ambiental e estimular a produção de mudas de espécies nativas.

15 – Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – número 6.938 de

17/01/1981. Um dos dispositivos decisivos na Legislação Ambiental brasileira, esta

Lei obriga o poluidor a indenizar a sociedade por danos ambientais, seja ele culpado ou não. Outorga ao Ministério Público propor ações de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, obrigando o responsável pela ação poluidora a recuperar e indenizar pelos prejuízos causados. Torna obrigatória a emissão dos estudos e relatórios de impacto ambiental.

16 – Lei de Recursos Hídricos – número 9.433 de 08/01/1997. Legislação que estabeleceu a Política Nacional de Recursos Hídricos

e criou o Sistema Nacional de Recursos Hídricos. Tipifica que as reservas de água são fonte de recurso natural limitado, de valor econômico e de múltiplos usos como o consumo, a produção de energia, o transporte, o lançamento de esgotos.

Outra inovação desta Lei é a criação do Sistema Nacional de

Informação sobre Recursos Hídricos. O Sistema gerencia as informações sobre coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de dados acerca dos recursos hídricos, bem como as variáveis na gestão do setor.

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17 – Lei do Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição – número 6.803 de 02/07/1980.

Outorga aos estados e municípios o poder de estabelecer os limites e

os padrões ambientais no licenciamento e instalação de indústrias. Todo projeto deve ter o prévio Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (Eia/Rima).

O Eia/Rima é elaborado pelo órgão ambiental. Ele avalia a extensão

dos possíveis danos que o projeto provocará ao meio ambiente. Caso esses danos sejam incompatíveis com a preservação do meio ambiente, a atividade poderá não ser autorizada pelo poder público.

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Unidade 2 – A sustentabilidade através da reciclagem Nesta Unidade estudaremos um dos aspectos mais importantes para

a preservação do meio ambiente, que é a reciclagem de materiais sólidos e orgânicos em seus mais diversos aspectos.

Além de abordar os conceitos de reciclagem, iremos analisar todas as

questões envolvidas nesse processo, os materiais que podem e os que não podem ser reciclados, sua composição, o tempo que cada material permanece na natureza depois de descartado e os danos correspondentes.

Também serão analisadas a legislação ambiental específica sobre

reciclagem, as práticas corretas e dicas para reciclar materiais orgânicos, a importância da coleta seletiva, entre outros temas relacionados.

2.1 – O que é reciclagem?

Alunos da Unicamp visitam central de reciclagem de resíduos

Imagem: Unicamp/ Divulgação

Reciclar significa reprocessar, reaproveitar materiais. É o retorno de

materiais usados ao ciclo de produção para dar origem a novos materiais ou produtos. O conceito somente pode ser aplicado aos materiais que retornam ao seu estado original sem perder a sua integridade, podendo novamente ser transformados em novos produtos.

Reciclagem é diferente de reuso ou reutilização, como no caso do

papel, que sofre um encurtamento nas fibras de celulose, não permitindo que o novo produto seja igual ao original. Já o alumínio pode ser reciclado de forma indefinida, sem a perda da sua integridade.

O viés ecológico da reciclagem surgiu há cerca de três décadas

como alternativa diante do excesso de lixo produzido no planeta e os

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problemas decorrentes do seu acúmulo. A reciclagem surgiu para quebrar um paradigma histórico.

Até o início dos anos 1970, acreditava-se que os resíduos produzidos

em grande escala pela humanidade não serviam mais para qualquer uso, devendo ser descartados definitivamente na natureza.

A proliferação dos lixões com grande produção de gases e incêndios

como consequência, a crescente poluição dos rios, mares e do solo, o surgimento de novas tecnologias capazes de criar produtos e embalagens descartáveis em grande escala, e o esgotamento das práticas de incineração e aterramento do lixo impuseram à humanidade o desafio de encontrar uma alternativa sustentável.

Essa mudança de conceito surgiu na esteira das novas propostas

para enfrentar as consequências do primeiro choque do petróleo, quando as questões relacionadas ao meio ambiente passam a ser tratadas com mais atenção e rigor.

A preservação ambiental com vistas à sobrevivência humana no

presente e no futuro era um tema cada vez mais recorrente na pauta do debate planetário, alertando sobre o aumento crescente do volume de lixo produzido sem a contrapartida de soluções efetiva.

Nesse contexto, surgiu a reciclagem de resíduos com a finalidade

reprocessar os materiais descartados para reutilização. Esse processo envolve vários estágios, a começar pela separação do lixo na origem, ou seja, nas residências, selecionando e classificando os diversos tipos de materiais, a coleta seletiva e o processamento para utilização da matéria-prima obtida para a produção de novos produtos.

2.2 – A importância da coleta seletiva A coleta seletiva é fundamental para a reciclagem de materiais e tem

grande impacto na conscientização e educação ambiental, pois coloca as pessoas a par dos problemas relacionados ao lixo, mobilizando-as contra o desperdício dos recursos naturais e a poluição decorrente do descarte.

A coleta seletiva é a fase de seleção dos materiais. Consiste no

recolhimento criterioso dos materiais recicláveis que foram descartados por pessoas ou pelas empresas. A separação é feita entre papéis, plásticos vidros, metais e orgânicos.

A coleta seletiva está dividida em domiciliar, postos de entrega

voluntária, postos de trocas, e por meio de catadores autônomos ou associados em cooperativas.

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A coleta domiciliar mobiliza a própria população, a começar pela separação do lixo em casa e através do recolhimento. Muitos municípios organizaram essa coleta criando uma frota de veículos especiais que percorrem os bairros em horários alternativos para recolher o lixo reciclável.

A coleta em postos de entrega voluntária se utiliza de cestos,

contêineres ou depósitos localizados em determinados pontos da cidade para receber o lixo previamente separado. Esses recipientes são separados por cores que indicam onde descartar cada tipo de material.

Os postos de troca recebem os materiais reciclados e premiam quem

os entrega com brindes ou produtos produzidos a partir da reciclagem. É uma estratégia muito usada pelas empresas que desejam dar visibilidade a seus projetos ambientais.

A coleta voluntária, feita por catadores autônomos ou agrupados em

cooperativas de trabalho, tornou-se alternativa de trabalho e renda para milhares de pessoas, especialmente o recolhimento de latinhas de alumínio que são vendidas em centros de triagem. Essa atividade envolve trabalhadores informais e tem proliferado nos grandes centros urbanos.

Cores da Coleta Seletiva Conforme mencionamos anteriormente, os materiais coletados são

agrupados por classe. A padronização criada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para os recipientes é a seguinte:

Fonte: Conama

Principais: Azul – papel Vermelho – plástico Verde – vidro Amarelo – metal Cinza – resíduos gerais não recicláveis, misturados ou contaminados,

não passíveis de separação.

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Complementares: Preto – madeira Laranja – resíduos perigosos Branco – resíduos ambulatórios e de serviços de saúde Roxo – resíduos radioativos Marrom – resíduos orgânicos 2.3 – Materiais que podem ser reciclados

Imagem: Alcoa/Divulgação

A poluição causada pelo lixo é provocada pela saturação do meio

ambiente, que não dá conta de absorver os resíduos. A reabsorção dos resíduos pelo meio ambiente é um processo natural que, por si só daria conta da limpeza do planeta em condições normais. Mas com o aumento populacional, a produção de lixo passou a ocorrer em escala cada vez maior.

O acúmulo cada vez maior de lixo na natureza compromete a

decomposição natural, ocasionando a poluição. Como se isso não bastasse, a maior parte do lixo que produzimos é composta de embalagens e produtos industrializados produzidos em larga escala.

Para termos uma noção da complexidade do processo de reabsorção

dos materiais pelo meio ambiente, relacionamos a seguir os materiais e o tempo que cada um demora para se decompor:

Resíduos Tempo de decomposição

Papéis 3 a 6 meses

Lixo Orgânico 6 a 12 meses

Plásticos Mais de 100 anos

Vidros Mais de 4 mil anos

Metais Não se decompõem

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Materiais não recicláveis Todos os materiais que podem ser transformados em um novo

produto sem a perda da sua integridade são considerados recicláveis. Se esse material não retorna ao seu estado inicial após a reciclagem,

ele não é reciclável. Por exemplo, o processamento do vidro devidamente limpo e livre de embalagens adesivas e outras impurezas resultará em vidro novamente.

Portanto, o vidro é um material reciclável. Já uma pilha ou bateria não

podem ser reciclados, pois seu processamento resultaria na liberação de diversas substâncias altamente poluentes e nocivas à saúde e impossíveis de serem reaproveitados.

Outro aspecto importante quando abordamos a reciclagem é a

tecnologia envolvida. As tecnologias aplicadas à reciclagem no Brasil são diferentes daquelas adotadas em outros países. Por isso, alguns materiais que não são passíveis de reciclagem no país podem perfeitamente ser reprocessados em outros países.

Um exemplo são as fraldas descartáveis, que no Brasil ainda não

podem ser recicladas por falta de tecnologia apropriada, diferente dos Estados Unidos e alguns países da Europa, onde são perfeitamente reprocessados.

Confira na tabela abaixo os materiais que podem e que não podem

ser reciclados no Brasil:

Papéis

Reciclável Não Reciclável

Folhas e Aparas de papel Adesivos

Jornais Etiquetas

Revistas Fita Crepe

Caixas Papel Carbono

Papelão Fotografias

Formulários de computador Papel Toalha

Cartolinas Papel Higiênico

Cartões Papéis engordurados

Envelopes Papéis metalizados

Rascunhos escritos Papéis parafinados

Fotocópias Papéis plastificados

Folhetos Papel de fax

Impressos em geral

Tetra Pak

Cuidados: Para que a reciclagem seja viável, os papéis devem estar secos, limpos (sem gordura, restos de comida, graxa, entre

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outras) e de preferência não amassados. As caixas devem estar desmontadas, apenas por uma questão de otimização de espaços em seu armazenamento.

Metal

Reciclável Não Reciclável

Latas de alumínio Esponjas de aço

Latas de aço em geral Latas de tinta ou veneno

Ferragens Latas de combustível

Canos Pilhas

Esquadrias Baterias

Arame

Cuidados: Devem estar limpos e de preferência reduzidos de tamanho (amassadas)

Plástico

Reciclável Não Reciclável

Tampas Cabo de panela

Potes de alimentos Tomadas

Garrafas PET Adesivos

Garrafas de água mineral Espuma

Recipientes de limpeza Teclado de computador

Recipientes de higiene Acrílicos

PVC Canetas

Sacos plásticos Bijuterias

Brinquedos Botões de rádio

Baldes

Observação: O isopor é um produto potencialmente reciclável, dependendo da localidade em que você se encontra.

Cuidados: Os potes e frascos devem estar limpos e sem resíduos

para evitar a proliferação de insetos e ratos no local de armazenamento.

Vidros

Reciclável Não Reciclável

Potes de vidro Planos

Copos Espelhos

Garrafas Lâmpadas

Embalagens de molho Cerâmicas

Frascos de vidro Porcelanas

Cristal

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Ampolas de medicamentos

Cuidados: Como os outros materiais, os vidros devem estar limpos e sem resíduos. Podem estar tanto inteiros quanto quebrados. Se quebrados devem ser embalados em papel grosso como jornal.

- Impedimentos para a reciclagem de materiais Embora tenha surgido como alternativa para minimizar os impactos

causados ao meio ambiente, a reciclagem tem um viés econômico. Portanto, além de auto-sustentável e ambientalmente correto, todo

projeto de reciclagem precisa dar retorno financeiro para a subsistência do empreendedor e para que seja atrativo como alternativa de investimento para as empresas.

Assim, o que impede determinados processos de reciclagem, em

última análise, acaba sendo a viabilidade ou não do projeto do ponto de vista econômico.

Os materiais com alto custo de reciclagem, que coincidentemente são

os mais danosos ao meio ambiente, normalmente não são atrativos para quem investe em reciclagem.

Por isso, a reciclagem de pilhas e baterias tem tão pouca adesão dos

recicladores no Brasil. Esses materiais são um exemplo significativo de material cuja reciclagem demanda custo alto, a começar pelos investimentos necessários em tecnologias e emprego de mão de obra na sua desmontagem.

Além disso, sua composição contém diversos elementos e

substâncias químicas altamente tóxicas à saúde e danosas ao meio ambiente.

Se nem todo lixo é passível de reciclagem, então qual a destinação

correta para esses materiais? O censo do Saneamento Básico realizado pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) demonstra que 76% do lixo nos municípios brasileiros vão parar nos lixões, 13% em aterros controlados, 10% em aterros sanitários e apenas 1% é destinado à compostagem, reciclagem ou incineração.

A maior parte dos resíduos de um município, portanto, é despejada de

forma indiscriminada nos lixões. Esses depósitos normalmente ficam distantes da zona urbana, a céu aberto, sem qualquer planejamento ambiental nem medidas preventivas à saúde pública.

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Isso provoca a proliferação de vetores (ratos, baratas, aves), favorecendo a disseminação de doenças. São comuns as aglomerações urbanas improvisadas nas proximidades desses lixões, onde muitos trabalhadores informais atuam na separação e recolhimento de materiais para reciclagem de forma autônoma.

São famílias inteiras vivendo do lixo, que ficam expostas a doenças,

sem acesso às mínimas condições de saneamento, saúde e habitação. Acrescente-se a isso o fato de que esses depósitos também servem para a criação de porcos e frangos, o que consiste em uma fonte adicional de doenças transmissíveis.

Do ponto de vista ambiental, os problemas se multiplicam, porque os

lixões, sendo meros depósitos a céu aberto, não dispõem de nenhum sistema de drenagem dos líquidos decorrentes do acúmulo de resíduos diversos, que acabam escoando para os mananciais de água e contaminando também o lençol freático.

Os lixões também favorecem a formação de gases que contaminam a

atmosfera e são passíveis de provocar a incineração dos materiais. Já os aterros sanitários consistem em uma estratégia limpa de

destinação do lixo urbano, a começar pelo fato de que os resíduos são cobertos com aterros. Nesse caso, os resíduos sólidos urbanos, incluído o lixo recolhido das residências oferecem mais segurança em relação ao meio ambiente e à saúde pública.

O sistema alterna uma camada de resíduos e uma camada de terra.

Esse sistema, se conduzido de forma adequada, possui todo o planejamento que não existe nos lixões.

O aterro sanitário conta com um bom planejamento prévio sobre o

impacto ambiental. No espaço em que vai ser instalado, são feitos estudos do solo para verificar a sua composição e capacidade de impermeabilidade, pois o solo muito permeável favorece a infiltração de líquidos e a contaminação do mesmo e das águas subterrâneas.

Ao ser projetado o aterro, o solo é impermeabilizado e são

construídos reservatórios para captar os dejetos líquidos decorrentes do material acumulado para tratamento e correta destinação. O acúmulo de gases combustíveis são canalizados para a queima ou para a produção de energia.

Ao contrário dos lixões, que ficam a céu aberto e em áreas de livre

acesso, o aterro sanitário é uma área controlada, inclusive com pesagem prévia dos resíduos e acesso restrito aos profissionais envolvidos no projeto.

O regramento existente sobre essa modalidade de depósito determina

que eles devem ser instalados à distâncias mínimas de 200 metros de áreas

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alagadiças, lagos, rios e banhados. O controle para que não ocorra a contaminação da água subterrânea é feito regularmente por meio de poços para monitoramento.

O aterro controlado, por sua vez, não conta com impermeabilização

prévia do solo, nem escoamento de líquidos ou dispersão de gases. Ainda que seja uma alternativa menos poluente do que os lixões, os aterros controlados estão longe de oferecer a segurança dos aterros sanitários.

Trata-se de uma área dividida por setores onde o lixo é depositado e,

depois que todas as divisões estiverem preenchidas pelos resíduos, o local é vedado e aterrado para a utilização como área de lazer, a exemplo de parques e praças.

Outra alternativa de eliminação do lixo é a incineração dos resíduos

para a redução em até 90% do seu volume e até 75% do peso. A chamada decomposição térmica também proporciona a eliminação do fator de contaminação do lixo, pois uma vez queimado, perde em grande parte suas propriedades de contaminação do solo e transmissão de doenças.

Esse processo se assemelha ao aterro sanitário nos aspectos de

controle de riscos, com procedimentos de segurança desde a coleta e o transporte por prestadores credenciados até o tratamento final.

2.4 – Técnicas de reciclagem O progresso tecnológico vem sendo redefinido no mundo para dar

conta da sustentabilidade, conceito que se coloca como alternativa eficiente para o crescimento econômico sem danos, ou com danos minimizados ao ambiente natural.

Com isso, há novos conceitos industriais como a tecnologia limpa, a

legislação verde, o consumidor consciente e, é claro, a cultura da reciclagem de materiais.

É certo que a reciclagem por si só não representa a solução para

todos os problemas ambientais nem dá conta do reaproveitamento de materiais diante do volume de lixo que produzimos diariamente.

Se o reaproveitamento de materiais, ou seja, a reciclagem se

apresenta como alternativa econômica sustentável por preservar as fontes de recursos naturais e minimizar a questão do lixo, por outro lado, essa atividade somente produz resultados significativos se desenvolvida de forma correta e em grande escala.

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Também é decisiva a questão econômica, pois a exigência de tecnologias e de mudança de comportamento necessários em todos os seus estágios podem reduzir o interesse empresarial pela reciclagem.

O desafio da sociedade contemporânea é viabilizar a reciclagem

como atividade econômica lucrativa para atrair o interesse dos grupos econômicos e o setor industrial. Em pequena escala, a reciclagem já se mostra um grande negócio, assim como a temática da sustentabilidade tem sido adotada como marketing por muitas empresas.

No caso de alguns materiais, a viabilidade econômica já é realidade

em pequena e média escalas. Confira a seguir alguns materiais recicláveis cujo processo de reaproveitamento é fonte geradora de renda para milhares de famílias e alvo de investimentos em tecnologias e políticas públicas:

- Reciclagem de papel A produção de uma tonelada de papel consome cerca de 20 árvores

adultas e 100 mil litros de água. Além da preservação das florestas, o reaproveitamento do papel representa uma economia de até 70% no consumo de energia elétrica e um reduzido consumo de água.

Depois de selecionado e acondicionado em fardos, o papel segue

para a comercialização. É vendido para as indústrias de papel para ser utilizado como matéria-prima na produção de papel novo. O resultado da reciclagem é a produção de papel-toalha, guardanapos, lenços de papel, papel higiênico e papel para impressão. A indústria gráfica se utiliza de papeis reciclados para produzir cadernos, livros, caixas e embalagens.

- Reciclagem de plástico A adoção de plásticos para embalagens começou a proliferar nos

anos 1950. Até então, utilizava-se predominantemente o papel e o papelão para embalar materiais sólidos. Até as compras que as pessoas faziam diariamente eram acondicionadas em cartuchos de papel e o leite, ao invés de sacos ou garrafas plásticas, era acondicionado em garrafas de vidro.

Com os avanços dos processos tecnológicos que proporcionaram a

produção de novos materiais, com grande economia de recursos financeiros, passaram a predominar as embalagens plásticas e de outros materiais sintéticos.

Os problemas ambientais ocasionados pelo descarte desses materiais

na natureza, no entanto, estão forçando um caminho de volta. Em alguns grandes centros urbanos, rejeita-se o uso do plástico para

embalagens com soluções domésticas como levar sua própria sacola ao ir

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ao supermercado ou à feira ou preferir sacos de papel para embalar produtos secos.

A reciclagem do plástico, no entanto, tem se apresentado com uma

solução, evitando que boa parte desses materiais vá parar nos lixões e aterros sanitários. A reciclagem de plástico tem merecido investimentos da indústria e o seu processo é extremamente simples, embora exija investimentos em tecnologia apropriada.

Primeiro o material plástico é separado de forma manual, passa pela

moagem ou trituração até se transformar em massa. Depois de seco, o plástico passa pelos processos de extrusão e

aglutinação para ser transformado em novos produtos como mangueiras, solados de calçados, tomadas e interruptores de eletricidade, baldes e acessórios.

- Reciclagem de vidro A reciclagem de vidro em escala industrial está em atividade no Brasil

desde meados da década de 1980, sendo que a coleta de vidros e garrafas para reprocessamento em escalas menores acontece no país desde os anos 1960.

O Brasil produz aproximadamente 900 mil toneladas de vidro por ano.

Desse total, 25% são produzidos por meio da reciclagem e o vidro responde por 3% do total de resíduos urbanos.

O vidro coletado é selecionado, passa pelos processos de

descontaminação e moagem para depois ser reaproveitado na fabricação de novos vidros.

Os fornos de fundição do vidro representam um gasto considerável

com energia, já que o material depende de temperaturas constantes que podem chegar a 1,6 mil graus centígrados para se fundir. Esses fornos são mantidos à base de óleo combustível, gás natural ou mesmo energia elétrica.

O gasto de energia é maior na etapa de fusão dos minerais para a

produção do vidro representa o maior gasto de energia do processo. Por isso, a reciclagem representa uma economia de até 80% de energia, entre outros benefícios.

- Reciclagem de metais O reprocessamento dos metais por meio da fundição já era uma

prática adotada bem antes da popularização dos conceitos de reciclagem de

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materiais. A fundição permite o reaproveitamento de peças defeituosas ou impuras e os diversos tipos de sucatas metálicas como base para a produção de novas peças.

A reciclagem de metais, assim como a do vidro, é altamente

produtiva, resultando em economia, redução de custos operacionais e de energia, além de retorno significativo em termos de impacto ambiental.

A maior vantagem é em relação ao consumo de energia que, na

produção do metal, é alto devido à necessidade de partir os minérios metálicos para a fabricação de peças metálicas. Na reciclagem, as peças são obtidas a partir do metal já existente, não sendo necessário o alto gasto de energia para a produção a partir de minérios.

As latas de alumínio são um exemplo representativo do alto custo-

benefício da reciclagem de metal. O Brasil recicla mais de 95% das latas de alumínio e o processo de reciclagem demora, em média dez dias.

Para efeito de comparação, alguns países europeus obtiveram

avanços na última década, mas mesmo assim conseguem reciclar até 60% das latas. A França recicla 40% e a Grécia recicla 36%.

Mas há países com melhor desempenho que o Brasil na reciclagem

de latinhas de alumínio como a Noruega, que obtém o reprocessamento de 92% e da Suiça, com 90%.

O maior consumidor de produtos embalados nessas latinhas são os

Estados Unidos que, no entanto, recicla pouco mais da metade do lixo que produz, com uma média de 800 mil dessas embalagens por ano.

Assim como o vidro, o metal pode ser integralmente reciclado e a

variedade dos metais mobiliza as indústrias de grande porte pela demanda do aço dos automóveis fora de linha ou acidentados sem possibilidade de reparo.

Os metais pesados, que na sua maioria, não possuem tecnologia para

reciclagem, não se incluem nessa categoria dos metais recicláveis, sendo considerados substâncias químicas.

- Reciclagem de borrachas A borracha natural é obtida a partir da extração da seiva da

seringueira. O látex coagulado e seco é aquecido e misturado com outras substâncias químicas.

A borracha também é produzida artificialmente, a partir do petróleo,

para ser adicionada à borracha natural a fim de aumentar a resistência às mudanças de temperatura.

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A borracha é utilizada em larga escala para a produção peças e acessórios, utilitários domésticos, materiais hospitalares e acessórios e peças para a indústria automotiva. A fabricação de pneus consome 70% da borracha produzida no Brasil e o descarte médio é de 17 milhões de pneus por ano.

A recuperação de pneus exige a separação da borracha vulcanizada

dos demais materiais utilizados na fabricação do pneus, como os metais e tecidos. Por isso, são cortados e passam pelo processo de separação dos componentes.

Depois a borracha é triturada e desvulcanizada. O produto final é

reprocessado para se transformar em massa uniforme que depois transformado em borracha granulada.

Nesse processo, a borracha perde características físicas devido à

dificuldade de remoção completa de todos os ingredientes e químicos fundidos na sua composição original (desvulcanização).

A borracha reciclada é utilizada como massa asfáltica, pisos de

quadras de esporte, fabricação de tapetes para automóveis, saltos e solados para calçados; colas e adesivos, câmeras de ar para pneus, utilidades domésticas e acessórios para a indústria automotiva.

- Reciclagem de materiais orgânicos Os resíduos orgânicos são as sobras de alimentos e de outros

materiais que podem se degradar com facilidade na natureza, sem provocar danos ambientais. São cascas, folhas, restos de frutos e vegetais, pó de café, restos e aparas de gramas, galhos, papéis-jornal, restos de jardinagem, entre outros.

A reciclagem desses materiais por meio da compostagem resulta na

produção de adubo para as plantas e reduz a quantidade de lixo depositada nos aterros sanitários.

A primeira etapa desse processo de reciclagem é a coleta seletiva dos

resíduos orgânicos. Consiste na separação dos resíduos orgânicos do resto do lixo direto na fonte, ou seja, na nossa própria casa, evitando misturar os materiais recicláveis com o resto do lixo para não prejudicar o reaproveitamento.

A separação manual ou mecânica (com a ajuda de máquinas e

equipamentos) seleciona os resíduos que podem ser reciclados e que tiveram origem na coleta seletiva.

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Nessa triagem é feita a avaliação quantitativa e qualitativa dos resíduos orgânicos coletados antes de utilizá-los no processo de compostagem e/ou vermicompostagem.

Como é feita a reciclagem dos resíduos orgânicos? A compostagem é a principal forma de reciclo dos resíduos orgânicos.

Nesse processo estão envolvidas as transformações do material orgânico pela ação dos micro-organismos do solo, que encontram na matéria orgânica a sua fonte de energia, nutrientes minerais e carbono. Essa transformação chama-se decomposição biológica.

O final do processo de decomposição é o material rico em nutrientes,

com estrutura fofa, cheiro agradável e aparência de terra, que será utilizado como fertilizante orgânico no cultivo de jardins e hortas domésticas.

Além disso:

O fertilizante orgânico aumenta quantidade de nutrientes no solo, eliminando o uso de adubos químicos.

Aumenta a capacidade de absorção dos nutrientes pelas plantas e fornece substâncias naturais que estimulam o seu crescimento de forma natural.

Favorece a aeração e a retenção de água no solo, reduzindo a erosão natural.

Estabiliza os níveis de acidez e a temperatura do solo, favorecendo a sua fertilidade.

Reduz a incidência de plantas daninhas.

Favorece a reprodução de micro-organismos essenciais para a manutenção da fertilidade do solo.

2.5 – O que são produtos biodegradáveis? Produtos biodegradáveis são aqueles que podem ser decompostos

pela natureza por meio da ação de micro-organismos. Essa decomposição resulta em substâncias mais simples na sua composição, que podem ser absorvidas facilmente pelo meio ambiente sem provocar danos.

No meio ambiente existem micro-organismos que processam a

sintetização de grande variedade das enzimas com potencial de degradação

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dos compostos químicos. A propriedade biodegradável está relacionada com a estrutura química do produto.

Os plásticos, os detergentes, inseticidas e os resíduos de

medicamentos são compostos químicos com grande resistência à ação dos micro-organismos e, por isso, são de alta contaminação.

Esses resíduos não são biodegradáveis e, portanto, devem passar

por processos industriais de decomposição antes de serem descartados na natureza para favorecer a sua degradação.

Assim, os biodegradáveis são todos os materiais que, depois de

usados, podem ser decompostos naturalmente pela ação de micro-organismos existentes no meio ambiente.

Quando se decompõe, o material biodegradável perde as suas

propriedades químicas que causam danos ao meio ambiente. Por isso, é cada vez mais rigorosa a fiscalização ambiental às

indústrias de detergentes, de papel e embalagens para que adotem práticas de sustentabilidade produzindo seus materiais com matéria-prima biodegradável.

2.6 – Dicas e curiosidades Aquecimento global – É o aumento da temperatura do planeta pelo

aumento do efeito estufa ocasionado pela presença de gases na atmosfera que retêm a radiação infravermelha proveniente do sol.

Pela ação dos gases de efeito estufa emitidos pela queima de

combustíveis fósseis, entre outras fontes, a radiação não retorna ao espaço, permanecendo na superfície terrestre. O aquecimento aumenta à medida que a radiação é retida pela massa gasosa formada pela poluição.

Chuvas ácidas – São provocadas pela contaminação da água por

dióxido de enxofre e pelos óxidos de nitrogênio liberados pelas centrais elétricas e indústrias. Combinadas com a água produzem ácidos sulfúrico e nítrico.

Ao atingir a superfície terrestre na forma de chuvas, a água ácida

libera os minerais do magnésio, do potássio e do cálcio presentes no solo e altera a composição da água, provocando danos à agricultura e ao meio ambiente.

O azul do céu – A camada de gases que envolve o planeta é a

atmosfera. Ela é composta de gases como o nitrogênio e o oxigênio e quantidades menores de argônio, gás carbônico e vapor de água, entre

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outros. O azul que percebemos no céu quando o tempo está bom é um efeito ótico produzido pela difusão da luz do sol através das moléculas do ar da atmosfera.

A cor é provocada pelas ondas luminosas de baixas amplitudes e

longitude. Ao amanhecer e nos finais de tarde, notamos que o céu fica avermelhado. Isso acontece porque as ondas de longitude curta responsáveis pela luz azul precisam percorrer uma distância muito maior e se perdem na atmosfera, permitindo a ação das ondas de maior longitude, que produzem tonalidades avermelhadas.

Terremotos – A crosta terrestre está em constante processo de

acomodação que provocam os terremotos ou sismos. Os tremores de terra estão sempre acontecendo, embora na sua maioria sejam de pequena monta e, por isso são imperceptíveis.

Os terremotos são provocados pela movimentação das placas

tectônicas ou por atividade vulcânica. O abalo sísmico libera energia que é transmitida ao solo na forma de ondas, povocando os terremotos, que são classificados de acordo com a profundidade em que ocorreram dentro da crosta terrestre.

Furacões – O movimento de massas de ar, os ventos, é provocado

pela diferença da pressão entre as regiões da terra. Os furacões ou ciclones se formam na região equatorial do oceano Atlântico e são provocados por ventos de até 118 quilômetros por hora.

São provocados quando a água do mar aquece o ar úmido em

elevação e também pelo choque entre os ventos alísios do nordeste e do sudeste, que provoca a formação de um funil gigante.

Dentro dessa estrutura, o ar quente sobe e esfria, enquanto a

umidade do ar é condensada, liberando calor. Isso provoca o aquecimento da massa de ar giratória que sobe à medida que consome mais ar frio.

Alterações climáticas – Os fenômenos climáticos El Niño e La Niño

são naturais do oceano Pacífico e se caracterizam pela mudança brusca de temperatura das correntes marinhas que provocam grandes alterações climáticas.

O El Niño é formado por uma corrente de ar quente que ocorre entre a

Nova Guiné e o Peru, provocando tanto as secas quanto chuvas em abundância. O La Niña é formado por uma corrente fria que percorre a direção oeste na altura do Equador e seus efeitos são longos períodos de estiagem em algumas áreas do planeta em contraposição a temporais em outras.

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Unidade 3 – A sustentabilidade nas empresas Conforme ressaltamos no início do presente trabalho, a

sustentabilidade é uma questão de economia. Em primeiro lugar, porque esse conceito surgiu da constatação, em

nível global, de que os recursos naturais não são inesgotáveis, o que determinou um reordenamento da economia no sentido de rever o modo de produção e de consumo com base na exploração indiscriminada desses recursos.

A urgência das questões ambientais impõe uma nova ordem

econômica. Por outro lado, a economia, a par desta realidade, descobriu nas

práticas de sustentabilidade uma gama de oportunidades de empreendimentos, agregando valor às empresas que atuam de forma a preservar o meio ambiente.

Assim, estudaremos nesta Unidade todos os aspectos relativos à

sustentabilidade ambiental sob o ponto de vista corporativo. 3.1 – Por que a sustentabilidade e a responsabilidade social

interessam para as empresas? A humanidade se depara atualmente com a emergência das questões

ambientais que impõem mudanças de comportamento e uma cultura de sustentabilidade como estratégias para a salvação do planeta.

São evidentes os sinais de que o meio ambiente está seriamente

atingido pelo modo de produção e consumo em larga escala que por muito tempo foi adotado sem uma contrapartida de políticas de recuperação dos recursos naturais.

Os resultados podem ser medidos nas variações climáticas

ocasionadas pela poluição, também responsável pela degradação do solo, das reservas hídricas e da atmosfera, que transformaram regiões inteiras do planeta em desertos e tornaram os grandes centros urbanos em áreas de precárias condições de sobrevivência.

O comprometimento da vida no planeta é visível não apenas sob o

ponto de vista da degradação do meio ambiente, mas também dos resultados dessa produção e consumo desenfreados, que resultam em degradação constante da qualidade de vida da população, cada vez mais agravada pela explosão demográfica, pela ocupação desordenada do solo, a

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má distribuição da renda e a ausência de projetos para o futuro da sociedade.

Sabemos que toda ação do homem se reflete em consequências para

o meio ambiente, o que permite entender as sucessivas catástrofes relacionadas ao clima e ao meio ambiente. Essa percepção vem provocando uma redefinição na forma como a humanidade se relaciona com a sua casa, ou seja, o planeta.

Agora já não pensamos o meio ambiente como fonte inesgotável de

recursos. A urgência imposta pela degradação da vida na terra ajuda a criar e se disseminar uma consciência planetária. Nem todos agem de forma sustentável, mas sabemos que precisamos mudar nosso modo de vida e de relacionamento com o mundo em que vivemos.

Essa mudança de comportamento impôs às empresas novas formas

de pensar os seus modos de produção e da prestação de serviços, bem como a forma como o mundo corporativo se relaciona com a sociedade e com o meio ambiente.

A sustentabilidade empresarial define um conjunto de práticas que

procuram demonstrar o respeito da empresa ou marca pelo meio ambiente, bem como as suas políticas socioambientais.

A sustentabilidade empresarial se tornou um tema tão emergente que

levou a Bolsa de Valores do Estado de São Paulo a instituir um índice para aferir o grau de sustentabilidade das empresas com ações bolsa.

O Índice de Sustentabilidade Empresarial tornou-se um importante

indicador para despertar o interesse de investidores nas ações daquelas empresas que adotaram políticas bem definidas de respeito à responsabilidade social dos seus empreendimentos, produtos e serviços.

Como podemos perceber ao analisar o perfil da maioria das

empresas, a sustentabilidade e a responsabilidade social representam um grande capital a ser mobilizado não apenas como marketing corporativo, mas como ações efetivas para a melhoria das condições de vida e do meio ambiente, seja em escala planetária, seja nas comunidades onde atuam.

Os exemplos vão desde pequenas empresas que adotaram práticas

sustentáveis e de valorização do meio ambiente e do capital humano de que dispõem, até as grandes corporações que associam suas marcas e produtos à sustentabilidade socioambiental e desenvolvem políticas efetivas nesse sentido. Vejamos alguns casos a seguir.

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3.2 – Exemplos de sustentabilidade: o que tem sido feito no Brasil e no mundo

Para identificar uma empresa sustentável devemos avaliar se ela

adotou, em primeiro lugar, práticas de gestão compatíveis com o seu crescimento e se seus serviços e produtos são ecologicamente corretos.

Ainda que a empresa trabalhe com setores ou produtos de impacto

ambiental, além de questionar se seus processos de produção não poderiam ser aprimorados de forma a eliminar os danos, devemos avaliar quais são as suas práticas de sustentabilidade, procurando saber como ela age para reduzir ou compensar os danos ambientais que produz e de que forma essas políticas compensatórias incluem as populações envolvidas.

Devemos pesquisar o histórico dessa empresa para saber se ela é

uma empresa poluidora reincidente e se evoluiu nas suas políticas de sustentabilidade ou as mantém apenas como estratégia de marketing.

Outro indicador a ser avaliado na identificação de uma empresa

sustentável é a forma como ela se relaciona com os seus funcionários e a comunidade do seu entorno, se oferece condições de trabalho adequadas, se promove atividades voltadas para a comunidade local, se desenvolve políticas centradas nos funcionários e consumidores e se estimula o consumo consciente e mantém programas de reciclagem dos seus produtos e embalagens.

As empresas sustentáveis proliferaram especialmente a partir dos

anos 90 e atualmente são inúmeros os projetos de sustentabilidade efetivos de corporações como a Nokia, Sony e Toshiba, citadas pelo Greenpeace como as empresas mais verdes do mundo (ver ranking no final deste subcapítulo).

Além dos projetos isolados de empresas de todos os portes e

atuações nas mais diversas áreas, podemos citar como marcas sustentáveis a Natura, que desenvolve programas de envolvimento das comunidades nos locais onde é realizada a extração da matéria-prima para os seus produtos.

Os bancos Bradesco, Itaú, HSBC e Santander, cada um com suas

políticas próprias, recentemente passaram a incorporar em seu marketing a proposta de contribuição para a melhoria das relações sociais, além de desenvolverem programas de sustentabilidade ambiental através de seus institutos de fundações.

Recentemente, a rede varejista Wall Mart foi destaque no ranking de

empresas sustentáveis publicado por uma revista de circulação nacional por liderar um acordo entre varejistas, o Greenpeace e grandes frigoríficos para deixar de adquirir carne produzida em fazendas da Amazônia. A decisão se baseou no fato de a pecuária ser a maior responsável pelo desmatamento na região.

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Contraditoriamente, o ranking destaca empresas que mantêm um discurso de sustentabilidade meramente de fachada, como é o caso da Brasil Foods, que responde a inúmeros processos movidos pelo Ministério Público do Trabalho devido à imposição de condições desumanas de trabalho aos seus funcionários.

Portanto, antes de afirmar que determinada empresa ou seu projeto é

sustentável, devemos avaliar de forma crítica o seu comprometimento com a preservação dos recursos ambientais de maneira integrada com o bem-estar social, a começar pelos seus colaboradores e funcionários.

Casas com consumo zero de energia

Casa Arco é apenas uma das modalidades de construções do projeto

Empreendimento de Energia Zero (BedZed), que desde 2002 promove a construção de conjuntos residenciais sustentáveis no Reino Unido, China, Portugal e França.

Foto: RuralZed/Divulgação

A ocupação dos espaços urbanos de forma sustentável e planejada é

possível e isso não representa gastos astronômicos ou projetos incompatíveis com a praticidade.

É o que ensina um projeto em desenvolvimento desde 2002 no Reino

Unido na construção de residências e condomínios sustentáveis, com soluções simples e de baixo custo. Os resultados em termos ambientais e sociais são tão significativos que seus arquitetos já estão desenvolvendo projetos para outros países.

Trata-se do Beddington Zero Energy Development (BedZed), que

significa Empreendimento de Energia Zero. Os condomínios são pensados desde a sua construção para provocar menos impacto ao meio ambiente.

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O BedZed é desenvolvido pela incorporadora inglesa Peabody Trust em parceria com o BioRegional, grupo especializado em meio ambiente, a partir do projeto do arquiteto Bill Dunster. Os projetos de moradia sustentável tem feito sucesso no Reino Unido e já estão em desenvolvimento na China, Portugal e França.

As casas proporcionam zero ou baixa emissão de carbono e se

destacam por colocar em prática o conceito de vida ecologicamente correta com conforto e de forma rentável em qualquer lugar do planeta.

Os critérios de ocupação do bairro ecológico são bem definidos. O

projeto-piloto do BedZed, localizado em Sutton, nas proximidades de Londres, começou a ser ocupado em 2002 com base na filosofia de composição heterogênea concebida pelos seus criadores.

O bairro é ocupado à razão de um terço para cada classe social. Um

terço dos habitantes pertence às classes mais desfavorecidas, outro terço à classe média e o outro terço à classe alta. Segundo seus idealizadores, isso promove a integração das populações mais carentes na vida social e à filosofia ecológica do bairro.

A proposta de reduzir o gasto de energia já começa com a construção

das casas, que é feita com materiais adquiridos nas proximidades do empreendimento para que não seja necessário gastar nem poluir com o transporte. Também são utilizados materiais reciclados e a mão de obra é local.

O projeto leva em conta o rigoroso inverno da Inglaterra e utiliza

técnicas simples e eficientes para reduzir o consumo de energia. Como clima é muito frio, todas as residências precisam de sistemas de aquecimento. Isso, num projeto não sustentável, representa alto consumo de energia e custos para sua manutenção. No BedZed, as casas são projetadas para permanecer a uma temperatura média de 18 graus centígrados.

Para isso, são utilizados materiais térmicos na construção das casas,

especialmente as paredes, que retêm e liberam calor de forma gradual. As paredes contêm isolantes térmicos entre as camadas de concreto. Toda fonte de calor dos equipamentos da casa e até mesmo a liberação de calor das pessoas são aproveitadas para manter o aquecimento da casa devido à eficiência do sistema de isolamento.

No caso de elevação da temperatura durante o verão, a circulação do

ar é favorecida pela simples abertura das janelas. Os telhados são equipados com ventiladores refrescam a residência durante o verão e, no inverno, utilizam a pressão do vento para aumentar o aquecimento do ambiente.

Essas técnicas representam uma economia de 90% de energia em

relação a uma casa convencional, pois tudo que é consumido vem de fontes

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renováveis. A energia elétrica é produzida por uma usina que tem como combustível os restos de madeira.

A água coletada das chuvas é utilizada para descarga nos sanitários,

que são reguláveis. Essas medidas combinadas com outras estratégias proporcionais à redução do consumo de água de 150 litros para 60 litros por pessoa.

Outras vantagens da Ecovila: Redução dos impactos ambientais, de consumo de água, energia

elétrica e gás. Um cômodo da residência é subsidiado pelo governo para

proporcionar moradia digna a quem não tem condições financeiras de bancar uma residência, e outro é destinado à ocupação, com custo reduzido, para os profissionais que são essenciais para o bem estar da comunidade: professores, médicos, hidráulicos, eletricistas.

Como a Ecovila fica próxima à estação do metrô, quase metade dos

moradores dispensa o carro e utiliza a bicicleta. Quando o uso do carro é inevitável, basta utilizar um dos veículos abastecidos com eletricidade. Os carros são liberados mediante inscrição prévia, agendamento e pagamento de uma taxa e ficam à disposição nos estacionamentos, onde são devolvidos depois do uso.

Ranking das empresas verdes As empresas de tecnologia que mais se empenham em implementar

políticas com vistas à preservação do meio ambiente são a Nokia, a Sony e a Toshiba, de acordo com o ranking Greener Electronics, mantido pelo Greenpeace.

Apesar dos avanços demonstrados por algumas corporações, a

maioria delas tem um baixo comprometimento com as questões socioambientais.

Em uma escala de zero a dez, a ONG atribuiu valores às empresas

analisadas no que se refere às ações para reduzir a eliminação de produtos químicos durante a fabricação dos seus produtos, descarte consciente e reciclagem de baterias e pilhas utilizadas nesses produtos.

Confira a seguir, as empresas destacadas pela avaliação, que se

utiliza das informações publicadas pelas próprias empresas, bem como a pontuação alcançada:

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A Nokia, com nota 7,3, é a primeira colocada em razão das políticas adotadas para redução da emissão de resíduos tóxicos na fabricação dos seus produtos. A empresa perdeu pontos na avaliação do consumo de energia.

Na Sony Ericsson, nota 6,9, ficou em segundo lugar porque, apesar

de ter aprimorado os sistemas de eliminação dos resíduos tóxicos que utiliza na fabricação dos seus produtos, deixou a desejar no que se refere à reciclagem.

A Toshiba obteve a pontuação de 5,3. Apesar de uma maior eficiência

na eliminação de resíduos tóxicos nas suas fábricas, demonstrou comprometimento insuficiente em relação a práticas ambientalmente sustentáveis.

A holandesa Philips (5,3 pontos) liderou um lobby contra a inclusão de

substâncias tóxicas na legislação ambiental. A Apple, com nota 5.1, vem apresentando melhorias nas suas

políticas ambientais, especialmente na eliminação de resíduos durante o processo de fabricação dos seus produtos.

Com pontuação igual à Apple, a LG Electronics vem adiando suas

políticas de eliminação de resíduos tóxicos, assim como a Sony, a Motorola e a Samsung – esta pouco comprometida com as políticas de regulação das substâncias tóxicas.

A Microsoft (2,4), não apoiou qualquer mudança na legislação relativa

às substâncias tóxicas e a Nintendo (a última do ranking, com nota 1,4) não mantém ações ou políticas de proteção ao meio ambiente.

3.3 – Como desenvolver um programa de sustentabilidade em

sua empresa

O surgimento de novos modos de produção e inúmeras oportunidades

de desenvolvimento econômico ao longo das últimas décadas, com o

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advento das novas tecnologias e da globalização, mudaram definitivamente o mundo corporativo.

A busca cada vez maior de oportunidades de investimento e lucro

pelas empresas nesse universo de grande aceleração financeira levou, sem dúvida, ao desenvolvimento da economia em nível mundial.

Esse crescimento econômico, no entanto, não contou com a

contrapartida nos planos de desenvolvimento social e ambiental em nível planetário.

Aumentou a concentração de renda e a diferença entre pobres e

ricos, agravou-se o conflito pela terra e a concentração demográfica nos grandes centros urbanos, assim como cresceram os problemas de trânsito e transporte, de geração de energia e de acompanhamento da infraestrutura.

No aspecto ambiental, a intensidade do consumo desenfreado dos

recursos naturais, a geração de resíduos em grande escala e a poluição provocam desequilíbrios que já ameaçam a sobrevivência no planeta.

Essa conjuntura forjou uma nova cultura corporativa, na qual as

empresas devem desempenhar um papel que já não se restringe à sua atuação no mercado, mas é parte de uma sociedade global, com responsabilidades a serem assumidas em busca de um mundo melhor para as gerações atuais e futuras.

A Sustentabilidade Corporativa é um movimento que busca o

reposicionamento do setor empresarial e industrial, de comércio e de serviços frente a esse cenário. É necessário assumir um novo posicionamento em um mundo em transformação.

A gestão como foco na Sustentabilidade Corporativa associa os

objetivos do empreendimento com ações e políticas de defesa do meio ambiente e com a promoção da justiça social. Esses três objetivos passam a ter igual importância na atuação da empresa.

O processo de inserção dos valores da Sustentabilidade Corporativa

deve atingir todas as atividades da empresa, como veremos a seguir: A empresa deve consolidar uma visão de sustentabilidade

corporativa. Na prática, essa visão passa pela discussão sobre qual o patamar de lucro é compatível com os objetivos do empreendimento e se essa meta está dentro de uma atuação sustentável, isto é, se esse lucro é condizente com a sustentabilidade ambiental e social.

Essa visão depende do grau de inserção da empresa nessa nova

ordem, da percepção dos seus gestores sobre a importância da sustentabilidade.

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Uma cultura de Sustentabilidade Corporativa requer planejamento e execução de ações e políticas com vistas à preservação ambiental de forma efetiva e que inclua todos os públicos envolvidos nas atividades da empresa, quer seja o público interno (funcionários), quer sejam os consumidores e a comunidade da área ou áreas de atuação.

O processo deve ter grande protagonismo das lideranças para obter

êxito. Da sensibilização dos líderes e gestores depende a sensibilização de todos em relação à sustentabilidade.

O planejamento pode recorrer às consultorias para a elaboração de

um estudo sobre qual o melhor plano de Sustentabilidade Corporativa a ser adotado pela empresa e quais políticas mais adequadas ao seu perfil empresarial de forma a compatibilizar competitividade, sustentabilidade e justiça social.

A promoção da responsabilidade em todos os procedimentos da

empresa deve ter uma equipe responsável pela implementação dessas ações e políticas.

A empresa poderá criar um núcleo de sustentabilidade, um instituto ou

uma fundação para gerir a sustentabilidade, mas o sucesso do projeto, com a adesão de todos e a boa comunicação das realizações dependerá da equipe responsável.

Por sustentabilidade, entendemos todas as ações ecologicamente

corretas, mas também aquelas promotoras da justiça social, a começar pelo ambiente empresarial. Assim, a equipe de trabalho deverá investir nas iniciativas para melhorar o relacionamento interpessoal dos funcionários, aprimorar o relacionamento com fornecedores, clientes e consumidores.

Essas ações poderão ser integradas com iniciativas como a avaliação

do impacto ambiental e social das iniciativas empresariais, seja o lançamento de um novo produto ou a implantação de uma nova unidade, por exemplo.

Ou ainda aliadas a projetos de sustentabilidade, como o plantio de

árvores no bairro, o incentivo à reciclagem, campanhas de solidariedade, arrecadação de alimentos ou promoção de atividades integradoras dos funcionários, familiares e comunidade nas datas especiais.

Independente da dimensão do projeto de sustentabilidade a ser

desenvolvido, ele sempre posicionará a empresa de maneira positiva perante os públicos internos e externos desde que bem coordenados e executados pela equipe responsável.

É importante a inclusão de funcionários de diferentes áreas da

empresa nesta equipe para que as práticas de sustentabilidade sejam incorporadas no dia a dia da empresa.

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O grupo de trabalho deverá atuar de forma sistemática e efetiva,

evitando assumir postura burocrática ou estranha ao cotidiano da empresa. Suas atribuições são a articulação da sustentabilidade corporativa e isso requer a mobilização de todos os setores.

Acrescente-se aos exemplos de práticas ambientalmente sustentáveis

ainda a mudança de comportamento dos funcionários e gestores em relação à economia de água, energia, papéis, a substituição de materiais ou produtos poluentes ou não recicláveis por aqueles ecologicamente corretos e o reaproveitamento de resíduos, a depender da estrutura e do tamanho da empresa.

O primeiro passo para a criação de um programa de sustentabilidade

deve ser a avaliação do comportamento e das práticas adotadas atualmente. Essa avaliação pode ser feita por meio de indicadores próprios ou adotando os indicadores de sustentabilidade criados por instituições especializadas em meio ambiente.

A partir desses referenciais será possível medir as mudanças obtidas

e estabelecer metas de aprimoramento. A etapa inicial mobiliza a equipe de trabalho envolvida na sustentabilidade e também pode incluir fornecedores, pessoas da comunidade e consumidores.

Assim, é possível ampliar o diagnóstico sobre qual imagem a empresa

tem passado para os mais diversos públicos para então poder programar ações efetivas.

Depois de definir o que queremos mudar, inclusive rompendo

paradigmas e propondo novas formas de fazer, devemos investir nos rumos a serem tomados, estabelecendo a missão, os valores, os princípios e os códigos de conduta que irão nortear a empresa a partir de agora.

Deverá ser elaborado um plano estratégico para a implantação e o

aprimoramento da cultura sustentável na empresa. Nele são definidos os objetivos e metas a serem atingidos no curto, médio e longo prazos, os programas de qualificação e capacitação interna e externa, as formas de participação de todos os setores da empresa.

O Plano Estratégico também deverá conter o projeto de comunicação

permanente com todos os envolvidos e com os públicos a serem atingidos pelas ações de sustentabilidade, bem como indicadores que permitam o controle e a avaliação de todos os passos do programa.

Em seguida, virá o estágio mais importante do processo de

implantação de um programa de Sustentabilidade Corporativa, que consiste em colocar em prática o Planejamento Estratégico. As ações devem ser monitoradas constantemente de acordo com os critérios de avaliação adotados.

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Os indicadores selecionados devem ser comparados com os da avaliação inicial e, dependendo dos resultados, a visão de sustentabilidade da empresa poderá ser redimensionada.

Lembre-se que o conceito de sustentabilidade empresarial está

sempre em atualização e readequação e as estratégias do projeto também precisam se readequar à realidade.

Aqui é importante salientar que a equipe envolvida no projeto de

sustentabilidade da empresa deverá estar sempre em constante atualização dos seus conhecimentos sobre o tema para propor estratégias ou rever metas em consonância com a realidade.

A atuação da empresa com vistas à sustentabilidade corporativa

depende de ferramentas de comunicação apropriadas a cada um dos públicos que pretende atingir. Lembre-se que é importante desenvolver laços com o público externo e com outras empresas e instituições de interesse para firmar parcerias que assegurem a visibilidade do projeto.

A comunicação também atua na prestação de contas à sociedade

sobre a responsabilidade socioambiental da empresa, contribuindo para que sua marca seja cada vez mais associada a uma instituição que atua em defesa do meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas.

3.4 – Princípios da governança corporativa Por governança corporativa, entendemos os processos necessários

para a gestão e o controle de uma empresa. Quando conduzida de forma correta, a governança corporativa é uma importante ferramenta para o desenvolvimento econômico sustentável, pois assegura melhorias no desempenho corporativo e favorece o acesso aos investidores.

A prática da boa governança corporativa favorece o acesso aos

investimentos em todos os sentidos por ser uma política reconhecidamente bem sucedida na condução de uma empresa.

Sua adoção é um indicativo de probidade, o que facilita o acesso a

fontes de financiamento, seja investidores locais, nacionais ou internacionais, do setor público ou privado.

Além disso, as empresas que adotam a boa governança obtêm uma

melhor classificação no mercado na comparação com as que apresentam gestões deficitárias.

O investimento em melhorias nas estruturas e nos métodos de

governança processo de tomada de decisão e favorecem o crescimento no longo prazo. Essa é uma premissa que vale para toda e qualquer empresa.

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As finalidades das boas práticas de governança corporativa consistem em manter e ampliar o valor das organizações, capacitá-la e credenciá-la para o acesso ao capital e criar as condições favoráveis à manutenção da longevidade da empresa, ou seja, mantê-la atuante no mercado por mais tempo.

Os princípios básicos da boa governança corporativa são a

transparência, a equidade, a prestação de contas, a responsabilidade corporativa.

A diferença da boa governança corporativa em relação às outras

formas de gestão no que se refere à prestação de contas está não apenas na obrigação de informar, mas no desenvolvimento de uma cultura empresarial que mantém a disposição disponibilizar as informações relevantes.

Ou seja, a boa governança se caracteriza pela prestação de contas

como ferramenta de gestão e não para o mero cumprimento de disposições, legislação ou regulamentos.

A boa governança corporativa é caracterizada ainda pelo tratamento

justo a todos os sócios e interessados, rejeitando toda e qualquer forma de discriminação.

Todos os agentes da Governança, inclusive os integrantes dos

conselhos Fiscal e Administrativo devem atuar em favor da transparência e se responsabilizar pelos resultados das suas ações no exercício dos seus mandatos.

Aos conselheiros e executivos cabe a responsabilidade pela

longevidade da organização e condução das políticas de ordem social e ambiental de longo prazo na sustentabilidade da empresa.

3.5 – No que consiste a política de redução da emissão de

carbono? O sistema de créditos de carbono foi criado como forma de

compensar a emissão de gases que aumentam o efeito estufa. A proposta estimula as nações a revisarem suas políticas industriais de forma a reduzir a poluição atmosférica e desacelerar o aquecimento climático.

O programa instituiu um certificado com emissão pelas agências de

proteção ao meio ambiente para atestar que houve redução na emissão de gases do efeito estufa. A quantidade de emissão de carbono reduzida equivale à quantidade de créditos concedidos.

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Uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) é equivalente a um crédito de carbono. Conforme o que foi convencionado, outros gases que agravam o efeito estufa também são passíveis de conversão por créditos de carbono. Para isso, é utilizado o conceito de carbono correspondente.

Os certificados são negociados como quaisquer outros papéis no

mercado internacional. Mas como a redução na emissão de gases de efeito estufa passou a ser muito valorizada, esses certificados alcançam altos valores monetários.

Existem muitas formas de uma empresa obter os certificados de redução na emissão de carbono como investir em reflorestamento, reduzir as emissões de gases provenientes do consumo de combustíveis fósseis, a troca de combustíveis fósseis (gasolina e óleo diesel) por fontes de energia limpa.

As fontes de energia são a eólica, a solar, a biomassa, as pequenas

centrais elétricas. Também conta o reaproveitamento das emissões que seriam liberadas na atmosfera, como o metano liberado por aterros sanitários para produzir energia.

Os acordos internacionais convencionaram que os países

desenvolvidos têm cotas maiores para a emissão de gases que aumentam o efeito estufa, mas devem instituir leis para reduzir internamente a emissão.

Os países, incluindo suas indústrias, que romperem os limites de

emissão de gases de efeito estufa estabelecidos nos acordos devem adquirir os certificados de crédito de carbono.

Da mesma forma, os países ou empresas que obtiverem a redução

das suas emissões de gases poderão vender o seu excedente de não emissão de carbono para os países e suas indústrias que excederam os limites de emissão. A transação é feita por meio das bolsas de valores.

Entre os regramentos do mercado de carbono existe o critério de

adicionalidade, que determina que, para obter um certificado, um projeto de reflorestamento deve capturar dióxido de carbono da atmosfera ou, no caso da eficiência energética, impedir que sejam lançados gases de efeito estufa na atmosfera.

A proposta da emissão de certificados é instituir regras para

neutralizar a emissão de gases poluentes e não o estímulo para que os países e suas indústrias provoquem mais poluição, como chegou a ser criticado.

Ocorre que entre os objetivos do programa está a tentativa de fazer

com que os países que mais poluem reduzam as suas emissões, além de fazer com que o mercado de carbono estimulasse os países em fase de desenvolvimento a preservar suas reservas florestais, acabando com as queimadas, mediante um ganho financeiro pelos esforços nesse sentido.

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De fato, o mercado de carbono não impediu que algumas empresas seguissem destruindo suas florestas, apesar dos alertas sobre os riscos de superaquecimento do planeta pela emissão desenfreada de gases que aumentam o efeito estufa.

A possibilidade de lucro com a venda de créditos de carbono

decorrentes da redução das emissões também não foi suficiente para sensibilizar um grande contingente de indústrias.

Os Estados Unidos, maior emissor de gases venenosos na atmosfera

e o que mais contribui com a emissão de gases de efeito estufa no planeta, não ratificaram o Protocolo de Kyoto, que institui o programa de créditos de carbono por não aceitar os limites impostos para a emissão em seu território.

Muitos outros países, mesmo os que assinaram o acordo, seguem

violando os princípios relativos à emissão de carbono por permitirem ou se omitirem em relação à queima indiscriminada de suas reservas florestais e por não instituírem políticas de estímulo à redução na emissão de gases pela indústria.

Tópicos relacionados

Os créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certificados emitidos pelas agências reguladoras do meio ambiente para uma empresa ou país que reduziu a emissão de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera.

Cada tonelada de dióxido de carbono (CO2) que a empresa deixa de emitir corresponde a um crédito de carbono. Os créditos de carbono podem ser negociados no mercado internacional.

Se a empresa reduzir a emissão de outros gases que provocam o aumento do efeito estufa, ela também pode converter essa emissão em créditos de carbono. Para isso, é utilizado o conceito de Carbono Equivalente.

Uma empresa ou país que compram créditos de carbono na bolsa de valores estão adquirindo o direito de emitir GEE na atmosfera, a um preço inferior ao valor da multa que deveria ser paga pelo emissor por ser um emissor de GEE. Podemos dizer que, ao comprar créditos de carbono, o emissor está reduzindo o valor da multa a ser paga ao poder público.

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O mercado de carbono e o Protocolo de Kyoto O agravamento das questões ambientais por ocasião das primeiras

manifestações de cientistas sobre os efeitos provocados pelos gases de efeito estufa, que provocam uma elevação artificial na temperatura do planeta, fez com que os países membros da Organização das Nações Unidas assinassem um acordo para o controle sobre as ações humanas que provocam alterações no clima. Assim nasceu o Protocolo de Kyoto, assinado em dezembro de 1999.

Pelo Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos que o assinaram se

obrigam a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 5,2% na comparação com o ano de 1990. A meta deveria ser cumprida entre 2008 até 2012.

Os Estados Unidos, maior emissor de GEE do planeta, não assinaram

o Protocolo, assim como se ausentaram ou impuseram seus interesses em outros acordos planetários referentes à preservação do meio ambiente.

Esses quatro anos foram estipulados como primeiro período de

compromisso, com medidas flexíveis para não comprometer as economias desses países. Assim, parte da redução pode ser obtida mediante negociações entre países utilizando-se de instrumentos de flexibilização previstos no acordo.

Entre os dispositivos que flexibilizam as metas de redução das

emissões está o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). A unidade de crédito de carbono do MDL chama-se Redução Certificada de Emissão (RCE) e cada RCE corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono.

Os países da União Européia, além de assumirem as metas de

redução das emissões de GEE entre 2008 e 2012, estabeleceram outro acordo para a redução, entre 2002 e 2007, criando o Regime Comunitário de Licenças de Emissão da União Européia.

Pelo Regime, as permissões para a emissão das indústrias podem ser

objeto de negociações entre os países da Comunidade Européia. Os créditos obtidos por meio de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) podem também ser utilizados para reduzir parcialmente as emissões de GEE.

Também houve a adesão de empresas e setores da economia que

não tinham a necessidade de reduzir suas emissões com base no Protocolo de Kyoto, ou mesmo algumas empresas de países que não assinaram o Protocolo, algumas norte-americanas.

Essas empresas podem comercializar as reduções de emissões nos

mercados voluntários. Em Chicago, foi criada a Bolsa do Clima, exemplo desse mercado voluntário.

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O que são gases de efeito estufa (GEE)

Infografia: Gilson Camargo/ Agência Carta

Em condições naturais, o efeito estufa é um fenômeno provocado pela

concentração de gases na atmosfera que têm a propriedade de reter parte da radiação do Sol para manter a estabilidade da temperatura na Terra.

Sem essa proteção, a temperatura no planeta sofreria uma redução

de até 33 graus centígrados, inviabilizando a sobrevivência de qualquer espécie.

Os gases de efeito estufa correspondem a 1% da atmosfera. A

atividade humana, entretanto, vem interferindo de forma cada vez mais intensa na concentração desses gases. A emissão em larga escala desses gases intensifica o aumento do efeito estufa, ou seja, provoca um aumento artificial na retenção de calor. Com isso, ocorrem as mudanças climáticas e o aquecimento global de forma desordenada.

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O efeito estufa é naturalmente causado pela concentração, em maior quantidade, de vapor de água na atmosfera. Mas a sua concentração não aumentou devido à atividade humana.

Os seis principais gases cuja concentração na atmosfera ocorre de

forma artificial, ou seja, é provocada pela atividade industrial e a agricultura, aumentando o efeito estufa, conforme estabelecido pelo Protocolo de Kyoto são o dióxido de carbono (CO2), o óxido nitroso (N2O), o metano (CH4), o hidrofluorcarboneto (HFC), o perfluorcarboneto (PFC) e o hexofluorsuforoso (HS6).

Os principais países emissores de gases que aumentam o efeito

estufa são os Estados Unidos, a China, Rússia, Brasil, Índia, Japão, Alemanha, Tanzânia, Canadá, Reino Unido, Austrália, França, Indonésia e México.

O CO2 é o Dióxido de Carbono e o CO2 e é o Dióxido de Carbono

Equivalente. O CO2 e é uma denominação que foi adotada para identificar a emissão que envolve vários gases causadores do efeito estufa. Quando há vários gases envolvidos no fenômeno, é necessário convertê-los a uma mesma base de cálculo, no caso, convencionada como CO2.

Esse gás é provocado pela queima de petróleo, gás natural, carvão, e

também pelas queimadas e pelo corte de florestas. O óleo diesel é o combustível que mais emite CO2, desde a extração até a combustão.

Dióxido de Carbono (CO2) Responsável por 64% do efeito estufa. A emissão diária é de 6

bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera, onde o gás permanece de 50 a 200 anos. Fonte: Queima de petróleo, gás natural e carvão, queimadas e cortes de árvores.

Clorofluorcarbono (CFC) Responsável pela destruição da camada de ozônio, contribui com

10% do efeito estufa. Origina-se de sprays, motores de aviões e de plásticos e solventes utilizados na indústria eletrônica. Permanece de 50 a 1.700 anos na atmosfera.

Metano (CH4) Responde por 19% do efeito estufa. É produzido pelas plantações de

arroz, pelo gado bovino e pelos lixões. Seu tempo de duração na atmosfera é de 15 anos.

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Ácido nítrico (HNO3) É liberado pela combustão de madeira e de combustíveis fósseis, pela

decomposição de fertilizantes químicos e por micróbios. Responde por 6% do efeito estufa.

Os Gases de Efeito Estufa (GEE) e os créditos de carbono Para melhor entendimento da relação entre a emissão de GEE e os

créditos de carbono, devemos considerar que cada tonelada de CO2 equivalente corresponde a um crédito de carbono. O CO2 equivalente resulta da multiplicação das toneladas de emissão de GEE pelo seu potencial de aquecimento da atmosfera, que equivale a 1.

Esse potencial de aquecimento global do gás metano corresponde a

21 vezes o potencial do CO2. Assim, 21 é o CO2 equivalente do metano. Uma empresa que consiga reduzir uma tonelada de emissão do gás metano obtém 21 créditos de carbono, por exemplo.

Para estender esse cálculo a outros Gases de Efeito Estufa,

relacionamos a seguir o potencial de aquecimento global dessas substâncias:

Óxido nitroso (N2O): 310 Hidrofluorcarbonetos (HFCs): 140 a 11.700 Perfluorcarbonetos (PFCs): 6.500 a 9.200 Hexafluoreto de enxofre (SF6): 23.900 Por que as empresas ‘compram’ os créditos de carbono Conforme salientamos no início deste subcapítulo, o sistema de

créditos de carbono foi criado com a proposta de compensar a emissão de gases responsáveis pelo aumento artificial do efeito estufa por meio de uma iniciativa que despertasse nas nações a decisão política de mudar seus processos industriais de forma a reduzir a poluição na atmosfera e os impactos decorrentes no aquecimento global do clima.

Assim, foi instituído um certificado que é emitido por agências de

proteção ambiental reguladoras para comprovar a redução na emissão de gases de efeito estufa. Os créditos recebidos por uma empresa ou país equivalem à quantidade de emissão de carbono que foi reduzida.

Para cada tonelada de dióxido de carbono (CO2) que uma empresa

deixar de emitir na atmosfera, ela terá direito a um crédito de carbono.

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Os certificados passaram a ser negociados nas bolsas de valores e a redução das emissões de gases agrega valor financeiro para conter a poluição. Assim as empresas passam a investir em projetos que reduzam as emissões, para poder vender seus créditos de carbono no mercado internacional.

Mas existem empresas e países que não conseguem atingir as metas

de redução das emissões estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto. Essas empresas são os compradores de créditos de carbono.

Elas se apropriam dos certificados de créditos de carbono obtidos

pelas empresas que conseguiram reduzir suas emissões e, mediante pagamento, comprovam uma não emissão de gases na atmosfera. Portanto, os créditos de carbono são certificados que autorizam a empresa a poluir.

O mercado de carbono movimenta atualmente cerca de 1,5 bilhão de

euros por ano. As atividades mais rentáveis são a substituição de óleo diesel ou carvão mineral em caldeiras por biomassa ou biodiesel, reflorestamento, captação do gás metano de aterros sanitários ou dos criatórios de suínos e a substituição total ou parcial do óleo diesel pelo biodiesel em geradores, ônibus, caminhões, tratores, trens e embarcações.

As negociações são feitas por intermédio das bolsas de valores ou de

forma direta entre as empresas. As empresas poluidoras adquirem dos empreendedores as toneladas de carbono sequestradas ou não emitidas por meio do Certificado de Redução de Emissões (CER).

Uma tonelada de carbono é negociada entre 20 e 50 euros, mas até

2012, quando a redução de 5,2% nas emissões se tornarem obrigatória, a tendência é de valorização crescente. A troca de uma tonelada de óleo diesel por biodiesel credencia a empresa a receber 3,5 toneladas de créditos de carbono.

3.6 – Como aumentar seus clientes e suas vendas utilizando-se

das práticas de sustentabilidade? A sustentabilidade é um conceito de fácil assimilação pelos mais

diversos públicos, pois parte do princípio de que os recursos naturais devem ser explorados somente até um patamar que permita a sua rápida reposição.

Essa premissa vem sendo considerada por inúmeras empresas como

estratégia para o crescimento e a assimilação das suas marcas, ao mesmo tempo em que cresce o contingente de consumidores conscientes, que optam pelo consumo de produtos e serviços ecologicamente corretos.

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Para ser bem sucedida, a estratégia empresarial focada na sustentabilidade deve propor a ir além de um mero apelo publicitário. Somente colocando em prática ações efetivas de preservação do meio ambiente e de envolvimento da comunidade onde atua, é que a empresa obterá êxito, o reconhecimento do mercado e a adesão dos consumidores cada vez mais atentos às empresas sustentáveis.

O primeiro passo para criar uma identidade sustentável é adotar

práticas coerentes com a preservação dos recursos no dia a dia da empresa. Comece pela substituição de materiais descartáveis ou com potencial poluente. Substitua os copos de plástico de café e água por aqueles feitos de materiais recicláveis amplamente ofertados no mercado e com grande apelo ecológico e baixo custo.

O papel produzido por processos de branqueamento comumente

utilizado nas copiadoras ou impressoras podem ser substituídos por papel ecológico sem prejuízo da qualidade e sem aumentar os custos.

Os fornecedores de materiais de escritório estão se adaptando

rapidamente a essa tendência ao adequar os custos para que, ao adquirir produtos ecológicos, as empresas não paguem mais por isso ou mesmo economizem pagando menos.

A sustentabilidade é um tema amplo e, no ambiente corporativo,

permite o planejamento de inúmeras possibilidades de ações com vistas ao crescimento econômico da empresa e ao bom posicionamento da sua marca frente à sociedade.

Assim, além de proporcionar a economia real no dia a dia da empresa

por meio da mudança dos hábitos de consumo no ambiente corporativo, a ideia de Sustentabilidade se estende a projetos sociais de grande impacto na comunicação da empresa com o seu mercado.

Valor de sustentabilidade Associar a marca da empresa à sustentabilidade por meio de projetos

próprios ou da associação ou patrocínio de iniciativas de outras empresas ou entidades são estratégias que proporcionam um excelente resultado para o empreendimento.

Pode ser um pequeno projeto de caráter prático como acumular

jornais e papeis e vendê-los aos depósitos de reciclagem ou o envolvimento em uma iniciativa em escala industrial como reduzir a emissão de gases de efeito estufa de uma indústria e ingressar no mercado de capitais para adquirir créditos de carbono.

Independente da dimensão do projeto de sustentabilidade, sua

empresa colherá bons resultados em todos os sentidos.

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Vejamos exemplos de projetos que podem ser executados e que têm sido colocados em prática por inúmeras empresas, inclusive as de pequeno porte, com pequenos investimentos e resultados surpreendentes.

Mutirão atua no recolhimento de lixo depositado nas margens de rios, uma

iniciativa cada vez mais apoiada por empresas e instituições Fotos:Associação Brasileira para o Desenvolvimento De Lideranças (ABDL)/

Divulgação

Adoção de espaços verdes Adotar jardins, praças e ruas arborizadas e providenciar a sua limpeza

e conservação são projetos simples, que requerem um pequeno investimento e mantém a marca da empresa em evidência e associada a uma prática sustentável.

É necessário firmar um termo de compromisso ou convênio com o

poder público para colocar em prática essa idéia. Efetivada a adoção, basta providenciar placas a serem anexadas em locais estratégicos do local adotado e providenciar a sua limpeza e conservação periódica.

A contratação de um jardineiro somente será necessário se o espaço

for grande o suficiente para demandar um trabalho semanal. Do contrário, o serviço pode ser prestado de forma avulsa ou mesmo envolver o corpo de funcionários da empresa.

Nesse caso, estaremos agregando um outro valor à iniciativa, que é a

mobilização dos colaboradores para uma prática associada ao bem estar da comunidade.

Para agregar mais valor à iniciativa, faça a sua divulgação

internamente e também ao público externo. A adoção de espaços públicos costuma ter boa receptividade pelos meios de comunicação. Assim, proponha matérias sobre esse tema aos jornais locais partindo da experiência da sua empresa.

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Ela certamente será identificada como incentivadora de boas práticas ambientais, o que proporcionará novas parcerias e se refletirá na adesão de clientes e consumidores aos serviços e produtos por ela oferecidos. Afinal, o consumidor está cada vez mais consciente da sua responsabilidade em relação ao meio ambiente e isso faz com que a maioria das pessoas se identifique com as marcas ecologicamente corretas.

Reciclagem de resíduos Uma oficina que atua na retificação de motores de automóveis, por

exemplo, pode fazer um pequeno investimento e contribuir de forma efetiva com a preservação ambiental. Para isso, basta construir na própria empresa uma pequena central de reciclagem dos resíduos de óleo que resultam da lavagem dos motores desmontados.

Essa prática deve ser orientada por procedimentos técnicos de

conhecimento do ramo e que não serão detalhados nesse exemplo. A técnica é simples e se utiliza de tanques de reciclagem de resíduos.

O primeiro passo é canalizar a água resultante da lavagem do motor

para um tanque de concreto equipado com areia. Normalmente, o espaço reservado para a limpeza já possui uma canalização no concreto do piso para o direcionamento da água em direção ao esgoto.

Para iniciar o processo de depuração dessa água, basta adaptar o

escoamento e canalizá-lo para o reservatório. Este consiste em um tanque de concreto onde a água contaminada com óleo permanece depositada até que os sedimentos de gordura assentem no fundo, junto com a areia.

No final do processo, a água livre de óleo pode ser reutilizada para a

lavagem de outros motores. Os resíduos de óleo são depositados em tonéis para recolhimento pela empresa de reciclagem credenciada no órgão ambiental para a destinação final.

Assim, com um pequeno investimento, a oficina estará provocando

menos impacto ambiental, pois os seus resíduos chegarão ao destino final para reciclagem com um potencial menor de contaminação e ainda estará economizando água por meio da reutilização da água tratada.

Assim como esses dois exemplos, são inúmeras as possibilidades

que se apresentam quando a proposta é a sustentabilidade corporativa. Diariamente, os meios de comunicação abordam o tema com

matérias sobre empresas que investem em iniciativas ambientais, obtendo ganhos institucionais e bons resultados financeiros. Se esse for o caso da sua empresa, pesquise a melhor alternativa e veja o que está sendo feito para planejar a sua ação de sustentabilidade.

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A seguir, veremos alguns cases de empresas que obtém um ganho real frente à sociedade com o desenvolvimento de projetos sociais e de sustentabilidade ambiental.

Resultados nos negócios Os projetos de sustentabilidade das empresas estão cada vez mais

focados nos resultados. Avon, Bradesco Capitalização e Carrefour são exemplos de empresas bem sucedidas em suas iniciativas nesse setor.

Conseguem aliar projetos voltados para a preservação do meio

ambiente com a lucratividade. Em agosto deste ano, as três marcas foram destaque da premiação Top Social, realizada pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) de São Paulo.

Nos últimos quatro anos, a empresa de capitalização do Bradesco

ampliou de 1 milhão para 2,1 milhões o total de crianças atendidas pela renda gerada com as vendas do título Pé Quente Bradesco Instituto Ayrton Senna. Esse projeto destina parte dos recursos arrecadados aos programas educacionais que o instituto desenvolve em todo o país.

Já o Carrefour, que tem 75% dos seus negócios direcionado para a

venda de alimentos, desenvolve ações de sustentabilidade e o acesso à alimentação, atingindo ganhos em distribuição e eficiência operacional com um programa de doações de alimentos sem valor comercial.

O projeto é desenvolvido com a participação dos funcionários dos 34

pontos de venda e um centro de distribuição. A rede mantém parceria com dez bancos de alimentos, totalizando a doação de 182 toneladas de alimentos.

A rede de cosméticos Avon arrecada R$ 25 milhões somente com a

comercialização de produtos relacionados às campanhas em favor do combate ao câncer de mama e à violência contra a mulher e destina parte da renda a hospitais e às ações de mídia para divulgar o projeto.

A perspectiva dessa iniciativa é o aspecto social da sustentabilidade,

sem uma vinculação direta com a preservação ambiental.

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Unidade 4 – Práticas de sustentabilidades realizadas no dia a dia Nesta Unidade veremos como é possível adotar práticas de

sustentabilidade no nosso cotidiano, seja em nossa casa ou no ambiente de trabalho.

A reciclagem de materiais, que representa um grande passo na

mobilização pela preservação do meio ambiente, depende da separação dos materiais nas residências e nas empresas também é possível agir de forma sustentável no nosso dia a dia.

Esses são apenas alguns exemplos da sustentabilidade na prática. 4.1 – Política dos 3 Rs – reduzir, reutilizar e reciclar A produção de lixo pela humanidade aumentou consideravelmente

com a crescente modernização dos métodos e processos industriais e a predominância do consumo de alimentos industrializados nas regiões metropolitanas das grandes cidades.

A coleta e a destinação de resíduos são um problema que mobiliza

grande parte dos recursos e das iniciativas do poder público, sem com isso reduzir os danos ambientais.

Os lixões proliferam e a reciclagem, apesar de ser uma prática cada

vez mais recomendada e adotada, não faz parte da rotina de milhões de pessoas nos grandes centros urbanos, transformando o lixo num dos maiores problemas do mundo contemporâneo.

Sabemos que toda atividade humana produz lixo, portanto, seria

impossível eliminar completamente esse problema. É possível, no entanto, reduzir a quantidade de lixo produzido por meio da adoção de políticas e práticas sustentáveis.

Vejamos a eficiente Política dos Três Erres. Trata-se de um conjunto de ações recomendadas pela Conferência da

Terra e pelo 5° Programa Europeu para o Ambiente e Desenvolvimento, que consistem em três ações práticas com vistas à redução dos impactos provocados pela produção de resíduos pela humanidade: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

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Reduzir – É a ação fundamental, em todas as instâncias da

sociedade, na gestão de resíduos com vistas à sustentabilidade. A quantidade de lixo produzido deve ser reduzida ao máximo por meio da aquisição e consumo de produtos mais resistentes e de maior durabilidade, recusando-se categoricamente os descartáveis, e dando preferência aos alimentos in natura e aos que utilizam embalagens recicláveis ou biodegradáveis.

É possível manter ou mesmo melhorar a qualidade de vida optando

por embalagens de papel ao invés de sacolas plásticas, guardanapos de pano ao invés dos de papel, racionalizar o consumo de alimentos e reduzir o consumo de produtos cuja produção ou processamento degradam o meio ambiente.

Reutilizar – O processo de industrialização criou a cultura de

consumo dos produtos descartáveis, uma prática cada vez mais disseminada com o advento da migração para as novas tecnologias, com resultados desastrosos para o meio ambiente. Por isso, é necessário reutilizar, sempre que possível, produtos e embalagens que possam ser reutilizadas.

Por exemplo, dar preferência às embalagens retornáveis em

detrimento das descartáveis. Cada produto ou objeto deve ser avaliado a partir das suas possibilidades de reutilização. Ao invés de colocar no lixo os livros didáticos que seu filho utilizou no ano passado, doe para alguma criança que está entrando na série correspondente.

Reciclar – Se não for possível reutilizar uma embalagem ou objeto,

devemos verificar as possibilidades de transformá-los em novos produtos ou matérias-primas. Isso é reciclagem. A reciclagem depende de outra ação que requer um alto nível de conscientização, que é a coleta seletiva.

Nela, acontece a separação dos resíduos que podem ser reciclados,

dando a correta destinação para o lixo seco (que pode ser reciclado) e para o orgânico (que deve ir para a compostagem para se transformar em adubo orgânico). É possível reciclar o papel, o plástico, o vidro, o alumínio, entre

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outros resíduos, para a produção de novos itens com esses materiais ao invés de retirar essa matéria-prima da natureza.

4.2 – A importância de diminuir o consumo de água A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu que o volume

ideal de água potável a ser consumido por uma pessoa por dia é de, no máximo, 50 litros, sem comprometimento da sua qualidade de vida e da sua saúde.

No entanto, estimativas apontam que os brasileiros e os canadenses

consomem, respectivamente, 200 litros e 600 litros de água potável diariamente, ao passo que 1,5 bilhão de pessoas sobrevivem sem água potável em todo o planeta.

Charge do cartunista israelense Yuri Ochakovsky

A escassez cada vez maior dos recursos hídricos tem provocado o

debate acerca de medidas para racionalizar o consumo, evitando a falta de água potável suficiente para suprir a humanidade em um futuro muito próximo.

Não faltam seminários, congressos, estudos e levantamentos sobre o

esgotamento das reservas de água potável num curto prazo, bem como as ONGs e estudiosos têm alertado que, em breve a água será causa principal de conflitos internacionais.

Em áreas do planeta como a África e o Oriente Médio, são reais os

conflitos e as tensões sociais pela posse da água. No Brasil, que detém 12% de toda a água doce superficial do planeta e onde, por isso, os recursos hídricos eram considerados inesgotáveis, são cotidianos os problemas de abastecimento.

Além da desigualdade no abastecimento, outra razão para as tensões

é a distância entre as fontes de água potável e os consumidores, como é o

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caso de algumas cidades americanas onde o abastecimento depende até da neve derretida no estado do Colorado.

Em outros locais, a degradação dos rios deixa grandes concentrações

populacionais a mercê do abastecimento vindo de outras localidades. Este é o caso de São Paulo que, cidade que é banhada por vários rios de águas que não servem para o abastecimento, e é obrigada a buscar água em locais distantes ou a alterar trajetórias de rios pra suprir a distribuição de água.

Nos últimos 10 anos, o volume de água distribuída aos brasileiros

apresentou um crescimento de 30%. Em contrapartida, a totalidade de água sem tratamento praticamente dobrou, saltando de 4% para 7,5%. Mas o indicador que mais chama a atenção é o relativo ao desperdício: nada menos que 45% do volume de água distribuída pelos sistemas públicos de abastecimento.

A poluição e o uso inadequado são os principais responsáveis pelo

comprometimento dos recursos hídricos em todo o país, que é o maior reservatório hídrico em rios do planeta.

Como já citamos anteriormente, o Brasil dispõe de cerca de 12% de

toda a água doce do planeta em seus rios e em seu território está localizado o maior rio do globo em termos de extensão e volume de água, que é o rio Amazonas.

Mais de 90% do território do país recebe grande volume de chuvas

durante o ano e suas características climáticas e geológicas favorecem a formação de uma enorme cadeia de rios. O problema do país, portanto, não é a falta de recursos hídricos, mas a distribuição desses recursos.

As regiões com reduzida taxa de concentração populacional como a

Amazônia detêm quase 80% de toda a água de superfície do país. Em contrapartida, o Sudeste, que concentra população mais densa conta com apenas 6% desses recursos.

De toda a água existente no planeta, somente 2,5% são de água

doce. Esse estoque seria suficiente para suprir até sete vezes o mínimo necessário para o consumo de cada habitante, mas ocorre que somente 0,3% desse percentual estão concentrados em rios e lagos com livre acesso para o consumo.

O restante, 2,2%, estão nos lençóis freáticos e nos aquíferos

subterrâneos, nas calotas polares, nas geleiras e na neve permanente existente no topo das montanhas de grande altitude, bem como nos pântanos.

Na prática, a escassez ocorre pela distribuição de forma desigual,

pelo aumento do consumo e do desperdício e ainda pela degradação da

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qualidade da água, especialmente nas áreas de grande concentração populacional, industriais e também na agricultura.

O uso de defensivos agrícolas e adubos químicos e orgânicos

atingem os reservatórios de água doce, deteriorando a qualidade da água e comprometendo a saúde da população.

VOLUME DA ÁGUA

A quantidade total de água é distribuída da seguinte maneira no planeta:

97,5% – Mares e oceanos.

2,5% – Água doce.

68,9% da água doce – Calotas polares, geleiras e neves eternas.

29,9% da água doce – Águas subterrâneas.

0,9% – Umidade do solo e pântanos. Fonte: Ministério do Meio Ambiente

As campanhas de racionamento da água nas regiões metropolitanas

das capitais brasileiras vêm sendo intensificadas e muitas vezes vêm acompanhadas de cortes intermitentes no abastecimento. São medidas para frear o consumo e conscientizar para a necessidade urgente de evitar o desperdício e utilizar a água de forma racional.

Juntamente com o estímulo ao reuso da água em condomínios

residenciais e industriais, as medidas de economia e contra o desperdício da água, assim como de racionamento da energia elétrica, podem surtir um grande efeito se estimuladas em larga escala. Para economizar água, é necessário mudar hábitos e combater o desperdício no dia a dia. A seguir, exemplos de desperdício de água:

Torneira gotejando = 1.380 litros por mês Filete de um milímetro = 62.640 litros por mês Filete de dois milímetros = 135.350 litros por mês A seguir, alguns exemplos de atitudes que podem fazer a diferença e

vêm sendo estimuladas pelas campanhas públicas e conferências sobre qualidade e futuro da água no planeta:

Reduzir a quantidade de água potável desperdiçada nos reservatórios sanitários para descarga e adotar mecanismos de reuso da água do banho ou das chuvas para as bacias sanitárias. A redução de 10 para 12 litros por descarga pode representar uma economia diária de até 50 litros de água. Essa proposta já está sendo assimiladas por algumas indústrias que colocaram no mercado reservatórios sanitários de seis litros

Eliminar os vazamentos. Uma fissura de apenas dois milímetros em um cano de abastecimento desperdiça em torno de 3,5 mil

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litros de água por dia, quantidade suficiente para suprir uma família de quatro pessoas por um período superior a um ano.

Uso racional da água O Programa de Uso Racional de Água da Companhia de Saneamento

Básico de São Paulo (Sabesp), por exemplo, divulgou o passo a passo para que a população possa detectar vazamentos no sistema hidráulico das residências. Apenas para ilustrar o presente tópico do nosso curso, reproduzimos essas dicas a seguir:

Confira o seu relógio de água (hidrômetro) Deixe os registros na parede abertos, feche bem todas as

torneiras, desligue os aparelhos que usam água e não utilize os sanitários. Anote o número que aparece ou marque a posição do ponteiro maior do seu hidrômetro. Depois de uma hora, verifique se o número mudou ou o ponteiro se movimentou. Se isso aconteceu, há algum vazamento em sua casa.

Verifique canos alimentados diretamente pela água da

rua Feche o registro na parede. Abra uma torneira alimentada

diretamente pela rede de água (pode ser a do tanque) e espere a água parar de sair. Coloque imediatamente um copo cheio de água na boca da torneira. Caso a torneira sugue a água que está no copo, é sinal que existe vazamento no cano alimentado diretamente pela rede.

Verifique canos alimentados pela caixa d´água Feche todas as torneiras da casa, desligue os aparelhos

que usam água e não utilize os sanitários. Feche bem a torneira de bóia da caixa, impedindo a entrada de água. Marque, na própria caixa, o nível da água e verifique, após uma hora, se ele baixou. Em caso afirmativo, há vazamento na canalização ou nos sanitários alimentados pela caixa d´água.

Verifique reservatórios subterrâneos de edifícios Feche o registro de saída do reservatório do subsolo e a

torneira da bóia. Marque no reservatório o nível da água e, após uma hora, veja se ele baixou. Se isso ocorreu, há vazamento nas paredes do reservatório ou nas tubulações de alimentação do reservatório superior ou na tubulação de limpeza.

Não deixe uma torneira pingando

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Esquecer uma torneira pingando ou adiar o conserto de um pinga-pinga são atitudes comuns. No entanto, uma torneira pingando pouco mais de uma gota por segundo, em média, pode desperdiçar em um dia 46 litros de água. Em um ano, esse desperdício chega a 16.500 litros. Se 10 mil famílias evitassem deixar uma torneira da casa pingando, a água economizada em um ano poderia abastecer toda a população de São Luís, capital do Maranhão, durante um dia.

Por que economizar água:

Lavar o carro ou a calçadas utilizando a mangueira de água é um dos hábitos que mais desperdiça água e, inclusive, geram multas das companhias de saneamento em diversas cidades brasileiras. A cada 15 minutos, uma mangueira comum despeja cerca de 280 litros de água tratada.

Economia de papel representa economia de água, pois, para produzir um quilo de papel são gastos 540 litros de água. Por isso, são recomendáveis a reutilização e a reciclagem sempre que possível. Utilizar os dois lados de uma folha de papel, por exemplo.

Utilizar torneiras e descargas com sensores que acionam o fluxo da água de forma automática e por tempos pré-determinados é outra medida já dotada em larga escala por edifícios de órgãos públicos, comerciais, em shoppings e aeroportos.

Lavar a louça em uma bacia ao invés de manter a torneira ligada.

Escovar os dentes com a torneira desligada.

Reduzir o tempo do banho.

Fonte: Cartilha do Centro de Ensino Ambiental do Parque Villa Lobos

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4.3 – Por que economizar no consumo de energia elétrica? Existem três maneiras de fazer o uso eficiente de energia elétrica: a) Adotar hábitos inteligentes, utilizando eletrodomésticos e

equipamentos de forma correta; b) Utilizar somente equipamentos com certificação de eficiência e

economia de energia; c) Adotar projetos inteligentes, com soluções para a redução do

consumo. Para economizar energia elétrica É possível reduzir o consumo de energia elétrica apenas mudando ou

aprimorando hábitos em casa. No caso da geladeira ou freezer, que ficam o tempo todo ligados e são os maiores consumidores de energia em uma casa, uma boa dica é instalar os equipamentos longe do fogão ou outras fontes de calor e em local ventilado.

Além da vedação das portas, é importante observar se não há

embalagens plásticas ou de vidros dificultando a circulação do ar no interior do aparelho, o que dificulta o funcionamento e provoca aumento no consumo de energia. Deixe espaço entre os alimentos para que o ar possa circular.

Lembre-se que as bebidas e os alimentos ainda quentes fazem com

que o motor tenha que aumentar sua potência para refrigerar, o que representa maior gasto de energia.

Pelo mesmo motivo, a porta da geladeira deve permanecer aberta o

menor tempo possível e, durante o inverno, é necessário regular o termostato para a opção mínima a fim de reduzir o consumo de energia. Sempre que for se ausentar de casa por um ou mais dias, esvazie e desligue os equipamentos.

Na hora de adquirir uma geladeira ou freezer, opte por aqueles

equipamentos que são certificados com o selo Procel. Essa referência indica que o equipamento é certificado por oferecer maior eficiência e menor consumo de energia.

No topo da lista dos eletrodomésticos que mais consomem energia

elétrica estão a máquina de lavar roupa, a secadora e o ferro de passar. A utilização racional e otimizada desses equipamentos proporciona uma grande economia.

Por exemplo: lavar a quantidade máxima de roupa indicada pelo

fabricante, assim como seguir as recomendações a respeito de quantidades

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de sabão e amaciante para evitar mais de uma operação de enxágüe. Quanto às secadoras, sua utilização na capacidade máxima também proporciona um menor consumo de energia elétrica.

Todos sabemos que o ferro de passar roupa, quando ligado, provoca

sobrecarrega na rede elétrica. Por isso, devemos utilizá-lo quando outros aparelhos, a exemplo do ar-condicionado e a lavadora, não estiverem ligados.

Outra estratégia para minimizar o consumo é, sempre que possível,

acumular roupas e passá-las todas de uma única vez. Depois de desligado o ferro, é possível aproveitar o seu calor do ferro para passar meias e roupas leves.

Na hora da compra, devemos ter em mente que as lâmpadas

fluorescentes compactas são mais caras que as incandescentes, mas duram até dez vezes mais e gastam menos energia. Também faz a diferença a opção pelas lâmpadas certificadas pelo selo Procel, que são mais eficientes e consomem menos energia.

Se possível, instale sensores que fazem com que a lâmpada se

acenda toda vez que alguém se aproxima e apaga quando não há ninguém no recinto.

Nos meses de verão, o ar-condicionado responde por nada menos

que um terço do consumo doméstico de energia elétrica. Algumas medidas podem reduzir esses consumo, como instalar o

aparelho onde ele não receba a luz solar de forma direta, fechar as portas e as janelas do ambiente a ser refrigerado, desligar o aparelho quando o ambiente não estiver sendo utilizado e manter os filtros limpos.

Assim como devemos proceder com as geladeiras e lavadoras, na

hora de comprar o aparelho de ar-condicionado, devemos exigir equipamentos com o selo Procel e observar que a sua potência seja adequada ao tamanho do ambiente que pretendemos refrigerar.

Outro equipamento doméstico responsável pelo alto consumo de

energia. Por isso, a recomendação mais importante é controlar o tempo de duração do banho. Imagine o quanto seria possível reduzir o consumo de energia se reduzíssemos o tempo do banho em cinco minutos?

Além de manter o aparelho regulado na posição inverno somente

quando o clima estiver frio, é possível reduzir o consumo de energia evitando o horário de pico do consumo, das 18h às 21h.

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Selo Procel Afirmamos anteriormente que é recomendável, na hora da compra,

dar preferência aos equipamentos certificados pelo Selo do Programa de Conservação de Energia Elétrica (Procel).

Reiterando que as lâmpadas e eletrodomésticos que contêm esse

selo oferecem maior desempenho com menor consumo de energia elétrica na comparação com aqueles que não são certificados, veremos agora algumas informações relevantes obre o Selo Procel.

O Selo de certificação Procel foi criado pelo governo federal em 1985

como uma das medidas para evitar que o país caminhasse para os apagões. É apontado como um dos responsáveis pela economia de 8,4 milhões de KWh do ano 2000 até 2003.

Para se ter ideia do que isso representa, basta notar que seriam

necessários investimentos de R$ 6 bilhões em geração, transmissão e distribuição para se obter esse montante de energia.

Outro indicativo de economia obrigatório e de grande impacto na

economia de energia elétrica é a etiqueta de eficiência energética do Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro, que certifica refrigeradores e freezers, chuveiros e máquinas de lavar ou secar roupas.

A etiqueta indica o consumo de eletricidade do eletrodoméstico e

classifica a sua eficiência de Mais Eficiente (A) a Menos Eficiente (G). Reproduzimos a seguir o Selo Procel e a Etiqueta de Eficiência

Energética do Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro. Selo Procel

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Etiqueta de Eficiência Energética do Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro:

4.4 – Pilhas e baterias usadas: por que são tão perigosas e o que

fazer com elas? De formas cilíndrica, retangular ou circular, as pilhas estão divididas

em classes primária e secundária. As primárias são aquelas que podem ser utilizadas somente uma vez, ou seja, quando descarregam, devem ser substituídas por uma nova, não permitindo a recarga.

As pilhas secundárias são equipadas com sistemas eletroquímicos

que, quando utilizadas, não provocam a dissolução dos materiais ativos no eletrólito alcalino. Como o processo é reversível, as pilhas da classe secundária podem ser recarregadas.

As pilhas comuns são dotadas de metais pesados altamente tóxicos e

poluentes e contêm ainda substâncias químicas como o cloreto de amônia e o negro de acetileno. As alcalinas são ainda mais danosas ao meio ambiente e à saúde, pois contêm mercúrio.

Essa substância tem a função de reter as impurezas da matéria-

prima, evitando a geração de gases que podem comprometer o desempenho e a segurança do dispositivo.

Da mesma forma, as baterias de celulares são dotadas de metais

tóxicos. Sem uma destinação correta as baterias podem ir parar no meio ambiente, provocando a degradação do solo e das águas.

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Osteoporose, distúrbios da função renal e do aparelho digestivo, anemia, doenças cardíacas, problemas pulmonares são algumas doenças provocadas pela ingestão de água ou alimentos contaminados pelas substâncias presentes nas pilhas e baterias.

Um levantamento recente da Agência de Proteção Ambiental

Americana, as pilhas e baterias são responsáveis por 88% do mercúrio encontrado no lixo doméstico.

Para que tenhamos uma idéia dos materiais presentes nesses

dispositivos, reproduzimos a seguir a composição química dos mais variados tipos de pilhas e baterias:

Principais Componentes e Aplicações de Pilhas e Baterias

TIPO COMPONENTES USOS BATERIAS SECUNDÁRIAS

Níquel-cádmio Níquel, cádmio, hidróxido de potássio.

Aparelhos eletrônicos, eletroportáteis sem fio, brinquedos, telefones celulares.

Hidreto de níquel metálico

Níquel Vários metais raros.

Computadores, telefones celulares, filmadoras.

Íon lítio

Grafite Lítio, óxido de cobalto.

Computadores, telefones celulares, filmadoras, relógios

Chumbo-ácido (selada)

Chumbo Ácido sulfúrico. Luz de emergência, fontes de energia, brinquedos, vídeos, eletroportáteis.

Chumbo-ácido

Chumbo Ácido sulfúrico. Partida automotiva Alcalina de manganês

Zinco Dióxido de manganês, eletrólitos básicos.

Rádios, flash luminoso, brinquedos, etc.

Aerada de zinco

Zinco Ainda em estudos. Baterias primárias Alcalina de manganês

Zinco Dióxido de manganês, eletrólitos básicos.

Rádios, flash luminoso, brinquedos.

Zinco-carbono

Zinco Dióxido de manganês, eletrólito ácido.

Luz de flash, brinquedos, controle remoto, relógios.

Lítio

Dióxido de lítio e

Bips, trancas com cartão magnético,

Óxido de mercúrio

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manganês ou monofluoreto de policarbono

etc.

Zinco Óxido de mercúrio. Equipamentos médicos, militares e de emergência.

Prata

Zinco Óxido de prata. Relógios de pulso, calculadoras, aparelhos de audição.

Aerada de zinco

Fonte: Wolff et al, 2000.

Anualmente, o país produz cerca de 670 milhões de unidades de

pilhas e baterias, com predominância das do tipo alcalina que, como vimos anteriormente, contém mercúrio.

Além disso, os produtos importados respondem por uma grande

quantidade de ingresso de pilhas e baterias e a popularização dos telefones celulares potencializa a produção e a utilização de baterias. Em apenas cinco anos, de 1994 a 1999, houve uma expansão de 800 mil para 17 milhões de aparelhos celulares no país.

A estimativa das agências reguladoras é que 11 mil toneladas de

baterias usadas foram descartadas nesse período. Como as políticas de reciclagem só começaram a ser implementadas recentemente, isso significa que a grande parte dessas baterias foram descartadas de forma incorreta, como lixo comum, provocando a contaminação do solo e da água.

Outro dispositivo que contém substância de elevado impacto no meio

ambiente são as baterias automotivas. Classificadas como de alto risco ambiental, contêm chumbo e ácido sulfúrico.

O gerenciamento ambiental e descarte de pilhas e baterias foram

regulamentos do somente em 1999 pela Portaria 257 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Passados mais de dez anos da instituição dessa Portaria, no entanto, ainda são restritas as iniciativas de coleta seletiva e destinação adequada de pilhas e baterias pelos fabricantes.

Para que os materiais e substâncias presentes em uma pilha sejam

completamente absorvidos pelo meio ambiente são necessários de cem a 600 anos. Para se ter uma noção da gravidade desse problema, basta considerar a estimativa dos órgãos reguladores que consideram que cada brasileiro joga no lixo pelo menos dez pilhas por ano.

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O que fazer: O processamento adequado das substâncias presentes nas pilhas e

baterias evita que esses dispositivos entrem em contato com o meio ambiente e possam contaminar a água e o solo, acarretando problemas de saúde à população e a degradação do ecossistema.

Portanto, ao invés de descartar como lixo comum, devemos

encaminhá-las para o adequado processamento pelo fabricante. Pela Legislação brasileira, os revendedores e fabricantes são obrigados a manter programas de reciclagem dos seus produtos, sejam eles quais forem, o que inclui as indústrias de celulares, pilhas e baterias.

Para ilustrar o presente trabalho com alguns exemplos, pesquisamos

junto aos sites e serviços de atendimento ao consumidor de alguns fabricantes as orientações sobre políticas de reversão do lixo. Confira:

A Nextel informa que mantém urnas em todas as suas lojas e

revendedores para que o consumidor possa descartar baterias usadas desse tipo de aparelho. As baterias são encaminhadas para reciclagem.

A Nokia mantém no seu site (www.nokia.com.br) uma relação das

lojas e assistências técnicas que estão autorizadas pelo fabricante a receber as baterias usadas de celulares dessa marca, que são encaminhadas para reciclagem.

A Motorola mantém postos de recolhimento em algumas cidades, mas

os locais são informados somente pela central de atendimento ao consumidor, telefone 0800.7011244. A empresa informa que aceita remessa das suas baterias usadas via Correios.

A Samsung informa que mantém caixas de coleta em suas lojas de

assistência técnica. A Sony Ericssom orienta os consumidores a encaminhar as baterias à

assistência técnica da marca ou à própria operadora. A fabricante informa que a reciclagem é feita por uma empresa terceirizada.

Os fabricantes de pilhas comuns alegam em seus sites que seus

produtos atendem às exigências relativas ao teor de metais pesados estabelecidas pela Resolução 257/99 e, por isso, não instituíram políticas de reversão do lixo. O site do Ibama (www.ibama.gov.br) relaciona os centros de descarte de pilhas de algumas indústrias.

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4.5 – Como preparar o lixo caseiro para a coleta seletiva Conforme estudamos na Unidade 2 deste trabalho, a coleta seletiva é

muito importante para a preservação do meio ambiente, pois além de proporcionar a correta destinação dos resíduos, evitando que eles sejam depositados diretamente no meio ambiente, provocando a degradação do solo e das reservas hídricas, também proporciona o reaproveitamento de grande parte do lixo por meio da reciclagem.

O reaproveitamento e a transformação desses resíduos em novos

produtos representam menos impacto ambiental, pois isso reduz a demanda por recursos naturais.

Vamos considerar isso na prática. Para produzir uma tonelada de

papel são necessárias 25 árvores. A reciclagem de uma tonelada de papel equivale, portanto, à preservação de 25 árvores. A reciclagem de uma tonelada de papel também consome 71% menos energia elétrica e polui 74% menos em relação ao que seria necessário para produzir essa quantidade a partir da celulose.

Além disso, se gasta menos água na reciclagem do que na

fabricação. O processamento de uma tonelada de papel consome 2 mil litros de água contra 100 mil litros por tonelada na produção convencional.

Essa economia mostra o quanto é importante reciclar. Mas a

reciclagem depende de um estágio que começa em nossas residências, com um processo muito simples, que é a correta separação do lixo.

A forma adequada de separar o lixo passa pela identificação dos

resíduos orgânicos e secos. O lixo orgânico, como já estudamos, pode ser compostado em casa para se transformar em adubo orgânico. Se isso não for possível, os resíduos orgânicos devem ser separados em um recipiente apropriado para que seja encaminhado a uma usina de compostagem.

O lixo seco deve ser separado e classificado como papel, alumínio,

plástico, metal, madeira, embalagens longa vida e, cada grupo, depositado em um recipiente apropriado para que seja coletado separadamente.

É necessário tomar cuidado com os materiais não passíveis de

reciclagem, que devem ser separados e identificados. Outro cuidado fundamental é com a contaminação. Papéis contaminados com óleo, tinta, solventes ou outros resíduos não servem para reciclagem. Portanto, a separação deve ser criteriosa.

Os materiais devem ser identificados por cores (ver tabela a seguir).

Para isso, basta adquirir sacos de lixo de cores diferentes ou identificar cada classe de resíduo com uma etiqueta em recipientes de mesma cor.

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Padronização de cores por categoria para a separação de materiais recicláveis desde a origem:

AZUL VERMELHO VERDE

AMARELO

PRETO

Papel/papelão

Plástico Vidro Metal Madeira

LARANJA BRANCO ROXO MARROM CINZA

Perigosos Ambulatoriais e hospitalares

Radioativos

Orgânicos Não reciclável/ misto/contaminado

4.6 – Como aproveitar melhor os resíduos orgânicos O aproveitamento dos restos de animais e vegetais para a produção

de adubo orgânico na agricultura é uma prática adotada através dos tempos na agricultura. Seguindo essa prática, reaproveitar o lixo doméstico é uma das práticas mais sustentáveis e vem sendo adotada cada vez mais em escala mundial, embora essa cultura seja relativamente recente.

Há um consenso sobre os benefícios que a reciclagem

(aproveitamento) dos resíduos orgânicos representa para o meio ambiente, mas as pesquisas apontam que das 70 milhões de toneladas de resíduos produzidas todos os dias no Brasil, 24,5 milhões de toneladas de material orgânico vão para em aterros sanitários e nos lixões espalhados por todo o país. Com isso, se decompõem em meio aos demais resíduos, deixando de serem aproveitados.

O desperdício chega a 490 mil toneladas de nutrientes, montante que

seria suficiente para adubar 104 mil hectares de plantações. Para evitar esse desperdício, é necessário conscientizar a população para a importância de separação do lixo orgânico a partir das residências.

Essa prática é o primeiro passo para o funcionamento efetivo de uma

política de recolhimento e destinação correta do lixo orgânico, para que ele possa ser reaproveitado nas plantações, seja na agricultura, seja em hortas e jardins.

A coleta seletiva domiciliar permite que os resíduos sólidos cheguem

às unidade de tratamento já selecionados. Após uma triagem final, o material orgânico é depositado nas áreas de compostagem para entrar em fermentação, sendo revolvido periodicamente e tendo sua temperatura e umidade monitorados.

Depois de um período que pode chegar até a 60 dias, dependendo do

volume e das condições do processo de compostagem, esse processo

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resultará no composto orgânico pronto para a aplicação nas plantações como adubo.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, um consórcio de sete municípios

produz 56% de matéria orgânica na comparação com os resíduos inorgânicos. O composto orgânico é utilizado como adubo na horticultura e jardinagem.

Compostagem doméstica A compostagem doméstica é uma solução eficiente no

reaproveitamento do lixo orgânico, pois reduz em até 75% o total de resíduos orgânicos depositado nos aterros sanitários e permite a produção de adubo com alto teor nutritivo para jardins e hortas, além de ser um processo sem custo financeiro, que exige apenas conscientização, tempo e dedicação.

Podemos considerar que a quase totalidade das sobras de alimentos

pode se transformar em composto orgânico por meio da compostagem. Dos restos de alimentos, cascas de frutas, legumes e ovos, a borra de café, os saquinhos de chá, as podas de jardim, guardanapos de papel e até palitos de fósforo usados podem virar adubo.

Considerando que são diferentes os tempos de decomposição de

cada material, a qualidade do adubo orgânico obtido no final do processo depende do tipo de resíduo que depositamos na composteira, mas quanto mais diversos os tipos de lixo orgânico, melhor o resultado.

Evite restos de carnes e gorduras, fezes de animais domésticos e

sobras de alimentos cozidos ou fritos, pois esses resíduos provocam a contaminação do material, retardam o tempo de decomposição e produzem um adubo orgânico de baixo valor nutritivo. O ideal são os restos de vegetais crus, como as cascas e folhas de legumes, frutas e vegetais impróprios para o consumo.

A compostagem doméstica pode ser feita em tanques construídos

para esse fim em residências que possuam horta ou jardim e disponham de espaço suficiente. O tamanho do local da compostagem depende do espaço disponível.

Pode ser um quadrado feito de tijolos e cimento onde se depositam

camadas de lixo orgânico intercaladas por camadas de terra. O processo também pode ser feito em uma vala ou vaso, em pequena, média ou grande escala, como veremos a seguir.

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É mais fácil do que parece Num primeiro momento, a ideia de criar uma miniestação de

tratamento de resíduos orgânicos em casa pode parecer difícil, mas, na prática, é uma tarefa extremamente simples, na qual basta algum tempo de dedicação diária e disposição. De resto, o tempo e a natureza trabalham a nosso favor.

O passo inicial é a criação de uma composteira. A composteira é o

local, o recipiente onde serão armazenados os restos orgânicos. Pode ser uma caixa de madeira, um balde ou um tonel plásticos. Quem reside em casas com quintal ou mora em sítio, pode optar por composteiras maiores, no formato de uma caixa de concreto ou de tijolos.

Nos condomínios fechados é possível criar um sistema coletivo que

exigirá a criação de um projeto e o seu gerenciamento. Mas para quem não dispõe de muito espaço físico, já existem à venda

recipientes próprios para esse fim. Alguns kits são compactos e vedado, dotados de minhocário, que ajuda na decomposição dos resíduos orgânicos.

A técnica que se utiliza de minhocas é denominada

vermicompostagem. A composteira deve ser instalada no quintal ou na área de serviço para fácil acesso, adaptando-se ao espaço disponível e à quantidade de restos que desejamos reaproveitar.

Outra alternativa, além dos kits compactos que podem ser adaptados

em apartamentos, são as composteiras eletrônicas, que proporcionam a deterioração controlada dos resíduos e reduzem o tempo de compostagem para até duas semanas, sendo que, pelo processo natural, pode durar até três meses.

Definido o formato e o tipo de composteira, basta depositar no

recipiente o material orgânico a ser decomposto, que dever ter sido separado do lixo seco com antecedência. Cubra a mistura com folhas, serragem ou terra.

A miniestação de reciclagem de lixo orgânico deve ficar em um local

arejado, pois a circulação do ar e a umidade são fundamentais para a decomposição. Periodicamente, revire o material com uma pá de jardim e regue novamente.

Quando o composto estiver completamente com aparência e odor de

terra é hora de utilizá-lo como adubo. Cada quilo de matéria orgânica depositada produz em média 500 gramas de composto.

Ainda no processo de decomposição, causa repulsa a muita gente a

falsa crença de que a compostagem provoca mau cheiro que pode

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contaminar o ambiente da residência. Para evitar que isso aconteça, é necessário conduzir todo o processo de forma correta.

A começar pela seleção dos materiais a serem reciclados. Além de

evitar a mistura de alimentos cozidos e de restos que possam produzir mau cheiro excessivo na sua decomposição, a mistura deve ser selada com a camada de terra, serragem ou mesmo folhas de jornal trituradas.

A escolha do tipo de composteira também é determinante. O

recipiente deve permitir a aeração do seu conteúdo e, ao mesmo tempo, possuir uma boa vedação.

Alguns resíduos orgânicos que podem ser reciclados em casa • Restos de jardinagem (galhos, folhas e aparas da grama e dos

arbustos). • Os jornais podem ser utilizados em pequenas quantidades, pois são

fonte de carbono. • Exceto gordura animal, restos de carnes e ossos, todo o lixo

orgânico produzido na cozinha pode ser decomposto. • As cinzas da lenha consumida na lareira ou fogão a lenha. • As penas frango e de outras aves abatidas em casa possuem alto

teor de nitrogênio, elemento essencial na reação química do processo de compostagem.

• Serragem: Deve ser alternada com esterco, pois apresenta

degradação lenta. • Algas marinhas. Evite • Carvão mineral e vegetal. Esses materiais contêm enxofre e ferro,

que substâncias tóxicas para as plantas, e que são resistentes à decomposição.

• Restos de carnes, óleos e gordura animal. • Os papéis coloridos têm tintas tóxicas, não biodegradáveis. Por isso,

devem ser reciclados como papel. • Resíduos plásticos, vidros, alumínios e roupas não são

biodegradáveis.

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• Plantas doentes, dejetos de animais domésticos, resíduos de esgoto e produtos químicos tóxicos também devem ser evitados na composteira.

4.7 – Como se comportar na natureza para evitar danos

ambientais. Como ressaltamos ao longo do presente trabalho, preservar o meio

ambiente é uma tarefa que deve ser exercitada no dia a dia, por todos, através de uma mudança de comportamento a partir da nossa casa, no trabalho, na vida social e também estimulando nossos semelhantes a adotar uma vida sustentável, sem radicalismos, mas conscientes do papel que nos cabe na preservação do planeta.

Assim como a separação do lixo para reciclagem, a recusa ao

excesso de embalagens e aos produtos descartáveis, devemos adotar um comportamento sustentável em relação à natureza que nos cerca.

Conscientes de que os resíduos que descartamos diretamente no solo

demoram anos, décadas e até mesmo séculos para se decompor, certamente iremos pensar duas vezes antes de nos desfazer de objetos danosos à natureza e materiais não biodegradáveis.

Dar a destinação correta para o lixo que produzimos diariamente, seja

no ambiente doméstico, no carro, no trabalho ou ao passearmos por um parque ou praça deve ser um exercício diário e coletivo. Além de evitar agredir o meio ambiente, tal comportamento também contribui com a qualidade de vida e a saúde daqueles com quem convivemos.

No trajeto para o trabalho ou em viagens de férias, evite jogar o lixo,

especialmente plásticos pela janela do carro, guardando os materiais para

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colocar em uma lixeira pública, de preferência separando plásticos, metais, papeis e restos de alimentos para favorecer o processo de reciclagem.

Como uma atitude sustentável leva a outra, caso sua cidade ou bairro

não disponha de coleta seletiva, mobilize seus vizinhos, e leve essa reivindicação à Câmara de Vereadores para que a medida possa ser apresentada na forma de projeto de lei, aprovada pelos parlamentares e transformada em Lei pelo Executivo.

Em ambientes naturais, não danifique as plantas. A poda de árvores

deve obedecer a Legislação e, se você mora em um sítio, corte os galhos inferiores das árvores ornamentais ou frutíferas somente nos meses que não contêm a letra erre, ou seja, de maio a agosto.

Nesse período, normalmente, as árvores não contém nem frutos nem

flores e podem ser podadas sem prejuízo do seu desenvolvimento. As árvores da calçada devem ser podadas regularmente para evitar contato com a rede elétrica e sua manutenção também é uma obrigação do poder público. Denuncie à prefeitura se você se depara com cortes de árvores ou poda indiscriminada.

A crescente degradação de parques e praças públicas e o vandalismo

são prejudiciais ao meio ambiente e à sociedade devido à destruição de reservas verdes que pertencem a todos. Preserve esses espaços não jogando lixo na grama ou em reservatórios naturais de água evite danos às plantas.

Mobilize sua família e sua comunidade nesse sentido. Denuncie

casos de vandalismo e reivindique ao órgão municipal competente a manutenção e a fiscalização das praças e parques do seu bairro ou de sua cidade.

A prática de esportes ou caminhadas em meio à natureza também

requer tais cuidados. Lembre-se de que aquela reserva natural será desfrutada por outras pessoas depois de você, inclusive por outras gerações se esse ambiente for bem preservado.

Junto com o equipamento de segurança e água potável, leve

embalagens para recolher o lixo que você produzir durante a caminhada ou acampamento e levá-lo até uma lixeira pública quando retornar. Pilhas e baterias jamais devem ser descartadas na natureza nem em lixeiras comuns, mas em caixas de coleta especiais para esse fim existentes nos pontos de venda e assistência técnica da marca correspondente.

Ao acampar, não corte galhos e provoque o mínimo que puder de

impacto por onde você passar. Lembre-se que todas as espécies de animais e plantas são interdependentes e, portanto, se um elo dessa cadeia for destruído haverá um desequilíbrio no ecossistema.